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NOTA TÉCNICA

PEC 45/2019
Ementa: Altera o Sistema Tributário Nacional.
Autor: Dep. Baleia Rossi (MDB/SP).
Relator: Dep. Aguinaldo Ribeiro (PP/PB) - (Apresentação do Substitutivo
preliminar da PEC nº 45, de 2019).
Situação: Aguardando despacho da Presidência da Câmara dos Deputados.
Posicionamento FPLM: CONTRÁRIO, COM RESSALVAS.

Sumário Intuitivo

Introdução Acesse
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Fundamentos Técnicos Acesse


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Quadro Resumo - Substitutivo Preliminar PEC n° 45/2019 Acesse


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Quadro Análise - Impactos Positivos e Negativos, substitutivo Acesse


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Preliminar PEC n° 45/2019

Parecer Técnico FPLM Acesse


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Considerações finais Acesse


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1. Introdução

O objetivo geral desta nota técnica é analisar os impactos decorrentes


tanto para os contribuintes quanto para a União, os Estados e os Municípios,
da proposta de reforma tributária contida no substitutivo preliminar da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 45/2019.
O sistema tributário do Brasil é reconhecido por sua complexidade,
devido à sua extensa e complicada estrutura, além das constantes mudanças
de entendimento. Por essa razão torna-se necessária uma reforma tributária,
a fim de reduzir a burocracia e estimular o crescimento econômico.
Concordamos que uma reforma tributária no Brasil é necessária e
importante para promover a simplificação, eficiência e equidade do sistema
tributário. No entanto, manifestamos nossa discordância em relação à
Proposta de Emenda à Constituição em questão, em razão dos pontos
negativos que identificamos.
A proposta prevê o aumento da alíquota de setores da economia
brasileira, afetando especialmente o setor de serviços. A mudança causa
apreensão, uma vez que pode resultar em uma carga tributária ainda mais
pesada para as empresas desse setor, que já enfrentam dificuldades e
desafios significativos. Um aumento dos tributos pode prejudicar a
competitividade dessas empresas, dificultar a geração de empregos e afetar
negativamente o crescimento econômico.
Além disso, a proposta também levanta preocupações quanto à perda
de autonomia dos entes federativos. É importante preservar a capacidade
dos estados e municípios de definirem suas próprias políticas tributárias,
levando em consideração as peculiaridades regionais e as necessidades
locais. Uma centralização excessiva das decisões tributárias em âmbito
federal pode comprometer a autonomia e a diversidade fiscal dos entes
subnacionais.
Recordamos mais uma vez que somos favoráveis a uma reforma
tributária que promova a simplificação do sistema, a redução da carga
tributária de forma equitativa e a melhoria do ambiente de negócios. No
entanto, acreditamos que é necessário rever os pontos problemáticos da
proposta atual, buscando alternativas que sejam mais justas, eficientes e que
não onerem ainda mais o setor de serviços.

2. Fundamentos Técnicos

Os principais pontos do Substitutivo preliminar da PEC nº 45/2019, são:

1. A proposta em discussão estabelece a criação de um Imposto


sobre Valor Agregado (IVA Dual), composto pelo CBS
(Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços) em
âmbito federal e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) nos
níveis estadual, distrital e municipal e um Imposto Seletivo (IS).
Esses impostos seriam aplicados sobre a base de consumo,
substituindo cinco tributos distintos cobrados pelas três
esferas de governo: o IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados), o PIS/Pasep (Programa de Integração Social e
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público), a
Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social), o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) e o ISS (Imposto sobre Serviços).

2. A Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços


(CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) são propostas de
tributos que serão estabelecidos por meio de uma lei
complementar e terão uma legislação única aplicável em todo o
território nacional. No entanto, suas alíquotas serão
determinadas por cada ente federativo por meio de leis
específicas.
Esses tributos possuem características principais que visam
simplificar o sistema tributário e promover uma melhor
distribuição da carga fiscal. Ambos terão uma base ampla de
incidência, ou seja, abrangem uma ampla gama de operações
de compra e venda de bens e serviços. Além disso, seguirão o
princípio da não-cumulatividade plena, o que significa que
será permitida a compensação dos valores pagos em etapas
anteriores do processo produtivo.

