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AFT 2013 - PACOTE

Teoria e Questões CESPE


PROFESSORA: Déborah Paiva

Aula 01: 29/07 Aula 05: 20/08


Aula 02: 06/08
Aula 03: 13/08
Aula 04: 15/08

O nosso conteúdo programático será o que segue abaixo:

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO: 4. Segurança e medicina no


trabalho. 4.1 CIPA. 4.2 Atividades insalubres ou perigosas. 5. Proteção
ao trabalho do menor. 6. Proteção ao trabalho da mulher.

LEGISLAÇÃO DO TRABALHO: 1. Consolidação das Leis do Trabalho −


CLT - Títulos I e II.

Vou acrescentar também a Convenção 81 da OIT. Nas aulas que se


referem aos títulos da CLT, irei comentar os artigos da CLT e alertar
vocês para os dispositivos que estão revogados ou em desuso.

Haverá dificuldades de encontrar questões CESPE em relação à alguns


temas, mas nesse caso apresentarei questões de outras bancas ou
criarei questões.

Aula 01: 1. Consolidação das Leis do Trabalho − CLT - Títulos I.

Aula 02: 4. Segurança e medicina no trabalho. 4.1 CIPA. 4.2 Atividades


insalubres ou perigosas.

Aula 03: 5. Proteção ao trabalho do menor. 6. Proteção ao trabalho da


mulher.

Aula 04: 1. Consolidação das Leis do Trabalho − CLT - Títulos II.

Aula 05: Convenção 81 da OIT.

Vamos dar início a nossa primeira aula!

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Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou
coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica,
admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos


exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as
instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras
instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como
empregados.

Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,


assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviço.

É importante lembrar, dos empregadores por equiparação (art. 2º,


parágrafo 1º da CLT), uma vez que o empregador necessariamente não
precisará ter finalidade lucrativa.

§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora,


cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo
industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica,
serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que


prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie


de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho
intelectual, técnico e manual.

Os sujeitos do contrato de trabalho são: o empregado (sempre pessoa


física ou natural) e o empregador (pessoa física - natural ou jurídica).

O empregado tem uma obrigação de fazer, que é prestar o trabalho, e o


empregador tem uma obrigação de dar, que é pagar o salário.

Em um contrato de trabalho, o empregado terá a obrigação de prestar


trabalho (obrigação de fazer) e os deveres de obediência e colaboração
a seu empregador. Já o empregador terá o dever de pagar o salário do
empregado, tendo, portanto uma obrigação de pagar/dar.

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Para ser considerado empregado, é necessária a caracterização da


relação de emprego, através da presença de seus cinco elementos
constitutivos, pois a ausência de algum deles acarreta a não existência
da relação de emprego e, portanto, a inexistência de vínculo
empregatício e de contrato de trabalho.

Para conceituar a relação de emprego, é necessário caracterizá-la


através da presença de forma concomitante dos cinco elementos fático-
jurídicos, estabelecidos nos artigos 2º e 3º da CLT, que definem as
figuras do empregado e do empregador, são eles:

Trabalho prestado por pessoa natural ou física: O


empregado será sempre pessoa física ou natural, mas o
empregador poderá ser pessoa jurídica ou pessoa física ou
natural. Logo, para ser considerado empregado é necessário
que o trabalho seja prestado por pessoa física ou natural.
Pessoalidade: O empregado não poderá fazer-se substituir
por outra pessoa na prestação de seus serviços, devendo
prestar as suas obrigações de forma “intuitu personae”, ou
seja, de forma pessoal. A pessoalidade é um elemento que
incide apenas sobre a figura do empregado, pois em relação ao
empregador prevalece a despersonalização, fato que nós
estudaremos mais adiante quando falarmos de sucessão.
Subordinação jurídica: A subordinação é um elemento que
diferencia o empregado (relação de emprego) do trabalhador
autônomo (relação de trabalho), uma vez que o empregado
está subordinado juridicamente ao seu empregador, devendo
obedecer as suas ordens e o trabalhador autônomo presta os
seus serviços de forma autônoma.
Onerosidade: Na prestação de serviços deve-se haver uma
contraprestação salarial, ou seja, o empregado coloca a sua
força de trabalho à disposição de seu empregador e deverá
receber um salário por isto. Assim, o trabalho voluntário no
qual o empregado nada recebe é considerado relação de
trabalho porque está ausente o requisito da onerosidade.

