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Aristóteles

 Aristóteles  a grande perspetiva de que quando avaliamos aquilo que é ou não justo,
temos 2 referentes.*
 Perspetiva fulcral  a ideia de que vivemos em sociedade, portanto os nossos atos são
avaliados consoante as relações que estabelecemos com outras pessoas, não apenas
connosco próprios.
 * Avaliação ou qualificação de uma ação como justa ou injusta, é uma ação que depende
da relação que se estabelece com outra pessoa e não menos importante, é uma ação que
é avaliada em função daquilo que a lei determina  em 1º lugar devemos definir que
num determinado meio social, numa determinada época, numa determinada sociedade,
vamos qualificar como justo ou injusto.
 * Por outro lado, a qualificação de justo e injusto, avalia-se em função daquilo que a lei
determina como correto.
 A ideia que nós devemos ter presente quando falamos de justiça é saber como é que
chegamos à definição do que é justo.
 O que é uma sociedade justa? o que é uma relação justa? a definição advém
essencialmente da relação com outrem, ou seja é a partir de uma relação bilateral que
nós vamos objetivamente procurar entender se os nossos atos, se as nossas atitudes para
com o outrem podem ser consideradas justas ou injustas; se eu viver isolado do mundo o
problema de saber se eu sou justo com alguém desde logo não se coloca, porque não
interajo com ninguém, mas posso colocar se à luz de determinados valores e princípios a
questão de: se eu individualmente posso ou não ter todo o tipo de ações que tendo a
desenvolver?
 Termo justiça:
1. Segundo Aristóteles, a justiça é aquela disposição do caracter a partir da qual os
homens agem justamente; é o fundamento das ações justas e o que os faz ansiar pelo
que é justo. Como vamos saber o que é justo e injusto para uma melhor caracterização
do termo justiça? Temos a noção de que a injustiça é quem transgride a lei, quem quer
ter mais do que é devido e quem é iníquo, logo justo será quem observa a lei e
respeita a igualdade. Entendemos por justo o que produz e salvaguarda a felicidade
bem como as suas partes componentes para si e para toda a comunidade, tendo em
conta que a justiça manifesta se como disposição relativamente ao outrem; ou seja, é
na relação com os outros que devemos encontrar uma noção do que é ou pode ser
considerado como justo.

2. Aristóteles quando aborda a justiça expõe também de como o homem se relaciona


com o justo, a verdade, o prazer, o mérito e a honra. Para o filósofo o justo era aquele
que encarnava em absoluto todas as virtudes humanas (algo somente imaginado entre
os deuses). Assim, para procurar a justiça era preciso procurar um fundamento na
liberdade humana, na consciência de si do homem e na crença do homem como ser
racional e autossuficiente, como também no princípio da reciprocidade e as ações
voluntárias do homem (não coagido), para chegar ao conceito de justo, injustiça e
justiça.

3. Agir com justiça, segundo Aristóteles, dependeria da vontade consciente humana, ou


seja, atos voluntariamente decididos e deliberados. Já as injustiças nasciam da
ignorância, da coação, da paixão e de um querer enganoso de alguns homens, segundo
este. O justo equivaleria numa relação de igualdade na medida exata (o princípio da
reciprocidade). As partes, no entanto, podem não ser equivalentes, o que ensejaria a
busca da equidade por um equilíbrio proporcional entre as elas
 Aristóteles  depois deste princípio geral que considerou importante, princípios estes
que constam no livro “Ética a Nicómaco”  2 grandes categorias de justiça:

A justiça Particular (que inclui a justiça distributiva e a justiça corretiva)


Diz respeito às relações entre particulares e às relações que podem ser estabelecidas entre o
estado e cada particular.

Justiça Distributiva  vigora o princípio da equidade (pressupõe que a distribuição da riqueza e a


distribuição das honras é feita em função do mérito, isto é, devemos tratar por igual aquilo que é
igual e de forma diferente aquilo que é objetivamente diferente). tem o seu campo de aplicação
na distribuição da honra e da riqueza; é associada ao mérito; Aristóteles recorda-nos o princípio
de que cada um deve receber em função do que corretamente contribui e produziu e, diz nos
que não se deve tratar como igual o que é desigual.

Justiça Corretiva  vigora o princípio da igualdade (significa que a lei se aplica a todos por
igual). Diz respeito às transações particulares. Segue o princípio da distribuição de acordo com
o mérito e é proporcional; pois “se as pessoas não forem iguais não terão partes iguais” e ainda
porque “se os homens se reunirem em comunidades por causa das riquezas, a participação na
cidade deveria ser proporcional à participação na riqueza. Vigora o princípio da igualdade,
porque a “lei olha penas para a especificidade do dano, e trata toda a gente por igual”; é
associada ao desvio perante regras estabelecidas; Aristóteles recorda-nos os contratos que
celebramos e que esperamos que venham ser cumpridos pela parte contrária, o respeito pela
inviolabilidade da vida humana e da propriedade privada.

