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DIREITO CIBERNÉTICO Imprimir

Luiz Felipe Nobre Braga

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CONHECENDO A DISCIPLINA
Caro estudante, iniciamos, neste momento, nossos estudos em Direito Cibernético.
Trata-se de uma área em constante crescimento e evolução, pois acompanha o
dinamismo da sociedade virtual, que é característica dos dias de hoje. 

Quando olhamos para a realidade, passamos a compreendê-la inteiramente


conectada. E isso não é apenas para que tenhamos a oportunidade de conhecer
outros lugares e outras pessoas; isto é, não uma questão apenas de comunicação. 

As relações sociais passaram a ocorrer de modo bastante frequente nos ambientes


digitais, de modo que temos uma sociedade basicamente virtual, que reproduz
aquilo que há de melhor (interação entre as pessoas, difusão de conhecimento e
cultura, ampliação da oportunidade de negócios e desenvolvimento tecnológico e
econômico), enquanto apresenta alguns dos desafios que já conhecíamos antes
desta nova era (insegurança, prática de crimes, violações de direitos etc.). 

Do novo horizonte que se abre para nós, são muitas as novidades a serem
conhecidas e compreendidas. Disso praticamente depende o bom funcionamento
das relações interpessoais e negociais do nosso tempo: saber o que existe, as
possibilidades que se avizinham, os sonhos que são concretizados, as
oportunidades que são criadas.

Pensando nisso, abordaremos uma série de questões relacionadas ao campo de


interesse do Direito Cibernético. Como forma de garantir que a sociedade virtual
esteja tutelada à luz dos direitos e garantias fundamentais, previstos na

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Constituição da República, nos dedicaremos ao estudo sistemático dos temas


fundamentais da tecnologia e da inovação, como a segurança e proteção das
informações e dos dados, a matéria do blockchain, no itinerário do mercado das
novas moedas digitais (criptomoedas, como a bitcoin), bem como a seara do Big

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Data e da Internet das Coisas.

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Também falaremos da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018), do
Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) e das questões polêmicas da chamada
“herança digital”. 

É importante tanto conhecer as legislações e a disciplina jurídica em relação ao


tratamento das informações e dos dados, além do acesso e interação nos
ambientes virtuais, quanto é fundamental compreender a sistemática de proteção
da propriedade intelectual em relação às marcas e patentes, além dos direitos
autorais na era digital. 

Por fim, nos dedicaremos a investigar o direito contratual eletrônico no domínio


das relações consumeristas, encerrando com uma abordagem acerca das questões
criminais envolvidas no cenário cibernético. 

Com os estudos propostos neste material, espera-se a construção de uma visão


panorâmica e suficiente dos principais institutos que permeiam o Direito
Cibernético, algo que surge não apenas como uma exigência de qualquer
profissional, mas como uma necessidade própria do nosso tempo histórico. 

Bons estudos!

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

SEGURANÇA, FISCALIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

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Luiz Felipe Nobre Braga

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Fonte: Shutterstock.

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CONVITE AO ESTUDO
Caro estudante, seja bem-vindo ao nosso ciclo de estudos!

Os desafios da humanidade são vários. A vida intersubjetiva, social, está repleta de


situações que são tuteladas pelo Direito e, assim, pelo Estado. 

Desde o princípio da internet até os dias atuais, convivemos com novos problemas
e questões que merecem dedicada atenção.

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Não apenas o profissional da área jurídica tem interesse nesse campo, como
praticamente todos aqueles que produzem bens e serviços e atuam no mercado
global, na economia. 

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Dessa maneira, é urgente que conheçamos os principais elementos que
tangenciam e justificam historicamente o nascimento de uma área do saber

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direcionada ao estudo sistemático das relações humanas em ambientes virtuais: o
Direito Cibernético.

Pensando nisso, o presente estudo está estruturado de forma a mobilizar em você


os conhecimentos principais nos assuntos mais destacados dentro do campo
juscibernético. 

Inicialmente, trataremos das questões afetas à segurança digital, à sua fiscalização


e à legislação aplicável a esta seara, de modo que você se sinta ambientado nos
conceitos primordiais que permitirão um trânsito consciente e crítico para os fins
dos assuntos propostos. Neste percurso, ainda discutiremos o tema de
concorrência desleal e o direito ao esquecimento. 

Em seguida, considerando o novo mercado de criptomoedas, dissertaremos a


respeito de blockchain, Big Data e uma especial reflexão acerca da bitcoin, visando
ao entendimento de como funciona esse novo cenário econômico, altamente
dinâmico e volátil, que tem ocupado grande parte dos noticiários financeiros
recentes. Também faremos um cotejo da legislação aplicável a este cenário. 

Por fim, à medida que a internet dominou praticamente todos os setores da vida
prática, do ambiente doméstico ao trabalho, abordaremos a Internet das Coisas,
em um contexto de profunda interconexão tecnológica, que tem permitido
sucessivas inovações no modo pelo qual interagimos enquanto seres humanos
sociáveis e com os objetos materiais, com as utilidades e praticidades do dia a dia.
O intuito será, por outro lado, desvelar os benefícios econômicos deste segmento,
tanto do ponto de vista estatal quanto empresarial.

PRATICAR PARA APRENDER

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Olá!

A partir de agora iniciamos efetivamente nossos estudos no campo do novo Direito


Cibernético. 

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Como se trata de uma área relativamente nova da ciência jurídica, enquanto

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estrutura sistematizada, mas que guarda profunda conexão com os temas da
tecnologia e da inovação, é fundamental que conheçamos alguns destes conceitos
preliminares, de modo a preparar o estudo, que será articulado ao longo de toda a
abordagem. 

Neste quadro, iniciamos pela introdução acerca da tecnologia, da inovação e da


correlata legislação aplicável. Afinal, o que se pode entender destes termos, para
efeito de se buscar a adequada tutela jurídico-estatal? Quais as normas jurídicas
atuais que lidam com tais fenômenos? Indagaremos a respeito do tratamento
jurídico aplicável, além do modo de funcionamento destes contextos digitais e seus
variados impactos.

Percorrendo esse ensejo, debateremos as implicações no que se refere à


concorrência desleal nos meios digitais, com ênfase no entendimento da
necessidade de fiscalização, segurança e implantação de boas práticas pelos
variados agentes que atuam nesse contexto. 

Por fim, abordaremos o tema do direito ao esquecimento, de modo a entender seu


conceito e sua aplicabilidade, em termos de configuração jurídica, além da sua
relação com a dinâmica de proteção de dados e de direitos fundamentais, algo
que, junto com os demais tópicos, tem levado a humanidade rumo a novos
patamares de atenção, dada a sociabilidade digital crescente.

A fim de colocarmos em prática os conhecimentos a serem aprendidos, vamos


analisar a seguinte situação-problema: um empresário, dono de uma franquia
internacional de alimentos muito famosa e conhecida, busca você, profissional

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estudioso do Direito Cibernético, para solucionar um problema que vem


enfrentando com um possível concorrente. O empresário descreve a situação a
seguir.

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Uma empresa de alimentos recentemente aberta em uma pequena cidade
interiorana e que utiliza o nome de Mash Donald’s publicou, em uma rede social,

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uma imagem que dizia respeito à inauguração de um novo produto, um lanche
cujo nome é “Big Mash”, que continha dois hambúrgueres, alface, queijo, molho
especial, cebola picles em um pão slim. Na mesma publicação, ficava notável a
predominância de tons em vermelho em contraste com um grande logotipo
amarelo, formado pela letra “M”.

Ao navegar por diversas páginas de redes sociais diferentes, nas legendas é


possível identificar, reiterada vezes, não só informações, como local, valor e data
de inauguração, bem como a seguinte frase: “amo demais tudo isso”. 

Após o relato do cliente, você procura saber mais da empresa de seu cliente. Após
algumas buscas e perguntas durante a conversa, você descobre algumas
informações: o nome fantasia da empresa (McDonald’s); seu produto mais vendido
(Big Mac); seus ingredientes; (dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial,
cebola picles em um pão com gergelim); seu logotipo (a letra “M”); as cores temas
(vermelho e amarelo). 

A partir de agora, você deverá elaborar um breve parecer técnico, analisando a


situação à luz da disciplina estudada quanto à concorrência desleal. Afinal, trata-se
de um caso deste tipo? Em tese, é possível afirmar que houve, no plano das
divulgações em meios digitais, frustração da livre concorrência? 

Respondendo a essas questões e, eventualmente, analisando outras, como você


poderia estruturar o parecer técnico? 

Com base no estudo dos temas apresentados, teremos condições de trilhar um


caminho de bastante consistência no terreno do Direito Cibernético. A apreensão
desses conceitos iniciais é de suma importância para o aprendizado que se inicia,

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com especial relevância para a sua prática profissional, independentemente da


área de formação. 

Vamos em frente e com atenção, mantendo-nos “conectados” e em ritmo

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acelerado de descobrimento dos fenômenos que permeiam o mundo digital. 

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Bons estudos!

CONCEITO-CHAVE
Quando pensamos na sociedade dos dias atuais, é automático perceber o quanto
estamos vivendo uma vida inteiramente conectada. O século XXI, especialmente,
tornou-se um período da história humana que ainda está em processo de
construção – aliás, que está levando às últimas consequências o desenvolvimento
da técnica, a partir de longos anos de pesquisas nos campos da matemática, da
física e da teoria computacional. Cada vez mais os avanços da assim chamada
sociedade digital permitem novos e sucessivos desenvolvimentos, descobertas e
alternativas que vão surgindo com o objetivo de facilitar a vida, os negócios, as
relações interpessoais, as interações culturais e a economia. 

É natural que, junto com as melhorias da era digital, advenham também desafios.
Estes são os que, sobretudo, dizem respeito à proteção dos direitos e garantias
fundamentais individuais e coletivos, como os que estão previstos na Constituição
Federal brasileira de 1988 (BRASIL, 1988). Direitos como dignidade da pessoa
humana, liberdade de expressão, liberdade de crença, credo e de pensamento, e
até mesmo a proteção específica dedicada às relações de natureza econômica no
campo da livre iniciativa, da livre concorrência e das relações de consumo, devem
ser necessariamente observados na vida – digamos – real, e na vida virtualizada
(que não deixa de ser, por conseguinte, uma extensão do nosso viver cotidiano). 

É da própria natureza humana a busca por novos caminhos do saber e, com base
nisso, a busca por novos horizontes de emprego do saber adquirido – essa
dimensão prática é o que assegura o progresso da humanidade. Não há dúvida,
por exemplo, de que a internet consiste em uma ferramenta de grande

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importância para as relações sociais contemporâneas. Mas esse exemplo não


deixa de ser mais uma das inúmeras inovações proporcionadas pela
transformação do mundo social. Note como as indústrias mudaram desde as
Revoluções Industriais do século XIX, como os serviços foram transformados ao

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longo do tempo até os nossos dias. Veja como até mesmo a educação mudou,

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passando de um sistema passivo para uma sistemática proativa, muito mais
convidativa, dinâmica e participativa, por meio de ferramentais variados, como
este material que você está lendo neste exato momento. Perceba como os
tratamentos médicos avançaram; como a economia, em sua dimensão financeira
mais avançada, interconectou o mundo. Esse longo itinerário de novidades – que
não é possível de ser esgotado, em virtude dos incontáveis exemplos – traz-nos
necessidades também diferentes para refletir. Afinal de contas, o Direito, o Estado
e a sociedade, enquanto tal, precisam aprender a lidar como esse novo mundo de
oportunidades, de modo a garantir que os benefícios da tecnologia não
signifiquem uma terra árida, na qual não há direitos e garantias, em que não há
bom senso e o mínimo de regulação, todavia um campo no qual podemos verificar
sim a existência de segurança, de respeito àqueles direitos fundamentais
mencionados, assim como à privacidade, à vida, à integridade moral etc. 

Mas estamos discutindo, de modo preliminar, a tecnologia, e ainda não nos


dedicamos ao seu conceito. É muito importante conhecê-lo.


A palavra tecnologia origina-se de duas palavras gregas: tekinicos, que significa arte, habilidade, prática, e logus,
indicando conhecimento ou tratamento sistemático de. Assim, a tecnologia pode ser explicada como
conhecimento do hábil e prático para converter algo disponível em algo mais útil. 

— (AKABANE, 2019, p. 16)

A tecnologia, como técnica empregada para uma utilidade, consiste nesta


habilidade de a humanidade explorar conscientemente as potencialidades da
ciência em prol do progresso e do bem comum. Somente faz sentido a tecnologia,
assim compreendida, nesta chave de leitura que procura atribuir certo sentido
ético aos seus propósitos. Essa ética, que está envolvida no campo da

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transformação do mundo material em benefício da criação de utilidades, de


práticas, de metodologias e de sistemas, diz respeito ao favorecimento de todos os
seres humanos, concertados com o respeito ao meio ambiente equilibrado e à
proteção da dignidade. Tecnologia é considerada como gênero, como algo que

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compreende as

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[…] ferramentas, máquinas, utensílios, armas, instrumentos, habitação, roupas, dispositivos de comunicação e
transporte disponíveis, além das habilidades técnicas necessárias para usar um produto, desenvolver uma
técnica de produção ou prestar serviços. 

— (AKABANE, 2019, p. 16)

Por outro lado, também é possível considerar a tecnologia no sentido de um


processo, que serve à conversão de conhecimento científico em objetos que se
tornam úteis para fins de apoio às diversas atividades humanas (AKABANE, 2019).
Neste sentido, “Tecnologia não se reduz a instrumentos [...] é também um conjunto
de produtos, serviços e processos” (BATISTA; FREIRE, 2014, p. 34). É inegável, neste
contexto, que a tecnologia, como ferramenta e técnica, ou como processo de
conversão útil dos saberes científicos, melhora – e muito – a produtividade,
favorece a criatividade, reduz o tempo das tarefas ordinárias e permite o
desenvolvimento da espécie humana (REIS, 2008).

REFLITA

Você já pensou que dentro do conceito de tecnologia não estão incluídos


apenas os objetos mais avançados que temos à mão, como um computador
portátil, a internet, um smartphone ou um processo produtivo na indústria?
Ora, até mesmo no mundo primitivo, quando o homem criou as primeiras
ferramentas, como martelo, machado, faca, arco e flecha, também aí se
pode falar de tecnologia. Sempre que o ser humano transforma o mundo
material, a partir de alguma espécie de conhecimento adquirido ou
descoberto, criando certa utilidade produtiva, estamos diante de uma
tecnologia.

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A análise da tecnologia leva em conta, ainda, a ideia se há ou não limites para a


técnica. Tais limites dizem respeito à inserção da vida humana no império da
técnica, pois “a tecnologia cumpre importante papel na reprodução da vida
humana e na resolução dos problemas que afetam a existência natural e social.”

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(BATISTA; FREIRE, 2014, p. 39). Ao definir tecnologia e refletir a seu respeito,

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portanto, é fundamental pensar acerca da sua inserção na sociedade e na vida
pessoal. Os aparatos criados pela tecnologia, seus produtos diretos, praticamente
correspondem a uma espécie de prolongamento dos corpos e das mentes; a
tecnologia passa a integrar nosso campo de emoções, dos nossos desejos
(BATISTA; FREIRE, 2014). 

É por esse motivo, isto é, porque desejamos os produtos tecnológicos,


depositando neles até mesmo nossas esperanças e anseios, que o mundo do
consumo está intrinsecamente conectado ao mundo da técnica empregado em
utilidades e benesses, com o mundo da tecnologia. Os produtos da técnica nem
sempre podem ser considerados como indispensáveis; passam a sê-lo, no entanto,
devido a um movimento de geração de fantasia e fetiche – acreditamos que
precisamos deste ou daquele objeto para alcançarmos a felicidade. Esta, contudo,
dura apenas enquanto ainda não surgiu outra inovação. Logo queremos outra.
Logo mudamos. Tudo se troca e se torna descartável. É possível dizer que um dos
impactos da tecnologia, aliada aos desenfreados anseios de lucro, típicos da
sociedade do capitalismo avançado, é a inundação ininterrupta de mercadorias
cuja utilidade real é questionável. 

Ainda que se possa considerar tais aspectos como dimensão negativa da


tecnologia do nosso tempo, a questão surge apenas como uma necessidade de
manter um pensamento crítico. Por outro lado, jamais podemos nos esquecer dos
benefícios e das facilidades; dos saltos de desenvolvimento humano, de civilidade;
dos ganhos reais, em termos de participação democrática, que a tecnologia
permite. Logo, "não se pode ignorar a contribuição dos novos aparatos

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tecnológicos audiovisuais para a democratização da produção e fruição de


imagens, sendo eles parte de um processo mais amplo de revolução social,
tecnológica e cultural” (BATISTA; FREIRE, 2014, p. 47).

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Como verdadeira transformação, a tecnologia transforma, no mesmo movimento,
a maneira pela qual o Direito absorve (ou deve absorver), pelas normas jurídicas, a

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tutela (proteção) estatal das pessoas (tanto as pessoas físicas, como as
organizações empresariais).

ASSIMILE

O Direito da Internet não é um nome de todo adequado, pois, aqui,


tratamos do mundo digital de maneira ampla. Logo, como esse ramo
estuda as relações provenientes da ideia de sociedade virtual, surge o
Direito Cibernético como ramo especializado da ciência jurídica, dedicado à
compreensão, estrutura de fiscalização, regulação e indicação de boas
práticas, com finalidade de prevenção de riscos e respeito absoluto aos
direitos e garantias fundamentais, individuais e coletivos, no âmbito das
relações sociais virtuais, típicas das sociedades contemporâneas.

Desde os primórdios das civilizações humanas, as práticas sociais, devido à sua


repetição e aceitabilidade, ou mesmo pela imposição, foram incorporadas
revestiram-se de formato jurídico. Isso significa que aquilo que era usualmente
aceito no meio social, as condutas sociais, foram sendo contempladas no
ordenamento jurídico, dotando-as de obrigatoriedade, imperatividade e, via de
regra, com previsões de penas em caso de descumprimento. O Direito caminha
lado a lado com a sociedade, dela buscando os fatos que dão ensejo à criação de
normas, então, jurídicas. 

Quando a normatização se dá, tem-se que a “meta do ordenamento jurídico é ser


uma organização centralizada do poder, que teria vantagens e adaptabilidade
diante das mudanças, o que garantiria seu grau de certeza e eficácia na sociedade”
(PECK, 2016, p. 55). Há, assim, uma participação ativa da sociedade no que se

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refere à conformação da ordem jurídica, o que não deixa de transparecer na


própria juridicidade os valores que permeiam o convívio intersubjetivo médio. Ao
longo da história humana, diversas organizações sociais, de diferentes e variados
tipos, deram origem a sistemas jurídicos igualmente diferenciados (REIS, 2008).

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A capacidade de adaptação do Direito determina a própria segurança do ordenamento, no sentido de
estabilidade do sistema jurídico por meio da atuação legítima do poder capaz de produzir normas válidas e
eficazes. A segurança das expectativas é vital para a sociedade, sendo hoje um dos maiores fatores
impulsionadores para a elaboração de novas leis que normatizem as questões virtuais, principalmente a
Internet.

—  (PECK, 2016, p. 56)

Pode-se dizer que o terço final do século XX e, agora, as décadas iniciais do XXI,
passou (e passa) por verdadeira revolução: de natureza digital. As relações sociais
expandiram-se para o terreno difuso da internet; a sociedade passou a ser
altamente informatizada, bem como os negócios e a economia como um todo. A
rapidez das mudanças demandou uma resposta igualmente célere por parte do
Estado, para uma nova e necessária adaptação do Direito vigente, com a finalidade
de tutelar os direitos individuais e coletivos nesse novo espaço, o ciberespaço.
Estamos na aurora do Direito Digital. Note, por exemplo, que


[…] há pouco mais de quarenta anos, a Internet não passava de um projeto, o termo 'globalização' não havia
sido cunhado e a transmissão de dados por fibra óptica não existia. Informação era um item caro, pouco
acessível e centralizado.

—  (PECK, 2016, p. 47)

Por tais razões, o profissional de qualquer área "tem a obrigação de estar em


sintonia com as transformações que ocorrem na sociedade” (PECK, 2016, p. 47). 

Neste sentido, perceba como a informática nasce da vontade de beneficiar e


auxiliar a humanidade no âmbito das suas atividades cotidianas, facilitando seu
trabalho, sua vida, seus estudos, seu conhecimento do mundo. Diz-se que “a
informática é a ciência que estuda o tratamento automático e racional da
informação” (KANAAN, 1998, p. 22-31). 

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Assim:


[...] entre as funções da informática há o desenvolvimento de novas máquinas, a criação de novos métodos de
trabalho, a construção de aplicações automáticas e a melhoria dos métodos e aplicações existentes. O

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elemento físico que permite o tratamento de dados e o alcance de informação é o computador.

—  (KANAAN, 1998, p. 22-31).

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A internet, por exemplo, surge nos anos 1960 no auge da guerra fria, nos Estados
Unidos – é sabido que tinha fins militares, inicialmente. Depois, passou a ser
utilizada para fins civis (PECK, 2016). O microprocessador viria nos anos 1970 do
século passado, operando, ainda, grande revolução computacional. Com isso, nos
anos 1990 houve enorme expansão da internet, desde o e-mail até o acesso a
banco de dados e informações disponíveis na World Wide Web (WWW), que é o seu
espaço multimídia (PECK, 2016). 

Como as transformações resultam em mudanças comportamentais, a necessidade


de fiscalização e regulação passa a ser sentida no plano das preocupações
jurídicas.


Este sentimento de que se fazendo leis a sociedade se sente mais segura termina por provocar verdadeiras
distorções jurídicas, [...]. O Direito é responsável pelo equilíbrio da relação comportamento-poder, que só pode
ser feita com a adequada interpretação da realidade social, criando normas que garantam a segurança das
expectativas mediante sua eficácia e aceitabilidade, que compreendam e incorporem a mudança por meio de
uma estrutura flexível que possa sustentá-la no tempo. Esta transformação nos leva ao Direito Digital. 

— (PECK, 2016, p. 57)

O Direito Cibernético (ou digital) incorpora características de vários ramos do


Direito, como do direito civil, autoral, empresarial, contratual, econômico,
consumerista, tributário, penal etc. Neste momento, no entanto, apresentamos
algumas particularidades desse novo ramo: o tempo e o espaço. A questão do
tempo diz respeito à necessidade de constante atualização das normas jurídicas,
como forma de dar vazão às rápidas transformações digitais e da tecnologia. O
espaço (ou territorialidade) no campo do direito digital merece a ponderação de se
saber que a internet, por exemplo, está em todo lugar, de modo que é preciso a

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determinação do local da prática de eventual ato, dano ou daquele local onde as


consequências serão suportadas. É tema tratado no art. 11 da Lei nº 12.965/2014
(Marco Civil da Internet), que ainda será objeto de análise posterior, mais
detalhada. 

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Assim, em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de

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registros de dados pessoais ou de comunicações por provedores de conexão e de
aplicações de internet em que pelo menos um desses atos ocorra em território
nacional, deverão ser obrigatoriamente respeitados a legislação brasileira e os
direitos à privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações
privadas e dos registros. Quanto ao direito à informação e à liberdade de
pensamento, vale a pena dizer que no Brasil não é autorizado o discurso de ódio
(hate speech); igualmente, a proteção da informação também é elemento
indispensável, especialmente na dimensão da privacidade e intimidade.

Com efeito, a sociedade digital é comunitária; está em todo lugar e,


potencialmente, ao acesso de todos. Trata-se de um processo da própria
globalização. Logo, o Direito Digital é um direito comunitário por natureza. “É uma
aldeia global conectada” (PECK, 2016, p. 113). No Brasil, no entanto, deve-se aplicar
a legislação brasileira, notadamente os direitos e garantias fundamentais previstos
na Constituição Federal. Aliás, vale destacar a Lei Geral de Proteção de Dados
(LGDP), nº 13.709/2018, que dispõe sobre o tratamento de dados pessoais,
inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito
público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de
liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa
natural. 

Vale ressaltar que:

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As leis do Direito Digital são as mesmas já existentes, totalmente válidas e aplicáveis: a Constituição Federal de
1988, o Código Civil, o Código de Defesa do Consumidor, o Código Penal etc. Há uma série de novas leis e


projetos de lei que visam a atender a questões novas específicas do uso da tecnologia, referentes a pirataria de
software, comércio eletrônico, direitos autorais, crimes eletrônicos, além de Regulamentações e Tratados
Internacionais. Tudo isso compõe o quadro normativo do Direito Digital atual. 
— (PECK, 2016, p. 613)

0
s e õ ç at o n a r e V
A sociedade digital, ademais, trouxe um impacto significativo ao plano econômico.
O maior fluxo no que se refere ao oferecimento de bens e serviços nos meios
virtuais acelera o dinamismo dos negócios, carregando consigo desafios inerentes,
relacionados à proteção da concorrência, à segurança das operações, à fiscalização
por parte das instituições, empresas e Poder Público, acarretando a necessidade
de se adotarem boas práticas nesse espaço mercantil digitalizado.

No Brasil, por exemplo, seguindo a tendência mundial, há um sistema de proteção


da livre concorrência e para a defesa da chamada Propriedade Industrial. Em
verdade, o asseguramento de uma concorrência livre e fundamentada em atos de
boa-fé é tema de suma importância, que não pode ser desprezado (e não é) pelo
direito digital contemporâneo, "pois, como sabemos, quanto mais forte o
competidor, mais posição dominante terá ele em relação aos demais e ao próprio
mercado.” (SILVA, 2013, p. 32). Com efeito, “a concorrência desleal é hoje, sem
sombra de dúvida, uma das mais importantes áreas de estudo no campo da
Propriedade Industrial.” (SILVA, 2013, p. 19). 

Assim, a livre concorrência está em sintonia com outros relevantes contextos de


proteção jurídica-estatal, como a liberdade de ofício (liberdade de trabalho) e a
própria livre iniciativa. Todos esses temas estão previstos no texto da Constituição
Federal brasileira (BRASIL, 1988) e, na era digital, conformam-se às carências
aparecidas, tutelando as práticas surgidas nos até então inéditos mecanismos de
interação econômica (HOFFMANN-RIEM, 2020). 

Logo, a “concorrência desleal é todo e qualquer ato praticado por um industrial,


comerciante ou prestador de serviço contra um concorrente direto ou indireto, ou
mesmo um não concorrente, independentemente de dolo ou culpa” (SILVA, 2013,

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p. 60-61). E quais seriam os pressupostos para sua identificação?


1) desnecessidade de dolo [intenção deliberada] ou fraude, bastando a culpa [negligência, imprudência ou
imperícia] do agente; 2) desnecessidade de verificação de dano em concreto [o dano potencial é também

0
considerado]; 3) necessidade de existência de colisão de interesses, consubstanciada na identidade de negócio
e no posicionamento em um mesmo âmbito territorial; 4) necessidade de existência de clientela, mesmo em
potencial, que se quer, indevidamente, captar; e, 5) ato ou procedimento suscetível de repreensão. 

s e õ ç at o n a r e V
— (SILVA, 2013, p. 54)

Desse modo, os atos de concorrência desleal consubstanciam-se, basicamente,


em:

Emprego de meios com o intuito de gerar confusão nos consumidores entre


estabelecimentos empresariais, bem como entre produtos e serviços.

Emprego de meios com a finalidade de prejudicar a reputação ou negócios.

Aliciamento de trabalhadores e, até mesmo, o uso do suborno (corrupção).

Publicização de segredos industriais ou negociais, com o intuito de prejudicar o


direito industrial dos agentes econômicos.

Sistemática violação de acordos contratuais (SILVA, 2013).

Perceba como o problema da concorrência desleal pode ser aumentado no mundo


digital. Em um tempo em que os negócios e as informações se encontravam
armazenadas em meios físicos, como o papel, pode-se dizer que os problemas de
segurança eram relativamente simples. (TERADA, 2019). Com a tecnologia da
informação, com a sociedade em rede, a estrutura de segurança mudou. 

Agora, há algoritmos criptografados que servem para esconder informações


consideradas sigilosas ou confidenciais. A segurança se tornou muito mais
sofisticada, é verdade, mas não podemos considerar que está completamente
imune a ataques cibernéticos, a vazamentos, seja para fins econômicos, como no
exemplo da concorrência desleal, seja para o cometimento de outras infrações.
Assim, é possível visualizar a segurança cibernética "como um campo tão amplo

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quanto a própria segurança, o que diminui as fronteiras entre as iniciativas estatais


e privadas e aumenta as necessidades de parcerias entre esses dois setores”
(PECK, 2020, p. 44). 

0
Nesse contexto, em termos de legislação específica, além das normas jurídicas
relacionadas à Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/1996), Propriedade Intelectual

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de Programa de Computador (Lei nº 9.609/1998), Direitos Autorais (Lei nº
9.610/1998), há as disposições do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), do Código de
Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), do Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência (Lei nº 12.529/2011). Há, também, o Marco Civil da Internet (Lei nº
12.965/2014) e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018). 

Aliás, no atinente à segurança, o art. 46 da LGPD indica que os agentes de


tratamento de dados devem adotar medidas de segurança de natureza técnica e
administrativa adequadas para a proteção de dados pessoais quanto a acessos
não autorizados e para situações em que ocorram acidentes ou atos ilícitos, que
importem na destruição, perda, alteração ou qualquer outra forma de tratamento
prejudicial de dados (TEIXEIRA, 2020). 

O intuito da legislação é, com base no estabelecimento de direitos específicos,


ligados àqueles direitos fundamentais de origem constitucional (como a dignidade,
a liberdade, a privacidade etc.), firmar parâmetros objetivos que condicionem a
boas práticas, no sentido de se buscarem as melhores técnicas disponíveis (PECK,
2021).


Como exemplo de boas práticas, os agentes poderão adotar política de privacidade interna, instituir canais de
denúncia para a proteção de dados, promover ações educativas e treinamentos, criar manuais e planos para o
caso de vazamento de dados, de forma a engajar todas as pessoas e setores de uma empresa para a política de
proteção aos dados pessoais. 
— (TEIXEIRA, 2020, p. 64)

De tudo isso, você já pôde perceber que a proteção da informação é uma das
preocupações centrais do direito digital e do assim chamado direito cibernético.
Dados pessoais são informações de caráter importante para a pessoa, ou mesmo

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para a empresa. No plano virtual, passam a ser considerados como dados de alta
vulnerabilidade, dada a rápida capacidade de disseminação e alcance em caso de
vazamento ou invasão (PECK, 2020; BENTIVEGNA, 2019). Dessa forma, “para que
uma organização tenha uma boa postura em segurança da informação, é

0
necessário implementar um Sistema de Gestão de Segurança da informação

s e õ ç at o n a r e V
(SGSI).” (PECK, 2020, p. 33). Esse sistema de gestão é altamente necessário para
que ocorra o funcionamento adequado de uma empresa que lide com tratamento
de dados pessoais – é até difícil de se imaginar uma empresa, atualmente, que não
lide com esse tipo de informação. Salvo pequenos negócios, toda empresa que
presta serviços, fornece bens ou utilidades, terá algum tipo de dado pessoal à sua
disposição para tratamento, desde fornecedores e empregados, até clientes,
consumidores, parceiros etc.


A informação, por sua vez, é um conjunto de dados que, processados, ganham um significado; é também um
ativo empresarial essencial para que o negócio se desenvolva, independentemente do ramo de atuação ou do
tipo de objeto que a empresa negocia. Por conta disso, deve ser protegida de forma adequada e segura. Isso
porque garantir a segurança das informações empresariais assegura a manutenção da competitividade e da
lucratividade e a firmeza nas tomadas de decisões dentro da empresa, podendo ainda maximizar os retornos
sobre os investimentos e as oportunidades relativas ao negócio. 
— (PECK, 2020, p. 43)

O sistema de proteção é também visto de um ponto de vista mais geral, enquanto


acesso democrático e respeito ao direito fundamental da liberdade de expressão.
No Brasil, existem limites à liberdade de expressão, à medida que, por exemplo,
proíbe-se o chamado hate speech, isto é, os discursos de ódio, eivados de
preconceito de todo gênero. A liberdade de expressão deve servir como um
prolongamento da personalidade da pessoa, com respeito às diversas
manifestações, às singularidades, como medida, aliás, de garantia de que o mundo
virtual é acessível a todos, sendo algo verdadeiramente democrático, inclusivo, que
favoreça as apetitividades individuais e coletivas, sempre à luz da boa-fé e da
dignidade humana. 

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A internet, o mundo virtual, cria seus próprios mecanismos de memória, fazendo


esta se incorporar à vida coletiva enquanto tal. Na internet, as notícias (verdadeiras
e falsas – fake news) são dissipadas em segundos. Vidas podem ser destruídas ou
situações inexistentes podem ser estrategicamente criadas para favorecer ganhos

0
pessoais e vantagens empresariais, ou seja, para favorecer o lucro de uns e de

s e õ ç at o n a r e V
outros. De qualquer modo, é fato: a internet não nos deixa esquecer. Seja em
relação ao vazamento de dados pessoais, empresariais, notícias falsas, até mesmo
quanto aos boatos de todo tipo, o mundo virtual tem uma memória poderosa. O
passado não fica para trás. “Esta memória social gerada pela internet garante que
toda e qualquer informação compartilhada na rede esteja constantemente
disponível” (FRAJHOF, 2019, p. 19). Neste sentido:


É como se a primeira página do jornal de ontem, com a manchete perturbadora, a imagem constrangedora,
com as chamadas para as principais notícias do dia [...] continuassem a ser a primeira página do jornal de todos
os dias, acessível a qualquer momento e a qualquer tempo. Basta um clique, e menos de dez segundos, que
qualquer conteúdo se torna acessível em uma pesquisa na internet. 
— (FRAJHOF, 2019, p. 19)

Em várias ocasiões é muito interessante permanecer em sintonia com o passado,


como forma de se privilegiar o conhecimento público de informações relevantes.
Pense na vida pregressa de um candidato a um cargo público, como um presidente
ou um senador – certamente você perceberá a importância de informações, desde
que relevantes. 

Por outro lado, há diversos casos em que a memória virtual perpetua violações a
direitos, provocando danos de ordem moral e material de maneira ininterrupta.
Em todos esses casos, ganha destaque o chamado Direito ao Esquecimento
(Right to be Forgotten). 

EXEMPLIFICANDO

Pense, por exemplo, quando há a notícia de que uma pessoa supostamente


cometeu um crime. Imediatamente os meios de comunicação em massa
entram em contato com a notícia, muitas vezes criando um cenário de

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culpa já formada. Ocorre que, no Brasil, ninguém pode ser considerado


culpado até que o devido processo penal alcance o seu fim, o qual se dá
apenas quando já se esgotaram todos os recursos possíveis aos Tribunais.
Ordinariamente, até podemos questionar o sistema judicial que existe,

0
porém não podemos alterar as coisas simplesmente porque isso nos

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parece o correto. Um relógio quebrado também acerta as horas duas vezes
por dia. Neste sentido, se hoje o sistema pode gerar alguma impunidade
(como poderíamos pensar) com relação a este ou aquele caso, que
julgamos implacavelmente, amanhã esse mesmo sistema poderá ter como
réu nós mesmos. E então, será que não iríamos querer uma real chance de
defesa antes de sermos execrados publicamente? É preciso tomar cuidado
com os discursos muito aguerridos. O sistema judicial nos protege de nós
mesmos e, como foi construído ao longo de uma dura história de opressões
e arbítrios, sem dúvida, o que há hoje é muito melhor do que havia há
duzentos anos.

Tudo o que é feito na internet é registrado e armazenado. A publicação de fotos,


vídeos, por exemplo, torna público o que muitas vezes deveria ser apenas pessoal
ou sigiloso. Todos têm, no entanto, direito de usar a internet e as redes sociais,
como forma de se expressar e comunicar. Nesse quadro, o direito ao
esquecimento se apresenta como um direito de governar o próprio patrimônio de
memórias, permitindo que cada pessoa possa, até mesmo, se reinventar, mudar,
transformar-se (FRAJHOF, 2019). 

A importância do direito ao esquecimento se verifica porque essa seria a maneira


própria


[…] que teria aquele que já foi legitimamente alvo de notícia a ser esquecido e “deixado em paz” pela perda de
atualidade daquele fato que, embora já tenha sido do interesse público, hoje não tenha mais tal característica. 
— (BENTIVEGNA, 2019, p. 263)

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No plano jurídico interno é preciso considerar a posição do Supremo Tribunal


Federal (STF) acerca do direito ao esquecimento. Trata-se de um tribunal brasileiro
de cúpula, que está no topo da hierarquia judicial do nosso país. Possui a
competência constitucional de dar a última palavra em matéria jurídica, nos casos

0
que tenham efetiva ou potencial influência nos temas tratados na Constituição

s e õ ç at o n a r e V
Federal (BRASIL, 1988). Como o direito ao esquecimento diz respeito aos direitos
fundamentais, sobretudo o da privacidade e da intimidade, o tribunal foi instado a
se pronunciar sobre a matéria. 

Para o STF, o direito ao esquecimento é incompatível com a Constituição Federal


(PECK, 2021), entendido este como direito de obstar (impedir), em virtude do
transcurso do tempo, a divulgação de fatos ou dados, desde que verídicos e
obtidos mediante o emprego de meios lícitos, quando publicados em meios de
comunicação social. Os abusos e os eventuais excessos, sem dúvida, deverão ser
analisados em cada caso, separadamente, sobretudo quando relativos à proteção
da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade da pessoa, bem como
nos casos específicos previstos na legislação penal e cível. 

Chegamos ao fim do nosso primeiro bloco de estudos, e ainda há muito o que se


aprender e refletir. Vamos em frente!

FAÇA VALER A PENA


Questão 1


A segurança da informação está intimamente ligada à proteção de dados pessoais, na medida em que (garantir
que os dados pessoais do usuário não sejam destruídos, alterados, divulgados ou indevidamente acessados,
em um mundo aberto como a internet) demanda razoável organização e medidas técnicas suficientes para o
atendimento dessa finalidade. 
— (Teixeira, 2020, p. 63)

A proteção de dados está ligada aos avanços da tecnologia enquanto conjunto de


situações que melhoram a utilidade prática da vida, a qual considera, em seu
conceito, uma ideia de:

a.  Técnica, puramente.

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b.  Técnica aplicada enquanto processo. 

c.  Processo simples de mudança da vida. 

d.  Técnica industrial complexa. 

0
e.  Mudança natural da sociedade. 

s e õ ç at o n a r e V
Questão 2
A concorrência desleal é um problema, uma verdadeira patologia no mundo da
sociedade virtual. Isso ocorre porque, infelizmente, ficou muito fácil para
empreendedores com objetivos escusos se utilizarem de práticas abusivas e que
mascaram a realidade, com o objetivo de obtenção de lucros. É para isso que
existe, no Brasil, um sistema jurídico e institucional de proteção da livre
concorrência.

A respeito da configuração de um ato de concorrência desleal, assinale a


alternativa correta.

a.  Com a culpa, apenas, é possível caracterizar a concorrência desleal. 

b.  Apenas a imprudência configura concorrência desleal.

c.  A concorrência desleal independe de dolo ou culpa. 

d.  Apenas a negligência configura concorrência desleal. 

e.  O dolo é necessário para a caracterização da concorrência desleal.

Questão 3
O Supremo Tribunal Federal (STF) se debruçou sobre o tema do direito ao
esquecimento, matéria de grande relevância para o campo do Direito Cibernético,
porque gera impactos substanciais no modo de tratamento das informações
veiculadas nos ambientes virtuais. Em que pesem críticas, compete ao STF proferir
a última palavra em matéria constitucional. Afinal, isso foi feito. É preciso, agora,
respeitar e aplicar sua decisão.

Neste contexto, analise as afirmativas a seguir:


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I. O direito ao esquecimento é, de regra, incompatível com a Constituição, quanto


à divulgação de fatos ou dados, desde que verídicos e obtidos por vias lícitas.

0
II. O direito ao esquecimento é, de regra, compatível com a Constituição, pois

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nenhuma memória é eterna e não devem sê-la, também, situações pelas quais
as pessoas tenham se arrependido de passar.

III. Embora incompatível com a Constituição, o direito ao esquecimento deve ser


aplicado em casos específicos, isto é, quando houver abuso ou excesso quanto
à divulgação de dados ou fatos, bem como em situações que envolverem
graves violações a direitos fundamentais.

Está correto o que se afirma em:

a.  I, apenas.

b.  II, apenas. 

c.  III, apenas. 

d.  I e II apenas. 

e.  I e III apenas.

REFERÊNCIAS
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BRASIL. Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a


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BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990. Institui o Código de Defesa do


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BRASIL. Lei nº 12.529, de 30 de Novembro de 2011. Estrutura o Sistema Brasileiro


de Defesa de Concorrência e dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações
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BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de Abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,


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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


SEGURANÇA, FISCALIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

0
Luiz Felipe Nobre Braga

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Fonte: Shutterstock.

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SEM MEDO DE ERRAR


Diante da situação-problema apresentada, tem-se, em princípio, que se trata de
um caso clássico de concorrência desleal. 

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Tal se dá porque a descrição dos fatos relativos à atividade empresarial dos


envolvidos, sobretudo por haver marca que é fortemente presente no mercado, de
amplo conhecimento, leva a crer que houve a frustração do dever de observância
da livre concorrência. 

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No caso, a concorrência não se mostra livre, porque a nova empresa aproveitou-se

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dos elementos indicativos preexistentes de marca famosa, fazendo divulgar nas
redes sociais anúncios que poderiam levar o consumidor a erro quando da
aquisição dos produtos oferecidos. 

Analisando o perfil da concorrência desleal nesse campo, pode-se perceber que o


ordenamento jurídico reprime esse tipo de conduta, de sorte que ela viola
fundamental preceito da ordem econômica brasileira, que pugna, justamente, pelo
equilíbrio das forças atuantes no mercado de consumo. 

Quando se fala em concorrência desleal, sabe-se que é desnecessária a


configuração de intenção direta e clara nesse sentido, para que se cometa esse
tipo de infração. Ainda que se trate de cidade pequena e do interior, como informa
o caso, não se deve, por esse motivo, afastar toda uma sistemática que não
envolve apenas as partes, porém todo o mercado de consumo. Ademais, não é
indispensável que se verifique dano em concreto, apenas o dano potencial. 

Além disso, há colisão de interesses, configurada justamente na utilização indevida


de marca notória, ainda mais nos meios digitais, nos quais a concorrência desleal é
sensivelmente maximizada, bem como identidade de negócio e de clientela em
indevida captação, porquanto potencialmente levada a erro.

Com efeito, os atos de concorrência desleal ainda se mostram, cabalmente, na


situação narrada, pois houve emprego de meios com o intuito de gerar confusão
entre estabelecimentos empresariais (nome fantasia muito parecido, cores
idênticas, slogan), assim como nos produtos (no caso, o sanduíche oferecido). 

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A publicidade no meio virtual prejudicou a concorrência, porque a similaridade dos


produtos pode, ao levar o consumidor a erro, também prejudicar a fama da marca
em termos de qualidade do produto. 

0
Por fim, conclui-se que houve violação à livre concorrência, de sorte que poderão
ser estudadas medidas legais futuras com a finalidade de combater essa infração

s e õ ç at o n a r e V
de ordem econômica.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
UM ESQUECIMENTO VÁLIDO
Uma determinada pessoa teve fotos íntimas vazadas em uma rede social. Por
incrível que pareça, o servidor da companhia responsável por esta rede social
acabou salvando em sua memória as fotos íntimas, de modo que, todas as vezes
que uma pessoa acessa o perfil daquela, as imagens aparecem, gerando um
enorme constrangimento. 

A partir disso, a pessoa que teve sua imagem violada busca a rede social para que
esta retire do ar tais imagens, à medida que violam seus direitos mais
fundamentais, como a dignidade e a honra. Deseja ser absolutamente esquecida;
não quer aparecer, pois busca mudar de vida. 

A rede social responde negativamente, argumentando que o Supremo Tribunal


Federal considerou que o direito ao esquecimento é incompatível com a
Constituição Federal. 

Na sequência, você, na qualidade de especialista em Direito Cibernético, é


procurado para se manifestar a respeito do caso, opinando de maneira técnica. 

Como você deveria responder a essa consulta?

RESOLUÇÃO 

O caso é claramente relacionado à proteção de dados e informações pessoais,


o que traz a imediata incidência das disposições da Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais. No entanto, trata-se de esclarecer, antes de se acionar

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quaisquer disposições da legislação específica, a importância do direto ao

esquecimento na espécie. Ocorre que, segundo o STF, de fato o direito ao


esquecimento é incompatível com a Constituição Federal, porém, apenas para
os casos em que as informações foram obtidas de maneira lícita e são de

0
caráter público e relevante quanto à divulgação, e desde que não envolvam

s e õ ç at o n a r e V
casos previstos na legislação de proteção de dados. 

Logo, cada caso deverá ser analisado de maneira independente, pois o Direito
brasileiro não tolera violações a direitos fundamentais, como ocorre na
situação narrada. 

Dessa maneira, trata-se de uma oportunidade interessante de se fundamentar


eventual pedido de retirada das imagens da rede social no direito ao
esquecimento, salientando o erro técnico da rede social em justificar que não
procederia a tal retirada, em virtude da decisão do STF, a qual, como já se
demonstrou, a rede social não compreendeu.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

DO BLOCKCHAIN, CRIPTOMOEDAS, BIG DATA À BITCOIN

0
Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.

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PRATICAR PARA APRENDER


Caro estudante, o mundo virtual proporciona inovações sucessivas. Não é
diferente quanto às novidades na área de interesse econômico e quanto à
proteção na circulação de dados. Os interesses nesse campo são múltiplos,
demandando atenção redobrada para que se possa saber a maneira correta de
operar em tais horizontes, à luz das suas funcionalidades técnicas e aspectos
jurídicos.

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Pensando nisso, preparamos um estudo focado nas inovações mais interessantes


que temos notícia, ao longo dos últimos anos. 

