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Compliance

Concorrencial
Módulo

1 Introdução ao Compliance Concorrencial


Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Desenvolvimento Profissional


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Produção de Web


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe
Alden Caribé (Conteudista, 2021).
Ana Beatrice Neubauer (Revisora, 2021)
Erley Ramos Rocha (Coordenador Web e Implementador Articulate, 2021).
João Paulo Albuquerque Cavalcante (Diagramação e produção gráfica, 2021).
Juliano Pimentel (Conteudista, 2021).
Lavínia Cavalcanti (Coordenadora de desenvolvimento, 2021).
Rodrigo Mady da Silva (Implementador Moodle, 2021)

Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT /


Laboratório Latitude e Enap.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF

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Sumário
Unidade 1: Compliance concorrencial e o papel do Cade na promoção da cultura da
concorrência...........................................................................................................................6

Unidade 2: A adoção de um programa de compliance concorrencial: fatores, benefícios e


custos...................................................................................................................................13
2.1. Fatores para a adoção de um programa de compliance concorrencial..................................13
2.2. Quais são os benefícios decorrentes da adoção de um programa de compliance?..............14
2.3. Os custos de um programa de compliance............................................................................18
2.4. Programas de compliance concorrencial pouco efetivos.......................................................20

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Módulo
Introdução ao Compliance Concorrencial

Olá!

Desejamos boas-vindas ao curso Compliance Concorrencial. É um prazer ter você como


participante e auxiliar na construção do seu conhecimento acerca desse tema.

Este curso possui o objetivo de apresentar os conceitos básicos de compliance concorrencial,


refletindo sobre o papel do CADE e as características da implementação de um programa de
compliance concorrencial por uma organização.

Sugerimos que você leia o conteúdo e responda as questões na ordem em que estão dispostos.
Mas você é livre para fazer isso quando e na ordem em que achar melhor - dentro do período de
duração do curso. Só não deixe de garantir que fez tudo, para não ter problemas com a obtenção
do certificado ao final do curso!

Desejamos um excelente estudo!

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Unidade 1: Compliance concorrencial e o papel do Cade
na promoção da cultura da concorrência
Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o que é um programa de compliance
concorrencial e qual o papel do Cade na promoção da cultura da concorrência.

Em 1996, quatro executivos do Instituto Brasileiro de Siderurgia e de indústrias produtoras de


aço foram a Brasília para se reunir com funcionários do Ministério da Fazenda e comunicar que
as empresas aplicariam um reajuste uniforme de 8% no preço do aço.

Vocês conseguem identificar onde está o erro nessa história?

Não é difícil perceber a prática de cartel, certo? O cartel ocorre quando concorrentes atuam para
combinar preços, quantidades ou dividir o mercado. Nesse caso, as empresas combinaram o
reajuste uniforme dos preços do aço a partir de uma certa data.

O cartel é a mais grave das infrações à ordem econômica e é crime.

Saiba mais
Conforme a Lei 8.137/90, artigo 4°:

Constitui crime contra a ordem econômica:

II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes,


visando:

a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou


produzidas;

b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo


de empresas;

c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de


distribuição ou de fornecedores. (Redação dada pela Lei nº
12.529, de 2011).

Mas então, sendo crime, por que os executivos das maiores siderúrgicas do Brasil iriam até Brasília
se reunir com um dos órgãos que investigavam essas infrações para informar que reajustariam

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os preços?

E, não! Eles não estavam lá para confessar a infração e propor um acordo de leniência com o
governo. À época, sequer existia a possibilidade desse tipo de acordo.

Saiba mais
O acordo de leniência é uma convenção por meio da qual empresas e/ou pessoas
físicas envolvidas em um cartel, ou em outra prática anticoncorrencial coletiva,
obtêm benefícios na esfera administrativa e criminal, comprometendo-se a
cessar a conduta ilegal, denunciar e confessar sua participação no ilícito, bem
como a cooperar com as investigações apresentando informações e documentos
relevantes.

