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Seminário V

IPI E IOF
Guilherme Leite Rodrigues

Questões
1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do IPI.
R. A primeira hipótese é na industrialização de produtos; e ficará da seguinte forma: a)
critério material – industrializar produtos (o verbo é industrializar e o complemento é
produtos); b) critério espacial – em princípio, qualquer lugar do território nacional; c)
critério temporal – o momento da saída do produto. Quanto aos critérios da
consequência: a) critério pessoal – sujeito ativo é a União e sujeito passivo o titular do
estabelecimento industrial ou que lhe seja equiparado; b) critério quantitativo – a base
de cálculo é o preço da operação, na saída do produto, e a alíquota, a percentagem
constante da tabela.

Na segunda hipótese é na importação de produto industrializado, a) critério material –


importar produto industrializado do exterior (o verbo é importar e o complemento é
produto industrializado do exterior); b) critério espacial – repartições alfandegárias do
país; c) critério temporal – momento do desembaraço aduaneiro. A consequência: a)
critério pessoal – sujeito ativo é a União e sujeito passivo o importador; b) critério
quantitativo – a base de cálculo é o valor que servir de base para o cálculo dos tributos
aduaneiros, acrescido do montante desses e dos encargos cambiais devidos pelo
importador. A alíquota é a percentagem constante da tabela e correspondente ao
produto importado.

Na terceira hipótese, é na arrematação de produtos industrializados levados a leilão


por terem sido apreendidos ou abandonados. A despeito de não ser tributável em
momento atual, é perfeitamente possível estruturarmos sua regra-matriz: a) critério
material – arrematar, em leilão, produto industrializado apreendido ou abandonado (o
verbo é arrematar e o complemento é produto industrializado apreendido ou
abandonado); b) critério espacial – em quaisquer repartições alfandegárias ou outro
lugar em que se realizam leilões de produtos industrializados apreendidos ou
abandonados; c) critério temporal – momento da arrematação, documentado em nota
de venda do leiloeiro oficial. A consequência: a) critério pessoal – sujeito ativo é a União
e sujeito passivo, o arrematante; b) critério quantitativo – a base de cálculo é o valor
arrematado. A alíquota é a percentagem fixada em lei.

2. Sobre o direito ao crédito do IPI, pergunta-se:


a) É possível o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da aquisição de
insumos com alíquota zero ou imunes? E de operações decorrentes da Zona
Franca de Manaus adquiridos sobre o regime de isenção? Se possíveis estes
créditos, como quantificá-los? (Vide anexos I, II e III).
R. Conforme entendimento do STF, o direito ao crédito do IPI, não deve ocorrer nestes

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casos, tendo em vista que os princípios da não cumulatividade e da seletividade não
asseguram direito de crédito presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos
não tributados ou sujeitos à alíquota zero.
A exceção se da neste caso, as operações decorrentes da ZFM, que confirmou a
possibilidade de entenderam que há direito ao creditamento do IPI na entrada de
insumos provenientes de regime de isenção, conforme recente julgamento do STF nº
RE 592891:
“Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 322 da repercussão geral, negou
provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto da Relatora, vencidos os
Ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia. Em seguida, por unanimidade, fixou-
se a seguinte tese: "Há direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos, matéria-
prima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o
regime da isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do art.
43, § 2º, III, da Constituição Federal, combinada com o comando do art. 40 do ADCT".
Impedido o Ministro Marco Aurélio. Afirmou suspeição o Ministro Luiz Fux. Ausentes,
justificadamente, o Ministro Gilmar Mendes e o Ministro Roberto Barroso, que já havia
votado em assentada anterior. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário,
25.04.2019.

b) Os materiais consumidos no processo de produção, mas que não são


agregados diretamente ao produto final, geram créditos do IPI? E os bens
adquiridos para ativo permanente? E os materiais de teste ou protótipos?
R. Tendo em vista que a não-cumulatividade do imposto é efetivada pelo sistema de
crédito atribuído ao contribuinte, do imposto relativo a produtos entrados no seu
estabelecimento, para ser abatido do que for devido pelos produtos dele saídos, e
que não há, nas duas hipóteses mencionadas, imposto pago conf. art. 49 do CTN,
não é legítimo o referido aproveitamento.
O art. 226, I, do DECRETO Nº 7.212, assegura aos estabelecimentos industriais o
direito ao crédito do imposto relativo a matérias-primas, produtos intermediários e
material de embalagem adquiridos para emprego na industrialização de produtos
tributados, incluindo - se, entre as matérias-primas e os produtos intermediários,
aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no
processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do Ativo
Permanente. O Regulamento do IPI não permite o crédito do imposto referente a
aquisição de bens integrados ao Ativo Imobilizado, materiais de testes e protótipos
conf. arts. 225, 226, I e 456, VII, "b" do DECRETO Nº 7.212.

