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Indice
Introdução

Sem necessariamente conhecer a sua verdadeira estrutura ou os princípios sobre que assenta, o
cidadão comum identifica o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) como um montante
adicional que aparece discriminado, invariavelmente num talão ou numa factura, sempre que
adquire um bem ou alguém lhe presta um serviço, montante esse que inflaciona o preço a pagar.
Não obstante a maior ou menor percepção do contribuinte, enquanto imposto geral sobre o
consumo, o IVA, fruto da sua ubiquidade, condiciona inelutavelmente a vida dos cidadãos. De
facto, para viver, estes têm que consumir, e quando consomem pagam IVA. Trata-se, por
conseguinte, de um imposto com uma base de incidência muito ampla, que compreende, desde
actos tão simples e essenciais à própria sobrevivência humana, como actos mais complexos.
Imposto Sobre Valor Acrescentado- IVA

O IVA é um imposto cuja base conceptual provém da economia. Segundo Samuelson e


Nordhaus1 : “O valor acrescentado é a diferença entre as vendas duma empresa e as suas
compras de matérias-primas e de serviços de outras empresas.” O valor acrescentado é
constituído pelos salários, juros e lucros acrescentados à produção pela empresa ou sector de
actividade.

Trata-se de um imposto sobre o consumo que taxa os produtos, os serviços, as transações


comerciais e as importações. O IVA é um imposto indireto que se aplica sobre o consumo e que
é financiado pelo consumidor final.

O Direito, reconhecendo os méritos deste conceito, apoderou-se da sua lógica e criou um novo
imposto – o IVA, – que surgiu pela primeira vez, em França, pela mão do inspector de finanças
Maurice Lauré2 . Pois bem, este imposto nasceu por ocasião da reforma fiscal levada a cabo em
França no ano de 1954. Com o propósito de aliviar os preços dos produtos sobre os quais incidia
um imposto indirecto, em cascata, designado “imposto sobre a produção”, Maurice Lauré,
partindo dele, e sem que tivesse alterado substancialmente a sua concepção, aperfeiçoou-o e
erigiu um novo tributo, cuja base de incidência passou a radicar simplesmente no valor
acrescentado dos produtos. A introdução deste imposto em França nos anos cinquenta,
evidenciou virtualidades tais, que convenceram o legislador comunitário a adoptá-lo, já em
finais da década de sessenta, na então Comunidade Económica Europeia.

Classificação do imposto

No que respeita à sua taxiologia, o IVA classifica-se como um imposto plurifásico 1. A sua
liquidação processa-se em todas as fases de produção e distribuição dos produtos, ou seja, em
toda a cadeia de fornecimento, na qual se incluem o produtor, o grossista e o retalhista. O
imposto é fraccionado por todos os operadores que participam nesse mesmo circuito.

Contudo, o IVA não se confunde com os impostos plurifásicos cumulativos ou em cascata, cuja
incidência abrange igualmente todas as fases da cadeia de fornecimento. É também um imposto
indirecto, pois segundo a teoria clássica, ele assenta no fenómeno da repercussão económica. O
sujeito passivo é quem paga o imposto às autoridades fiscais depois de o ter recebido do
adquirente como parte do preço. Nesta conformidade, o devedor do imposto não coincide com o
destinatário do mesmo. Com efeito, o contribuinte directo ou de direito, adquire a prerrogativa

1
O sistema plurifásico é aquele cuja tributação incide várias vezes no decorrer da cadeia de circulação de
uma determinada mercadoria ou serviço.
de repercutir a totalidade do imposto sobre o contribuinte indirecto ou de facto, o qual assume a
qualidade de verdadeiro suportador económico.

O IVA é classificado pela grande maioria da doutrina, como um imposto geral sobre o consumo,
– ainda que, para Joachim Englisch este imposto, tal como previsto na Directiva IVA, possa
considerar-se, estritamente, um imposto sobre a despesa para o consumidor final –, pois incide,
tendencialmente, sobre a generalidade dos bens e serviços consumidos por quem manifesta
capacidade contributiva.

Refira-se ainda que o IVA é um imposto de obrigação única. Os fiscalistas distinguem impostos
de obrigação única dos impostos de obrigação periódica, pela circunstância dos primeiros se
basearem num facto tributário instantâneo, enquanto os segundos assentarem num facto
tributário duradouro.
A conta de IVA no SNCRF de Cabo Verde : 244- Imposto sobre o Valor Acrescentado
(IVA)

Esta conta encontra-se na segunda classe- Contas a receber e a pagar do plano de contas do
SNCRF de Cabo Verde.

