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Geralmente são as empresas que costumam fazer contas ao IVA dedutível.

Mas este, e
outros conceitos associados, tornam-se cada vez mais familiares para outros agentes
económicos como os trabalhadores independentes e pequenos empresários em nome
individual.

Dominar os mais pequenos detalhes do IVA é essencial para que, no fim do mês, as
contas batam certo. Aqui encontra um guia básico com tudo o que precisa de saber.

IVA SUPORTADO E IVA DEDUTÍVEL

O IVA suportado é o imposto que as empresas pagam no momento de aquisição de um


produto ou serviço.

Sempre que compram matérias-primas ou combustíveis, por exemplo, as empresas


pagam IVA. No entanto, por se tratarem de bens (ou de serviços) usados no exercício da
sua atividade, o Estado permite-lhes deduzir uma parte desse valor.

No caso dos trabalhadores independentes, a dedução do IVA é possível se estiverem


abrangidos pelo regime de contabilidade organizada ou, se estiverem no regime
simplificado, ultrapassarem o valor de 12.500 euros/ano (entrando no regime normal de
IVA). Ou seja, começam a deduzir e liquidar IVA.

O IVA dedutível é, assim, o montante do imposto que os agentes económicos podem


reaver. Ainda lhe parece confuso? Vamos então a um exemplo.

Imagine que uma empresa têxtil compra tecido para a produção de vestuário. No
momento da transação vai pagar o IVA ao fornecedor (IVA suportado), mas a totalidade
desse IVA é dedutível porque se trata de uma matéria-prima. Assim, quando, no final do
mês ou do trimestre, a empresa acertar contas com o Estado, esse valor vai ser-lhe
devolvido.

De notar, contudo, que nem sempre o IVA é dedutível a 100%, ou seja, nem sempre o
Estado devolve tudo o que a empresa pagou de imposto. Por exemplo, se uma empresa
adquirir gasóleo para abastecer um carro de serviço, paga 23% de IVA (IVA suportado),
mas o Estado só vai devolver-lhe metade desse valor (IVA dedutível).

Nota importante

Não confunda o IVA dedutível das empresas com a dedução do IVA por exigência de
fatura que é permitida aos contribuintes singulares, porque são coisas diferentes.

O IVA dedutível tem por finalidade eliminar a sobreposição do imposto, ou seja, evitar
que vários agentes económicos e o consumidor final paguem todos o mesmo imposto
sobre o mesmo produto ou serviço.

Já a dedução do IVA por exigência de fatura está relacionada com as deduções à coleta
de IRS. Neste caso trata-se de um incentivo para os contribuintes pedirem faturas com o
Número de Identificação Fiscal (NIF) associado, podendo depois descontar essas
despesas no seu IRS.

Portanto, já vimos o conceito de IVA suportado (o que a empresa paga quando compra
o produto ou serviço) e de IVA dedutível (a parte do imposto que o Estado vai devolver
à empresa). Mas há mais conceitos a reter. Está na hora de falarmos no IVA liquidado.

IVA LIQUIDADO

Sabemos, por esta altura, que as empresas pagam IVA pela matéria-prima e pelos bens e
serviços necessários ao exercício da atividade e que o Estado se compromete a devolver
parte desse IVA.

Mas, enquanto leitor atento, estará a questionar-se por que cobram então essas mesmas
empresas IVA, quando vendem os seus produtos e serviços ao consumidor final.

A verdade é que o IVA cobrado ao consumidor final não fica para as contas da empresa.
Esta apenas recebe o imposto do consumidor para mais tarde entregar ao Estado,
funcionando como um intermediário.

Assim, e voltando ao exemplo da nossa fábrica têxtil, estamos no ponto em que:

 A empresa pagou IVA pelo tecido que comprou (IVA suportado);


 O estado compromete-se a devolver-lhe a totalidade desse IVA (IVA dedutível);
 A empresa tem de entregar ao Estado o IVA que cobrou ao consumidor final
(IVA liquidado).

Esclarecidos estes conceitos, estamos agora em condições de pegar no lápis e fazer as


contas ao imposto final.

COMO SE FAZEM AS CONTAS E QUANDO É QUE HÁ IVA A PAGAR?

Com todos os elementos na mesa, as contas ficam mais fáceis de se fazer. No momento
de entregar o IVA liquidado ao Estado, desconta-se o IVA dedutível (a parte do imposto
que este se comprometeu a devolver), e apenas é entregue a diferença.

Se o montante de IVA liquidado for superior ao IVA dedutível, estamos perante uma
situação em que há IVA a pagar.

 IVA liquidado – IVA deduzido = IVA a pagar

Voltemos, uma última vez, ao nosso exemplo. Imaginemos que a empresa têxtil de que
lhe falámos atrás está inserida no regime trimestral de IVA, uma vez que tem um
volume de faturação inferior a 650 mil euros. No último trimestre, a empresa suportou
10 mil euros de IVA nas suas aquisições a fornecedores sendo que, desse montante,
metade diz respeito a IVA dedutível.

Nas vendas ao consumidor final, realizadas no mesmo período, a empresa cobrou 8 mil
euros de IVA que terá agora de transferir para o Estado.

Temos, assim, um cenário em que:

 8.000 euros – 5.000 euros = 3.000 euros

Neste caso, e tendo em conta que o montante de IVA liquidado ultrapassou o montante
de IVA dedutível, a empresa terá de pagar três mil euros de IVA quando for acertar
contas com o Estado no trimestre seguinte ao das operações.

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