Possivelmente, os executivos das empresas siderúrgicas não viam qualquer problema no


pacto entre elas para reajustar os preços do aço. Caso contrário, não comunicariam a prática à
autoridade responsável por combatê-la. Muito provavelmente, o cartel fazia parte da cultura do
setor. Após décadas de controle de preços, o ajuste de preços entre concorrentes fazia parte do
padrão de comportamento de executivos em vários setores da economia brasileira. Era cultural.

De 1996 para cá, muita coisa mudou. O caso descrito ficou conhecido como o Cartel de Aço e
resultou na primeira condenação por cartel proferida pelo Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade). Centenas de condenações por cartel ocorreram desde então. A prática de
cartel é reconhecidamente ilegal e é difícil imaginar que, atualmente, empresários sigam para
Brasília para comunicar ao governo uma combinação de preços. Entretanto, a revelação da
Operação Lava Jato de dezenas sobre cartéis em licitações públicas nos últimos anos mostra que
a formação de cartel talvez ainda seja uma prática no ambiente de negócios brasileiro. É cultural?

Compliance diz respeito justamente à cultura organizacional, ou melhor, à mudança na cultura


organizacional.

A chave para assegurar o sucesso de um programa de compliance é


fazer com que o comportamento considerado adequado
se torne parte indissociável da cultura da organização.

Mas criar uma cultura de integridade não é algo simples. Não se muda a cultura com um simples
e-mail da chefia ou com um treinamento aos funcionários. Requer tempo, mudança nos processos
de trabalho, esforço e reforço em todos os níveis da organização.

A expressão compliance vem do inglês, to comply, que significa exatamente cumprir ou estar

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de acordo com. Logo, especificamente o compliance concorrencial diz respeito à atuação em
conformidade com as regras concorrenciais.

O elemento ético do programa de compliance concorrencial pode ser entendido como uma
cultura de negócios positiva, de concorrência livre e justa, que ultrapassa a ideia de apenas
cumprir a lei para evitar sanções. Isso implica a construção de uma cultura de negócios que
promove o consenso em torno da necessidade de fazer o certo.

De acordo com o Guia Programas de Compliance do Cade, o compliance, ou


programa de compliance, consiste em um conjunto de medidas internas que
permite prevenir ou minimizar os riscos de violação às leis decorrentes de
atividade praticada por um agente econômico e de qualquer um de seus sócios
ou colaboradores.

Esse conceito é importante e vale a pena analisarmos cada um de seus cinco elementos.

Conjunto de medidas

Um programa de compliance, ou programa de integridade, consiste em um conjunto de medidas,


mecanismos e procedimentos voltados para assegurar a adoção de determinado de padrão de
conduta.

Desse modo, não se trata de uma ação isolada, mas sim de uma reunião de ações coordenadas
que, em conjunto, buscam auxiliar uma organização a estabelecer e manter um determinado
padrão de conduta.

Internas

Essas medidas possuem um caráter interno à organização. Portanto, em essência, não se trata de
uma medida regulatória pela qual uma autoridade externa exerce um poder sobre a organização.
São medidas de autocontrole e autorregulação adotadas por uma organização que entende estar
exposta a riscos de violação a um padrão de conduta considerado adequado.

Por outro lado, o caráter interno do compliance não impede que políticas públicas incentivem
ou exijam a adoção do programa de compliance; ou que uma organização possa ser afetada pelo
programa de compliance de outra organização, como clientes e fornecedores.

Prevenção e mitigação de riscos

As ações de compliance têm a finalidade de prevenir ou mitigar riscos. Um programa de


compliance atua sobre os riscos de uma organização violar determinado padrão de conduta.
Logo, antes de se definirem as ações de compliance, é necessário identificar os riscos que existem
numa organização, a probabilidade e o impacto de sua concretização. Somente a partir daí é que
podem ser definidos os objetivos específicos do programa.

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Com base nesses objetivos é que as ações de compliance são formatadas, de modo a prevenir e
mitigar os riscos da ocorrência de práticas ilegais.

O ideal é que o programa de compliance consiga prevenir ilícitos e que infrações sequer venham a
ocorrer. Entretanto, por melhor que seja o programa, não é possível assegurar que uma violação
nunca venha a ocorrer. A prevenção é a diretriz fundamental, mas pode não ser suficiente.
Portanto, o compliance deve ser capaz também de identificar a ocorrência de infrações e atuar
para corrigir os seus efeitos.