A incidência "por fora" se refere ao fato de que esses tributos


serão adicionados ao valor dos bens e serviços, ou seja, serão
calculados sobre o preço final do produto. Isso evita distorções
e simplifica o processo de cálculo e cobrança.

Um princípio importante que será adotado é o do destino, onde


a arrecadação será direcionada para o local de consumo do
bem ou serviço, levando em consideração o princípio da
territorialidade. Além disso, esses tributos também incidirão
sobre as importações, de forma a garantir a equidade e a
competitividade no comércio internacional. Por outro lado, as
exportações e os investimentos serão beneficiados com
desoneração, ou seja, ficarão isentos desses tributos.

3. O Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) adotará a alíquota única,


conhecida como alíquota modal, como regra geral. No entanto,
essa alíquota não será definida na PEC em questão, mas sim em
legislação infraconstitucional posterior.

Para garantir uma referência de alíquota, o Senado Federal


estabelecerá uma alíquota de referência para cada esfera
federativa. Essa alíquota de referência será aplicada, a menos
que o estado ou município decida fixar a sua própria alíquota
por meio de lei específica.

No caso dos estados, o IBS será cobrado por meio do


somatório das alíquotas do estado e do município de destino
da operação. Isso significa que a alíquota a ser aplicada levará
em consideração tanto a alíquota definida pelo estado quanto a
alíquota definida pelo município onde ocorrerá a operação de
compra e venda de bens ou serviços.

Essa abordagem permite uma certa flexibilidade na


determinação das alíquotas do IBS, permitindo que os estados
e municípios possam ajustar suas alíquotas conforme suas
necessidades e realidades regionais. No entanto, é importante
destacar que a alíquota de referência estabelecida pelo Senado
Federal servirá como parâmetro para essa definição, garantindo
uma certa uniformidade no sistema tributário.

4. Serão aplicadas alíquotas reduzidas de 50% da alíquota modal


sobre bens e serviços de setores específicos. Essas alíquotas
mais baixas serão destinadas a determinados segmentos da
economia, com o objetivo de proporcionar incentivos e
benefícios fiscais a esses setores em particular:
- Serviços de transporte público coletivo urbano, semi
urbano ou metropolitano;
- Medicamentos;
- Dispositivos médicos e serviços de saúde;
- Serviços de educação;
- Produtos agropecuários, pesqueiros, florestais e
extrativistas vegetais in natura;
- Insumos agropecuários, alimentos destinados ao
consumo humano (cesta básica) e produtos de higiene
pessoal; e
- Atividades artísticas e culturais nacionais.

5. Além das alíquotas modal e reduzida em 50%, lei


complementar poderá prever as seguintes isenções e não
incidências para:
- Serviços de transporte público coletivo urbano,
semi-urbano ou metropolitano;
- Medicamentos;
- O PROUNI e o PERSE (somente para a CBS, que é a
parcela do IVA Federal); e
- Produtor rural pessoa física com receita anual inferior a
R$ 2 milhões (por opção da PF).

6. Também poderão ser concedidos créditos presumidos para


contribuintes:
- Que adquirirem produtos de produtores rurais pessoas
físicas não contribuintes.
- Que tomarem serviço de transportador autônomo
pessoa física; e
- Que adquirirem bens móveis usados de pessoa física não
contribuinte para revenda.

Esses créditos presumidos representam uma forma de


incentivo fiscal, permitindo que os contribuintes se beneficiem
de um abatimento no valor do imposto a ser pago.

7. As alíquotas de referência poderão passar por revisões anuais.


Isso significa que, a cada ano, poderá haver uma avaliação e
possível ajuste das alíquotas, levando em consideração fatores
como a situação econômica do país, as necessidades de
arrecadação e outros aspectos relevantes.
8. Está previsto que as pessoas físicas poderão receber cashback
de forma ampla, de acordo com o que será estabelecido em
uma lei complementar específica. O cashback refere-se a um
programa em que os consumidores recebem de volta uma
porcentagem do valor gasto em determinadas transações
comerciais.

