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22/06/23

Reforma
Tributária
sobre o consumo
Um resumo do que você precisa saber sobre o
último substitutivo da PEC da Reforma Tributária
e como o Machado Meyer pode ajudar a
identificar os impactos para o seu negócio.

O que é
Eleita como prioridade para destravar o crescimento econômico do país e para melhorar o ambiente
de negócios, a reforma tributária tem por objetivo unificar os principais tributos sobre o consumo.
A reforma segue algumas premissas básicas:

1 Simplicidade
Facilidade na interpretação e aplicação das normas (mais homogêneas o possível)

2 Justiça fiscal
Observância da capacidade contributiva

3 Manutenção da carga tributária global


Redistribuição dos tributos sem alteração da carga tributária global (haverá alteração setorial)

4 Eficiência
Organização da economia conforme a vocação dos negócios (e não por aspectos tributários)

5 Transparência
Clareza sobre a carga tributária aos consumidores

O que muda
Com a aprovação da reforma, os 5 principais tributos incidentes sobre o consumo (PIS,
COFINS, IPI, ICMS e ISS) serão unificados em apenas 3: CBS, IBS e IS:

PIS (federal) CBS (federal)


COFINS (federal) Contribuição sobre Bens e
Serviços
IVA DUAL
IPI (federal) REFORMA
IBS (estadual/municipal)
Imposto sobre Bens e Serviços
ICMS (estadual)
ISS (municipal)
IS (federal)
Imposto Seletivo
CBS e IBS: Como funcionará o IVA Dual
No lugar do PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS, haverá o IVA Dual, composto
pela CBS (tributo federal) e pelo IBS (tributo estadual/municipal).

COMO SERÁ A INCIDÊNCIA


Incidência ampla. Todas as atividades econômicas com bens e serviços, tangíveis ou
intangíveis, inclusive importação e economia digital, estarão sujeitas ao IVA. Não incidência
sobre exportação.

Destaque ‘por fora’. O IVA não comporá a sua própria base de cálculo (fim da técnica de
gross-up).

Exclusão da base de cálculo da CBS e do IBS. O ICMS, ISS, PIS e COFINS, enquanto existirem
(período de transição), não integrarão a base de cálculo da CBS e do IBS, e vice-versa.

Princípio do destino. Aplicação de alíquotas conforme o estado e o município de destino dos


bens e serviços.

Não cumulatividade plena. Direito a crédito do IVA incidente na aquisição de bens e serviços,
exceto para uso e consumo pessoal, isenção ou não incidência (sem manutenção do crédito).
Crédito permitido independentemente do efetivo pagamento do IVA pelo fornecedor.

Ressarcimentos de créditos acumulados. Lei complementar disciplinará o prazo máximo para


ressarcimento em espécie de créditos acumulados.

ALÍQUOTAS
Competência. União (CBS), estados e municípios (IBS).

Uniformidade. Alíquota única para todos os bens e serviços, com algumas exceções.

Exceções à alíquota única:


As alíquotas poderão ser reduzidas em 50% para:

Serviços de educação. Serviços de saúde. Medicamentos.

Dispositivos Serviços de transporte Atividades artísticas


médicos. público coletivo. e culturais nacionais.

Insumos agropecuários, alimentos Produtos agropecuários,


destinados ao consumo humano pesqueiros, florestais e
e produtos de higiene pessoal. extrativistas vegetais in natura.
Exceções à alíquota única:
As alíquotas poderão ser reduzidas em 100% para:

Serviços de educação Serviços do setor


Medicamentos. superior – PROUNI. de eventos – PERSE.
(CBS e IBS) (Apenas CBS) (Apenas CBS)

+ possibilidade de isenção

Serviços de transporte público coletivo, semiurbano ou metropolitano.

OUTROS REGIMES TRIBUTÁRIOS


A reforma manterá os regimes favorecidos atuais previstos na Constituição Federal, e
estabelecerá sistemáticas específicas de incidência para alguns setores.

Regimes tributários favorecidos. Zona Franca de Manaus e SIMPLES.

Regimes tributários específicos:

Combustíveis e lubrificantes.

Serviços financeiros, operações com bens imóveis, planos de assistência à saúde e concursos.

Operações contratadas pela administração pública direta, por autarquias e por fundações públicas.