É importante destacar que não existe uma abordagem de compliance adequada a toda e
qualquer organização. Cada programa deve ser formulado para enfrentar os riscos concorrenciais
específicos de uma organização.

Padrão legal de comportamento

O padrão de comportamento a ser assegurado pelo compliance é aquele previsto na legislação


e nas normas internas da organização. Nos termos do conceito adotado pelo Guia Programas de
Compliance do Cade, busca-se tratar os riscos de violação às leis.

Em essência, o padrão de comportamento que se busca assegurar é o que distingue um tipo de


programa de compliance de outro. Assim, o compliance concorrencial é aquele que busca manter
um padrão de comportamento adequado à Lei de Defesa da Concorrência (Lei 12.529/2011). Por
sua vez, o compliance anticorrupção visa assegurar que a empresa não se envolva em práticas
de corrupção. Já o compliance regulatório diz respeito à adequação às normas regulatórias.
Assim, existe também o compliance tributário, o trabalhista, o ambiental, de proteção de
dados e tantos outros quantos os tipos de riscos que incidirem sobre as organizações. Os tipos
de compliance e ações que devem ser adotados por uma organização, combinados ou não,
dependem dos riscos dessa organização.

Atividade praticada por agente econômico ou qualquer de seus sócios ou colaboradores

Uma organização pode ser responsabilizada ou sofrer as consequências de uma violação das
leis, mas quem pratica a infração é sempre um ser humano, seja ele sócio, administrador ou
colaborador dessa organização. Logo, as ações de compliance estão voltadas para orientar a ação
dos indivíduos na organização.

Procedimentos e sistemas não são capazes de gerenciar riscos sozinhos. Em última instância, as
pessoas são responsáveis pela gestão dos riscos. Os colaboradores podem apresentar diferentes
motivações e níveis de tolerância a riscos, cabendo ao programa de compliance estabelecer
valores, objetivos e procedimentos que assegurem o compromisso das pessoas para que suas
ações estejam adequadas aos padrões de comportamento aceitos pela organização e admitidos
pela legislação.

Um programa de compliance só é efetivo na medida em que se converte em ação e muda o


comportamento dos indivíduos na organização.

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Essa organização pode ser uma empresa, pública ou privada, mas também órgãos governamentais,
conselhos profissionais, entidades de classe, sindicatos ou associações.

Em resumo, podemos dizer que um programa de compliance concorrencial tem o objetivo de


prevenir e reduzir o risco de ocorrência de violações à Lei de Defesa da Concorrência, assim como
oferecer mecanismos para que a organização possa rapidamente detectar e lidar com eventuais
práticas anticoncorrenciais que não tenham sido evitadas em um primeiro momento.

Desse modo, estes são os dois objetivos centrais de todo e qualquer programa
de compliance concorrencial: prevenir e detectar violações à ordem econômica.

Por que o Cade se importa com os programas de compliance?

Muito embora o Cade venha aumentando a sua capacidade de detectar e investigar infrações à
ordem econômica, com a aplicação de multas cada vez mais severas, a abordagem punitiva de
forma isolada não é suficiente.

A investigação e punição tem um importante efeito dissuasório, entretanto, o melhor ambiente


concorrencial não é aquele em que mais infrações são punidas, mas aquele em que menos
ocorrem.

Assim, uma maior rigidez na aplicação da legislação de defesa da


concorrência deve ser combinada com uma abordagem preventiva, de
advocacia da concorrência e de promoção da cultura da concorrência.

O compliance concorrencial é um importante instrumento de


difusão da cultura de integridade. Ele auxilia na prevenção
e dissuasão da ocorrência de infrações à ordem econômica,
assegurando a observância da legislação antitruste mas,
sobretudo, auxiliando na constituição de um ambiente de
negócios concorrencialmente saudável.

O Guia Programas de Compliance do Cade, que apresenta


definições, diretrizes e sugestões sobre programas de
compliance, deve ser consultado por todos os interessados na
implementação de um programa efetivo em sua organização.