Aristóteles  esteve a fundar aquilo que é o pensamento liberal, a contrariedade de igualdade –


não somos todos iguais, por isso não temos que ser todos tratados de maneira igual.
Atenção para a necessidade de o princípio da equidade vigorar numa determinada comunidade
para que verdadeiramente possamos considerar que essa sociedade é uma sociedade justa.

A Justiça Política (que inclui a justiça natural e a justiça convencional)


Prendia-se com a Justiça geral; a justiça da comunidade em si.

Justiça Natural  tem a mesma validade em toda a parte e ninguém está em condições de a
aceitar ou rejeitar. (lei particular de cada povo) – é apenas um pressuposto do pensamento
cristão/católico; a cidade tem que se orientar por uma justiça natural – conjunto de princípios
comuns a todos os homens, independentemente da cidade a que pertencem. Ex: declaração
universal dos direitos humanos, isto é a estatuição indicativa que todo o ser humano
independentemente, do país de origem, do sexo, da condição económica … – todo o ser tem
iguais direitos e determinados tipos de direito, precisamente por ser um ser humano.

Justiça Convencional  é indiferente se no princípio admite diversos modos de formulação, mas


uma vez estabelecida o seu conteúdo não é indiferente. – Há uma lei particular, ou seja, aquela
que foi definida por cada povo em relação a si mesmo, quer seja escrita ou não escrita; ainda
tem uma lei comum que é definida segundo a natureza. (lei que é comum a todos os povos) - O
que nos permite identificar o princípio de que a justiça não se resume à lei escrita ou à lei que
provém da autoridade dominante, à lei dos homens. – É aquela que os homens dentro de cada
cidade convencionam estatuir; é aquilo a que hoje chamaríamos a lei definida pelo legislador;
cada cidade tem os seus hábitos, cultura, o seu modo de vida e, por tanto é normal que em
função disso defina regras comuns que devem ser instituídas nessa mesma cidade. Ex: deve ou
não existir serviço militar obrigatório? – depende do que cada cidade considere como

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essencial; portanto, a lei que a cidade estabelece é estabelecida em função das características
próprias de cada cidade. Cada cidade entende estabelecer aquilo que considera + justo/correto
para a vivencia de cada um de nós num todo comunitário. Aristóteles diz que cada cidade tem
tanto o direito como o dever de definir a lei que deve vigorar no seu próprio ambiente. Quem
estabelece o que é justo são os habitantes da própria cidade. Essa definição da justiça
convencional (aquilo que nós consideramos como justo em cada cidade) não é algo inimitado,
ou seja, a cidade quando vai definir a sua justiça convencional tem limites: deve respeitar o
costume, desde que esse costume não seja contrário a princípios naturais do homem; assim, a
justiça convencional tem sempre que respeitar a justiça natural!

Aristóteles considerava que a justiça convencional era uma justiça particular de cada cidade.
Dentro da cidade existe a justiça particular para cada um de nós individualmente considerado
(justiça particular) e uma justiça comum. (justiça política). Mas, quando nós analisamos a justiça
política, a justiça convencional era a justiça particular de cada povo – cada povo define as suas
regras.

Justiça convencional – cada cidade/estado define a sua própria lei; de acordo com o
entendimento do que é justo vai se definir a própria lei na cidade – é a lei particular do estado,
da cidade, de cada povo. Nós não vamos definir o que é justiça apenas a partir da lei – isto é,
nós partimos para a lei depois de uma pré - definição de qual é o nosso ideal de justiça. Eu não
posso definir lei, sem saber previamente o que entendo por justiça – o entendimento que
temos por justiça comum, política é um entendimento conforme a cada povo.
Ex: é justo ou injusto a proibição da poligamia?

Não há leis neutras, todas as leis trazem consigo princípios e valores em que se acredita. Cada
povo vai definir os seus princípios e valores que o vão conduzir o seu ideal de justiça
convencional, logo é uma justiça particular – particular daquele povo.
Cada povo tem que ter a liberdade para definir a sua própria justiça convencional, porem essa
liberdade, não é uma liberdade ilimitada, tem que sempre ser conformada e enquadrada com
valores e princípios de justiça natural – ora é deste conceito de justiça natural que muitos de
nós partem para a avaliação de justiça particular, dizendo que “a liberdade individual não é a
liberdade se não estiver conformada e limitada por valores e princípios, que são valores e
princípios que são característicos da essência do ser humano” – há quem diga que cada um
deve ter a liberdade individual de fazer o que quisermos.

Desde que não interfira a liberdade do outro, posso ou não viver como eu quero? Posso usar a
minha liberdade como eu entendo, mesmo que faça algo que não corresponda a valores e
princípios considerados comuns? – Questão atual

1. O que é a lei segundo Aristóteles?

É a razão liberta do desejo e o que nela estiver disposto tiver sido corretamente disposto pelo
legislador, a lei é justa, caso seja extemporânea poderá não ser tao justa. As leis fundadas nos
costumes têm supremacia e referem se a questões ainda mais importantes do que as leis
escritas.

