FACULDADES KENNEDY PROMOVE DIREITO DO TRABALHO I – Prof.
Nelson Garcia – “EMPREGADOR” Estudante : Bruno Marques Ruas Coelho Data : 12/05/2023
Quem pode ser empregador? Explique. Conceitue. Fundamente. Aponte três
poderes do empregador. Empregador é a pessoa física ou jurídica que contrata os serviços de outra pessoa, denominada empregado, mediante pagamento de salário. A definição de empregador está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu artigo 2º, e também é conceituada pela doutrina trabalhista. De acordo com a CLT, podem ser empregadores tanto as pessoas físicas como as jurídicas, desde que exerçam atividade econômica com fins lucrativos. Ou seja, são considerados empregadores os empresários individuais, as sociedades empresárias, as cooperativas, as associações com fins econômicos e até mesmo o Estado, quando exerce atividade econômica. Para que uma pessoa seja considerada empregadora, é necessário que sejam preenchidos os requisitos previstos na legislação trabalhista, como por exemplo: a existência de subordinação jurídica do empregado ao empregador, a prestação de serviços de forma não eventual, a onerosidade, a pessoalidade e a habitualidade. A subordinação jurídica é um dos principais requisitos para a caracterização do vínculo empregatício, sendo considerada a relação de hierarquia que existe entre o empregado e o empregador, na qual o empregado está subordinado às ordens e diretivas do empregador. A prestação de serviços de forma não eventual é a exigência de que a atividade seja realizada de forma contínua e regular, não podendo ser esporádica ou eventual. A onerosidade é a obrigação do empregador de remunerar o empregado pelos serviços prestados, enquanto a pessoalidade exige que o serviço seja prestado pessoalmente pelo empregado, não podendo ser substituído por outra pessoa. Já a habitualidade exige que a atividade seja realizada de forma rotineira e não ocasional. Em resumo, podem ser empregadores tanto as pessoas físicas como as jurídicas que exerçam atividade econômica com fins lucrativos, desde que sejam preenchidos os requisitos previstos na legislação trabalhista para a caracterização do vínculo empregatício.
Quem são os empregadores por equiparação?
Os empregadores por equiparação são aqueles que, apesar de não serem diretamente empregadores, são equiparados a eles pela legislação trabalhista e, portanto, são responsáveis pelos direitos trabalhistas dos empregados. A equiparação ocorre quando uma empresa, mesmo não sendo empregadora direta, exerce influência sobre o trabalho desenvolvido pelo empregado. De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), são equiparados a empregadores:
1. Os sócios das sociedades em nome coletivo e das sociedades por quotas de
responsabilidade limitada, em relação aos trabalhadores das mesmas; 2. Os diretores e administradores das empresas, em relação aos trabalhadores que lhes prestam serviços; 3. Os donos de obra ou os empresários individuais que contratam serviços de trabalhadores para a execução de obras ou serviços; 4. As empresas que contratam trabalhadores por meio de empreiteiras, subempreiteiras ou empresas de trabalho temporário, quando se tratar de atividades relacionadas à sua atividade-fim; 5. As empresas que cedem mão de obra, quando se tratar de atividades relacionadas à sua atividade-fim.
Dessa forma, os empregadores por equiparação são considerados responsáveis pelo
cumprimento das obrigações trabalhistas, tais como pagamento de salários, horas extras, férias, 13º salário, entre outros direitos previstos na legislação trabalhista, em relação aos empregados que trabalham em suas dependências ou que prestam serviços para a empresa.
O intuito lucrativo é requisito para a identificação do empregador?
Sim, de acordo com a legislação trabalhista brasileira, o requisito da atividade econômica com fins lucrativos é necessário para que uma pessoa física ou jurídica possa ser considerada empregadora. O artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) define o empregador como "a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços". Isso significa que o empregador deve estar envolvido em uma atividade empresarial que tenha como objetivo a obtenção de lucro. Vale ressaltar que o intuito lucrativo não precisa ser imediato ou garantido, mas sim o propósito final da atividade econômica. Além disso, o fato de uma empresa não estar obtendo lucro em determinado período não a impede de ser considerada empregadora, desde que a atividade tenha essa finalidade em longo prazo. Portanto, o requisito do intuito lucrativo é essencial para a identificação do empregador, sendo um dos elementos que devem ser levados em consideração na análise da relação de trabalho.
O que é grupo econômico?
Grupo econômico é a união de empresas que possuem uma estrutura organizacional, técnica, financeira ou administrativa em comum, com o objetivo de realizar atividades econômicas de forma integrada e com controle comum. É uma situação em que duas ou mais empresas estão interligadas de forma que, juntas, possuem uma maior capacidade de realizar negócios e obter lucros. Na área do direito do trabalho, o grupo econômico é importante porque, em muitos casos, as empresas que fazem parte do grupo são responsáveis solidárias pelas obrigações trabalhistas umas das outras, ou seja, os trabalhadores de uma empresa do grupo podem ter direito a receber verbas trabalhistas não apenas da empresa em que trabalham, mas também de outras empresas do mesmo grupo. A legislação trabalhista brasileira considera como grupo econômico as empresas que estejam sob a direção, controle ou administração de uma mesma empresa ou de um mesmo grupo de pessoas físicas ou jurídicas, que tenham interesse econômico em comum. Essa definição também pode incluir empresas que estejam sob controle de um mesmo sócio ou grupo de sócios, ou que possuam relação de coordenação e interdependência. Vale lembrar que a existência de grupo econômico deve ser comprovada de forma concreta, levando-se em consideração diversos fatores, como o compartilhamento de recursos financeiros, a gestão em conjunto das empresas, a realização de negócios em conjunto, a utilização da mesma marca ou a prestação de serviços em conjunto.