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§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora,


cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a
direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo
industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica,
serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

O direito do trabalho objetivou com o instituto do Grupo Econômico


garantir o crédito trabalhista do empregado impondo a responsabilidade
a todas as empresas do grupo econômico. Pode o empregado exigir o
seu crédito de todos os componentes do grupo ou de qualquer deles.

Caracterização do grupo econômico:

a) Abrangência objetiva: O Grupo Econômico para fins


trabalhistas não precisa se revestir das modalidades típicas
do direito empresarial ou comercial.

Não se exige prova de sua formal institucionalização cartorial. Pode-se


acolher a existência do grupo desde que emerjam evidências probatórias
de que estão presentes os elementos de integração interempresarial de
que fala a CLT e lei do trabalho rural.

b) Abrangência subjetiva: O grupo não pode ser qualquer


pessoa física ou jurídica ou ente despersonalizado ou
empregador que não exerça atividade econômica.

Não se consubstanciam empresa por não desenvolverem atividade


econômica o Estado, o empregador doméstico, empregador por
equiparação, os profissionais liberais, instituições de beneficência
associações recreativas.

c) Nexo causal entre as empresas: Maurício Godinho apresenta


duas vertentes
a) restringe a configuração do grupo à ocorrência de nexo de
efetiva direção hierárquica entre suas empresas componentes.

b) exige-se uma relação de simples coordenação entre as


empresas do grupo.

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A conseqüência jurídica do reconhecimento do grupo econômico é a


existência da responsabilidade solidária entre as empresas. Se uma
delas não quitar o débito as demais são responsáveis integralmente pela
divida (responsabilidade solidária passiva).

O grupo deve exercer atividade econômica assim, entre um Hospital


Universitário e a Faculdade de Medicina, não haverá grupo econômico
para fins trabalhistas.

Há discussão se há necessidade de ter uma empresa controlando as


demais para a configuração do grupo econômico. Prevalece o
entendimento de que há possibilidade de formação de grupo econômico
horizontal ou por coordenação sem a presença de uma pessoa jurídica
que administre e dirija as demais empresas.

A formação de grupo econômico depende de pelo menos duas empresas


que estejam sob direção única, existindo sempre uma principal
controladora das demais. Exemplo: holding. Todas as empresas do
grupo devem exercer atividade econômica, mas não necessariamente a
mesma atividade.

A solidariedade ativa aparece quando o grupo apresentar a figura


do empregador único, ou seja, apresenta-se como se fosse uma
só empresa, havendo promiscuidade nas relações trabalhistas,
comerciais, fiscais. Portanto, ativa é a solidariedade que não se
distingue o devedor do responsável pela dívida.

A solidariedade passiva é aquela em que as pessoas jurídicas são


distintas e independentes, pertencentes a um mesmo grupo
econômico, cada empresa possui atividade econômica distinta e
personalidade jurídica própria.

A solidariedade passiva separa o devedor dos responsáveis pela dívida,


assim as empresas integrantes do mesmo grupo econômico são co-
responsáveis pela dívida. Há quem entenda que a súmula 129 reflete a
solidariedade dual, ou seja, ativa e passiva, do grupo econômico.

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Qual é a teoria do empregador único, e qual é a passiva e a
ativa?

Não há divergência quanto à absorção do direito brasileiro em relação à


solidariedade passiva dos entes integrantes do grupo econômico.

É importante ressaltar que há outra corrente interpretativa que sustenta


acoplar-se à solidariedade passiva também a ativa das entidades
componentes do grupo econômico, em face do mesmo contrato de
trabalho. Solidariedade dual. Para esta vertente, configurado o grupo
econômico os seus componentes consubstanciariam empregado único.

A favor da tese da solidariedade dual citamos Otávio Bueno Magano. Diz


Maurício Godinho Delgado que a jurisprudência do TST perfilou-se em
direção à solidariedade dual (empregador único).