Vamos investigar e compreender o chamado blockchain – um livro-razão

0
compartilhado e imutável usado para registrar transações, rastrear ativos e
aumentar a confiança (IBM, [s. d.]) – e sua conexão com os avanços na criptografia

s e õ ç at o n a r e V
de dados, elementos que, em conjunto, indicam uma nova etapa para o fluxo de
informações em trânsito no mundo virtual, desde a sua utilização para efeito das
criptomoedas, dentre as quais a bitcoin é notório exemplo, até para outras
funcionalidades, como no caso do Big Data. 

Neste sentido,


[…] blockchain, é celebrada como um avanço disruptivo assemelhado àquele propiciado pelo surgimento da
Internet. As possibilidades de redução de custos de transação, minimizando ainda as assimetrias de
informação, estariam centradas no fato de que a nova tecnologia permitiria transações diretas entre partes,
dispensando intermediários que desempenhavam papel de provedores da confiança inexistente entre
desconhecidos, além de oferecer a todos os participantes da cadeia de blocos um grau de transparência quanto
às negociações realizadas até então inimaginável. 
— (GHIRARDI, 2020, p. 19)

Em todos esses casos, é preciso ponderar com cuidado acerca do modo pelo qual
o Direito Cibernético lida com sobreditos fenômenos, de modo que a disciplina
jurídica e estatal atuem de acordo com a especialidade dos fenômenos então
surgidos. 

Assim, desde as aplicações no campo econômico que, a partir do crescente


interesse, têm gerado enorme quantidade de capital envolvido em múltiplas
operações financeiras, até os casos de utilização de rígidos protocolos de
segurança (como no blockchain) nas variadas atividades empresariais ligadas ao
armazenamento de dados e informações sigilosas, o interesse jurídico é claro. 

É uma questão de compreender como se dá a proteção de direitos na dimensão da


era digital economicamente ativa e em um cenário mercadológico extremamente
fluido e desafiador, porém repleto de oportunidades.

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Para ampliar sua visão acerca das possibilidades de aplicação dos conhecimentos a
serem obtidos, vamos analisar a seguinte situação-problema: recentemente, uma
grande empresa de ações e investimentos, especializada no ramo de operações
cambiais, foi condenada por um delito contra a ordem tributária internacional por

0
interceptar mensagens confidenciais trocadas entre membros do Banco Central

s e õ ç at o n a r e V
(Bacen).

A Receita Federal do país sede dessa empresa havia instaurado um procedimento


administrativo, intimando a pessoa jurídica a apresentar os extratos bancários
mantidos em seu nome e em nome de seus associados, suspeitando de
enriquecimento ilícito ou fraude tributária, devido ao exponencial e repentino
aumento patrimonial. Segundo averiguações, a empresa, que detinha pouco
menos de R$ 100.000,00 (cem mil reais) no primeiro semestre de 2019, no segundo
semestre do mesmo ano declarou um patrimônio de R$ 2.500.000,00 (dois milhões
e quinhentos mil reais). 

A priori, nada de ilícito foi encontrado. Intimados os associados a se manifestarem,


não souberam dizer o motivo certo do enriquecimento. A Receita Federal, então,
encaminhou as suspeitas aos juízos competentes, que concederam à Polícia
Federal a permissão para revista da empresa. 

Ao chegarem, os agentes ao local ficaram surpresos por não encontrarem gráficos,


planilhas ou tabelas no computador dos funcionários, o que deveria ser comum
em uma empresa do ramo de investimentos. Em contrapartida, os policiais
identificaram programas como Alcatraz Viewer, Cybex Spy e SpyOn, ferramentas
usadas para espionagem. 

Após mais investigações foi constatado que os funcionários estavam espionando


mensagens trocadas por membros do Bacen e verificando transações financeiras
do órgão para empresas. Além disse, com base nessas informações privilegiadas e
ilegais, os associados da empresa previam o cenário econômico e geopolítico para
realizar as operações cambiais, enriquecendo ilicitamente. 

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Após o julgamento e prisão dos envolvidos, você é convidado, na qualidade de


profissional especializado em Direito Cibernético, para propor um parecer de
solução à insegurança do sistema de troca de mensagens do órgão e para tornar
mais privadas, seguras e transparentes as suas transações financeiras, a fim de

0
evitar novos percalços. 

s e õ ç at o n a r e V
A partir de agora você deve formular uma solução, fazendo uso da disciplina
ensinada até então. Afinal, qual ferramenta pode ser utilizada para impedir que
outras pessoas interceptem o conteúdo de uma mensagem? Qual tecnologia pode
ser utilizada em transações financeiras para ser, ao mesmo tempo, transparente e
segura? 

A partir deste ponto, veremos aplicações mais práticas e teremos condições de


melhor entender algumas das mais instigantes inovações do nosso tempo. 

Bons estudos!

CONCEITO-CHAVE
A era digital está repleta de novidades. São muitas inovações que surgem para
facilitar a vida, as atividades do cotidiano, a comunicação entre as pessoas e o
armazenamento de dados e arquivos. Tudo ficou mais rápido e está cada vez mais
acelerado e interconectado. Praticamente não podemos mais imaginar a vida sem
que estejamos conectados, certo?

O que está por detrás disso é uma tecnologia incrível. Incrível e complexa, vale
dizer. As aplicabilidades da técnica cibernética vão muito além do uso cotidiano
que muitas vezes fazemos. Hoje, há um enorme interesse econômico nesse
campo, porque novos objetos financeiros foram – e continuam sendo – criados,
abrindo verdadeiros mercados financeiros digitais. Nesse mesmo caminho, as
empresas começam a tomar maior consciência acerca da necessidade de
instaurarem protocolos de segurança digital, para que suas informações e dados
sejam preservados, bem como dos seus parceiros comerciais e colaboradores. 

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Tais protocolos atuam como mecanismos de proteção altamente tecnológicos, que


asseguram a guarda, armazenamento e transmissão de dados em enorme escala e
com alta confiabilidade. É aí que surge o blockchain. Trata-se de um sistema que
permite o rastreamento do envio e do recebimento de informações que transitam

0
pela internet. O nome vem justamente da ideia de bloco de dados que,

s e õ ç at o n a r e V
encadeados, formam uma espécie de corrente. Quando o dado é passado para
frente, ele carrega as informações (códigos) do seu passado e, dessa forma
sucessiva, cria-se uma cadeia de dados, a qual permite o total conhecimento da
sua origem e autenticidade. Segundo consta, o conceito de blockchain surgiu no
ano de 2008 em um artigo intitulado “Bitcoin: um sistema financeiro eletrônico
peer-to-peer”, de autoria de Satoshi Nakamoto, que seria um pseudônimo do
então criador do bitcoin.(GHIRARDI, 2021). Ainda vamos falar mais a respeito da
bitcoin (uma moeda virtual), cuja operação financeira é permitida justamente pelo
sistema do blockchain. 

Em sua evolução histórica, é interessante ressaltar que o blockchain foi criado,


inicialmente, para que se pudesse criar um mercado virtual para negociações de
moedas virtuais, dentre as quais a bitcoin é o exemplo mais conhecido. 

Mas voltemos ao blockchain. Imagine um brinquedo em que os carrinhos passam


por uma pista de corrida constantemente. Agora, considere que esse brinquedo
(que representa uma pista de corrida) esteja espalhado pelo mundo inteiro. Agora
pense que não há apenas uma pista de corrida, porém várias, espalhadas pelo
mundo e interconectadas. Vários carrinhos de corrida estão sobre essas pistas,
transitando constantemente. Tudo isso faz parte, por conseguinte, de uma rede
global. Suponha que nas pistas de corrida existem algumas cancelas por onde os
carrinhos necessariamente devem passar. Cada carrinho, individualmente, passará
por algumas dessas cancelas ao longo do seu trajeto – lembre-se: em uma rede
global de pistas, interconectada. Cada carrinho carrega um determinado material
ou conjunto de materiais, isto é, informações, dados. Quando o carrinho passa por
uma cancela, existem máquinas, também espalhadas pela rede global, que fazem
uma espécie de validação desse carrinho e do material que ele carrega. 
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Essas máquinas fazem essa validação, no nosso exemplo metafórico, por meio
desses instantes em que os carrinhos passam pelas cancelas. E essa máquina, por
meio da cancela, tem que aprovar o material do carrinho, validando-a. Se essa
aprovação acontecer, o carrinho (que contém um material) é selado com um

0
código bastante complexo, formado por letras e números, e recebe algo mais, um

s e õ ç at o n a r e V
tipo de carga. Depois da primeira cancela, o carrinho continua a correr pelos
trilhos da pista, passando por novas cancelas, novas validações e assim por diante,
recebendo novas cargas.

Note que o material que o carrinho carrega corresponde a um código referente a


ele. Como medida de segurança, cada vez que o carrinho passa por uma cancela,
ele recebe um código adicional que se junta ao anterior. E isso continua: os códigos
vão se somando. Formam um bloco (block) em corrente (chain). Logo, se alguém
pensasse em invadir o conteúdo do carrinho (seu material), não bastaria
desvendar apenas o código inicial, mas todos os códigos que foram adicionados no
fluxo de encaminhamento, algo certamente muito difícil de ser feito. 

E – você deve estar se perguntando – quem comanda isso? A quem pertence a rede
de pista de corrida global? Bem, não há dono! A rede global de autoramas não tem
dono ou comando central. Porém, em todos os caminhos e cancelas pelos quais os
carrinhos passam há apenas um registro em uma espécie de livro digital, que está
disponível para qualquer pessoa acessar. Nesse livro, não é possível ver o que
exatamente foi enviado, tampouco quem foi que enviou; mas apenas ver o
momento (o tempo), ou seja, quando o envio foi feito. É possível saber, então,
quando um carrinho passou por uma cancela.

Em termos bastante técnicos, entenda que pistas em rede global, por onde os
carrinhos passam, correspondem à chamada cloud computing (computação em
nuvem), uma tecnologia capaz de processar um altíssimo volumo de dados pela
internet. Depois, cada carrinho é considerado um bloco acrescido de uma hash,
quando passa pelas cancelas, isto é, uma função matemática que transforma uma
determinada mensagem ou arquivo em um código formado por letras e números,

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representando os dados enviados. E onde ficam registrados esses fluxos? Naquele


livro digital, o chamado ledger, ou livro-razão, em português. É um documento que
grava as transações, e que não pode ser apagado. O ato de juntar os blocos, os
códigos de cada carrinho, ao passarem pelas cancelas (e, portanto, pelas

0
sucessivas validações) é feito pelas chamadas mineradoras, então responsáveis

s e õ ç at o n a r e V
pelo cálculo do hash adequado para cada bloco, que permitirá que se encadeiem
em uma corrente. Daí que:


O Blockchain exige a compreensão do chamado hash, que corresponde a uma função matemática que, a partir
de uma mensagem ou arquivo, gera um código com letras e números representativo dos dados inseridos pelo
usuário. […] o hash transforma uma grande quantidade de dados em uma pequena quantidade de
informações, criando a chamada impressão digital.  
— (LONGHI et al., 2020, p. 559)

As cadeias de blocos em corrente (com o somatório dos códigos) são o blockchain.

EXEMPLIFICANDO 

Para que você possa compreender ainda mais a ideia do blockchain,


suponha que uma pessoa queira enviar um ativo digital para outra. Esse
ativo digital estará representado por um bloco que contém os seus detalhes
armazenados. Esse bloco encontra-se distribuído na rede mundial,
disponível para cada uma das máquinas (que fazem as validações, as
mineradoras) que possuem uma cópia em tempo real da transação. Há, aí,
então, uma validação, que acontece em poucos instantes. Uma vez
aprovado, àquele bloco inicial adiciona-se uma nova corrente de blocos,
que recebe um registro inalterável. Assim, a propriedade do ativo digital,
que é da pessoa “A”, agora está registrada como propriedade da pessoa “B”.

Vale ressaltar, para que fique bem claro, que essa codificação realizada, reunindo
as informações em blocos, com códigos sucessivos, é possibilitada pela tecnologia
de criptografia, ou seja, quando o conjunto de dados ou informações são
transformados em códigos de letras e números. Agora, imagine isso em sequência.

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Quanto maior a criptografia, mais difícil é a quebra das informações que


transitam no blockchain. Por esse motivo é que se reputa como uma rede
bastante segura e confiável, porque resguarda, ainda, a privacidade nas
transações. Em relação à criptografia, interessante o comentário a seguir:

0

s e õ ç at o n a r e V
Criptografia consiste no desenvolvimento de técnicas para garantir o sigilo e/ou a autenticidade de
informações. A palavra criptografia é formada pelos termos gregos kryptos, que significa secreto, oculto,
ininteligível, e grapho, que significa escrita, escrever. Trata-se da ciência/arte de se comunicar secretamente.
(TEIXEIRA, 2020, p. 231) 
— Autor da citação

É claro o objetivo da criptografia: fazer com que uma mensagem (criptografada)


seja ininteligível para quem desejar interceptá-la. Perceba que a criptografia não se
aplica apenas no contexto do blockchain. É que, neste caso, ela é mais avançada
ainda, mais complexa.

ASSIMILE

O blockchain é um encadeamento em bloco de dados (como em uma


corrente) que recebem códigos de validação, criptografados, os quais
asseguram a confiabilidade dos dados trafegados, seja com finalidade
financeira (nos ativos digitais, como nas criptomoedas, a bitcoin), seja com
finalidade informacional.

Para tratarmos de criptomoedas, precisamos passar pelo conceito de Big Data. 

Big Data refere-se às situações nas quais as “tecnologias digitais são utilizadas para
lidar com grandes e diversas quantidades de dados e às várias possibilidades de
combinação, avaliação e processamento desses dados por autoridades privadas e
públicas em diferentes contextos” (HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 37). Esses enormes
conjuntos de dados têm variadas aplicações práticas, por exemplo, quanto ao
conhecimento de comportamentos individuais e coletivos e identificação de
tendências para o desenvolvimento e implantação de ações quanto a serviços e

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distribuição de bens, entre outros. O volume de dados e informações é tão grande


que isso, infelizmente, também permite a prática de crimes cibernéticos, como
ainda teremos oportunidade de analisar. 

0
Há algumas características frequentemente utilizadas para identificar Big Data:

s e õ ç at o n a r e V

O Big Data: os chamados cinco “V”. Primeiro: acesso a enormes quantidades de dados (Volume Alto de Dados
ou High Volume). Segundo: a Variedade dos dados, de tipos e qualidades diferentes (High Variety). Terceiro: alta
Velocidade de processamento (High Velocity). Quarto: a Veracidade dos dados, garantida pelas tecnologias de
inteligência artificial (Veracity). Quinto: devido à importância estratégica de tais dados, há um Valor econômico
agregado (Value), vindo a constituir elemento de extremo interesse empresarial e negocial como um todo.
Portanto, as cinco características do Big Data são: Volume; Variedade; Velocidade; Veracidade; e, Valor. 
— (HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 37)

Voltemos às criptomoedas. Já sabemos que o blockchain foi criado para permitir


segurança e confiabilidade quanto à negociação de um determinado ativo
financeiro: uma criptomoeda, no caso, a bitcoin.


Trata-se da bitcoin, alardeado como sendo a primeira “moeda” totalmente desmaterializada, criado por
particulares e por eles gerenciada, sem qualquer ingerência do Estado ou de instituições que não o próprio
corpo de adeptos dessa nova forma de moeda. 
— (GHIRARDI, 2020, p. 17)

Assim, entende-se as criptomoedas como ativos financeiros criados para serem


negociados nas redes. Funcionam como uma verdadeira evolução relativamente às
moedas tradicionais que, a seu turno, surgiram para dar cabo das relações sociais
de escambo (troca), intermediando-as.


A Bitcoin, por exemplo, surgiu no contexto da crise econômica de 2008, oriunda dos Estados Unidos, que se
espalhou pelo mundo. Tornou-se uma alternativa diante do cenário perturbado da economia mundial. Com
efeito, é algo bastante recente a criação dessas criptomoedas (não há apenas a Bitcoin), o que tem “despertado
cada vez mais perplexidade e inquietação”. 
— (GHIRARDI, 2020, p. 22)

A perplexidade se deve ao fato de que tais moedas não existem materialmente,


senão como blocos de códigos disponíveis na nuvem. Talvez o único elemento que
empregue alguma confiabilidade para fins de investimento em criptomoedas seja o
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alto grau de tecnologia envolvida na criptografia das transações, tal como foi
explicado quando falamos da blockchain.

ASSIMILE

0
Estudamos e realizamos a citações das cinco características para se

s e õ ç at o n a r e V
identificar o Big Data, que são: alto volume de dados (high volume); alta
variedade dos dados (high variety); velocidade de processamento (high
velocity); veracidade do conteúdo dos dados (veracity); valor agregado
(value).

A ausência de regulamentação específica, na medida que inexiste uma entidade


centralizada que gerencia seu fluxo (como o Ministério da Fazenda e o Banco
Central fazem no Brasil relativamente à emissão de moeda, o real, e como
interferem no câmbio), permite-nos questionar a segurança jurídica nestes casos. 

Logo:


[…] advertências procuram alertar os cidadãos de cada país para o fato de que as moedas “convencionais” são
garantidas pelos Estados emissores, enquanto as criptomoedas são desprovidas de qualquer garantia, dada sua
estrutura descentralizada e desregulamentada. Ao mesmo tempo, há preocupação em advertir os possíveis
interessados quanto à alta volatilidade das criptomoedas associada ao fato de que muitas das empresas que
transacionam com as mesmas não são regulamentadas, o que leva à conclusão de que eventual investimento
em criptomoedas deve ser feito por conta e risco de cada investidor. 
— (GHIRARDI , 2020, p. 119)

O valor de uma criptomoeda, de fato, está atrelado à lógica matemática de


criptografia. É, basicamente, confiança na ciência computacional e na engenharia
de dados. Por outro lado, sabemos que a confiança em uma moeda dita
convencional (como o real, o dólar e o euro) está na estrutura governamental,
estatal, jurídica, por detrás da sua emissão e controle de fluxos. A legislação,
quanto às moedas convencionais, é que permite sua segurança jurídica e
econômica, desde sua emissão e circulação, até a intervenção nas políticas
cambiárias, pelas entidades com tal poder. Determina-se, assim, de modo claro e
previsível, “o curso forçado do valor monetário” (LONGHI et al., 2020, p. 652). 
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A criptomoeda, a seu turno, não dispõe de regulamentação específica, pelo menos


no Brasil. Aqui, é tratada como um ativo financeiro, que deve ser declarado para
fins de incidência de Imposto sobre a Renda (tributo de competência da União), na
qualificação de “Bens e Direitos”, como indicado na Instrução Normativa RFB nº

0
1899, de 10 de julho de 2019 (BRASIL, 2019). 

s e õ ç at o n a r e V
DICA 

Em nossos estudos, além da bitcoin, clássico criptoativo, ainda existem


outros, conhecidos como altcoins, por exemplo: Ether (ETH), XRP (Ripple),
Bitcoin Cash (BCH), Tether (USDT), Chainlink (LINK) e Litecoin (LTC).

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que os ativos digitais (criptomoedas)


não são considerados moeda corrente ou valor mobiliário, de sorte que os delitos
cometidos neste campo não atrairiam a competência da Justiça Federal, que é
competente para julgar os crimes praticados contra o Sistema Financeiro Nacional
(SFN). Logo, as criptomoedas não pertencem ao âmbito de regulação do SFN. Os
crimes que as tenham por objeto deverão ser julgados na justiça comum estadual
(BRASIL, 2018). 

Segundo o Banco Central do Brasil, as criptomoedas são representações digitais de


valor, sobre as quais não há garantia por autoridade monetária, impedindo, por
exemplo, sua conversão em moeda soberana (bitcoins em reais, por exemplo),
bem como não há lastro em ativo real de qualquer gênero, de sorte que os riscos
permanecem exclusivamente com seus respectivos detentores. 

O entendimento do Banco Central é compartilhado pela Comissão de Valores


Mobiliários (CVM), que não considera a criptomoeda sequer na qualidade de valor
mobiliário (como seria uma ação de uma empresa). Por outro lado, o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) considera as criptomoedas uma
verdadeira inovação em termos de serviços financeiros, embora sem dar uma
definição acerca da sua natureza jurídica. (LONGHI, 2021).

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REFLITA

Uma moeda digital é realmente uma moeda? Normalmente, uma moeda


integra a política monetária de um dado Estado, porque, no sistema de
trocas capitalistas, funciona como intermediária no fluxo e trânsito de

0
riquezas. Por isso, há uma preocupação econômica com a quantidade de

s e õ ç at o n a r e V
moeda disponível. Um país não pode simplesmente “imprimir dinheiro” e
distribuir à população, sob pena de ter como resultado a inflação. Muita
moeda disponível faz com que haja a perda do seu valor real, resultando
em aumento de preços e perda, consequente, de capacidade econômica. E
em relação às moedas digitais, haveria alguma preocupação com inflação?
Como isso funciona, haja vista não haver regulação estatal ou interferência,
por exemplo, de um Banco Central?

Do ponto de vista jurídico, “há uma grande diferença entre as bitcoins (moeda livre
da internet não regulamentada) e Moeda Digital (meio de pagamento pela via
digital regulamentado no Brasil com o marco regulatório da Lei n. 12.865/2013,
Resolução BACEN n. 4.282, Circular BACEN n. 3.682 e demais”. (PECK, 2016, p. 313).

Na órbita internacional, os Estados Unidos e a União Europeia também não


definem os criptoativos. A Federal Trade Comission (FTC), órgão regulador da livre
concorrência nos EUA (função análoga ao do CADE, no Brasil), entende que a
definição depende do propósito, podendo ser a compra de criptomoedas
enquadrada ora como moeda corrente, valor mobiliário ou até mesmo uma
commodity. Isso faz com que os criptoativos estejam sujeitos à fiscalização pelos
diferentes órgãos americanos que regulam cada uma dessas espécies. 

No plano da União Europeia, já se produziu estudo indicando que as criptomoedas


poderiam ser vistas como “dinheiro privado”, porém sem ter havido uma solução
definitiva em relação à matéria. 

VOCABULÁRIO

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Commodity é qualquer bem em estado bruto; produto produzido em larga


escala, em massa.

No Brasil, nota-se que, do ponto de vista jurídico em sentido estrito, a respeito da

0
existência de leis, deve-se considerar, em princípio, a definição de crimes

s e õ ç at o n a r e V
cibernéticos constante do Código Penal (que ainda estudaremos) e outros crimes
que podem estar relacionados, como o crime de estelionato.

DICA 

O principal interesse jurídico-estatal nas criptomoedas está no contexto da


tributação, em termos de regulamentação. Na verdade, não há uma
regulamentação clara acerca da natureza jurídica das criptomoedas,
todavia, o Estado brasileiro, por meio da Secretaria da Receita Federal,
entende que as operações que envolvem criptoativos devem ser declaradas
para fins de Imposto de Renda, nos patamares fixados e atualizados
periodicamente. Havendo, portanto, ganho de capital nas transações desta
espécie, haverá incidência de tributo, a ser pago à Fazenda Pública federal.

Em termos de proteção de dados, a legislação aplicável é aquela já conhecida, cuja


incidência em termos de segurança jurídica e resguardo do direito à privacidade e
à intimidade têm especial relevo quando se discute, além dos criptoativos, a
utilização predatória, por parte de empresas, ou mesmo o risco de cometimento
de crimes, quanto ao Big Data. De todo modo, destacam-se, no contexto legislativo:

Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018).

Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014).

Código de Defesa do Consumidor (Lei n 8.078/1990).

Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (Lei nº 12.529/2011).

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Chegamos ao fim de mais um bloco de estudos. Tal como ocorre com o blockchain,
ficará, com o tempo e com o avançar das etapas, cada vez mais difícil de você não
se interessar pelo Direito Cibernético.

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FAÇA VALER A PENA

s e õ ç at o n a r e V
Questão 1
Trata-se de um protocolo de segurança que gera códigos sucessivos relativos a
blocos de dados que transitam em uma nuvem, registrados em um livro-razão,
disponível e acessível a qualquer interessado.

Considerando o texto, assinale a alternativa que corresponde ao conceito indicado.

a.  Internet das coisas. 

b.  Criptografia. 

c.  Computação em nuvem. 

d.  Ledger. 

e.  Blockchain.

Questão 2


Big Data é utilizado para diversos fins, tais como controle de comportamentos individuais e coletivos, registro
de tendências de desenvolvimento, possibilitando novos tipos de produção e distribuição e cumprimento de
tarefas estatais, mas também para novas formas de ilegalidade, especialmente crimes cibernéticos. 
— (HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 38)

O Big Data corresponde a um conjunto de dados que apresenta, entre outras


características:

a.  Apenas a variedade dos dados.

b.  A baixa velocidade de processamento. 

c.  O alto valor agregado. 

d.  Apenas o alto volume de dados. 

e.  As informações, que são inverídicas.

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Questão 3


Não há como negar o fato de que as criptomoedas têm atraído cada vez mais interesse tanto de “investidores”

0
como de agentes financeiros que procuram avaliar se tal fenômeno pode de algum modo impactar suas
atividades. Da mesma forma, as autoridades passaram a monitorar o fenômeno inicialmente de modo ainda

s e õ ç at o n a r e V
distante, aguardando o desenrolar do tema para verificar se seria duradouro ou não e, posteriormente, com
maior atenção, buscando aprofundar o conhecimento e avaliar até que ponto as criptomoedas podem
representar um risco ou um benefício para as finanças globais tal como hoje estabelecidas e regulamentadas. 
— (GHIRARDI, 2020, p. 118)

Acerca das características das criptomoedas, analise as afirmativas a seguir:

São moedas reais, centralizadas.

Há regulamentação específica no Brasil definindo sua natureza jurídica.

A segurança está, basicamente, na criptografia típica do blockchain.

a.  I, apenas. 

b.  II, apenas. 

c.  I e II, apenas. 

d.  III, apenas. 

e.  I e III, apenas.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de Dezembro de 1940. Institui o Código Penal.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 dez. 1940.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990. Institui o Código de Defesa do


Consumidor. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 set. 1990.

BRASIL. Lei nº 12.529, de 30 de Novembro de 2011. Estrutura o Sistema Brasileiro


de Defesa de Concorrência e dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações
contra a ordem econômica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 nov. 2011.

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BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de Abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,


direitos e deveres para o uso da internet no Brasil. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 23 abr. 2014.

0
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de Agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 ago. 2018.

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BRASIL. Secretaria Especial da Receita Federal. Instrução Normativa RFB nº 1899,
de 10 de julho de 2019. Altera a Instrução Normativa RFB nº 1.888, de 3 de maio
de 2019, que institui e disciplina a obrigatoriedade de prestação de informações
relativas às operações realizadas com criptoativos à Secretaria Especial da Receita
Federal do Brasil (RFB). Brasília, DF, 10 jul. 2019. Disponível em:
https://bit.ly/3wyiECB. Acesso em: 1 jul. 2021.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Conflito de Competência nº 161.123-SP.


Conflito negativo de competência. Inquérito policial. Justiça Estadual e Justiça
Federal. Investigado que atuava como trader de criptomoeda (bitcoin), oferecendo
rentabilidade fixa aos investidores. […]. Relator: Ministro Sebastião Reis Júnior.
Brasília, DF: STJ, 5 dez. 2018. Disponível em: https://bit.ly/36reRfn. Acesso em: 1 jul.
2021.

GHIRARDI, M. C. G. Criptomoedas: aspectos jurídicos. São Paulo: Grupo Almedina


(Portugal), 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/2TIGUnS. Acesso em: 15 mai. 2021.

HOFFMANN-RIEM, W. Teoria Geral do Direito Digital. Rio de Janeiro: Grupo GEN,


2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/2UsB75Z. Acesso em: 15 mai. 2021.

IBM BRASIL. O que é a tecnologia blockchain? IBM, [s. d.]. Disponível em:
https://ibm.co/3AG8frq. Acesso em: 1 jul. 2021.

LONGHI, M. I. C. S. et al. Direito e Novas Tecnologias. São Paulo: Grupo Almedina


(Portugal), 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/2TK9PIk. Acesso em: 15 mai. 2021.

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PECK, P. P. Direito Digital. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível na Biblioteca
Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3hpMox8. Acesso em: 15 mai. 2021.

TEIXEIRA, T. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2020.

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Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3dTBJbI.
Acesso em: 06. mai. 2021.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


DO BLOCKCHAIN, CRIPTOMOEDAS, BIG DATA À BITCOIN

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Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V

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SEM MEDO DE ERRAR


A fim de ampliar sua visão acerca das possibilidades de aplicação dos
conhecimentos obtidos até o momento, vamos propor uma resolução para o
contexto de aprendizagem apresentado no início da seção. Tendo em vista o caso

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apresentado, observa-se que houve a interceptação das mensagens do Banco


Central do país, bem como a violabilidade de privacidade e descrição de suas
transações financeiras. 

0
Desse modo, cabe a adesão de duas novas tecnologias para solucionar esses
empecilhos: a criptografia e o blockchain. 

s e õ ç at o n a r e V
Inicialmente tem-se que os associados da empresa somente se utilizam-se de
informação privilegiada, porque antes haviam interceptado mensagens entre os
membros do referido órgão. Sendo assim, se houvesse algum instrumento que
permitisse ocultar o conteúdo dessas mensagens, não haveria o que se falar em
informações privilegiadas dessa fonte, e o problema estaria resolvido.

Para essa função, como o melhor instrumento que oculta o conteúdo da


mensagem, existe a criptografia, que com base em um conjunto de princípios e
técnicas cifra, por meio de um código de números e letras, a mensagem, tornando-
a ininteligível para os que não tenham acesso às convenções combinadas. 

Adiante, quanto ao acesso às transações financeiras entre o Banco Central e


outros, propõe-se o blockchain que, como o nome sugere, trata-se de um sistema
de encadeamento em blocos que carregam informações criptografadas, de modo
que para decifrar uma transação é necessário decifrar toda a cadeia, tornando-o
extremamente seguro, vez que apenas os envolvidos na transação detêm a chave
de acesso.

Não obstante, é também um sistema transparente, visto que suas cadeias e o


bloco (que guarda a informação da transação entre o banco e outras instituições)
ficam registrados em um livro-razão que garante a sua rastreabilidade.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
CONGRESSO DE DIREITO CIBERNÉTICO
O coordenador do curso de Direito de uma grande universidade pública, ciente da
necessidade de tratar de um assunto não só pertinente como também
extremamente contemporâneo, planejou realizar, semanas antes do Dia
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Internacional da Internet, um congresso de Direito Cibernético, para que nessa


data os alunos conhecessem mais desse novo ramo. 

Para isso, convidou vários especialistas em Direito Cibernético, já que não conhecia

0
muito a respeito do assunto, e um desses especialistas é você. Não obstante, o
coordenador delimitou a cada especialista um tema e alguns tópicos que deveriam

s e õ ç at o n a r e V
ser abordados durante a explanação individual. 

Muito empolgado com a oportunidade de palestrar em uma grande universidade,


você lê a carta-convite, que contém o tema e os tópicos a serem abordados, e se
depara com o seguinte tema: “Criptomoedas – a proibição expressa no Brasil, a
regulamentação específica e características de centralização, política segura de
reembolso e hiperinflação”. 

Logo, você nota que no tema e nos tópicos existem erros quanto às características
e a legislação aplicável. Você deverá elaborar um texto reportando os erros
presentes e propor novos temas e tópicos para serem tratados no congresso. 

Como você deve atuar nesse caso?

RESOLUÇÃO 

Foram identificados erros nos enunciados e tópicos que deverão ser


apresentados durante a explanação no referido congresso. 

Em primeiro lugar, nota-se que o coordenador do curso de Direito da


Faculdade foi infeliz não só em categorizar as criptomoedas como proibidas no
Brasil, como também em propor uma existente regulamentação específica
sobre elas. Diferentemente de países como Turquia, Equador e Bolívia, que
baniram as criptomoedas, o Brasil não dispõe de normativa alguma que a
proíba, tampouco expressamente, do mesmo modo que não apresenta, ou
ainda apresenta muito poucas disposições quanto a sua regulamentação (por
se tratar de assunto contemporâneo e de grande dificuldade de
normatização). 

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Neste escopo, o Brasil faz uso da analogia para regulamentar e julgar casos
que envolvam essa moeda, utilizando-se, principalmente, de leis gerais
vigentes para quaisquer transferências patrimoniais, visto que não se trata de

0
ativos financeiros em si. 

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Adiante, observa-se outro equívoco, dessa vez em relação às suas
características. A primeira delas, a “centralização”, faz-se notoriamente
contrária à realidade, visto que um dos maiores atributos das criptomoedas é
justamente a descentralização da regulamentação das mãos das instituições
bancárias e do Estado. Sendo assim, a característica mais apropriada seria,
justamente, o contrário, isto é, a descentralização. 

Pouco depois, há mais uma qualidade incompatível em relação às moedas


virtuais: “a política segura de reembolso”. Precisamente por ser
descentralizada, portanto não presa a instituições bancárias estabelecidas, é
que se torna difícil identificar o responsável por um possível problema em uma
atividade financeira; à vista disso, fica, na verdade, dificultosa uma política de
reembolso segura. 

Logo, cabe ao coordenador alterar o tópico para a “ausência de política segura


de reembolso”, ou, ainda, quanto à “política insegura de reembolso”. 

Por último, é descrita como característica da criptomoeda a “hiperinflação”.


Satoshi Nakamoto, pseudônimo do criador do bitcoin, a primeira e principal
moeda virtual, estabeleceu um limite máximo e mínimo da existência desse
tipo de moeda, com a finalidade de impedir a inflação e a deflação, fenômeno
que, entre outros motivos, ocorre pela menor ou maior injeção de dinheiro por
meio do Estado. 

Por isso, é difícil falar em inflação – e mais ainda em “hiperinflação” – em um


contexto no qual não há participação direta do Estado e a quantidade de
moedas é controlada. Deve assim, o coordenador, alterar hiperinflação para “a
impossibilidade ou ausência de hiperinflação”. 
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Finalmente, tendo em vista todos os fatos e argumentos expostos, deve-se


alterar o tema para: “Criptomoedas: o déficit regulatório no Brasil em um
contexto de descentralização, política insegura de reembolso e impossibilidade

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de hiperinflação.”

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

DA INTERNET DAS COISAS

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Luiz Felipe Nobre Braga

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PRATICAR PARA APRENDER


Caro estudante, a partir de agora caminharemos juntos em mais um tema de
fundamental importância: a internet das coisas (Internet of Things – IoT).

A conexão que temos na sociedade digital ocorre por intermédio dos mecanismos
proporcionados por uma rede virtual, a internet. Este espaço é utilizado para várias
funcionalidades, como a comunicação, a difusão cultural, o lazer, o trabalho etc. 

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De regra, nós acessamos a internet para navegar nos sites, nos aplicativos, nas
plataformas. São incontáveis as utilidades. Muito da nossa vida já está no horizonte
virtual. A conexão é intensa, constante e ininterrupta. 

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Agora, imagine essa alta conectividade em tudo o que fazemos e usamos. Todos os
aparelhos da sua casa conectados em linha, comunicando-se entre si. E mais do

s e õ ç at o n a r e V
que isso: seu veículo, a iluminação da sua casa, as câmeras de segurança, os
eletrodomésticos. Tudo interagindo de maneira constante e em tempo real, para
proporcionar um desempenho mais dinâmico e inteligente. 

É basicamente isso que faz a internet das coisas: integra as coisas na internet. 

Trata-se de um estágio bastante avançado da tecnologia. A inovação caminha a


passos largos: cada nova ideia, uma nova aplicabilidade, uma interação diferente;
horizontes de mundo são expandidos em progressão geométrica. 

Assim, estudaremos a configuração da internet das coisas no mundo da tecnologia


e da inovação, de modo a compreender sua aplicabilidade em termos de
benefícios econômicos tanto estatais quanto empresariais. 

Na constante evolução da internet, essa temática nos endereça, uma vez mais,
para a contemplação de um novo que, se outrora sonhado, já se tornou uma
realidade. 

Uma empresária multimilionária do ramo de imóveis, residente na região


metropolitana da cidade de São Paulo, por recomendação de seu filho e visando
maior praticidade e conforto, decidiu ter uma casa autônoma.

Para a concretização dessa pretensão, ela procurou uma empresa do ramo de


tecnologia, especializada em internet das coisas. Ao pensar ter encontrado uma, a
empresária contatou a empresa e manifestou sua vontade de ter uma casa que
fosse integrada ao conceito de internet das coisas. 

A atendente informou que, para um orçamento mais preciso, era necessária uma
inspeção do técnico no domicílio da cliente. Alguns momentos depois, a
empresária e a atendente agendaram um dia para a devida avaliação. 
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No dia da visita para avaliação, inicialmente o profissional indagou o que,


especificamente, era desejado que a casa tivesse ou mesmo fizesse. A empresária,
assim, propôs os itens a seguir.

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Primeiro que, sozinha, a geladeira identificasse os produtos nela contidos e,
identificando a ausência de algum item, que acessasse o aplicativo do

s e õ ç at o n a r e V
supermercado e efetuasse a compra. Não obstante, a empresária gostaria que
durante esse processo fosse enviada uma mensagem por meio de um sensor
infravermelho no seu celular, notificando-a da hora aproximada da chegada dos
produtos, então comprados automaticamente. 

Além disso, a multimilionária desejava que a casa identificasse a temperatura


ambiente e, com base nessa percepção, ligasse e desligasse o aparelho de ar-
condicionado ou o aquecedor, para manter a casa sempre na temperatura de 25
°C (vinte e cinco graus Celsius), por intermédio de sensores a laser. 

Quando a empresária iria continuar a listar seus desejos, o técnico a interrompeu


para dizer ser incapaz de realizar tais serviços, afirmando que ele é capacitado
somente para a automação residencial e, ainda, que as tecnologias de
comunicação citadas não eram adequadas. 

Furiosa, a empresária alegou que a empresa estaria se negando a prestar serviços


para ela. Uma vez que a empresa executa o trabalho que anunciou e de acordo
com suas buscas na internet, tais tecnologias seriam as mais adequadas para
cumprir esses serviços, daí a sua frustração. 

A empresária, determinada em processar judicialmente a empresa, contata você,


especialista em Direito Cibernético, explicando o ocorrido, e uma reunião é
agendada. 

Assim, você deve elaborar um parecer que recomende à cliente alguma atitude a
ser tomada ou não, diante das circunstâncias apresentadas e de acordo com o
estado da técnica no que se refere à automação residencial, notadamente quanto
aos desafios tecnológicos de implantação dos sistemas de IoT. Neste sentido, você

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deverá responder se a tecnologia “infravermelho” é capaz de realizar o serviço


proposto, bem como se o “laser” é apropriado para distâncias curtas, podendo
propor outras soluções, caso possíveis. 

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Bons estudos!

s e õ ç at o n a r e V
CONCEITO-CHAVE
As coisas estão conectadas, e é com dessa premissa que devemos partir para
entender o significado dos avanços proporcionados pela internet das coisas
(Internet of Things, em inglês, ou IoT). 

A internet está nas coisas. Não é apenas a vida social que está compartilhada e
interconectada no mundo virtual. 

Os avanços da tecnologia da internet progrediram para dentro das nossas casas,


para os aparelhos que utilizamos, para os veículos que nos levam para o trabalho
ou para a faculdade. Tudo, literalmente tudo, passa a ter o potencial de estar
conectado à rede e, assim, funcionar em harmonia e sincronia com outros
aparelhos, bem como de ser controlado à distância, com apenas um clique ou de
modo automático, tendo em vista a integração.

Do ponto de vista conceitual, a internet das coisas “pode ser compreendida como
um avanço tecnológico pelo qual aparelhos de uso comum passam a ser
dispositivos eletrônicos que se comunicam entre si sem a necessidade de
manuseio humano” (TEIXEIRA, 2020, p. 82). 

Trata-se de fazer com que as coisas, em geral, tornem-se aparelhos inteiramente


conectados à rede mundial de computadores. São “coisas inteligentes, em razão de
seu agir mais dinâmico quando comparado às coisas não conectadas à rede”
(TEIXEIRA, 2020, p. 82). 

Revela-se, assim, um ambiente com alto potencial de unificação. Rompe-se de vez


a barreira entre o que é físico e o que é virtual. 

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É notável o quanto a internet das coisas atua no sentido de favorecer o bem-estar


das pessoas e até mesmo das instituições. “Internet das Coisas é o momento na
história em que não há diferença distinguível entre a operação de dispositivos que
nos rodeiam e nossas ações” (LONGHI et al., 2020, p. 118). 

0
Os dispositivos conectam-se entre si porque estão integrados em uma rede

s e õ ç at o n a r e V
comum, de sorte que atuam de maneira concertada, harmônica, com a finalidade
de executar atividades e operações cotidianas, facilitando a vida e tornando mais
eficiente as rotinas, operações, trabalho, estudo, manutenção, vigilância etc. 

A intervenção humana passa a ficar cada vez mais reduzida, em virtude do alto
grau de autonomia tecnológica nos aparelhos conectados. A eletrônica substitui a
necessidade de as pessoas executarem operações mecânicas, que demandam
força física (BATISTA, 2014). A internet das coisas é, sobretudo, um grau de avanço
e inovação tecnológicos da era digital, que consiste na aplicação eficiente da
inteligência humana a serviço do ganho de produtividade em todos os níveis e
situações da vida, seja ela doméstica, laboral, empresarial ou estatal. 

Neste sentido,


Cada vez mais há intervenção humana mínima para o funcionamento desses dispositivos. E cada dispositivo
“inteligente” dessa Internet das Coisas é conectado aos demais dispositivos, comunicando-se uns com os
outros, transferindo dados, recuperando dados e respondendo de forma inteligente por meio de ações
específicas. 
— (LONGHI et al., 2020, p. 118)

Note que a IoT consiste em uma verdadeira infraestrutura em rede, que interliga
objetos físicos e virtuais, “por meio da exploração de captura de dados e
capacidades de comunicação” (LONGHI et al., 2020, p. 119). É a evolução da
sociedade digital, a qual possibilita outro nível de interação e de operação
automatizada de aparelhos e equipamentos de todo gênero.

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Em uma casa automatizada, conseguimos controlar remotamente diversos itens da casa, como, por exemplo: a
iluminação; a abertura de um portão; a abertura da porta principal ou das persianas […]. Essa tecnologia nos


ajuda a tornar o dia a dia mais simples, pois conseguimos, ao retornar do trabalho, encontrar a casa da forma
que desejamos. […] Em uma casa inteligente, uma central local ou na nuvem recebe previamente os parâmetros
desejados […]. O sistema também possibilita a operação remota, porém, a grande diferença está na autonomia

0
do sistema que, por si só, gerencia as diversas condições que os sensores devem considerar para que o
ambiente doméstico esteja da forma que foi programado. 
— (PECK, 2020, p. 153)

s e õ ç at o n a r e V
Como nós já tivemos a oportunidade de refletir, a tecnologia consiste basicamente
em objetos que são fabricados como ferramentas, com a finalidade de melhorar as
naturais capacidades humanas de interação e de transformação material. O ganho
de produtividade é imenso e facilmente perceptível. Do ponto de vista técnico,
quando as coisas passam a estar em rede, conectadas, chamam-se de hardwares
ou artefatos, os objetos com suporte tecnológico e, portanto, eletrônico, para uma
interatividade digital em tempo real (AKABANE, 2019).

ASSIMILE


Internet das Coisas consiste no emprego de tecnologias com a finalidade de
conectar objetos de uso rotineiro, sejam eles eletrodomésticos, veículos,
brinquedos ou mesmo acessórios acoplados ao corpo – os chamados wearables –
que, por meio de sensores e da coleta massiva de dados, podem oferecer as mais
variadas funcionalidades aos seres humanos. 

— (LIMA, 2021, p. 151)

No contexto da criação de soluções inteligentes, é imprescindível que as inovações


deem suporte às ideias de produtividade e maior utilidade, notadamente no
campo da internet das coisas. A comunicação de dados em escala universal, como
se pretende, fez surgir as tecnologias WiMAX e 5G, por exemplo. 

A tecnologia WiMAX, em particular, foi pensada para cobrir um espaço de 6 a 9 km,


com altíssima taxa de transferência de dados. Com o passar do tempo, no entanto,
ela acabou substituída pela 4G LTE, por questões econômicas e pela
compatibilidade com o sistema de telefonia celular GSM. 

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Quanto às redes 5G, o ganho é a conectividade sem fios, de modo universal, pois
seu desenvolvimento se deu com a finalidade de ser algo flexível, “podendo
suportar os gigabits das conexões pessoais e até empresariais e, ao mesmo tempo,
servir de transporte para aplicações que demandem pouca banda, baixa latência e

0
alta confiabilidade.” (PECK, 2020, p. 154).

s e õ ç at o n a r e V
Também é possível mencionar a tecnologia bluetooth como forma de substituição
do uso de cabeamentos. 

Nesse sentido,


Os pontos fortes da atual tecnologia Bluetooth são a sua capacidade de trafegar simultaneamente dados e voz,
o que oferece ao usuário uma grande variedade de soluções inovadoras, como fones de ouvido que deixam as
mãos livres em chamadas de voz, a capacidade de fax e impressão sem fio, e a sincronização entre PCs e
celulares.
—  (JURGEN, 2018, p. 128)

Perceba que existem três tipos de redes sem fio. Aquelas que são baseadas em
infravermelho; as baseadas em radiofrequência (como o wi-fi e o bluetooth); e as
baseadas em laser.

As redes wireless (sem fio) em infravermelho têm como característica a


dispensabilidade de licença para sua operação, pois consistem em equipamentos
de baixo custo, que utilizam os sistemas de controle remoto, em que há uma baixa
incidência de erros. 

É o que se chama de solução indoor, isto é, servem mais para uso interno,
porquanto suas faixas de frequência não têm a capacidade de ultrapassar paredes
(o alcance vai de cinco a trinta metros), embora possa também ser utilizada em
ambientes externos (outdoor). 

Já o sistema de radiofrequência utiliza micro-ondas que transmitem o sinal pelo ar,


por intermédio de faixas de frequências, conhecidas como (ISM – Industrial
Scientific Medical ou Industrial, Científico e Médico), as quais “são abertas porque

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não existe a necessidade de autorização para transmitir sinais nessas frequências”


(MORAES, 2010, p. 21). 

