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PROCESSO CIVIL V

O código já começa com o procedimento específico no artigo 539, não


trazendo nenhuma regra geral. Há, porém, algumas regras gerais que se aplicam a todos
os procedimentos especiais, que serão vistas no curso e, após, entraremos em todos os
procedimentos específicos.

A primeira coisa que precisamos entender é o conceito de procedimento


especial, são trâmites parcial ou totalmente diferente do procedimento comum. Na
ausência de um procedimento específico é utilizado o procedimento especial, o trâmite
do procedimento especial é diferente do trâmite do procedimento comum, essa
diferença, como já pontuado pode ser total ou parcial. Isso corre porque alguns direitos
materiais requerem um procedimento especial para que eles sejam de fato concretizados
a atingir um objetivo maior, que é a solução daquela questão.

AÇÃO DE INTERDIÇÃO

Nesse caso também merece um rito especial porque há algumas


especificidades nesse procedimento, tendo em vista que para a proteção do interditando,
ele é colocado no polo passivo da interdição, para se tornar o seu curador.

Nesses procedimentos especiais, as mudanças já começam na petição


inicial, que conta com requisitos diferentes além daqueles trazidos no artigo 339. Dessa
forma, há a possibilidade de que ele fique durante todo o seu curso seguindo o
procedimento especial, da mesma forma também é possível mesclar os dois
procedimentos – comum e especial – ao longo do processo.

Outra regra importante é saber que sempre que há uma ação é preciso
observar a situação apresentada e verificar se há alguma lei processual que trata daquele
caso fora do CPC. Pelo princípio da especialidade, a regra especial será sempre
preferível diante de uma lei geral, assim, as normas do CPC são aplicadas em último
caso, primeiro observando os procedimentos especiais e por fim verificar o
procedimento comum.
 É possível cumular procedimento especial com procedimento comum?
artigo 327, parágrafo 2º do CPC: § 2º Quando, para cada pedido, corresponder
tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o
procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais
diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou
mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre
o procedimento comum.
Assim, imagine que há 2 pedidos a serem feitos ao juiz, um pelo procedimento
especial e o outro comum, pode usar um processo só para isso? Depende dos
tipos de pedidos, uns podem ser cumulados, havendo adaptação, outros, por
conta de incompatibilidade, não podem ser cumulados. Tudo vai depender da
análise do caso concreto.
RESP 1703.707 – 25/05/2021: é inadmissível cumulação de pedidos estranhos à
natureza constitutiva negativa dos embargos de terceiros.

O artigo 318, parágrafo único trata da aplicação subsidiária: Art. 318. Aplica-se a
todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou
de lei.

Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais


procedimentos especiais e ao processo de execução.

No silencio da legislação, aplica-se o procedimento comum, mas quando o


procedimento especial fala de algo específico, por ser regra especial, ela derroga a regra
geral (princípio da especialidade).

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Normalmente o credor é quem entra com a ação de cobrança pelo rito


comum contra o devedor, mas em alguns casos é o credor que não quer receber,
surgindo a necessidade da criação de um procedimento especial para solucionar esse
problema, a consignação em pagamento.

A consignação é entendida como uma ação pelas avessas, onde o devedor


quer pagar, mas o credor não quer receber.
Disposta no artigo 539 do CPC. Normalmente a ação de consignação em
pagamento é ajuizada para se fugir das consequências da mora – juros, correção
monetária, possível multa contratual e os riscos decorrentes do perecimento.

Art. 539. Nos casos previstos em lei (CC art. 335), poderá o devedor ou terceiro
requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em


estabelecimento bancário oficial, onde houver situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10
(dez) dias para a manifestação de recusa.

§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a


manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à
disposição do credor a quantia depositada.

§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário,


poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a
inicial com a prova do depósito e da recusa.

§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo
levantá-lo o depositante.

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou


residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do


pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Legitimado para propor a ação: o devedor, terceiro interessado (quem tem um


vínculo jurídico com a obrigação, ex.: um fiador), terceiro não interessado (não tem
vínculo jurídico com a situação, mas um vínculo sentimental).

