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Introducao

O presente trabalho aborda sobre ‘’O mecanismo de apuramento do IVA nos regimes
específicos’’. Primeiro dizer que, o termo IVA foi introduzido na união europeia há mais
de 40 anos, numa altura em que o mercado era muito diferente de hoje. Apesar dos
esforços feitos ao longo dos anos para modernizar e simplificar o sistema de IVA etapa
por etapa, é incontestável que o sistema actual já não responde às necessidades de uma
economia moderna movida pelos serviços e baseada na tecnologia.

A complexidade do actual sistema de IVA cria custos e sobrecargas inúteis para os


contribuintes e para as administrações, bem como obstáculos ao mercado interno. Além
disso, em razão de algumas fragilidades que lhe são inerentes, o sistema de IVA é
vulnerável à fraude e à evasão. Por conseguinte, é imprescindível proceder a uma revisão
fundamental do sistema de IVA.

Mecanismos de funcionamento do IVA

IVA Apuramento = IVA liquidado – IVA Dedutível

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 IVA Liquidado – IVA aplicado aos clientes nas vendas que a empresa
efectua.
 IVA dedutível – IVA aplicado às compras que a empresa efectua aos
fornecedores.
 IVA apuramento– IVA que a empresa apura após as suas vendas e compras,
donde terá a receber ou a pagar ao Estado.

O IVA apuramento é assim, calculado em função das compras, e demais aquisições, e


das vendas e prestações de serviços.

Valor liquidado> Valor dedutível – IVA a pagar ao Estado

Valor dedutível> Valor liquidado – IVA a receber do Estado

Valor dedutível = Valor liquidado – A empresa não paga nem recebe do Estado

O IVA visa tributar todo o consumo em bens materiais e serviços, abrangendo todas as
fases do circuito económico, desde a produção ao retalho, sendo porém a base
tributável limitada ao valor acrescentado em cada fase.

O IVA, aplicado de um modo geral e uniforme em todo o circuito económico,


corresponde a uma tributação, por taxa idêntica, efectuada de uma só vez, na fase
retalhista. O IVA é um imposto que se classifica no âmbito dos impostos indirectos.

3.1.2.Características do IVA

 Imposto Indirecto Atende à despesa efectuada e não ao rendimento.


 Imposto Plurifásico Recai sobre o valor acrescentado das sucessivas fases do
circuito económico, desde a produção ao retalho.
 Imposto Neutro É liquidado pelos vários operadores económicos nas várias
fases do circuito económico, mas só é efectivamente suportado pelo consumidor
final.

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3.1.3.Incidência do IVA

O IVA incide sobre todas as transmissões de bens e prestações de serviços que tenham
lugar em Portugal sobre as transmissões de bens e sobre as operações intracomunitárias.
Realizadas em território nacional.
 Transmissões de bens
 Prestação de serviços
 Importação de bens
 Operações intracomunitárias efectuadas em território nacional

3.1.4.Incidência subjectiva

São os sujeitos passivos do imposto.

1ª Secção:
As pessoas singulares ou colectivas que, de um modo independente e com carácter
regular, exerçam as seguintes actividades:

 Actividades de produção;
 Comércio ou prestação de serviços;
 Actividades extractivas e agrícolas;
 Profissões livres.

2ªSecção:

 As pessoas singulares ou colectivas que, segundo a legislação aduaneira,


realizem importações de bens.
 As pessoas singulares ou colectivas que, em factura ou documento equivalente,
mencionem indevidamente IVA.

3ªSecção:

 As pessoas singulares ou colectivas que efectuem operações intracomunitárias,


nos termos do Regime do IVA nas Transacções Intracomunitárias.

4ª Secção:
3
O Estado e as demais pessoas colectivas de direito são sujeitos passivos do imposto
quando exerçam algumas das seguintes actividades e pelas operações tributárias delas
decorrentes, salvo quando se verifique que as exercem de forma não significativa:

 Telecomunicações:
 Distribuição de água, gás e electricidade;
 Transporte de bens;
 Prestação de serviços portuários;
 Transporte de pessoas;

3.2.Aplicação do imposto no tempo (exigibilidade do imposto)

O IVA é devido e torna-se exigível a partir do momento em que os bens são colocados á
disposição do comprador ou adquirente ou, tratando-se de prestação de serviços, a partir
do momento da sua realização. Quanto ás importações, o IVA será aplicável no
momento determinado pelas disposições do Direito Aduaneiro. Sempre que a
transmissão de bens ou prestação de serviços dê lugar á obrigação de emitir uma factura
ou documento equivalente, o imposto torna-se exigível no momento da emissão dessa
factura ou documento equivalente ou no momento em que termina o prazo, se o
prazo de emissão da factura não foi respeitado (5 dias após a entrega de bens ou
prestação do serviço).