Já os sistemas baseados na tecnologia de laser são aqueles que utilizam a luz como

0
meio de transmissão do sinal digital (com um alcance, em média, de dez
quilômetros). Também não precisam de outorga ou autorização para uso. Esse tipo

s e õ ç at o n a r e V
de tecnologia é afetado por condições atmosféricas, que podem, além de
atrapalhar a transmissão, interrompê-la enquanto persistirem as condições
desfavoráveis. 

Com efeito, “uma das maiores vantagens dessa tecnologia é a segurança, uma vez
que o sinal de laser é praticamente impossível de ser interceptado […] Essa
tecnologia ainda é muito pouco utilizada, principalmente devido aos altos custos
dos dispositivos (lasers) e à sua manutenção.” (MORAES, 2010, p. 24).

EXEMPLIFICANDO

Atualmente, é comum conseguir acessar a internet por intermédio de wi-fi


público, em uma praça ao ar livre e outros espaços. É uma medida, aliás,
que democratiza o acesso à internet, como parte do direito fundamental à
comunicação, à cultura e ao lazer. Desde que o serviço disponibilizado seja
gratuito, temos aqui um bom exemplo de aplicação social da tecnologia.

Toda designação de IoT tem algo em comum: leva-se em conta o fato de que os
computadores, sensores e objetos “interagem uns com os outros e processam
informações/dados em um contexto de hiperconectividade” (LIMA, 2021, p. 151). 

Por outro lado – deve-se dizer –, a internet das coisas traz, a reboque, desafios que
muito interessam ao Direito Cibernético, especificamente quanto à segurança dos
dados que transitam por meio dos aparelhos conectados. Toda implementação de
sistemas relacionados à internet das coisas deve estar acompanhada de um
conjunto de ferramentas de privacidade e segurança, de modo a garantir o
controle e a proteção dos usuários. 

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A segurança, por conseguinte, é parâmetro fundamental para que se possa confiar


nos sistemas de IoT, bem como para que se tenha segurança contra invasores e
possíveis usos perniciosos ou ilícitos dos dados ou informações obtidos (PECK,
2020). 

0
É uma característica natural, que decorre da própria necessidade de regulação,

s e õ ç at o n a r e V
pelo Estado e pelo Direito, dos fenômenos digitais. 

REFLITA

Uma vez que as coisas estão conectadas e operando em harmonia, que


implicações você poderia refletir quanto aos direitos do consumidor e
quanto à proteção de dados domésticos ou laborais, que estão
potencialmente em risco nos sistemas de IoT?

Mas, para entender melhor os desafios do Direito Cibernético e, principalmente, a


sua necessidade diante dos fenômenos da inovação tecnológica, é interessante
saber quais são as fases evolutivas da internet. 

A primeira fase é aquela da internet como rede de computadores. Esse momento


se inicia


[…] não com o surgimento dos computadores, mas sim como tais computadores se tornam economicamente
populares e, por conseguinte, estão presentes nos lares e em pequenas empresas, fazendo parte do dia a dia
das pessoas.
—  (LIMA, 2021, p. 18)

Depois vem a fase na qual a internet passa a ser um local, em rede, de interação
entre pessoas. A segunda fase “ocorre com a popularização do maior meio de
comunicação de todos os tempos, a internet, a qual, por intermédio das redes
sociais e aplicativos de comunicação instantânea, deixa as pessoas cada vez mais
próximas, bem como torna-as dependentes de tal ferramenta.” (LIMA, 2021, p. 18). 

Nos dias atuais vivemos a terceira fase, justamente com a internet das coisas
(MONK, 2018). 

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Neste sentido,


O terceiro e atual momento se dá com o surgimento da primeira tecnologia da internet que não pode ser
copiada, alterada ou excluída, o Bitcoin, e o protocolo que permite sua existência, a Blockchain. Além disso,

0
vive-se uma época em que vários termos surgem todos os dias e, de certa forma, todos estão interligados,
como a Computação Cognitiva, a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas, Big Data, Mineração de Dados,
entre outros. 

s e õ ç at o n a r e V
— (LIMA, 2021, p. 18)

Por outro lado, pode-se considerar a IoT não propriamente uma revolução
tecnológica, senão como um verdadeiro avanço. A IoT, por conseguinte,


[…] é uma decorrência (aprimoramento) do processo de automação que vem se desenvolvendo nos últimos
séculos, e, sobretudo, a partir do final da década de 1960 com o desenvolvimento inicial do que hoje
conhecemos como internet. 
— (TEIXEIRA, 2020, p. 82)

Desse modo, seria natural prever que as coisas da vida estariam cada vez mais
interligadas. Faz parte do processo ininterrupto de descobrimento de usos e
aplicações da tecnologia. 

A infraestrutura da IoT pode ser entendida, por outro ângulo, como um “ambiente
de objetos físicos interconectados com a internet por meio de sensores pequenos
e embutidos, criando um ecossistema de computação onipresente (ubíqua)”
(TEIXEIRA, 2021, p. 151), que introduz e aperfeiçoa constantemente processos
rotineiros. 

Por fim, precisamos refletir a respeito dos benefícios econômicos da implantação


dos sistemas de internet das coisas nos planos estatal e empresarial. 

É verdade que os benefícios vão muito além do interesse econômico, embora este
seja um aspecto que não pode ser desprezado em absoluto. A ideia é perceber que
a conexão dos objetos do cotidiano tem o alto potencial de favorecer aplicações
inovadoras no campo, por exemplo, das atividades estatais. 

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É sabido que, pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (BRASIL,


1988), o Estado tem uma série de compromissos sociais para com a população,
consistentes na garantia de direitos como saúde, segurança, educação, moradia,
lazer, trabalho etc. Isso significa que o Estado deve cumprir e executar serviços

0
públicos correspondentes a estas áreas mencionadas, que dizem respeito à sua

s e õ ç at o n a r e V
titularidade. 

Logo, é inegável que os benefícios da IoT podem contribuir para que o Estado e
suas instituições consigam prestar serviços mais eficientes, inclusive no intuito de
fazer evoluir o sistema burocrático estatal para uma configuração cada vez mais
digital, com redução do tempo de resposta e maior capacidade de armazenamento
de informações, tratando-as de maneira centralizada. Com efeito, é imprescindível
se atentar para o fato de que o Poder Público deve garantir a total segurança das
informações e dados de que disponha, porque lida diretamente com questões
pessoais dos cidadãos brasileiros, bem como das suas próprias questões internas,
de natureza administrativa. 

A redução da burocracia estatal perpassa, ainda, pela compreensão do acesso à


informação, de acordo com o princípio constitucional da publicidade. A publicidade
está relacionada ao dever de informar à sociedade a respeito da prática dos atos
administrativos, garantindo, dessa forma, uma atuação mais transparente por
parte do Poder Público. A Lei nº 12.527/2011 foi instituída com a finalidade de
regulamentar e ampliar o acesso às informações públicas. 

Esta lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações
previsto no inciso XXXIII do art. 5.º, no inciso II do § 3.º do art. 37 e no § 2.º do art.
216 da Constituição Federal. Subordinam-se ao regime desta lei: os órgãos públicos
integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo
as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público, bem como as autarquias,

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as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e


demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.

0
Os procedimentos previstos na Lei de Acesso à Informação destinam-se a
assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados

s e õ ç at o n a r e V
em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as
seguintes diretrizes (BRASIL, 2011, [s. p.]):


I – observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; 

II – divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações; 

III – utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; 

IV – fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; 

V – desenvolvimento do controle social da administração pública. O fim maior é ampliar a publicidade dos atos
até para se garantir uma maior efetividade no controle dos atos administrativos, pois quanto maior for o acesso
à informação maior também será a fiscalização.

Note que constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade do agente


público ou militar, dentre outras: recusar-se a fornecer informação requerida nos
termos da Lei de Acesso à Informação; retardar deliberadamente o seu
fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou
imprecisa; agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à
informação; impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de terceiro,
ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem; destruir ou
subtrair, por qualquer meio, documentos concernentes a possíveis violações de
direitos humanos por parte de agentes do Estado. 

Tais agentes responderão do ponto de vista administrativo (como transgressão


para os militares e como falta disciplinar para os agentes públicos civis). Ademais,
os órgãos e entidades públicas respondem diretamente pelos danos causados em
decorrência da divulgação não autorizada ou utilização indevida de informações
sigilosas ou informações pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade
funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. 
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Disso extraímos que são muitos os desafios do Direito Cibernético na seara da


Administração Pública, concertando os interesses e deveres estatais com a
necessidade de um modelo mais tecnológico de tratamento das informações e, até
mesmo, como forma de se procurar certa automação nos processos

0
administrativos, com maior eficiência e celeridade. 

s e õ ç at o n a r e V
No campo das atividades privadas – empresariais, notadamente – a aplicação da
IoT é de extrema importância, sobretudo pelos benefícios econômicos envolvidos.
Assim, 


[…] compreender a IoT é muito importante para os gestores, pois, de acordo com a estimativa calculada pelo
estudo realizado pelo Mckinsey Global Institute, a IoT vai gerar entre 3,9 e 11,1 trilhões de dólares anuais em
2025. 
— (PECK, 2020, p. 150)

Cada vez mais as tecnologias no contexto da IoT farão parte do cotidiano


empresarial, seja para a melhoria de suas operações, seja quanto ao
desenvolvimento de novos produtos e serviços. A automação residencial e
empresarial, por exemplo, já é uma realidade (PECK, 2020). 

Por outro lado, “atualmente, as empresas dependem muito da inteligência humana


para interpretar, antecipar e intuir informações de maneira que as máquinas não
podem. Isso está prestes a mudar.” (AKABANE, 2019, p. 96).

Esse cenário, em transição, permitirá que as empresas perfaçam um melhor uso


das tecnologias de hiperconectividade, otimizando seus processos, bem como para
melhor compreender o comportamento dos consumidores e do mercado em geral,
circunstância que caminha lado a lado com as questões relativas ao Big Data,
conforme já tivemos a ocasião de refletir. 

Benefícios quanto à infraestrutura, sistemas de Tecnologia da Informação (TI),


controle de estoque, logística etc., são alguns dos exemplos de aplicabilidade de
IoT no campo empresarial, permitindo a superação progressiva da perda de
produtividade em função do manuseio físico de dados, na medida que a

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virtualização operacional proporcionará o acompanhamento em tempo real dos


setores envolvidos, com análise simultânea, algo que, com certeza, melhora a
tomada de decisões assertivas, necessárias no contexto altamente dinâmico dos
mercados (REIS, 2008).

0
Com isso, finalizamos mais um bloco de estudo. Há ainda o que conhecer, porém

s e õ ç at o n a r e V
percorremos um caminho muito interessante até aqui. Vamos em frente! 

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
Os avanços da tecnologia da internet progrediram para os mais diversos
ambientes; tudo passa a ter o potencial de estar conectado à rede e, assim,
funcionar em harmonia e sincronia com outros aparelhos, bem como de ser
controlado à distância, com um clique ou de modo automático.

Assinale a alternativa que conceitua corretamente a internet das coisas (IoT).

a.  Avanço tecnológico pelo qual aparelhos do cotidiano se comunicam entre si com a necessidade
obrigatória de manuseio humano.

b.  Consiste no desenvolvimento de técnicas para garantir o sigilo e/ou a autenticidade de informações.

c.  Uma rede que opera com blocos encadeados altamente seguros, que sempre carregam um conteúdo
junto com uma impressão digital.

d.  Infraestrutura em rede, que interliga objetos físicos e virtuais, por meio da exploração de captura de
dados e capacidades de comunicação.

e.  Tecnologias digitais utilizadas para lidar com grandes e diversas quantidades de dados. 

Questão 2
Existem três tipos de comunicações sem fio. As que são baseadas em
infravermelho, as baseadas em radiofrequência (como o wi-fi e o bluetooth) e as
baseadas em laser.

Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir:

I. Infravermelho tem como característica a dispensabilidade de licença para sua


operação, consiste em aparelhos de alto custo e serve mais para uso externo.
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II. O sistema de radiofrequência utiliza micro-ondas que propagam o sinal pelo ar,
por meio de faixas de frequências.

III. A tecnologia de laser utiliza-se da luz como meio de transmissão do sinal digital.

0
Por isso, condições atmosféricas e climáticas são incapazes de afetá-la ou

s e õ ç at o n a r e V
interrompê-la.

IV. Item 4

a.  II, apenas. 

b.  II e III, apenas.

c.  I, II e III, apenas. 

d.  I e II, apenas. 

e.  I, apenas.

Questão 3
A infraestrutura da IoT pode ser entendida, por outro ângulo, como um “ambiente
de objetos físicos interconectados com a internet por meio de sensores pequenos
e embutidos, criando um ecossistema de computação onipresente (ubíqua)"
(TEIXEIRA, 2020, p. 151).

É verdade que os benefícios da internet das coisas vão muito além do interesse
econômico, pois:

a.  Podem ser utilizados como um sistema de segurança, que criptografa a mensagem impedindo o acesso
ao conteúdo por invasores. 

b.  A conexão dos objetos do cotidiano tem o alto potencial de favorecer aplicações inovadoras no campo,
por exemplo, das atividades estatais e empresariais. 

c.  Esse aspecto pode ser desprezado em absoluto, tendo em vista que a sua criação está intimamente ligada
a esse escopo.

d.  É capaz de auxiliar nas atividades estatais, diminuindo a burocracia, mas também é capaz de auxiliar nas
empresas, melhorando a logística e o controle de estoque. 

e.  Tem chance de ser utilizada nas atividades empresariais, mas não nas estatais, sendo proibidas pela lei
de acesso à informação. 

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REFERÊNCIAS
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0
BATISTA, S. S.; FREIRE, E. Sociedade e Tecnologia na Era Digital. São Paulo:

s e õ ç at o n a r e V
Saraiva, 2014. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
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BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em:
https://bit.ly/3hP1aMQ. Acesso em: 1 jul. 2021.

BRASIL. Lei nº 12.527 de 18 de Novembro de 2011. Regula o acesso a informações


previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art.
216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de
janeiro de 1991; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18
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JURGEN, R. Sistemas de Comunicação sem Fio. Porto Alegre: Bookman, 2018.


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(Portugal), 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
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MORAES, A. F. Redes sem Fio: Instalação, Configuração e Segurança –


Fundamentos. São Paulo: Saraiva, 2010. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha
Biblioteca. No link: https://bit.ly/2UAeKLR. Acesso em: 20 mai. 2021.

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PECK, P. P. Segurança Digital - Proteção de Dados nas Empresas. São Paulo:
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REIS, D. R. Gestão da Inovação Tecnológica. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2008.


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TEIXEIRA, T. Direito Digital e Processo Eletrônico. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
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Acesso em: 20 mai. 2021.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


DA INTERNET DAS COISAS

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Luiz Felipe Nobre Braga

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Fonte: Shutterstock.

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SEM MEDO DE ERRAR


Considerando a situação-problema, identifica-se certa confusão da empresária
entre automação residencial e internet das coisas. 

Apesar de a automação residencial permitir o controle de vários itens da casa,


como iluminação, temperatura e abertura de cortinas, não é o mesmo que a
internet das coisas, visto que não há uma central local nem autonomia.

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Na internet das coisas (IOT), o complexo de sensores e aparelhos por si só


administram as mais variadas condições, para que a tecnologia transforme o
ambiente doméstico no que foi elaborado na nuvem. Desse modo, não é
necessária a ação humana durante o processo. Já na automação residencial, essa

0
ação humana é necessária. 

s e õ ç at o n a r e V
Em suma, a IoT dispõe de uma central de dados, e a automação residencial não. A
grande diferença está na autonomia.

Tendo em vista esse entendimento e os serviços que a empresária gostaria que


sua casa fizesse, fica evidente que a empresa, por meio do técnico, realmente se
negou a fazê-los, justamente porque exercia a instalação e manutenção de
automação residencial e não de uma casa inteligente. 

Além disso, a multimilionária equivocou-se em relação ao emprego da técnica de


comunicação sem fio. O infravermelho é uma tecnologia que utiliza um feixe de
radiação baixa que é detectada por outros sensores – não por acaso é
recomendado para distância curtas, já que em maiores pode haver dispersão
desse feixe, fazendo com que ele não seja reconhecido pelo sensor. Por isso, é
apelidada de tecnologia indoor. Sendo assim, a afirmação de incompatibilidade
entre o meio de comunicação proposto e o serviço que executa é plenamente
válida e pautada em critérios técnicos. 

Finalmente, a regulação da temperatura, dada pela comunicação dos sensores e


dos eletrodomésticos a partir do laser, é desnecessária e muito cara, visto que
para a mesma função pode-se executar esse serviço por intermédio da
radiofrequência com o uso do wi-fi, por exemplo

AVANÇANDO NA PRÁTICA
PROFESSOR SUBSTITUTO DE DIREITO CIBERNÉTICO 
Você, perito em Tecnologia e Inovação, é convidado para ser professor substituto
em uma pós-graduação em Direito Cibernético. 

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19/05/2022 08:40 lddkls212_dir_cib_web

No dia de sua primeira aula, o professor titular da matéria realizaria a devolução e


correção da prova aplicada na semana anterior. Tendo acesso às perguntas da
prova e às respostas dos estudantes, nota que há muitos erros em uma questão
que solicitava ao discente o conceito de tecnologia e inovação. 

0
Considerando essa situação, você deve preparar um texto-roteiro para explicar de

s e õ ç at o n a r e V
modo conciso e direto o conceito de inovação e tecnologia. O que é tecnologia? O
que é inovação? Qual a diferença entre esses conceitos?

RESOLUÇÃO 

Entende-se por tecnologia um instrumento que permite a resolução de


problemas que afetam a existência natural e social. 

Diferentemente do que o conhecimento vulgar propõe, que tecnologia é um


aparato moderno, complexo e que envolve apenas eletrônicos, a tecnologia, na
verdade, é uma ferramenta criada para implementar e melhorar as
capacidades humanas ou, ainda, para permitir que as pessoas realizem
atividades mais produtivas. Assim, em tempos primitivos, a mera construção
de um arco ou uma flecha já seria um exemplo de tecnologia. Portanto, cabe a
nós o desprendimento da conceituação de tecnologia como um objeto
futurista e complicado, para compreendermos o conceito de tecnologia como
um processo de conversão do conhecimento sistemático para o empírico, que
envolve muito mais necessidades sociais do que propriamente engenharia
aplicada. 

Assim, conceitua-se tecnologia como a habilidade de converter algo disponível


para algo prático. 

Já a inovação vai além da tecnologia; enquanto esta é um processo que envolve


a criação e o desenvolvimento apenas, a inovação trata de um processo, cujo
desenvolvimento foi difundido e aceito pelo mercado. Em síntese, a tecnologia
é somente um dos vários processos da inovação, que são as atividades
científicas, organizacionais, financeiras e comerciais.

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s e õ ç at o n a r e V

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD)

0
Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.

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CONVITE AO ESTUDO
Olá, aluno!

Desse ponto em diante nos concentraremos em estudar a Lei Geral de Proteção de


Dados (LGPD), o Marco Civil da Internet e a herança digital.

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Agora que já conhecemos os conceitos fundamentais do campo da tecnologia e da


inovação, doravante relacionados aos tópicos sobre os quais se ergue a disciplina
do Direito Cibernético, é chegado o momento de investigar as legislações
disponíveis para a regulação do ciberespaço e das relações interpessoais, inclusive

0
de natureza ou de conteúdo econômico. 

s e õ ç at o n a r e V
Inicialmente, partiremos da LGPD, a Lei nº 13.709/2018, a fim de introduzi-la em
nossas reflexões, bem como para estudar os Direitos do Titular e o tratamento de
dados pessoais e de direitos correlatos, com atenção aos requisitos e à questão
dos dados pessoais sensíveis, incluindo o tratamento quanto aos dados que
envolvam crianças e adolescentes. 

Depois, caminharemos no sentido de compreender a segurança e o sigilo dos


dados, dando especial ênfase à segurança da informação dentro das empresas, à
fiscalização incidente nesses casos, à posse de arquivos digitais e ao direito de
arrependimento na Internet. Muito interessante, não é mesmo? E não é apenas
isso! 

Finalizaremos com o estudo do Marco Civil da Internet e da herança digital,


buscando conhecer, mediante uma abordagem histórica, a evolução da Internet
em seus aspectos técnicos, para que possamos entender os efeitos da questão da
neutralidade da rede, dos direitos e das garantias envolvidos e da liberdade de
mercado.

Tudo isso para que também possamos enxergar, de um ponto de vista amplo, a
regulação da Internet no Brasil e no mundo e, ainda, refletir sobre os bens digitais
(redes sociais, e-mails, milhas aéreas, moedas virtuais, músicas e livros digitais), a
partir de um ponto de vista sociológico, no tocante ao surgimento desses bens
(ativos), a sua natureza jurídica e às repercussões no âmbito da personalidade
humana e no eixo patrimonial. 

Enfim, consideraremos a importância desses assuntos no atual momento histórico,


consolidando um saber crítico sobre o Direito Cibernético.

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PRATICAR PARA APRENDER


Neste momento inaugural, estudaremos os elementos que caracterizam a LGPD,
sob a Lei nº 13.709/2018.

Trata-se de uma legislação de alta importância, considerando o aumento das

0
interações e dos fluxos de informações com que as pessoas físicas e jurídicas lidam

s e õ ç at o n a r e V
cotidianamente, seja em situações de comunicação ou de operações mercantis,
seja de guarda e de posse de dados pessoais nas mais diversas circunstâncias.

Tornou-se necessária uma regulação específica, tal como a realizada pela LGPD,
para que fosse possível construir mecanismos de fiscalização e até mesmo de
punição para os casos em que se verificasse malversação quanto ao tratamento de
dados dos mais variados tipos.

Com efeito, os dados pessoais causam maior controvérsia e, consequentemente,


demandam maior atenção por parte do Estado e do Direito. Isso porque a
Constituição Federal de 1988 assegura a todos, indistintamente, a proteção da
intimidade e da privacidade, além da proteção da imagem e da honra no contexto
de sentido do princípio da dignidade da pessoa humana.

Com isso, o desenvolvimento do ciberespaço fez (e ainda faz) com que novas
posturas sejam adotadas para que haja o absoluto respeito aos direitos e às
garantias fundamentais, os quais constituem verdadeiro pilar civilizatório.

Se, de um lado, há o resguardo das liberdades fundamentais relacionadas à


expressão e à comunicação humanas, enquanto que há, também, a garantia da
liberdade de iniciativa, de empresa e de concorrencial, há, de outro, um campo
sobre o qual o Direito, doravante aqui denominado Direito Cibernético, pode
estruturar um corpo de normas (regras e princípios) específico, apto, portanto, a
tutelar os fenômenos de interesse do Direito quanto aos chamados bens digitais,
ativos dotados de interesse personalíssimo (porque afetos à pessoa e a sua
personalidade) e econômico (porque afetos à seara patrimonial).

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Nesse sentido, é preciso investigar os Direitos do Titular, assim como o tratamento


dos dados pessoais e outros correlatos à luz da LGPD, com destaque para os dados
sensíveis, sobretudo de crianças e de adolescentes.

0
Toda quinta-feira, na faculdade, os alunos realizam debates sobre as mais diversas
matérias do Direito, com enfoque para as novidades jurídicas e normativas. Nessas

s e õ ç at o n a r e V
ocasiões, os alunos já haviam se debruçado sobre vários subtemas do Direito
Cibernético. Discutiram sobre: criptografia, blockchain, Internet das Coisas e
muitos outros. Mas, naquela data, estavam comentando sobre a nova Lei Geral de
Proteção de Dados (LGPD).

Durante aquele dia, você, como professor da disciplina de Direito Cibernético,


estando no seu período de repouso entre as aulas, decide ir até a sala onde os
discentes estão discutindo. Ao chegar lá, nota a conversa de dois acadêmicos, os
quais estavam, muito provavelmente, preparando-se para o debate prestes a
iniciar. Você ouve o diálogo a seguir:

Aluno 1: Podemos começar falando que a LGPD é uma novidade jurídica muito
importante, pois não há nenhuma outra lei dessa natureza no mundo. Ela pode ser
a base para outras futuras legislações. 

Aluno 2: Não sei dizer muito a respeito, falarei mais sobre o tratamento de dados
de crianças e de adolescentes, infelizmente a nova lei não dispõe especificamente
sobre isso.

Aluno 1: Interessante, faltam apenas vinte minutos para o debate iniciar, estou
ansioso. 

Aluno 2: Eu também, não estudei muito, mas acredito estar preparado. 

Ao escutar essa conversa, você identifica que os alunos estão enganados em


alguns aspectos. Alguém precisa orientá-los para que corrijam esses enganos e não
os repassem aos espectadores. Para isso eles necessitam do seu auxílio.

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Nesse sentido, você considera as seguintes indagações: a LGPD é a única lei dessa
natureza? Quais as leis existentes sobre esse assunto antes de sua criação? A
LGPD, de fato, não dispõe especificamente sobre o tratamento de dados de
crianças e adolescentes? 

0
Para responder a essas indagações, escreva um texto, apontando os erros e

s e õ ç at o n a r e V
propondo novas abordagens a serem feitas pelos alunos.

A partir deste estudo, construiremos, juntos, uma visão sistêmica a respeito da


disciplina jurídica da LGPD no Direito Cibernético brasileiro. Muito legal, não é
mesmo? Vamos juntos em mais esta etapa!

Bons estudos!

CONCEITO-CHAVE
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018 (BRASIL,
2018a), dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, incluindo os que concernem
aos meios digitais, sejam de pessoa natural ou de pessoa jurídica (de direito
público ou de direito privado), com o especial objetivo de proteger os direitos
fundamentais, de índole constitucional, quanto à liberdade, à privacidade e quanto
ao livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. Pode-se dizer, sem
dúvidas, que a LGPD estrutura um corpo de normas (regras e princípios) dedicados
a estruturar parte substancial, senão imprescindível, do então chamado Direito
Cibernético. 

Pode-se dizer que os seus fundamentos primordiais, tais como estabelecidos no


âmbito do art. 2º da Lei nº 13.709/2018 (BRASIL, 2018a), compreendem um plexo
de horizontes de sentido que acabam por se confundir com o próprio cerne do
Direito Cibernético. Num contexto em que as relações jurídicas operam no
ciberespaço e considerando a relevante circunstância de que, se, nesse espaço,
produzem-se direitos e obrigações e até mesmo violações potenciais ou efetivas a
bens juridicamente tutelados, é natural que o interesse estatal avance nesse

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meandro. Os direitos e as garantias fundamentais, de natureza constitucional, que,


a seu turno, representam derivações dos Direitos Humanos, não estão infensos às
mudanças que ocorrem na sociedade. 

0
Ao contrário, o Estado e o Direito estão sempre atentos ao caráter evolutivo dos
fenômenos humanos, motivo pelo qual a LGPD representa verdadeiro ganho

s e õ ç at o n a r e V
qualitativo em termos de proteção do fenômeno digital, na ambiência das relações
intersubjetivas em trâmite nesse meio. Logo, “a privacidade digital é uma recente
demanda da sociedade. Assim como a privacidade física, no lar ou em conversas
reservadas, é um valor essencial, também a privacidade digital se tornou um
desejo da sociedade moderna” (GARCIA et al., 2020, p. 14).

Sob outro prisma de análise, mais voltado aos interesses econômicos do


ciberespaço, note que:


O motivo que inspirou o surgimento de regulamentações de proteção de dados pessoais de forma mais
consistente e consolidada a partir dos anos 1990 está diretamente relacionado ao próprio desenvolvimento do
modelo de negócios da economia digital, que passou a ter uma dependência muito maior dos fluxos
internacionais de bases de dados, especialmente os relacionados às pessoas, viabilizados pelos avanços
tecnológicos e pela globalização. 

— (PECK, 2021, p. 16)

Por esses motivos, a LGPD estabelece regras e princípios com elevado rigor. O
campo de sentido dessas normas está relacionado à conformação entre
postulados atinentes à órbita econômica e a direitos de ordem personalíssima
(TOMASEVICIUS FILHO, 2021; LIMA, 2020). Logo, a LGPD traz como fundamentos: o
respeito à privacidade; a autodeterminação informativa; a liberdade de expressão,
de informação, de comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimidade, da
honra e da imagem; o desenvolvimento econômico, tecnológico e da inovação; a
livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa dos consumidores; e a imprescindível
proteção e resguardo dos direitos humanos, além do livre desenvolvimento da
personalidade, da dignidade humana e do exercício da cidadania pelas pessoas.

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A LGPD estabelece normas e regras rigorosas para a proteção de dados pessoais, regulamentando seu
tratamento, definido como qualquer ação realizada desde a coleta, cópia, edição, armazenamento, publicação,


impressão, transmissão, processamento e compartilhamento de dados pessoais. Como principais objetivos, a
LGPD visa fortalecer o direito à privacidade dos titulares de dados, protegendo os direitos fundamentais dos
indivíduos, pelo fortalecimento da segurança da informação quanto a privacidade, transparência,

0
desenvolvimento, padronização, proteção do mercado e livre concorrência.

—  (MARINHO, 2020, p. 10)

s e õ ç at o n a r e V
A LGPD foi promulgada no dia 14 de agosto de 2018 e é uma legislação bastante
técnica (são 10 capítulos com 65 artigos no total), que congloba elementos de
controle com a finalidade de assegurar, sobretudo, o adequado cumprimento de
garantais previstas no campo dos Direitos Humanos. Sua inspiração é o
Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais (PECK, 2021) e é preciso
lembrar que a LGPD sofreu alterações por parte da Medida Provisória nº 869/2018
(BRASIL, 2018b) e pela Lei nº 13.853/2019 (BRASIL, 2019). Apesar de ser uma lei
recente e específica, existem outras legislações que também se prestam a tutelar a
privacidade, como a própria Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
(BRASIL, 1988), o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), o próprio Código de
Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) e o Decreto do Comércio Eletrônico
(Decreto nº 7.962/2013).

ATENÇÃO

De acordo com o art. 4º da LGPD (BRASIL, 2018), essa lei não se aplica ao
tratamento de dados realizado por pessoa natural com finalidades
exclusivamente particulares, isto é, destituídos de fins econômicos.
Ademais, também não se aplica quando o tratamento de dados for
realizado para fins exclusivamente: jornalísticos ou artísticos; acadêmicos;
de segurança pública; defesa nacional; segurança do Estado; ou para
atividades de investigação e de repressão de infrações penais. Além disso, a
LGPD não se aplica aos dados
[...] provenientes de fora do território nacional e que não sejam objeto de
comunicação, uso compartilhado de dados com agentes de tratamento brasileiros
ou objeto de transferência internacional de dados com outro país que não o de

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proveniência, desde que o país de proveniência proporcione grau de proteção de


dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei. 

“ — (BRASIL, 2018a, p. 59)

Seu alcance é extraterritorial, isto é, possui efeitos internacionais, à medida que se

0
“aplica também aos dados que sejam tratados fora do Brasil, desde que a coleta

s e õ ç at o n a r e V
tenha ocorrido em território nacional, ou por oferta de produto ou serviço para
indivíduos no território nacional ou que estivessem no Brasil” (PECK, 2021, p. 17).

Relevante mencionar também que a LGPD prevê a criação da Autoridade Nacional


de Proteção de Dados (ANPD) e do Conselho Nacional de Proteção de Dados
Pessoais e da Privacidade (CNPDPP), órgãos ligados à Presidência da República e
dedicados aos temas previstos na correlata legislação (GARCIA et al., 2020).

É interessante que você apreenda uma visão sistêmica da LGPD, ou seja, a sua
estrutura de tópicos e de assuntos quanto à proteção de dados pessoais. Assim:

•  Capítulo I – Disposições gerais (pressupostos, vocabulário técnico e conceitos


introdutórios).

•  Capítulo II – Requisitos necessários para o tratamento dos dados, sobretudo os


relativos ao consentimento.

•  Capítulo III – Direitos do titular (direitos fundamentais de liberdade, intimidade,


privacidade, etc.).

•  Capítulo IV – Tratamento de dados pelo Poder Público.

•  Capítulo V – Transferência internacional dos dados.

•  Capítulo VI – Deveres e responsabilidades do Controlador, Operador e


Encarregado.

•  Capítulo VII – Segurança e boas práticas.

•  Capítulo VIII – Fiscalização e aplicação da LGPD e previsão de sanções (pela


atuação da ANPD).

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•  Capítulo IX – Responsabilidades da ANPD e do CNPDPP.

•  Capítulo X – Disposições finais e transitórias.

A partir dessa visão, você já deve ter percebido que empregaremos maior esforço

0
nas disposições que se encontram, respectivamente, nos Capítulo I, II e III da LGPD.

s e õ ç at o n a r e V
Para que isso seja possível, precisamos conhecer alguns conceitos que a própria
LGPD apresenta. De início, saiba que dado pessoal “é informação relacionada a
pessoa natural identificada ou identificável” (BRASIL, 2018a, p. 60). A seu turno,
dado pessoal sensível é aquele relativo a dado sobre origem racial ou étnica,
convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter
religioso, filosófico ou político, ou referente à saúde ou à vida sexual, bem como o
dado genético ou biométrico quando vinculado a uma pessoa natural (BRASIL,
2018a). E quem é o titular? É a pessoa natural a quem se referem os dados
pessoais, objeto de tratamento. Ademais, conheça outros conceitos que serão
importantes para os nossos estudos:

•  Controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que detém


competência para a tomada de decisões relativas ao tratamento de dados
pessoais.

•  Operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza,


em nome do controlador, o tratamento de dados pessoais.

•  Encarregado: pessoa indicada pelo controlador e pelo operador para atuar como
um canal de comunicação entre aquele (controlador), os titulares dos dados e a
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

Assim, o controlador e o operador são considerados como agentes de tratamento.


Mas, o que seria, exatamente, esse tratamento? Trata-se de toda operação que é
realizada com dados pessoais, como: coleta, produção, recepção, classificação,
utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processamento,
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação,
modificação, comunicação, transferência difusão ou extração (BRASIL, 2018a).

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ASSIMILE

Pela LGPD, o conceito de agentes de tratamento inclui o controlador e o


operador.

0
Essas atividades de tratamento de dados pessoais devem observar, de maneira

s e õ ç at o n a r e V
obrigatória, alguns parâmetros, à luz da boa-fé. Tais parâmetros encontram-se
estruturados em princípios, de acordo com o art. 6º da LGPD (BRASIL, 2018a). 

Agora, precisamos conhecer os requisitos para o tratamento de dados pessoais,


tema que vem disciplinado no Capítulo II da LGPD (BRASIL, 2018a), no art. 7º da lei.
Isso somente poderá acontecer em algumas hipóteses específicas.

O primeiro e mais importante requisito (um verdadeiro pressuposto) é o


fornecimento de consentimento pelo titular. O consentimento, segundo a LGPD, é
a “manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o
tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada” (BRASIL,
2018a, p. 60). Note que a LGPD estabelece que é mediante o consentimento do
titular que o tratamento de dados poderá ser realizado, motivo pelo qual ele
aparece como o primeiro elemento a ser considerado nessa temática. Uma vez que
o titular haja dado seu consentimento, o tratamento de dados poderá ser feito: 

•  Para cumprimento de obrigação legal ou de caráter regulatório por parte do


controlador.

•  Pela administração pública, com a finalidade de executar políticas públicas.

•  Para a realização de estudos por órgãos de pesquisa, garantindo-se, sempre que


possível, a anonimização dos dados pessoais.

•  Para a execução de contrato ou para procedimentos contratuais preliminares


relacionados ao titular, a seu pedido.

•  Para o exercício de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral.

•  Para a proteção da vida e da incolumidade física do titular ou de terceiro.

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•  Para a tutela da saúde.

•  Para atender a interesses legítimos do controlador ou de terceiro, ressalvado o


caso de prevalecerem direitos e liberdades do titular que exijam proteção dos seus

0
dados pessoais.

s e õ ç at o n a r e V
•  Para a proteção do crédito.

VOCABULÁRIO

De acordo com a LGPD (BRASIL, 2018a, p. 60), a anonimização é a “utilização


de meios técnicos razoáveis e disponíveis no momento do tratamento, por
meio dos quais um dado perde a possibilidade de associação, direta ou
indireta, a um indivíduo”.

Novas finalidades para o tratamento de dados pessoais são possíveis desde que se
mantenha a observância dos “propósitos legítimos e específicos para o novo
tratamento e a preservação dos direitos do titular, assim como os fundamentos e
os princípios” (BRASIL, 2019, p. 1) previstos na lei.

ATENÇÃO

O consentimento deverá ser fornecido por escrito ou por outro meio


idôneo que demonstre, claramente, a manifestação de vontade do titular.
Se feito por escrito, aliás, deverá constar uma cláusula específica no
contrato, que preveja finalidades determinadas. Desse modo, são vedadas,
pela LGPD, a autorização genérica para o tratamento de dados (considera-
se como cláusula nula) e a autorização para tratamento feita a partir de um
consentimento viciado (resultante de um ato de coação, por exemplo).

Perceba que o consentimento não será necessário quando os dados pessoais se


tornarem públicos em virtude de atitude do próprio titular, com a ressalva de que,
ainda assim, há proteção quando aos seus direitos, sobretudo nos casos de
utilização abusiva ou que fira algum ou alguns dos princípios da LGPD. 

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Entenda que o controlador que teve acesso a dados pessoais, mediante


consentimento do titular, caso necessite efetuar a comunicação ou o
compartilhamento de tais dados com outros controladores, deverá colher, do
titular, um novo consentimento, dessa vez específico, para essa finalidade, salvo se

0
houver dispensa legal. De todo modo, eventual dispensa de consentimento não

s e õ ç at o n a r e V
permite que os agentes de tratamento de dados se afastem dos deveres objetivos
traçados pela LGPD, sobremodo quanto aos princípios gerais e quanto às garantias
dos direitos do titular.

ATENÇÃO

Em caso de discussão em processo judicial, cabe ao controlador o dever de


demonstrar (provar) que o consentimento do titular foi obtido em
consonância com os requisitos da LGPD.

E, aqui, você pode indagar: quais são, afinal, os direitos do titular? A LGPD nos traz
essas informações no art. 9º (BRASIL, 2018a). 

O titular tem direito ao acesso facilitado às informações atinentes ao tratamento


dos seus dados, os quais devem ser disponibilizados de maneira clara, adequada e
ostensiva, atendendo-se ao princípio do livre acesso. Logo, os direitos do titular
compreendem o conhecimento:

•  Da específica finalidade do tratamento.

•  Da forma e da duração do tratamento.

•  Da identificação do controlador e das informações do seu contato.

•  Das informações sobre eventual uso compartilhado e da finalidade do


compartilhamento.

•  Das responsabilidades dos agentes que realizarão o tratamento.

•  Dos direitos do titular elencados pelo art. 18 da LGPD.

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Se, porventura, as informações transmitidas ao titular, para efeito de coleta do seu


consentimento, tiverem conteúdo enganoso ou abusivo, ou, ainda, que não
tenham sido passadas com transparência e de forma clara e inequívoca, o
consentimento será considerado nulo. De outra sorte, havendo mudanças na

0
finalidade para o tratamento dos dados, de modo a se tornarem incompatíveis

s e õ ç at o n a r e V
com o consentimento original, o titular deverá ser informado de maneira
destacada quanto a esse fato, podendo revogá-lo na eventualidade de discordar
das alterações.

Daí que, expressamente, a LGPD traz os Direitos do Titular de maneira clara e


sistematizada. Segundo a dicção legal, “toda pessoa natural tem assegurada a
titularidade de seus dados pessoais e garantidos os direitos fundamentais da
liberdade, de intimidade e de privacidade [...]” (BRASIL, 2018a, p. 61). 

Especificamente quanto ao controlador, de acordo com o art. 18 da LGPD (BRASIL,


2018), o titular dos dados pessoais tem o direito de obter, em qualquer momento e
mediante requisição: a confirmação da existência do tratamento de dados; o
acesso aos dados; a correção de dados incompletos que estejam com inexatidão
ou desatualizados; a anonimização, o bloqueio ou a eliminação de dados que
reputem desnecessários, excessivos ou que estejam sendo tratados em
desconformidade com as normas da LGPD; a portabilidade dos dados tratados; as
informações quanto ao compartilhamento de dados com entidades públicas e
privadas; informação quanto à possibilidade de não fornecer o seu consentimento
e as consequências dessa negativa; e a revogação do consentimento.

Além disso:


A LGPD assegura ao titular o direito de rever as decisões tomadas unicamente com base em tratamento
automatizado de dados pessoais que afetem seus interesses (art. 20), para tanto, o controlador deve fornecer,
sempre que solicitadas, informações claras e adequadas sobre os critérios e os procedimentos utilizados para a
decisão automatizada (§1º do art. 20 da LGPD). 

— (LIMA, 2020, p. 274)

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Outro tema correlato, de fundamental importância, e que, por conseguinte,


merece cuidado redobrado, é quanto ao tratamento de dados pessoais sensíveis.


São dados que estejam relacionados a características da personalidade do indivíduo e suas escolhas pessoais,

0
tais como origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de
caráter religioso, filosófico ou político, dado referente a saúde ou a vida sexual, dado genético ou biométrico,

s e õ ç at o n a r e V
quando vinculado a uma pessoa natural. 

— (PECK, 2016, p. 16)

Nesses casos, o tratamento somente poderá ocorrer em algumas hipóteses


especiais, sobretudo, quando houver consentimento específico do titular ou de seu
representante legal e desde que para finalidades também específicas.
Independentemente de consentimento, no entanto, é possível a utilização quando
for indispensável para: cumprimento de obrigação pelo controlador;
compartilhamento com a administração pública para efeito de consecução de
políticas públicas; realização de estudos, garantindo-se, desde que possível, a
anonimização; exercício regular de direitos em contrato, processo judicial,
administrativo ou arbitral; proteção da vida e incolumidade física do titular ou de
terceiro; tutela da saúde; e prevenção contra fraude e segurança do titular, em
processos de identificação e autenticação cadastral em sistemas eletrônicos, salvo
se for hipótese de prevalência de direitos do titular que exijam proteção dos
dados.

EXEMPLIFICANDO 

Imagine que o tratamento de dados sensíveis tenha ocorrido para efeito de


promoção, pelo Poder Público, de programa nacional de vacinação de
grupos prioritários de risco. Nesse caso, o consentimento do titular estará
dispensado devido à proteção da vida e da saúde deste e de terceiros.

São dados que estejam relacionados a características da personalidade do


indivíduo e a suas escolhas pessoais: origem racial ou étnica, convicção religiosa,
opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico

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ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico


quando vinculado a uma pessoa natural (PECK, 2016, p. 16).

ATENÇÃO

0
É proibida a comunicação ou o uso compartilhado de dados sensíveis

s e õ ç at o n a r e V
relativos à saúde com a finalidade de obtenção de vantagem econômica,
exceto para a prestação de serviços de saúde, assistência farmacêutica e
assistência à saúde, incluídos os serviços auxiliares de diagnose e de terapia
em benefício dos interesses dos titulares, bem como para permitir a
portabilidade (quando solicitada pelo titular) ou para transações financeiras
e administrativas relacionadas aos serviços acima especificados. Nesse
sentido, as operadoras de planos privados de assistência à saúde não
poderão utilizar tais dados sensíveis para a prática de seleção de riscos e
para contratação ou exclusão de beneficiários.

Por fim, é preciso destacar o tratamento de dados pessoais de crianças e


adolescentes. O tema está regulado no art. 14 da LGPD (BRASIL, 2018a) e merece
análise detida. 

Com efeito, “os dados relacionados a menores de idade estão classificados em


uma categoria de dados especiais (pois exigem um tratamento diferenciado em
termos de cuidados)” (PECK, 2021, p. 36). O tratamento de dados nesses casos
deve ocorrer mediante atendimento do melhor interesse da criança e do
adolescente (TEIXEIRA, 2020).

A órbita de proteção da infância e da juventude, de certo, encontra amparo no


Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pela Lei nº 8.069/1990; este diploma
normativo deve ser observado e seguido em consonância com as disposições da
LGPD.

LEMBRE-SE 

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De acordo com o art. 2º do ECA, criança é a pessoa com até 12 anos de


idade incompletos; já adolescente, aquela entre 12 e 18 anos de idade.

Na espécie, o tratamento de dados de crianças e de adolescentes ocorre mediante

0
consentimento específico e, em destaque, dado por pelo menos um dos pais ou

s e õ ç at o n a r e V
pelo responsável legal. Por outro lado, “é possível realizar a coleta de dados
independentemente de consentimento, porém esse dado deve ser utilizado
somente dentro de seu propósito” (PECK, 2021, p. 36). Esses casos englobam
situações nas quais a coleta é necessária para contatar os pais ou o responsável
legal, por exemplo, e nas quais os dados sejam utilizados uma única vez e sem que
sejam armazenados. Ademais, “considerando as tecnologias disponíveis à época, o
controlador deve realizar todos os esforços razoáveis para verificar que o
consentimento foi dado pelo responsável pela criança” (TEIXEIRA, 2020, p. 54).

REFLITA

O consentimento que crianças e adolescentes eventualmente manifestem


em cadastros de jogos de computador on-line são passíveis de nulidade ou
são considerados válidos?

Com isso, encerramos mais um bloco dos nossos estudos! Agora, já estamos bem
inseridos na LGPD, no coração do Direito Cibernético. Vamos em frente! Até a
próxima.

FAÇA A VALER A PENA


Questão 1


A Lei de Proteção de Dados Pessoais, que ficou também conhecida pela sigla LGPD, foi promulgada pelo
presidente Michel Temer no dia 14 de agosto de 2018 e foi originária do PLC n. 53/2018. É uma legislação
extremamente técnica, que reúne uma série de itens de controle para assegurar o cumprimento das garantias
previstas cujo lastro se funda na proteção dos direitos humanos. 

— (PECK, 2021, p. 9)

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Com base na Lei Geral de Proteção de Dados, avalie as asserções e a relação


proposta entre elas.