Ressalta-se que parte da doutrina entende que o terceiro não interessado não
possui legitimidade para propor a ação de consignação por não ter relação de
subordinação com o cumprimento daquela obrigação nem interesse jurídico naquele
adimplemento. Não há, aqui, pertinência subjetiva para a causa.

O terceiro interessado que paga a dívida em seu próprio nome tem direito de
reembolso pelo devedor original, mas não se sub-roga no direito de credor. Caso a
dívida seja paga antes do vencimento, só pode cobrar do devedor original na data do
vencimento ou após ela.

Avô que quer pagar dívida do neto e entra com ação de consignação: caso
venha esse questionamento na prova, informar a condição do avô de terceiro não
interessado e que como tal, há duas correntes para explicar o seu comportamento, uma
que afirma que ele é legitimado para tanto, e outra que não o considera legitimado pelos
motivos já expostos anteriormente.

A consignação serve para a obrigação de pagar ou dar coisas, mas não serve
para obrigação de fazer ou não fazer, parte final do art. 539 do CPC, nesse último caso,
deverá ser proposta ação de perdas e danos pelo prejuízo causado.

Consignação extrajudicial

Sendo o caso de pagamento em dinheiro, há a possibilidade de


procedimento extrajudicial, feito diretamente no banco, sendo um exemplo de
“desjudicilização” da coisa e uma tentativa de desafogar o judiciário com coisas que
podem ser resolvidas por outro meio.
Requisitos para a consignação extrajudicial:

1) Só vale no BB ou CEF, bancos provados só são admitidos se na localidade não


tiver agência desses bancos oficiais.
2) Deve respeitar a competência do local de pagamento
3) Saber quem é o credor e não haver dúvidas quanto a isso, ou seja, credor
DETERMINADO
4) Ser o credor alguém com endereço certo, por conta da necessidade de
recebimento do AR
5) Credor não ser insolvente ou falido, pois nesse caso, há burla no concurso de
credores
6) A dívida NÃO estar judicializada
7) A dívida se tratar de DINHEIRO e não um objeto a ser entregue

Procedimento da consignação extrajudicial:

Uma vez respeitados os requisitos supracitados, o credor pode ir diretamente


na agência bancária e fazer o depósito do valor devido. Imediatamente o bando irá
enviar ao credor uma carta com AR abrindo um prazo de 10 dias corridos (pq os dias
úteis só são contados quando há processo judicial, o que não é o caso aqui), contados do
retorno do AR, para que o credor tome ciência desse depósito, podendo ele, dentro do
prazo estipulado, manifestar a sua recusa, sendo sedo que a ausência de manifestação do
credor irá implicar na exoneração do devedor dessa dívida, de forma que o depósito fica
à disposição do devedor.

Caso haja a recusa, ela deve ser expressa e direcionada ao banco onde
ocorreu o depósito, abrindo um prazo de um mês para o credor propor a ação de
consignação, onde a inicial dever conter como anexo o comprovante de depósito e de
recusa do credor, SEM FAZER A RETIRADA DO DEPÓSITO. Se não houver
propositura da ação dentro desse prazo, aí sim o devedor pode levantar a quantia que foi
depositada.

 Esse prazo de um mês é considerado nem como decadencial nem


prescricional, a única consequência é a perda do depósito feito.
Importante saber qual é o limite da consignação, o que pode ser decidido a
partir da propositura da ação. Por um tempo se imaginou que o que poderia ser decidido
era apenas sobre a recusa do credor, se ele estava ou não estava em local incerto/não
sabido, se o devedor realmente tinha dúvidas quanto ao credor (por conta da transmissão
do crédito a outro credor), tudo isso previsto no 335. Não se podia discutir os seguintes
temas na ação:

1) Valor da dívida
2) Cláusula leonina
3) Teoria da imprevisão
4) Alteração das condições do credor ou devedor

Entretanto, já foi sedimentado pelo STJ o entendimento de ser possível a


discussão das cláusulas contratuais dentro da ação de consignação, ainda que de forma
incidental.

Quando se entende que o valor depositado está incorreto havia dúvidas


quanto ao julgamento da ação, se ela deveria ser julgada imparcial ou parcialmente
procedente e essa questão foi parar no STJ (o que implica diretamente no cálculo das
custas judiciais, sucumbência etc., já que se for declarado parcialmente procedente,
esses valores só iam incidir na diferença entre o que foi depositado e no que deveria ter
sido). Recentemente o tribunal pacificou que a ação deve ser julgada improcedente, de
forma que há perda total do autor.