Existe responsabilidade ativa e passiva do grupo econômico?
Sim, no direito do trabalho, é possível que tanto o grupo econômico quanto suas empresas integrantes possuam responsabilidades ativa e passiva em relação às obrigações trabalhistas dos empregados. A responsabilidade ativa é a obrigação de cumprir diretamente as obrigações trabalhistas dos empregados, como pagamento de salários, férias, 13º salário, FGTS, entre outros direitos previstos em lei. Nesse caso, tanto a empresa empregadora quanto o grupo econômico do qual ela faz parte podem ser responsabilizados de forma solidária, ou seja, a obrigação pode ser cobrada tanto da empresa quanto do grupo como um todo. Já a responsabilidade passiva é a obrigação de arcar com as dívidas trabalhistas de outra empresa do grupo econômico. Nesse caso, uma empresa pode ser responsabilizada a pagar dívidas trabalhistas de outra empresa do grupo, mesmo que não tenha sido diretamente a empregadora dos trabalhadores envolvidos. A responsabilidade passiva ocorre quando há a comprovação de que as empresas integrantes do grupo econômico agiram de forma conjunta e coordenada, visando a obtenção de lucros em comum.
Como se configura a tese do empregador único no grupo econômico?
A tese do empregador único no grupo econômico é uma teoria que tem sido aplicada na Justiça do Trabalho para determinar a responsabilidade solidária das empresas integrantes de um grupo econômico em relação às obrigações trabalhistas. De acordo com essa tese, o grupo econômico deve ser tratado como um único empregador, sendo que todas as empresas que o compõem são responsáveis pelas obrigações trabalhistas dos empregados que trabalham em qualquer uma das empresas do grupo. Em outras palavras, mesmo que o trabalhador tenha sido contratado por uma empresa específica do grupo econômico, todas as empresas do grupo devem ser consideradas como empregadoras solidárias. A tese do empregador único no grupo econômico se baseia na premissa de que as empresas que fazem parte do grupo econômico estão interligadas de forma que não é possível distinguir claramente qual delas é a verdadeira empregadora. Dessa forma, a teoria busca evitar que as empresas do grupo se utilizem de sua estrutura organizacional para evitar o pagamento das obrigações trabalhistas, distribuindo os empregados entre elas e criando empresas sem patrimônio para limitar sua responsabilidade.
OAB - EXAME UNIFICADO - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA - GRUPO
ECONÔMICO José da Silva foi contratado pela empresa Boa Vista Ltda., que integra grupo econômico com a empresa Boa Esperança Ltda., para exercer a função de vendedor empregado. Durante a mesma jornada de trabalho, ele vendia os produtos comercializados pela Boa Vista Ltda. e pela Boa Esperança Ltda., com a supervisão dos gerentes de ambas as empresas. Diante dessa situação hipotética, e considerando que a sua CTPS somente foi anotada pela empresa Boa Vista Ltda., responda, de forma fundamentada, às indagações abaixo à luz da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho: A) Qual é a natureza da responsabilidade solidária das empresas que integram grupo econômico para efeitos da relação de emprego: é ativa e/ou passiva? A responsabilidade solidária das empresas que integram um grupo econômico para efeitos da relação de emprego é tanto ativa quanto passiva. A responsabilidade solidária ativa implica que todas as empresas do grupo econômico são responsáveis pelo cumprimento das obrigações trabalhistas, ou seja, todas têm o dever de garantir o pagamento dos salários, dos encargos trabalhistas, do FGTS, do 13º salário, entre outros direitos previstos em lei. Já a responsabilidade solidária passiva implica que todas as empresas do grupo econômico podem ser acionadas judicialmente para responder por eventuais dívidas trabalhistas, independentemente de qual delas tenha formalmente contratado o empregado ou sido responsável pela sua gestão direta. Assim, caso alguma empresa do grupo econômico deixe de cumprir com suas obrigações trabalhistas, os empregados poderão buscar a responsabilização de todas as empresas que fazem parte do grupo para garantir o recebimento de seus direitos trabalhistas. É importante ressaltar que a responsabilidade solidária das empresas do grupo econômico pode ser afastada apenas quando houver comprovação de que cada empresa atua de forma totalmente independente e sem qualquer relação de controle ou interdependência entre elas, o que raramente ocorre na prática.
B) É correto afirmar que José da Silva mantinha vínculos de emprego distintos
com as empresas Boa Vista Ltda. e Boa Esperança Ltda.? Segundo o posicionamento do TST inserido na Súmula nº 129, A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. Como não houve qualquer ajuste expresso em contrário, considera-se um único vínculo