3. Qual a relevância das classificações fiscais para a determinação da incidência


do IPI? Discorrer sobre os seus critérios de solução para efeitos de problemas
de classificação fiscal. Responda comentando qual a classificação correta
para Tablets (se 8471.30.12 ou 8471.3019), justificando com base nos
critérios de solução identificados. (Vide anexo VI).
R. O IPI é calculado com a aplicação de alíquotas previstas na tabela de incidência do
IPI (TIPI), sobre o valor tributável dos produtos, Decreto nº 7.212/2010. Neste viés,
para determinar a alíquota é preciso identificar a classificação fiscal, para fazer a
aplicação de acordo com a Tabela de incidência do IPI já mencionada. Todavia se
conter apenas tabela pelo nome “Tablet” fica impossível fazer a aplicação do NCM

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correta.
4. Que é produto industrializado? O processo de salga do bacalhau constitui
aperfeiçoamento do produto para consumo ou é mero modo de conservação
para fins de transporte? Em outros termos, o bacalhau (seco e salgado) é tido
produto industrializado para fins de incidência do IPI? Caso o bacalhau seja
de espécie não contemplada na tabela do IPI (TIPI), mesmo que seja seco,
salgado ou em salmoura ou, ainda, defumado, pode-se falar em incidência do
IPI? (Vide anexo VII)
R. Produto industrializado é o resultante de qualquer operação definida no RIPI como
industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária.
Entendo que o estado incluiu o peixe seco e salgado na Tabela de Incidência do
Imposto sobre Produtos Industrializados, através de decreto; a Lei 4.502/1964
considerou industrialização qualquer operação que altere a apresentação da
mercadoria.

5. Qual a base de cálculo do IPI? Você entende que os seguintes valores podem
ser incluídos em sua BC: (i) valores relativos juros das vendas financiadas?
(ii) os descontos incondicionais ou de produtos bonificados? (iii) o valor do
frete? (iii. a) O frete integra o ciclo de produção? (iii. b) Há diferença se houver
sido estipulada cláusula FOB (free on board) ou CIF (cost, insurance and
freight)? Fundamente suas respostas.
R. As bases de cálculo do IPI variam de acordo com as hipóteses de incidência do
tributo. No caso de produtos industrializados importados a base de cálculo é a mesma
do imposto de importação (II), acrescida deste tributo, de taxas exigidas para a
entrada do produto no país e ainda dos encargos cambiais.
Em relação aos produtos industrializados nacionais, a base de cálculo será o valor
da operação de saída do produto do estabelecimento do contribuinte, ou, não tendo
valor a operação, o preço corrente da mercadoria no atacado.

6. A empresa Tudex Ltda é uma indústria que produz máquinas e equipamentos.


No meio de seu processo de produção, envia seus produtos a outra empresa,
Galvanomix Ltda, para que esta efetue a galvanização desses produtos. Feita
a galvanização, os produtos voltam à linha de produção da Tudex, onde esta
concluirá seu processo de produção e, posteriormente os venderá aos
consumidores finais. Pergunta-se: a atividade realizada pela Galvanomix é
uma industrialização por encomenda ou prestação de serviço? Incidirá ISS,
IPI ou ISS e IPI? Justifique (vide anexos VIII, IX e X).
R. Com a promulgação da Lei Complementar nº 116/2003, sua Lista de Serviços
tributáveis pelo ISSQN relacionou, no subitem 14.05, os serviços de
recondicionamento, acondicionamento, pintura, beneficiamento, galvanoplastia e etc,
anteriormente elencados no item 72 da Lista da LC 56/87. Fê-lo, porém, com uma
substancial e significativa modificação, porquanto passaram sujeitar-se ao ISSQN os
serviços de: Restauração, recondicionamento, acondicionamento, pintura,
beneficiamento, lavagem, secagem, tingimento, galvanoplastia, corte, recorte,
polimento, plastificação e congêneres, de objetos quaisquer.
Cotejando-se esses itens da Lista de Serviços tributados pelo ISSQN, o revogado
item 72 e o em vigor subitem 14.05, percebe-se que foi suprimida da Lista atual a