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Referências
BRASIL. Banco Central do Brasil. Circular nº 3.865, de 7 de dezembro de 2017. Dispõe sobre a
política de conformidade (compliance) das administradoras de consórcio e das instituições de
pagamento. Banco Central do Brasil, Brasília, 2017a. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/
normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/Normativos/Attachments/50481/
Circ_3865_v1_O.pdf. Acesso em: 17 dez. 2020.

BRASIL. Banco Central do Brasil. Resolução nº 4.595, de 28 de agosto de 2017. Dispõe sobre a política
de conformidade (compliance) das instituições financeiras e demais instituições autorizadas
a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Banco Central do Brasil, Brasília, 2017b. Disponível
em: https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/
Normativos/Attachments/50427/Res_4595_v1_O.pdf. Acesso em: 17 dez. 2020.

BRASIL. Controladoria-Geral da União. Guia de Implantação de Programa de Integridade nas


Empresas Estatais: orientações para a gestão da integridade nas empresas estatais federais.
Brasília, 2015. Disponível em: https://www.gov.br/cgu/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/
integridade/arquivos/guia_estatais_final.pdf. Acesso em: 04 fev. 2021.

BRASIL. Ministério da Justiça. Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Guia Programas


de Compliance: orientações sobre a estruturação e benefícios da adoção de programas de
compliance concorrencial. Brasília: CADE, 2016a. Disponível em: https://cdn.cade.gov.br/
Portal/centrais-de-conteudo/publicacoes/guias-do-cade/guia-compliance-versao-oficial.pdf?_
ga=2.115214023.1762744349.1612482262-741839812.1586804804. Acesso em: 04 fev. 2021.

BRASIL. Ministério da Justiça. Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Guia Termo


de Compromisso de Cessação para casos de cartel. Brasília: CADE, 2016b. Disponível em:
https://cdn.cade.gov.br/Portal/centrais-de-conteudo/publicacoes/guias-do-cade/guia-tcc-
atualizado-11-09-17.pdf?_ga=2.43319653.1762744349.1612482262-741839812.1586804804.
Acesso em: 04 fev. 2021.

BRASIL. Ministério da Justiça. Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Guia Programa


de Leniência Antitruste do Cade. Brasília: CADE, 2016c. Disponível em: https://cdn.cade.gov.
br/Portal/centrais-de-conteudo/publicacoes/guias-do-cade/2020-06-02-guia-do-programa-de-
leniencia-do-cade.pdf?_ga=2.157598330.1762744349.1612482262-741839812.1586804804.
Acesso em: 04 fev. 2021.

BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem tributária,
econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Presidência da República,
Brasília, 1990.

BRASIL. Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011. Estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da


Concorrência. […] e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, 2011.

BRASIL. Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016. Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa

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pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios. Presidência da República, Brasília, 2016. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13303.htm. Acesso em: 17 dez.
2020.

FEBRABAN. Federação Brasileira de Bancos. Guia Boas Práticas de Compliance. Infi, 2018.
Disponível em: https://portal.febraban.org.br/pagina/3228/52/pt-br/guia-compliance. Acesso
em: 04 fev. 2021.

FRAZÃO, A.; Medeiros, A. Desafios para a efetividade dos programas de compliance. In: Cueva, R.;
Frazão, A. Compliance: perspectivas e desafios dos programas de conformidade. Belo Horizonte:
Fórum, 2019.

MURPHY, J. E. A Compliance & Ethics Program on a Dollar Day: how small companies can have
effective programs. Minneapolis: Society of Corporate Compliance and Ethics, 2010. Disponível
em: https://assets.corporatecompliance.org/Portals/1/PDF/Resources/CEProgramDollarADay-
Murphy.pdf. Acesso em: 04 fev. 2021.

SCHAPIRO, M.; MARINHO, S. Compliance Concorrencial: cooperação regulatória na defesa da


concorrência. São Paulo: Almedina, 2019.

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Unidade 2: A adoção de um programa de compliance
concorrencial: fatores, benefícios e custos
Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os fatores que levam uma organização a
adotar um programa de compliance concorrencial, os benefícios e custos dessa adoção, além
dos riscos dos programas de fachada.