3.3.Apuramento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

O apuramento do IVA resulta da diferença entre o valor liquidado e o valor dedutível,


corrigida pelas regularizações provocadas por descontos ou despesas acrescidas.

IVA IVA IVA IVA


= - +
Apuramento Liquidado Dedutivel Regularizaç
ões de
O IVA regularizações surgirá sempre que o sujeito passivo apresente situações
correcção ao IVA liquidado ou ao IVA dedutível.

3.3.1.Imposto a favor do Estado:

 Liquidado aos clientes nas transmissões de bens e Prestações de serviços.

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 Autoliquidado pelo sujeito passivo:
 Nos termos dos artigos 6.º e 30.º
 Nas aquisições intracomunitárias de bens.
 Nas situações de inversão do sujeito passivo.
 Liquidado no auto consumos e operações gratuitas.

3.3.2.Imposto a favor do sujeito passivo:

 Suportado nas aquisições de bens e prestações de serviços (imobilizado,


existências e outros bens e serviços).
 Pago nas importações.
 Autoliquidado pelo sujeito passivo:
 Nos termos dos artigos 6.º e 30.º
 Nas aquisições intracomunitárias de bens.
 Nas situações de inversão do sujeito passivo.
 Pago nos adiantamentos a fornecedores.

3.3.3.Regularizações de imposto:

 Erros ou omissões.
 Devoluções e descontos.
 Anulações de recebimentos antecipados.
 Créditos incobráveis.
 De imposto deduzido:
 Devoluções, descontos, erros e omissões, etc.
 Pagamentos antecipados
 Regularização do pro rata.

3.3.4.Três tipos de sujeitos passivos

1.Sujeitos passivos que não têm qualquer direito à Dedução.


Os que praticam exclusivamente operações abrangidas pelo art. 9.º do Código do IVA
ou operações fora do campo de incidência do imposto.

2.Sujeitos passivos que têm direito integral à dedução do IVA suportado (com excepção
do relativo às despesas referidas no art. 21).

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 Os que praticam exclusivamente operações sujeitas a IVA e delas não isentas;
e/ou
 Os que praticam as operações previstas na alínea b) do n.º 1 do art. 20.º do
CIVA (as designadas “operações à taxa zero”).

3. Sujeitos passivos que apenas têm direito à dedução de uma parte do IVA suportado

 Os que realizam simultaneamente operações que conferem o direito à dedução


(as operações referidas em 2) e operações que não conferem esse direito (as
referidas em 1). Para que seja possível o exercício do direito à dedução é
necessário, em consonância com o que dispõe o art. 20.º, que o imposto a
deduzir tenha incidido sobre bens adquiridos, importados ou utilizados pelo
sujeito passivo com vista à realização das operações referidas no n.º 1 do mesmo
preceito, ou seja, operações que conferem o direito à dedução.

3.4.Preenchimento da declaração periódica

Umas das obrigações do sujeito passivo de IVA, não isento, é declarar periodicamente,
em cada período fiscal a que está sujeito, isto é, mensal ou trimestral; o valor devido ou
o crédito de imposto. Para isso, preenchemos a Declaração Periódica de IVA que tem
como objectivos apresentar as operações relativas ao período considerado de imposto e
apurar o valor desse imposto. Os dados da declaração periódica devem ser transmitidos
através de via electrónica, pelo sujeito passivo do imposto.

 Os sujeitos passivos do IVA ficam sujeitos ao envio por transmissão electrónica


de dados da declaração periódica.
 Depois de submeter a declaração, é criada e disponibilizada, de seguida, uma
referência numérica que deve ser usada para a cobrança do imposto.
 A declaração considera-se anunciada na data em que for sujeitada sem
irregularidades.

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Nota: A Declaração periódica só é validada quando um técnico oficial de contas a
valida, através de vinhetas. Havendo falta de identificação do técnico oficial de contas a
declaração, considera-se como não apresentada.

3.5.Regimes especiais do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

O CIVA contempla algumas situações especiais de sujeição ao imposto, designando-as


por regimes especiais sobre o Valor Acrescentado. Assim, situação o regime especial de
isenção e o regime dos pequenos retalhistas.