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expressão vocabular "de objetos não destinados à industrialização ou
comercialização".
Contudo, a União Federal mantém o entendimento de que os serviços descritos no
subitem 14.05 da Lista de Serviços da LC 116/2003 continuam no campo de
incidência do IPI, na hipótese de os bens ou objetos industrializados por encomenda
serem utilizados em novo processo de industrialização, ou postos no comércio. O
fato deles estarem listados, para efeito de ISSQN, seria irrelevante para excluí-los da
tributação pelo IPI. Confira-se, a propósito, a Solução de Consulta nº 27, de
26.02.2013, da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 6.ª
Região Fiscal, da qual reproduzimos a ementa.
ASSUNTO: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
EMENTA: INDUSTRIALIZAÇÃO. INCIDÊNCIA. IRRELEVÂNCIA DO FATO DE A
OPERAÇÃO SE IDENTIFICAR COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. O fato de
operações caracterizadas como industrialização, pela legislação do IPI, se
identificarem com quaisquer dos serviços relacionados na lista anexa à Lei
Complementar nº 116, de 2003, sujeitos ao ISS, não impede aincidência do IPI sobre
os produtos resultantes dessas industrializações. INDUSTRIALIZAÇÃO.
MONTAGEM. A reunião de produtos, partes ou peças de que resultem novos
produtos (luminárias ou quadros elétricos completos), com classificação fiscal
própria, caracteriza industrialização, na modalidade montagem.
INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. EQUIPARAÇÃO A
ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. O estabelecimento comercial de produtos cuja
industrialização tenha sido realizada por terceiros, mediante a remessa, por ele
efetuada, de matérias-primas e produtos intermediários, equipara-se a industrial e,
nessa condição, é contribuinte do IPI, em relação aos fatos geradores decorrentes
da saída dos produtos tributados que industrializar por encomenda, sujeitando-se às
obrigações principais e acessórias previstas na legislação de regência."
A seu turno, os Municípios vêm exigindo o ISSQN sobre esses mesmos serviços de
industrialização por encomenda, para o que contam com o respaldo do subitem 14.05
da Lista de Serviço anexa à Lei Complementar nº 116/2003. Não há dúvida alguma
de que estamos diante de situação típica de bitributação, fenômeno tributário que
ocorre quando duas entidades tributantes diferentes, União Federal e Municípios, no
caso, se arvoram no direito de exigir tributos sobre um único e idêntico fato gerador.

7. Construir as regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do IOF. Por que a


utilização da nomenclatura “IOF’” pode ser considerada como equivocada?
De forma ampla, qual a previsão constitucional para a incidência dessa
exação?
R. A Regra Matriz de incidência tributaria do IOF
Critérios antecedentes:
a) Critério Material – realizar operação de crédito, câmbio e segurou, ou relativas a
títulos ou valores mobiliários;
b) Critério Espacial – em qualquer lugar do território nacional;
c) Critério Temporal – quando ocorre a operação.

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Critérios consequentes:
a) Critério Pessoal: sujeito Ativo – União Federal; tomadores de crédito, compradores
de cambio, os segurados, os adquirentes de títulos e o sujeito Passivo – qualquer
das partes na operação tributada;
b) Critério Quantitativo: Base de Cálculo – O valor da operação, alíquota – 1,5% para
créditos e títulos imobiliários e até 25% para câmbios e seguros.

8. A alteração de alíquotas do “IOF” prescinde de motivação do Governo


Federal? A justificativa para aumento do tributo pode se dar sem relação
comprovada com a necessidade de manipulação na política regulatória do
mercado de crédito, cambial, securitário ou de títulos e valores mobiliários?
Há algum tipo de inconstitucionalidade no caso de alteração imotivada?

9. Determinada pessoa jurídica “X”, pertencente a um grupo de empresas “Y”,


celebra contrato de mútuo com outras empresas desse mesmo grupo, com a
finalidade de obter dinheiro sem recorrer ao mercado financeiro. Pergunta-se:
o empréstimo decorrente desse contrato de mútuo configura fato jurídico
tributário que enseja a exigência do IOF? É legítima a cobrança de IOF sobre
a venda de direitos creditórios realizada por empresas de factoring? E sobre
o direito de crédito entre empresa controlada e sua controladora? Se sim, em
que momento haverá a incidência? (Vide anexos XI, XII, XIII e XIV).
R. Entendo que nestes contratos mútuo não seja possível a cobrança de IOF, pois não
se tratar de operação de empréstimo, vez que confirmado esse entendimento pela
Câmara Superior do CARF, os contribuintes poderão não apenas deixar de recolher
o IOF, como pedir de volta o que foi recolhido nos últimos 5 anos.
O IOF, de Câmbio e Seguro, incide sobre as operações citadas, incluindo-se entre
as operações de crédito, as realizadas por empresas que exercem as atividades de
prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,
gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber,
compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de
prestação de serviços (factoring), conforme Regulamento do IOF - Decreto nº
6.306/2007, art. 2º, caput, I, "b".

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