O entendimento sumulado do TST considera apenas a existência de um


contrato de trabalho, quando as empresas forem do mesmo grupo
econômico e os serviços forem prestados durante a mesma jornada de
trabalho.

Súmula 129 do TST A prestação de serviços a mais de uma empresa


do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho,
não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho,
salvo ajuste em contrário.

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em


que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando
ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente
consignada.

Parágrafo único - Computar-se-ão, na contagem de tempo


de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos
em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando
serviço militar e por motivo de acidente do trabalho.

Tempo à disposição do empregador: Considera como jornada o


tempo que o empregado ficou à disposição do empregador,
independentemente de ocorrer ou não a efetiva prestação de serviços.
Este foi o critério adotado pela CLT (art. 4º CLT).

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Exemplificando: Durante o trajeto da boca da mina ao local de


trabalho o empregado que trabalha em minas e subsolo tem este
período computado dentro da jornada de trabalho, apesar do fato de
não estar trabalhando neste período, mas está à disposição do
empregador (art.294 CLT).

Art. 294 da CLT O tempo despendido pelo empregado da boca


da mina ao local do trabalho e vice-versa será computado para o
efeito de pagamento do salário.

Art. 5º - A todo trabalho de igual valor corresponderá salário


igual, sem distinção de sexo.

Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no


estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do
empregado e o realizado a distância, desde que estejam
caracterizados os pressupostos da relação de emprego.

Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de


comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de
subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando,
controle e supervisão do trabalho alheio.

Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação


salvo quando for em cada caso, expressamente determinado em
contrário, não se aplicam:

a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo


geral, os que prestam serviços de natureza não-econômica à
pessoa ou à família, no âmbito residencial destas;

b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que,


exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária,
não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de
execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas
operações, se classifiquem como industriais ou comerciais;

c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos


Municípios e aos respectivos extranumerários em serviço nas
próprias repartições;

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d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que
sujeitos a regime próprio de proteção ao trabalho que lhes
assegure situação análoga à dos funcionários públicos.

Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do


Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão,
conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e
outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do
direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o
direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse
de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do


direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os
princípios fundamentais deste.

O art. 8º da CLT estabelece a função integrativa dos princípios gerais de


direito ao direito do trabalho em casos de omissão e lacuna. E o art. 4º
da Lei de Introdução ao Código Civil estabelece que quando a lei for
omissa, o juiz decidirão caso de acordo com a analogia, com os
costumes e com os princípios gerais do direito.

A diretriz básica do direito do trabalho é a proteção do trabalhador,


porque ele surgiu com a função tutelar, ou seja, de proteger o
trabalhador garantindo-lhe um patamar civilizatório mínimo de direitos.

A razão de ser desta proteção é que o empregado não está em


igualdade jurídica com o empregador. Assim, o direito do trabalho busca
o alcance da igualdade substancial entre as partes, que somente poderá
ser atingida com a proteção da parte mais fraca da relação jurídica, que
é o empregado (hipossuficiente). Portanto, para que se possa atingir o
equilíbrio na relação entre o empregado e o empregador consagrou-se o
princípio da proteção. Sendo, este um dos principais princípios do direito
do trabalho.

O artigo 8º da CLT é o dispositivo legal que se refere às fontes do direito


do trabalho.

O artigo acima transcrito sendo o dispositivo da CLT que trata de fontes


do direito do trabalho é muito cobrado em provas.

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DICA: As súmulas vinculantes DICA: Outro ponto importante é


editadas pelo STF são fontes saber que a competência para
formais heterônomas de direito. legislar sobre direito do trabalho é
(Art. 103-A da CRFB/88). privativa da União, conforme
dispõe o art. 22, I da CRFB/88.
DICA: A sentença que decide a DICA: As bancas consideram
ação civil pública não é fonte de como fontes supletivas a
direito do trabalho. jurisprudência, a analogia, a
equidade, e os outros princípios e
normas de Direito do trabalho e de
direito, os usos e costumes e o
direito comparado.

