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Questões
1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do IPI.
Sendo o IPI um tributo sujeito ao regime não-cumulativo, o crédito depende que na etapa
anterior da cadeia ele seja tributado. Caso contrário, a concessão de direito de crédito
transferiria para a união ônus financeiro, uma vez que na prática estaria concedendo
um crédito presumido.
Já existem decisões solidificadas na jurisprudência de que não se deve reconhecer o
creditamento do IPI referente à aquisição de insumo não tributado, isento ou sujeito
à alíquota zero.
Nesse sentido é a súmula vinculante 58 do STF - Inexiste direito a crédito presumido de
IPI relativamente à entrada de insumos isentos, sujeitos à alíquota zero ou não
tributáveis, o que não contraria o princípio da não cumulatividade.
Quanto aos insumos decorrentes da Zona Franca de Manaus há uma diferença. Como
a isenção dada a esta região busca o desenvolvimento de toda a região, não apenas
beneficiar um ente dentro da cadeia, a negativa do direito de crédito sobre tal região
poderia reduzir significativamente a efetividade do benefício, desse modo
reconhecesse o direito de crédito. Nesse sentido também se posicionou o STF no
RE 592891.
A administração tributária só pode atribuir definição diferente para um conceito civil quando
ele não for definido pela CF, for empregado na legislação tributária e tenha uma finalidade
específica a ser tutelada/perseguida pelo aplicador da norma. Quando se trata de mera
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classificação, a RFB deve empregar as definições civis e ser apenas um usuário das
classificações tecnicas feitas pelos institutos especializados/competentes.
No caso do sabonete antiacne, não havia uma norma concedendo benefício fiscal ou outro
tratamento favorecido que estava sendo burlado pelo sabonete, cabia à RFB apenas
aplicar as classificações tecnicas já estabelecidas.
5. Qual a base de cálculo do IPI? Você entende que os seguintes valores podem ser
incluídos em sua BC: (i) valores relativos juros das vendas financiadas? (ii) os
descontos incondicionais ou de produtos bonificados? (iii) o valor do frete? (iii. a) O
frete integra o ciclo de produção? (iii. b) Há diferença se houver sido estipulada cláusula
FOB (free on board) ou CIF (cost, insurance and freight)? Fundamente suas respostas.
(i) – Vendas financiadas por instituições financeiras o valor correspondente ao juros deve
ser tributado pelo IOF e não pelo IPI, este aplica-se exclusivamente sobre o valor dos
produtos. Nesse sentido foi definido pelo STJ nos REsps 1.586.158 e 1.586.210.
(ii) – Conforme definido pelo STF no RE 567935, os deconstos incondicionais não devem
sofrer a tributação do IPI. Quanto às bonificações, nada mais são que modalidades de
descontos incondicionais em que ao invés de redução do valor dos produtos, o
contribuinte transfere a título gratuito produtos. Dessa forma, também não devem
sofrer a tributação do IPI.
(iii) – Conforme o art. 118, II e §1, do RIPI, o frete integrará o valor do IPI caso ele seja
arcado pelo contribuinte e cobrado do destinatário. Dessa forma, estará incluso na
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base de cálculo do IPI o frete CIF, o FOB não. Entendo que o frete não integra o ciclo
de produção, é posteior a ele e da mesma forma que insumos afastados do processo
produtivo não geram crédito, o frete não deveria compor a base do imposto. Além
disso, a incidência do IPI sobre o frete CIF e não sobre o FOB é uma distorção
econômica.
Na industrialização por encomenda deve ser aplicado o IPI visto que se trata de uma
operação industrial dentro de uma cadeia produtiva/industrial. A justificativa, ao
meu ver, não deve ser calcada mera análise de conceito de industrialização e de
serviço pois aqui eles podem muitas vezes se confundirem. Tas circunstâncias
devem ser analisadas tendo em conta os princípios norteadores dos tributos. O ISS
é um tributo incidente em operações majoritaiamente destinadas ao consumidor
final ou em cadeias muito curtas, enquanto o IPI é o tributo das cadeias industriais,
“desenhado” para incidir em longas cadeias produtivas. Além disso, caso o
intermediário da industrialização por encomenda fosse, na verdade, adquirente do
produto que industrializa e vendesse tal produto, pagaria IPI, e não ISS. Ao meu
ver, isso evidencia que a natureza da operação é de industrialização, não sendo
cabível falar em ISS.
O IOF possui função extrafiscal predominante, por isso o Executivo possui a prerrogativa
para aumentar a alíquota do imposto sem lei e sem precisar respeitar as regras da
anterioridade. Caso o imposto possa ser utilizado para agregar a arrecadação da
União, haveria uma contradição latente entre as normas constitucionais que em todo
o texto buscam blindar os direitos dos contribuintes frente arbitrariedades do Estado.
Além disso, o CTN, quando edita normas complementares sobre o IOF, no art. 65,
determina expressamente que o poder público pode alterar a alíquota do IOF “a fim
de ajustá-lo aos objetivos da política monetária”. Se utilizado para qualquer outra
finalidade, o ato incorrerá em ilegalidade (violação ao CTN) e inconstitucionalidade.