Essa medida tem como objetivo incentivar o consumo e


estimular a economia, proporcionando aos indivíduos a
oportunidade de receberem parte do dinheiro de volta nas suas
compras. O cashback pode ser concedido de diferentes formas,
como crédito na conta bancária, desconto em futuras compras
ou acúmulo de pontos que podem ser trocados por produtos
ou serviços.

9. O texto mantém dois regimes tributários favorecidos: Zona


Franca de Manaus (ZFM) e Simples Nacional.

10. Empresas optantes do Simples Nacional terão as seguintes


opções:
- A empresa optante pelo Simples Nacional pode
permanecer recolhendo de forma unificada, porém as
empresas que adquiram seus produtos só poderão
descontar créditos no mesmo montante cobrado das
empresas do Simples Nacional; ou
- A empresa optante pelo Simples Nacional migra para o
regime não-cumulativo do IBS e continua recolhendo
de forma unificada em relação aos outros tributos que
compõem o regime.

11. Fica estabelecido regimes tributários específicos para:


- Combustíveis
- Serviços financeiros
- Operações com bens imóveis
- Planos de assistência à saúde e concursos de
prognósticos (prêmios de loterias)
- Compras governamentais

12. Com o objetivo de assegurar a validação dos benefícios fiscais


do ICMS até 2032, o substitutivo propõe adiar o início da
transição do ICMS para 2029. Além disso, prevê a criação de um
Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou
Financeiros-Fiscais, com a finalidade de compensar a redução
dos níveis de benefícios fiscais do ICMS.

Esse fundo será mantido por meio de recursos provenientes da


União. Inicialmente, a União irá aportar R$ 8 bilhões em 2025,
aumentando gradativamente até atingir R$32 bilhões em
2028. Posteriormente, os aportes diminuirão progressivamente,
chegando ao último valor de R$8 bilhões em 2032. Esses
recursos serão utilizados para compensar as perdas dos estados
durante o período de 2029 a 2032.

Dessa forma, o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou


Financeiros-Fiscais tem como finalidade garantir que os estados
não sofram prejuízos significativos decorrentes da redução dos
benefícios fiscais do ICMS durante o período de transição. Ao
contar com aportes financeiros da União, os estados terão um
suporte para compensar as perdas esperadas nesse período.

Essa medida busca equilibrar a transição do ICMS, garantindo a


manutenção dos benefícios fiscais até 2032 e minimizando
possíveis impactos negativos nos estados.

13. A transição para o novo modelo ocorrerá em 8 anos.


14. A transição para o princípio do destino, com impactos
exclusivamente nos entes federativos subnacionais, será
realizada ao longo de 50 anos, abrangendo o período de 2029 a
2078. Durante esse processo, uma parcela de 3% da
arrecadação do IBS será retida como um "seguro" para
compensar os estados que apresentarem maiores perdas de
arrecadação no período de 2024 a 2028.

Essa medida visa mitigar os efeitos negativos que alguns


estados possam enfrentar durante o período de transição. Ao
reter 3% da arrecadação do IBS, pretende-se criar um fundo de
compensação que possa ser utilizado para auxiliar os estados
que enfrentarem maiores dificuldades financeiras nesse
momento inicial da mudança para o princípio do destino.

15. A partir de 2027, a União se comprometerá a compensar


qualquer diminuição no montante de recursos repassados
aos estados, Distrito Federal e municípios como resultado da
substituição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
pelo Imposto Seletivo (IS).

Com a substituição desses tributos, pode haver uma redução na


arrecadação destinada aos entes subnacionais. No entanto, para
garantir que não ocorra uma perda significativa de recursos, a
União assumirá a responsabilidade de compensar
financeiramente essa diferença a partir do ano de 2027.

16. Será instituído o Conselho Federativo do Imposto sobre Bens


e Serviços (IBS) para os entes subnacionais. Esse órgão terá
autonomia técnica, administrativa, orçamentária e
financeira, e contará com representação igualitária de votos
entre os estados, Distrito Federal e municípios. O Conselho
Federativo do IBS terá como objetivo principal promover a
cooperação e a tomada de decisões conjuntas relacionadas à
implementação e operacionalização do imposto.