As fontes integrativas ou supletivas do direito do trabalho são:

A Jurisprudência: Considera-se jurisprudência a reunião de


decisões reiteradas dos Tribunais em um mesmo sentido para
suprir lacunas do ordenamento jurídico. É importante lembrar que
a Súmula é a jurisprudência pacificada de determinado Tribunal e
a Orientação Jurisprudencial é o entendimento majoritário de
determinado Tribunal.

A Analogia: A analogia é a aplicação de dispositivos legais que


tratam de casos semelhantes. Ela divide-se em: Analogia “Legis” e
Analogia “Iuris”. A primeira ocorrerá quando o aplicador do direito
recorrer a determinado dispositivo legal que regula uma matéria
semelhante, na ausência de dispositivo legal relativo ao tema.

A segunda (“Analogia “Iuris”) ocorrerá quando não existir um


preceito legal semelhante e o aplicador do direito recorrer aos
princípios gerais do direito, por exemplo.

A Equidade: O conceito de equidade derivado próprio nome, sendo


considerada a disposição de agir com Justiça, equilibrando a justa
medida entre as coisas. É oportuno ressaltar que o juiz somente
poderá decidir por equidade nos casos previstos em lei, conforme
dispõe o art. 127 do CPC.

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Os Princípios Gerais do Direito do Trabalho: O princípio é o que


orienta o aplicador do direito na sua atividade interpretativa. Ele
também orienta e guia o legislador em sua função legiferante.

Os Princípios Gerais do Direito: Como o da isonomia, da lealdade,


da boa-fé, etc.

Os Usos e costumes: Há quem faça a distinção entre os usos e os


costumes. Mas para o nosso estudo para provas objetivas o
importante é saber que os costumes contra a lei não são
admitidos. Apenas serão admitidos os costumes “praeter legem”,
ou seja, para suprir as lacunas da lei.

O Direito Comparado: Permite-se a utilização de direito


estrangeiro quando a legislação pátria não oferecer solução para
determinado conflito de interesses. Ressalta-se que o direito
comparado somente poderá ser utilizado como fonte supletiva
(art. 8º da CLT).

Em todo ordenamento jurídico há uma pirâmide de hierarquia de


normas a serem seguidas e em caso de conflitos entre as normas, deve-
se seguir a ordem hierárquica da pirâmide para que o mesmo possa ser
solucionado.

A pirâmide hierárquica é rígida no Direito do Trabalho?

Não, a pirâmide hierárquica não é rígida no direito do trabalho porque


prevalece o princípio da norma mais favorável. Assim, deverá prevalecer
a norma que for mais favorável ao empregado, mesmo que esteja
abaixo de outra norma hierarquicamente considerada.

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As fontes materiais do direito do trabalho sob a perspectiva econômica
consistem na evolução do sistema capitalista, abrangendo a Revolução
Industrial.

Quadro esquemático:

Fonte Material
(fatos sociais)

Fontes do Direito do Trabalho


Formal Autônoma
(Participação dos destinatários)

Fonte Formal

Formal Heterônoma
(Participação do Estado)

Sob a perspectiva sociológica as fontes materiais dizem respeito aos


distintos processos de agregação de trabalhadores assalariados em
função do sistema econômico, nas empresas, cidades e regiões do
mundo ocidental contemporâneo.

Sob a perspectiva econômica as fontes materiais são atadas à existência


e evolução do sistema capitalista. Trata-se da revolução industrial no
século XVIII.

Sob o ponto de vista político elas dizem respeito aos movimentos sociais
organizados pelos trabalhadores de nítido caráter reivindicatório, como o
movimento sindical, por exemplo.

Em relação à perspectiva filosófica elas correspondem às idéias e


correntes de pensamento que influenciam na construção e mudança do
Direito do Trabalho.

A fonte formal é a manifestação da ordem jurídica positivada, ou seja, a


norma é elaborada com a participação direta dos seus destinatários
(fontes formais autônomas) ou sem a participação direta dos seus
destinatários (fontes formais heterônomas).

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As fontes formais dividem-se em autônomas e heterônomas.
Consideram-se fontes formais autônomas a convenção coletiva e os
acordos coletivos, que são produzidos sem a participação direta do
Estado. Isto porque a convenção coletiva é celebrada entre dois
Sindicatos, um representante de empregados e outro representante de
empregadores. Ao passo que o acordo coletivo é celebrado entre
empresa ou grupo de empresas e o Sindicato de empregados.