2.1. Fatores para a adoção de um programa de compliance concorrencial


Existem muitos motivos que levam uma organização a adotar um programa de compliance
concorrencial. Esses motivos podem ser localizados em um espectro que tem os motivos externos
de um lado e motivos internos de outro:

Fatores externos

Uma força externa, como uma investigação antitruste, pode levar uma organização a adotar
um programa de compliance como medida de urgência, para auxiliar a esclarecer os eventos e
reduzir a exposição da organização, enquanto lida com os procedimentos de investigação.

Fatores internos

Por exemplo, uma liderança interna que, consciente da necessidade de gerenciar adequadamente
os riscos da organização, patrocina uma estratégia para desenvolver capacidades e ações de
compliance.

Possivelmente, a razão para que sua organização adote um programa de compliance deve se
encontrar em um meio termo entre esses dois extremos.

Em alguns setores, por exemplo, a adoção de programa de compliance é uma exigência


regulatória, ou existem incentivos para sua implementação. É o caso do Estatuto das Empresas
Públicas (Lei 13.303/2016) que prevê, em seu artigo 9º, a adoção de programas de integridade
pelas empresas públicas:

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Art. 9º A empresa pública e a sociedade de economia mista
adotarão regras de estruturas e práticas de gestão de riscos e
controle interno que abranjam:
I - ação dos administradores e empregados, por meio da
implementação cotidiana de práticas de controle interno;
II - área responsável pela verificação de cumprimento de obrigações
e de gestão de riscos;
III - auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário.

Nesse sentido, a CGU elaborou um Guia de Implantação de Programas de Integridade


nas Empresas Estatais, que apresenta orientações para a gestão da integridade nas empresas
estatais federais.

Já no setor bancário, a Resolução CMN nº 4.595/17 e a Circular Bacen nº 3.865/17 exigem que
instituições financeiras, administradoras de consórcio e instituições de pagamento implementem
política de compliance (conformidade). A Federação Brasileira de Bancos possui também
um Guia de Boas Práticas de compliance.

Em outras situações, membros da equipe jurídica ou de auditoria podem introduzir a discussão


sobre compliance na organização. Da mesma forma, situações como a evolução na legislação, uma
maior abertura comercial, ou a participação em licitações públicas podem levar a organização a
se preocupar com novos riscos, introduzindo ou adaptando seus programas de compliance.

Concluindo, podemos dizer que a decisão de uma organização por implantar um programa de
compliance deve ocorrer mediante a uma análise de riscos concorrenciais.

Todas as organizações, mesmo pequenas, que estejam submetidas a riscos concorrenciais devem
considerar a implantação de medidas para prevenir e mitigar esses riscos.

2.2. Quais são os benefícios decorrentes d a adoção d e u m programa de


compliance?
Mario Shapiro e Sarah Marinho, em sua importante obra, publicada em 2019, sobre o compliance
concorrencial, observam que, quando uma organização se encontra diante das motivações para
a implantação do compliance, ela é levada a desenvolver um raciocínio de custo-efetividade.
Em outras palavras, a organização deve se perguntar: quais os benefícios e custos envolvidos na
implantação de um programa de compliance?

Podemos identificar seis benefícios para a adoção de um programa de compliance:

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Agora, compreenda as características de cada um desses benefícios:

Prevenção de riscos

Um programa de compliance concorrencial tem como objetivo identificar, mitigar e remediar


riscos da prática de infrações à ordem econômica. A Lei de Defesa da Concorrência prevê duras
consequências para organizações que forem condenadas, com multas que podem chegar a R$ 2
bilhões de reais. Além da pena pecuniária, outras sanções são possíveis, tais como:

• Proibição de contratar com instituições financeiras oficiais e de licitações públicas


por até 5 (cinco) anos.
• Cancelamento de incentivos fiscais ou subsídios públicos.
• Cisão da sociedade, venda de controle societário, venda de ativos ou cessação
parcial da atividade.

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• Proibição de exercer o comércio em nome próprio ou como representante de
pessoa jurídica por até 5 (cinco) anos.