Regimes aduaneiros especiais. Previsão para manutenção/instituição via lei complementar.

LEGISLAÇÃO UNIFORME

Conselho Federativo. Embora o IVA seja dual, a legislação dos tributos deve ser a mais
harmonizada possível acerca:

- Da definição de contribuintes. - Da estrutura de alíquotas.


- Do fato gerador. - Da não cumulatividade.
- Da base de cálculo. - Dos regimes favorecidos e específicos, entre outros.

Veículos normativos
CBS. Lei ordinária federal.
IBS. Lei complementar (regras estruturais e gerais) e leis ordinárias estaduais e municipais
(alíquota).
FIM DA GUERRA FISCAL

Benefícios fiscais atuais. Manutenção dos incentivos de ICMS até dez/2032, com redução
proporcional a partir de 2029.

Restrição para prorrogação de incentivos fiscais. Proibição da prorrogação de incentivos


fiscais de ICMS além de 2032.

Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR)


Com a tributação no destino e o fim dos incentivos fiscais, o FNDR arrecadará recursos
para reduzir desigualdades regionais, estimular o desenvolvimento e a geração de
emprego e renda nas regiões menos desenvolvidas.

Fundo de Compensação de Incentivos Fiscais ou Financeiros-fiscais do ICMS


Visa compensar empresas beneficiárias de incentivos concedidos por prazo certo e sob
condição devido à redução do nível dos incentivos.

Prazo de Orçamento estimado Legislação


compensação R$ 160 Bi (histórico), Regulamentação via
Até dezembro de 2032. desde 2025 a 2032. lei complementar.

SALDOS CREDORES ACUMULADOS DE ICMS


Elegibilidade. Os saldos credores de ICMS existentes ao final de 2032 serão aproveitados
pelos contribuintes desde que tenham sido homologados (expressa ou tacitamente) pelos
respectivos estados.

Forma de utilização. O aproveitamento será via compensação com o IBS em 240 parcelas
mensais (20 anos), exceto com relação às parcelas relativas a bens de ativo permanente.

Atualização financeira. A partir de 2033, os saldos credores serão atualizados pelo IPCA-E
ou por outro índice que venha a substituí-lo.

Legislação e regulamentação. O ressarcimento será regulamentado por lei complementar.


DEVOLUÇÃO PARCIAL DO TRIBUTO
Cashback. Devolução de parte do tributo a famílias de baixa renda.

Critérios de elegibilidade, quantificação e operacionalização a serem definidos via lei


complementar.

GESTÃO DO IBS
Conselho Federativo. Entidade composta pelos estados, DF e municípios para a administração da
arrecadação e regulamentação do IBS.

Decisões por votos distribuídos de forma paritária entre estados, DF e municípios.

IMPOSTO SELETIVO:
Como funcionará o IS?
Em linhas gerais, o Imposto Seletivo (IS) será um
tributo federal que incidirá sobre bens e serviços
prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.

INFORMAÇÕES IMPORTANTES

Fatos geradores
Produção, comercialização ou importação dos bens e serviços que ensejem externalidades
negativas. Não há a incidência em operações de exportação.

Alíquotas
Podem ser definidas pelo Poder Executivo (exceção ao princípio da legalidade).

Princípio da anterioridade
A imposição do imposto ou o aumento das suas alíquotas poderá produzir efeitos no mesmo
exercício financeiro (ano civil), mas deve respeitar o princípio da anterioridade nonagesimal.

Impacto na CBS e no IBS


O IS comporá a base de cálculo da CBS e do IBS, assim como do ICMS e do ISS, enquanto
existirem.

Regime de incidência
Não há referências à aplicação de sistemática não cumulativa (registro de créditos para
compensação), ou monofásica (etapa única).

IS e Zona Franca de Manaus


O IS poderá ser utilizado como instrumento para manter a competitividade das empresas
estabelecidas na Zona Franca de Manaus.

Legislação
A instituição do IS será por lei ordinária.
COMO VAI FUNCIONAR
A TRANSIÇÃO
Instituição da CBS à alíquota de 1%.
2026 O valor recolhido poderá ser compensado com o PIS e a COFINS, inclusive na importação.
No caso de saldo credor, poderá ser compensado com outro tributo federal ou ressarcido.

Instituição da CBS conforme alíquota de referência.


