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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

SECRETARIA DA FAZENDA

PARECER Nº 26440/2013 DATA: 21/10/2013

ICMS. LANÇAMENTOS FISCAIS. Procedimentos atinentes ao estorno do crédito


do imposto incidente sobre mercadorias diversas originalmente adquiridas para
comercialização e aplicadas para finalidade alheia à atividade. Apenas quando
não for possível identificar a origem preponderante do produto, o contribuinte
poderá adotar a média das alíquotas relativas às operações de entrada
(vigentes quando do estorno), sobre o preço mais recente da aquisição do
mesmo tipo de mercadoria. Interpretação do regramento previsto na Lei
Estadual 7.014/98, art. 30, inciso III, e RICMS-BA/12 (Decreto 13.780/2012),
artigo 312, § 5º, inciso I.

A Consulente, que apura o imposto mensal através da conta corrente fiscal, dirige
consulta a esta Diretoria de Tributação, em conformidade com o Regulamento do
Processo Administrativo Fiscal, aprovado pelo Decreto nº 7.629/99, no tocante aos
procedimentos atinentes ao estorno de crédito do imposto incidente nas entradas de
mercadorias originalmente adquiridas para revenda e aplicadas para finalidade alheia a
atividade do estabelecimento, para consumo da loja, na limpeza, no refeitório, e como
material de expediente.
Nesse contexto, ao tempo em que registra não ter condições de identificar a alíquota
vigente no momento da entrada desses produtos, a Consulente indaga:
1. É possível adotar a alíquota média das diversas operações sobre o preço de aquisição
mais recente?
2. Na situação hipotética abaixo, a alíquota média seria obtida através do resultado da
divisão entre a base de cálculo e o imposto creditado, correspondendo ao percentual de
13,60%?
Código Fiscal Valor Contábil (a)..........................R$1.000,00
ImpostoCreditado(b)..........................................R$ 136,00
Base de Calculo (c)............................................R$ 800,00
Isentos/Não Tributadas (d).................................R$ 200,00
RESPOSTA
Em princípio, afigura-se necessário registrar que a competência desta DITRI/GECOT é a
interpretação das regras estabelecidas na legislação tributária, não efetuamos nem
ratificamos cálculos. Diante disso, a resposta se aterá aos referidos aspectos. Caso
permaneça com dúvidas quanto aos cálculos, a Consulente poderá solicitar orientação
informal ao Plantão Fiscal desta SEFAZ, através dos seguintes telefones: 3115-8868;
3115-2458; 3115-2519, ou 3115-2549; ou se dirigir à repartição fiscal de sua
circunscrição. No prazo de vinte dias após a ciência da resposta à presente consulta
deverá a Consulente acatar o entendimento apresentado neste opinativo, ajustando-se à
orientação recebida, conforme determina o artigo 63 do RPAF (Dec. nº 7.629/99).
Feitas as considerações supra, passamos a responder os questionamentos, na ordem em
que foram apresentados:
Questão 01:
Pela regra estabelecida na Lei Complementar 87/96, art. 20, § 5º e artigo 33, inciso I
(RICMS-BA/12, no art. 309, inciso VII, §§ 2º, 7º e 8º), a apropriação do crédito relativo
às entradas de bens destinados ao uso e consumo do estabelecimento, e respectivo
serviço de transporte (inclusive da diferença de alíquotas devida nas aquisições junto a