DECISÃO STJ: “em ação consignatória, a insuficiência do deposito


realizado pelo devedor induz ao julgamento de improcedência do pedido, pois o valor
parcialmente pago da dívida não exclui o vínculo obrigacional entre as partes”

Competência: lugar do pagamento da obrigação. Se houver foro de eleição diverso do


local do pagamento, também de acordo com o entendimento do STJ, prevalece que a
ação deve ser proposta no local pactuado por ela, assim como todas as outras
decorrentes dessa relação obrigacional, ainda que o art. Do CPC tenha expressamente
previsto como competente o foro do local do pagamento (entendimento superado,
embora ainda exista uma corrente minoritária que o defenda).
 Dívida portável: o devedor é quem procura o credor para efetuar o
pagamento – regra no ordenamento jurídico
 Dívida quesível: o credor vai até o local para receber do devedor.

Na petição inicial consignação em pagamento é preciso observar os


requisitos trazidos pelo art. 319, bem como os requisitos previstos no artigo 542 do
CPC, sob pena de ser a pet indeferida, pós pedido de emenda.

Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:

I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco)


dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º ; (depósito
extrajudicial que ainda está valendo, sem decorrer o prazo de um mês). Se não tiver esse
depósito, o processo é extinto sem resolução de mérito.

Se o depósito foi feito após os 5 dias, ele é válido? Divergência na doutrina. Há


uma corrente minoritária que diz que sim, mas a majoritária entende que não, abrindo
margem para extinção do processo.

II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.

Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será


extinto sem resolução do mérito.

Deposito não integral: pode ser alegado na contestação, devendo o réu


indicar qual é o valor correto e porque aquele valor por ele indicado é o correto. Feita
essa alegação, se o autor complementa o valor do depósito, houve reconhecimento da
alegação do réu em sede de contestação. Se não houver o depósito, ele pode levantar a
parte incontroversa, tratando a discussão acerca disso, dessa diferença, cabendo o juiz
julga ao final procedente ou não, e, se procedente, pode executar a diferença e, além
disso, pelo fato de o procedimento ser considerado como dúplice, a sentença de
improcedência vai gerar título executivo para o réu, extinguindo a obrigação para o
autor. Para que seja gerado esse título executivo para o réu não é preciso que haja
reconvenção com tal previsão, mas tão somente que ele fale da não integralidade na
contestação.

Coisa indeterminada: tem mais um pedido a fazer, uma prestação


alternativa à escolha da credora, isso também tem que estar na petição inicial.

Prestações sucessivas: pedir para expedição de guia para depósito para


pagar todas as prestações, o limite para tanto é divergente. Uns se utilizam do limite até
a data da sentença, de forma que se vencer uma prestação após a sentença, deve ser
proposta nova ação, ainda que pendente recurso. A segunda corrente defende que é
permitida a emissão da guia no mesmo processo até o trânsito em julgado da sentença,
vai consignando até o final. Há ainda uma terceira corrente que afirma que o limite
depende do conteúdo da sentença, ou seja, se foi uma sentença IMPROCEDENTE, não
é possível continuar consignando, mas se for uma sentença PROCEDENTE, pode
seguir consignando o pagamento.

AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

Quem pode exigir conta de alguém é quem tem algum vínculo obrigacional
com aquele a quem exige.

Essa ação é divida em duas fases, a primeira fase objetiva demonstrar que o
autor tem direito de exigir e o réu tem o dever de prestar contas, apenas o
reconhecimento dessa relação.

No código antigo se utilizava o procedimento especial tanto na ação de


exigir conta (ação de oferecimento de conta) como na de prestar conta a alguém que não
queria recebê-la. Atualmente, o procedimento especial é utilizado apenas na ação de
exigir a prestação de contas.

Essa ação começa com o procedimento especial e é finalizada pelo


procedimento comum. Se houver a prestação de contas, há o fim da primeira fase e
começa a seguir o rito comum.

O juiz deve se limitar às contas, se elas estão corretas ou não, de forma que
na primeira fase ele apenas vai aliar se o autor pode exigir e o réu deve prestar e na
segunda fase há análise das contas em si, mas nada além disso, como ocorre na ação de
consignação. Aqui não se discute cláusula contratual.