17. O Conselho Federativo do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS)


exercerá a coordenação e integração das atividades de
fiscalização, lançamento, cobrança e representação
administrativa e judicial do imposto. Além disso, terá um
papel colaborativo com a Receita Federal do Brasil (RFB) na
harmonização da legislação do IBS e da Contribuição sobre
Bens e Serviços (CBS).

O Conselho será responsável por articular a atuação conjunta


dos entes federativos na aplicação e execução das medidas
fiscais relacionadas ao IBS. Isso inclui a coordenação das
atividades de fiscalização, que envolvem a verificação e a análise
da conformidade das obrigações tributárias dos contribuintes, o
lançamento dos valores devidos, a cobrança dos valores devidos
e a representação em processos administrativos e judiciais
referentes ao imposto.

18. Os conflitos entre os entes federativos e o Conselho


Federativo do IBS relacionados ao IBS serão processados e
julgados originalmente pelo STJ.

19. Os municípios manterão o direito a 25% da receita proveniente


do ICMS e passarão a ter direito ao mesmo percentual da
receita do IBS estadual. Essa distribuição seguirá critérios
populacionais (60%) e critérios estabelecidos por legislação
estadual (35%), além de uma parcela de 5% ser distribuída de
forma equânime. No mínimo 10% da parcela definida por lei
estadual serão destinados a indicadores educacionais. Essas
medidas têm como objetivo garantir uma distribuição mais
equitativa dos recursos entre os municípios, levando em
consideração tanto a população quanto o desempenho
educacional.

20. Será estabelecido o Imposto Seletivo (IS) que incidirá sobre a


produção, comercialização e importação de bens e serviços
considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, sendo
que apenas as exportações ficarão isentas desse imposto.

Diferentemente do Imposto sobre Produtos Industrializados


(IPI) atual, o IS não estará sujeito à regra da anterioridade, mas
seguirá a exigência de um período de noventa dias para que as
alterações em suas alíquotas entrem em vigor. Além disso, as
alíquotas do IS poderão ser modificadas por meio de decreto
emitido pelo Poder Executivo.

21. O Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e o Imposto Seletivo (IS),


juntamente com o Imposto de Exportação (IE) e o Imposto de
Importação (II), poderão incidir sobre operações relacionadas à
energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de
petróleo, combustíveis e minerais do país.

De acordo com a regra constitucional atual, apenas o Imposto


sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o Imposto
sobre Exportação (IE) e o Imposto sobre Importação (II) incidem
sobre essas operações. Com a implementação do IBS e do IS,
haverá uma ampliação da base de incidência tributária nesses
setores.

22. Os produtos que forem tributados pelo Imposto Seletivo (IS)


não estarão sujeitos à incidência do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), desde que o IPI ainda exista. Além disso, o
valor arrecadado pelo IS fará parte da base de cálculo do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), do
Imposto sobre Serviços (ISS), do Imposto sobre Bens e Serviços
(IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), enquanto
esses impostos ainda estiverem em vigor.

A distribuição da arrecadação do IS seguirá as mesmas regras


que estão atualmente em vigor para o IPI, ou seja, será
distribuída de acordo com as normas estabelecidas para a
repartição de receitas entre os entes federativos.

23. O texto prevê uma Lei complementar que tratará dos créditos
do ICMS dos contribuintes existentes até o final de 2032.

24. O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores


(IPVA) será estendido para incluir veículos aquáticos e aéreos.
A proposta considera a possibilidade de aplicar uma
progressividade no imposto com base no impacto ambiental
e no valor do veículo. Além disso, serão concedidas isenções do
IPVA para aeronaves utilizadas em táxi aéreo, embarcações de
pesca e plataformas de petróleo.

25. O Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) terá sua base de


cálculo atualizada por meio de um decreto municipal,
seguindo critérios estabelecidos em uma lei municipal
específica. Isso significa que o valor do imposto a ser pago pelos
proprietários de imóveis urbanos será ajustado conforme as
diretrizes e parâmetros definidos pela legislação municipal
aplicável.

Esses critérios podem incluir informações como valor venal do


imóvel, localização, tamanho do terreno, área construída, entre
outros fatores determinados pela lei municipal.
26. A reforma da tributação da renda será proposta pelo Poder
Executivo ao Congresso Nacional em até 180 dias após a
promulgação desta emenda.

