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III – DESCONTOS RETROATIVOS:

Pode acontecer que um vendedor consente na fatura relativa a uma


transação específica um desconto que, de fato, diga respeito a uma
transação anterior.
Entre os motivos que levam o vendedor a essa prática, está o fato de os
produtos fornecidos anteriormente apresentarem um defeito de
fabricação, que os produtos enviados em uma remessa anterior foram
danificados enquanto o risco ainda era assumido pelo vendedor ou que a
remessa anterior não cumpriu as estipulações do contrato.
O desconto concedido nessas condições representa uma compensação e
surge a questão de como determinar o valor das mercadorias durante a
transação à qual a redução é atribuída.
Já foi declarado que, para um desconto ser aceitável, ele deve ter sido
concedido no momento da declaração aduaneira de importação e que se
refere às mercadorias a serem avaliadas.
Como resultado, descontos "retroativos" não podem ser deduzidos para
fins de avaliação alfandegária.

IV – DESCONTOS E DESCONTOS DE QUANTIDADE:


1 - Desconto para pagamento à vista ou de acordo com prazos fixos:
O pagamento parcial ou total de uma mercadoria pode-se efetuar:
- seja antes da entrega;
- seja no momento da entrega;
- seja posteriormente a entrega.
Em geral, as condições de pagamento não devem ser levadas em
consideração na determinação do valor aduaneiro.
1.1 – Pagamento antecipado:
A questão dos descontos concedidos de acordo com os prazos de
pagamento foi brevemente mencionada. Assim que o preço efetivamente
pago ou a pagar, ou seja, o preço líquido faturado, for utilizado para a
avaliação alfandegária, não será necessário reincorporar descontos no valor
aduaneiro.
1.2 - Pagamento em dinheiro:
No momento selecionado para avaliação aduaneira, duas situações podem
surgir:
- o importador pagou, aproveitando o desconto esperado,
- o pagamento ainda não foi efetuado e, portanto, não se sabe com certeza
se o importador se beneficiará do desconto esperado.
Deve-se fazer referência aos pareceres consultivos 5.1 a 5.3 do comitê de
avaliação técnica da OMA, que confirmam o princípio da aceitação geral de
descontos, especificando ainda que um desconto oferecido, mas ainda não
foi efetivamente aplicado no momento da a avaliação não constitui um
motivo para rejeitar o valor da transação.
1.3 – Descontos por quantidade:
Entre os descontos mais comuns em matéria comercial, destacam-se, em
particular, os descontos concedidos de acordo com as quantidades
importadas.
Este ponto pode ser ilustrado pelos seguintes exemplos, extraídos do
parecer 15.1 do comitê técnico de avaliação aduaneira.
Descontos por quantidade são reduções concedidas pelo vendedor a seus
clientes no preço das mercadorias, levando em consideração as
quantidades compradas durante um determinado período.
Não há quantidade padrão no Acordo de Avaliação da OMC que seja levada
em consideração ao determinar se o preço realmente pago ou a pagar pelas
mercadorias importadas pode ser usado para determinar o valor aduaneiro
sob o artigo 1.
Consequentemente, para fins de avaliação aduaneira, deve-se levar em
consideração a quantidade com base na qual o preço unitário das
mercadorias a serem avaliadas é determinado quando elas são vendidas
para exportação com destino ao país de importação. Portanto, não há
desconto, dada uma escala fixa com base na quantidade de mercadorias
compradas. Existem então duas categorias gerais de descontos:
- os intervenientes antes da importação das mercadorias, e
- os intervenientes após a importação das mercadorias.
Exemplo:
Um contrato entre um comprador e um vendedor fornece os seguintes
descontos por quantidade para mercadorias compradas durante um ano
civil:
- de 1 a 9 unidades: sem desconto
- de 10 a 49 unidades: 5% de desconto
- mais de 50 unidades: descontos de 8%
Além dos descontos mencionados acima, um novo desconto de 3% é
concedido no final do ano, calculado retroativamente à quantidade total
comprada durante o ano.
Situação 1:
O importador compra 27 unidades em uma única transação a um preço
reduzido pelo desconto de 5%, mas as importa:
a) em uma única remessa de 27 unidades;
b) em três remessas cada uma compreendendo 9 unidades.
Avaliação:
Em ambos os casos, o valor aduaneiro deve ser determinado com base no
preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas, ou seja,
o preço menos um desconto de 5% que contribuiu para a determinação
desse preço.
Situação 2:
Após a compra e importação das 27 unidades, o importador compra e
importa no mesmo ano civil 42 outras unidades (totalizando 69 unidades).
Para esta segunda compra de 42 unidades, o comprador se beneficia de um
desconto de 8%.
No final do ano, é determinado o valor total das importações. O vendedor
concede um desconto adicional de 3% sobre a quantidade total comprada
durante o ano.
Avaliação:
O desconto de 8% aplicado a 42 unidades é um elemento do preço do
vendedor; contribuiu para a determinação do preço unitário dos produtos
quando foram vendidos para exportação para o país importador.
Consequentemente, isso deve ser levado em consideração na
determinação do valor aduaneiro dessas mercadorias.
Por outro lado, o desconto adicional de 3% concedido retroativamente não
deve ser aceite nem para a segunda importação nem para as 27 unidades
anteriormente importadas, porque não contribuiu para a determinação do
preço unitário das unidades importadas.