O autor pode impugnar cada um dos pontos das contas prestadas, desde que
o faça de forma especificada.

Apresentada a contestação, o juiz irá prolatar uma decisão interlocutória


(apenas se o pedido do autor for julgado procedente, pois se improcedente é sentença de
mérito e acaba com o processo) de mérito, que pode ser atacada pelo autor por agravo
de instrumento. Se for aplicada a revelia, então o juiz prolatada sentença definitiva o
condenando à prestação de contas.

Se o réu não presta contas no prazo de 15 dias, nasce para o autor o direito
de ele mesmo apresentar a prestação de contas de forma presumida do que o réu gastaria
para executar a tarefa que lhe foi incumbida, respeitando os princípios da razoabilidade
e proporcionalidade.

A prestação de conta inadequada é considerada pelo juiz como não prestada,


podendo ser condenado ao pagamento do que não prestou ao final do processo.

Quem toma conta de algo ainda que sem vínculo ou determinação também
precisa prestar constas, por exemplo, o inventariante provisório também precisa prestar
conta aos demais herdeiros. Nesse caso, se houver ação de prestação de contas, ela será
proposta no mesmo local onde corre o inventário.

Prestação de contas administrativas: quando em determinados casos, o próprio juiz


determina que haja a prestação de contas por parte de alguém, sem que seja necessário
ajuizar uma ação contra ele.

 MP pode propor ação de prestar contas do curador no processo de curatela.

Essa exigência de prestação de contas pode ocorrer em QUALQUER


processo em que o juiz nomeie alguém para cuidar dos bens ou do dinheiro de terceiro,
podendo, quando determinada de ofício pelo juiz, ocorrer na modalidade administrativa.
Se dentro do processo, ocorre em apendo e com competência absoluta funcional,
determinada pelo juízo onde corre o processo principal, com procedimento dúplice.
O procedimento dúplice pode ocorrer pode sair saldo credor ou devedor
para o autor e para o réu, ainda que ele seja revel, a depender do caso.

Dentro do processo, quando o réu é revel e deixa de prestar contas,


conforme já informado anteriormente, abre para o autor o direito de prestar contas pelo
réu, com base na razoabilidade. Essa prestação de contas é periciada e se constatado
pelo perito que ela é desproporcional, o juiz pode prolatar uma sentença concedendo ao
réu a receber a diferença periciada, ou seja, acaba o processo com saldo favorável ao
réu.

Nesse momento já estamos na segunda fase (já que agora o que se discute é
a questão do montante da prestação de contas). Dessa forma, pode haver uma sentença
que determina que não há saldo para ninguém porque as contas todas bateram, essa
sentença será declaratória e irá extinguir a obrigação.

Se for estabelecido que as contas não bateram, aí será analisado quem tem o
saldo a receber, condenando a outra parte ao pagamento, sendo, nesse caso uma
sentença condenatória, de forma que a execução irá ocorrer no mesmo processo. Aqui
não cabe reconvenção, já que é um procedimento dúplice.

Quando não for um caso previsto no rol do artigo 553, cuja competência é
sempre absoluta, a competência para ajuizar ação de exigir contas será definida pelo art.
53, inciso IV, alínea ‘b’, que determina que a competência será definida pelo lugar do
ato ou fato para a ação em que for réu o administrador ou de negócios alheios. Pode
haver foro de eleição, que deverá ser respeitado pelas partes.

Prestação de contas na ação de alimentos: o STJ determinou que não cabe prestação
de contas, por se tratar de não de uma relação obrigacional, mas de direito familiar.
Resp. 1767456 – MG. Mesmo porque, os alimentos são irrepetíveis, ou seja, não pode
ser devolvido ao alimentante.

Cumulação sucessiva: ocorre porque essa ação tem duas fases, assim, há a
possibilidade de fazer o pedido de condenar o réu a prestar as contas e condená-lo ao
saldo devedor. Acolhido o primeiro pedido, há a análise do segundo pedido, se houver
saldo devedor.
AÇÕES POSSESSÓRIAS

Tratadas no código a partir do artigo 554. O fundamento é sempre a posse


(domínio direto sobre a coisa), porque o domínio será discutido apenas incidentalmente
nessas ações. O juiz analisa sempre quem tem a melhor posse, independente de quem
tenha a propriedade do bem.