3. Quadro Resumo - Substitutivo Preliminar PEC n°45/2019

Texto do Substitutivo

Simplificação do sistema tributário:


A proposta tem como objetivo simplificar o sistema tributário,
substituindo vários tributos existentes por um imposto único sobre
bens e serviços, denominado Imposto sobre Bens e Serviços (IBS); e
uma Contribuição sobre Bens e Serviços. Isso visa reduzir a
burocracia e facilitar a conformidade.

Eliminação da cumulatividade:
A PEC 45/2019 propõe a adoção do princípio da não cumulatividade
na apuração do IBS, permitindo a compensação dos créditos
gerados nas etapas anteriores da cadeia produtiva. Isso evitaria a
incidência cumulativa de tributos.

Descentralização da arrecadação:
A proposta prevê a criação de um Comitê Gestor Nacional,
composto por representantes da União, estados e municípios,
responsável pela administração, arrecadação e fiscalização do IBS.
Isso envolveria uma maior participação dos entes federativos na
gestão tributária.

Guerra fiscal:
A disputa entre os estados para atrair investimentos cria um cenário
de guerra fiscal, onde ocorrem concessões de benefícios fiscais e
incentivos que podem prejudicar a arrecadação tributária e gerar
desigualdades regionais.

Simples Nacional:
Poderá gerar créditos, em duas modalidade: 1ª - Gerará créditos em
montante equivalente ao IBS e CBS por meio do regime único
(parcela do valor do DAS referente a esses dois tributos) e não se
creditará na aquisição de insumos. 2ª - Caso opte por recolher
separadamente o IBS e o CBS, gerará crédito de ambos os tributos
em valor integral e poderá se creditar dos créditos de IBS e CBS na
aquisição de insumos.

IVA (ou IBS), CBS e IS:


Competência da União: CBS e IS.
Competência dos estados, municípios e DF: IVA (ou IBS).
Alíquotas: IVA dual (Imposto sobre Valor Agregado) com as
seguintes regras:
- Alíquotas: zero (0%), 50% e regimes diferenciados, gerando
créditos tributários; Isenção, sem pagamento e geração de
crédito tributário;
- Alíquotas especiais para os setores de saúde, educação e
transporte público; Previsão de alíquotas de imposto seletivo;
Diferenciação de alíquotas para alguns serviços.

4. Quadro Análise - Impactos Positivos e Negativos, substitutivo


Preliminar PEC n° 45/2019

Positivos
A simplificação que deve advir da reforma tributária também se
coaduna com pautas como a melhora do ambiente de negócios,
estímulo à concorrência, redução de obrigações acessórias etc.

Desonerando as exportações e aumentando a competitividade do


produto nacional no exterior.

O IVA dual, com a fusão de cinco tributos de competência das três


esferas de governo, é o modelo mais racional e possível de ser
aprovado.

As definições sobre o FDR e o Fundo de Compensação são


bem-vindas. Até agora a União parece estar disposta a arcar com esses
fundos.

A arrecadação do Imposto Seletivo será dividida com os Estados, DF e


Municípios.

Negativos
Suposta perda de autonomia aos entes federados que o Conselho
Federativo do IVA subnacional parece indicar pode ser um entrave
político à aprovação da reforma tributária.

Não divulgação da alíquota modal do IBS faz com que ainda não
esteja afastado o risco de aumento da carga tributária, visto que não
há nenhum dispositivo constitucional nesse sentido
Os valores da CBS e do IBS comporem a base de cálculo do IS é um
retrocesso injustificável.

Há que se ficar atento às alíquotas progressivas que serão criadas nos


impostos sobre a renda e a propriedade, a fim de que não gere
aumento de carga tributária disfarçada para a classe empresarial.

O demasiado tempo de transição da reforma tributária pode trazer


ainda mais complexidade para os contribuintes

Os prazos para entrada em vigor dos novos tributos estão muito


alargados

A existência de um grande número de alíquotas diferenciadas para


bens e serviços específicos, bem como a concessão de isenções, indica
que há uma tendência de que, em poucos anos, o país retorne a uma
situação caótica de complexidade semelhante à já vivenciada. sso
significa que, com a adoção de múltiplas alíquotas e exceções, o
sistema tributário pode se tornar cada vez mais complexo e difícil de
ser compreendido e aplicado pelas empresas e pelos cidadãos.