I.  A Lei Geral de Proteção de Dados é a única legislação sobre privacidade e

0
proteção de dados. 

s e õ ç at o n a r e V
PORQUE

II.  Antes de sua criação não havia nenhuma dessa natureza, ao menos em âmbito
nacional.

A respeito das asserções, assinale a alternativa correta.

a.  As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.

b.  As asserções I e II são proposições falsas.

c.  As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I.

d.  A asserção I é falsa e a II verdadeira.

e.  A asserção I é verdadeira e a II é falsa.

Questão 2
“Assim como outros recentes diplomas legais [...] [A LGPD] trata-se de uma lei
prolixa, que contém trechos evidentemente desnecessários, ou repetitivos, ou
acompanhados de adjetivos de significado impreciso, ou ainda que se encontram
em visível choque de ideias” (LIMA, 2020, p. 142).

Tendo em vista a importância de compreender os conceitos e terminologias da


referida lei, a fim de realizar uma melhor interpretação, assinale a alternativa
correta.

a.  Dados pessoais sensíveis são dados pessoais que identificam o titular, como número de telefone ou e-
mail.

b.  Titular é a pessoa natural a quem se referem os dados pessoais, objeto de tratamento. 

c.  Operador é pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que detém competência para a
tomada de decisões relativas ao tratamento de dados pessoais.

d.  Controlador é a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza, em nome do
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p j p p q
controlador, o tratamento de dados pessoais.

e.  Dado pessoal é aquele relativo a dado sobre origem racial ou étnica e sobre convicção religiosa.

Questão 3

0
“Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de seus dados pessoais e

s e õ ç at o n a r e V
garantidos os direitos fundamentais de liberdade, de intimidade e de privacidade,
nos termos desta Lei” (BRASIL, 2018a, p. 61).

Julgue as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F), tomando como
referência a Lei nº 13.709/2018.

(  ) O objetivo da lei é assegurar os direitos fundamentais de liberdade e de


privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.

(  ) A finalidade da LGPD é proteger e garantir a inviolabilidade dos dados de


pessoas jurídicas. 

(  ) Dado pessoal é toda informação relacionada à pessoa natural identificada ou


identificável.

(  ) O alcance da Lei nº 13.709/2018 é nacional.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

a.  V – F – F – V.

b.  F – V – F – V.

c.  V – F – V – V.

d.  F – V – V – F.

e.  V – F – V – F.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União:
seção 1: Assembleia Nacional Constituinte, Brasília, DF, ano 126, n. 191-A, p. 1, 5
out. 1988.

BRASIL D º 7 962 d 15 d d 2013 R l L i º 8 078 d


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BRASIL. Decreto nº 7.962, de 15 de março de 2013. Regulamenta a Lei nº 8.078, de


11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico.
Diário Oficial da União: seção 1: Poder Executivo, Brasília, DF, ed. extra, p. 1, 15
mar. 2013.

0
BRASIL. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de

s e õ ç at o n a r e V
responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, p. 10649, 25 jul. 1985.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e


adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1: Poder
Legislativo, Brasília, DF, p. 13563, 16 jul. 1990.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do


consumidor e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1: Poder
Legislativo, Brasília, DF, supl. p. 1, 12 set. 1990.

BRASIL. Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997. Regula o direito de acesso a


informações e disciplina o rito processual do habeas data. Diário Oficial da União:
seção 1: Poder Legislativo, Brasília, DF, p. 26025, 13 nov. 1997.

BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações


previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216
da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a
Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro
de 1991; e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1: Poder
Legislativo, Brasília, DF, ed. extra, p. 1, 18 nov. 2011.

BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,


direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Diário Oficial da União: seção
1: Poder Legislativo, Brasília, DF, p. 1, 24 abr. 2014.

BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados


pessoais e altera a Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da Internet).
Diário Oficial da União: seção 1: Poder Legislativo Brasília DF ed 157 p 59 15
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Diário Oficial da União: seção 1: Poder Legislativo, Brasília, DF, ed. 157, p. 59, 15
ago. 2018a.

BRASIL. Lei nº 13.853, de 8 de julho de 2019. Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto


de 2018, para dispor sobre a proteção de dados pessoais e para criar a Autoridade

0
Nacional de Proteção de Dados; e dá outras providências. Diário Oficial da União:

s e õ ç at o n a r e V
seção 1: Poder Legislativo, Brasília, DF, ed. 246, p. 1, 20 dez. 2019.

BRASIL. Medida Provisória n° 869, de 27 de dezembro de 2018. Altera a Lei nº


13.709, de 14 de agosto de 2018, para dispor sobre a proteção de dados pessoais e
para criar a Autoridade Nacional de Proteção de Dados, e dá outras providências.
Diário Oficial da União: seção 1: Poder Executivo, Brasília, DF, ed. 249, p. 8, 28
dez. 2018b.

GARCIA, L. R. et al. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD): Guia de implantação.


São Paulo: Editora Blucher, 2020. E-book.

LIMA, C. R. P. de. (coord.). Comentários à Lei Geral de Proteção de Dados. São


Paulo: Grupo Almedina, 2020. E-book.

MARINHO, F. Os 10 Mandamentos da LGPD – Como implementar a Lei Geral de


Proteção de Dados em 14 passos. São Paulo: Grupo GEN, 2020. E-book.

PECK, P. P. Proteção de Dados Pessoais: Comentários à Lei n. 13.709/2018 (LGPD).


São Paulo: Editora Saraiva, 2021. E-book.

TEIXEIRA, T. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Editora Saraiva,


2020. E-book.

TOMASEVICIUS FILHO, E. A Lei Geral de Proteção de Dados Brasileira. São Paulo:


Grupo Almedina, 2021. E-book.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD)

0
Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V

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NÃO PODE FALTAR


Diante da situação-problema proposta, verificam-se alguns erros, tanto do aluno 1,
como do aluno 2, ao longo do diálogo.

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Começando pelo aluno 1, verifica-se uma imprecisão ao afirmar que a Lei Geral de
Proteção de Dados (LGPD) é a primeira dessa natureza e que, por isso, será
utilizada como parâmetro para a elaboração de eventuais novas legislações que
abordem esse tema. Na verdade, a LGPD foi inspirada em outras legislações,

0
especialmente no Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais; sendo

s e õ ç at o n a r e V
assim, é impossível que tenha sido a primeira no cenário internacional a tratar
desse assunto.

Além disso, embora seja a legislação mais recente e mais específica, não é nem de
perto a única lei que trata sobre a privacidade. Esse tema já havia sido previsto em
algumas outras normas, como no Marco Civil da Internet, no Código de Defesa do
Consumidor, no Decreto do Comércio Eletrônico, na Lei de Acesso à Informação e
até mesmo na Constituição Federal. Desse modo, recomenda-se ao aluno propor
que essa lei é a mais nova e a mais específica norma que versa sobre o assunto no
Brasil e que foi baseada, principalmente, no regulamento europeu.

Orientado o primeiro aluno, deve-se partir para o segundo. Assim como o colega, o
segundo aluno falhou em dizer que a LGPD não dispõe sobre o tratamento de
dados de crianças e de adolescentes, porque ela não só trata como possui um
capítulo específico sobre o tema, no art. 14, segundo o qual: “o tratamento de
dados pessoais de crianças e de adolescentes deverá ser realizado em seu melhor
interesse, nos termos deste artigo e da legislação pertinente” (BRASIL, 2018a, p.
61).

Sendo assim, você deverá orientar o discente a falar justamente o contrário, ou


seja, que a lei trata, sim, desse tema, e que, inclusive, há dispositivos específicos da
LGPD dedicados exclusivamente ao referido assunto.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
EXCLUSÃO NÃO REALIZADA

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Uma empresa do ramo de aluguel de equipamentos, chamada Cia dos


Equipamentos LTDA, exige que, antes de ser feita a locação de qualquer
equipamento, seja feito o cadastro do cliente. Para isso, os atendentes dessa
empresa recolhem diversas informações, como o número do Registro Geral (RG) e

0
do Cadastro de Pessoa Física (CPF), além do nome completo, do endereço, da

s e õ ç at o n a r e V
filiação, do número de celular, da idade e do estado civil.

Certo dia, um cliente antigo dessa empresa foi ao local, pois precisava de um
equipamento para realizar uma reforma em sua casa. A atendente o reconheceu e
entrou no seu cadastro, através do sistema, em seu computador, e verificou que
ele estava inadimplente. Em dúvida se poderia dar seguimento ao processo de
locação, ela chamou a gerente do estabelecimento, que, após alguns minutos,
constatou que não seria possível disponibilizar o equipamento se essa dívida em
aberto não fosse quitada.

Ao informar essa situação ao freguês, já impaciente pela demora, o cliente ficou


irritado e depois de uma calorosa discussão, decidiu quitar a dívida, mas também
solicitou que seu cadastro fosse excluído, porque nunca mais alugaria qualquer
ferramenta na Cia dos Equipamentos. 

Meses após a confusão, o pedreiro dele foi até a loja e solicitou outro equipamento
para a mesma obra. A atendente questionou se o equipamento seria no cadastro
do então cliente, como de costume; seguidamente, o pedreiro assentiu. Como
procedimento interno, a atendente ligou para o titular do cadastro afirmando que
seu pedreiro estava no local e que desejava retirar um equipamento para obra em
sua casa. O cliente disse à funcionária que o pedreiro havia se enganado. Na
verdade, ele deveria ir em outra empresa para alugar o equipamento. Todavia,
intrigado, questionou a atendente como ela havia descoberto seu número de
celular, ao que ela respondeu que essa e várias outras informações estavam
inseridas no sistema, mais especificamente em seu cadastro.

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O freguês, indignado porque a empresa não excluíra seus dados conforme


solicitado, busca você, especialista em Direito Cibernético, para dar um parecer
jurídico a essa situação.

0
Afinal, nesse caso, a empresa é obrigada a excluir os dados do cliente? Se sim, qual
dispositivo legal determina essa obrigatoriedade?

s e õ ç at o n a r e V
RESOLUÇÃO 

Diante do caso exposto, nota-se que a solicitação de exclusão de dados do


titular não foi respeitada pela empresa.

Para verificar se há ou não direito em face do titular, se há, mediante a isso,


obrigatoriedade da exclusão, deve-se lançar mão da lei mais recente e
específica sobre proteção de dados, a LGPD. 

Os direitos previstos na referida lei estão elencados, em sua maioria, entre os


arts. 17 e 22. Um deles, entre outros, é o direito à eliminação dos dados
pessoais (art. 18, VI). Logo, entende-se que, nesse contexto, a empresa deveria
ter excluído definitivamente as informações do cliente. Se não os excluísse,
estaria negando um direito previsto em lei, pois o cliente havia declarado a sua
vontade de que fossem excluídos. Além disso, não existia nenhuma finalidade
específica da empresa para se proteger em um processo judicial ou para
cumprir com uma obrigação expressa em lei que a permitisse permanecer com
sobreditos dados.

Sendo assim, a empresa é obrigada a excluir os dados do titular, nos termos do


art. 18, VI, da Lei nº 13.709/2018.

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DA SEGURANÇA E DO SIGILO DE DADOS

0
Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V
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PRATICAR PARA APRENDER


Olá, aluno! Estamos de volta para dar seguimento aos nossos estudos sobre a
LGPD, e o tema agora é a segurança e o sigilo de dados.

Você já tem, até o momento, uma compreensão bem razoável sobre os níveis de
interesse do Estado e do Direito na regulação do ciberespaço, com ênfase no
trânsito de dados e no seu tratamento por parte dos controladores e dos
operadores (agentes de tratamento). 

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19/05/2022 08:45 lddkls212_dir_cib_web

Mas, já parou para se perguntar como estão estruturadas as normas legais que
cuidam da segurança da informação nesses casos? Como será que as empresas,
por exemplo, devem agir para que deem o exato cumprimento à LGPD? 

0
Existe uma série de dispositivos legais que dizem respeito à maneira pela qual as
empresas, e até o Poder Público, devem se comportar em termos de observância

s e õ ç at o n a r e V
dos parâmetros de proteção de informações e dados que porventura passem por
seus contextos de operação. 

A posse de arquivos digitais tem a ver, assim, com a posse de dados e de


informações em geral, bem como aqueles dados tidos por sensíveis, que
demandam mecanismos de atenção redobrada, sobretudo quanto ao seu
armazenamento nos mais variados bancos de dados.

Sobre isso, a posse de arquivos digitais é tema que também investigaremos neste
contexto, com a finalidade de saber como ocorrem os processos de fiscalização, de
controle e de regulação de acordo com a abrangência da LGPD.

Por fim, falaremos sobre o chamado direito de arrependimento na Internet para


evidenciar como essa temática se relaciona com os novos fenômenos ligados ao
ciberespaço.

Um professor universitário ministrou uma aula sobre os impactos da tecnologia no


mundo jurídico para alunos de uma universidade em São Paulo. Ocorre que,
durante a aula, surgiram diversas dúvidas específicas sobre informação e
segurança da informação, as quais o professor, que não é um profundo
conhecedor da área, foi incapaz de responder.

Devido a esse empecilho e desejando sanar completamente a dúvida de seus


alunos, o professor convida você, especialista em Direito Cibernético, para realizar
uma palestra sobre o tema. 

O professor o deixa livre para abordar como queira o tema, mas coloca uma
condição: que sejam respondidas as dúvidas que, durante a aula, ele não havia
conseguido responder. São elas: 

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19/05/2022 08:45 lddkls212_dir_cib_web

•  O que é informação? 

•  Por que ela é objeto de estudo do Direito Cibernético? 

•  Qual o significado de segurança da informação? 

0
•  Ela é dever apenas do Estado ou também das empresas? 

s e õ ç at o n a r e V
•  Quais práticas uma empresa pode adotar para aumentar a segurança da
informação e qual a importância disso? 

•  Quais os dispositivos que a lei traz para auxiliar a empresa a manter segura a
informação? 

Durante os preparativos de sua palestra e muito atento às palavras do professor


que o convidou, você se recorda que não pode deixar de responder a essas
questões, por isso pretende iniciar explicando cada uma delas, para progredir
livremente no restante da palestra.

A fim de esclarecer, agora, as questões levantadas pelos alunos, escreva um texto


que aborde pontualmente todas essas dúvidas.

Estudemos com afinco para adquirir mais esse conhecimento. A LGPD se torna
cada vez mais atrativa para todos nós à medida que a analisamos mais de perto.
Vamos em frente e juntos!

Bons estudos!

CONCEITO-CHAVE
Quando você pensa no conceito de informação, o que vem à sua mente? Alguns
conceitos são tão automáticos no nosso cotidiano que fica até difícil de precisá-los
em palavras, não é mesmo? Isso acontece porque alguns deles são praticamente
autoexplicativos. Note, num primeiro momento, que a ideia de informação é de
interesse do Direito Cibernético porque, basicamente, há um elemento econômico
intrínseco aí.

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“Todo e qualquer tipo de informação adquire dimensão conceitual relevante na


medida em que conduz à personalização do indivíduo a quem faz referência”
(LIMA, 2020, p. 351). Isso se dá porque a informação é muito mais do que
simplesmente um conjunto de dados: é um conjunto de dados que possui valor, é

0
um verdadeiro recurso, um ativo, portanto, com relevância e significado para a

s e õ ç at o n a r e V
vida pessoal ou profissional (FONTES, 2001).

REFLITA

Como é possível dimensionar a extensão do dano patrimonial gerado a


partir de uma violação ao dever de proteção no tratamento de dados
pessoais?

Nesse quadro, em que é possível verificar que o conjunto de informações possui


valor, pois pode influenciar na tomada de decisões que afetam direitos
personalíssimos (como honra, imagem, privacidade, liberdade de expressão, etc.),
assim como direitos patrimoniais, é fundamental que você saiba a importância da
segurança da informação, como área destinada a operar o “conjunto de
orientações, normas, procedimentos, políticas e demais ações que tem por
objetivo proteger o recurso informação, possibilitando que o negócio da
organização seja realizado e a sua missão seja alcançada” (FONTES, 2001, p. 10).

Trata-se de temática muito mais afeta à seara empresarial e, assim, privada, do


que propriamente à seara pública quanto ao tratamento de dados efetuados pela
administração pública, embora, nesse último caso, seja possível pensar em
eventuais danos causados às pessoas quando há falha no armazenamento dos
dados. Assim, a tônica é o tratamento feito pelas empresas justamente pelo valor
econômico das informações, algo que não guarda pertinência com o campo de
interesse do Poder Público. 

Neste sentido:

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A segurança da informação existe para minimizar os riscos do negócio em relação à dependência do uso dos
recursos de informação para o funcionamento da organização. Sem a informação ou com uma incorreta, o


negócio pode ter perdas que comprometam o seu funcionamento e o retorno de investimento dos acionistas. 

— (FONTES, 2001, p. 10)

0
No Capítulo VII da LGPD (BRASIL, 2018), intitulado “Da Segurança e das Boas

s e õ ç at o n a r e V
Práticas”, no art. 46, consta que os agentes de tratamento de dados devem adotar
as medidas de segurança, de natureza técnica e administrativa, devidamente aptas
para a proteção dos dados pessoais de acessos não autorizados, bem como de
situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou
qualquer outra forma de tratamento inadequado ou ilícito. É um pilar fundamental
da LGPD, que traz, de imediato, inovações muito importantes no que se refere às
obrigações impostas àqueles agentes de tratamento. “O artigo 46, em especial,
trabalha com a exigência de medidas direcionadas à efetivação de controles
protetivos capazes de mitigar os riscos do tratamento de dados” (LIMA, 2020, p.
349).

Em primeiro lugar, exige a adoção de mecanismos de garantia da integridade, da


confidencialidade e da disponibilidade dos dados que estão em tratamento. 

Em segundo lugar, na eventualidade de vazamento de dados, que é caso de


incidente de segurança, há a obrigação de o controlador comunicar a autoridade
nacional e o titular sobre a ocorrência, principalmente quando possa causar risco
ou dano relevante. Essa comunicação deverá, ainda, ser feita em prazo razoável,
consoante definição pela autoridade nacional, devendo, no mínimo, mencionar: a
descrição da natureza dos dados afetados pelo incidente; as informações sobre os
titulares envolvidos; a indicação das medidas técnicas e de segurança utilizadas
para fins de proteção dos dados, respeitando os segredos comercial e industrial; os
riscos que se relacionam ao incidente de segurança; se a comunicação não tiver
acontecido de modo imediato, os respectivos motivos da demora; e as medidas
que estão sendo ou que serão adotadas para a reversão ou mitigação dos efeitos
do prejuízo. 

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Em terceiro lugar, ganha espaço a ideia de Privacy by Design, de sorte que as


medidas mencionadas acima devem ser observadas desde a fase de concepção do
produto ou do serviço até a sua execução (LIMA, 2020, p. 139).

0
Note que, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
“segurança da informação é a proteção dos vários tipos de ameaças para garantir a

s e õ ç at o n a r e V
continuidade do negócio, minimizar o risco, maximizar o retorno sobre os
investimentos e oportunidades” (TOMASEVICIUS FILHO, 2021, p. 120).


A segurança da informação é obtida a partir da implementação de um conjunto de controles, incluindo políticas,
processos, procedimentos, estruturas organizacionais e funções de software e hardware. Estes controles
precisam ser estabelecidos, implementados, monitorados, analisados criticamente e melhorados, onde
necessário, para garantir que os objetivos do negócio e de segurança da organização sejam atendidos. 

— (ABNT, 2002, s. p.])

A pessoa é a legítima titular dos dados que compõem a informação, a qual passa a
integrar sua esfera direta de interesses, sejam eles personalíssimos ou de cunho
patrimonial. Nesse contexto é que a segurança da informação passa a ser um
desdobramento “de um novo direito fundamental à proteção de dados pessoais”
(LIMA, 2020, p. 351). 

Note que a LGPD disciplina, em verdade, o tratamento de dados em nível geral,


isto é, não apenas os dados que constam em meios digitais, porém todos e
quaisquer tipos de dados pessoais. É o que se depreende da intelecção do art. 1º
da LGPD (BRASIL, 2018). Logo, a posse sobre arquivos digitais é apenas um dos
eixos estruturais sobre os quais recai a proteção da lei especial. 

Com efeito, já se pode observar uma tentativa de promover proteção de dados


desde os anos 1970, período no qual o Estado concentrava a maior
responsabilidade nessa seara à medida que detinha, em maior quantidade e
centralização, os dados das pessoas. Aliás, o caso da Alemanha pode ser
mencionado como o de um país que primeiro esboçou os itinerários de proteção
nessa temática (LIMA, 2020, p. 35).

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Perceba que: 


a obsessão e a capacidade de manter segredos têm direcionado o rumo de guerras, monarquias e influenciado
a vida em sociedade desde o Egito antigo. A ciência do sigilo vem transformando a forma com que percebemos

0
e garantimos a privacidade e a proteção dos dados.

—  (PECK, 2020, p. 175)

s e õ ç at o n a r e V
Quando pensamos em termos de direitos fundamentais, a proteção de dados
pode ser considerada, já nessa quadra histórica, como um direito fundamental
implícito (LIMA, 2020).

À medida que podemos considerar a proteção de dados como um legítimo direito


fundamental implícito, certo é que não apenas nas relações entre os cidadãos e o
Estado é que tal direito deverá ser observado e aplicado, mas também nas
relações intersubjetivas de natureza privada – sobretudo nestas, aliás –, é que o
referido direito fundamental possui incidência (eficácia) direta e imediata. Isso se
deve ao fato de que os direitos fundamentais não são aplicados apenas nas
relações verticais (entre cidadão e Estado), mas também o são nas relações
horizontais (entre particulares, pessoas naturais e jurídicas), principalmente por
meio dos contratos. A LGPD permite, assim, uma conformação prática da eficácia
horizontal dos direitos fundamentais, notadamente da proteção de dados, como
corolário da privacidade, da imagem, da honra, da liberdade e da dignidade. Isso
significa dizer que a LGPD coloca em prática os direitos fundamentais, porque
estabelece normas claras quanto à postura dos agentes de tratamento.

Nesse sentido, ganha destaque a temática das boas práticas de da governança,


que está umbilicalmente conectada à matéria da segurança da informação – afinal,
sem que exista uma política organizacional (no setor público ou no privado) em
conformidade com a LGPD (programas de compliance), não há que se falar num
sistema eficaz e coerente de segurança informacional. 

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Logo, de acordo com o art. 50 da LGPD (BRASIL, 2018), os controladores e


operadores, individualmente ou por intermédio de associações, poderão elaborar
regras de boas práticas e de governança com a finalidade de estabelecer condições
de organização, regimes de funcionamento, procedimentos (quanto a reclamações

0
e a petições de titulares), normas de segurança, padrões técnicos, obrigações de

s e õ ç at o n a r e V
cada um dos envolvidos, bem como ações de natureza educativa, mecanismos de
supervisão e de redução de riscos. Cada modalidade de tratamento de dados
demanda um arcabouço específico de regras de boas práticas, cuja elaboração
deverá levar em conta, portanto, a natureza, o escopo, a finalidade, a
probabilidade e a gravidade dos riscos e dos benefícios resultantes do tratamento
de dados.

À luz dos princípios da segurança e da prevenção, o controlador, especialmente,


observando a estrutura, a escala, o volume, a sensibilidade dos dados e a
probabilidade e a gravidade dos danos ao titular, poderá implantar programa de
governança em privacidade, o qual, segundo o art. 50, §2º, I da LGPD (BRASIL,
2018), deverá, no mínimo:

•  Demonstrar comprometimento do controlador quanto à adoção de políticas


internas que assegurem cumprimento às normas e boas práticas quanto à
proteção de dados.

•  Ser aplicado à totalidade do conjunto de dados pessoais em seu controle,


independentemente da forma da coleta.

•  Ser adaptado à estrutura, à escola e ao volume das operações realizadas,


atentando-se a eventual caráter sensível dos dados.

•  Estabelecer políticas e medidas de salvaguarda adequadas, lastreadas em


processos de avaliação sistemática de impactos e riscos à privacidade.

•  Estabelecer uma relação de confiança com o titular, pautada pela transparência,


com garantia de coparticipação dele.

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•  Integrar o programa de governança em privacidade à estrutura geral de


governança, com aplicação de mecanismos internos e externos de supervisão.

•  Munir o programa de governança em privacidade com planos de resposta a

0
incidentes e com remediação.

s e õ ç at o n a r e V
•  Promover constante atualização, com base em informações resultantes de
monitoramentos contínuos e avaliações periódicas. 

Prevê-se, ainda, que a autoridade nacional incentivará a adoção de padrões


técnicos que visem facilitar o controle pelos titulares dos seus dados pessoais.

ASSIMILE 

De acordo com a LGPD (BRASIL, 2018, p. 60), no art. 6º, VII, o princípio da
segurança consiste na “utilização de medidas técnicas e administrativas
aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de
situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação
ou difusão”. E o princípio da prevenção trata da “adoção de medidas para
prevenir a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados
pessoais”.

A LGPD indica que a autoridade nacional poderá fixar sanções de natureza


administrativa aos agentes de tratamento, em virtude do cometimento de
infrações previstas nessa lei. As sanções previstas no art. 52 da LGPD (BRASIL,
2018; BRASIL, 2019) são:

•  Advertência, com prazo para correção.

•  Multa simples de até 2% do faturamento da pessoa jurídica de direito privado,


limitada a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por infração.

•  Multa diária, observando-se os limites supracitados.

•  Publicização da infração após ter sido confirmada.

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•  Bloqueio de dados pessoais relacionados à infração até que ocorra sua


regularização.

•  Eliminação dos dados pessoais.

0
•  Suspensão parcial do funcionamento do banco de dados por até seis meses,

s e õ ç at o n a r e V
prorrogável por igual período até a regularização pelo controlador.

•  Suspensão do exercício da atividade de tratamento de dados por até 6 seis


meses, prorrogável por igual período.

•  Proibição parcial ou total do exercício de quaisquer atividades atinentes ao


tratamento de dados.

Toda sanção somente pode ser aplicada mediante a existência do devido processo
administrativo, garantindo-se aos envolvidos a ampla defesa e o contraditório, isto
é, plena oportunidade de defesa.

Vale ressaltar que as sanções administrativas serão aplicadas em conformidade


com alguns critérios, como: gravidade e natureza das infrações; boa-fé do infrator;
vantagem auferida ou pretendida; condição econômica do infrator; reincidência;
grau do dano causado; cooperação por parte do infrator; adoção de mecanismos
de prevenção de riscos e de políticas de boas práticas e de governança; adoção
célere de medidas de correção; e proporcionalidade existente entre a falta
cometida e a intensidade da sanção (BRASIL, 2018).

De qualquer maneira, como cediço, as sanções administrativas porventura


aplicadas não excluem as responsabilidades civis e penais existentes. Ademais,
saiba que o produto da arrecadação das multas será destinado ao Fundo de
Defesa e Direitos Difusos, instituído no art. 13 da Lei nº 7.347/1985 e na Lei nº
9.008/1995.

Para finalizar, vamos tratar do direito de arrependimento na Internet.

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Esse tema possui uma aderência inicial no domínio das relações consumeristas,
tuteladas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), Lei nº 8.078/1990. No
domínio da proteção contratual, o art. 49 do CDC prevê que o consumidor pode
desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar da sua assinatura ou do ato de

0
recebimento do produto ou do serviço, sempre que a contratação ocorrer fora do

s e õ ç at o n a r e V
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Ademais,
“se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os
valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o período de reflexão,
serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados” (BRASIL, 1990, [s. p.]).


À época da elaboração do CDC estava tornando-se usual a venda de produtos por telefone, porta a porta –
venda de livros e enciclopédias principalmente – e até mesmo em canais de televisão especializados no assunto
ou canais que dedicavam a programação da madrugada para isso (e.g. Shoptime). Neste contexto, foi inserida
no CDC a previsão contida no artigo 49, cujo objetivo é conferir ao consumidor o direito ao arrependimento
pela compra realizada. 

— (LONGHI, 2020, p. 415-416)

Porém, com o desenvolvimento das relações econômicas de consumo pela


Internet e com a consectária expansão do comércio eletrônico, o CDC já não
serviria para tutelar todas as situações possíveis em termos de incidência do
chamado direito ao arrependimento. 

Surge, assim, o Decreto nº 7.962/2013, que tem por finalidade regulamentar a Lei
nº 8.078/1990 (CDC) no que tange ao comércio eletrônico. Já no art. 1º, referido
decreto prevê a necessidade de se observar o respeito ao direito de
arrependimento. No art. 5º, indica-se que o fornecedor de produtos ou serviços
deve informar, de maneira clara e ostensiva, quais os meios adequados e eficazes
para que o consumidor possa exercer o direito de arrependimento. 

Nesse caso, note que o consumidor poderá exercer tal direito utilizando-se da
mesma ferramenta para a contratação, de modo que seu exercício efetivo importa
na rescisão dos contratos acessórios, sem qualquer ônus imputável a ele. Quanto à
comunicação, o fornecedor deverá informar, imediatamente, a instituição

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financeira ou a administradora do cartão de crédito ou similar, para que a


transação não seja lançada na fatura do consumidor; ou, se já realizado o
lançamento, que se proceda ao estorno. Uma vez que o consumidor haja
cientificado o fornecedor acerca do exercício do seu direito de arrependimento,

0
este deverá confirmar, também de modo imediato, o recebimento da

s e õ ç at o n a r e V
manifestação.

Perceba que “o direito ao arrependimento não impõe justificativas e pode ser


exercido independente da vontade do comerciante, podendo ser compreendido
como um direito potestativo, cuja escolha cabe apenas ao consumidor” (LONGHI,
2020, p. 420-421).

Por um lado, o exercício do direito de arrependimento se amolda perfeitamente


àquelas situações em que ocorre a chamada compra desinformada, isto é, quando,
por motivos vários, o consumidor acaba efetuando operação pela Internet,
adquirindo produtos ou serviços prestados fisicamente e que, no prazo assinalado
pela lei, vem a refletir com maior cautela e paciência a respeito. De outro lado,
note que não há que se falar em direito de arrependimento quando a compra de
um produto ou serviço é feita pela Internet e se trata de um bem digital,
consumido imediatamente.

EXEMPLIFICANDO 

Quando ocorre a compra de um item para um personagem de jogo on-line,


vindo, tal item, a ser inserido na configuração do avatar, não há que se falar
em direito de arrependimento, dado o consumo instantâneo do bem.

É com cautela, portanto, que deve ser visto o direito de arrepender-se. 

Com isso, finalizamos mais uma etapa do nosso aprendizado. Cada vez mais
conscientes da importância do Direito Cibernético, buscaremos avançar ainda
mais. Vamos em frente!

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FAÇA A VALER A PENA


Questão 1
Segurança da informação é o conjunto de orientações, normas, procedimentos,
políticas e demais ações que tem por objetivo proteger o recurso informação,

0
possibilitando que o negócio da organização seja realizado e que sua missão seja
alcançada.

s e õ ç at o n a r e V
Tomando como referência a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, e a segurança
da informação nas empresas, julgue as afirmativas a seguir como verdadeiras (V)
ou falsas (F).

(  ) O art. 46 da LGPD diz que os agentes de tratamento de dados devem adotar as
medidas de segurança, de natureza técnica e administrativa, devidamente aptas
para a proteção dos dados pessoais de acessos não autorizados.

(  ) A ANPD proíbe expressamente a utilização de sanções administrativas


relacionadas à proteção da informação nas empresas.

(  ) A LGPD deixa a empresa livre para adotar políticas internas que assegurem
cumprimento às normas e às boas práticas quanto à proteção de dados, desde
que observe alguns requisitos.

(  ) A sanção porventura aplicada só será permitida se houver a existência do


devido processo administrativo, garantindo-se aos envolvidos a ampla defesa e
contraditório.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

a.  V – F – F – V.

b.  V – V – V – F.

c.  F – V – V – F.

d.  V – F – V – V. 

e.  F – V – F – V.

Questão 2
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Informação é um bem que deve ser protegido, tendo em vista a sua capacidade de
influência na tomada de decisões e de seu impacto nos direitos personalíssimos.

0
Logo, pode-se dizer que informação é:

s e õ ç at o n a r e V
a.  Um conjunto de dados e de conhecimento de dados que possa constituir referências sobre um
determinado acontecimento, fato ou fenômeno.

b.  Fruto de observações documentadas ou resultantes de mediações; trata-se da matéria-prima dos dados.

c.  Qualquer tipo de acontecimento novo e relevante, que divulga uma novidade sobre algo. 

d.  Qualquer tipo de acontecimento passado e relevante, que divulga uma notícia interessante.

e.  Tudo aquilo que já aconteceu; algo cuja existência é inquestionável ou tudo aquilo que aconteceu por
ação do homem.

Questão 3

Com a popularização e o desenvolvimento da Internet e com a consequente


expansão do comércio eletrônico, entendeu-se que o CDC não estaria atendendo
mais a todas as situações possíveis no que diz respeito ao chamado direito ao
arrependimento, devendo ser revisto para incluir disposições que abarcassem
mais especificamente esse assunto (LONGHI, 2020, p. 417).

Com relação ao Direito de arrependimento, analise o excerto a seguir,


completando suas lacunas.

O direito ao arrependimento surgiu no Código __________ com a intenção primeira


de proteger o consumidor de uma compra __________. Porém, com a adesão de
novas tecnologias, foi necessária a __________ desse direito, principalmente, no que
dizia respeito à aquisição de produtos digitais. Ainda que haja polêmica
doutrinária, não se pode considerar tal direito como __________. 

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.

a.  de Defesa do Consumidor; desinformada; revisão; absoluto.

b.  Civil; informada; revisão; absoluto.


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; ; ;

c.  de Defesa do Consumidor; desinformada; potencialização; relativo.

d.  Civil; informada; potencialização; relativo.

e.  de Defesa do Consumidor; desinformada; revisão; relativo.

0
s e õ ç at o n a r e V
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e
documentação referenciais- elabração. Rio de Janeiro, 2002. 

BRASIL. Lei nº 13.853 de 8 de julho de 2019. Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto


de 2018, para dispor sobre a proteção de dados pessoais e para criar a Autoridade
Nacional de Proteção de Dados; e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 8 jul. 2019.

BRASIL. Decreto nº 7.962, de 15 de março de 2013. Regulamenta a Lei nº 8.078, de


11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico.
Diário Oficial da União: seção 1: Poder Executivo, Brasília, DF, ed. extra, p. 1, 15
mar. 2013.

BRASIL. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de


responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, p. 10649, 25 jul. 1985.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do


consumidor e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1: Poder
Legislativo, Brasília, DF, supl. p. 1, 12 set. 1990.

BRASIL. Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995. Cria, na estrutura organizacional do


Ministério da Justiça, o Conselho Federal de que trata o art. 13 da Lei nº 7.347, de
24 de julho de 1985, altera os arts. 4º, 39, 82, 91 e 98 da Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990, e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1:

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Poder Legislativo, Brasília, DF, p. 3885, 22 mar. 1995.

BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações


previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216
da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a

0
Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro

s e õ ç at o n a r e V
de 1991; e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1: Poder
Legislativo, Brasília, DF, ed. extra, p. 1, 18 nov. 2011.

BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,


direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Diário Oficial da União: seção
1: Poder Legislativo, Brasília, DF, p. 1, 24 abr. 2014.

BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados


pessoais e altera a Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da Internet).
Diário Oficial da União: seção 1: Poder Legislativo, Brasília, DF, ed. 157, p. 59, 15

ago. 2018.

BRASIL. Lei nº 13.853, de 8 de julho de 2019. Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto


de 2018, para dispor sobre a proteção de dados pessoais e para criar a Autoridade
Nacional de Proteção de Dados; e dá outras providências. Diário Oficial da União:
seção 1: Poder Legislativo, Brasília, DF, ed. 246, p. 1, 20 dez. 2019.

FONTES, Edilson. Segurança da Informação. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.


Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3AshY3Q.
Acesso em: 05 ago. 2021. 

LIMA, Cíntia Rosa Pereira de; et al. Comentários à Lei Geral de Proteção de
Dados. São Paulo: Grupo Almedina, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha
Biblioteca. No link: https://bit.ly/3fRzpmt. Acesso em 05 ago. 2021.

LONGHI, Maria Isabel Carvalho Sica; et al. Direito e Novas Tecnologias. São Paulo:
Grupo Almedina, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3iAWImp. Acesso em: 05 ago. 2021.

PINHEIRO Patrícia Peck Segurança Digital: Proteção de Dados nas Empresas São
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 16/17
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PINHEIRO, Patrícia. Peck. Segurança Digital: Proteção de Dados nas Empresas. São
Paulo: Grupo GEN, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3Aukjvb. Acesso em: 05 ago. 2021.

TOMASEVICIUS FILHO, Eduardo. A Lei Geral de Proteção de Dados Brasileira. São

0
Paulo: Grupo Almedina, 2021. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No

s e õ ç at o n a r e V
link: https://bit.ly/2VFe8Wc. Acesso em: 05 ago. 2021.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


DA SEGURANÇA E DO SIGILO DE DADOS

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Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V
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SEM MEDO DE ERRAR


Pode-se dizer que informação é a reunião ou o conjunto de dados e de
conhecimentos organizados, que tem a capacidade de constituir referências sobre
determinado acontecimento, fato ou fenômeno.

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Contudo, vale ressaltar que ela não se trata apenas de um conjunto de dados que
possui um valor; é também um recurso, um ativo, que pode vir a influenciar a
tomada de decisões e a afetar direitos personalíssimos. E são justamente essas
últimas características que a tornam objeto de estudo do Direito Cibernético.

0
É devido a essa capacidade de influenciar decisões e de afetar direitos

s e õ ç at o n a r e V
personalíssimos que se torna essencial propor a segurança da informação, isto é,
uma área destinada a operar conjuntos de orientações, normas, procedimentos,
políticas e demais ações que tem por objetivo proteger o recurso informação,
possibilitando que o negócio da organização seja realizado e que sua missão seja
alcançada.

Antigamente, a segurança da informação, principalmente no tocante à proteção de


dados pessoais, era responsabilidade apenas do Estado, pois este detinha o
monopólio do tratamento de dados.

No entanto, com o passar dos anos, o desenvolvimento econômico e a globalização


quebraram esse monopólio, fazendo com que não só o Estado, mas também as
empresas, que agora se tornavam operadoras de dados, tivessem por dever a
segurança da informação. 

Para fazer valer essa segurança nas relações intersubjetivas de natureza privada,
as empresas podem se utilizar da temática das boas práticas e da governança. Esta
consiste em elaborar condições de organização, de regimes de funcionamento, de
procedimentos, de normas de segurança e de padrões técnicos, bem como de
ações de natureza educativa para reduzir falhas na segurança.

Pode-se dizer que a aplicação dessa estratégia é de suma importância para


impedir, primeiramente, prejuízos econômicos à empresa, uma vez que, se dados
pessoais de titulares forem vazados, ela responderá administrativa, penal e
civilmente, além de ser elemento que reafirma a eficácia dos direitos fundamentais
do titular.

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Interessado em manter esses direitos fundamentais protegidos, o Estado, por meio


da lei, mais especificamente da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), prevê o
que esse compliance, minimamente, deve conter. Além disso, prevê o incentivo
quanto à adoção dessas medidas e legitima sanções administrativas para que

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sejam respeitadas definitivamente.

s e õ ç at o n a r e V
AVANÇANDO NA PRÁTICA
DIREITO DE ARREPENDIMENTO
Um deputado federal, durante seu mandato, decide propor um projeto de lei que
altere alguns dispositivos do Código do Consumidor, sobretudo no que diz respeito
ao direito de arrependimento.

Eleito recentemente, o político tem como base eleitoral muitos empresários, dos
mais diversos ramos, que sempre reivindicam alteração desse direito. 

Segundo o deputado, os empresários alegam que muitas vezes o cliente adquire o


produto na Internet, conhecendo suas propriedades, faz uso dele e mesmo assim
decide devolvê-lo, abusando do direito. 

Tal prática é extremamente prejudicial ao grupo, porque torna-se obrigatório arcar


não só com a restituição do valor pago, mas também com os custos para realizar a
devolução do produto adquirido pelo cliente arrependido. Sem contar, que, muitas
vezes, esses produtos perdem valor de mercado, prejudicando ainda mais o
empresário. 

A fim de conhecer mais sobre o assunto, o deputado decide marcar uma reunião
com você, autoridade em Direito Cibernético, para sanar algumas dúvidas.

Afinal, qual a origem desse direito? Quais as suas intenções primárias? A


aplicabilidade do direito ao arrependimento é a mesma em produtos físicos e
digitais? Ele é ou não um direito absoluto? 

Agora, para auxiliar o deputado a entender mais sobre o assunto, você deve
elaborar um parecer que aborde todas essas questões.

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RESOLUÇÃO 

O direito de arrependimento tem sua origem vinculada à época da elaboração


do Código de Defesa do Consumidor. No contexto de sua criação, vendas pelo

0
telefone ou até mesmo por canais de televisão estavam se tornando cada vez
mais usuais. Foi nesse momento que o direito de arrependimento foi inserido

s e õ ç at o n a r e V
no art. 49 daquela norma, com o objetivo de conferir ao consumidor o direito
de se arrepender de uma compra realizada.

A intenção primária desse direito é a de dar a possibilidade ao consumidor,


que fez a compra fora do estabelecimento comercial e, portanto, que foi
incapaz de averiguar as qualidades do produto precisamente ou de obter
informações como tamanho e textura de modo certo, de se proteger de uma
compra desinformada.

Tendo em vista sua intenção primária, nota-se que nem todos os produtos são
passíveis de estarem conformados com esse direito. Um exemplo disso são os
produtos digitais.

Diferentemente de uma roupa, cujo tamanho e cuja textura não podem ser
distinguidos com exatidão, tornando razoável a possibilidade de aplicação de
tal direito, produtos digitais, consumidos digitalmente, como audiolivros, não
detêm qualidade certa por natureza. Portanto, fica evidente a inaplicabilidade
do direito de arrependimento nesses casos. 

Apesar da tentativa de defender o consumidor de uma compra desinformada,


o direito de arrependimento não deve ser tido como absoluto. Um dos motivos
para essa afirmação é a inaplicabilidade, já exposta, desse direito a produtos
digitais. Sendo assim, aplicar o direito de arrependimento a qualquer compra,
sem observar a intenção da lei e a proporcionalidade, configura abuso de
direito.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

MARCO CIVIL DA INTERNET E HERANÇA DIGITAL

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Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V
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PRATICAR PARA APRENDER


Olá, aluno!

A partir de agora vamos nos dedicar ao estudo de importantes disposições legais


constantes do chamado Marco Civil da Internet.

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Com isso, teremos a possibilidade de compreender quais os institutos mais


interessantes no que se refere à regulação da Internet no Brasil, sobretudo com a
finalidade de conhecer alguns dos principais direitos e garantias dos usuários do
ciberespaço.

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Não deixaremos de lado comentários pontuais, porém muito relevantes, acerca da

s e õ ç at o n a r e V
responsabilidade dos provedores de Internet, assim como dos deveres e das
obrigações que permeiam as relações com eles.

Nesse itinerário, será alvo de nossas investigações a questão da herança digital


quanto aos bens digitais de variadas espécies. Afinal de contas, à medida que
existe interesse econômico e jurídico por esses bens, em quais situações ocorre ou
pode ocorrer a transmissão deles?

Em seguida, faremos uma análise histórica e conceitual da Internet, destacando


alguns aspectos técnicos, inclusive, à luz do Marco Civil, a questão da neutralidade
da rede em consonância com a ideia de liberdade de mercado e os direitos e
garantias previstos na legislação.

Por fim, a conclusão deverá apontar para os desafios que tais questões trazem,
não apenas para o Direito Cibernético em si, mas também, em igual ou maior
medida, para a sociedade, de forma a revelar impactos significativos no campo das
relações sociais contemporâneas.

O celular toca e, ao atender, você identifica que se trata de Tício, um velho amigo e
antigo colega de turma da universidade de Direito. Depois de alguns minutos de
conversa e das formalidades de todo início de diálogo, ele, sabendo da sua
condição de especialista em Direito Cibernético, solicita um auxílio para um caso
judicial em que atua como advogado.

O cliente dele, chamado Semprônio, deseja mover uma ação contra uma empresa
provedora de Internet. Segundo os registros telefônicos, ele havia ligado cerca de
dez vezes de seu celular móvel em dias e horários diferentes e outras seis durante
o horário de funcionamento da empresa (disponível em suas redes sociais), por

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meio de seu telefone residencial, solicitando a vinda de um técnico em sua


residência, pois sua Internet, mais precisamente o aparelho provedor – modem –
não estava funcionando corretamente (supostamente devido às oscilações de
energia em sua rua naquela semana).

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Cumpre ressaltar que, apesar de terem sido atendidas todas as ligações e de terem

s e õ ç at o n a r e V
sido agendados diversos horários para a ida do técnico, nenhum compareceu ao
local nas datas e horários combinados.

No entanto, o vizinho de Semprônio, Mévio, que teve um problema semelhante


com o modem, ligou na empresa apenas uma vez e conseguiu agendar a visita do
técnico para horas depois, no mesmo dia. Ocorre que Semprônio é humilde e
despossuído de muitos bens materiais, motivo pelo qual seu plano de assinatura é
de poucos megabytes – unidade de medida utilizada para medir a velocidade da
Internet – enquanto seu vizinho, Mévio, é sujeito afortunado, que possui o melhor
plano de serviço que a provedora oferece.

Após o relato do caso, Tício questionou se havia alguma nomenclatura que


conceituasse especificamente tal prática e ainda se há algum dispositivo legal que
seria útil conhecer ou citar. Em seguida você pede e anota o e-mail de seu amigo e
diz que lhe enviará um texto respondendo às suas perguntas.

Agora, você deve escrever um texto que responda às dúvidas de Tício sobre o caso
de Semprônio. Afinal, privilegiar o atendimento de clientes que tenham um plano
de Internet melhor é ferir também algum princípio? Qual conceito existe para se
referir a tal prática? Existe algum dispositivo legal que disciplina algo sobre esse
ocorrido?

Vamos juntos em mais esta etapa! Bons estudos! 