 Esbulho: para reintegração de posse. Há perda total. Aplica-se o período de


posse nova ou posse velha para concessão da tutela, passado esse prazo, corre
pelo procedimento comum.
 Turbação: para manutenção da posse. Há perda parcial. Aplica-se o período de
posse nova ou posse velha para concessão da tutela, passado esse prazo, corre
pelo procedimento comum.
 Interdito proibitório: para a mera ameaça da posse.

Se ajuizar a ação errada não tem problema porque vigora o princípio da


fungibilidade. Durante o curso do processo é possível que a turbação vire esbulho, mais
uma vez, vigora o princípio da fungibilidade e é possível continuar com o mesmo
processo.

 Imissão na posse: quando a pessoa nunca teve a posse daquele imóvel, é uma
ação petitória que envolve o domínio, para que a pessoa, com o pedido deferido,
passe a ter a posse daquele bem.

Competência da ação: Se bem imóvel, a ação tem que ser proposta no foro de situação
da coisa, se imóvel, no foro de domicílio do réu.

Reconvenção: é possível para outros pedidos que não os dispostos no art. 556, mas a
indenização e proteção possessória pode pedir diretamente na contestação.

Exceção de domínio: em regra não se discute propriedade em ação possessória, mas de


forma excepcional será discutido de forma incidental (no curso do processo).

A proibição do art. 557 não se estende a terceiros, mas apenas autor e réu.

PROCEDIMENTO
Se for bem móvel, vai pelo procedimento comum, pode ser proposto
inclusive no juizado. Se bem imóvel, vai pelo rito especial.

No interdito, a ameaça deve ser atual ou iminente.

A ação possessória é multitudinária, cabendo em face de pessoas


indeterminadas. Art. 554 e 565. Nem todos os réus, portanto, precisam ser definidos. O
MP tem que participar da ação como fiscal da lei sob pena de nulidade.

A liminar, em caso de multiplicidade de réus até pode ser concedida, mas


não de imediato, antes, no prazo de 30 dias, deve haver uma audiência de mediação.
Uma vez concedida, há o prazo de um ano para ser executada, findando esse prazo, deve
haver nova audiência de mediação.

AÇÃO DE DIVISÃO DE DEMARCAÇÃO DE TERRAS

Disciplinada nos artigos 569 a 598. A demarcação é para quando o


território não é ou deixou de ser delimitado e as partes estão tendo dificuldades para
delimitá-lo. O autor precisa dizer qual a área ele quer demarcar, que pode corresponder
à área total ou parcial da propriedade.

A lei coloca como único legitimado o proprietário, entretanto, a doutrina


afirma ser também legitimado o locatário, usufrutuário e o comodatário.

Já a ação de divisão, só será cabível quando o imóvel for juridicamente


divisível, nesse caso, caberá a ação do art. 725 (ação de divisão do quinhão comum)

Terras devolutas: pertencem ao poder público e não podem ser objetos de demarcação,
mas apenas de ação discriminatória.

A essas ações não se aplicam os institutos da prescrição e da decadência. E


elas são divididas em duas fases:

1) Para saber se o autor te direito a demarcar/dividir. Assim, é possível que a ação


acabe aqui mesmo, caso o juiz indefira o pedido, a partir de uma sentença
definitiva de mérito, que produz coisa julgada. Caso o pedido seja deferido, não
há sentença, mas uma decisão interlocutória para marcar o início da segunda
fase.
2) São os trabalhos para concretizar a demarcação/divisão, onde é definida a área,
cada um faz o pedido da parte que lhe cabe e só ao fim dessa fase que se inicia o
cumprimento de sentença.

Tanto a ação de demarcação como a de divisão são de procedimento


dúplice, o que quer dizer que os direitos do réu precisam ser respeitados, ainda que ele
não faça nenhum pedido ou que seja revel. Não respeitar tais direitos gera o esbulho
judicial.

Para propor esse tipo de ação é preciso ter a anuência do cônjuge, a não ser
que se trate de matrimônio com separação total de bens, se o casal for autor, se for réu,
ambos devem figurar no polo passivo.