<< Esta conta destina-se a registrar as situações decorrentes da aplicação do Código do Imposto
sobre Valor Acrescentado.

Esta conta (subconta 2441) é debitada pelo IVA suportado nas diversas aquisições e
posteriormente creditada (após análise) por débito da subconta 2442 IVA dedutível.

O IVA suportado e não dedutível devera ser registado na conta de inventários, investimentos ou
de gastos associado à aquisição (o IVA suportado que se saiba de inicia não ser dedutível deve
ser registado imediatamente na conta associada como aquisições com IVA incluído e não
dedutível).

Esta conta regista também, a crédito, o IVA liquidado (subconta 2443 IVA – Liquidado) nas
vendas e outras situações previstas na lei. O apuramento é feito na subconta 2445 IVA-
Apuramento por anulação dos valores constantes em IVA dedutível, IVA liquidado e IVA
regularizações, sendo posteriormente transferido o saldo do apuramento para 2446 IVA – A
pagar (saldo credor) ou para 2447 IVA – A recuperar (saldo devedor), consoante o caso.

Para efeitos de controlo e de responder a solicitações de ordem fiscal as diversas contas devem
ser subdivididas em função das necessidades de informação concreta, entre outras a subdivisão
pelas diversas taxas de IVA.>>

(SNCRF- Notas de enquadramento)


Códigos das subcontas da conta 244- Imposto sobre Valor Acrescentado

Conta Nome da conta Conta Nome da conta


244 Imposto sobre Valor Acrescentado 24442 Periódicas a favor do Estado
2441 IVA- Suportado 24443 Anuais por cálculo do pró rata
24411 Inventários 24444 Anuais por variação do pró rata
24412 Investimentos 24448 Outras regularizações anuais
24413 Outros bens e serviços 2445 IVA – Apuramento
2442 IVA – Dedutível 2446 IVA – A pagar
24421 Inventários 24461 Valores apurados
24422 Investimentos 24462 Liquidações oficiosas
24423 Outros bens e serviços 2447 IVA – A recuperar
2443 IVA - Liquidado 2448 IVA - Reembolsos pedidos
24431 Operações gerais 2449 IVA – Liquidações oficiosas
24432 Autoconsumos e operações
gratuitas
24433 Operações especiais
2444 IVA – Regularizações
24441 Periódicas a favor da empresa

2441 IVA – Suportado


Esta conta é de uso facultativo uma vez que o imposto quando dedutível pode ser debitado
diretamente na conta ‘’2443 IVA – dedutível’’ ou no caso de não ser dedutível na respetiva
conta do ativo ou de gasto.
No caso de utilização, esta conta é debitada pelo IVA suportado em todas as aquisições relativas
a inventários, investimentos não financeiros ou outros bens e serviços. Credita-se por
contrapartida da conta ‘’2442 IVA – dedutível ‘’ (nas respetivas subcontas em que se aplica a
dedução).
Se no todo ou parte, o IVA suportado não for dedutível, então a conta credita-se por
contrapartida das contas inerentes às respetivas aquisições (classes 3, 4 ou 6, consoante se trate
de inventários e ativos biológicos, investimentos ou outros bens e serviços) ou da conta ‘’6812
Outros gastos/ Impostos /impostos diretos’’ quando for caso disso (nomeadamente por
dificuldades de imputação ao ativo ou ao gasto específico).