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fornecedores estabelecidos em outras unidades da Federação), apenas será possível a
partir de 1º de janeiro de 2020.
Nesse contexto, ao destinar para uso e consumo do próprio estabelecimento,
mercadorias ou bens originalmente adquiridos para comercialização, a Consulente deverá
proceder o estorno do crédito do imposto incidente na aquisição, conforme determina a
Lei Estadual 7.014/98, art. 30, inciso III, estorno esse que deve ser efetuado na forma
prevista no RICMS-BA/12, art. 312, inciso III, e § 5º, que assim estabelece:
"Art. 312. O sujeito passivo deverá efetuar o estorno do imposto de que se tiver
creditado, salvo disposição em contrário, sempre que o serviço tomado ou a mercadoria
entrada no estabelecimento:
(...)
III - vier a ser utilizada em fim alheio à atividade do estabelecimento;
(...)
§ 5º Na determinação do valor a ser estornado, observar-se-á o seguinte:
I - não sendo possível precisar a alíquota vigente no momento da entrada ou da
aquisição da mercadoria ou da utilização do serviço, ou se as alíquotas forem diversas
em razão da natureza das operações ou prestações, aplicar-se-á a alíquota das
operações ou prestações preponderantes, se possível identificá-las, ou a média das
alíquotas relativas às diversas operações de entrada ou às prestações contratadas,
vigentes à época do estorno, sobre o preço mais recente da aquisição do mesmo tipo de
mercadoria ou do serviço tomado;
II - quando houver mais de uma aquisição ou prestação e não for possível determinar a
qual delas corresponde a mercadoria ou o serviço, o crédito a ser estornado deverá ser
calculado mediante a aplicação da alíquota vigente na data do estorno, sobre o preço
mais recente da aquisição do mesmo tipo de mercadoria ou do serviço tomado."
Da análise do dispositivo, infere-se que o estorno deve ser efetuado por mercadoria.
Quando não tiver como identificar a alíquota vigente no momento da entrada, o
contribuinte deve considerar a alíquota preponderante das aquisições mais recentes da
mercadoria. Assim sendo, se a maioria das operações de aquisição se originarem de
fornecedor estabelecido de determinada unidade da Federação, a alíquota interestadual
devida nas operações com a mercadoria, é a que deve ser aplicada para fins do estorno
em comento. Apenas quando não for possível identificar a origem preponderante do
produto, o contribuinte poderá adotar a média das alíquotas relativas às operações de
entrada do produto (vigentes quando do estorno), sobre o preço mais recente da
aquisição (também mesmo tipo de mercadoria).
Ressalte-se que, no caso de mercadorias adquiridas junto a fornecedor estabelecido em
outra unidade da Federação, com o imposto retido, comprovadamente pago (antecipação
total), o contribuinte poderá lançar a crédito no livro Registro de Apuração, a diferença
recolhida, a maior entre a Margem de Valor Agregada e o valor efetivamente devido a
título de diferença de alíquotas, conforme o disposto no art.300 do RICMS/BA Dec.
13.780/2012. Nesse sentido, deverá emitir duas notas fiscais: uma com CFOP 1.557 -
Transferência de material de uso, visando baixar do seu estoque as mercadorias
adquiridas para revenda; e outra, com CFOP 2.603 - Ressarcimento de ICMS retido por
substituição tributária a ser lançado diretamente no Livro Registro de apuração do ICMS
no quadro Crédito do Imposto - Outros Créditos.
"Art. 300. O contribuinte que tiver recebido mercadoria com retenção ou antecipação do
imposto poderá, mediante lançamento no Registro de Apuração do ICMS, no quadro
"Crédito do "Imposto - Outros Créditos", com a expressão "Ressarcimento - substituição
tributária", creditar-se:
(...)
II - da diferença a mais, se houver, entre o valor do imposto retido ou antecipado com
aplicação do percentual da margem de valor adicionado (MVA) e o valor efetivamente

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devido a título de diferença de alíquotas, na aquisição interestadual de mercadoria ou
bem para uso, consumo ou ativo imobilizado."
Por oportuno, impõe-se esclarecer que as mercadorias destinadas ao preparo de
refeições na lanchonete do estabelecimento (a exemplo do queijo, manteiga, e outros),
devem ser tratadas como destinadas comercialização. Nesses casos, as entradas de tais
mercadorias e suas saídas subseqüentes (como lanches diversos) deverão ser registradas
normalmente. Tratando-se de aquisições interestaduais de produtos cujas saídas internas
não sejam isentas e não tributadas, é devido o recolhimento da antecipação parcial, de
que trata o art. 12-A da Lei nº 7.014/96, ou Antecipação Total, no caso de mercadorias
enquadradas no regime de substituição tributária, adquiridas sem o imposto retido pelo
remetente. Em ambas as situações, não cabe o estorno.
Importa observar que a regularidade dos registros será verificada oportunamente quando
da realização de fiscalização no estabelecimento, e que a obrigatoriedade do estorno do
crédito estende-se ao imposto incidente sobre as prestações de serviços de transporte
relacionados com mercadoria que vier a ter destinação diversa, conforme previsto no
RICMS-BA/12, art. 312, inciso III, e §6º.
Questão 02:
Prejudicada. A média de que trata o RICMS-BA/12, art. 312, inciso III, e § 5º, inciso I,
acima referido, é aplicada quando a alíquota incidente na aquisição não é identificada.
No prazo de vinte dias após a ciência da resposta à presente consulta deverá a
Consulente acatar o entendimento apresentado neste opinativo, ajustando-se à
orientação recebida, conforme determina o artigo 63 do RPAF (Dec. nº 7.629/99).
É o entendimento.
Parecerista: OZITA DE ANDRADE MASCARENHAS COSTA
GECOT/Gerente:21/10/2013 – ELIETE TELES DE JESUS SOUZA
DITRI/Diretor:22/10/2013 – JORGE LUIZ SANTOS GONZAGA

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