Propondo a ação sem essa autorização, o juiz manda emendar, se não houver
emenda, a ação é extinta por falta de pressuposto essencial de validade. Essa falta, em
determinados casos, pode ser suprida pelo juiz.

Essas ações podem ser propostas de forma cumulada, mas sempre a


demarcação tem que ser julgada primeiro.

Os réus da demarcação são os confrontantes (réu externo), na divisão, os


réus são os condôminos (réu interno). Nesse último caso, os confrontantes continuam,
no processo terceiros juridicamente interessados, já que pode ser que, durante a divisão,
sua propriedade seja invadida, caso em que há esbulho judicial.

Em caso de esbulho judicial, a parte prejudicada pode ser ressarcida in


natura ou in pecúnia.

Competência: absoluta. Foro de situação do bem.

 É possível acumular ação possessória com a ação demarcatória.


 A citação é feita pelo CORREIO

Contestação: 15 dias (prazo comum), aqui não se aplica o prazo em dobro do artigo
229 (prazo dobrado para processos físico de mais de 1 réu com adv. diferente), porque
se trata de procedimento especial, que se sobrepõe ao rito comum pelo princípio da
especialidade.

A partir da sentença da primeira fase tem que esperar transitar em julgado


para iniciar a segunda fase. Essa sentença (da segunda fase) para fazer efeito não é
preciso esperar o transito em julgado, é um dos casos de exceção ao efeito suspensivo
da apelação, que, nesse caso, tem apenas efeito devolutivo.

AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL

Essa ação existia no código de 39, manteve-se no código de 73 e continua


no código atual, inclusive para aplicação de processos em curso, com a possibilidade de
aplicação de algumas disposições do código anterior.

Essa dissolução visa a preservação da empresa de forma precípua, quando


um sócio vai sair da empresa – por vontade própria ou porque é expulso da sociedade.

É possível que essa ação seja ajuizada apenas para a apuração dos haveres,
quando da sua retirada do quadro societário, ou por seus herdeiros, em caso de sócio
falecido.

Ou seja, essa ação pode tratar da retirada do sócio ou apenas da apuração de


haveres, ou até mesmo dos dois juntos, de forma cumulativa.

Importante ressaltar que ela não terá natureza constitutiva, porque a


sociedade continuará existindo com o fim da ação, de modo que não há encerramento da
PJ nesse caso. O que é possível que ocorra é que ao final tenha uma sentença
condenatória que obrigue o sócio a pagar a sociedade o eventual prejuízo que causou ou
que condene a sociedade a pagar ao socio eventual haver que ele tenha a receber.

Pode ser que essa sentença seja declaratória, o que ocorre quando não há
nada a ser pago a ninguém.

A retirada do sócio não precisa ser motivada, basta apenas uma notificação,
conforme preconiza o art. 60, II, ele, porém, ficará comprometido com a sociedade por
60 dias a contar dessa notificação.

Socio dissidente: é aquele que tem um motivo declarado para sair da sociedade, esse
motivo deve ser contratual e não pessoal. Isso é importante porque a motivação exime o
sócio do compromisso para com a sociedade (ele não precisa ficar comprometido
aqueles 60 dias como no caso citado acima, ele já se desliga desde logo).
Essa notificação pode ocorrer de 3 formas:

1) Particular, por meio de envio de carta. Nesse caso não há como provar que o
conteúdo foi recebido.
2) Extrajudicial, quando é feita pelo cartório, comprovando o recebimento da carta
e do seu conteúdo
3) Notificação extrajudicial, que provê maior garantia de que a notificação de fato
foi entregue.

SOCIEDADE DE CAPITAL FECHADO

Nesse tipo societário, caso alguém ingresse com a dissolução parcial da


sociedade e ele representa 4% do capital social, o que o juiz precisa fazer? Ele irá
determinar a extinção por falta de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido
e regular do processo.

É possível entrar com ação de dissolução da sociedade nesse tipo


societário? Pode, exceto contra S.A. de capital fechado se o sócio não tiver mais de 5%
de capital social, art. 599 parágrafo segundo.

Legitimidade ativa: art. 600.