3.5.1.Regimes especiais

1. Regime de isenção

 Beneficiam da isenção do imposto os sujeitos passivos que, não possuindo nem


sendo obrigados a possuir contabilidade organizada, para efeitos de IRS ou IRC
nem praticando operações de importação, exportação ou actividades conexas,
não tenham atingido no ano civil anterior, um volume de negócios superior a
10.000.
 Não obstante o disposto no número anterior, serão ainda isentos do imposto os
sujeitos passivos com um volume de negócios superior a 10.000, mas inferior a
12.500, que, se tributados, preencheriam as condições de inclusão no regime dos
pequenos retalhistas.
 No caso de sujeitos passivos que iniciem a sua actividade, o volume de negócios
a tomar em consideração será estabelecido de acordo com a previsão efectuada
relativa ao ano civil corrente, após confirmação pela Direcção-Geral das
Contribuições e Impostos.
 Quando o período em referência, para efeitos dos números anteriores, for
inferior ao ano civil, deve converter-se o volume de negócios relativo a esse
período num volume de negócios anual correspondente.
 O volume de negócios previsto nos números anteriores é o definido nos termos
do artigo 41°.
2. Regime dos pequenos retalhistas

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 Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 53.°, os retalhistas que sejam
pessoas singulares, não possuam nem sejam obrigados a possuir contabilidade
organizada para efeitos de IRS e não tenham tido no ano civil anterior um
volume de compras superior a 20.000 para apurar o imposto devido ao Estado
aplicarão o coeficiente de 25% ao valor do imposto suportado nas aquisições de
bens destinados a vendas sem transformação.
 Ao imposto determinado nos termos do número anterior será deduzido o valor
do imposto suportado nas aquisições de bens de investimento e outros bens para
uso da própria empresa, salvo tratando-se dos que estejam excluídos do direito à
dedução nos termos do n.º 1 do artigo 21.°.
 O volume de compras a que se refere o n.º 1 é o valor definitivamente tomado
em conta para efeitos de tributação em IRS.
 No caso de retalhistas que iniciem a sua actividade, o volume de compras será
estabelecido de acordo com a previsão efectuada, relativa ao ano civil corrente,
após confirmação pela Direcção-Geral das Contribuições e Impostos.

3.6.Exemplo sobre operações contabilísticas no apuramento do IVA

A empresa Cabular é má, dedica-se a venda de Carapau e Mariscos. Localiza-se na


avenida Julius Nherere, cidade de Tete nº 1624 e Possui nas suas actividades de vendas
isentas de tributação de IVA (imposto sobre o valor acrescentado) e as sujeitas a IVA.
Sendo as de Carapau Isenta de Iva e o restante de Marisco sujeita a tributação.

Durante o Mês de Setembro de 2018, realizou a seguinte actividade:

Dia Descrição Valor IVA incluído

02 Venda de peixe de Carapau 3.000,00 VD 00346

02 Venda de Camarão 3.050,00 VD 00547

03 Venda de Polvo e Camarão 4.400,00 VD 00348

05 Venda de Lula e Carapau 2.000 e VD 00349


1.050,00

08 Venda de Carapau e Polvo 1.050 e VD 00350

8
1.050,00

10 Venda de Carapau 10.000,00 VD 00351

12 Venda de Mariscos 17.000,00 VD 00352

15 Venda de Lula 30.000,00 VD 00353

Julho nos restantes dias ficado, foi o trabalho pela infelicidade dos seus patrões. A vida
no que se refere ao mês de Setembro de 2018, foram efectuados despesas dos seguintes
valores.

Dia Descrição Valor IVA incluído

02/09/2018 Pagamento de Agua S/F 00372 72.000,00

04/09/2018 Compra de Gasóleo p/ Viatura S/VD 300 3.000,00

06/09/2018 Pagamento de Despesa de S/VD 121 3.000,00


Refeição

10/09/2018 Compra de Gasolina S/VD 222 1.000,00

10/09/2018 Compra de Farinha p/ S/VD 323 4.000,00


Trabalhadores

10/09/2018 Pagamento de Telefone S/FTDM AA 2.000,00


2013246

Pretende-se o apuramento do IVA devido ao estado e o seu devido encaminhamento as


instruções competentes.

3.6.1.Mapa de Vendas

Data Descrição IVA Vendas

Isentas Tributações

9
02/09 Carapau VD 00346 --------- 3.000,00 …………….