CONCEITO-CHAVE
Entender a dinâmica do Direito Cibernético implica explicitar as principais normas
que lhe dizem respeito. Nesse quadro, o Marco Civil da Internet, Lei nº
12.965/2014, é legislação de fundamental importância por estabelecer princípios,
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garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. “O Marco Civil é uma
legislação cujo objetivo precípuo é o de regular as relações sociais entre os
usuários de Internet” (GONÇALVES, 2016, p. 7).

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O Marco Civil da Internet, do ponto de vista histórico, surgiu como uma alternativa
à então chamada "Lei Azeredo", um projeto de lei que tinha como finalidade

s e õ ç at o n a r e V
propor uma legislação ampla, na esfera criminal, para regular a Internet. Com
efeito, essa intenção puramente criminal não foi seguida pelo Brasil (LEITE; LEMOS,
2014).

Na verdade, ao invés de a legislação brasileira tratar da Internet sob o aspecto


criminal, acabou por seguir a tendência internacional, conforme adoção por outros
países, no sentido de, em primeiro lugar buscar a construção de direitos civis. "Em
vez de repressão e punição, a criação de uma moldura de direitos e liberdades
civis, que traduzisse os princípios fundamentais da Constituição Federal para o
território da Internet” (LEITE; LEMOS, 2014, p. 4).

Logo, em 23 de abril de 2014, foi aprovado o Marco Civil da Internet Brasileira, cuja
lei foi sancionada pela então Presidente da República, Dilma Roussef, durante a
Conferência NETMundial, ocorrida em São Paulo (JESUS, 2014). Interessante notar a
forma pela qual referida lei fora aprovada.


Iniciado em 2009 por meio de uma consulta pública de duas fases, em 2011 ingressou no Congresso Nacional
por meio do PL n. 2.126/2011, de iniciativa do Poder Executivo. Trata-se da primeira lei criada de forma
colaborativa entre sociedade e governo, com utilização da Internet como plataforma de debate.

—  (JESUS, 2014, p. 15)

Trata-se, no íntimo, de uma legislação que repete muitos institutos constitucionais


e, para alguns, isso ocorreu "sem contextualizá-los a uma ideia do que seria essa
construção do ser humano no século XXI” (GONÇALVES, 2016, p. 7). Na verdade, a
crítica é bastante válida e acaba por fazer sentido quando se pensa que não basta
a existência de legislações, por mais avançadas que sejam, para modificar a
maneira pela qual a sociedade lida com determinados fenômenos. Logo: “Não

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adianta existir uma normativa, que visa regulamentar as relações sociais na


Internet, sem que ela faça sentido para aqueles que são atingidos por ela. Torna-se
letra morta” (GONÇALVES, 2016, p. 7).

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No caso da Internet, isso é ainda mais evidente à medida que os fenômenos que
ocorrem no ciberespaço, devido ao alto dinamismo, acabam por criar uma

s e õ ç at o n a r e V
pluralidade imensa de situações, modificando até mesmo o perfil cultural, seja
para aumentar os problemas, seja para vislumbrar oportunidades.

O crescimento vertiginoso da Internet em nível global é um dos aspectos que se


pode assinalar como de maior interesse quando o assunto do ciberespaço está
colocado para debate. Ainda nos anos 80 do século XX, a Internet consistia,
basicamente, em um projeto de pesquisa que envolvia alguns sites ainda em
construção.

Nos dias atuais, nota-se o seu real desenvolvimento, tendo se tornado um sistema
complexo e bastante avançado de comunicação, com alta produtividade e com a
capacidade de alcançar, em pouquíssimos instantes, milhões de pessoas ao redor
do mundo. Aliás, "muitos usuários já têm acesso à Internet de alta velocidade por
meio das conexões a cabo (cable modem), DSL, fibra óptica e tecnologias sem fio”
(COMER, 2001, p. 3).

Por outro lado, esse crescimento acaba por trazer alguns problemas, que são
vários, como já se pode imaginar, e que, inclusive, repercutem na esfera criminal.
Contudo, a tônica necessária para esse ponto é quanto ao potencial que a Internet
tem de violar direitos e garantias fundamentais. 

Afinal de contas, embora haja uma legislação avançada quanto à proteção de


dados, ainda há muita incerteza quanto àquilo que transita nas redes, do que é
inevitável voltar ao comentário sobre a necessidade de haver uma mudança de
postura por parte dos agentes sociais, estatais e empresariais, bem como quanto
aos cidadãos, que interagem no ciberespaço.

Para Peck (2016, p. 57):

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Este sentimento de que se fazendo leis a sociedade se sente mais segura termina por provocar verdadeiras
distorções jurídicas, [...]. O Direito é responsável pelo equilíbrio da relação comportamento-poder, que só pode


ser feita com a adequada interpretação da realidade social, criando normas que garantam a segurança das
expectativas mediante sua eficácia e aceitabilidade, que compreendam e incorporem a mudança por meio de
uma estrutura flexível que possa sustentá-la no tempo. Esta transformação nos leva ao Direito Digital.

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Talvez a tendência seja a de, progressivamente, com o aumento da regulação, e,

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consequentemente, da fiscalização e da punição, vislumbrar um horizonte de
maior segurança para os usuários. Com efeito, a obediência de direitos e de
garantias fundamentais é algo extremamente sensível e não apenas para os
usuários em si, mas também para o próprio Estado, como primeiro ator que acaba
retendo a maior quantidade de dados e informações sobre as pessoas, por
exemplo.

Nesse contexto, até mesmo a vigilância agressiva entre diferentes países, muitas
vezes como técnicas de espionagem, acabam por revelar outra instância que
merece a preocupação do jurista contemporâneo.

A partir dessa reflexão, note que:


quando o escândalo provocado pelas revelações de Edward Snowden repercutiu no Brasil, o tema tornou-se
rapidamente uma questão de governo. Era preciso reagir – e rápido [...] Naquele momento, a proposta mais
séria e completa de reação do Estado brasileiro consistia no Marco Civil da Internet, projeto de lei que se
encontrava então pendente de análise – para não dizer meramente engavetado – na Câmara dos Deputados
havia quase dois anos. 

— (LEITE; LEMOS, 2014, p. 3)

E, no Brasil, não existia lei específica que cuidasse de alguma regulação acerca dos
provedores de acesso, por exemplo, assim como em relação às aplicações da
Internet e dos direitos dos usuários. As questões que eram submetidas ao
Judiciário não podiam reclamar uma normatização específica – o que seria mais
adequado –, senão por intermédio dos direitos que usualmente se mostram como
conexos, geralmente no campo indenizatório do direito civil e do direito do
consumidor.

ASSIMILE

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O Marco Civil da Internet reúne os direitos e as garantias fundamentais dos


usuários da Internet e fixa responsabilidades, deveres e obrigações dos
provedores de Internet, além de outras providências específicas.

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As reivindicações, por conseguinte, trouxeram apenas os temas da legislação

s e õ ç at o n a r e V
privada em geral e, meramente de maneira indireta, a repercussão em termos de
direitos e de garantias fundamentais, como aqueles que se encontram na
Constituição Federal de 1988. Faltava, portanto, uma lei mais adequada,
determinada, específica, que traduzisse os direitos e as garantias individuais e
coletivas, como a dignidade, a privacidade, a intimidade, a honra, a imagem, a
propriedade industrial, a liberdade de empresa, de iniciativa e de concorrência, no
horizonte de sentido do ciberespaço.

Desse modo, "questões submetidas ao Judiciário comumente apresentavam


decisões contraditórias e eram julgadas com base na aplicação do Código Civil
Brasileiro, Código de Defesa do Consumidor e outras legislações existentes” (JESUS,
2014, p. 18). 

Certamente, a Constituição Federal consubstancia a norma máxima no interior do


ordenamento jurídico brasileiro à medida que consagra um amplo leque de
direitos e de garantias fundamentais, como verdadeira proteção da pessoa
humana, cujo fundamento, já por nós sabido, é a dignidade.

O debate sobre a prevalência dos direitos fundamentais no meio das relações


virtuais é tema dos mais complexos, sobretudo no que se refere à tutela da
liberdade de expressão, por exemplo. Em relação à liberdade de expressão,
devemos considerar a limitação trazida pela própria Constituição da República de
1988, que assegura ser “livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato” (BRASIL, 1988, p. 1). A vedação aos discursos de ódio deve ser motivo
de lembrança em nosso estudo, de sorte que não se tolera, diante do equilíbrio e
da proporcionalidade no gozo dos direitos, que o ódio ao outro conviva com a
manifestação lícita da expressão do pensamento. Então, não se admitem discursos

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discriminatórios, com origem em segregação de raça, origem, sexo, idade, etc.,


tampouco quaisquer manifestações depreciativas. O âmbito virtual é nada mais
que a extensão da sociedade constitucional e democrática, aplicando-se-lhe os
mesmos padrões valorativos e jurídicos. 

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O Marco Civil da Internet, seguindo essa linha, estabelece princípios, garantias,

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direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil e determina as diretrizes para
atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em relação à
matéria.

ATENÇÃO

Assim como a sociedade em geral, o mercado de trabalho também está


passando por profundas transformações em razão da economia digital. A
Reforma Trabalhista, promovida pela Lei nº 13.467/2017, previu o chamado
teletrabalho, que, segundo o art. 75-B da Consolidação das Leis do
Trabalho, consiste na prestação de serviços preponderantemente fora das
dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de
informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam
como trabalho externo. Frise-se que a prestação de serviços na modalidade
de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de
trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo
empregado. Ainda é preciso melhor regulamentação na questão do
controle dos intervalos, bem como horas-extras e saúde laboral, para que o
teletrabalho não sirva de mecanismo de sobre-exploração do trabalho
assalariado. Certamente, representa desafio para o direito contemporâneo
essa justa conformação.

Em verdade, são vários os fundamentos relativos à regulação do uso da Internet no


Brasil. De um modo geral, a liberdade de expressão consiste no principal deles,
porque é a partir dela que se erige a sistemática do Marco Civil. Ademais, pode-se
mencionar a ideia de que se reconhece o caráter mundial da rede como algo

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interconectado do ponto de vista global. Com efeito, o referido marco regulatório


também se presta a valorizar os direitos humanos, o desenvolvimento da
personalidade, o adequado exercício da soberania nos meios digitais, o respeito à
diversidade e à pluralidade, além da defesa do consumidor. 

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No que se refere aos provedores, estes devem efetivar a guarda e, quando

s e õ ç at o n a r e V
necessário, a disponibilização dos registros de conexão e de acesso às aplicações,
especialmente de dados pessoais e de comunicações de origem privada (como
uma antecipação à regulação promovida pela Lei Geral de Proteção de Dados),
sempre com o objetivo de preservar a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das partes porventura envolvidas, direta ou indiretamente. 

Além disso, os provedores responsáveis pela guarda somente serão obrigados a


disponibilizar os mencionados registros a partir de ordem judicial, ressalvados
aqueles casos em que autoridades administrativas com finalidades bem definidas
poderão acessá-los sempre, no entanto, com respaldo em lei.

Medidas e procedimentos tomados com fundamento no dever de segurança e de


sigilo devem ser informados aos usuários de maneira clara, respeitando-se a
confidencialidade quanto aos segredos de ordem empresarial. Os provedores
deverão manter os registros de conexão pelo prazo de um ano, sendo vedada a
transmissão dessa incumbência a terceiros. Vale lembrar que a autoridade policial,
a administrativa ou o Ministério Público poderão requerer que tais registros sejam
armazenados por prazo superior àquele previsto.

Interessante perceber, à luz da legislação, que o provedor de Internet não será


civilmente responsabilizado por danos decorrentes de conteúdo que haja sido
gerado por terceiros. Essa responsabilização somente ocorrerá se, após específica
ordem judicial, o provedor não tomar as providências para tornar indisponível o
conteúdo apontado como ilícito ou infringente. Para tanto, a ordem judicial deverá
conter, de modo claro e específico, o que deverá ser removido da Internet, a fim de
permitir a localização precisa do material.

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Nesse sentido, o provedor, sempre que tiver acesso às informações de contato do


usuário diretamente responsável pelo conteúdo questionado, deverá efetuar a
comunicação quanto aos motivos e aos detalhes sobre a ordem de
indisponibilização do conteúdo. Uma vez recebida a comunicação por parte do

0
usuário, expressando sua vontade em tornar determinado conteúdo indisponível,

s e õ ç at o n a r e V
o provedor substituirá referido conteúdo, informando a motivação. Essa mesma
lógica se aplica para quando a obrigação de tornar conteúdo indisponível originar-
se de ordem judicial.

Perceba que o provedor o qual, predominantemente, disponibiliza conteúdo


gerado por terceiros será responsabilizado de modo subsidiário em virtude da
eventual violação da intimidade resultante da divulgação, sem autorização dos
respectivos participantes, de imagens, vídeos ou outros materiais que contenham
cenas de nudez ou de atos sexuais privados, quando, após ter sido notificado para
a retirada do conteúdo, deixar de promover as diligências necessárias no sentido
de retirar do ar o conteúdo violador. A notificação por parte dos interessados
deverá ser redigida com bastante clareza, a fim de permitir que o provedor
identifique rapidamente e com assertividade o conteúdo que deverá ser excluído.
Note que a responsabilidade subsidiária se dá apenas quando o provedor deixa de
fazer o que deveria. Por esse motivo é que sua responsabilidade nesse caso não é
direta, porquanto dependente do elemento omissivo (nada fez quando deveria, em
se tratando de violação a partir da divulgação de imagens de nudez ou de cenas de
caráter sexual).

Nesse contexto, três outros tipos de responsabilidade dos provedores podem ser
mencionados, porque possuem alto impacto prático: o caching, o hosting e o
linking.

O caching é o mecanismo de armazenamento disponível nos navegadores de


Internet, que cria um diretório onde permanecem os endereços de sites mais
visitados; tal armazenamento também pode se dar nos servidores dos provedores.

https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 10/21
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Se o usuário carrega uma página pensando ser a mais atual, mas, ao revés, é
versão desatualizada, a empresa que a manteve poderá ser responsabilizada pelos
danos causados ao usuário.

0
Hosting diz respeito aos provedores de hospedagem. Via de regra, eles não são
responsáveis pelos conteúdos, exceto se, ao serem notificados devidamente no

s e õ ç at o n a r e V
caso de divulgação de cenas de nudez ou de atos sexuais sem autorização dos
envolvidos, não promoverem a indisponibilidade dos conteúdos. Eles responderão
também pelos danos causados se descumprirem ordem judicial específica em
outros casos. 

Já a prática do linking diz respeito ao fato de o provedor vincular uma página a


outra por meio de um único clique. Torna-se problemático quando se utiliza tal
prática para vincular conteúdo ilícito. Um site, inicialmente, somente poderia ser
responsabilizado pelo link que hospeda (esse, com conteúdo ilícito) depois de
regularmente notificado e nada fazer. Trata-se de responsabilidade subsidiária,
conforme a regra já vista, constante do art. 19 e 21 do Marco Civil da Internet.

REFLITA

Além dos direitos especificamente previstos no Marco Civil, quais outros


argumentos poderiam ser utilizados para combater as práticas de caching,
hosting e linking?

Há também – digna de menção – a responsabilidade pelos metatags, que são


códigos de programação cuja função é indicar o assunto tratado no site, de modo a
facilitar a catalogação por mecanismos de busca, como o Google. O problema é
quando há inserção de palavras que fazem referência a produtos ou a serviços de
concorrentes ou de alguma marca já registrada. Também poderá ocorrer punição
via responsabilidade civil em virtude dos eventuais danos causados, decorrentes
dessa prática. 

https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 11/21
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Perceba que os motores de busca podem ser enquadrados como provedores de


conteúdo ou de hospedagem. Eles não possuem responsabilidade pelo conteúdo
divulgado por terceiros meramente hospedados, tampouco têm a incumbência de
monitorar tais conteúdos sob pena de censura prévia, que é violação à liberdade

0
de expressão.

s e õ ç at o n a r e V
EXEMPLIFICANDO 

Imagine que um casal de namorados chegou ao fim do relacionamento.


Enquanto estavam juntos, tinham o costume de enviar, um para o outro,
fotos sensuais. No término, um deles divulgou para amigos algumas fotos
de nudez, por meio de aplicativos de comunicação e por meio de uma rede
social. Nessa situação, inicialmente, deve ser feita uma notificação aos
provedores para efeito de tornarem indisponíveis os conteúdos
imediatamente, à luz do art. 21 do Marco Civil da Internet. Caso os
provedores nada façam, poderão ser responsabilizados subsidiariamente
pelos danos causados.

Especificamente, quando nos deparamos com a noção de Internet, na verdade, é


preciso ter em mente que a melhor conceituação seria a de tecnologias de
informação e comunicação. "Internet é um nome localizado no espaço e tempo
restritos que pode, dentro em breve, ser ultrapassado por outras nomenclaturas
melhores e mais atualizadas” (GONÇALVES, 2016, p. 2).

Com efeito, a informática nasce da vontade de beneficiar e auxiliar a humanidade


no âmbito das suas atividades cotidianas, facilitando seu trabalho, sua vida, seus
estudos, seu conhecimento do mundo. Diz-se que “a informática é a ciência que
estuda o tratamento automático e racional da informação” (KANAAN, 1998, p. 23-
31).

Assim: 

https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 12/21
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entre as funções da informática há o desenvolvimento de novas máquinas, a criação de novos métodos de
trabalho, a construção de aplicações automáticas e a melhoria dos métodos e aplicações existentes. O


elemento físico que permite o tratamento de dados e o alcance de informação é o computador.

—  (KANAAN, 1998, p. 31)

0
A Internet surge nos anos 1960, no auge da Guerra Fria, nos Estados Unidos – é

s e õ ç at o n a r e V
sabido que possuía fins militares inicialmente. Depois, passou a ser utilizada para
fins civis (PECK, 2016). O microprocessador viria nos anos 1970, operando, ainda,
grande revolução computacional. Após alguns anos, na década de 1990, houve
enorme expansão da Internet, desde o e-mail até o acesso a banco de dados e a
informações disponíveis na World Wide Web (WWW), que é o seu espaço
multimídia (PECK, 2016).

No que se refere ao tema da herança digital, é necessário lembrar que esse termo
compreende uma universalidade de bens e direitos deixados por quem faleceu aos
seus herdeiros (TEIXEIRA, 2020; LONGHI, 2020). 

Logo, os bens digitais, à medida que são ativos, isto é, dotados de importância
jurídica e, potencialmente, econômica, podem ser transmitidos por atos entre vivos
(inter vivos) ou quando ocorre o falecimento do titular (mortis causa).

Assim:


se os bens digitais consistirem em registros e arquivos eletrônicos de segredos empresariais/industriais,
informações de patentes de invenção, vídeos, livros, músicas, fotos etc. estes podem ser objeto de transferência
por ato inter vivos ou causa mortis, sendo que, apesar de não haver previsão expressão, na lei sobre a herança
de bens digitais, nos parece que quando estes bens têm cunho patrimonial nossa legislação é relativamente
suficiente para tutelar o assunto [...] Entretanto, quanto a registros e arquivos que não tenham conotação
patrimonial, como contas de mensagens trocadas (e-mails, MSN, WhatsApp), bônus em jogos (que não possam
ser convertidos em dinheiro), imagens e fotos (sem apelo comercial), entre outros, a questão ganha maior
complexidade. 

— (TEIXEIRA, 2020, p. 37)

Logo, é crível se falar numa verdadeira herança digital. Os ativos transmitem-se


com o falecimento, como já apontado. Ainda que não seja possível identificar uma
disciplina específica, essa modalidade decorreria do princípio geral do direito

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sucessório; quanto à universalidade de bens e direitos do de cujus (falecido),


transmite-se aos seus herdeiros. Isso é bastante crível até mesmo porque os
herdeiros podem defender direitos personalíssimos do de cujus (como a honra, o
nome, a imagem, etc.), de sorte que pode ser caso de se promover tal

0
defesa mediante a utilização de mecanismos protetivos disponibilizados pela

s e õ ç at o n a r e V
legislação regulatória do uso da Internet no Brasil. 

Afinal, não seria interesse dos herdeiros acessar as contas de e-mail e redes sociais
do de cujus tanto para tomar conhecimento dos direitos e deveres assumidos pelo
falecido quanto para postular eventuais medidas contra violações a direitos de sua
personalidade? Claro que sim! Hoje em dia, muitas redes sociais já preveem essa
modalidade (como o Facebook), quando, ainda em vida, a pessoa escolhe quem
terá acesso às suas informações virtuais naquela rede, na hipótese de vir a falecer.

Em todo caso, se não existir tal previsão pela própria rede ou provedor de Internet,
uma simples decisão judicial terá a capacidade de assegurar referido direito.

Por outra via, não se pode desconsiderar a possiblidade de transacionar, em vida,


os bens digitais. Isso já acontece, por exemplo, com as criptomoedas. Respeitados
os direitos fundamentais, em sua eficácia direta nas relações privadas, é possível
pensar em contratos atípicos que tenham por objeto outros bens sociais, como as
redes sociais e milhas aéreas. Isso já acontece, aliás. Músicas, livros digitais, nesse
contexto, são diariamente negociados nas redes sociais, sempre com respeito aos
direitos de propriedade intelectual e autoral. 

Nesse passo, deve-se compreender, ainda, a noção da neutralidade da rede. Por


esse princípio, todas as informações que trafegam na Internet devem ter o mesmo
regime, para que haja tratamento igualitário de informações, garantindo-se a
democracia on-line. Isso gera demandas, principalmente em aplicações que
utilizam muita banda, como peer-to-peer (P2P) e VOIP (voice over Internet protocol
ou voz sobre IP, telefonia via Internet).

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O legislador buscou evitar a prática de traffic shaping (modelagem de tráfego), pela


qual provedores de acesso impõem limitações à utilização da banda. Aliás, “o art.
9º é considerado por muitos especialistas o mais importante do Marco Civil, e está
inserido na Seção I do Capítulo III, que trata da Neutralidade da Rede” (JESUS, 2014,

0
p. 41).

s e õ ç at o n a r e V

Poucos temas sobre a Internet têm levantado tanta polêmica como a discussão sobre como definir e trabalhar a
favor de sua neutralidade. A carga semântica do termo, seu lado político e seu impacto em negócios, muitas
vezes, impede uma abordagem internacional uniforme. O que se entende por “neutralidade da Internet” num
país raramente é o mesmo que se entende em outro. 

— (LEITE; LEMOS, 2014, p. 13)

Dessa forma, o acesso à Internet é essencial ao exercício da cidadania. E, ao


usuário, são assegurados os seguintes direitos, com base no art. 7º da Lei nº
12.965/2014 (BRASIL, 2014, p. 2), garantindo-se:

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I – inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

“ II – inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela Internet, salvo por ordem judicial, na forma da
lei;

0
III – inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial;

IV – não suspensão da conexão à Internet, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização;

s e õ ç at o n a r e V
V – manutenção da qualidade contratada da conexão à Internet;

VI – informações claras e completas constantes dos contratos de prestação de serviços, com detalhamento
sobre o regime de proteção aos registros de conexão e aos registros de acesso a aplicações de Internet, bem
como sobre práticas de gerenciamento da rede que possam afetar sua qualidade;

VII – não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso a
aplicações de Internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipóteses previstas
em lei;

VIII – informações claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento e proteção de seus dados
pessoais, que somente poderão ser utilizados para finalidades que:

a) justifiquem sua coleta;

b) não sejam vedadas pela legislação; e

c) estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços ou em termos de uso de aplicações de Internet;

IX – consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e tratamento de dados pessoais, que deverá
ocorrer de forma destacada das demais cláusulas contratuais;

X – exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada aplicação de Internet, a seu
requerimento, ao término da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de
registros previstas nesta Lei;

XI – publicidade e clareza de eventuais políticas de uso dos provedores de conexão à Internet e de aplicações de
Internet;

XII – acessibilidade, consideradas as características físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e


mentais do usuário, nos termos da lei; e

XIII – aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de consumo realizadas na
Internet.

Enfim, percebe-se que a Internet é um verdadeiro fenômeno em si mesma; um


fenômeno sociológico, "que alterou a forma das relações e a percepção social de
situações que, no mundo físico, seriam simples e banais" (GONÇALVES, 2016, p.
42).

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Assim, finalizamos mais um bloco dos nossos estudos. Estamos indo muito bem e
cada vez melhor! Sigamos com foco e disciplina!

FAÇA A VALER A PENA

0
Questão 1

s e õ ç at o n a r e V
Três tipos de responsabilidade dos provedores podem ser mencionados, porque
possuem alto impacto prático: o caching, o hosting e o linking. 

Neste contexto, analise o excerto a seguir, completando suas lacunas:

O __________ é o mecanismo de armazenamento disponível nos navegadores de


Internet, que cria um diretório onde permanecem os endereços de sites mais
visitados; também pode haver tal armazenamento nos servidores dos provedores.
Se o usuário carrega uma página pensando ser a mais atual, mas, ao revés, é uma
versão desatualizada, a empresa que a manteve poderá ser responsabilizada pelos
danos causados ao usuário.

__________ diz respeito aos provedores de hospedagem. Via de regra, eles não são
responsáveis pelos conteúdos, exceto se, ao serem notificados devidamente no
caso de divulgação de cenas de nudez ou de atos sexuais sem autorização dos
envolvidos, não promoverem a indisponibilidade dos conteúdos. Além disso,
responderão pelos danos causados se descumprirem ordem judicial específica
noutros casos. 

Já a prática do __________ diz respeito ao fato de o provedor vincular uma página a


outra por meio de um único clique. Isso se torna problemático quando se utiliza tal
prática para vincular um conteúdo ilícito. Um site, inicialmente, somente poderia
ser responsabilizado pelo __________ que hospeda (este, com conteúdo ilícito)
depois de regularmente notificado e nada fazer. Trata-se de responsabilidade
subsidiária, conforme a regra já vista, constante do art. 19 e 21 do Marco Civil da
Internet.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.

a.  caching; Hosting; linking; link.


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b.  hosting; Caching; linking; link.

c.  linking; Hosting; caching; link.

d.  caching; Link; linking; hosting.

0
e.  link; Caching; linking; hosting.

s e õ ç at o n a r e V
Questão 2
“O Marco Civil é uma legislação cujo objetivo precípuo é o de regular as relações
sociais entre os usuários de Internet” (GONÇALVES, 2016, p. 7).

Sobre a origem do Marco Civil da Internet, assinale a alternativa correta.

a.  A origem do Marco Civil está atrelada indiretamente ao escândalo das revelações de Edward Snowden,
ex-administrador de sistemas da Companhia de Inteligência Americana (CIA).

b.  O Marco Civil da Internet tem seu nascimento relacionado ao PL conhecido como Lei de Azeredo, uma
proposta de lei que afastava sanções penais e criava direitos civis.

c.  O Marco Civil da Internet surgiu através de uma iniciativa popular, por meio de um debate político em um
blog.

d.  O Marco Civil da Internet tem seus precedentes atrelados ao aumento de ataques cibernéticos na década
de 1990.

e.  A gênese do Marco Civil foi impulsionada pela promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados.

Questão 3
Entender a dinâmica do Direito Cibernético implica explicitar as principais normas
que lhe dizem respeito. Nesse quadro, o Marco Civil da Internet, a Lei nº
12.965/2014, é legislação de fundamental importância por estabelecer princípios,
garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil.

Tomando como referência a Lei nº 12.965/2014, sobre sua origem e características,


julgue as afirmativas a seguir em verdadeiras (V) ou falsas (F).

(  ) O Marco Civil é uma legislação preponderantemente penal, portanto traz na


maioria do seu texto sanções a violações praticadas na Internet.

(  ) O Marco Civil surge como resposta legislativa às supostas práticas de


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espionagem da Agência Americana de Inteligência (CIA), sendo sancionado pelo ex-


presidente Michel Temer.

(  ) Um dos princípios tidos como mais importantes no Marco Civil da Internet é o

0
princípio da neutralidade, inscrito no art. 9° da Lei, que prevê o tratamento
isonômico dos tráfegos de dados sem distinção de conteúdo.

s e õ ç at o n a r e V
(  ) O Marco Civil prevê, entre outros fatores, a filtragem através dos provedores de
qual conteúdo é ou não apresentado aos usuários.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

a.  V – F – F – V.

b.  F – F – F – F.

c.  F – F – V – F.

d.  V – V – F – V.

e.  F – F – V – F.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União:


seção 1: Assembleia Nacional Constituinte, Brasília, DF, ano 126, n. 191-A, p. 1, 5
out. 1988.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do


consumidor e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1: Poder
Legislativo, Brasília, DF, supl. p. 1, 12 set. 1990.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário


Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 1, 11 jan. 2002.

BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,


direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Diário Oficial da União: seção
1: Poder Legislativo, Brasília, DF, ano 151, n. 77, p. 1, 24 abr. 2014.

BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados


https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 19/21
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BRASIL. Lei n 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados


pessoais e altera a Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da Internet).
Diário Oficial da União: seção 1: Poder Legislativo, Brasília, DF, ed. 157, p. 59, 15
ago. 2018.

0
COMER, Douglas E. Redes de Computadores e Internet. Porto Alegre: Grupo A,

s e õ ç at o n a r e V
2016. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3yBFsmL. Acesso em: 05, ago. 2021. 

GONÇALVES, Vitor Hugo Pereira. Marco Civil da Internet Comentado. São Paulo:
Grupo GEN, 2016. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3yF2oRO. Acesso em: 05, ago. 2021. 

JESUS, Damásio de. Marco Civil da Internet: comentários à Lei n. 12.965, de 23 de


abril de 2014. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. Disponível na Biblioteca Virtual:
Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3xCRIlk. Acesso em: 05, ago. 2021. 

KANAAN, J. C. Informática global. 2 ed. São Paulo: Pioneira: 1998.

LEITE, George Salomão; LEMOS, Ronaldo. Marco Civil da Internet. São Paulo:
Grupo GEN, 2014. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3lLGlWa. Acesso em: 05, ago. 2021. 

LIMA, Ana Paula Moraes Canto de. LGPD Aplicada. São Paulo: Grupo GEN, 2021.
Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3jMssEF.
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LONGHI, Maria Isabel Carvalho Sica; et al. Direito e Novas Tecnologias. São Paulo:
Grupo Almedina, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3iAWImp. Acesso em: 05, ago. 2021. 

PINHEIRO, Patrícia. Peck. Direito digital. São Paulo: Editora Saraiva, 2016.
Disponível na Biblioteca Virtual: Minha biblioteca. No link: https://bit.ly/2U8aq6X.
Acesso em: 05, ago, 2021. 
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 20/21
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TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Editora


Saraiva, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Bilioteca. No link:
https://bit.ly/3s4EmgR. Acesso em: 05, ago. 2021. 

0
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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


MARCO CIVIL DA INTERNET E HERANÇA DIGITAL

0
Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.

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SEM MEDO DE ERRAR


Diante do caso exposto, fica evidente a violação do princípio da neutralidade da
rede. Esse princípio disciplina que as empresas que fornecem Internet devem
tratar o acesso a todos os conteúdos de forma igual, tornando absolutamente
proibido discriminar os usuários, conforme orienta o art. 9 da Lei do Marco Civil, in
litteris:

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Art. 9° O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica
quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação.

“ § 1° A discriminação ou degradação do tráfego será regulamentada nos termos das atribuições privativas do
Presidente da República previstas no inciso IV do art. 84 da Constituição Federal, para a fiel execução desta Lei,
ouvidos o Comitê Gestor da Internet e a Agência Nacional de Telecomunicações, e somente poderá decorrer de:

0
I – requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços e aplicações; e

s e õ ç at o n a r e V
II – priorização de serviços de emergência.

§ 2° Na hipótese de discriminação ou degradação do tráfego prevista no § 1°, o responsável mencionado no


caput deve:

I – abster-se de causar dano aos usuários, na forma do art. 927 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 –
Código Civil;

II – agir com proporcionalidade, transparência e isonomia;

III – informar previamente de modo transparente, claro e suficientemente descritivo aos seus usuários sobre as
práticas de gerenciamento e mitigação de tráfego adotadas, inclusive as relacionadas à segurança da rede; e

IV – oferecer serviços em condições comerciais não discriminatórias e abster-se de praticar condutas


anticoncorrenciais.

§ 3° Na provisão de conexão à Internet, onerosa ou gratuita, bem como na transmissão, comutação ou


roteamento, é vedado bloquear, monitorar, filtrar ou analisar o conteúdo dos pacotes de dados, respeitado o
disposto neste artigo. 

— (BRASIL, 2014, p. 2)

Desse modo, tendo em vista as diversas solicitações e os agendamentos para a


visita do técnico, que foram negados, e o atendimento quase imediato do vizinho,
com oferecimento de pacote de dados superior, verifica-se que houve clara
discriminação no serviço por parte da empresa provedora. No caso em tela, há um
conceito que referencia bem o fato: trata-se da discriminação por pacotes de
dados, decorrente da priorização de serviços de emergência.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
O PROVEDOR E O USUÁRIO
Um casal de namorados, que trocava fotos íntimas por meio da Internet, teve suas
imagens vazadas nas próprias redes sociais. As imagens e os vídeos ficaram
disponíveis durante horas até que alguns amigos e familiares, depois de inúmeras
tentativas, conseguiram entrar em contato com eles para informar o ocorrido.
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ativid… 2/4
19/05/2022 08:49 lddkls212_dir_cib_web

Inicialmente o casal pensou se tratar de uma pegadinha ou brincadeira, mas, ao


verificar o feed nas redes sociais, perceberam que aquilo realmente tinha
acontecido.

0
Em seguida, eles, desesperadamente, apagaram as imagens e solicitaram à
empresa de rede social que retirasse qualquer conteúdo de nudez referente a eles

s e õ ç at o n a r e V
que eventualmente voltasse a ser publicado na rede. O constrangimento e o
transtorno que isso provocou foi imenso. No trabalho, nos almoços de família e
nas festas com os amigos, olhares de julgamento, palpites e comentários se
tornaram rotina, o que os fazia reviver todo dia um torturante mal-estar.

Extremamente preocupados com a segurança desses e de outros dados, temendo


outra violação de privacidade e intimidade, eles procuraram um especialista em
hacking e solicitaram a ele que identificasse como fora obtido o acesso aos
conteúdos vazados. Além disso, pediram a ele que, após identificar o problema,
reparasse-o, assegurando a sua privacidade.

Passada uma semana da contratação do profissional, ele já havia identificado o


problema: tratava-se de uma falha de segurança na provedora de Internet. Desse
modo, o especialista, utilizando-se de termos técnicos de forma clara e objetiva,
notificou a empresa provedora por meio de ação judicial sobre a necessidade de
reparar aquela falha para evitar novas violações. O juiz, por sua vez, estabeleceu o
prazo de um ano para a resolução da situação sob pena de multa diária.

Dois anos após o ocorrido, o casal teve mais uma vez os seus dados vazados, dessa
vez foram alguns dados a respeito do cartão de crédito. Felizmente, a agência
bancária agiu de maneira rápida e conseguiu realizar o bloqueio do cartão antes
que algum prejuízo financeiro fosse gerado aos cônjuges. Revoltados por serem,
mais uma vez, vítimas de ataques cibernéticos, os dois buscaram o hacking, que,
novamente, após as devidas análises, constatou que a falha de segurança estava
na provedora de Internet e que era especificamente a mesma que levara ao
vazamento das fotos íntimas anos atrás.

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19/05/2022 08:49 lddkls212_dir_cib_web

Indignados com a inércia da empresa, eles buscam você, especialista em Direito


Cibernético, para obter um parecer jurídico sobre a questão. Afinal, a empresa
provedora é responsável civilmente pelos danos causados? Houve alguma
responsabilidade que a empresa provedora deixou de cumprir? Se sim, qual?

0
RESOLUÇÃO 

s e õ ç at o n a r e V
Diante do caso exposto, é óbvia responsabilidade civil da empresa provedora.
De acordo com a Lei nº 12.965/2014, ou simplesmente a Lei do Marco Civil da
Internet, o provedor de conexão à Internet não será responsabilizado
civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros. Ele
somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as
providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do
prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente.
Sendo assim, pode-se inferir que a empresa deixou de cumprir a
responsabilidade legal de tomar ações no âmbito dos limites técnicos no prazo
de um ano.

https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ativid… 4/4
19/05/2022 08:50 lddkls212_dir_cib_web

NÃO PODE FALTAR Imprimir

PROPRIEDADE INTELECTUAL

0
Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.

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CONVITE AO ESTUDO
Depois de se ter fixado as balizas fundamentais do Direito Cibernético, é preciso
dar continuidade ao seu estudo, por intermédio da colocação de novos pontos de
atenção.

Como você já deve ter percebido, o Direito Cibernético lida com uma ampla gama
de institutos jurídicos que passam a regular e tutelar os fenômenos que ocorrem
no ciberespaço. Claro que existem disposições que são comuns, como aquelas
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estudadas quanto à Lei Geral de Proteção de Dados (LGDP) e o Marco Civil da


Internet. Essas legislações trazem uma perspectiva que acaba por representar a
base do Direito Cibernético, porque conferem efetividade e especificidade aos
direitos e garantias fundamentais que estão previstas na Constituição Federal. 

0
Contudo, outros campos da ciência jurídica também demonstram um nítido

s e õ ç at o n a r e V
interesse sobre os fenômenos que acontecem nos meios digitais, especialmente, o
caso da propriedade intelectual.

Se essa proteção advém de uma origem constitucional, também seria natural que
as disposições deste campo passassem a abordar as relações digitais,
considerando a observância das garantias relacionadas à tutela dos bens
personalíssimos e das criações humanas, dotados de valor econômico e moral.
Logo, a dedicação a partir deste momento está em compreender a propriedade
intelectual, perpassando a doutrina geral e a legislação em vigor, seguindo-se com
uma ênfase no estudo das marcas e patentes, bem como nos nomes de domínio
no Brasil.

Por fim, será estudado o direito autoral na era digital, para que você possa
compreender sua dinâmica geral, natureza jurídica, tipos de obras protegidas e até
mesmo a responsabilidade civil pela violação de direitos autorais na internet. 

Bons estudos!

PRATICAR PARA APRENDER


A partir de agora, iniciamos os nossos estudos no campo da propriedade
intelectual. Você já parou para pensar como se dá a proteção jurídica das criações
intelectuais humanas? Sejam as obras provenientes da livre criação do
pensamento, como obras de arte, literárias ou artísticas em geral, sejam aquelas
que possuem, precipuamente, uma aplicabilidade empresarial, todas devem
receber a adequada proteção do Direito. 

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Na prática, à luz do sistema constitucional em vigor, as criações humanas são


protegidas pelo ordenamento jurídico, porque acabam por representar
verdadeiras extensões dos seus próprios criadores. De um ponto de vista
puramente econômico, o interesse dos titulares é ainda mais evidente, porque a

0
titularidade das criações implica, por consequência, a exclusividade para a

s e õ ç at o n a r e V
exploração e utilização comercial. Ainda que haja a possibilidade de se
transacionar a este respeito, inicialmente, é apenas o titular que pode usufruir dos
frutos do seu empenho criativo. 

Na sequência, temos em pauta algumas controvérsias envolvendo os direitos


autorais e as tecnologias streaming. 

Por fim, veremos como a propriedade intelectual possui uma envergadura de


proteção em nível internacional, oportunidade na qual será comentada a chamada
Convenção da União de Paris.

Note que os conhecimentos dos institutos relacionados à propriedade intelectual


têm forte implicância no cotidiano prático, tanto da área jurídica em si quanto dos
negócios. É que, num ambiente de alta competitividade, a proteção jurídica e
econômica dos produtos da criação humana assume papel central na tomada de
decisões e no próprio delineamento de estratégias.

Alguns dias atrás, um homem ligou para o escritório de advocacia onde você
trabalha e agendou uma reunião para que você, em caráter de especialista em
Direito Cibernético, fornecesse a ele uma consulta jurídica sobre uma suposta
violação de direitos autorais na internet. 

Durante a reunião, o cliente explicou que um jornalista havia extraído um trecho


de seu livro digital e utilizado, sem referenciá-lo, em uma matéria da emissora na
qual ele atuava. Naquele momento, devido à fala do cliente e às evidências por ele
apresentadas, você, de fato, constatou que houve violação dos direitos autorais.
Logo, deu a ele duas alternativas: entrar diretamente com uma ação judicial ou
tentar solucionar a lide sem acionar a jurisdição estatal e, somente se não
houvesse acordo, ingressaria com uma demanda. O cliente, reconhecendo a
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morosidade da justiça e a possibilidade de findar o problema de forma mais ágil,


optou pela segunda alternativa. Desse modo, você iniciou a pesquisa para propor
um acordo.

0
Ao contatar o advogado da parte oposta e propor a solução pacífica por meio de
um acordo, ele e o cliente negaram a proposta e justificaram que não havia

s e õ ç at o n a r e V
certificado de registro quanto a esse produto, portanto este não estaria protegido
pela lei e, mesmo que estivesse, a obra possui acesso livre e gratuito na internet,
motivo pelo qual não estaria sob a tutela da legislação vigente. 

Não obstante, o advogado elencou que, no momento da publicação da matéria, a


parte requerida encontrava-se nos Estados Unidos, logo não haveria motivo para a
reivindicação do direito por meio de acordo e muito menos embasamento jurídico
para demanda. 

Agora, você, tendo em vista a preferência da solução mediante acordo optada pelo
seu cliente, deve responder à parte contrária, por meio de um documento formal,
identificando os erros presentes na justificativa para rejeição da proposta. Afinal,
para que haja tutela desse direito, é necessário um certificado de registro? Os
direitos autorais não se aplicam quando o material está disposto de forma a ficar
livre e gratuito na internet? O direito autoral é protegido mesmo em violações
internacionais? 

Caminharemos juntos em mais este degrau, que, certamente, será muito


importante para os seus estudos!

CONCEITO-CHAVE
O Direito de Propriedade Intelectual é um ramo do Direito que diz respeito ao
conjunto de normas que tutelam o trabalho intelectual. 

“A propriedade intelectual passou a ser definida pela Convenção da Organização


Mundial da Propriedade Intelectual como a proteção aos direitos relacionados às
criações artísticas, literárias, científicas e invenções, marcas, desenhos industriais,
softwares e muitos outros.” (DUARTE; BRAGA, 2018, p. 7).
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Tal direito de propriedade é gênero, do qual são espécies o Direito Industrial, que é
profundamente ligado ao direito empresarial, e o Direito Autoral, que é mais
conectado ao Direito Civil em geral. A propriedade do programa de computador,
em particular, será regida por lei própria, que estudaremos mais à frente. No

0
entanto, é importante saber, desde já, que se trata de objeto protegido pelo Direito

s e õ ç at o n a r e V
brasileiro, sobretudo à luz da proteção do direito autoral e dos direitos conexos. 

Este assunto encontra origem constitucional em três dispositivos do rol de direitos


fundamentais. De acordo com o inciso XXVII do art. 5º, “aos autores pertence o
direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar” (BRASIL, 1988, [s. p.]).
Seguidamente, no inciso XXVIII:


XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; e b) o direito de fiscalização do
aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e associativas.

— (BRASIL, 1988, [s. p.])

ASSIMILE

Direito de Propriedade Intelectual (gênero) comporta o Direito Industrial e o


Direito Autoral.

Por fim, o inciso XXIX, do mesmo art. 5º, da Carta Magna:


XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.

— (BRASIL, 1988, [s. p])

Podemos perceber que a tutela jurídica da atividade criativa leva em conta o


aspecto de constituir numa extensão da própria pessoa, fruto de seu trabalho
direto, intelectual nos variados gêneros.

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A propriedade intelectual, enquanto campo da tutela jurídica, diz respeito a um


ramo do Direito que se preocupa com a propriedade imaterial, isto é, com bens
incorpóreos. Como características, podem ser citados alguns elementos, por
exemplo, o fato de decorrerem, essencialmente, da criatividade humana, além da

0
exclusividade e proteção jurídica.

s e õ ç at o n a r e V

Os direitos de propriedade intelectual são aqueles relacionados com a proteção legal que a lei atribui à criação
do intelecto humano, garantindo aos autores de determinado conteúdo o reconhecimento pela obra
desenvolvida, bem como a possibilidade de expor, dispor ou explorar comercialmente o fruto de sua criação.
São duas ramificações atribuídas aos direitos da propriedade intelectual: direitos autorais e os direitos de
propriedade industrial (marcas, patentes e know-how).

— (PINHEIRO; ALMEIDA; MONDE, 2012, p. 13)

A partir dessas características, que designam o direito de propriedade como um


todo, é que poderemos compreender melhor os institutos das marcas, patentes,
modelos de utilidade, além da questão do software, que ainda será objeto de
estudo. 

De acordo com o art. 5º da Lei de Propriedade Industrial (BRASIL, 1996), os direitos


de propriedade industrial são considerados móveis para os fins legais, de modo
que podem ser negociados pelos respectivos titulares, por exemplo, numa cessão,
numa licença, etc. 

A lei que protege a propriedade industrial é a Lei nº 9.279/96, que resguarda


quatro diferentes bens: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial e marca.
A invenção e o modelo de utilidade são protegidos pela patente, ou seja, utilizam-
se deste procedimento para terem o reconhecimento oficial do direito. Já o
desenho industrial e a marca são protegidos pelo procedimento do registro.

ATENÇÃO

Ponto interessante sobre o assunto da propriedade intelectual é o Tratado


de Marraqueche. Ele foi adotado no âmbito da Conferência Diplomática da
Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), realizada na cidade
marroquina que lhe dá o nome, em 27 de junho de 2013, e tem como
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propósito facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com


deficiência visual ou com outras dificuldades para ter acesso ao texto
impresso. A incorporação no ordenamento jurídico brasileiro ocorreu com a
promulgação do Decreto nº 9.522, de 8 de outubro de 2018, destacando-se

0
que sua aprovação pelo Congresso Nacional se deu em consonância com o

s e õ ç at o n a r e V
procedimento do § 3º do art. 5º da Constituição de 1988, isto é, com status
de emenda constitucional. O Tratado de Marraqueche leva em conta os
princípios da não discriminação, da igualdade de oportunidades, da
acessibilidade e da participação e inclusão plena e efetiva na sociedade,
proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, quanto aos desafios que são prejudiciais ao desenvolvimento
pleno das pessoas com deficiência visual ou com outras dificuldades para
ter acesso ao texto impresso, que limitam a sua liberdade de expressão,
incluindo a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias
de toda espécie em condições de igualdade com as demais pessoas
mediante todas as formas de comunicação de sua escolha, assim como o
gozo do seu direito à educação e a oportunidade de realizar pesquisas.