Além dos prejuízos de reputação, financeiros e às atividades das pessoas jurídicas infratoras, há
também o impacto negativo sobre as pessoas físicas envolvidas, que podem ser responsabilizadas
criminalmente e impedidas de exercer função de direção em outras empresas.

Um programa de compliance efetivo tem o potencial de prevenir violações à legislação


concorrencial e, portanto, de evitar penalidades administrativas e penais. Mesmo quando uma
infração acontece, o programa de compliance pode trazer benefícios.

A Lei de Defesa da Concorrência não prevê expressamente que a existência de programa


compliance possa reduzir a pena de uma organização envolvida em infração à ordem econômica.
Entretanto, o Guia Programas de Compliance do Cade prevê que a adoção de um programa de
compliance robusto pode ser considerada evidência de boa-fé, a depender das circunstâncias
do caso concreto e da demonstração pela parte. Assim, é possível que o Cade considere o
compliance como atenuante, reduzindo uma eventual multa pecuniária. Nesses casos, no
entanto, é ônus exclusivo do investigado demonstrar que possui um programa de compliance
robusto, evidenciando que práticas anticompetitivas são claramente contrárias às políticas da
organização e às orientações dos seus administradores.

O guia também ressalta e é sempre bom ficar atento: a mera existência de um programa de
compliance não é suficiente para afastar a possibilidade de imposição pelo Cade das penalidades
administrativas, que incluem, como já citado, multas potencialmente vultosas.

Da mesma forma, quando uma empresa negocia um acordo com o Cade, é possível que o
compliance seja considerado no cálculo da multa esperada para definir o valor da contribuição
pecuniária a ser paga em eventual acordo com o Cade (Termo de Compromisso de Cessação).
Nesse caso, deve-se demonstrar que o programa de compliance tem relação direta com a decisão
de propor a celebração com acordo com o Cade.

Saiba mais
O Termo de Compromisso de Cessação (TCC) consiste em uma modalidade de
acordo celebrado entre o Cade e as organizações e/ou pessoas físicas investigadas
por infrações à ordem econômica, pelo qual o Cade concorda em suspender
o prosseguimento das investigações enquanto estiverem sendo cumpridos os
termos do compromisso. Para celebrar o TCC, a organização reconhece a sua
participação na conduta, colabora com as investigações e concorda em recolher
uma contribuição pecuniária calculada a partir de um desconto aplicado sobre
a multa esperada. Para saber mais sobre esses acordos, acesse ao Guia de TCCs
do Cade.

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Identificação antecipada de problemas

O engajamento e a conscientização promovida pelo programa de compliance sobre o padrão


de conduta desejado e sobre condutas indesejadas permite a identificação de violações e de
potenciais violações à lei mais rapidamente, o que viabiliza rápida resposta da organização.

Entre as vantagens da identificação de infrações com agilidade está a maior possibilidade de


firmar acordos com as autoridades, sejam de leniência ou não, que podem implicar substancial
redução da pena e, em alguns casos, imunidade na esfera criminal para pessoas físicas.

Concluindo, podemos dizer que o principal benefício direto de um programa de compliance


efetivo, em caso de ilícito, é a identificação tempestiva da prática e a atuação para mitigar seus
efeitos, auxiliando na obtenção de benefícios para a celebração de eventual acordo de leniência
ou termo de compromisso junto ao Cade e a outras autoridades.

Ainda assim, é importante lembrar que a possibilidade de o Cade considerar, diante das
circunstâncias de cada situação, a existência de um programa robusto de compliance concorrencial
como evidência de boa-fé, a adoção do programa, por si só, não é garantia de redução de
eventuais penalidades.

Benefício reputacional

Uma organização reconhecida por sua cultura de integridade e ética melhora a sua reputação,
o que pode trazer benefícios como recrutamento e retenção de talentos. Essas ações tendem
a aumentar a satisfação e o comprometimento no trabalho e o senso de pertencimento e
identificação com o grupo.

O compliance também pode abrir portas junto a outros parceiros. O comprometimento com a
observância das leis também inspira confiança em investidores, parceiros comerciais, clientes e
consumidores que valorizam organizações que operam de forma ética.

