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Nos casos em que o contrato tiver sido quase todo cumprido, sendo a mora
insignificante, não caberá sua extinção, mas apenas outros efeitos jurídicos, como a
cobrança ou o pleito de indenização por perdas e danos.
CC, art. 475 - A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do
contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos
casos, indenização por perdas e danos. GRIFO NÃO ORIGINAL
Casos práticos:
III) SUPRESSIO
Não é de boa-fé se levar o devedor a crer, seriamente, que um direito não mais será
exercido, dada a inércia prolongada do credor e, passando um longo tempo, este
surpreender aquele, exigindo tudo de uma vez, causando perplexidade e ferindo
razoável expectativa.
Exemplos:
a) CC, art. 330 - O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir
renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
Célebre frase atribuída a Júlio Cesar, pela constatação da traição de seu filho Brutus,
dá nome a este desdobramento do princípio da boa-fé objetiva
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
A lei buscou restringir condutas dolosas no art. 940 do Código Civil e no art.42, par.
ún. do CDC:
CC, art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a
pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o
equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
CDC, art. 42, parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito
à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
VII) VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM (NON POTEST)
Em uma tradução literal do latim significaria “vir contra um fato próprio”. No direito,
significa agir de maneira contraditória a um fato por você mesmo praticado.
Protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em
contradição com o comportamento por ele próprio assumido anteriormente.
Podemos citar uma situação na qual alguém pratica ato ilegal e, depois, quer se valer
da própria ilegalidade para se eximir de obrigação contraída.
Exemplo: saí com um automóvel sem autorização do proprietário e agora não quero
pagar pelo pedágio e pelo estacionamento, alegando não ser meu o veículo.
Mais um exemplo: credor encerra sua conta bancária sem aviso ao devedor e,
depois, quer receber pagamento, que lá seria depositado, com multa, juros e
correção monetária.
Este desdobramento da boa-fé objetiva estipula que credor, caso possa, deve evitar
o agravamento do próprio prejuízo.