Alguns doutrinadores entendem que esse parágrafo (parágrafo único do


artigo 601) é inconstitucional, porque ele estaria vedando a sociedade de participar do
processo, que vai incluir seus próprios bens. E Por que essa inconstitucionalidade? Pelo
teor do artigo 506, a sentença faz coisa julgada entre as partes que se refere, por isso a
sociedade é sempre incluída no polo passivo.

Outros doutrinadores entendem que o legislador fez previsão da


possibilidade de todos os sócios serem citados, nesse caso, haveria quebra da regra do
direito empresarial em que a pessoa jurídica não se confunde com a física.

P.S.: nessa ação, a sociedade sempre vai ficar no polo passivo.

Na petição inicial o autor precisa pedir a citação do réu para que ele
concorde com a dissolução parcial ou, caso contrário, para que apresente sua
contestação. Mantendo-se inerte, aplica-se a revelia.
É possível que a sociedade apresente PEDIDO CONTRAPOSTO na
contestação (perceba que não se fala em reconvenção aqui), esse pedido só pode ser
feito pela PJ e não pelo sócio ou por seu presentante.

A ação tem início no rito especial e caso haja contestação, segue o rito
comum e retorna ao rito especial na apuração de haveres.

INVENTÁRIO E PARTILHA

Inventário: tem como objetivo identificar o herdeiro e o patrimônio deixado pelo de


cujus

Partilha: busca distribuir entre os herdeiros o patrimônio deixado.

Nem sempre que houver o falecimento de uma pessoa que deixou bens
haverá partilha, é possível que ocorra o inventário sem partilha em 2 casos:

1) Quando há apenas 1 herdeiro, havendo apenas a emissão da carta de adjudicação


2) Quando o valor das dívidas ultrapassa o valor do patrimônio deixado

INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL:

 Todos os herdeiros capazes


 Com ou sem testamento
 Os herdeiros precisam estar de acordo em relação à partilha de bens

Ressalta-se que ainda que haja testamento é possível fazer o inventário extrajudicial,
mas havendo, é preciso que ele passe pelo procedimento de jurisdição voluntária, que
nada mais é que um procedimento para controle do juiz e promotor para verificar se os
aspectos do testamento são validos ou não. Esse procedimento precisa ser feito
judicialmente.

 O inventário pode ser judicial e a partilha extrajudicial, o contrário também vale.

Exceção do inventário: lei 6858. Essa lei prevê que os valores que a pessoa deixou em
vida, como rescisão contratual, FGTS, PIS/PASEP, pode receber fora do inventário, por
meio de uma ação de alvará.
O que se tira de mais importante da lei supracitada é que em seu artigo 1º há
uma distinção entre as hipóteses em que são cabíveis o alvará, mas que também deve
haver inventário, quando houver outros bens. Por exemplo: abre a ação de alvará para
retirada do FGTS retido em conta e um inventário para partilha o imóvel e o terreno
deixado pelo de cujos entre os herdeiros.

Nesse caso – proposta a ação de alvará – o valor não é pago aos herdeiros,
mas sim aos dependentes do de cujus. Assim, se o de cujus deixou dois filhos, um deles
maior e um menor de idade e, portanto, incapaz, apenas esse incapaz irá receber, pois é
o único dependente. Com isso, é possível disser que essa é uma lei que protege os
interesses dos menores.

Os herdeiros apenas recebem se o de cujus não tiver nenhum dependente.

Prazo do inventário: 2 meses a contar da morte, não abrindo o inventário nesse período
é devido uma multa de 10% sob o valor do imposto. Uma vez proposto o inventário, ele
tem um prazo de 12 meses para ser finalizado, esse prazo, porém, é impróprio e nunca
pe cumprido.

 Nessa ação só se produzo prova documental.

Inventário negativo: quando não há bens deixado pelo falecido, servindo apenas para
demonstrar duas coisas:

1) A pessoa que ficou viúva quer se casar novamente em regime que não seja
separação obrigatória e como ela não tem comprovação que fez o inventário,
precisaria casar com separação obrigatória.
2) Quando há cobrança de credores sobres os herdeiros do de cujos por dívidas do
falecido.

Nesse caso é válida apenas uma declaração do juiz afirmando que não
deixou bens, afinal, o herdeiro só responde até o limite da herança.

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