V - CASOS ESPECIAIS DE MERCADORIAS SUJEITAS A SUBVENÇÃO OU


DUMPING
Os governos podem conceder ajuda econômica a pessoas físicas ou
jurídicas ou a órgãos administrativos na forma de subsídios ou bônus de
exportação para promover a produção, fabricação ou exportação de um
determinado produto.
Além disso, certas práticas comerciais conhecidas como "dumping"
consistem na venda de um produto ou de uma gama de produtos a preços
abaixo dos preços de mercado e, portanto, causam danos materiais à
produção doméstica.
Os efeitos desses dois tipos de situação, que podem ser analisados, em
última análise, em descontos de um tipo específico, sobre o valor aduaneiro
são apresentados a seguir.
1 - Bens sujeitos a subsídio:
Por sua própria natureza, um subsídio não pode ser considerado como um
elemento da transação entre o comprador e o vendedor, nem como uma
das condições ou serviços mencionados no Artigo 1 - parágrafo 1-b) do
Acordo.
Um subsídio não pode, portanto, ser interpretado como um pagamento
efetuado pelo comprador e, como tal, não faz parte do preço pago ou a
pagar.
Além disso, em aplicação do disposto no Acordo acima mencionado, não
pode levar à rejeição do valor da transação.
Além disso, os subsídios, que não se enquadram em nenhuma das
categorias de custos a serem adicionados, não podem ser incorporados no
valor aduaneiro.
No entanto, nos raros casos em que o valor do subsídio é pago diretamente
ao comprador e em que este paga ao vendedor um preço total, incluindo o
subsídio, que não está incluído na lista de itens a deduzir, não pode ser
removido no final da avaliação.
2 - Mercadorias objeto de dumping:
De acordo com o preâmbulo do Acordo de Avaliação, as partes contratantes
concordaram que os procedimentos de avaliação não devem ser utilizados
para combater o dumping que se enquadra em um procedimento específico
(consulte o Acordo Anti-dumping).
É ainda esclarecido que, quando as mercadorias estão sujeitas à cobrança
de um direito anti-dumping, esse direito não deve ser incluído no valor
aduaneiro.
VI – ELEMENTOS A ADICIONAR AO PREÇO PAGO OU A PAGAR
Os elementos a acrescentar ao preço efetivamente pago ou a pagar que se
refere o artigo 8 do Acordo, podem ser agrupados nas seguintes rubricas:
1 – Elementos suportados pelo comprador, mas não incluídos no preço.
Esta categoria inclui comissões de vendas, corretoras, recipientes e
embalagens, referidos no Artigo 8.1 a) do Acordo.
2 - Produtos e serviços fornecidos direta ou indiretamente pelo
comprador gratuitamente ou a um custo reduzido e utilizados durante a
produção e venda de mercadorias importadas.
Estes são os elementos mencionados no artigo 8.1 (b) do Acordo: materiais,
componentes incorporados nas mercadorias:
- ferramentas, matrizes, moldes utilizados na produção de mercadorias
importadas,
- materiais consumidos na produção de mercadorias importadas,
- trabalhos de engenharia, estudo, arte e design, planos e esboços,
executados fora do território aduaneiro de importação e necessários para
a produção de mercadorias importadas.
3 – Royalties (direitos autorais) e taxas de licença dos bens a serem
avaliados.
Esta parte abrange os pagamentos feitos, em particular, por patentes,
marcas comerciais (artigo 8.1.c do Acordo).
4 - Valor de qualquer parte do produto de qualquer revenda, transferência
ou uso subsequente de bens importados que retorne direta ou
indiretamente ao vendedor (artigo 8.1.d do Acordo).
Esse tipo de pagamento não deve ser confundido com as taxas e taxas de
licença mencionadas acima.
5 - Despesas de transporte e seguro, carregamento e manuseio de
mercadorias importadas até o local de introdução no território aduaneiro
de importação, se essa opção tiver sido escolhida pelo país membro do
Acordo.
A consideração desses elementos resulta da escolha de uma base nacional
