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CONSULTA DE CONTRIBUINTE Nº 056/2015

PTA Nº                 : 45.000006264-31

CONSULENTE  : Sandvik MGS S/A

ORIGEM             : Vespasiano – MG

ICMS – OPERAÇÃO INTERESTADUAL – FORNECIMENTO DE PRODUTO INDUSTRIALIZADO COM


REMESSA FRACIONADA –O estabelecimento que promover a saída de aparelhos, máquinas ou
equipamentos, em partes, para montagem no estabelecimento de contribuinte do ICMS estabelecido em
outra unidade da Federação, cuja produção ultrapasse o período de apuração do ICMS, adotará os
procedimentos descritos no art. 569 da Parte 1 do Anexo IX do RICMS/02, com aplicação das alíquotas
interestaduais de 7% ou 12%, conforme o caso, não se aplicando a Resolução do Senado Federal nº
13/2012.

EXPOSIÇÃO:

A Consulente, estabelecida em Vespasiano/MG, inscrita no cadastro de contribuintes deste Estado, com apuração do ICMS pelo regime de
débito e crédito, possui a atividade econômica principal classificada sob a CNAE nº 2822-4/02 – Fabricação de máquinas, equipamentos e
aparelhos para transporte e elevação de cargas, peças e acessórios.

Informa que fabrica e comercializa equipamentos, aparelhos para transporte e elevação de cargas, sistema de transporte de minérios a
granel, suas partes e peças, para todo o território nacional, em especial para os estados do Pará, Maranhão e Espírito Santo.

Alega que os equipamentos, em especial os transportadores de minérios, são customizados conforme necessidades e solicitações
específicas de cada cliente e, por serem complexos, de grande porte e possuírem formas e desenhos industriais próprios, são fornecidos
em partes, conforme lapso de tempo acordado com o fornecedor, contratualmente.

Assevera que, após ter sido questionada pela fiscalização em relação à forma de tributação do ICMS nas entregas das partes e peças do
equipamento, formulou a Consulta de Contribuinte nº 005/2013, cuja resposta determinou o destaque do ICMS por ocasião da primeira
remessa de parte do equipamento comercializado, nos termos do inciso I do art. 14 do Anexo V do RICMS/02.

Ressalta que no momento da primeira remessa, correspondente apenas à entrega de parte do bem já produzido, não finalizou a produção
de todos os demais elementos que irão compor o conjunto final, bem como ainda não encerrou o processo de aquisição de todos os
insumos que comporão o equipamento efetivamente comercializado.

Assegura que o fato ora mencionado, combinado com a exigência do destaque integral do ICMS na primeira remessa, obrigará o
contribuinte a definir a alíquota e a base de cálculo deste fato gerador e informar o conteúdo de insumos importados, nos termos do
ordenamento jurídico vigente.

Por outro lado, assevera que, nas operações interestaduais, a circulação da mercadoria ficará sujeita à aplicação da alíquota de 4%
(Resolução do Senado Federal nº 13/2012) ou de 7% (sete por cento) ou 12% (doze por cento) (Resolução do Senado Federal nº 22/1989),
sendo que, neste último caso, é admitida a redução da base de cálculo prevista no Convênio ICMS nº 52/1991.

Destaca que cada parte do equipamento fornecida é produzida em etapas definidas contratualmente, de forma que, no momento da
primeira remessa, o bem não estará integralmente produzido, razão pela qual não será possível identificar o percentual de insumos
importados que serão utilizados.

Nesse cenário, afirma que poderá acontecer, a título ilustrativo, da parte remetida na primeira remessa ter sido produzida com matéria-
prima nacional e, a partir da segunda remessa, as partes que irão compor o bem final sejam produzidas exclusivamente com produtos
importados, fato que poderá afetar o cálculo do conteúdo de importação e, por óbvio, modificará a alíquota interestadual a ser aplicada na
operação.

Informa que essas variações deverão ocorrer com frequência e que não será possível, no momento da assinatura do contrato, determinar a
origem das matérias-primas e dos produtos intermediários que serão utilizados na fabricação do bem.

Constata que diversos fatores poderão, ao longo da execução do contrato de fornecimento, direcionar as aquisições da matéria-prima para
o mercado interno ou para o mercado internacional, notadamente, a cotação do dólar americano, as condições e os prazos estipulados
pelos fornecedores.

Ressalta que, dessa forma, a tributação integral do ICMS na primeira remessa das partes que compõem o equipamento traz em seu étimo
vários questionamentos.

Com dúvida sobre a interpretação da legislação tributária, formula a presente consulta.

CONSULTA:
1 – Para o cumprimento do disposto na Consulta de Contribuinte nº 005/2013, no momento da remessa da primeira parte do equipamento,
como deverá ser elaborada a Ficha de Conteúdo de Importação (FCI), prevista na cláusula quinta do Convênio ICMS nº 38/2013?