São consideradas fontes formais heterônomas as leis, a CLT, a


Constituição Federal, os decretos, a sentença normativa, as Súmulas
Vinculantes editadas pelo STF, as medidas provisórias, as emendas à
constituição, os tratados e convenções internacionais ratificados pelo
Brasil, dentre outros.

DICA: Há discussão acerca da unidade ou pluralidade dos núcleos de


produção das fontes formais de direito. Os núcleos de produção são
chamados de centro de positivação jurídica.

Monista entendem que as fontes formais do direito derivam de


um único centro de positivação que é o Estado.
Pluralista (há existência de distintos centros de positivação).

Observem questão de prova: (Juiz do Trabalho – TRT 16 ª Região – 2011)

Comentários: As assertivas estão corretas.

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Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com


o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos
preceitos contidos na presente Consolidação.

Princípio da Irrenunciabilidade dos Direitos: Este princípio é


conhecido também como princípio da indisponibilidade ou da
inderrogabilidade, caracterizando-se pelo fato de que os empregados
não poderão renunciar aos direitos trabalhistas que lhes são inerentes.
Caso eles renunciem, os atos praticados serão considerados nulos de
pleno direito, ou seja, independentemente de manifestação judicial.

A renúncia é uma declaração unilateral de vontade que atinge direito


certo e existente. Os direitos trabalhistas são irrenunciáveis porque são
de ordem pública.

Exemplificando: A empregada Ana renunciou ao seu direito de gozar


férias de 30 dias, pois decidiu trocar o gozo das mesmas pelo
pagamento de uma indenização de dez vezes o valor de seu salário
proposta feita pela sua empregadora Tecnic Ltda. O ato praticado por
Ana e por sua empregadora feriu o art. 9º da CLT, uma vez que Ana não
poderia renunciar o seu direito de gozar férias.
A transação incide sobre direito duvidoso, sendo bilateral, na qual
através de concessões recíprocas as partes dão por encerrada a
obrigação.

DICA: É importante mencionar as hipóteses de exceção previstas nas


Súmulas 51, II e 276 do TST.

A primeira Súmula refere-se à opção do empregado por um plano de


cargos e salários, renunciando ao outro. Já a segunda trata do aviso
prévio que poderá ser renunciado quando o empregado comprovar que
conseguiu um novo emprego.

O objeto da renúncia e da transação são os direitos patrimoniais


trabalhistas de caráter privado, ou seja, os direitos suscetíveis de serem
avaliados em dinheiro. É oportuno ressaltar que não poderá ocorrer
prejuízos diretos ou indiretos ao empregado ao transacionar ou
renunciar aos seus direitos, conforme estabelece o art. 468 da CLT.

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No Direito do Trabalho há normas irrenunciávies pelo empregado que


são imperativas e de ordem pública. O jurista Maurício Godinho Delgado
dividiu os direitos indisponíveis, ou seja, aqueles que não podem ser
renunciados, em absolutos e relativos.

A indisponibilidade absoluta é aquela “cujo direito enfocado merece uma


tutela de nível de interesse público, por traduzir um patamar civilizatório
mínimo firmado pela sociedade política em um dado momento
histórico”.

Para o autor, os direitos constitucionais, os tratados e convenções


internacionais ratificados pelo Brasil e as normas constantes da CLT
como identificação profissional, assinatura da CTPS, segurança e higiene
do trabalho, dentre outras, são normas de indisponibilidade absoluta.

Por normas de indisponibilidade relativa o jurista entende que seriam


aqueles direitos cujo interesse seja privado, não se caracterizando em
um padrão civilizatório mínimo. Como exemplo, o autor cita as normas
autônomas de modalidade de pagamento de salário, de tipo de jornada
pactuada, de fornecimento ou não de utilidade, etc.