Em sequência, é interessante tecer alguns comentários sobre a legislação referente


ao programa de computador, pois guarda vinculação com o campo de interesse do
direito cibernético. Para tanto, é relevante comentar sobre a Lei nº 9.609/98, que
dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador,
sua comercialização no país, e dá outras providências.

Neste sentido, de acordo com o art. 1º da referida lei:


Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou
codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas
de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica
digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.

— (BRASIL, 1998, [s. p])

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Interessante notar que o campo de proteção da propriedade intelectual dos


programas de computador é, de acordo com o que determina o art. 2º da Lei nº
9.609/98, aquele conferido às obras literárias pela legislação dos direitos autorais e
conexos, junto às disposições específicas da lei de proteção do programa de

0
computador. 

s e õ ç at o n a r e V
No entanto, não se aplicam ao programa de computador as disposições relativas
aos direitos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o direito de o autor reivindicar a
titularidade do programa de computador e o direito de opor-se a eventuais
alterações não autorizadas, quando estas implicarem deformação ou outra
modificação do programa de computador, bem como que prejudiquem a sua
honra ou a sua reputação. 

A tutela dos direitos relativos a programa de computador está assegurada pelo


prazo de 50 anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua
publicação ou, na ausência desta, da sua criação. Inclui-se, dentre os direitos
assegurados, a exclusividade quanto à autorização ou proibição quanto ao aluguel
comercial, “não sendo esse direito exaurível pela venda, licença ou outra forma de
transferência da cópia do programa” (BRASIL, 1998, [s. p.]).

No mais, note que a proteção aos direitos relativos a programa de computador


independe de registro. Contudo, a critério do titular, o registro poderá ocorrer
junto ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), seguindo-se as
indicações procedimentais contidas no art. 1º do Decreto nº 2.556/98. 

Ponto de grande atenção precisa ser dado ao que dispõe o art. 4º da Lei nº
9.609/98. De acordo com este dispositivo, a não ser que haja disposição em
sentido contrário, serão de propriedade do empregador, do contratante de
serviços ou do órgão público os direitos relacionados a programa de computador
que tenha sido desenvolvido e elaborado ao longo da vigência de contrato de
trabalho ou vínculo com a administração pública, com a finalidade de pesquisa e
desenvolvimento, bem como nos casos em que a atividade do empregado (ou do
agente público ou prestador de serviço) decorra desta natureza.

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Por outro lado, a titularidade e a propriedade exclusiva pertencerão ao empregado


(ou contratado para prestação de serviços ou agente público) se os direitos
relativos a programa de computador que tem se originado sem qualquer relação
com o contrato e sem a utilização de quaisquer recursos do empregador (como

0
informações de tecnologia, segredos industriais, materiais, instalações ou

s e õ ç at o n a r e V
equipamentos). 

Ademais, perceba que não constituem ofensa aos direitos do titular de programa
de computador, de acordo com o art. 6º da Lei nº 9.609/98:


I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, desde que se destine à cópia de
salvaguarda ou armazenamento eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda; II - a
citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que identificados o programa e o titular dos direitos
respectivos; III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, quando se der por força das
características funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação
de forma alternativa para a sua expressão; IV - a integração de um programa, mantendo-se suas características
essenciais, a um sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente indispensável às necessidades do usuário,
desde que para o uso exclusivo de quem a promoveu.

— (BRASIL, 1998, [s. p.])

Falaremos agora das controvérsias envolvendo os direitos autorais e as tecnologias


streaming. 

A internet, dada a sua velocidade, é campo perfeito para a reprodução


desenfreada de informações e dados. Assim é que a cópia, como violação aos
direitos autorais, além da prática potencialmente criminosa, repercute na esfera da
violação desta categoria de propriedade, sobremodo quando utilizada para fins
econômicos. 

Desta maneira, o compartilhamento não gratuito, isto é, com finalidade


econômica, via de regra, não opera o recolhimento dos chamados royalties
(importância cobrada pelo proprietário de uma patente de produto, processo de
produção, marca, etc., ou pelo autor de uma obra, para fins de permissão de uso
ou comercialização). 

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A grande circulação, sobretudo promovida por sites especializados (que não


recolhem os royalties), acaba por estimular e aumentar as práticas espúrias. É o
caso dos serviços de streaming, que é o serviço de distribuição digital utilizada para
transmissão de conteúdo multimídia por meio da internet. “Através da tecnologia

0
de streaming, o consumidor possui uma multiplicidade de tipos de conteúdo, os

s e õ ç at o n a r e V
quais ele pode acessar como e no lugar que ele quiser.” (SILVA; DALL’ORTO, 2017,
p. 3-4).

Neste sentido, note que:


Não se sabe ao certo qual foi a primeira transmissão de streaming feita, contudo durante seu desenvolvimento
e aperfeiçoamento até chegar ao que é hoje influenciou o surgimento de ferramentas que atualmente são
grandes empresas no mercado de streaming, como é o caso da Netflix.

— (SILVA; DALL’ORTO, 2017, p. 3-4)

A tecnologia streaming é a mais utilizada atualmente, em virtude da sua maior


capacidade de transmissão e interatividade com os usuários. “Permite a
transmissão de áudio e vídeo através da internet sem a necessidade de fazer o
download do mesmo, dado que, à medida que a informação é recebida pela
máquina (computador, tablet, smartphone) é de imediato transmitida ao
utilizador.” (SANTANA, 2020, p. 24).

O problema, portanto, que é também um desafio enorme, é a questão da


efetividade da legislação que protege a propriedade intelectual – de certo, a
fiscalização é muito mais difícil no âmbito difuso e praticamente inesgotável da
internet. “À medida que os autores e demais titulares conseguiam a consolidação
da tutela de seus direitos, surgia a importante questão: como exercê-los
adequadamente no gigantesco – e complexo – terreno tecnológico da rede
mundial de computadores?” (NETTO, 2019, p. 333).

Assim:

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No âmbito da Internet, quer seja o acesso via computador, TV, telefone celular, tablet ou outra via convergente,
esta questão autoral toma maior relevância, pois trata-se de um meio de fácil divulgação e transmissão de


informações, fácil acessibilidade e ausência de territorialidade, o que permite que se façam cópias do material
que circula na rede com muito mais rapidez, propiciando um maior desrespeito aos direitos do criador e
desafiando os métodos atuais de proteção intelectual.

0
— (PECK, 2016, p. 178)

s e õ ç at o n a r e V
Algumas instituições, como o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição
(ECAD), responsável por centralizar a arrecadação e distribuição dos direitos
autorais de execução pública musical, vem cumprindo seu papel protetivo em
relação aos autores, buscando atualização dos padrões de fiscalização e cobrança.

REFLITA

Como é possível a apuração de direitos autorais diante de reprodução de


obras artísticas, de caráter musical, em festas públicas?

Por fim, é preciso considerar a temática da propriedade intelectual como um


direito de cunho internacional. Para tanto, analisaremos a Convenção de Paris.
Antes do surgimento de novas tecnologias, a propriedade intelectual era regida
pelo princípio da territorialidade, ou seja, a proteção em virtude de leis autorais se
restringia somente ao país onde se aplicava a lei. Em casos de proteção fora dos
limites nacionais, era necessária a realização de acordos bilaterais com outros
países. No entanto, com o advento e a disseminação das tecnologias, tornou-se
mais difícil determinar qual legislação deve ser aplicada no âmbito digital, bem
como ficou mais complexa a manutenção de acordos bilaterais. 

Foi dessas inúmeras celebrações de acordos que emergiu a necessidade de


elaboração de um sistema único de proteção em escala internacional, a fim de
driblar a exaustiva tarefa de redigir e consolidar múltiplos acordos. 

Neste contexto é que em Viena, no ano de 1873, se iniciaram os trabalhos


preparatórios para o primeiro acordo internacional relativo à propriedade
intelectual. Após dez anos, em 1883, surgiu a Convenção de Paris, uma tentativa de
conciliar, por meio de um acordo em nível mundial, sistemas jurídicos nacionais
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referentes à proteção da propriedade intelectual. Esta convenção foi elaborada de


modo que permitisse certa maleabilidade às normativas de cada país, contanto
que fossem observados alguns princípios norteadores e normas fundamentais.

0
Neste sentido:

s e õ ç at o n a r e V

O princípio básico da convenção é a assimilação dos cidadãos dos países pertencentes à União, de modo que
todos possam obter direitos de propriedade industrial, exercendo-os em igualdade de condições com os
nacionais de todos os países participantes. Mantém-se a plena vigência das legislações nacionais e a
territorialidade da proteção, que deve ser obtida em cada país pela repetição de pedidos de registros e de
patentes.

— (SILVEIRA, 2014, p. 16)

Pouco tempo depois, surgiram várias legislações ao redor do mundo. Vale


destacar, primeiro, a Convenção de Berna, na Suíça – um acordo internacional de
proteção aos direitos autorais firmado em setembro de 1886. Posteriormente, a
Convenção de Genebra, que surgiu como resposta ao fenômeno do aumento
exorbitante da pirataria, além de proibir a reprodução não autorizada de
fonogramas, motivo pelo qual ficou conhecida como Convenção dos Fonogramas.
Muitos outros acordos de proteção à propriedade intelectual depois se seguiram,
mas o que a maioria, quiçá, todos, tem em comum é a influência da Convenção de
Paris. 

Dois princípios importantes desta Convenção devem ser conhecidos.


Primeiramente, pode-se destacar o princípio do tratamento nacional. Este
princípio está inserido no art. 2º da Convenção e estabelece que cada signatário
desfrute da mesma proteção, vantagens e direitos do país de origem aos demais. 

E, em segundo lugar, o princípio da prioridade unionista, que estabelece, por


intermédio do art. 4º, a existência do direito de prioridade, na medida em que o
primeiro pedido de propriedade intelectual depositado em qualquer um dos
países-membros deve ser utilizado de base para o reconhecimento da proteção. 

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Perceba que o “Brasil é signatário da Convenção da União de Paris para a Proteção


da Propriedade Industrial e de suas posteriores revisões, tendo sido a revisão de
Estocolmo de 1967 promulgada por decreto em 8 de abril de 1975” (SILVEIRA, 2014,
p. 16).

0
A Convenção de Paris permanece vigente em vários países. Mas, para que possa

s e õ ç at o n a r e V
manter a sua imponência ao longo do tempo, encarando o surgimento de novas
tecnologias que desafiam a proteção à propriedade intelectual, foram necessárias
algumas reformas e revisões, como: Bruxelas (1900); Washington (1911); Haia
(1925); Londres (1934); Lisboa (1958); Estocolmo (1967).

Atualmente, a Convenção conta com 173 países signatários (SILVEIRA, 2014).

EXEMPLIFICANDO

Uma marca que seja notoriamente reconhecida em seu ramo de atividade


receberá proteção especial, independentemente do fato de ter ocorrido o
seu registro no Brasil.

Enfim, finalizamos mais uma etapa dos nossos estudos. Continuaremos com foco e
dedicação.

Até a próxima!

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
“Propriedade Intelectual (PI) é a denominação dada a patentes, marcas registradas,
direitos autorais, desenhos industriais e outros tipos de propriedade intangível que
se originam de criações da mente e, em seu sentido mais amplo, não possuem
forma física.” (MANUAL..., [s. d.], [s. p.]).

Com base na Lei de Propriedade Industrial, assinale a alternativa correta.

a.  A Lei de Propriedade Industrial regulamenta também a proteção dos programas de computador.

b.  A lei que regulamenta este assunto resguarda diferentes bens, entre eles, a invenção e a o modelo de
utilidade, ambos protegidos pelos procedimentos de registro.

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c.  A propriedade intelectual encontra previsão no texto constitucional, mais especificamente em seu art. 5º.

d.  A Lei de Propriedade Industrial regula diversos bens, entre eles, os desenhos industriais e as marcas
protegidos pela patente.

0
e.  A propriedade intelectual é o ramo do Direito que visa proteger o bem material, produto das criações da
mente.

s e õ ç at o n a r e V
Questão 2


A propriedade intelectual, por também se tratar de algo pertencente ao possuidor, gera retorno financeiro;
assim, passa a ser considerada um ativo. Normalmente, é o resultado de um investimento que trará lucros e,
por esse motivo, deve ser bem protegido para que não se perca ou seja utilizado indevidamente por alguém
mal-intencionado ou por alguém que venha a ter a mesma ideia posteriormente.

— (DUARTE; BRAGA, 2018, p. 7-8)

Analise o exceto a seguir, completando as lacunas:

O direito à propriedade intelectual é __________, do qual são espécies o direito


__________, que é profundamente ligado ao direito __________, e o direito autoral, que
é mais conectado ao direito civil em geral. A propriedade dos __________, em
particular, será regida por lei própria.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.

a.  gênero; industrial; empresarial; programas de computador.

b.  gênero; autoral; civil; programas de computador.

c.  espécie; industrial; programas de computador; autoral.

d.  autoral; industrial; espécies; programas de computador.

e.  autoral; gênero; programas de computador; industrial.

Questão 3


O princípio básico da convenção é a assimilação dos cidadãos dos países pertencentes à União, de modo que
todos possam obter direitos de propriedade industrial, exercendo-os em igualdade de condições com os
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nacionais de todos os países participantes. Mantém-se a plena vigência das legislações nacionais e a
territorialidade da proteção, que deve ser obtida em cada país pela repetição de pedidos de registros e de
patentes.

— (SILVEIRA, 2014, p. 16)

0
De acordo com o contexto apresentado, assinale a alternativa que se refere

s e õ ç at o n a r e V
corretamente à convenção tratada.
a.  Convenção de Genebra.

b.  Convenção de Paris.

c.  Congresso de Viena.

d.  Tratado de Madrid.

e.  Acordo de Berlim.

REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
https://bit.ly/3uaWFAy. Acesso em: 9 ago. 2021.

BRASIL. Decreto nº 2.556, de 19 de fevereiro de 1998. Regulamenta o registro


previsto no art. 3º da Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre a
proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua
comercialização no País, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da
República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3sN2CV1. Acesso em: 9 ago. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a proteção da


propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País,
e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível
em: https://bit.ly/3jdtn1J. Acesso em: 9 ago. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a


legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência
da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/38b1ot0. Acesso em: 9 ago. 2021.

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BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos


à propriedade industrial. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível
em: https://bit.ly/3ziMuNx. Acesso em: 9 ago. 2021.

0
DUARTE, M. de F.; BRAGA, C. P. Propriedade intelectual. São Paulo: Grupo A,
2018. 

s e õ ç at o n a r e V
NETTO, J. C. C. Direito autoral no Brasil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

MANUAL de redação de patentes da Organização Mundial da Propriedade


Intelectual (OMPI). [S. l.: s. n.], [s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3mCo1PP. Acesso
em: 9 ago. 2021.

PINHEIRO, P. P.; ALMEIDA, D. P.; MONDE, I. G. D. Manual de Propriedade


Intelectual. São Paulo: UNESP, 2012. Disponível em: https://bit.ly/2Wnnd66.
Acesso em: 22 jun. 2021.

PINHEIRO, P. P. Direito Digital. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 

SANTANA, D. E. R. F. Análise de plataformas de streaming de vídeos e sua


relação com TIC no ensino de ciências para a educação básica. 2020, 48f.
Monografia (Especialização em Tecnologia, Comunicação e Técnicas de Ensino) –
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2020. Disponível em:
https://bit.ly/2WoMLQH. Acesso em: 23 jun. 2021.

SILVA, M. Z.; DALL’ORTO, F. C. Streaming e sua influência audiovisual sobre o


Product Placement. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO,
40., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba, PR: Intercom, 2017. Disponível em:
https://bit.ly/389vk92. Acesso em: 23 jun. 2021.

SILVEIRA, N. Propriedade Intelectual: propriedade industrial, direito de autor,


software, cultivares, nome empresarial, abuso de patentes. 5. ed. Barueri, SP:
Manole, 2014.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


PROPRIEDADE INTELECTUAL

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Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V

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SEM MEDO DE ERRAR


(Cidade), (data).  

Ilmo. Sr.

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Primeiramente, é necessário observar a Lei nº 9.610/98, ou simplesmente Lei de


Direitos Autorais, que, no Capítulo III, em seu art. 18, indica que: “A proteção aos
direitos de que trata esta Lei independe de registro” (BRASIL, 1998, [s. p.]).

0
Não obstante, de acordo com a mesma lei, são obras intelectuais protegidas as
criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte,

s e õ ç at o n a r e V
tangível ou intangível conhecido ou que se invente no futuro (vide caput do art.
7º). 

Desta maneira, resta claro que a justiça entende que qualquer violação aos direitos
autorais e conteúdos publicados na internet são passíveis das sanções previstas na
legislação, sendo inválida a recusa do acordo sobre a premissa de que, por
estarem em acesso livre e gratuito na internet, não são passíveis da aplicação
desta lei. 

Finalmente, quanto à informação de que seu cliente, porventura, encontrava-se


nos Estados Unidos, não é nenhum impedimento para a reivindicação desse
direito, porque o parágrafo único do art. 2º da Lei de Direitos Autorais indica que:


Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados
em vigor no Brasil. 

Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos
brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na proteção aos direitos autorais ou equivalentes.

— (BRASIL, 1988, [s. p])

Remete-se, pois, à Convenção da União de Paris e a outros acordos internacionais


que protegem os direitos autorais em âmbito internacional.

Pode-se concluir que todas as justificativas apresentadas até o momento não são
plausíveis, para efeito de recusa do acordo proposto. 

Encarecidamente, 

Nome. OAB. 

Especialista em Direito Cibernético.

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AVANÇANDO NA PRÁTICA
PRODUÇÃO ON DEMAND
Em um dia comum de trabalho, durante uma reunião, você, em caráter de
Especialista em Direito Cibernético, recebe um convite, por e-mail, para escrever

0
um trecho de um livro sobre propriedade intelectual. O autor deste livro,

s e õ ç at o n a r e V
reconhecendo a sua autoridade nesse assunto, cordialmente, solicita que você
trate sobre as diferenças entre propriedade intelectual, industrial e direitos
autorais. 

Para isso, foi estabelecido o número máximo de uma lauda, já que os demais
coautores tratariam mais especificamente do tema, de modo que sua contribuição
fosse, na verdade, apenas uma introdução para a diferenciação mais aprofundada
que sobreviria. 

Além disso, fora em anexo outro arquivo, cujo nome era Manual de escrita, que
estabelecia alguns outros critérios para o trabalho. 

Como remuneração, foi oferecida a quantia de 1% dos lucros obtidos a partir das
vendas do livro. 

Após o término da reunião em que estava, você decide aceitar o convite, assinando
o contrato e os termos (também anexos) e, em seguida, já iniciar o trabalho. 

Agora, você deve escrever, com limite máximo de uma lauda, um trecho
diferenciando propriedade intelectual, industrial e direitos autorais.

RESOLUÇÃO 

A propriedade intelectual vem sendo cada vez mais discutida, seja por se tratar
de um aspecto fundamental da inovação na indústria e no mercado ou por se
tratar de um ativo que gera retorno financeiro e lucro e, portanto, deve ser
protegida para que não se perca ou seja utilizada indevidamente. 

Entende-se propriedade intelectual como a proteção aos direitos relacionados


a criações artísticas, literárias, científicas, invenções, marcas, desenhos
industriais, softwares e muitos outros, ou seja, é a denominação dada a
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patentes ou registros que incidem sobre propriedades de cunho intelectual. 


A patente, com efeito, é direito conferido a um titular para explorar certa
criação durante algum tempo. Ela se envolve com as invenções e os modelos
de utilidade, enquanto o registro diz respeito à proteção da marca e do

0
desenho industrial. 

s e õ ç at o n a r e V
Cumpre ressaltar que a propriedade intelectual é gênero, em que são espécies
a propriedade industrial e os direitos autorais. As diferenças mais acentuadas
entre elas encontram-se em dois aspectos: quanto à origem e quanto à
extensão da tutela. 

Iniciando pela primeira, vejamos a diferença quanto à origem, materializada


pelo registro. O direito de propriedade industrial nasce com um ato
administrativo de natureza constitutiva, sendo a patente obtida por meio do
Instituto Nacional de Proteção a Propriedade Intelectual (INPI), e a marca, por
intermédio da expedição do certificado do registro. Já o direito autoral não
necessita de registro, conforme estabelece o art. 18 da Lei nº 9.610/98: “A
proteção aos direitos que trata esta Lei independe de registro” (BRASIL, 1998,
[s. p.]).

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

MARCAS E PATENTES

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Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V
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PRATICAR PARA APRENDER


A partir de agora, estudaremos as questões relativas às marcas e às patentes, por
intermédio da compreensão dos institutos da Lei de Propriedade Industrial – Lei nº
9.279/96.

Pensar em propriedade industrial já nos remete à ideia de propriedade intelectual,


ou seja, aquilo que tem origem na criação humana. No campo do Direito
Cibernético, é de fundamental importância a intersecção desse campo da

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regulação com as investigações atinentes ao ciberespaço, porque este âmbito das


relações sociais tem sido um lugar privilegiado para o estudo do sistema protetivo
da propriedade intelectual. 

0
O destaque, neste ensejo, está no entendimento dos mecanismos pelos quais se
dá a tutela jurídico-estatal das patentes, quanto às invenções e aos modelos de

s e õ ç at o n a r e V
utilidade, assim como no tocante ao registro das marcas. 

Neste sentido, conheceremos o que se considera e o que não se considera


invenção ou modelo de utilidade, requisitos de patenteabilidade, tipos de patentes,
inventos que não são patenteáveis e demais regras correlatas. Além disso,
estudaremos o registro de nomes de domínio no Brasil e a forma de resolução de
conflitos, no campo administrativo (extrajudicial), nestes casos.

Certo dia, uma equipe de socorristas acudiu uma vítima de acidente de trânsito.
Segundo informações, a jovem teria sido atropelada por um motorista
embriagado, que dirigia acima do limite de velocidade permitido na via. Durante o
resgate, a equipe identificou costelas fraturadas, hemorragias graves na cabeça e
uma lesão na espinha. Ao chegar ao hospital, as informações foram transmitidas
ao médico de plantão, que prontamente iniciou os devidos socorros, levando a
vítima à cirurgia.

Ao final do procedimento, a vítima se encontrava estável, porém havia a suspeita


de que, passados alguns dias da recuperação, poderia vir a perder a capacidade
motora da cintura para baixo, devido à grave lesão verificada. 

Foi então que o médico, como bom profissional que é e, sobretudo, se


solidarizando com a jovem, iniciou uma profunda pesquisa, a fim de encontrar um
procedimento cirúrgico que impediria a garota de ficar paraplégica. Durante suas
pesquisas, encontrou o que parecia ser uma esperança: tratava-se de um método
elaborado por um cirurgião que impedia que lesões dessa espécie viessem a
comprometer a mobilidade dos membros inferiores. 

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Após o consentimento da família e da paciente para a realização desse método, o


médico, junto à equipe de enfermeiros, levou a jovem sedada à sala de cirurgia
para realizar a operação. Depois de oito horas de uma cirurgia extremamente
complexa e cansativa, o médico foi até a recepção do hospital para comunicar o

0
resultado. Quando estava quase chegando lá, verificou que havia dezenas de

s e õ ç at o n a r e V
repórteres, câmeras, jornalistas e curiosos; mesmo assim, seguiu em direção à
família e informou, em um ar contente, sobre o êxito da cirurgia. A equipe cirúrgica
recebeu vários elogios, tanto da família quanto dos demais, e em poucos dias a
notícia do médico que reverteu uma paraplexia apareceu em vários jornais e
canais de televisão. 

Ocorre que, durante essa fama, o criador do método utilizado para realizar a
operação cirúrgica processou a equipe médica, afirmando possuir uma patente
sobre aquele método, além de solicitar ao conselho de medicina que cassasse a
licença dos profissionais envolvidos por violação ao direito de propriedade
intelectual. 

Toda a equipe, em especial o médico que perfez o procedimento, ficou muito


preocupada. 

Na sequência, buscaram você, em caráter de Especialista em Direito de


Propriedade Intelectual, para elaborar um parecer jurídico sobre a questão. Afinal,
há ou não violação da propriedade intelectual? A equipe médica deverá ser
responsabilizada por algo? Considere suas conclusões por escrito, justificando sua
opinião legal. 

O conjunto de normas jurídicas a serem estudadas permitirá que você tenha uma
visão abrangente e conceitual suficiente para entender adequadamente as
disposições específicas quanto à propriedade intelectual-industrial, notadamente
para que esteja apto a refletir acerca da sua incidência nas relações abarcadas pelo
campo de interesse do Direito Cibernético. 

Bons estudos!

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CONCEITO-CHAVE
Iniciaremos nossos estudos com a patente. De acordo com o art. 6º da Lei nº
9.279/1996, ao autor de invenção ou modelo de utilidade, será assegurado o
direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas condições

0
estabelecidas nesta legislação. Logo, pode-se conceituar a patente como a forma

s e õ ç at o n a r e V
de proteção em si, relativamente às invenções e aos modelos de utilidade, e como
um título de propriedade temporária outorgado pelo Estado. 

Assim, é patenteável a invenção ou o modelo de utilidade. Quanto à invenção, é


patenteável aquela que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e
aplicação industrial. Já o modelo de utilidade é patenteável o objeto de uso prático,
ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou
disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu
uso ou em sua fabricação (AHLERT; CAMARA, 2019).

Três são os requisitos da patente: novidade, atividade inventiva e aplicação


industrial. A novidade é reputada como requisito preenchido quando a invenção
ou o modelo de utilidade não está compreendido no chamado “estado da técnica”,
conforme dispõe o art. 11 da Lei de Propriedade Industrial (LPI), segundo o qual “é
constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito
do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro
meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17” (BRASIL,
1996, [s. p.]). 

A novidade, por conseguinte, é quando a invenção ou o modelo de utilidade


representa algo desconhecido de todos, mesmo de pessoas especializadas (como
cientistas) sobre um determinado assunto ou área do conhecimento. 

Ademais, a atividade inventiva ocorre quando, para uma pessoa técnica no


assunto, a invenção não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da
técnica e, para o modelo de utilidade, sempre que, também para um técnico no
assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica, conforme
disposto nos arts. 13 e 14, respectivamente, da LPI. 

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Mas, quais seriam os tipos de patentes? Basicamente, o que acabamos de ver: a


patente de invenção e a patente de modelo de utilidade. 

Por fim, a invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de

0
aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo
de indústria, de acordo com o art. 15 da LPI. 

s e õ ç at o n a r e V
Note que não se considera invenção nem modelo de utilidade:


I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; II - concepções puramente abstratas; III - esquemas,
planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de
fiscalização; IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; V -
programas de computador em si; VI - apresentação de informações; VII - regras de jogo; VIII - técnicas e
métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no
corpo humano ou animal; e IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na
natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os
processos biológicos naturais.

— (BRASIL, 1996, [s. p])

Ademais, deve-se perceber que, de acordo com o art. 18 da LPI, há inventos que,
embora preencham os requisitos de patenteabilidade (novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial), não podem ser objeto de concessão de patente,
devido a algum impedimento legal. Assim, não são patenteáveis:


O que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; as substâncias,
matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas
propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de
transformação do núcleo atômico; e o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos
que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial -
previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta. 

— (BRASIL, 1996, [s. p.])

No Brasil, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é a autarquia federal


responsável por processar os pedidos de patentes, as quais, se concedidas,
resultam na chamada carta-patente, bem como os demais registros. 

O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá:

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1. Requerimento.

2. Relatório descritivo.

3. Reivindicações.

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4. Desenhos, se for o caso.

s e õ ç at o n a r e V
5. Resumo.

6. Comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito.

EXEMPLIFICANDO

Um pedido de patente quanto à criação de métodos de diagnóstico de uma


doença viral seria, certamente, negado, devido ao óbice encontrado no
inciso VIII do art. 10 da Lei nº 9.279/96.

O pedido que não atender formalmente aos elementos citados, mas que contiver
dados relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue,
mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem
cumpridas, no prazo de 30 dias, sob pena de devolução ou arquivamento da
documentação. Logo, cumpridas as exigências, o depósito será considerado como
efetuado na data do recibo (SILVEIRA, 2014). 

O pedido de patente de invenção terá de se referir a uma única invenção ou a um


grupo de invenções inter-relacionadas, de maneira a compreenderem um único
conceito inventivo. 

O pedido de patente será mantido em sigilo durante 18 meses contados da data de


depósito ou da prioridade mais antiga, quando houver, após o que será publicado.
Uma vez publicado o pedido de patente e até o final do exame, será facultada a
apresentação, pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem
o exame, de modo que este não será iniciado antes de decorridos 60 dias da
publicação do pedido. 

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O exame do pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por


qualquer interessado, no prazo de 36 meses, contados da data do depósito, sob
pena do arquivamento do pedido. Concluído o exame, será proferida decisão,
deferindo ou indeferindo o pedido de patente. A patente será concedida depois de

0
deferido o pedido e comprovado o pagamento da retribuição correspondente,

s e õ ç at o n a r e V
expedindo-se a respectiva carta-patente.

Ainda sobre as patentes, note que a patente de invenção tem prazo de 20 anos, a
contar do depósito, e de, no mínimo, 10 anos, a contar da concessão; já a patente
de modelo de utilidade tem prazo de 15 anos, a contar do depósito, e de, no
mínimo, sete anos, a partir da concessão.

Trataremos, agora, do chamado modelo de utilidade. O modelo de utilidade pode


ser patenteado, como já sabemos. Logo, é patenteável como modelo de utilidade o
objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que
apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em
melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação (DONELAS, 2018). 

O modelo de utilidade tem a ver com as criações que possuam caráter técnico-
científico de natureza funcional, relacionadas à forma e disposição introduzida em
objeto de uso prático, ou apenas parte deste, conferindo ao objeto, já conhecido
pelo estado da técnica, uma melhoria funcional no uso ou na fabricação. Já a
invenção é a que resulta diretamente do intelecto do inventor, que apresenta
solução nova para problemas existentes em uma determinada área. 

Os requisitos para que se possa considerar o modelo de utilidade são: aplicação


industrial, melhoria funcional e ato inventivo. Aplicação industrial é o fato de o
objeto ser passível de utilização ou fabricação pela indústria. Melhoria funcional é a
maior praticidade alcançada pelo uso do objeto, de modo que deve ser detalhada
pelo depositando do pedido de patente. Por fim, ato inventivo refere-se à norma
forma, que não seja decorrente do estado da técnica ou da melhoria.

EXEMPLIFICANDO

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Considerando a pandemia da COVID-19, em que termos se dá a discussão


sobre a quebra de patente das vacinas desenvolvidas?

O pedido de patente de modelo de utilidade seguirá o mesmo procedimento

0
daquele visto para a patente de invenção.

s e õ ç at o n a r e V
ATENÇÃO

De acordo com o art. 44 da LPI, ao titular da patente é assegurado o direito


de obter indenização pela exploração indevida de seu objeto, inclusive em
relação à exploração ocorrida entre a data da publicação do pedido e a da
concessão da patente. Se o infrator obteve, por qualquer meio,
conhecimento do conteúdo do pedido depositado anteriormente à
publicação, contar-se-á o período da exploração indevida para efeito da
indenização a partir da data de início da exploração. Quando o objeto do
pedido de patente se referir a material biológico, o direito à indenização
será somente conferido quando o material biológico se tiver tornado
acessível ao público. Por fim, o direito de obter indenização por exploração
indevida, inclusive com relação ao período anterior à concessão da patente,
está limitado ao conteúdo do seu objeto.

Agora, falaremos sobre as marcas.

Importante direito industrial é a marca, que é protegida mediante a concessão de


registro, definida pelo art. 122 da LPI, como os sinais distintivos visualmente
perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais. Nota-se que, no Brasil, o
que importa é o elemento que seja visualmente perceptível, de modo que estão
excluídos do contexto da marca a possibilidade de registro relativamente a
aspectos sonoros, olfativos e gustativos. 

Ademais, alguns sinais não podem ser registrados como marca, como disciplina o
extenso rol do art. 124 da LPI, por exemplo: brasão, armas, medalha, bandeira,
emblema, designação de sigla de órgão público, sinal ou expressão empregada

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apenas como meio de propaganda, cores e suas denominações, nome civil ou


assinatura, pseudônimo ou apelido notoriamente reconhecido, obra literária,
artística ou científica, termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, etc. 

0
A marca, em suma, tem a finalidade de identificar determinado produto ou serviço
do empresário, para distingui-lo dos demais.

s e õ ç at o n a r e V
Com efeito, a disciplina legal das marcas encontra guarida na Lei de Propriedade
Industrial (LPI – Lei nº 9.279/96), no Título III, a partir do art. 122. 

Em relação aos requisitos das marcas, temos que tecer alguns comentários. A
distintividade (distinção da marca) tem a função de identificar determinado
produto ou serviço do empresário, distinguindo-o dos demais. A marca deve,
assim, ser individualizadora do produto ou serviço que identifica. A novidade diz
respeito à exigência de que a marca seja nova no contexto do mercado, de modo
que não poderá existir outra que seja idêntica ou semelhante, que já esteja em
utilização. Importante mencionar que não é um critério absoluto, pois as marcas
que porventura sejam idênticas ou semelhantes não estão estritamente proibidas.
Porém, isso somente será possível se as marcas idênticas ou semelhantes tenham
contextos de mercado diferentes, isto é, não podem ter afinidade mercadológica. A
veracidade tem relação com a proteção do consumidor, para que a marca não
indique qualidades inexistentes. A licitude, com efeito, indica que a marca não
pode ser contrária à moral ou aos bons costumes, tampouco para atividade ilícita,
assim considerada sistematicamente pela legislação. 

De acordo com o art. 123 da LPI, tem-se algumas espécies de marcas. 

A marca de produto ou serviço é aquela usada para distinguir produto ou serviço


de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. A marca de
certificação é a aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou
serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente
quanto à qualidade, à natureza, ao material utilizado e à metodologia empregada.
Já a marca coletiva é aquela para identificar produtos ou serviços provindos de
membros de uma determinada entidade.
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Ainda, é válido comentar sobre a chamada marca de alto renome e a marca


notoriamente reconhecida. 

À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será assegurada proteção

0
especial, em todos os ramos de atividade, de acordo com o art. 125 da LPI – neste
caso, sua proteção não está restrita ao ramo de atividade originalmente concedida

s e õ ç at o n a r e V
(ex. Bombril). Por sua vez, a marca notoriamente conhecida em seu ramo de
atividade, nos termos do art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para
Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial,
independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil,
conforme disposto no art. 126 da LPI. Neste caso, a marca está limitada ao ramo
de atividade específica; esse reconhecimento advém depois de ela ter conquistado
elevado grau de conhecimento. 

Em princípio, a marca somente estará verdadeiramente protegida no respectivo


âmbito mercadológico de produtos ou serviços se estiver registrada. Somente o
registro concede o direito de propriedade da marca, portanto. O órgão responsável
pelo registro e pela fiscalização, como já sabemos, é o INPI. 

A regra geral para o registro da marca é a novidade, como já foi falado, observando
os impedimentos previstos no art. 124, também comentado. Quanto ao
mecanismo, deve-se realizar busca para saber se a marca já se encontra
registrada. Após, deposita-se o pedido no INPI, com a especificação (detalhamento)
do ramo mercadológico. O trâmite leva em torno de 24 meses, é público, de modo
que possibilita que interessados ofertem impugnações. Com o pedido protocolado,
é dada publicidade na Revista da Propriedade Industrial, de modo que eventuais
lesados poderão se manifestar no prazo de 60 dias. Depois, o INPI conclui o exame
e profere decisão. Se deferido e após o recolhimento da competente taxa, será
emitido certificado de registro da marca, com período de vigência de 10 anos.

ASSIMILE

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Patente serve para a proteção da invenção ou do modelo de utilidade. Já o


registro é utilizado para a proteção das marcas.

Por último, é preciso falar sobre registro de nomes de domínio no Brasil e a

0
resolução de conflitos nesta seara.

s e õ ç at o n a r e V
O desenvolvimento e a expansão da internet criaram um problema no que se
refere ao seu uso comercial. Trata-se de atribuição dos nomes para os sítios
eletrônicos, em razão do potencial conflito com marcas já registradas e com nomes
de figuras públicas, como as pessoas que são famosas na mídia. Usualmente, os
computadores faziam uso de um mesmo processo de comunicação, chamado de
TCP/IP (o endereço de IP) (TEIXEIRA, 2020). 

Esse endereço é composto por uma série de números, que é bastante complexa.
Como os endereços deste tipo são muito difíceis de seres memorizados, tanto
pelas pessoas quanto pelas empresas, criou-se o sistema de nomes de domínio,
cuja tarefa é facilitar o endereçamento e a localização dos computadores na rede
mundial (internet). É por isso que, quando buscamos algum site, ao invés de
utilizarmos o endereço de IP, utilizamos o nome, por exemplo:
www.onome.com.br. 

No Brasil, os registros de nomes de domínio são feitos no site registro.br. Ele é o


departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br)
responsável pelas atividades de registro e manutenção dos nomes de domínios
que usam o .br. Por sua vez, o NIC.br foi criado para implementar as decisões e os
projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que é o responsável por
coordenar e integrar as iniciativas e os serviços da internet no país. 

Aquele interessado em registrar um nome de domínio na internet poderá assim


proceder, mediante o registro de um nome que represente uma marca, um nome
qualquer, um nome empresarial, etc. Acontece que esta titularidade pode não
pertencer àquele que intenta o registro. Tal se dá porque o registro de nomes de
domínio de sítios eletrônicos é feito por intermédio do sistema “first come, first

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served”, isto é, literalmente, o primeiro que chegar pode registrar, de modo que
não precisará demonstrar ou comprovar que é titular de marca ou nome
empresarial. Neste sentido dispõe a Resolução CGI.br/RES/2008/008/P (do Comitê
Gestor da Internet no Brasil – CGI.br), segundo a qual um nome de domínio

0
disponível para registro será concedido ao primeiro requerente que satisfizer,

s e õ ç at o n a r e V
quando do requerimento, as exigências para o registro. Logo, é possível (e, com
efeito, há) violações potenciais a nomes e marcas que já sejam de titularidade de
pessoas (físicas ou jurídicas) que não aquela que primeiro intentou o registro do
nome de domínio (SANTOS; JABUR; ASCENÇÃO, 2020). 

Conforme a Resolução CGI.br/RES/2008/008/P:


Constitui-se em obrigação e responsabilidade exclusivas do requerente a escolha adequada do nome do
domínio a que ele se candidata. O requerente declarar-se-á ciente de que não poderá ser escolhido nome que
desrespeite a legislação em vigor, que induza terceiros a erro, que viole direitos de terceiros, que represente
conceitos predefinidos na rede Internet, que represente palavras de baixo calão ou abusivas, que simbolize
siglas de Estados, Ministérios, ou que incida em outras vedações que porventura venham a ser definidas pelo
CGI.br.

— (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, 2008, p. 2)

Vale ressaltar que é permitido o registro de nome de domínio apenas para


entidades que funcionem legalmente no país, profissionais liberais e pessoas
físicas, conforme disposto na mencionada Resolução. No caso de empresas
estrangeiras, poderá ser concedido o registro provisório, mediante o cumprimento
de algumas exigências (como procurador constituído no Brasil, declaração de
atividade comercial, compromisso que a empresa estabelecerá sua atividade no
Brasil no prazo de 12 meses, etc.). 

O Decreto nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, criou o Comitê Gestor da Internet


no Brasil, o qual dispõe sobre o modelo de governança da internet no Brasil e dá
outras providências. O comitê terá as seguintes atribuições:

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I - estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil; II -


estabelecer diretrizes para a organização das relações entre o Governo e a sociedade, na execução do registro


de Nomes de Domínio, na alocação de Endereço IP ( Internet Protocol ) e na administração pertinente ao
Domínio de Primeiro Nível (ccTLD - country code Top Level Domain ), " .br ", no interesse do desenvolvimento da
Internet no País; III - propor programas de pesquisa e desenvolvimento relacionados à Internet, que permitam a

0
manutenção do nível de qualidade técnica e inovação no uso, bem como estimular a sua disseminação em todo
o território nacional, buscando oportunidades constantes de agregação de valor aos bens e serviços a ela
vinculados; IV - promover estudos e recomendar procedimentos, normas e padrões técnicos e operacionais,

s e õ ç at o n a r e V
para a segurança das redes e serviços de Internet, bem assim para a sua crescente e adequada utilização pela
sociedade; V - articular as ações relativas à proposição de normas e procedimentos relativos à regulamentação
das atividades inerentes à Internet; VI - ser representado nos fóruns técnicos nacionais e internacionais
relativos à Internet; VII - adotar os procedimentos administrativos e operacionais necessários para que a gestão
da Internet no Brasil se dê segundo os padrões internacionais aceitos pelos órgãos de cúpula da Internet,
podendo, para tanto, celebrar acordo, convênio, ajuste ou instrumento congênere; VIII - deliberar sobre
quaisquer questões a ele encaminhadas, relativamente aos serviços de Internet no País; e IX - aprovar o seu
regimento interno.

— (BRASIL, 2003, [s. p.])

Neste sentido, há o Sistema Administrativo de Conflitos de Internet relativos a


nomes de domínios sob o ".br" – SACI-Adm –, que serve para resolução de conflitos
existentes entre o titular de um nome de domínio no “.br” e qualquer terceiro
(reclamante) que venha a contestar a legitimidade do nome antes registrado. 

O sistema se limita a determinar a manutenção do registro, a hipótese da sua


transferência ou até mesmo o seu cancelamento. A adesão do titular ocorre
mediante um contrato, que é firmado quando do registro de nomes de domínio.
Vale dizer que referido sistema não se presta a fixar indenizações, que deverão ser
pleiteadas pela via judicial.

ATENÇÃO

De acordo com o art. 11 do Código Civil (BRASIL, 2002), com exceção dos
casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. O
nome da pessoa natural é um exemplo de direito da personalidade, além
da imagem e da honra. Logo, sem autorização, não se pode usar o nome
alheio em propaganda comercial, assim como não pode ser utilizado para
fins de exploração econômica, por outra pessoa, em sítios de internet ou
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em nomes de domínio, sem autorização expressa e inequívoca ciência. O


terceiro que verificar indevida utilização do seu nome tem direito de
cancelar o registro, a não ser que se trate de homônimo, respeitado o
princípio da boa-fé (uso conforme a razoabilidade, probidade, honestidade,

0
etc.).

s e õ ç at o n a r e V
Completamos mais um importante bloco de estudos. Continue firme e focado!
Cada vez mais, desbastamos os campos de interesse do Direito Cibernético.

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de
utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas
físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida, o
inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria
protegida pela patente (INPI, 2021).

Sobre patentes, assinale a alternativa correta.

a.  Para a obtenção da patente, é dispensável o registro, uma vez que a lei já protege a propriedade
industrial ou o modelo de utilidade desde o momento de sua criação.

b.  A patente, assim como a marca, é um dos modos de assegurar o reconhecimento tanto intelectual como
financeiro do autor, por isso é possível utilizá-las como sinônimos.

c.  A patente é um instituto de proteção à propriedade material e pode incidir em sobre modelos de
utilidade e propriedades industriais.

d.  A lei permite patentear qualquer propriedade material ou imaterial, desde que atenda aos requisitos de
novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

e.  São patenteáveis as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem
como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou
modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico.

Questão 2


Marca é o sinal colocado em um produto ou serviço para que este seja identificado e distinguido, não sendo
assim confundido pelo público com outros produtos (ou serviços) semelhantes. [...] a marca é um meio das
pessoas identificarem um produto (ou serviço) diferenciando o de outros Ela é representação gráfica que
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pessoas identificarem um produto (ou serviço) diferenciando¬-o de outros. Ela é representação gráfica, que
pode ser uma palavra, uma expressão, um símbolo ou um emblema que é estampado no produto (ou serviço)
para sua identificação.

— (TEIXEIRA, 2020, p. 177)

0
Sobre as marcas, analise as afirmativas a seguir:

s e õ ç at o n a r e V
I. O registro de marca tem validade de dez anos, sendo vedado realizar o registro
novamente depois do término da primeira validade.

II. É proibido o registro de duas marcas semelhantes quando se encontram em


diferentes ramos de atividade.

III. De acordo com a lei, a marca pode ser dividida em algumas espécies, tais como
marcas de certificação, marcas coletivas e marcas notoriamente reconhecidas.

É correto o que se afirma em:

a.  I, apenas.

b.  II, apenas.

c.  III, apenas.

d.  I e II, apenas.

e.  I, II e III.

Questão 3
O desenvolvimento e a expansão da internet criaram um problema no que se
refere ao seu uso comercial. Trata-se de atribuição dos nomes para os sítios
eletrônicos, em razão do potencial conflito com marcas já registradas e com nomes
de figuras públicas, como as pessoas que são famosas na mídia.

Tomando como referência o registro de domínio e suas características, julgue as


afirmativas a seguir em (V) verdadeiras ou (F) falsas:

(     ) Antes dos registros de domínio, já havia uma forma de semelhante de


identificar sites eletrônicos na internet, o IP, mas, pela difícil memorização de um
conjunto de números foi adotado o registro de domínio
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conjunto de números, foi adotado o registro de domínio. 

(     ) O ente responsável pela manutenção dos nomes de domínio é o Registro.br.


Trata-se de órgão do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

(     ) Para o registro de nomes de domínio, no Brasil, adotou-se o princípio “first

0
come, first served”, ou seja, é concedido o domínio ao primeiro requerente que

s e õ ç at o n a r e V
satisfizer as exigências para o registro.