2 – Quando da elaboração da FCI, quais critérios devem ser observados para a eleição dos valores de importação e de saída do bem e
qual regra deverá ser adotada para a definição da alíquota interestadual?

3 – Definida a alíquota aplicável na operação interestadual a ser praticada, ao final do processo e entrega completa do bem, caso seja
constatado que a alíquota real diverge daquela utilizada no início do processo, quais procedimentos deverão ser adotados para o acerto da
diferença?

RESPOSTA:

1 a 3 – Inicialmente, cumpre destacar que, em virtude da alteração promovida pelo Decreto nº 46.412, de 30/12/2013, o Anexo IX do
RICMS/02 passou a prever, em seu art. 569, tratamento tributário referente ao fornecimento de produto industrializado com remessa
fracionada.

O dispositivo ora mencionado dispõe que o estabelecimento que promover a saída de aparelhos, máquinas ou equipamentos, em peças,
partes, componentes e acessórios para montagem no estabelecimento destinatário, cujo tempo de produção ultrapassar o período de
apuração do ICMS, deverá emitir nota fiscal sem destaque do imposto, mencionando que a emissão se destina a simples faturamento, com
o ICMS sendo debitado por ocasião da efetiva saída da mercadoria em remessa parcial, entregando ao adquirente a cópia do respectivo
Documento de Acompanhamento da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE).

Ademais, o contribuinte deverá emitir novo documento fiscal a cada remessa parcial, com destaque do imposto, mencionando-se o número,
a série e a data da nota fiscal de faturamento, indicando a chave de acesso da respectiva Nota Fiscal Eletrônica (NF-e).

Importa salientar que esse procedimento somente poderá ser adotado se o preço de venda se referir ao valor total do equipamento, se a
respectiva produção se estender por mais de um período de apuração do imposto e se houver um contrato formal de compra e venda da
mercadoria a ser produzida, conforme disposição contida no § 1º do citado art. 569.

Quando promover operações interestaduais de remessa a estabelecimento de contribuinte do ICMS de partes ou peças do equipamento, a
Consulente deverá, independentemente de ter utilizado na sua produção matérias-primas importadas e nacionais, aplicar a alíquota de 7%
(sete por cento) ou 12% (doze por cento), conforme o caso, admitida a redução da base de cálculo prevista no item 16 da Parte 1 do Anexo
IV do RICMS/02, com base no Convênio ICMS nº 52/1991, desde que o equipamento comercializado (que será montado no destino) esteja
relacionado na Parte 4 do mencionado Anexo IV e cumpridos os demais requisitos para fruição do benefício.

Portanto, na situação em comento, não se aplica a Resolução do Senado Federal nº 13/2012, e, assim, não será necessário o
preenchimento da Ficha de Conteúdo de Importação (FCI), posto que no momento da ocorrência do fato gerador não havia conteúdo de
importação a ser aferido relativamente ao equipamento como um todo, que é o objeto da tributação, dada a peculiaridade de sua remessa
ocorrer de forma fracionada. Desse modo, não há diferença de imposto a ser acertada ao final da montagem do equipamento.

Cabe ressaltar que se o prazo de produção do equipamento comercializado estiver dentro de um mesmo período de apuração do ICMS,
aplicar-se-á a regra prevista na venda para entrega futura, disposta nos arts. 305 a 307 da Parte 1 do Anexo IX do RICMS/02, combinada
com os procedimentos previstos no inciso I e § 1º do art. 14 da Parte 1 do Anexo V do mencionado Regulamento.

Nesses termos, o valor do imposto deverá ser totalmente destacado no documento fiscal relativo à primeira remessa de parte do
equipamento comercializado e, nas operações interestaduais com destino a contribuintes do imposto, a alíquota aplicável será de 7% (sete
por cento) ou 12% (doze por cento), conforme o caso, admitida, cumpridos os requisitos legais para sua fruição, a redução da base de
cálculo prevista no Convênio ICMS nº 52/1991, não havendo, assim, diferença a ser acertada ao final da montagem do equipamento.

Por fim, se da solução dada à presente Consulta resultar imposto a pagar, o mesmo poderá ser recolhido sem a incidência de penalidades,
observando-se o prazo de 15 (quinze) dias contados da data em que a Consulente tiver ciência da resposta, desde que o prazo normal
para seu pagamento tenha vencido posteriormente ao protocolo desta Consulta, observado o disposto no art. 42 do RPTA, Decreto
Estadual nº 44.747/08.

DOT/DOLT/SUTRI/SEF, 04 de março de 2015.

Nilson Moreira Ricardo Wagner Lucas Cardoso


Assessor Coordenador
Divisão de Orientação Tributária Divisão de Orientação Tributária

De acordo.

Ricardo Luiz Oliveira de Souza


Diretor de Orientação e Legislação Tributária

De acordo.

Sara Costa Felix Teixeira


Superintendente de Tributação

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