02/09 Camarão VD 00347 443,16 ………… 3.050,00

03/09 Polvo e Camarão VD 00348 639,32 ………… 4.400,00

05/09 Venda de Lulas e Carapau VD 290,60 ………… 2.000,00


00 349

08/09 Venda de Carapau VD 00350 152,56 1.050,00 1.050,00

10/09 Venda de Carapau VD 351 ---------- 1.050,00 ……………

12/09 Venda de Marisco VD 352 2470,08 10.000,00 17.700,00

15/09 Lula e P. primeira VD 353 4358,97 30.000,00

Através do mapa de venda utilizando os talões aceitáveis pela direcção regional de


imposto os vendedores, comerciantes podem vender seus bens sujeitos a IVA, com Iva
VT
Incluso, bastando no acto de lançamento a dedução pela fórmula IVA = x 0,17.
1, 17
Onde VT = Valor total como indica os valores indicados no quadro acima na coluna
IVA.
Para extracção de valores de IVA, suportados nas transacções com terceiros referentes a
saída de bens a empresa pode de uma forma com o conhecimento sobre a legislação
fiscal dos bens tributáveis do IVA e do isento a extrair, a partir do extracto do
fornecedor com através do lançamento do diário geral, como veremos pelos dois
métodos a seguir.

Nº Descrição Contas Débito Crédito

10
01 1.1. s/factura

6324 Água 64153,85

4432 IVA dedutível 7846,15

44323 Outros bens e 72.0000,00


serviços

02 6822 1.1. S/VD


121
632131 Gasóleo 217,94

4432 Iva Dedutível 2.564,12 3.000,00

44323 Outros bens e 217,94


serviços

03 63229 Despesas de
representação
2564,11
4432 IVA dedutível
3.000,00
44323 Outros bens e
435,89
serviços

04 63229 Gasolina 1.1 S/VD 222 1.000,00

Bem Isento e IVA 1.000,00

05 63229 Despesas de
representação
1.1 S/VD 223 4.000,00
Farinha Isento a IVA

4.000,00

06 63224 Comunicações 1.1 1709,5

4432 IVA dedutível

44397 Outros bens e 290,5 2.000,00

11
serviços

4433 IVA Liquidado4432 IVA Dedutível


443,16 7846,15
639,32 2.217,94
290,60 435,89
152,56 390,5
2.470,08 8.790,48
4.358,97
8.354,69

4434
8.790,48 8.354,65
SD 435,79
8.790,48

4434 IVA apuramento

4432 IVA Dedutível P/Transferência de saldo…………………………………..…


8.790,48
4433 IVA Liquidado P/ Transferência do saldo……………………………..
……..8.354,69
4438 IVA a Recuperar
4434 IVA de Apuramento P/ Transferência de saldo………………………..
……….435,79

3.6.2.Extracto de fornecedores

Data NºDoc Descrição Valor do IVA IVA Observações


doc suportado dedutível

02/09 372 Pagto de Agua 72.000,00 7.846,15 7846,15 75% x 17%

12
04/09 300 Compra de Gasóleo 30.000,00 435,88 217,94 50% x 17%

06/09 121 Despesa de 3.000,00 435,88 435,88


refeições

10/09 246 - 2013 Pagto de Telefone 2.000,00 290,5 290,5

Total 9.008,41 8.790,48

Deste os valores a usar são zero (0) de IVA dedutível que é o mesmo encontrado pelo
método de lançamento no diário.

 Pagamento de Gasóleo e Farinha não entram no extracto de fornecedores pela


factura de não suportarem IVA, por se tratar de produtos básicos.
 Água deduz somente 75% dos totais dos 17% do IVA.
 Gasóleo deduz somente 50% do IVA suportado (legislação fiscal).

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Conclusão

Chegando o fim deste trabalho, conclui-se que o sistema de IVA em Moçambique segue
muito de perto o sistema português, ou seja, o sistema da UE, com adaptações à
realidade nacional. Será que este é o sistema mais aconselhável? Parece-nos que sim,
dada a adaptação à realidade nacional, o que se traduziu numa simplificação
considerável do imposto.

Terá sido este sistema bem aceite em Moçambique? Em geral, afigura-se que sim. A
este propósito nota-se que se encontram abrangidos por regimes especiais de isenção ou
de tributação simplificada pequenos contribuintes e que uma grande parte dos produtos
essenciais se encontra isenta deste imposto. Ainda assim, consubstancia a principal
receita fiscal do Estado. É certo que há aspectos que, ainda assim, se nos afiguram
demasiado complexos face à realidade moçambicana e que a experiência veio a
demonstrar que implicam dificuldades práticas, pelo que o sistema carece de algumas
revisões. Um outro aspecto que carece de análise é o da actualização do sistema.

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