2027 Extinção do PIS e da COFINS, inclusive na importação.
Redução a zero da alíquota do IPI sobre bens não industrializados na Zona
Franca de Manaus.

2029 Redução proporcional das alíquotas do ICMS e do ISS, bem como


a incentivos fiscais, conforme o seguinte cronograma:
2032

4/5 (quatro quintos), em 2029.


3/5 (três quintos), em 2030.
2/5 (dois quintos), em 2031.
1/5 (um quinto), em 2032.

2029 2030 2031 2032

Extinção do IPI, ICMS e ISS.


2033 Alíquota de referência: alíquotas da CBS e do IBS calculadas pelo Tribunal
de Contas da União e fixadas por Resolução do Senado Federal para
compensar reduções de receita da União, estados e municípios.

VISÃO FEDERATIVA

A mudança da tributação para o destino afetará significativamente a atual composição


de receitas tributárias, sobretudo dos estados (seja produtores, seja consumidores).

Por isso, a transição será realizada no período de 50 anos.


ALTERAÇÕES EM
OUTROS TRIBUTOS
A PEC também altera regras de outros tributos existentes

ITCMD
Imposto sobre transmissão causa mortis e doação

Progressividade. Possibilidade de alíquotas maiores a depender do valor da transmissão


ou doação.

Heranças no exterior. Previsão para tributação nos casos de residentes ou domiciliados no


exterior.

Competência para tributar. A tributação sobre bens móveis, títulos e créditos passa a ser
do Estado de domicílio do de cujus.

IPVA
Imposto sobre a propriedade de veículos automotores

Incidência. Inclusão de veículos aéreos e aquáticos (além dos terrestres).

Exceções

Aeronaves de operador certificado para prestar serviços aéreos a terceiros.

Embarcações de empresa com outorga para prestar serviços de transporte ou


de pessoa física ou jurídica que pratique pesca industrial, artesanal, científica
ou de subsistência.

Plataformas suscetíveis de se locomoverem na água por meios próprios.

Alíquotas. Poderão ser diferenciadas em função do tipo, do valor, da utilização e do


impacto ambiental do veículo.

IPTU
Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana

Atualização. Poder Executivo poderá atualizar a base de cálculo por meio de decreto
conforme critérios previstos em lei municipal.

Reforma tributária sobre a renda. O Poder Executivo deverá encaminhar ao Congresso


Nacional projeto de lei que reforme a tributação sobre a renda no prazo de 180 dias da
promulgação da Emenda Constitucional da reforma tributária sobre o consumo.
PONTOS DE REFLEXÃO
Os potenciais impactos da reforma tributária sobre o consumo
são muitos, mas indicamos abaixo alguns pontos de reflexão.

REGIME DE INCIDÊNCIA

Aumento da carga tributária setorial e dos preços relativos. Haverá expressivos aumentos
na carga de alguns setores (como de serviços, agronegócio, transporte aéreo, etc),
impactando a rentabilidade de atividades e/ou o preço relativo de bens e serviços
(tendência de aumento dos preços em geral).

Exceções à alíquota uniforme. Outras exceções à alíquota única poderão ser incluídas antes
da aprovação da PEC (quanto mais exceções, maior será a alíquota única, dada a
manutenção do nível de arrecadação global).

Definição de ‘destino’. O critério jurídico para qualificação do ‘destino’ dos bens e serviços
depende de Lei Complementar, o que poderá suscitar novos conflitos de competência e
insegurança jurídica.
Recentemente o STF afastou tal sistemática de tributação ao ISS conforme ADI 5835.

Responsabilidade tributária. Lei complementar poderá atribuir responsabilidade tributária a


pessoa que concorrer para a realização, a execução ou o pagamento da operação, ainda
que residente ou domiciliada no exterior, o que pode ferir o princípio da capacidade
contributiva, aumentar a insegurança jurídica e resultar em potenciais disputas.

NÃO CUMULATIVIDADE

Risco à não cumulatividade plena. Há ampla delegação de competência para lei


complementar disciplinar o regime de créditos, o que pode resultar em limitações (tal como
ocorreu ao ICMS quando da publicação da Lei Kandir).

O crédito poderá ser condicionado ao recolhimento pelo fornecedor do bem ou serviço,


cuja operacionalização pode ser complexa e pode resultar tensões de mercado.