Quanto à possibilidade de criação pelas próprias partes de determinados


direitos e a possibilidade de transação destes por norma coletiva
autônoma, o jurista Maurício Godinho delgado criou o princípio da
adequação setorial negociada. Este princípio objetiva harmonizar as
regras jurídicas oriundas de negociação coletiva com as regras jurídicas
oriundas do Estado, fixando dois critérios para a validade da norma
coletiva. São eles:

1º. Quando as normas coletivas implementarem padrão de direitos


superiores aos da lei.

2º. Quando as normas coletivas autônomas transacionarem direito de


indisponibilidade relativa.

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OJ 92 da SDI-1 do TST Em caso de criação de novo município, por


desmembramento, cada uma das novas entidades responsabiliza-se
pelos direitos trabalhistas do empregado no período em que figurarem
como real empregador.

OJ 261 da SDI-1 do TST As obrigações trabalhistas, inclusive as


contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco
sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este
foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres
contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista.

OJ 411. Sucessão trabalhista. Aquisição de empresa pertencente a


grupo econômico. Responsabilidade solidária do sucessor por débitos
trabalhistas de empresa não adquirida. Inexistência. (Divulgada no DeJT
22/10/2010) O sucessor não responde solidariamente por débitos
trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo
econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora
direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese de
má fé ou fraude.

OBSERVEM A JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA:

TST: Tabelião é condenado por créditos trabalhistas de titular


anterior do cartório
Data: 04/11/2011

A transferência de titularidade de cartório, junto com a unidade


econômico-jurídica que o integra, além da continuidade na prestação
dos serviços, caracteriza a sucessão de empregadores, respondendo o
tabelião sucessor pelos créditos trabalhistas. Com esse entendimento, a
Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de
recurso do 14º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo, que
pretendia reformar decisão que o responsabilizou pelo pagamento de
parcelas salariais anteriores ao seu ingresso no tabelionato.
Essas parcelas salariais resultaram de ação ajuizada por um auxiliar de
cartório admitido em agosto de 1971 por meio de contrato de locação de
serviços. Promovido em maio de 1984 a escrevente, foi demitido
imotivadamente em dezembro de 2002.

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Embora à época da admissão já vigorasse a CLT, cujo artigo 1º


estabelece as normas reguladoras das relações individuais e coletivas de
trabalho, o Cartório entendeu que a relação era estatutária, e não
assinou a carteira de trabalho do auxiliar nem lhe concedeu a opção pelo
FGTS.
Com o advento, em novembro de 1994, da Lei nº 8935/1994 (Lei dos
Cartórios), que prevê, no artigo 48 e parágrafos, a possibilidade de os
funcionários optarem pelo regime celetista, o escrevente fez a opção.
Embora o parágrafo 1º do mesmo artigo diga que os efeitos da opção
são retroativos, o cartório não efetuou a anotação da mudança na
carteira de trabalho do empregado.
Na reclamação trabalhista, o escrevente requereu o reconhecimento do
regime jurídico havido entre as partes, considerando-se o efeito legal
retroativo à opção para todo o período contratual, com a retificação da
admissão na carteira de trabalho e indenização e estabilidade decenal
fixadas pelas CLT. A 18ª Vara do Trabalho de São Paulo reconheceu a
existência de vínculo empregatício desde outubro de 1971 e condenou o
cartório ao pagamento do FGTS sobre salários, acrescido da multa de
40%. O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) manteve a
sentença com base na jurisprudência do TST, que considera haver
sucessão na troca da titularidade da serventia.
No julgamento do recurso de revista pela Primeira Turma, o relator,
ministro Vieira de Mello Filho, afirmou que a decisão do Regional se
mostrou correta. O ministro observou que, segundo os artigos 10 e 448
da CLTCLT, o tabelião sucessor é responsável pelos créditos trabalhistas
relativos tanto aos contratos vigentes quanto aos já extintos.
(Lourdes Côrtes/CF)

Processo: RR-267500-64.2003.5.02.0018
Fonte: www.tst.jus.br

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Art. 11 - O direito de ação quanto a créditos resultantes das


relações de trabalho prescreve:

I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de


dois anos após a extinção do contrato;

II - em dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para o


trabalhador rural.

§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham


por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência
Social.