Reconhecimento de ilicitude em outras organizações

Um programa de compliance efetivo não apenas reduz os riscos de uma organização violar a
legislação concorrencial, mas também ajuda a prevenir que ela se torne vítima de condutas de
outras organizações.

O engajamento e a conscientização promovida pelo programa de compliance permitem que os


funcionários identifiquem sinais de que outras organizações, como concorrentes, fornecedores,
distribuidores ou clientes possam estar infringindo a lei.

A relação com terceiros que violam a legislação pode ser muito prejudicial para um agente
econômico. Por exemplo, uma empresa pode ser prejudicada pelo abuso de posição dominante
de um concorrente ou de um fornecedor, ou uma associação do setor em que atua pode promover
práticas uniformes entre concorrentes que violam a legislação.

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O relacionamento entre organizações sugere maior alinhamento de práticas comerciais. Assim,
é muito importante ser capaz de agir em caso de identificação de condutas ilícitas de terceiros
com quem as trocas são intensas, para que não restem dúvidas sobre a boa-fé da companhia.

Conscientização dos funcionários

Em ambientes de trabalhos éticos, a cultura corporativa é mais forte e há maior comprometimento


dos funcionários. Colaboradores engajados e conscientes das “regras do jogo” estão em melhor
posição para fazer negócios com segurança, sem receio de violar as leis, assim como para procurar
assistência caso identifiquem possíveis questões concorrencialmente sensíveis.

Temas de ordem concorrencial aparecem com frequência em negociações comerciais. Programas


de compliance bem elaborados e devidamente implementados permitem aos colaboradores
tomar decisões com mais segurança e confiança. O medo de violar as leis pode intimidar os
colaboradores e eventualmente desestimular a concorrência mais acirrada e legítima.

Redução de custos com investigações

Um programa de compliance pode evitar que as empresas e seus funcionários tenham custos
e contingências com investigações, advogados, multas, publicidade negativa, interrupção das
atividades, inexequibilidade dos contratos ou cláusulas ilegais, indenizações, entre outras.

Investigações requerem mais do que despesas judiciais e administrativas. Investigações


demandam recursos humanos e financeiros que de outra forma poderiam ser empregados na
atividade-fim da empresa.

2.3. Os custos de um programa de compliance


A implantação de um programa de compliance envolve a definição de objetivos específicos para
enfrentar os riscos concorrenciais identificados e, com isso, devem ser mobilizados instrumentos
e recursos, o que sempre implica algum tipo de custo.

De acordo com o estudo de Mario Shapiro e Sarah Marinho, publicado em 2019, se um programa
de compliance for muito custoso, sua sustentabilidade ao longo do tempo pode ser prejudicada.
Por outro lado, se um programa for ineficaz, a ausência de efeitos poderá ser sentida quando os
riscos concorrenciais forem concretizados.

Nesse sentido, ao conceber um programa de compliance,


a organização precisa eleger os meios mais efetivos e
menos custosos para gerir os riscos concorrenciais.

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Mesmo empresas médias e pequenas que estão
submetidas a riscos concorrenciais podem adotar
programas de compliance efetivos e de baixo custo.
Saiba mais na publicação com dicas sobre como
implementar Programas de compliance efetivos por até
um dólar ao dia para pequenas e médias empresas.

Um programa de compliance grande, complexo e caro


não necessariamente é o melhor. Grandes corporações
podem gastar muito dinheiro em programas de
compliance pouco efetivos.

Assim, se uma organização pretende implementar um


programa de compliance apenas por modismo ou pela
aparência de integridade, é muito provável que esse
programa fique no papel. Um programa de compliance
de fachada tem grandes chances de se transformar em
desperdício de dinheiro.

Um elemento essencial para o programa de compliance efetivo não ter qualquer


custo é o real envolvimento e comprometimento da alta administração com a
forma correta de se fazer negócio, respeitando a legislação.

Uma organização de grande porte terá, certamente, que alocar recursos de forma apropriada.
Uma empresa com muitos funcionários provavelmente gastará mais com seu programa de
compliance do que uma empresa pequena, como poderá precisar da consultoria de um
profissional especializado, especialmente se a empresa possui alta participação nos mercados
em que atua.