(     ) O registro de domínio é permitido para entidades que funcionem legalmente


no país ou no exterior, abrangendo profissionais liberais e pessoas físicas.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

a.  V – V – V – V.

b.  V – F – V – V.

c.  V – V – V – F.

d.  F – V – V – V.

e.  V – F – V – F.

REFERÊNCIAS
AHLERT, I.; CAMARA, E. J. Patentes: Série Soluções Jurídicas. São Paulo: Grupo GEN,
2019. 

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
https://bit.ly/3uaWFAy. Acesso em: 9 ago. 2021.

BRASIL. Decreto nº 4.829, de 3 de setembro de 2003. Dispõe sobre a criação do


Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGIbr, sobre o modelo de governança da
Internet no Brasil, e dá outras providências. Presidência da República, [2021].
Disponível em: https://bit.ly/3kl3L2h. Acesso em: 9 ago. 2021.

https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 16/17
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BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos


à propriedade industrial. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível
em: https://bit.ly/3ziMuNx. Acesso em: 9 ago. 2021.

0
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF:
Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3yjXuZw. Acesso em:

s e õ ç at o n a r e V
9 ago. 2021.

COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. Resolução CGI.br/RES/2008/008/P.


Procedimentos para registro de nomes de domínio. Brasília, DF: CGI.br, 2008.
Disponível em: https://bit.ly/3Dkh2k8. Acesso em: 9 ago. 2021.

DONELAS, J. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 7. ed. São


Paulo: Empreende, 2018. 

INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Disponível em:


https://bit.ly/2PPTmQL. Acesso em: 9 ago. 2021.

SANTOS, M. P. dos; JABUR, W. P.; ASCENÇÃO, J. de O. Direito autoral. 2. ed. São


Paulo: Saraiva, 2020. 

SILVEIRA, N. Propriedade Intelectual: propriedade industrial, direito de autor,


software, cultivares, nome empresarial, abuso de patentes. 5. ed. Barueri, SP:
Manole, 2014. 

TEIXEIRA, T. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2020.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


MARCAS E PATENTES

0
Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V

Fonte: Shutterstock.

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SEM MEDO DE ERRAR


Diante do caso exposto, é necessário analisar a Lei nº 9.279/96 (Lei de Propriedade
Industrial), que trata sobre patentes. 

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A equipe médica que realizou a cirurgia estava sendo acusada de violar a


propriedade industrial do profissional criador do método, baseando-se em uma
suposta patente referente ao procedimento cirúrgico de sua autoria que a equipe
teria se aproveitado. No entanto, aqui cabe pontual crítica, na medida que a

0
própria lei supracitada traz, em seu art. 10, o seguinte:

s e õ ç at o n a r e V

Não se considera invenção nem modelo de utilidade: 

[...] VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para
aplicação no corpo humano ou animal.

— (BRASIL, 1996, [s. p.])

Logo, não se considera invenção nem modelo de utilidade, para efeitos de patente,
técnicas e métodos operatórios e cirúrgicos, de modo que se pode extrair três
possibilidades:

1. A patente realmente existe e foi concedida ao médico, contrariando seu


próprio texto. 

2. A patente está sob crivo do Instituto Nacional de Proteção de Dados (INPI) em


formato de pedido de registro e, se observar os dispositivos legais, de certo
será negada. 

3. A patente, ou sequer o pedido de patente, existe.

De todo modo, fica evidente a incompatibilidade desta patente com a lei, de sorte
que reservar o direito à exploração exclusiva ao autor de um método cirúrgico é
atentar diretamente contra expressa previsão.

Logo, em observância à LPI, torna-se totalmente incompreensível falar em


patentes sobre métodos operatórios em humanos, não sendo válida a acusação de
violação de propriedade intelectual.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
DEBATE SOBRE MARCAS E PATENTES

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Durante uma aula de Direito Cibernético, mais especificamente na matéria de


Marcas e Patentes, surge um debate sobre as semelhanças e diferenças entre
esses dois institutos. No entanto, o professor percebe que alguns alunos não estão
compreendendo muito bem o caráter da discussão, por não terem compreendido,

0
realmente, o que são marcas e o que são patentes. Então, ele, notando a sua

s e õ ç at o n a r e V
participação ativa no debate e convicto do seu entendimento completo sobre o
assunto, solicita a você que vá à frente da sala e explique, primeiramente, o que
são e, depois, quais são as diferenças entre eles. 

Agora, você deve elaborar um roteiro, a fim de assegurar que não cometerá
nenhum equívoco diante da sala sobre o conceito de marcas e patentes e quais
são as diferenças entre eles.

RESOLUÇÃO 

Marca é o sinal depositado em um produto ou serviço para identificar e


distinguir, assim não confundido pelo público com outros produtos (ou
serviços) semelhantes. É, de modo mais prático, a representação gráfica, que
pode ser uma expressão, uma palavra, um símbolo ou um emblema
estampado no produto ou no serviço para a sua identificação. 

Já patente é o título de propriedade temporária sobre uma invenção ou


modelo de utilidade. Em termos práticos, trata-se de um acordo entre o Estado
e o inventor, em que o segundo apresenta uma invenção útil à sociedade, e o
primeiro lhe recompensa com o direito de exploração exclusiva durante um
período. 

A diferença entre esses institutos reside, principalmente, na natureza deles.


Enquanto marca é a criação de uma representação gráfica que identifica e
auxilia o empresário na divulgação de seus produtos, patente é o nome dado à
proteção jurídica que o Estado reconhece a outros tipos de criações: as
invenções e os modelos de utilidade, ou seja, marca é a proteção em si, e

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patente é a proteção estatal. Ademais, sobre as marcas, a proteção se dá


mediante o registro; as invenções e os modelos de utilidade são protegidos
mediante patente. 

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Outra diferença é que a proteção sobre as invenções e os modelos de

s e õ ç at o n a r e V
utilidade, ou melhor, as patentes, tem necessariamente um período limitado
no tempo. Depois de alcançado o prazo da lei, ela acaba, e o que era protegido
cai em domínio público, já as marcas, não. A partir do seu registro, contam-se
10 anos de proteção, mas que pode ser renovada sucessivamente por períodos
indeterminados.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

DIREITO AUTORAL NA ERA DIGITAL

0
Luiz Felipe Nobre Braga

Fonte: Shutterstock. s e õ ç at o n a r e V

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PRATICAR PARA APRENDER


A partir de agora, vamos nos dedicar ao estudo do direito autoral na era digital. 

Conhecer os direitos autorais abrange uma significativa parcela dos direitos


relacionados à propriedade intelectual. É possível dizer que esse direito responde
pelo complexo de normas jurídicas que indicam a proteção de criações intelectuais

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de um determinado titular. 

Aliás, essa proteção quanto ao direito do autor não é muito antiga, você sabia?
Apenas no final do século XVIII que ela começou a acontecer. 

0
Imagine, atualmente, a importância desta temática, sobretudo quando falamos da

s e õ ç at o n a r e V
real necessidade de proteção dos direitos autorais frente aos desafios trazidos
pelo ciberespaço. 

Por conseguinte, o direito cibernético tem uma especial veia de atenção neste
campo, porquanto as relações digitais aumentaram as situações em que se verifica
a presença dos direitos do autor, seja em relação à exploração econômica ou em
relação à prática de violações de todo gênero. 

Para tanto, conheceremos a natureza jurídica do direito autoral, bem como quais
são as obras protegidas, o registro, a transferência, alguns dos crimes e a questão
do domínio público. Por fim, especificamente na era digital, veremos a
responsabilidade civil pela violação dos direitos autorais na internet.

Um coordenador do curso de Direito da faculdade que você estudou ficou


sabendo, por meio das redes sociais, acerca da sua especialização em direito
autoral e lhe convidou para realizar uma palestra on-line aos alunos. O convite
havia sido enviado por e-mail, conforme segue: 

“Prezado ex-aluno, Fulano de Tal. 

Recentemente tomei conhecimento da sua especialização em direito autoral,


tema que porventura estou ministrando aos discentes do terceiro semestre do
curso de Direito. Nesse sentido, reconhecendo a sua vida pregressa de ótimo
aluno e depositando em você a mais sincera confiança, é que venho, por meio
deste, convidá-lo para a realização de uma palestra on-line, na segunda-feira
da semana porvir, sobre direito autoral e a única teoria sobre sua natureza

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jurídica. Aguardo ansiosamente a sua resposta a esse convite e espero que


você possa contribuir para os alunos no ensinamento desse direito da
personalidade. Aliás, tenho certeza de que contribuirá. Encarecidamente, 

0
Coordenador.”

s e õ ç at o n a r e V
Ao receber o convite, você fica muito contente e prontamente o aceita, porém não
consegue deixar de notar o equívoco que o coordenador cometeu ao propor
apenas uma única teoria sobre a natureza jurídica do referido direito. 

Logo, você decide responder ao e-mail afirmando não existir apenas uma única
teoria para explicar isso, mas várias, aproveitando para explicar cada uma delas.

Agora, você deve elaborar um texto que aponte as teorias acerca da natureza
jurídica do direito autoral, explicando-as. 

Sigamos em frente em mais este degrau dos nossos estudos. Temos ido bem e
continuaremos assim. Bons estudos!

CONCEITO-CHAVE
O direito autoral consiste em instituto originado da propriedade intelectual, que
tem por finalidade amparar o autor de uma determinada criação, assim como o
conjunto de direitos que advêm desta, que têm como objetivo protegê-los. “O
Direito de Autor constitui uma categoria jurídica relativamente recente, que
começou a se consolidar a partir das leis revolucionárias francesas de 1791 e
1793.” (ZANINI, 2015, p. 23).

Trata-se da proteção do vínculo jurídico existente entre autor e obra, por essa
consistir na própria exteriorização da personalidade humana, do criador,
sobretudo com resguardo dos interesses patrimoniais correspondentes. 

Desta maneira:

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Direito de autor é o direito que o criador de obra intelectual tem de gozar dos produtos resultantes da
reprodução, da execução ou da representação de suas criações [...] quando falamos de direito de autor,


estamos nos referindo às leis que têm por objetivo garantir ao autor um reconhecimento moral e uma
participação financeira em troca da utilização da obra que ele criou.

— (AFONSO, 2009, p. 10)

0
A Lei nº 9.610/98 consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras

s e õ ç at o n a r e V
providências. Ela regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação
os direitos de autor e os que lhes são conexos. Neste contexto, perceba que, “em
breve noção, pode-se assentar que o Direito de Autor ou Direito Autoral é o ramo
do Direito Privado que regula as relações jurídicas, advindas da criação e da
utilização econômica de obras intelectuais estéticas e compreendidas na literatura,
nas artes e nas ciências” (BITTAR, 2019, p. 25).

Ademais, os direitos conexos são entendidos como aqueles pertencentes aos


artistas intérpretes ou executantes (por exemplo, atores, cantores, músicos, etc.),
bem como aos produtores de fonogramas e aos organismos de radiodifusão.

ASSIMILE

A expressão “direitos autorais” diz respeito aos direitos do autor


propriamente dito, bem como em relação aos direitos conexos.

Questão interessante diz respeito à natureza jurídica dos direitos autorais. Várias
teorias já tentaram apresentar uma resposta. Há perspectivas que tendem a
enquadrá-lo no campo de direitos da personalidade, outras como direito de
propriedade.

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(a) teoria da propriedade (concepção clássica dos direitos reais) – a obra seria um bem móvel, e o seu autor
seria titular de um direito real sobre aquela; (b) a teoria da personalidade – a obra é uma extensão da pessoa


do autor, cuja personalidade não pode ser dissociada do produto de sua inteligência; (c) a teoria dos bens
jurídicos imateriais – reconhece ao autor um direito absoluto sui generis sobre sua obra, de natureza real,
existindo – paralelamente – o direito de personalidade, independente, que consiste na relação jurídica de

0
natureza pessoal entre o autor e a obra; (d) a teoria dos direitos sobre bens intelectuais – o direito das coisas
incorpóreas (obras literárias, artísticas e científicas, patentes de invenção e marcas de comércio), e, finalizando,
a teoria dualista [...], conciliando as teses anteriores.

s e õ ç at o n a r e V
— (NETTO, 2019, p. 134)

A verdade é que, na prática, trata-se de uma fusão entre ambos os horizontes. O


direito autoral compreende tanto algo proveniente do intelecto humano e, assim,
da sua personalidade, honra, nome e imagem, quanto possui repercussão
econômica e, portanto, patrimonial, no sentido de consistir numa propriedade
(NETTO, 2019).

Assim:


[...] o direito à intimidade, à liberdade de expressão, à vida, à educação, não contém vínculo de ordem
patrimonial, o mesmo não ocorre em relação à criação intelectual: juntamente com o direito moral de autor
(que é um dos ramos dos direitos da personalidade), nasce um bem (a obra intelectual) que entra para o campo
da propriedade exclusiva do seu autor.

— (NETTO, 2019, p. 133)

Em relação à Lei nº 9.610/98, alguns comentários merecem ser feitos. Quanto à sua
natureza legal, o art. 3º é cristalino ao prever que os direitos autorais são
considerados como bens móveis. Além disso, os negócios jurídicos que tenham a
ver com direitos autorais devem ser interpretados de maneira restritiva, de modo a
proteger a criação intelectual na totalidade da sua envergadura. 

Interessante saber que, de acordo com o art. 2º, “os estrangeiros domiciliados no
exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados em
vigor no Brasil” (BRASIL, 1998, [s. p.]). O disposto nessa legislação também será
aplicado aos nacionais ou às pessoas domiciliadas em país que assegura aos
brasileiros ou às pessoas com domicílio no Brasil tratamento recíproco quanto à
proteção dos direitos autorais. 

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Os atributos do direito autoral são, principalmente: autoria, nome, integralidade,


exclusividade, ineditismo, direito de retirada de circulação e preservação da
memória. Autoria, quanto à origem pessoal da obra; nome, quanto à designação
dada à obra; integralidade, quanto ao direito de veiculação; exclusividade,

0
quanto ao direito de uso conferido pelo autor ou por quem este autorizar;

s e õ ç at o n a r e V
ineditismo, quanto ao direito de manter a obra para si, sem divulgação; direito de
retirada de circulação, para fins de alteração ou por razões de foro íntimo;
preservação da memória, quanto ao resguardo de sua estética.

A autoria é comprovada desde o momento da criação da obra, de modo que não é


necessário que se perfaça qualquer registro. Apesar disso, a fim de se visar ao
resguardo de interesses do autor, pode ser interessante a guarda dos
comprovantes de publicação de textos, por exemplo, assim como proceder-se ao
registro formal da obra em instituições, como bibliotecas públicas ou no próprio
INPI. O objetivo é, com efeito, diminuir riscos quanto à eventual apropriação ou ao
uso indevido. 

De todo modo, segundo o art. 11 da Lei nº 9.610/98, autor é a pessoa física


criadora de obra literária, artística ou científica. Para se identificar como autor, o
criador da obra literária, artística ou científica poderá usar de seu nome civil,
completo ou abreviado até por suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro
sinal convencional.

Mas, quais seriam as obras protegidas? Primeiro, entenda que por obra protegida
deve-se entender as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas
em qualquer suporte (tangível ou intangível), seja ele conhecido ou ainda sequer
inventado. 

Note que:

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As obras intelectuais tendem a perpetuar-se, como testemunhas da própria evolução do homem – e de seus
diferentes estilos – e como instrumentos perenes de transmissão de conhecimentos e de sensibilização, mas os


direitos sobre elas incidentes, sob o aspecto patrimonial, cedem à ação do tempo previsto na lei e os vínculos
de exclusividade rompem-se, passando a respectiva exploração ao domínio de qualquer interessado (domínio
público).

0
— (BITTAR, 2019, p. 119)

s e õ ç at o n a r e V
O art. 7º da Lei nº 9.610/98 indica como exemplos de obras protegidas:


I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;

II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;

III - as obras dramáticas e dramático-musicais;

IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer
forma;

V - as composições musicais, tenham ou não letra;

VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas;

VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia;

VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;

IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;

X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura,


paisagismo, cenografia e ciência;

XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual
nova;

XII - os programas de computador;

XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que,
por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual.

— (BRASIL, 1998, [s. p.])

Por outro lado, é importante que você conheça aquilo que não é objeto de
proteção em termos de direitos autorais. Essa informação vem por meio do art. 8º
da Lei nº 9.610/98:

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I - as ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais;


II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios;

III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informação, científica ou não, e
suas instruções;

0
IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais;

V - as informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros ou legendas;

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VI - os nomes e títulos isolados;

VII - o aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras.

— (BRASIL, 1998, [s. p.])

A criação de uma obra corresponde a uma extensão da personalidade do autor,


que poderá ter repercussões econômicas. No entanto, de uma perspectiva
estritamente intelectual, há uma série de direitos do autor que são considerados
como morais, como aqueles que se encontram disciplinados no âmbito do art. 24
da Lei nº 9.610/98, como:


I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; 

II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na
utilização de sua obra; 

III - o de conservar a obra inédita; 

IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de


qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra; 

V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; 

VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a


circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem; 

VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem,
para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de
forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de
qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado. Vale ressaltar que os direitos morais do autor são inalienáveis
e irrenunciáveis.

— (BRASIL, 1998, [s. p.])

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Além disso, com base no art. 28 da Lei de Direitos Autorais, cabe ao autor o direito
exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica.
Consequentemente, de acordo com o art. 29, depende de autorização prévia e
expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:

0

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I - a reprodução parcial ou integral; 

II - a edição; 

III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; 

IV - a tradução para qualquer idioma; 

V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual; 

VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração
da obra; 

VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer
outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e
lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou
produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário; 

VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante: a) representação,
recitação ou declamação; b) execução musical; c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; d)
radiodifusão sonora ou televisiva; e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de frequência coletiva;
f) sonorização ambiental; g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado; h) emprego
de satélites artificiais; i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de
comunicação similares que venham a ser adotados; j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas; 

IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de


arquivamento do gênero; 

X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas.

— (BRASIL, 1998, [s. p.])

Em consonância com o art. 30 da Lei nº 9.610/98, no exercício do direito de


reprodução, o titular dos direitos autorais poderá colocar à disposição do público a
obra, na forma, no local e pelo tempo que desejar, a título oneroso ou gratuito.

O direito de exclusividade de reprodução não será aplicável quando ela for


temporária e apenas tiver o propósito de tornar a obra, fonograma ou
interpretação perceptível em meio eletrônico ou quando for de natureza

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transitória e incidental, desde que ocorra no curso do uso devidamente autorizado


da obra pelo titular. 

Em qualquer modalidade de reprodução, a quantidade de exemplares será

0
informada e controlada, cabendo a quem reproduzir a obra a responsabilidade de
manter os registros que permitam, ao autor, a fiscalização do aproveitamento

s e õ ç at o n a r e V
econômico da exploração. Ademais, quando uma obra feita em regime de
coautoria não for divisível, nenhum dos coautores, sob pena de responder por
perdas e danos, poderá, sem consentimento dos demais, publicá-la ou autorizar-
lhe a publicação, salvo na coleção de suas obras completas.

Neste sentido, os direitos de autor poderão ser totais ou parcialmente transferidos


a terceiros, por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular,
pessoalmente ou por meio de representantes com poderes especiais, por meio de
licenciamento, concessão, cessão ou por outras formas admitidas em Direito,
obedecidas às seguintes limitações, consoante o art. 49 da Lei de Direitos Autorais:


I - a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de natureza moral e os expressamente
excluídos por lei; 

II - somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante estipulação contratual escrita;

III - na hipótese de não haver estipulação contratual escrita, o prazo máximo será de cinco anos; 

IV - a cessão será válida unicamente para o país em que se firmou o contrato, salvo estipulação em contrário; 

V - a cessão só se operará para modalidades de utilização já existentes à data do contrato; 

VI - não havendo especificações quanto à modalidade de utilização, o contrato será interpretado


restritivamente, entendendo-se como limitada apenas a uma que seja aquela indispensável ao cumprimento da
finalidade do contrato.

— (BRASIL, 1998, [s. p.])

Ademais, a cessão total ou parcial dos direitos de autor, que se fará sempre por
escrito, presume-se onerosa. Note que a cessão dos direitos de autor sobre obras
futuras abrangerá, no máximo, o período de cinco anos.

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Sobre o domínio público, considerações interessantes podem ser feitas. Os direitos


patrimoniais do autor perduram por 70 anos, contados de 1º de janeiro do ano
subsequente ao de seu falecimento, obedecida à ordem sucessória da lei civil,
prazo também aplicado às obras póstumas. Quando a obra literária, artística ou

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científica realizada em coautoria for indivisível, aquele prazo previsto será contado

s e õ ç at o n a r e V
da morte do último dos coautores sobreviventes. Por outro lado, será de 70 anos o
prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre as obras anônimas ou
pseudônimas, contado de 1º de janeiro do ano imediatamente posterior ao da
primeira publicação. 

O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras audiovisuais e


fotográficas será de 70 anos, a contar de 1º de janeiro do ano subsequente ao de
sua divulgação. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção
aos direitos patrimoniais, pertencem ao domínio público as de autores falecidos
que não tenham deixado sucessores e as de autor desconhecido, ressalvada a
proteção legal aos conhecimentos étnicos e tradicionais.

Note que não constitui ofensa aos direitos autorais, dentre outros, conforme rol do
art. 46 da Lei nº 9.610/98: reprodução, com menção do nome do autor;
reprodução, de pequenos trechos, para uso privado; citação em livros, jornais,
para fins de estudo, com indicação do nome e obra; utilização para prova judiciária
ou administrativa. 

A violação de direitos autorais é crime previsto no Código Penal Brasileiro, no art.


184, no Título III, dos Crimes Contra a Propriedade Imaterial, e sua pena pode
constituir em detenção de três meses a quatro anos e multa. 

Com efeito, o caput do artigo citado indica que é crime “violar direitos de autor e os
que lhe são conexos” (BRASIL, 1940, [s. p.]). Neste caso, da forma simples, a pena é
de detenção de três meses a um ano ou multa. 

O dispositivo traz, no entanto, formas qualificadas, como a do §1º, quando a


violação consistir em reprodução total ou parcial com intuito direito ou indireto de
obtenção de lucro, resultando em pena de reclusão de dois a quatro anos e multa;
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do §2º, quando incorre nas mesmas penas quem, com o intuito de lucro, distribuir,
vender, etc., cópia de obra ou original reproduzido com violação do direito de
autor, de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma;
do §3º, quando se prevê uma pena de reclusão de dois a quatro anos e multa, se a

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violação consistir no oferecimento ao público, mediante 

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cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou
produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com
intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete
ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente.

— (BRASIL, 1940, [s. p.])

REFLITA

Incorre em prática delitiva, à luz da legislação brasileira, quem compartilha,


por e-mail ou meio congênere, arquivos de obras que foram digitalizadas,
sem que haja ocorrido pagamento de direitos autorais aos titulares
respectivos?

Por fim, tratemos da responsabilidade civil pela violação de direitos autorais na


internet. 

Como já vislumbrado, o advento de novas tecnologias de comunicação, em


especial a internet, causou um grande impacto às relações jurídicas como um todo.
As qualidades da internet, tais como a dinamicidade, a anonimização e a
capacidade de interligação em grandes distâncias de forma ágil, ao mesmo tempo
que significaram uma excelente ferramenta facilitadora da comunicação, acabaram
por criar, paralelamente, um local propício para a violação dos direitos autorais.
Diante disso, surge a seguinte pergunta: quem responsabilizar? 

Para responder a essa questão, devemos, em primeiro lugar, traçar quais são os
agentes da rede. De forma simplificada podemos distingui-los entre provedores e
usuários. Deste modo, limitamos a nossa pergunta a duas respostas, ou seja, será

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o provedor ou o usuário quem deve se responsabilizar, e essa decisão,


evidentemente, variará de acordo com o caso concreto.

Quando o provedor será responsabilizado? E em que caso o usuário será

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responsabilizado? 

s e õ ç at o n a r e V
De acordo com o nosso ordenamento jurídico, o provedor não será
responsabilizado por danos causados por terceiros, de modo que o provedor se
faz como mero intermediário e não detém culpa direta da violação causada por
usuário, conforme estabelece o art. 18 da Lei nº 12.965/14. O legislador, ao criar
essa norma, provavelmente, compreendeu que não seria adequado punir o
provedor, dada a sua incapacidade técnica de observar absolutamente cada ação
que um usuário realiza e a ausência de nexo causal entre a ação de prover acesso
e violar um direito. 

Todavia, o legislador, no art. 21 daquela lei, prevê a sua responsabilização se caso


houver sido notificado nada fazer para mitigar a recorrência daquele incidente,
pois aqui, sim, há relação casuística, ainda que indireta, entre a ação de prover
indevidamente e a ação de violar. 

Mas, e o usuário? A nossa legislação não traz em específico nenhuma disposição


sobre a violação dos direitos autorais na internet, contudo traz sanções e
responsabilidades civis sobre a simples violação. Entende-se, portanto, que, até o
momento, o desrespeito ao direito autoral no ordenamento jurídico brasileiro
independe do meio em que se perfaz. Em outras palavras, a lei entende que a
internet é apenas o instrumento para a consumação, para tanto deve-se observar
o que dispõe a Lei nº 9.610/98, que traz no Título VII, Capítulo II, as sanções civis
aos transgressores. 

De acordo com esta lei, o titular, cuja obra seja fradulentamente reproduzida ou
divulgada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a
suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível (vide art. 102). 

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Não obstante, aquele que já editou a obra sem autorização do titular perderá os
exemplares que se apreenderem e, ainda, deverá pagar o preço dos que já tiver
vendido (vide art. 103). E, caso não seja conhecida a quantidade vendida, deverá
pagar a quantia de três mil exemplares, mais os apreendidos. Ainda nesta seara, o

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artigo art. 104 da Lei nº 9.610/98 define que:

s e õ ç at o n a r e V

Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma
reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou
indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos
precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no
exterior.

— (BRASIL, 1998, [s. p.])

Nesse sentido, aplicando ao cenário da internet, confira o precedente do Superior


Tribunal de Justiça (STJ) sobre o assunto:


Quem viabiliza tecnicamente, quem se beneficia economicamente e, ativamente, estimula a criação de
comunidades e páginas de relacionamento na internet é tão responsável pelo controle de eventuais abusos e
pela garantia dos direitos da personalidade de internautas e terceiros como os próprios internautas que geram
e disseminam informações ofensivas aos valores mais comezinhos da vida em comunidade, seja ela real, seja
virtual.

— (STJ, RECURSO ESPECIAL 1.117.633/RO. Relator: Ministro Herman Benjamin. 9-3-2010)

Ademais, todo o conteúdo transmitido ou retransmitido por qualquer meio deverá


ser imediatamente suspenso ou interrompido, independentemente das sanções
penais cabíveis. Sendo assim, é possível afirmar que, no caso da internet, haveria a
remoção dos locais onde se encontram os conteúdos violadores. Contudo, neste
ponto, cabe uma crítica pontual, de forma que a rápida disseminação e a facilidade
do acesso dos usuários podem resultar em sua disponibilidade quase que eterna
na rede.

EXEMPLIFICANDO

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Imagine uma situação em que uma editora tenha seu livro recém-
publicado, adquirido por um indivíduo que o digitaliza e, em seguida, o
publica na internet. A rápida disseminação fará com que esse livro seja
acessado no mundo todo e, mesmo após a ordem judicial para a remoção

0
dos exemplares disseminados (o que é muito difícil), aqueles que fizeram o

s e õ ç at o n a r e V
download do livro ainda o terão e poderão publicá-lo novamente,
perpetuando o ciclo de violações.

Tendo em vista essa dificuldade, ainda que não de forma específica para a internet,
o legislador tentou tornar as sanções a essas violações bastante rígidas, a fim de
desestimular tal prática, de modo que, conforme o art. 105 Lei nº 9.610/98, “[...]
caso se comprove que o infrator é reincidente na violação aos direitos dos titulares
de direitos de autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado até o
dobro” (BRASIL, 1998, [s. p.]). 

E, ainda, a “sentença condenatória poderá determinar a destruição de todos os


exemplares ilícitos, bem como as matrizes, moldes, negativos e demais elementos
utilizados para praticar o ilícito civil [...]” (BRASIL, 1998, [s. p.]). 

Finalmente, pode-se concluir que ainda há muito em que se falar em violações dos
direitos autorais na internet (um instrumento que, ao mesmo tempo, é uma ótima
ferramenta de comunicação e um ambiente de risco para o direito autoral) e que,
apesar do esforço do legislador em desestimular essas infrações por meio de
sanções severas, elas ainda ocorrem e tendem a ocorrer.

Com isso, encerramos mais um bloco de estudos. Estamos avançando muito bem.
Sigamos em frente!

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
“O Direito de Autor constitui uma categoria jurídica relativamente recente, que
começou a se consolidar a partir das leis revolucionárias francesas de 1791 e
1793.” (ZANINI, 2015, p. 23).
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Tendo em vista o contexto apresentado, assinale a alternativa que conceitua


corretamente direito autoral.

a.  Complexo de normas jurídicas que indicam a proteção de criações intelectuais de um determinado


titular.

0
b.  É o direito de possuir um sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e

s e õ ç at o n a r e V
serviços.

c.  Trata-se de um privilégio concedido pelo Estado aos inventores titulares de alguma invenção de produtos
e processos de fabricação, ou aperfeiçoamento de algum já existente.

d.  É o conjunto de normas e princípios referentes às relações de consumo, ou seja, as relações existentes
entre o consumidor e o fornecedor.

e.  É o direito dado ao consumidor para desistir de compra feita fora do estabelecimento físico, no prazo de
sete dias.

Questão 2
O respeito ao direito de autor é fundamental para estimular e favorecer a atividade
criadora dos homens, permitir a difusão de ideias e facilitar o acesso do público em
geral às obras intelectuais.
Conforme o contexto apresentado, assinale a alternativa que contenha a lei que
discorre sobre a proteção dos direitos autorais.

a.  Lei nº 12.965/2014.

b.  Lei nº 8.666/1993.

c.  Lei nº 9.279/1996.

d.  Lei nº 13.709/2018.

e.  Lei nº 9.610/1998.

Questão 3

Na medida em que a disciplina de Direito Autoral engloba um conjunto de direitos exclusivos, oponíveis erga
omnes, de natureza tanto patrimonial quanto pessoal, a infração a esses direitos pode se dar tanto na esfera
patrimonial ou seja na ofensa à exclusividade de utilização da obra quanto na esfera pessoal ou seja no
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patrimonial, ou seja, na ofensa à exclusividade de utilização da obra, quanto na esfera pessoal, ou seja, no
desrespeito aos direitos morais de autor. Existe, portanto, uma grande variedade de tipos de violação de direito
autoral, sendo alguns mais recentes do que outros porque derivados das novas tecnologias.

— (AFONSO, 2009, p. 16)

0
Tendo em vista a grande variedade de crimes que podem ocorrer envolvendo os
direitos autorais, assinale a alternativa que conceitua corretamente uma

s e õ ç at o n a r e V
modalidade desta variedade, a contrafação.

a.  A reprodução sem a menção do titular, criador ou inventor do material.

b.  A reprodução não autorizada de obras artísticas literárias ou científicas pode ser integral ou parcial.

c.  A divulgação de material obtido ilegalmente por indivíduos na internet. Trata-se, pois, de um crime e uma
violação ao direito autoral.

d.  A criação de uma obra anônima, sem citar quem a fez, configurando crime contra o direito pessoal e
patrimonial do autor.

e.  Trata-se de uma exclusão indevida de uma obra artística, literária ou científica, que pode ocorrer tanto no
meio físico como digital.

REFERÊNCIAS
AFONSO, O. Direito Autoral: conceitos essenciais. Barueri, SP: Manole, 2009.
Disponível em: https://bit.ly/3ygqmlq. Acesso em: 7 jul. 2021.

BITTAR, C. A. Direito de Autor. 7. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2019. Disponível em:
https://bit.ly/3yeBlvB. Acesso em: 7 jul. 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
https://bit.ly/3uaWFAy. Acesso em: 10 ago. 2021.

BRASIL. Decreto nº 4.829, de 3 de setembro de 2003. Dispõe sobre a criação do


Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGIbr, sobre o modelo de governança da
Internet no Brasil, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República,
[2021]. Disponível em: https://bit.ly/3kl3L2h. Acesso em: 10 ago. 2021.

https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 17/18
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BRASIL. Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973. Regula os direitos autorais e dá


outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
https://bit.ly/2XQrzTX. Acesso em: 10 ago. 2021.

0
BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos
à propriedade industrial. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível

s e õ ç at o n a r e V
em: https://bit.ly/3ziMuNx. Acesso em: 10 ago. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a


legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência
da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/38b1ot0. Acesso em: 10 ago.
2021.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF:
Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3BbqqF3. Acesso em:
10 ago. 2021.

BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,


direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Brasília, DF: Presidência da
República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3bCOTbW. Acesso em: 10 ago. 2021.

NETTO, J. C. C. Direito autoral no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2019. Disponível em:
https://bit.ly/3jfVgWT. Acesso em: 7 jul. 2021. 

SANTOS, M. P. dos; JABUR, W. P.; ASCENÇÃO, J. de O. Direito autoral. 2. ed. São


Paulo: Saraiva, 2020. 

ZANINI, L. E. de A. Direito de Autor. São Paulo: Saraiva, 2015. Disponível em:


https://bit.ly/3zh1DyV. Acesso em: 7 jul. 2021.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


DIREITO AUTORAL NA ERA DIGITAL

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Luiz Felipe Nobre Braga

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SEM MEDO DE ERRAR


É interessante formular uma resposta ao coordenador, no seguinte modelo:

Prezado coordenador, uma vez aceito o convite feito por Vossa Senhoria, cumpre
consignar algumas ponderações, com todo respeito.

Não se pode atribuir apenas uma teoria de natureza jurídica para o direito autoral.
Na verdade, existem várias, e a discussão sobre qual a correta ainda continua nos
campos acadêmicos, sendo um dos muitos conflitos a serem solucionados. 

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Vejamos algumas das principais teorias sobre o assunto.

Inicialmente, surge a teoria da propriedade, uma concepção clássica dos direitos


reais, em que a obra seria um bem móvel, e o criador, um titular de um direito real

0
sobre a coisa. 

s e õ ç at o n a r e V
Depois, temos a teoria da personalidade, em que a obra se trata de uma extensão
da pessoa do autor, cuja personalidade não pode ser dissociada do produto de sua
inteligência. 

Não obstante, tem-se a teoria dos bens jurídicos imateriais, que, em suma,
reconhece ao autor um direito absoluto sui generis sobre sua obra, de natureza
real, existindo paralelamente o direito de personalidade, independente, que
consiste na relação jurídica de natureza pessoal entre o autor e a obra. 

Ademais, há a teoria dos direitos sobre bens intelectuais, em que o direito recai
das coisas incorpóreas (obras literárias, artísticas e científicas, patentes de
invenção e marcas de comércio).

E, por fim, a teoria dualista, que concilia as teses anteriores.

Com isso, prezado coordenador, espero ter lhe auxiliado, de modo que este
conteúdo será abordado na palestra que ministrarei.

Cordialmente.

Com isso, você respondeu adequadamente ao contato do coordenador.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
A PALESTRA SOBRE DIREITO AUTORAL E O COLEGA NERVOSO
Um professor de uma universidade privada do interior do estado de São Paulo
convida você e seu colega, em caráter de especialistas em direito autoral, para
apresentarem um seminário sobre o tema para os alunos dele. 

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Extremamente gratos pela confiança depositada em vocês, os dois decidem dar a


melhor palestra possível, de modo que consigam abordar todos os aspectos
dentro do tempo limite e que respondam a todas as perguntas de modo claro e
conciso. 

0
Passadas algumas semanas do convite, no dia marcado para a apresentação da

s e õ ç at o n a r e V
palestra, vocês dois, na hora correta, iniciam a explanação sobre direito autoral,
percorrendo cada uma de suas características. Ocorre que, no decorrer da
apresentação, mais especificamente quando seu amigo falava sobre registros, um
dos ouvintes questionou para que servia a existência do registro, tendo em vista
que este, conforme fora explicado, não era necessário para a reivindicação do
direito. Quando seu amigo estava prestes a responder, você notou nele muito
nervosismo e insegurança, acompanhados de algumas dificuldades para
responder à pergunta. Então, conhecendo a razão para a existência do registro,
você o interrompe cordialmente e se prepara para responder à questão feita pelo
ouvinte.

Agora, você deve elaborar um texto que responda à pergunta feita pelo ouvinte.
Afinal, se o registro não serve para reivindicação do direito autoral, para que ele
serve?

RESOLUÇÃO 

O registro de domínio, de fato, não é necessário para a reivindicação do direito


autoral, conforme estabelece a própria Lei nº 9610/98, no art. 18, segundo o
qual: “A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro”
(BRASIL, 1998, [s. p.]).

A proteção aos direitos que envolvem o direito de autor independe do registro,


de modo que o autor possui o direito garantido desde a concepção da obra. No
entanto, ainda é possível realizar facultativamente o registro. Mas, por qual
motivo? Simplesmente, segurança. O §1º do art. 17 da Lei nº 5.988, de 14 de
dezembro de 1973, deixa claro o motivo dessa possibilidade:

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Art. 17. Para segurança de seus direitos, o autor da obra intelectual poderá registrá-Ia, conforme sua
natureza, na Biblioteca Nacional, na Escola de Música, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal


do Rio de Janeiro, no Instituto Nacional do Cinema, ou no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia.

0
— (BRASIL, 1973, [s. p.])

s e õ ç at o n a r e V
Ou seja, o registro significa uma maior garantia, de maneira que permite que
se facilite a prova da violação desse direito em processos judiciais.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

DIREITO CONTRATUAL ELETRÔNICO

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Luiz Felipe Nobre Braga

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CONVITE AO ESTUDO
Olá! Falar em Direito Cibernético demanda, necessariamente, que falemos sobre
direito contratual e sobre as relações consumeristas que estão relacionadas ao
ciberespaço. 

É isso mesmo! Você já parou para pensar que praticamente tudo o que fazemos ao
longo do cotidiano envolve a celebração de contratos? Os negócios jurídicos estão
presentes nas nossas vidas desde a mais simples relação interpessoal até a mais

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complexa. 

E não seria diferente com relação às ações que perfazemos em âmbito digital,
afinal de contas, você já sabe que o Direito e o Estado tutelam as relações que

0
ocorrem no mundo virtual. Por isso, os negócios jurídicos que lá são firmados, os
contratos que daí surgem, desde quando acessamos determinado serviço,

s e õ ç at o n a r e V
adquirimos algum bem, ou até mesmo pelo simples ato de contratar um provedor
de Internet, por exemplo, invocam a preocupação do direito cibernético, e há
nesse contexto, obrigatoriamente, relação contratual e, em algumas situações,
relação de consumo. 

Para tanto, é fundamental que o profissional responsável por lidar com os desafios
do mundo cibernético conheça o direito contratual eletrônico, bem como que
esteja atento aos desafios proporcionados pelas dimensões consumeristas nesse
panorama. 

Além do mais, considerando a importância de que você esteja atento aos principais
tópicos do Direito Cibernético contemporâneo, note que é fundamental que você
também conheça algumas questões criminais. Para isso, estudaremos os crimes
praticados por meio eletrônico e a questão do tratamento jurídico da criança e do
adolescente nesse contexto. Por fim, abordaremos a matéria dos riscos e fraudes
no cenário cibernético, com atenção à perícia computacional e à metodologia para
obtenção de evidências, além da caracterização das provas eletrônicas e sua
tipificação legal. Bons estudos! 

PRATICAR PARA APRENDER


Olá!

A partir de agora estudaremos o chamado Direito Contratual Eletrônico.

Para que você possa compreender com tranquilidade como se dá a disciplina


jurídica dos contratos no meio cibernético, é fundamental, antes de tudo, que você
esteja a par da doutrina geral dos contratos, conforme a legislação brasileira. 

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Nesse sentido, começamos a pontuar os elementos imprescindíveis do direito


contratual brasileiro, preparando-o para entender como ocorre a aplicação desses
institutos e em que medida isso acontece no campo das relações travadas em
ambiente virtual. 

0
Dessa maneira, você estará preparado para enxergar o perfil jurídico das tratativas

s e õ ç at o n a r e V
negociais efetivadas pelos meios digitais, com razoável capacidade de entender os
termos, as normas aplicáveis e as possíveis consequências advindas da prática de
atos ilícitos, notadamente pelos provedores de Internet. 

À medida que as relações humanas passaram a constituir-se em meio digital, é


natural que o Direito Cibernético se estruture, também, à luz da doutrina
contratual, para extrair daí os preceitos por meio dos quais pode pensar a tutela
jurídica dos negócios entabulados no ciberespaço. 

Uma empresa de tecnologia guardava com sigilo e extrema cautela documentos


digitais referentes à nova versão do sistema operacional que estava prestes a ser
disponibilizado aos usuários. 

Vários acordos e negociações já haviam sido celebrados entre a empresa de


tecnologia e estabelecimentos de divulgação e marketing para anunciar aquele
novo produto. Emissoras de televisão e rádio, jornais e outros veículos de
comunicação foram pagos antecipadamente, assim como contratos com
celebridades que divulgariam o novo sistema operacional por meio das redes
sociais já estavam prontos, até que um dia antes da divulgação, um indivíduo, não
se sabe como, conseguiu acessar a rede de computadores que guardava todas as
informações do novo sistema, inclusive o próprio produto. Como se não fosse o
bastante, o usuário não identificado publicou as informações em um portal de
notícias. 

A informação em pouco tempo se espalhou e diversos veículos de informação ao


redor do mundo já estavam comentando sobre o vazamento. Todo o esforço
empregado para que a divulgação acontecesse da forma que a empresa desejava
foi em vão; os contratos firmados com as celebridades, o pagamento já realizado
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às empresas de marketing e aos veículos de comunicação representavam nada


mais que um enorme prejuízo financeiro e uma tremenda dor de cabeça, pois não
havia mais necessidade de divulgar/inaugurar um produto já conhecido para o
público.

0
Além disso, o produto se encontrava disponível, de forma gratuita, em diversos

s e õ ç at o n a r e V
sites. Uma simples busca no navegador possibilitava o acesso a centenas, talvez
milhares de links para o download do produto, que seria vendido por R$ 100,00 a
unidade. 

Em meio a essa catástrofe, advogados da empresa de tecnologia, buscando


responsabilizar e obter um ressarcimento para reparar os danos sofridos,
ajuizaram uma ação judicial contra outra empresa, uma provedora de internet
famosa. A parte alegou que a provedora deveria arcar com a responsabilidade civil
do dano causado, pois, apesar de ser causado por terceiro, teria sido responsável
por aquele dano, na medida em que permitiu que a publicação feita pelo invasor
se alastrasse e que ela ainda estivesse disponível na rede. 

Ao receber a intimação, a empresa provedora, assustada, reconhecendo o alto


valor indenizatório solicitado pelo requerente, busca você, em caráter de
especialista em direito cibernético, para elaborar um parecer sobre o caso. 

Afinal, a provedora é responsável por danos causados por terceiros? Existe alguma
lei que regulamente esse assunto? 

Vamos juntos dar mais este importante passo dos nossos estudos!

Tenha uma excelente leitura! 

CONCEITO-CHAVE
Em toda disciplina, é importante nos dedicarmos a entender, inicialmente, a
conceituação da temática a ser analisada, sobre o que estudaremos e em qual
terreno a técnica jurídica deverá se realizar. Com o direito civil, que lida com as
relações entre os sujeitos de direito e os bens da vida, as coisas, não é diferente. E

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para o nosso caso, do Direito Cibernético, a mesma lógica deve ser seguida,
especialmente no campo dos contratos, no qual há forte presença do
ordenamento jurídico relativo às relações obrigacionais. 

0
Assim, contrato é “um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes,
limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé, autodisciplinam os efeitos

s e õ ç at o n a r e V
patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas próprias
vontades” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020, p. 443). 

A manifestação de vontade é a verdadeira condição de existência dos contratos, já


que não se pode falar, neste campo jurídico, de nenhuma avença que tenha sido
fruto de opressão ou violência. Trata-se, assim, de um campo onde se manifesta a
vontade livre, de negócio jurídico que se afirma como um instrumento de
conciliação de interesses contrapostos (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020). O
contrato, então, realiza e conforma vontades, considera interesses, manejando-os
sob a rubrica legal e do contexto de circulação de bens e serviços, de circulação de
capitais – algo que é imprescindível para o desenvolvimento econômico.

Assim como a propriedade, os contratos também possuem uma função social, que
necessariamente deve estar presente. Esse aspecto diz respeito, sobretudo, a uma
leitura constitucional e social dos contratos, que é instituto típico de direito
privado. Há, assim, uma relevância social nos contratos, que vai desde a
característica destacada com relação ao desenvolvimento econômico até uma ideia
de pacificação social e segurança jurídica. Essa socialização dos contratos, e do
direito privado em geral, diga-se de passagem, vai muito além da primária noção
de harmonização de interesses contrapostos, à medida que busca respeitar a
dignidade humana, relativizar a igualdade das partes contratantes, isto é,
considerando as posições reais e não meramente formais das partes, a presença
da cláusula implícita da boa-fé objetiva (deveres de lealdade, confiança,
confidencialidade e transparência), o respeito ao meio ambiente e os valores
sociais do trabalho. 

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Do que estudamos até aqui, é possível propor uma redefinição do contrato, para
que alcance o plexo de valores constitucionais a partir dos quais, afinal, todo o
direito deve ser lido, interpretado e aplicado. O contrato, então, é

0

negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, visando a atingir determinados interesses patrimoniais,
convergem as suas vontades, criando um dever jurídico principal (de dar, fazer ou não fazer), e, bem assim,

s e õ ç at o n a r e V
deveres jurídicos anexos, decorrentes da boa-fé objetiva e do superior princípio da função social. 