Estímulo à ‘pejotização’. A sistemática de recuperação de créditos ao tomador de serviços


pode desencadear o aumento da constituição (meramente formal) de pessoas jurídicas, ao
invés de relações de trabalho comuns, ensejando outros níveis de contencioso (como o
trabalhista).
RESSARCIMENTOS DE CRÉDITOS

Ressarcimento dos créditos do IVA. A ampla delegação de competência à lei


complementar (inclusive para o prazo máximo de ressarcimento) também enseja
insegurança jurídica.

! Há precedentes históricos (como a Lei Kandir) que reforçam a insegurança


acerca de política e da viabilidade real de tal ressarcimento.

Ressarcimentos de créditos acumulados de tributos extintos. O ressarcimento depende


de homologação pelas autoridades fiscais, cuja análise tende a ser complexa e volumosa, e,
com isso, ensejar aumento de questionamentos aos contribuintes.

O prazo de devolução também é demasiadamente extenso, correspondendo a 20


! anos a partir de 2033.

INCENTIVOS FISCAIS

Compensação pelo fim dos incentivos fiscais. A instituição e operacionalização do Fundo


de Compensação de Incentivos Fiscais ou Financeiros-fiscais do ICMS depende de lei
complementar, o que pode reduzir seu efeito.

Pode haver questionamentos sobre a caracterização de incentivos fiscais por prazo certo e
sob condição, bem como o orçamento disponível pode se revelar insuficiente.

Incentivos fiscais na aquisição de bens de capital e setoriais. A PEC é genérica sobre os


incentivos fiscais (sobretudo federais) aplicáveis na aquisição de bens de capital (como o
REIDI) ou setoriais (como o REPETRO-Sped), apenas delegando competência de forma
ampla a lei complementar.

A tributação pelo IVA à alíquota única pode inviabilizar projetos, e a expectativa de


ressarcimento do tributo em pecúnia pode não ser suficiente.
IMPOSTO SELETIVO

Amplitude e subjetividade do IS. A delegação genérica de aspectos importantes do IS


para norma infraconstitucional tende a trazer insegurança jurídica.

Ausência de limites para a carga tributária do IS. A exceção ao princípio da legalidade


pode aumentar o risco de desvios na utilização do IS.

Inclusão do IS na base de cálculo da CBS e do IBS. A inclusão de tributos na base de


outros tributos mantém parte da complexidade tributária atual, notadamente no caso de
disputas sobre a tributação do IS (que ensejará impactos aos demais tributos).

TRANSIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DO IVA

Complexidade na transição dos regimes. A coexistência de dois sistemas distintos, com


obrigações acessórias próprias, por anos, aumentará a complexidade e o custo de
conformidade dos contribuintes.

Complexidade na gestão do Conselho Federativo. A composição de 27 estados e 5.568


municípios com interesses, necessidades e realidades distintas tende a ser bastante
complexa.
SÓCIOS DA
ANDRÉ MENON
PRÁTICA DE aaugusto@machadomeyer.com.br

TRIBUTOS
INDIRETOS
CAMILA GALVÃO
MACHADO canderi@machadomeyer.com.br

MEYER
DIOGO MARTINS TEIXEIRA
dteixeira@machadomeyer.com.br

FERNANDA SÁ FREIRE FIGLIOULO


ffiglioulo@machadomeyer.com.br

SÓCIOS DO DEPARTAMENTO TRIBUTÁRIO


ANDRÉ MENON FERNANDA SÁ FREIRE FIGLIOULO
BRUNA DIAS MIGUEL FERNANDO COLUCCI
BRUNA MARRARA FERNANDO TONANNI
CAMILA GALVÃO LEONARDO MARTINS
CELSO COSTA LUIZ ROSA
CRISTIANE ROMANO MARCELO FORTES
DANIEL MONTEIRO PEIXOTO MARCO BEHRNDT
DANIELLA ZAGARI MARIA EUGÊNIA DOIN VIEIRA
DIANA PIATTI LOBO RAQUEL NOVAIS
DIOGO MARTINS TEIXEIRA RODRIGO MARINHO

PORTAL INTELIGÊNCIA JURÍDICA


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MACHADO, MEYER, SENDACZ E OPICE ADVOGADOS


SÃO PAULO / RIO DE JANEIRO / BRASÍLIA / BELO HORIZONTE / NEW YORK .BR

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