Tratando-se de uma organização menor, submetida a riscos concorrenciais menos complexos, as


competências de compliance podem ser desenvolvidas internamente.

O importante a ser destacado é que é possível implementar um programa de


compliance, ainda que se trate uma empresa pequena ou média.

Vale a pena uma última reflexão: em um estudo sobre os desafios para a efetividade dos
programas de compliance, publicado em 2018, Ana Frazão ressalta que os custos podem ser
minorados por um mapeamento de riscos bem-feito, que permita a alocação adequada dos
recursos de modo que os valores destinados ao compliance sejam investidos, prioritariamente,
nas áreas mais sensíveis.

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2.4. Programas de compliance concorrencial pouco efetivos
Não existe um programa concorrencial adequado para toda e qualquer organização. Cada
organização deve definir o seu programa a partir de suas características, do seu porte, perfil dos
funcionários, características dos mercados em que atua e os riscos concorrenciais a que está
submetida.

Um programa de compliance de prateleira, pré-concebido de forma genérica, dificilmente será


efetivo para transformar a cultura e a ação de uma organização.

Algumas organizações podem decidir adotar um programa de compliance apenas por obrigação
ou pela aparência de integridade, sem comprometimento ou reais intenções de prevenir a
ocorrência de práticas anticoncorrenciais.

Segundo o Guia Programas de Compliance do Cade (2016, p. 15):

A mera adoção formal de um programa não significa que a


organização esteja efetivamente preocupada com o cumprimento
da Lei de Defesa da Concorrência ou que esse programa seja eficaz.
Entidades podem adotar programas superficiais e/ou sem
preocupação alguma com a manutenção do ambiente competitivo,
apenas com a intenção de se valerem deles como circunstância
atenuante em caso de condenação. Podem também adotar
programas extremamente complexos e em teoria bem estruturados,
elaborados por especialistas no tema e que implicam em gastos
elevados, mas que não encontram qualquer eco na cultura
corporativa e são sistematicamente ignorados por colaboradores.

Esses programas meramente formais são conhecidos como programas de fachada (em inglês,
shamprograms). São pouco eficazes em prevenir e mitigar riscos concorrenciais e podem representar
custos para as organizações, sem os benefícios correspondentes aos de um programa efetivo.

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Referências
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normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/Normativos/Attachments/50481/
Circ_3865_v1_O.pdf. Acesso em: 17 dez. 2020.

BRASIL. Banco Central do Brasil. Resolução nº 4.595, de 28 de agosto de 2017. Dispõe sobre a política
de conformidade (compliance) das instituições financeiras e demais instituições autorizadas
a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Banco Central do Brasil, Brasília, 2017b. Disponível
em: https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/
Normativos/Attachments/50427/Res_4595_v1_O.pdf. Acesso em: 17 dez. 2020.

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Empresas Estatais: orientações para a gestão da integridade nas empresas estatais federais.
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de Compliance: orientações sobre a estruturação e benefícios da adoção de programas de
compliance concorrencial. Brasília: CADE, 2016a. Disponível em: https://cdn.cade.gov.br/
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de Compromisso de Cessação para casos de cartel. Brasília: CADE, 2016b. Disponível em:
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atualizado-11-09-17.pdf?_ga=2.43319653.1762744349.1612482262-741839812.1586804804.
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de Leniência Antitruste do Cade. Brasília: CADE, 2016c. Disponível em: https://cdn.cade.gov.
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leniencia-do-cade.pdf?_ga=2.157598330.1762744349.1612482262-741839812.1586804804.
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econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Presidência da República,
Brasília, 1990.

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Concorrência. […] e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, 2011.

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do Distrito Federal e dos Municípios. Presidência da República, Brasília, 2016. Disponível em:
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Disponível em: https://portal.febraban.org.br/pagina/3228/52/pt-br/guia-compliance. Acesso
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em: https://assets.corporatecompliance.org/Portals/1/PDF/Resources/CEProgramDollarADay-
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concorrência. São Paulo: Almedina, 2019.

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