2. Na “Ética a Nicómaco”:
Aristóteles procurou acima de tudo indicar um sentido para a definição do que pode ser
considerado correto, quer no comportamento de cada homem consigo próprio, quer no
comportamento por si estabelecido com os outros homens. – é um pressuposto importante, na
medida em que aquilo que somos não deixará de se refletir na comunidade em que estamos
inseridos; não sendo isso indiferente à forma como essa comunidade se organiza e ao tipo de

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regime político que institui.
Cada comunidade tem um fim, e esse fim baseia se num princípio e nisso há objetivos definidos.
O princípio da comunidade é o homem e o fim dessa comunidade é a razão que
consequentemente os levam a viver em comunidade; como essa razão é o bem- estar e a
felicidade devemos querer que a ação desenvolvida pelos homens não prejudique o fim a
atingir, ou seja o fim que os levou a viver em comunidade; - tem que se respeitar o equilíbrio
entre todos, promover a equidade, a harmonia, ou seja ser justa!!
“a justiça é relativa às pessoas” – existe e manifesta se em função dessas mesmas pessoas.

Aristóteles procede à distinção entre justiça particular e justiça política:

-Justiça particular: justiça quer na sua relação com cada pessoa individualmente considerada,
quer na resolução de diferendos que resultam das relações que as pessoas estabelecem entre
si. Justiça que se ocupa, ou se preocupa, quer com a distribuição da riqueza, quer com a punição
de quem viola a lei e desrespeita as regras em vigor.

-Justiça política: justiça que diz respeito ao conjunto dos homens, à comunidade. A justiça visa
garantir a presença de linhas de orientação que garantam um são e harmonioso funcionamento
da comunidade. Associada ao bem público; Aristóteles recorda nos que enquanto cidadãos
todos devemos ter as mesmas oportunidades, que a lei é igual para todos, e que as políticas
públicas, seja no plano fiscal, seja no plano social, devem ser orientadas para a formação plena
dos indivíduos, tendo em vista não só a sua autossuficiência, como a autossuficiência da
comunidade. Aristóteles dizia que há uma justiça política, isto é, há uma justiça da cidade.
Uma coisa é a justiça que deve existir em cada um de nós, do ponto de vista do tratamento
individual, seja nas relações que estabelecemos com alguém, seja ainda na relação que
estabelecemos com o governo da cidade – para que distribua riqueza em função do nosso
trabalho/mérito; justiça política é a ideia daquilo que contribui para que todos nós possamos
viver em conjunto numa cidade que procura a vida boa, numa cidade harmoniosa.
Ao longo dos tempos as perspetivas de analise e pensamento foram sempre sofrendo para
evoluções e involuções, para positivo e negativo, respetivamente. A base essencial do
pensamento era a de que qualquer conceito que existisse sobre um entendimento, como por
exemplo, a justiça era um conceito abrange e integral – caso de Aristóteles e São Tomas da
Quino (tem um pensamento aristotélico, uma “linha de continuidade”). - Tinham
entendimentos horizontais e globais, isto é, hoje em dia quando aprendemos algo somos
especialistas daquilo, somos técnicos daquilo; a perspetiva filosófica foi sempre uma perspetiva
abrangente, ou seja, por exemplo eu decorar a minha casa de x forma não é alheio ao conceito
de que tenho de uma casa. Portanto eles tinham uma perspetiva omoniosa, isto é uma
perspetiva do global.

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São Tomas da Quino:

1. O Homem é um ser social, não pode viver sozinho. Aquilo que o homem faz é aquilo
que ele possui de mais natural, isto é não necessita de um legislador para formular
leis e indicar aquilo que deve ou não fazer;

2. A razão humana que justifica a natureza humana não era justificada por um
argumento sobre natural – dizia Aristóteles; porém São Tomas da Quino dizia que
“Sim, mas porque Deus quis” – introduzia algo superior ao ser humano; perspetiva de
que a razão humana que nos conduz a ter atos naturais existe, porque é isso que
deus teve quando criou o homem; Aristóteles não tinha esse pensamento. - A cidade
cria se para o bem comum. As coisas tinham que ter uma integração, de forma
global;
obs: * Pensamento neo-liberal: pensamento voltada para o individuo “o que conta
sou eu” – não é o pensamento de Aristóteles nem de são tomas da Quino;

3. O homem é um ser individual, mas é um ser individual enquadrado numa


comunidade natural – o homem deve ser feliz, mas não pode prescindir da ideia de
que a sua felicidade depende dos outros. – Pensamento de Aristóteles e S.T.Q;
*Cidade de utilitária – aqueles a quem era dado o direito de cidade (cidadão) era uma
minoria (mulheres, escravos...);
obs*: Os gregos entendiam que a relação amorosa era uma virtude masculina.

4. A perspetiva de comportamento individual de cada um de nós passa a ter


determinados valores e princípios um conjunto de deveres que antes não se tinha. –
Não pode ser desenquadrada quando analisamos os antigos clássicos me
determinados assuntos;
5.
6. Opinião é distinto de conhecimento exato.

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