de dados (livre de fronteira ... para informações) para a determinação do
valor aduaneiro (artigo 8.1.e).
O estudo detalhado desses vários elementos a serem adicionados para a
avaliação aduaneira de mercadorias importadas é o assunto a ser tratado a
seguir.
VII - CUSTOS SUPORTADOS PELO COMPRADOR, MAS NÃO INCLUÍDOS NO
PREÇO
1 - COMISSÕES E CORRETORES
Tendo em conta as disposições relativas ao valor aduaneiro, é muito
importante definir com precisão os conceitos de:
- comissão de compra,
- comissão de venda,
- comprador e vendedor.
- as taxas de corretagem e as comissões de vendas devem ser incorporadas
ao valor aduaneiro, quando a remuneração do comissário de vendas (que
atua em nome do vendedor) ou do corretor é suportada pelo comprador,
mas ainda não foram incluídos no preço pago ou a pagar (preço da fatura)
pelas mercadorias.
- as comissões de compra não devem ser incluídas no valor aduaneiro e
podem ser deduzidas por solicitação (cf. artigo 8.1.a.ii) do Acordo.
1 - A - Distinção entre agente de comissão e revendedor comprador:
O agente da comissão difere principalmente do comprador revendedor,
pois o primeiro não se torna o proprietário da mercadoria, o que se
manifesta pelos seguintes fatos:
Ele vende em nome do fornecedor e tem a obrigação de informar o último
sobre o preço pelo qual processou, de apresentar as faturas que
estabeleceu, os recibos e todos os outros documentos emanados do
terceiro, isto, em particular, por provar que ele não obteve nenhum
benefício da transação fora do direito da comissão que foi reconhecido pelo
seu principal.
No caso de uma disputa relacionada à venda de mercadorias importadas
pelo comissário, é possível uma ação direta entre o cliente (contratação de
terceiros) e o principal (fornecedor estrangeiro); essa ação, sobreposta às
responsabilidades recíprocas do comissário e de seu cliente, não existiria se
o importador fosse um comprador-vendedor.
Exceto nos casos da " cláusula de credor", o agente da comissão que não
cometeu uma falta não é responsável pelo não pagamento do preço pelo
comprador; riscos comerciais e financeiros permanecem de
responsabilidade do vendedor estrangeiro.
O comissário não tem a livre disposição das mercadorias, deve cumprir o
mandato que lhe foi conferido. Este mandato pode ser geral, a diferença
entre o comprador e o comissário nem sempre é muito clara.
No caso de perda dos bens por evento fortuito ou violação grave, quando
esses bens estiverem depositados junto ao comissário, este não será
responsável, exceto cláusula expressa a esse respeito.
A remuneração do comissário é normalmente limitada à comissão
acordada.
Outro critério prático de distinção é que a margem de lucro do comprador-
vendedor é normalmente muito superior à taxa de uma comissão.
1 – B – Comissário:
Um certo número de indicações úteis é fornecido pela nota explicativa 2.1,
relativa a comissões e corretoras, e o Comentário 17.1, referente às
comissões de compra do Comitê Técnico de Avaliação Aduaneira, cujos
princípios essenciais são descritos a seguir.
O comissário (também conhecido como "agente" ou "intermediário") é,
portanto, uma pessoa que compra ou vende, se necessário em seu próprio
nome, mas por conta de um principal. Ele participa da conclusão do
contrato de venda e representa o vendedor ou o comprador.
O agente é remunerado por uma comissão, geralmente expressa como uma
percentagem do preço da mercadoria.
Esse intermediário participa da celebração do contrato de venda, às vezes
até na sua execução sem, em nenhum momento, ser o proprietário da
mercadoria.
O tratamento a ser aplicado às comissões de compra, que não devem ser
incluídas no valor aduaneiro, será mencionado posteriormente.

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