Os institutos da prescrição e da decadência objetivam dar uma maior


segurança jurídica à Sociedade e às relações jurídicas. Isto porque, no
caso da prescrição, ocorrerá a limitação do exercício do direito de ação,
o qual deverá ser exercido em determinado tempo.

A prescrição é a extinção do direito de ação em virtude da inércia do seu


titular em exercitá-lo dentro do prazo previsto.

Os institutos da prescrição e da decadência objetivam dar uma maior


segurança jurídica à Sociedade e às relações jurídicas. Isto porque, no
caso da prescrição, ocorrerá a limitação do exercício do direito de ação,
o qual deverá ser exercido em determinado tempo.

Vejamos os conceitos do jurista Maurício Godinho Delgado:

“A prescrição extintiva constrói-se sob a ótica do titular do direito


atingido. Conceitua-se, pois, como a perda da ação (no sentido
material) de um direito em virtude do esgotamento do prazo para o seu
exercício. Ou: a perda da exigibilidade judicial de um direito em
conseqüência de não ter sido exigido pelo credor ao devedor durante
certo lapso de tempo.”

“A decadência (também chamada caducidade) conceitua-se como


a perda da possibilidade de obter uma vantagem jurídica e garanti-la
judicialmente, em face do não exercício oportuno da correspondente
faculdade de obtenção”.

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Teoria e Questões CESPE
PROFESSORA: Déborah Paiva

Em outras palavras: A prescrição é a extinção do direito de ação em


virtude da inércia do seu titular em exercitá-lo, dentro do prazo
previsto.

Observem o dispositivo constitucional e as Súmulas do TST que tratam


da prescrição:

Art. 7º da CF/88 XXIX - ação, quanto aos créditos


resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho;

Atenção: Súmula 417 do TST (Divulgada no DeJT 14/02/2012) Não


há prescrição total ou parcial da pretensão do trabalhador rural que
reclama direitos relativos a contrato de trabalho que se encontrava em
curso à época da promulgação da Emenda Constitucional nº 28, de
26.05.2000, desde que ajuizada a demanda no prazo de cinco anos de
sua publicação, observada a prescrição bienal.

Súmula 308 do TST I. Respeitado o biênio subseqüente à cessação


contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões
imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do
ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data
da extinção do contrato. II. A norma constitucional que ampliou o prazo
de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação
imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal
quando da promulgação da CF/1988.

A prescrição bienal do direito de propositura de ação quanto a


créditos resultantes das relações de trabalho se conta da extinção do
contrato de trabalho, equiparando-se, para tal efeito, segundo
entendimento jurisprudencial dominante, a mudança do regime celetista
para o estatutário, nos moldes da Lei no 8.112/1990.

Súmula 382 do TST A transferência do regime jurídico de celetista


para estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o
prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime.

O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da


Comissão de Conciliação Prévia conforme estabelece o art. 625-G da
CLT.

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PROFESSORA: Déborah Paiva
Bem, chegamos ao final de nossa aula de hoje! Gostaria de lembrá-los
que estou à disposição de vocês para dúvidas ou sugestões em relação
ao curso no fórum ou no e-mail deborah@pontodosconcursos.com.br

Antes de encerrar esta aula, quero dar algumas dicas para vocês:

DICA: Vocês puderam observar que a jurisprudência do TST (Súmulas


e Orientações Jurisprudenciais) são cobradas em provas e concursos
públicos de duas maneiras:

1ª. A primeira forma de abordagem é aquela na qual o caput da


questão não informa que o tema refere-se à jurisprudência do TST.

2ª. A segunda forma de abordagem é aquela na qual o caput,


expressamente, informa que o assunto refere-se à jurisprudência do
TST.

"Grandes batalhas só são dadas a grandes guerreiros"


(Mahatma Gandhi).

Considero todos grandes guerreiros! Caminhem com fé em si mesmo,


força interior, disciplina, estudo e foco. Assim, a aprovação será bela!

Aguardo vocês, com força total, para a nossa primeira aula rumo à
aprovação no AFT - 2013. Até lá! Muita Luz! Um forte abraço a todos!

Déborah Paiva
professoradeborahpaiva@blogspot.com
deborah@pontodosconcursos.com.br

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