A questão dos regimes fiscais específicos também suscita


preocupação. Caso não sejam estabelecidos critérios claros e cautela
adequada, é possível que a complexidade e a falta de transparência na
legislação ressurjam em um curto período de tempo.

As alternativas propostas para as empresas que fazem parte do


Simples Nacional podem resultar em uma maior complexidade para o
IBS dual. Seria mais adequado que o Simples Nacional fosse excluído
desse regime, permitindo que o comprador recebesse apenas o
crédito referente ao valor pago.

5. Parecer Técnico FPLM

Pelo exposto, o Substitutivo estabelece uma certa concentração de


poder ao instituir a responsabilidade tanto da Contribuição sobre Bens e
Serviços (CBS) quanto do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS)
exclusivamente a União, seja por meio de lei ordinária ou lei complementar.
Isso significa que os Estados e Municípios terão competências limitadas, uma
vez que não poderão tomar decisões sobre aspectos essenciais, como o fato
gerador, a base de cálculo e os incentivos fiscais, entre outros. Como
resultado, sua autonomia será significativamente reduzida, o que vai de
encontro à proibição estabelecida no artigo 60, parágrafo 4º, da Constituição.1
Outro ponto para ser levado em consideração é que a centralização de
toda a tributação é um risco brutal, pois o poder de barganha e de coerção
política que a máquina de Brasília exercerá sobre os estados e municípios
poderá ser substancial.
A suposta autonomia dos entes subnacionais para modificar as
alíquotas de destino é apenas formal, uma vez que qualquer aumento ou
redução afetará todas as operações realizadas em seu território. Isso significa
que, em caso de aumento, haverá um impacto negativo na demanda local,
uma vez que os consumidores poderão buscar opções em regiões vizinhas
com alíquotas mais baixas. Vale ressaltar que o Senado Federal fixará a
alíquota de referência, para cada esfera federativa, que será aplicada salvo
disposição em contrário em lei específica.
A estrutura de alíquotas pretendida é inadequada, pois não permite
calibração de alíquotas conforme as características de cada item ou em
situações que a exijam. Além disso, isso provocará aumento desproporcional
de carga tributária para inúmeros bens, serviços e setores.
Considerando a não cumulatividade pela em uma alíquota seja fixada
em 25% os setores mais impactados serão serão as atividades recreativas e
culturais (171%), os serviços pessoais (160%), seleção, agenciamento e locação
de mão de obra (157%), serviços de alojamento (153%), e serviços para edifícios
e atividades paisagísticas (145%). No comércio, os mais atingidos deverão ser
o varejo e atacado de calçados (41,2% e 37,3%, respectivamente); atacado de
equipamentos e artigos de uso pessoal e doméstico (32,2%); varejo de
vestuário (31,8%); e varejo de tecidos (31,4%).2
A análise da transição do sistema de cobrança dos tributos revelou que
a proposta da PEC 45 tem gerado resistência por parte da população,