2442 IVA – Dedutível


Esta conta é uma das contas fundamentais na movimentação do imposto, pelo fato de por ela
passarem todas as quantias de IVA que sejam dedutíveis, de acordo com a legislação em vigor,
relativas a todas as aquisições que façam de inventários, investimentos não financeiros ou de
outros bens e serviços.
Assim a conta é debitada pelas quantias do IVA dedutível relativo às diversas aquisições e é
creditada, para transferência de saldo respeitante ao período do imposto, por débito de ‘’2445
IVA Apuramento’’.
2443 IVA – Liquidado
Esta conta é uma conta importante na movimentação do imposto, pelo fato de por ela passarem
todas as quantias de IVA liquidado, de acordo com a legislação em vigor, relativas a todas as
operações gerais e operações de autoconsumo e operações gratuitas. Esta conta é também
utilizada para o caso da liquidação do IVA nas aquisições intracomunitárias.
Esta conta será creditada pelo IVA liquidado, constante nas faturas ou documentos equivalentes
emitidos pela entidade. Esta conta é ainda creditada quando houver lugar à liquidação do IVA
por força da afetação ou da utilização de bens afins estranhos à entidade, de transmissões de
bens ou de prestações de serviços gratuitos ou da afetação de bens a setores isentos, quando
relativamente a esses bens tenha havido dedução de imposto. É debitada para transferência do
saldo respeitante ao período de imposto, por crédito da conta “2445 IVA Apuramento’’.
2444 IVA – Regularizações
Esta conta regista as regularizações de imposto que uma entidade tiver que efetuar, relativas a
erros ou omissões no apuramento do imposto, devoluções, descontos ou abatimentos, rescisões
ou reduções de contratos, anulações e incobrabilidade de créditos, roubos, sinistros, etc.
Esta conta é debitada ou creditada pelas correções de imposto apuradas, por crédito ou débito da
conta ‘’2445 IVA Apuramento’’.
24441 – Periódicas a favor da empresa
Esta conta é debitada pelas regularizações de imposto a favor da empresa (de acordo com a
legislação em vigor) que derivam, de situações como por exemplo, devoluções de clientes,
descontos ou abatimentos concedidos.
24442 – Periódicas a favor do estado
Esta conta é creditada pelas regularizações de imposto a favor do Estado (de acordo com a
legislação em vigor) que derivam, de situações como por exemplo, devoluções a fornecedores.
24445 – Anuais por cálculo do pró rata
Esta conta é debitada ou creditada pelas regularizações que derivem do cálculo do pró rata
definitivo, (de acordo com a legislação em vigor), por contrapartida das contas onde foram
contabilizadas as aquisições cujo imposto dedutível é objeto de retificação.

24444 – Anuais por variação do pró rata


Essas regularizações, especificas dos ativos fixos tangíveis ou intangíveis, são registadas no fim
do ano, a débito ou a crédito desta conta, por contrapartida de gastos ou de conta rendimentos
consoante a situação desfavorável ou favorável do pró rata definitivo.
24448 – Outras regularizações anuais
Esta conta regista regularizações anuais não previstas nas contas anteriores, a efetuar, em
qualquer dos casos, no final do ano e relativas à não utilização para os fins da entidade de ativos
fixos tangíveis ou intangíveis, relativamente aos quais houve dedução do imposto. Incluem-se
ainda regularizações pela utilização de métodos destinados à repartição por taxas das vendas
efetuadas por retalhistas dispensados da obrigação de faturação, ou seja, nesta situação a conta
24448 é debitada ou creditada, consoante a regularização seja a favor do sujeito passivo ou do
Estado, por contrapartida da conta 71 – Vendas, nas suas subcontas respetivas.
2445 – Apuramento
Esta conta regista as operações respeitantes ao apuramento do imposto a pagar ou a recuperar
num determinado período.
Esta conta é debitada pelos saldos devedores das diversas contas “2442 IVA dedutível” e “2444
IVA regularizações”. É creditada também pelos saldos credores das contas “2443 IVA
liquidado” e “2444 IVA regularizações”.
Quando existe saldo na conta “2447 IVA a recuperar”, esta conta “2445 IVA apuramento” é
também debitada pelo valor respeitante ao montante de crédito do imposto reportado do período
anterior e sobre o qual não exista nenhum reembolso.
2446 IVA – A pagar
Esta conta regista o valor do imposto a apagar ao Estado referente a um determinado período.
Esta conta credita-se pelo montante do imposto a pagar, com referência a cada período de
imposto, por transferência do saldo credor de 2445. É ainda creditada, por contrapartida de
“2449 – Liquidações oficiosas”, pelos montantes liquidados oficiosamente.
Debita-se pelos pagamentos de imposto, quer estes respeitem a valores declarados pelo sujeito
passivo, quer valores liquidados oficiosamente. Debita-se ainda por contrapartida de 2449, na
hipótese da anulação da liquidação oficiosa. Quando se efetuar o pagamento respeitante a
liquidação oficiosa após o apuramento contabilístico do imposto a pagar, regularizar-se- à o
saldo mediante a anulação do correspondente valor lançado em 2449.
Sempre que necessário, sugere-se que seja desenvolvida esta conta de forma a permitir
distinguir os valores de imposto a pagar respeitantes às operações resultantes da atividade
normal da entidade, das outras operações de imposto resultante de liquidações oficiosas e de
verbas correspondentes às diferenças entre valores apurados e as respetivas liquidações
oficiosas.
2447 IVA – A recuperar

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