1
As cláusulas pétreas inseridas na Constituição do Brasil de 1988 estão dispostas em seu artigo 60, §
4º. São elas: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação
dos Poderes; e os direitos e garantias individuais.
2
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Projeção de aumento da
carga tributária. Portal do comércio, 2023. Disponível em:
<https://www.portaldocomercio.org.br/publicacoes/projecao-de-aumento-da-carga-tributaria/48534
6>. Acesso em: 28 de junho de 2023.
principalmente daqueles com menor renda, devido à ausência de
benefícios fiscais para o consumo. Ademais, a transição da PEC 45 é mais
lenta, resultando em perda significativa na arrecadação dos municípios,
enquanto os estados recebem metade da arrecadação atual.
Ademais, a ampliação do rol de questões relevantes que serão
abordadas por meio de legislação complementar/ordinária. Isso é
especialmente relevante considerando que a PEC já possui 29 páginas. Uma
pequena amostra dessas questões diz respeito à atuação do Conselho
Federativo, que poderá exercer papel relevante de editar normas de temas
relacionados a impostos.
Outro exemplo diz respeito ao pagamento do cashback. Essa questão
foi deixada para ser regulamentada por meio de lei complementar, embora
já haja indícios de que o pagamento será amplo, abandonando a
vinculação que estava sendo estabelecida em relação à cesta básica. No
entanto, é importante ressaltar que sua distribuição pode ser considerada
inadequada, pois implica em cobranças mais elevadas para todos os
contribuintes, seguidas da restituição apenas para um grupo selecionado,
conforme determinado pelos processos burocráticos. É válido considerar que
tal abordagem pode suscitar preocupações relacionadas a fraudes e
distorções substanciais. Convém mencionar ainda que a implementação
eficaz do sistema de cashback não foi observada em nenhum país com IVA.
A preocupação reside no fato de que essas questões importantes, que
impactam diretamente a operacionalização e a abrangência do novo sistema
tributário, serão definidas em etapas posteriores, aumentando a incerteza e
deixando espaço para interpretações e ajustes futuros. Torna-se essencial
que as leis complementares e ordinárias sejam elaboradas de forma clara,
abrangente e coerente, garantindo a efetividade da reforma tributária e
minimizando lacunas e inseguranças no sistema.
Nessa toada, outra preocupação que apresenta um aparente
retrocesso, diz respeito à definição dos produtos sujeitos ao Imposto
Seletivo. Nenhuma menção foi feita na PEC, nem mesmo na apresentação
do relator, sobre os setores que serão tributados. Isso pode gerar insegurança
em relação à aprovação da PEC. Além disso, consideramos um retrocesso o
fato de a CBS e o IBS comporem a base de cálculo do IS.
Por fim, vale ressaltar que a centralização de toda a tributação é um
risco brutal, pois o poder de barganha e de coerção política que a máquina
de Brasília exercerá sobre os estados e municípios poderá ser substancial.

6. Considerações finais

Apesar de reconhecermos os potenciais benefícios da reforma


tributária, é importante ressaltar algumas preocupações e ressalvas em
relação à Proposta de Emenda à Constituição analisada.
Primeiramente, é fundamental garantir que a reforma não resulte em
um aumento da carga tributária. É preciso evitar que as mudanças
promovam um impacto negativo nas finanças das empresas e dos cidadãos,
comprometendo o desenvolvimento econômico e a capacidade de
investimento.
Quando os impostos sobre os serviços são aumentados, as empresas
que oferecem esses serviços podem repassar essa carga tributária para os
consumidores. Isso significa que os preços dos serviços podem aumentar,
afetando o orçamento das famílias.
Além disso, é necessário assegurar que a transição para o novo sistema
tributário seja realizada de forma gradual e planejada, para evitar
instabilidades e incertezas no ambiente empresarial. É importante
considerar prazos adequados para adaptação e oferecer suporte técnico
suficiente para que as empresas possam se ajustar às novas regras sem
prejuízos significativos.
Outra preocupação diz respeito à manutenção do apoio político ao
longo do processo. É essencial garantir um diálogo contínuo com os
diversos setores envolvidos e buscar consensos que possam sustentar a
aprovação da reforma. Sem um amplo apoio político, corre-se o risco de
obstáculos e resistências que podem comprometer a efetividade das
mudanças.
Por fim, é fundamental que a reforma tributária seja conduzida de
maneira transparente e participativa, permitindo o envolvimento da
sociedade civil e de especialistas no debate. Isso contribuirá para que
sejam considerados diferentes pontos de vista e possíveis impactos das
medidas propostas, resultando em um sistema tributário mais justo e
eficiente.
Em resumo, embora haja aspectos positivos na proposta de reforma
tributária, é necessário cautela e atenção aos potenciais desafios e
impactos negativos. A busca por um sistema tributário mais simples,
equilibrado e favorável ao desenvolvimento econômico deve ser
acompanhada de forma criteriosa e responsável, visando o bem-estar e a
prosperidade de todos os envolvidos.
Por essa razão, a FPLM se posiciona de forma CONTRÁRIA, com as
ressalvas apresentadas, à PEC 45/2019, uma vez que o debate em torno da
Proposta ainda precisa ser amadurecido.

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