— (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020, p. 446)

A natureza jurídica do contrato é a de negócio jurídico. Domina no direito brasileiro


a corrente voluntarista, isto é, a que considera a declaração de vontade como
elemento predominante, inclusive à luz do disposto no art. 112 do Código Civil,
segundo o qual “Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que sentido literal da linguagem” (BRASIL, 2002, [s. p.]). As
críticas a essa corrente dizem respeito ao fato de que nem sempre a verdadeira
premissa dos contratos é a vontade destinada a um determinado fim previamente
conhecido, até mesmo porque é possível a conversão substancial do negócio,
segundo o princípio da conservação, quando o negócio inicialmente entabulado,
inválido, converte-se em outro válido desde que apresente os respectivos
pressupostos deste último. Além disso, o negócio jurídico “é a manifestação de
vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e
eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico,
pretendidos pelo agente” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020, p. 447). Logo, o
consentimento ou consenso é que se torna verdadeiramente importante para a
formação de um contrato (negócio jurídico), formado, portanto, a partir das
vontades emitidas pelos declarantes. Sem isso, o negócio jurídico será considerado
inexistente. 

Mas o que orienta a disciplina dos contratos? Os princípios! Precisamos conhecer


alguns dos principais. Vamos lá?

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Os princípios são ditames superiores que fundam e informam o conjunto de regras


do direito positivo. Conferem, assim, fundamento de validade e significado
legitimador à integralidade da legislação. Nesse sentido, no campo do direito
privado, contratual, em particular, abandona-se uma postura excessivamente

0
patrimonialista, visando a buscar uma condição de dignidade à leitura dos

s e õ ç at o n a r e V
contratos, centrada, assim, na pessoa humana. Isso faz com que haja a
constitucionalização do direito civil por meio da introjeção de princípios
fundamentais nas relações privadas, com verdadeira força normativa.
Conheceremos, a partir de agora, os princípios mais importantes da doutrina
contratual de nosso tempo.

A liberdade contratual é um elemento que está na base da autonomia da vontade,


isto é, de se decidir se é oportuno ou não celebrar um contrato, ou se o contrato
será com esta ou aquela pessoa, de uma forma ou de outra e em qual prazo. No
entanto, como já podemos perceber, essa autonomia e essa liberdade não são
absolutas, porque existem normas que precisam ser observadas apesar da
vontade das partes, como característica da socialização que nós vimos. Nesse
sentido, fala-se em dirigismo contratual, justamente para que se entenda que
existem limitações de ordem pública aplicadas à realidade dos contratos. Então,
como já foi dito, a função social, a boa-fé objetiva, a preocupação com a dignidade
e o respeito ao meio ambiente são alguns exemplos desse dirigismo. 

O princípio da força obrigatória do contrato, conhecido como pacta sunt servanda,


indica que o contrato faz lei entre as partes, afinal de contas, de nada valeria um
contrato se o que estivesse ali estipulado não devesse ser cumprido, não fosse
obrigatório. Ocorre que esse princípio não pode ser levado às últimas
consequências (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020), isto é, não possui caráter
absoluto. Isso acontece porque inúmeras são as circunstâncias da vida real que
podem modificar o funcionamento das cláusulas previstas num contrato, por
exemplo. Imagine que uma prestação se torne excessivamente onerosa em virtude
da ocorrência de uma pandemia que resultasse em altos índices de desemprego e
bruscas quedas de renda. Assim é que a força obrigatória dos contratos deve ceder
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lugar a uma leitura conformativa, de proporcionalidade, consoante as


circunstâncias concretas. Nesse contexto, a questão do equilíbrio contratual é
tema de fundamental importância, sobretudo quando tratado à luz da teoria da
imprevisão, que “é invocada quando um acontecimento superveniente e

0
imprevisível torna excessivamente onerosa a prestação imposta a uma das partes,

s e õ ç at o n a r e V
em face da outra que, em geral, se enrique à sua custa ilicitamente” (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2020, p. 453). 

Já tivemos a oportunidade de discutir a função social dos contratos como uma das
características relativas ao seu conceito. É certo que a constante transformação da
sociedade faz com que os institutos de direito privado, como dos contratos, sofram
adaptações, sobretudo considerando o fato de que precisam ser compreendidos à
luz dos direitos e garantias fundamentais, bem como do dirigismo contratual que
estudamos. Por isso é difícil e até pouco recomendável conceituar de maneira
precisa e única a função social dos contratos, que, com efeito, poderá variar
quanto ao sentido, de acordo com as situações concretas. No entanto, é possível
dizer que a função social se manifesta numa perspectiva ou nível intrínseco ao
contrato, no que diz respeito à imposição de lealdade negocial e à boa-fé objetiva
na relação mútua entre as partes, a fim de assegurar equivalência material entre
elas (isto é, ausência de desequilíbrio). Por outro lado, num nível extrínseco, tem-se
em mira a proteção da coletividade quanto às possíveis repercussões do contrato,
isto é, quanto aos seus efeitos. Aliás, é importante que questões de ordem moral,
bem como as relacionadas à proteção do meio ambiente, sejam consideradas. Um
contrato, portanto, não é só um mero acordo entre as partes, justamente porque a
função social traz esses deveres anexos, que são necessários, cuja observância é
uma verdadeira condição de legitimidade. Além disso, a liberdade contratual será
exercida nos limites da função social do contrato, conforme expressa previsão do
art. 421 do Código Civil. 

Para Paulo Luiz Netto Lôbo (2002, [s. p.]): 

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o princípio da equivalência material busca realizar e preservar o equilíbrio real de direitos e deveres no
contrato, antes, durante e após sua execução, para harmonização dos interesses. Esse princípio preserva a


equação e o justo equilíbrio contratual, seja para manter a proporcionalidade inicial dos direitos e obrigações,
seja para corrigir os desequilíbrios supervenientes, pouco importando se as mudanças de circunstâncias
pudessem ser previsíveis. 

0
Há quem entenda diferente, de modo que tal princípio seria mais uma

s e õ ç at o n a r e V
proveniência da função social do contrato (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020). 

A boa-fé pode ser analisada sob dois diferentes prismas: subjetivo e objetivo. A
boa-fé, assim entendida sob o prisma subjetivo, diz respeito a uma situação
psicológica, “um estado de ânimo ou de espírito do agente que realiza
determinado ato ou vivencia dada situação, sem ter ciência do vício que a inquina”
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020, p. 466). Tal estado subjetivo deriva do
reconhecimento da ignorância do agente a respeito de determinada circunstância,
que macularia o contrato (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020). É diferente da
boa-fé objetiva – que mais nos importa –, porque pode ser aferida, medida,
comprovada, verificada. É porque a boa-fé objetiva é princípio contratual
consagrado, delineado em conceito jurídico indeterminado, que consiste em regra
de comportamento, com notável fundo ético, porém com exigibilidade do ponto de
vista jurídico. Essa exigência de comportamento de boa-fé, segundo uma média da
sociedade, do que é razoável e pertence ao bom-senso, traz consigo alguns
deveres anexos, que também são exigíveis juridicamente, como os deveres de
confiança, lealdade, informação, transparência, assistência, confidencialidade, etc.
Um contrato válido, portanto, é aquele dever jurídico que consiste numa prestação
de fazer, de não fazer ou de dar, bem como nos deveres inerentes e decorrentes
da boa-fé objetiva. 

REFLITA

Será que apenas os contratos expressamente previstos pela legislação


podem ser celebrados ou é possível a celebração de contratos atípicos?

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Além disso, é importante que você conheça os três momentos do contrato: a


oferta, a aceitação e a conclusão do contrato. 

Com efeito, o mais importante elemento de formação dos contratos é a

0
manifestação de vontade livre e desembaraçada, que faça convergir num acordo
de vontades, que convirja, como já sabemos, em consenso. As negociações

s e õ ç at o n a r e V
preliminares entre as partes demandam uma definição adequada dos termos
proposta e aceitação. A proposta, também chamada de oferta, policitação ou
oblação, é que dá início à formação do contrato, não dependendo, para ser
realizada, de forma especial (GONÇALVES, 2019). Não é sempre que a partir da
proposta a aceitação ocorrerá imediatamente, pois outras negociações ainda
poderão ser feitas – a chamada puntuação, as próprias negociações preliminares.
Nesse contexto, ainda não há vinculação de uma parte à outra. Mesmo que surja
um projeto ou uma minuta de contrato, não há obrigatoriedade ainda. Só haverá
responsabilização, nesse momento, se houver interesse de prejudicar a outra
parte, causando-lhe dano. Essa possibilidade deve ser lida à luz da boa-fé objetiva,
como já tivemos a oportunidade de explicar. 

A oferta “representa o impulso decisivo para a celebração do contrato, consistindo


em uma declaração de vontade definitiva” (GONÇALVES, 2019, p. 801). A proposta
deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço,
quantidade, eventuais prazos, forma de pagamento, etc., bem como deve ser séria
e consciente, à medida que vincula o proponente, conforme indicado no art. 427
do Código Civil. Além disso, deve ser clara, completa e inequívoca, formulada em
linguagem simples e direta, que possa ser compreendida (GONÇALVES, 2019). O
art. 429 do Código Civil indica que a “oferta ao público equivale a proposta quando
encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das
circunstâncias ou dos usos” (BRASIL, 2002, [s. p.]). Entende-se que a proposta é
limitada ao estoque existente (GONÇALVES, 2019). É assim que a oferta vale como
proposta obrigatória, portanto, quando reúne os elementos essenciais do
contrato. A proposta não obrigatória é possibilidade que está prevista no mesmo
art. 427 do Código Civil. Se a proposta contiver, por exemplo, cláusula expressa a
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respeito, como indicando a não definitividade da proposta ou a possibilidade de


retirá-la a qualquer tempo, não haverá vinculação. Então, em cada caso é
necessário avaliar se não há ressalva feita que desconstitua o caráter vinculante e
obrigatório da proposta. 

0
A aceitação é a concordância com os termos da proposta (GONÇALVES, 2019). A

s e õ ç at o n a r e V
aceitação pode ser expressa, quando a declaração do aceitante é evidente no
sentido da manifestação da sua anuência, ou tácita, quando decorre do seu
comportamento que acaba por revelar a sua conduta. O Código Civil apresenta
duas situações nas quais a manifestação de vontade não será vinculante. Se a
aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao
conhecimento do proponente, quando, por exemplo, o proponente já celebrou
negócio com outra pessoa – nesse caso, esse fato (novo negócio já celebrado em
função do atraso) deverá ser comunicado imediatamente ao aceitante, sob pena
de perdas e danos, com base no art. 430 do Código Civil. Outra hipótese é a
prevista no art. 433 do Código Civil, que considera “inexistente a aceitação, se
antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante” – é o caso
de retratação da aceitação, isto é, o desfazimento da declaração de vontade que
havia sido, inicialmente, feita pelo aceitante. 

Quanto ao momento de conclusão do contrato, algumas modalidades precisam ser


comentadas. Se o contrato for celebrado entre presentes, a proposta poderá
estipular ou não prazo para aceitação (GONÇALVES, 2019). Se não houver nenhum
prazo, a aceitação deverá ser feita imediatamente, pois, do contrário, a oferta
perderá sua força vinculativa. Se houver prazo, a aceitação deverá ocorrer dentro
do lapso temporal previsto. Quando o contrato é celebrado entre ausentes, por
correspondência (em qualquer meio), ou intermediários, a resposta pode levar
algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente. O art. 434 do Código
Civil acolheu a chamada teoria da expedição, de modo que afirma que os contratos
entre ausentes tornam-se perfeitos, isto é, concluídos, desde quando a aceitação é

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expedida, exceto no caso do art. 433 (a retratação da aceitação, como vimos), bem
como se o proponente houver se comprometido a esperar resposta ou se ela não
chegar no prazo convencionado. 

0
Mas será que essa disciplina se aplica ao caso dos contratos eletrônicos? Claro que
sim! Eventualmente, alguma ponderação deverá ser feita, no entanto, o que vimos

s e õ ç at o n a r e V
até agora constitui a estrutura basilar para o entendimento dos contratos
eletrônicos (REBOUÇAS, 2018). Logo, para “o Direito Digital, os contratos têm
algumas características peculiares que determinam a necessidade de aprofundar
questões normalmente não aplicadas em contratos tradicionais” (PECK, 2016, p.
535).

Nesse sentido,


Não há que se discutir mais a validade do contrato eletrônico, visto que este entendimento já́ está pacificado e
vem sendo tratado em âmbito internacional desde 1996 com as discussões da Lei Modelo da UNCITRAL, que em
seu art. 5° disse o seguinte: “Não se negarão efeitos jurídicos, validade ou eficácia à informação apenas porque
esteja na forma de mensagem eletrônica”. A mesma lei tratou ainda em seu art. 11 sobre a formação e validade
dos contratos, onde “salvo disposição em contrário das partes, na formação de um contrato, a oferta e sua
aceitação podem ser expressas por mensagens eletrônicas. Não se negará validade ou eficácia a um contrato
pela simples razão de que se utilizaram mensagens eletrônicas para a sua formação. 

— (PECK, 2016, p. 535-536)

Além disso, o contrato eletrônico consiste numa transação realizada por meio
eletrônico. As declarações de vontade são também manifestadas por meio
eletrônico (LORENZETTI, 2006).

Note que


Os contratos eletrônicos seriam uma modalidade de contratos atípicos, que são aqueles em que não há haver
regulamentação legal específica, onde o fator preponderante é a liberdade de contratar e o princípio da
autonomia da vontade, onde as partes devem acautelar-se na fixação das normas contratuais (cláusulas), desde
que estas não contrariem os princípios gerais do direito, os bons costumes e as normas de ordem pública. 

— (PECK, 2016, p. 536-537)

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“Atualmente os contratos eletrônicos apresentam-se sob duas formas distintas,


como contratos-tipo [...] e como contratos específicos.” (PECK, 2016, p. 538).

O contrato-tipo, também chamado de massa, em série ou por formulários

0
(GONÇALVES, 2019) é bastante próximo do contrato de adesão. A diferença é que,
embora pré-formatado, ele poderá ser alvo de discussão preliminar acerca do seu

s e õ ç at o n a r e V
conteúdo; não há imposição do contrato (como ocorre no de adesão); as cláusulas
encontram-se apenas pré-redigidas. São aqueles contratos com espaços em
branco “no tocante à taxa de juros, prazo e condições do financiamento, a serem
estabelecidos de comum acordo” (GONÇALVES, 2019, p. 824). Por outro lado,
contratos específicos são aqueles “nos quais a elaboração é feita caso a caso;
dependendo do status dos contraentes ou do objeto do contrato” (PECK, 2016, p.
538). 

Além disso,


Contratos que regem operações dentro do meio digital têm algumas peculiaridades que devem ser
especialmente observadas: a) indicação clara das responsabilidades de todos os participantes da cadeia de
relações envolvida, principalmente porque a Internet privilegia as relações em rede, com vários coparticipantes
e especial atenção nos direitos do consumidor final; b) estabelecer uma política de informação clara; c) política
de segurança e privacidade; d) cláusula de arbitragem; e) territorialidade, estabelecendo os limites geográficos
de ação de cada envolvido; f) relação dos parceiros envolvidos no negócio; g) no caso de os produtos
transacionados envolverem tecnologia, estabelecer as responsabilidades por upgrades e obsolescência. 

— (PECK, 2016, p. 539-540)

Nessa perspectiva, percebe-se que a contratação eletrônica é realidade que veio


para ficar. É o caso do chamado contrato informático.


Contrato informático é o que tem por “objeto” o equipamento ou o serviço de informática, incluindo o
desenvolvimento, a venda e a distribuição de hardware ou software e outros bens ou serviços relacionados.
Todavia, o contrato eletrônico tem na sua “forma” a peculiaridade, isto é, a contratação é feita por meio da
informática.  

— (TEIXEIRA, 2020, p. 118)

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Os contratos celebrados pela internet são “categorias contratuais regidas


conforme o seu objeto, ou seja, compra e venda, prestação de serviços, locação
etc.” (TEIXEIRA, 2020, p. 118).

0
Nós já tivemos a oportunidade de comentar o tema da responsabilidade civil dos
provedores em diversas passagens. No entanto, é preciso reforçar com você

s e õ ç at o n a r e V
alguns pontos muito importantes, a fim de consolidar o seu conhecimento. 

Em primeiro lugar, lembre-se de que a responsabilidade civil é o sistema que existe


para que um agente (pessoa natural ou jurídica) que tenha praticado um ato ilícito
contra outrem (pessoa física ou jurídica) responda com o seu patrimônio.
Responsabilidade civil envolve falar em questões patrimoniais, direta ou
indiretamente relacionadas à questão. Sim, estamos falando aqui da indenização.
Essa indenização pode se dar em virtude de um ato ilícito resultar em prejuízos de
ordem material ou de ordem moral. Nesse caso, aquele que sofrer a prática de um
ato ilícito poderá acionar aquele que o praticou perante a justiça brasileira, para
que seja compelido a arcar com as consequências. 

Em termos de responsabilidade civil dos provedores de internet, você deve se


lembrar, então, que a princípio eles não podem ser responsabilizados por
condutas que somente são atribuíveis aos usuários. Apesar disso, há hipóteses em
que os provedores de internet responderão de maneira objetiva, notadamente
quando se estiver diante de uma relação de consumo. Mas o que é essa
responsabilidade objetiva? Antes de você conhecer o que isso significa, entenda o
que denota a regra geral do nosso sistema de responsabilidade civil, que é a
responsabilidade subjetiva. 

Para que um agente seja responsabilizado pela prática de um ato ilícito, a outra
parte (a vítima, por exemplo) deverá demonstrar, num processo judicial, três
aspectos: a conduta (culposa ou dolosa), o dano e o nexo causal entre ambos. 

Na responsabilidade civil subjetiva, o elemento volitivo, isto é, de vontade, quanto


à intenção de praticar o ato ilícito (dolo) ou ao descuido quanto ao seu
cometimento (ou até a assunção do risco de cometê-lo), nos casos de imprudência,
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imperícia ou negligência (que são os casos de culpa), deve ser demonstrado. Esse é
o sistema geral. 

Por outro lado, no caso da responsabilidade civil objetiva, não há necessidade de

0
demonstração do elemento volitivo, mas apenas da conduta enquanto tal, do dano
e do nexo de causalidade entre ambos. Basta você pensar na palavra. É objetiva

s e õ ç at o n a r e V
porque não precisa existir demonstração de elemento subjetivo. Esse sistema
existe para aqueles casos em que o legislador entendeu que o causador do ato
ilícito detinha, de antemão, uma incumbência de assegurar a segurança naquele
determinado campo de atuação. Não havendo essa segurança, ou seja, não
evitado um risco ordinário que o legislador entende como pertencente àquela
atividade, seja por uma circunstância de fato, seja pela qualidade das partes
envolvidas, havendo ato ilícito, a vítima não precisará comprovar dolo ou culpa,
mas apenas a existência da conduta, do dano e do nexo causal. 

EXEMPLIFICANDO

Se uma pessoa proferir xingamentos contra outra numa rede virtual, ela
somente será responsabilizada caso a vítima demonstre a existência do
elemento volitivo na conduta da outra parte, seja para comprovar o dolo
(intenção) ou a culpa (imperícia, imprudência ou negligência), segundo o
sistema geral da responsabilidade civil subjetiva.

No caso dos provedores de internet, a responsabilidade deles é objetiva quando


eles estiverem na posição de fornecedores de serviços (LEITE; LEMOS, 2014).
Perante os consumidores, ou seja, em relação aos usuários dos seus serviços, os
provedores respondem objetivamente pelos atos ilícitos eventualmente causados
(LEONARDI, 2005).

Por fim, há a responsabilidade civil dos provedores apenas de modo subsidiário,


em situações nas quais não tenham atuado quando deveriam, como naqueles
casos de terem sido previamente notificados, como já debatemos amplamente.

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ASSIMILE

A responsabilidade civil é subjetiva ou objetiva. É subjetiva quando é


necessário demonstrar a existência do elemento volitivo do agente
causador do ato ilícito (dolo ou culpa) e objetiva quando a

0
responsabilização do agente causador do ilícito não depender da

s e õ ç at o n a r e V
demonstração de tais requisitos, bastando que a mera conduta seja
suficiente para o resultado danoso, isto é, comprova-se apenas a conduta
em si, o dano e o nexo causal.

Por ora é isso.

Concluímos juntos mais esta etapa dos nossos estudos. Até a próxima!

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
Contrato é um negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, pretendendo
alcançar certos interesses patrimoniais, convergem as suas vontades, criando um
dever jurídico principal e, bem assim, deveres jurídicos anexos, decorrentes da
boa-fé objetiva e do superior princípio da função social. 

Sobre contratos, assinale a alternativa correta.

a.  Os contratos são orientados pela responsabilidade objetiva e subjetiva.

b.  São princípios que orientam os contratos: a boa-fé, a força obrigatória e a reserva legal.

c.  O princípio da força obrigatória pode ser divido em: objetivo e subjetivo. 

d.  Os contratos são orientados pela oferta, aceitação e conclusão.

e.  São princípios que orientam os contratos: a boa-fé, a força obrigatória e a equivalência material.  

Questão 2
“Contrato informático é o que tem por ‘objeto’ o equipamento ou o serviço de
informática, incluindo o desenvolvimento, a venda e a distribuição de hardware ou
software e outros bens ou serviços relacionados. No entanto, o contrato eletrônico
t ‘f ’ li id d i t é t t ã é f it i d
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tem na sua ‘forma’ a peculiaridade, isto é, a contratação é feita por meio da


informática.” (TEIXEIRA, 2020, p. 118).

Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir:

I – As leis do Código Civil sobre contratos não podem ser utilizadas para os

0
contratos do meio eletrônico, pois contratos usuais e eletrônicos pouco têm em

s e õ ç at o n a r e V
comum. 

II – Os contratos eletrônicos podem ser divididos em contratos-tipo e contratos


específicos. 

III – Os mesmos princípios que orientam os contratos gerais orientam os contratos


eletrônicos, pois a única diferença marcante destes últimos é que algumas de suas
etapas ocorrem por meios digitais. 

É correto o que se afirma em:

a.  I, II e III.

b.  I, apenas.

c.  II, apenas. 

d.  II e III, apenas.

e.  I e II, apenas.

Questão 3
Existem algumas etapas que ocorrem na maioria dos contratos: a oferta, a
aceitação e a conclusão do contrato. Juntas elas são responsáveis por definir todo
o ciclo de vida de um contrato.

Tomando como referência o texto acima, classifique as afirmativas a seguir como


verdadeiras (V) ou falsas (F).

(  ) A conclusão é quando se dá o encerramento das obrigações assumidas pelos


contratantes.

(  ) A aceitação pode ser tácita ou expressa.

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(  ) A proposta deve ser clara, objetiva e inequívoca.

(  ) Na proposta, é proibido incluir preço, quantidade, prazos e formas de


pagamento.

0
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. 

s e õ ç at o n a r e V
a.  V – V – F – F.

b.  F – F – V – V.

c.  V – F – V – F. 

d.  V – V – V – F.

e.  V – V – V – V.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Decreto nº 4.809, de 3 de setembro de 2003. Dispõe sobre a criação do


Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGIbr, sobre o modelo de governança da
Internet no Brasil, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3
set. 2003.

BRASIL. Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à


propriedade industrial. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 maio 1996.

BRASIL. Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à


propriedade industrial. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 maio 1996.

BRASIL. Lei nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.  Altera, atualiza e consolida a


legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 19 fev. 1998.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário


Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002.

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19/05/2022 08:56 lddkls212_dir_cib_web

BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,


direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 23 abr. 2014.

0
COSTA NETTO, J. C. Direito autoral no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2019. Disponível
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GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais, v. 3. 17. ed.


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Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 55, 1 mar. 2002. Disponível
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LORENZETTI, R. L. Comércio eletrônico. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.

ONU. Organização das Nações Unidas. UNCITRAL Model Law On International


Commercial Arbitration. [S l.: s. n.], 1994.

PECK, P. P. Direito digital. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível


em: https://bit.ly/398TsZP. Acesso em: 10 set. 2021. 

REBOUÇAS, R. F. Contratos eletrônicos: formação e validade aplicações práticas. 2


ed. Almedina, Portugal: Grupo Almedina, 2018. 

https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 19/20
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TEIXEIRA, T. Direito digital e processo eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2020.


Disponível em: https://bit.ly/3CcHT0o. Acesso em: 5 jul. 2021.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


DIREITO CONTRATUAL ELETRÔNICO

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Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V

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SEM MEDO DE ERRAR

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Primeiramente, é irracional responsabilizar a empresa provedora por dano


causado por terceiro pelo fato de o produto ter sido divulgado inúmeras vezes e,
justamente por isso, estar disponível até agora para download, na medida que há
impossibilidade técnica não só de evitar comportamentos lesivos de seus usuários,

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como também de verificar o conteúdo de cada mensagem ou compartilhamento

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realizado e, ainda que fosse possível, significaria a adoção de políticas agressivas
de censura da conduta, configurando uma injusta limitação à privacidade e à
liberdade de expressão. 

Em segundo lugar, evidencia-se a inexistência de nexo causal existente entre o


dano sofrido por terceiro e o simples ato de disponibilizar acesso a rede para
diversos usuários. Se esse pedido for deferido, há de se responsabilizar também o
criador da internet, pois sem ele não seria possível essa violação – algo que soa
absurdo. A conexão à internet não é, nem de longe, a causa direta e imediata do
dano sofrido pela empresa de tecnologia, mas sim o comportamento do usuário
que ocasionou o conteúdo ilícito.

Nesse sentido é que a Lei nº 12.965/2014, ou simplesmente Lei do Marco Civil da


Internet, estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet
no Brasil, determinando que o “provedor de conexão à internet não será
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por
terceiros” (BRASIL, 2014, [s. p.]).

E, ainda nesse escopo,


Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de
internet somente poderá́ ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por
terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites
técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como
infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. 

— (BRASIL, 2014, [s. p.])

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Desse modo, de acordo com as exposições feitas e a orientação do diploma legal,


no caso em análise, a empresa não é responsável civilmente pelo dano causado
por terceiro porque não houve ordem judicial específica e ausência de tomada de
providências prévia.

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AVANÇANDO NA PRÁTICA

CONTRATO ELETRÔNICO
Uma empresa do ramo de decorações havia celebrado, por meio de um acordo
eletrônico, um contrato de prestação de serviços com outra empresa de eventos,
conhecida por promover festas e espetáculos. No contrato havia diversas
disposições que regulamentavam a prestação de serviços e o pagamento. Dentre
essas disposições havia uma cláusula que tratava sobre danos, e que dizia, ipsis
litteris: 

“O contratante será responsável por eventuais danos causados nos artefatos de


decoração, desde o momento da instalação até o momento da remoção, salvo se
houver culpa exclusiva de um dos funcionários da empresa contratada.” 

Ocorre que, durante o evento, um dos músicos contratados pela empresa de


eventos, empolgado com a emoção da plateia, esbarrou em uma das decorações
do palco, que caiu e quebrou. 

Ao final do evento, durante a remoção dos itens decorativos, um dos funcionários


da empresa prestadora de serviços identificou o item decorativo danificado e disse
que aquilo seria cobrado a mais, conforme fora estabelecido no contrato. 

Em resposta, o representante da empresa de eventos disse que não pagaria esse


valor porque o contrato não fora celebrado pessoalmente, mas por meio
eletrônico, sendo assim não possuía validade. 

Logo, a empresa de decoração busca você, em caráter de especialista em contratos


eletrônicos, para elaborar um breve parecer sobre a recusa do representante em
cumprir o que fora estabelecido no contrato. Afinal, o contrato celebrado por

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meios eletrônicos não tem validade? O representante deve ou não pagar o que
fora estabelecido?

RESOLUÇÃO 

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A empresa deve pagar o que fora estabelecido no contrato. 

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Essa alegação de que o contrato não possui validade por não ter sido
celebrado pessoalmente, mas sim por meios eletrônicos, é incorreta. A Lei
Modelo da UNCITRAL, em seu art. 5º, estabelece, ipsis litteris: “Não se negarão
efeitos jurídicos, validade ou eficácia à informação apenas porque esteja na
forma de mensagem eletrônica” (ONU, 1994, [s. p.], tradução nossa).

E ainda vai além em seu art. 11, dizendo que:


Salvo disposição em contrário das partes, na formação de um contrato, a oferta e sua aceitação podem
ser expressas por mensagens eletrônicas. Não se negará validade ou eficácia a um contrato pela simples
razão de que se utilizaram mensagens eletrônicas para a sua formação. 

— (ONU, 1994, [s. p.], tradução nossa)

Sendo assim, tendo sido obedecidos os planos de existência e validade


inscritos no Código Civil, e tendo em vista a aceitação dessa cláusula no
momento da assinatura, o representante deve pagar a quantia referente ao
item destruído.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

RELAÇÕES CONSUMERISTAS NA ERA DIGITAL

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Luiz Felipe Nobre Braga

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Fonte: Shutterstock.

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PRATICAR PARA APRENDER


Olá! Depois de termos nos dedicado aos temas relacionados ao direito contratual
no meio eletrônico de uma maneira ampla e conceitual, é chegado o momento de
contemplar a temática das relações consumeristas na era digital. 

Hoje em dia, é bastante comum que as pessoas realizem transações nos meios
digitais, principalmente para contratar bens ou serviços. Navegar na internet pelas
páginas de websites, por exemplo, já é uma forma de estabelecer uma relação na

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qual somos considerados como consumidores. 

Isso se dá porque a todo momento estamos sujeitos às propagandas que surgem,


as quais podem, em tese, até mesmo violar direitos que o ordenamento jurídico

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coloca como relacionados à proteção dos consumidores em geral. Além disso, são
celebrados inúmeros contratos, como quando consentimentos são fornecidos para

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a colheita e compartilhamento de dados junto a provedores ou websites. 

Nesse sentido, é preciso compreender como ocorre a configuração da relação de


consumo por meio do conhecimento dos seus elementos. Depois, é preciso refletir
sobre as perspectivas dos direitos do consumidor na era do e-commerce (no
comércio digital), para saber se existem pontos que merecem uma atenção
redobrada. 

Por fim, neste estudo, conseguiremos estabelecer eventuais lacunas que


permeiam o Código de Defesa do Consumidor quanto ao comércio eletrônico. 

Um homem, por meio de um site on-line, com auxílio de um atendente/vendedor


remoto, realizou uma compra de dez camisas de estilo polo, da marca X, cada uma
de uma cor diferente (tons de azul, rosa, verde e amarelo) a fim de renovar o seu
guarda-roupa.

Uma semana depois (no dia final do prazo), a encomenda chegou, o homem abriu
a embalagem e teve uma grande decepção.

Não era aquilo que ele esperava, a começar pelos tamanhos das camisas. Apesar
de serem de tamanho “G”, ficaram curtas, a ponto de o comprador não ser capaz
até mesmo de vesti-las. O tecido também o desagradou, pois ele esperava uma
malha de algodão cardada para não ter tanta preocupação na hora de passar as
camisetas, porém, ao tocar o tecido, notou que a malha era, na verdade, penteada.
Não obstante, os tons de cor mudavam pouquíssimo entre as camisas, de modo
que era quase imperceptível a alteração de uma cor para outra, algo muito
diferente das imagens apresentadas no anúncio e pelo vendedor remoto. 

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O homem, chateado, comentou a decepção com um amigo no dia seguinte, que


recomendou a ele devolver as peças de roupas, já que não se adequavam às suas
expectativas.

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Assim o homem procurou fazer. Ao chegar em casa, um dia após o recebimento da
encomenda, entrou no mesmo site e buscou ajuda para realizar o processo de

s e õ ç at o n a r e V
devolução com o mesmo atendente que o auxiliou no momento da compra. 

No entanto, o vendedor disse não poderia realizar a devolução, já que as


características do produto estavam todas descritas no anúncio e foi a própria
ausência de cautela por parte do consumidor que levou a uma compra
desinformada. Portanto, a loja não se responsabilizaria pelo custo de devolução e
muito menos com o ressarcimento do valor pago, não só porque não era
responsável pelo erro do cliente, como também porque o boleto já havia sido
faturado.

Em seguida, o homem disse que essa postura representava uma violação ao


Código de Defesa do Consumidor, mas o atendente respondeu imediatamente
que, neste caso, não havia que se falar nesse código, porque a compra havia sido
realizado pela internet. 

Depois de uma discussão ferrenha, o atendente disse ao cliente para “procurar os


seus direitos”, caso não estivesse satisfeito.

Então, ele busca você, em caráter de especialista em relações consumeristas no


comércio eletrônico, para responder aos seguintes questionamentos:

•  A empresa é obrigada a realizar a devolução? 

•  Existe algum direito que permite ao consumidor realizar a devolução do


produto? 

•  Caso haja essa possibilidade, ele terá que arcar com os custos da devolução? 

Agora você deve elaborar um pequeno parecer jurídico, a fim de responder às


perguntas do cliente. Afinal, quem tem razão, o cliente ou o atendente? 

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Vamos prosseguir foco e determinação em mais esta etapa do nosso estudo!


Sigamos juntos!

CONCEITO-CHAVE

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A primeira informação a ser conhecida no campo do direito do consumidor é a sua

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fonte legislativa. Há um conjunto de regras e princípios específicos para o campo
consumerista, os quais estão sistematicamente organizados no Código de Defesa
do Consumidor (CDC), apoiado na Lei nº 8.078/1990. A proteção e a defesa do
consumo decorrem de expresso direito fundamental, previsto no art. 5º, XXXII da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, segundo o qual “O Estado
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” (BRASIL, 1988, [s. p.]). O CDC
consiste num microssistema especializado que se refere à tutela das relações
privadas de consumo.

De acordo com o art. 2º do CDC, consumidor “[...] é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final” (BRASIL, 1990, [s.
p.]). Essa noção de destinatário final causa muita polêmica na doutrina, mas é
importante que conheçamos a posição do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a qual
prega que o consumidor, isto é, o destinatário final da relação de consumo, é
aquela pessoa, física ou jurídica que adquire bens ou utiliza serviços para si
próprio, sem que isso importe no incremento de alguma atividade comercial.
Pequenas empresas e profissionais liberais, desde que seja demonstrada
vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica, também são consumidores.

E o conceito de fornecedor? Ora, trata-se de um conceito muito mais amplo do que


o de consumidor. Todo aquele que atua nas diversas fases do processo produtivo é
considerado fornecedor para os fins legais. Não apenas o fabricante originário do
produto, por exemplo, mas os intermediários, intervenientes, distribuidores, o
comerciante final, todos são fornecedores à luz do CDC, porquanto operam,
embora em fases distintas, nas etapas da cadeia produtiva. Todos, então, devem
seguir as normas da legislação consumerista. 

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O objeto da relação de consumo consiste num produto, que poderá ser qualquer
bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, assim como um serviço, que consiste
numa atividade remunerada fornecida no mercado de consumo, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, ressalvando-se as de

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natureza trabalhista. 

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Nesse sentido, o art. 3º do Código de Defesa do Consumidor indica que


Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 

— (BRASIL, 1990, [s. p.])

Inicialmente, note que a relação de consumo deve proteger a vida, a saúde e a


segurança do consumidor, de modo que não é permitido que se ofereça riscos a
tais bens essenciais em função de produtos ou serviços considerados como
perigosos. Além do mais, o direito de informação é de fundamental importância na
proteção do consumidor, uma vez que inclui o conhecimento adequado e claro
acerca dos diferentes produtos ou serviços, que devem ser corretamente
especificados em relação a quantidade, características, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. 

De maneira específica, perceba que a oferta no mercado de consumo está


disciplinada no art. 30 do CDC (BRASIL, 1990). Trata-se de toda e qualquer
informação ou conteúdo publicitário preciso o bastante, veiculado em qualquer
meio ou por qualquer forma de comunicação, com relação a produtos ou serviços. 

A oferta, nesses termos, intima o fornecedor a cumprir exatamente o que foi


oferecido. 

Nesse contexto, segundo o art. 35 do CDC, o consumidor poderá, de maneira


alternativa, escolher uma dentre as seguintes opções: I – poderá exigir o estrito
cumprimento, de maneira forçada, da obrigação nos exatos termos da oferta,
apresentação ou propaganda; II – poderá aceitar um produto ou prestação de

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serviço que seja equivalente; e III – poderá rescindir o contrato de consumo, com
direito a que lhe seja restituído eventual quantia antecipada, com atualização
monetária e perdas e danos (BRASIL, 1990). 

0
Além disso, publicidade enganosa é qualquer modalidade de informação ou
comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou por qualquer

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outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir o consumidor ao erro a
respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. Já a publicidade
abusiva é a discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o
medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da
criança, desrespeite valores ambientais ou que seja capaz de incitar o consumidor
a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

É importante que você saiba um pouco mais sobre o chamado contrato de adesão.
Previsto no art. 54 do CDC (BRASIL, 1990), o contrato de adesão é aquele no qual
não houve discussão das cláusulas, sobretudo por parte do consumidor que, por
consequência, meramente aderiu a ele. No contrato de adesão, as cláusulas ou
foram aprovadas por alguma autoridade competente (como pode acontecer em
contratos bancários, em que há cláusulas aprovadas pelo Banco Central) ou, como
é mais comum, foram estabelecidas de maneira unilateral pelo fornecedor. 

EXEMPLIFICANDO

No geral, são de adesão os contratos: (i) bancários (por expressa previsão


no CDC, art. 3º, §2º); (ii) de arrendamento; e, (iii) de seguro.

E quanto às cláusulas abusivas nos contratos de consumo? O que isso significa?

Inicialmente, cabe elucidar que, basicamente, as cláusulas abusivas têm o intuito


de estabelecer uma relação desigual de vantagens e desvantagens entre as partes
envolvidas na relação consumerista. As situações que caracterizam a abusividade
têm previsão, de forma exemplificativa, no art. 51 da Lei nº 8.078/90 (Código de

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Defesa do Consumidor). Ou seja, outras hipóteses, além das estabelecidas em tal


dispositivo, dão ensejo à abusividade, já que a redação da lei assinala que “são
nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços [...]” (BRASIL, 1990, [s. p.]). Logo, no caso

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concreto, as hipóteses definidas servem como nortes iniciais, mas não se exaurem

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apenas na lei, pois dependem das circunstâncias concretas. 

São nulas de pleno direito as cláusulas que impossibilitem, exonerem ou atenuem


a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e
serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Ou seja, não têm
validade as cláusulas tendentes a diminuir ou excluir o dever de o fornecedor
responder por eventuais problemas em seus produtos ou na prestação de
serviços. Igualmente, são nulas as cláusulas que subtraiam do consumidor a opção
de reembolso da quantia já paga, que funciona como verdadeiro instrumento de
vedação ao enriquecimento ilícito, bem como as cláusulas que estabeleçam
obrigações consideradas iníquas, abusivas, isto é, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada ou que sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.

Vistos todos os elementos da relação de consumo, bem como algumas noções


gerais do Código de Defesa do Consumidor, é necessário refletir sobre as relações
de consumo na era digital, afinal é fato que as ferramentas de comunicação, como
a Internet, alteraram profundamente a sociedade, mas será que de algum modo
alcançaram também as relações de consumo? 

Evidente que sim! Note o empresário, por exemplo, que sempre busca transpor
obstáculos para levar seus produtos e serviços a quem deles precisarem, seja por
terra, por água ou pelo ar! Agora ele lançou mão dos meios eletrônicos para a
mesma finalidade (de transpor barreiras); trata-se de um instrumento potencial –
de custo relativamente baixo – de venda de bens e serviços (TEIXEIRA, 2020). 

A web acabou por ampliar a figura do faça você mesmo, fazendo com que os
serviços de self-service se expandissem cada vez mais. Nesse sentido, “a internet
permitiu a concretização de um dos sonhos empresariais, o da transformação do

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consumidor em empregado” (NUNES, 2018, p. 728).

ASSIMILE

O fenômeno do faça você mesmo é um modo de transferir a atividade-fim

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para o consumidor, que é quem paga para recebê-la (NUNES, 2018). Um

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restaurante que antes despendia gastos com um garçom para servir as
mesas, mostrar o cardápio e anotar os pedidos agora dá a possibilidade de
o próprio consumidor se servir, o que resulta em economia justamente ao
tornar o consumidor seu próprio “funcionário”.

Simultaneamente, mudou também o consumidor, que com os ambientes remotos


de relacionamento tem muito mais conhecimento sobre seus direitos e também
sabe desfrutar da negociação do seu poder de escolha, já que agora o concorrente
está a um clique de distância, diferentemente de quando os limites espaciais
reduziam suas opções. 

A relação de consumo foi alterada de tal forma que antes, durante ou até mesmo
após um serviço ser executado ou um produto ser vendido, um simples e-mail
enviado ao Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da empresa que não for
devidamente respondido já pode evidenciar um comportamento omisso ou
negligente e atrair responsabilidades de natureza jurídica (administrativa ou cível,
por exemplo) à empresa. Isso ocorre ao mesmo passo que, em contrapartida, uma
reclamação ofensiva publicada nas redes sociais pode ser utilizada como prova
contra o consumidor (PECK, 2016). 

Nesse sentido, a internet, ao mesmo tempo em que se apresenta como meio para
as relações de consumo, atua como canal de denúncia, como no caso dos
seguintes sites: www.reclameaqui.com.br, www.ebit.com.br, www.idec.gov.br,
www.portaldoconsumidor.gov.br, www.consumidor.gov.br, entre outros (PECK,
2016).

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No entanto, apesar dessas mudanças, o Código de Defesa do Consumidor incide


sobre as relações firmadas na esfera da internet? A resposta é afirmativa, desde
que seja constatada, como estudamos anteriormente, a relação de consumo
(TEIXEIRA, 2020). Desse modo, “as regras previstas pelo Código do Consumidor,

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Constituição Federal de 1988, Marco Civil da Internet e Decreto nº 7.962, de 2013,

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aplicam-se tanto às relações tradicionais e presenciais como às relações
estabelecidas por meio da Internet ou via meios digitais” (PECK, 2016, p. 157).

REFLITA

Mas será que o Código de Defesa do Consumidor, que data de 1990


(quando as ferramentas de comunicação no Brasil estavam, ainda, nos
primeiros passos), é capaz de suprir especificamente as relações
consumeristas no meio digital nos dias atuais?

Mesmo que o Código de Defesa do Consumidor possa ter o alcance estendido para
contemplar o comércio eletrônico, as tratativas nele elencadas fazem menção às
relações de consumo físicas, quando as partes estão presentes, ou quando estão
ausentes mas há conhecimento da localização para acertar o negócio realizado,
realidade diversa do comércio eletrônico atual (FERREIRA; JENSEN, 2012). 

Portanto, as regras criadas com a finalidade de proteger o consumidor naquele


momento nem sempre se adequam ao consumo no meio digital. 

O direito de arrependimento, por exemplo, reforça essa tese. 

Esse direito nada mais é do que um dispositivo, inserido no CDC, que confere a
possibilidade de o consumidor devolver um produto ou cancelar a execução de um
serviço dentro do prazo de sete dias, contados do recebimento do produto ou da
execução do serviço, quando a aquisição for realizada fora de estabelecimento
comercial, resguardando o reembolso do valor despendido.

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A intenção do legislador no momento de criação desse direito foi proteger o


consumidor contra compras desinformadas (realizadas principalmente pelo
telefone e pela televisão), tendo em vista a incapacidade dele de conhecer as
qualidades físicas do bem adquirido.

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Esse direito ainda prevalece atualmente, inclusive para compras realizadas na

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internet, o que pode ser questionado dada a relativização dessa incapacidade do
consumidor em conhecer as qualidades físicas de um produto, uma vez que essas
ferramentas permitiram, além da elaboração de um novo espaço de comércio, a
fácil obtenção de informações. 

Entretanto, mesmo que questionável, há ainda uma necessidade de adequação à


intenção do legislador com essa previsão normativa, sobretudo no caso em que
incide sobre produtos exclusivamente digitais, como músicas e cursos on-line. Ora,
se estes são essencialmente digitais, não haveria que se falar em incapacidade do
consumidor em reconhecer as qualidades físicas do objeto, pois nem mesmo
qualidades físicas tais produtos possuem. 

Nesse caso, o que existe é um abuso de direito, visto que o consumidor era, no
momento da compra, plenamente capaz de conhecer o conteúdo do que estava
prestes a adquirir. 

Por essas e outras lacunas é que vêm ganhando espaço novas perspectivas de
direitos para o e-commerce. Dentre elas, sem dúvida a mais marcante é a
referente ao projeto de lei que atualmente tramita no Congresso Nacional (Projeto
de Lei nº 1.589/99), que dispõe especificamente sobre o comércio eletrônico e
alguns assuntos correlatos, como a validade jurídica de documentos eletrônicos e
da assinatura digital (MICHEL, 2012).

Dado o exposto, nota-se que essas novas tecnologias e ferramentas de


comunicação, altamente dinâmicas, alteraram as relações de consumo,
culminando no surgimento de lacunas legais, deixando o legislador mais uma vez

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encarregado da difícil tarefa de atualização e adequação das leis consumeristas ao


contexto atual. Há, sem dúvida, muito o que se discutir sobre o futuro do e-
commerce e mais ainda sobre as leis que o regulamentam.

0
Ufa! Com isso encerramos mais uma parte dos nossos estudos. Continue firme!
Vamos juntos!

s e õ ç at o n a r e V
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
“Basicamente, uma relação de consumo, de forma imperiosa, possui dois
elementos que nunca deverão mudar: fornecedor e consumidor. Sem estas duas
figuras basilares não há que se falar em relação de consumo.” (FERREIRA; JENSEN,
2012, p. 100).

Tomando como referência o contexto apresentado, assinale a alternativa que


corresponde à definição de consumidor.

a.  Qualquer pessoa, seja ela pessoa física ou jurídica, que produz, transforma, importa, exporta, distribui ou
comercializa produtos ou serviços.

b.  É quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços.

c.  Quem adquire o produto ou serviço como destinatário final, seja ele pessoa física ou uma empresa.

d.  É quem tem por propósito o financiamento e a estruturação da empresa, tendo por objetivo o lucro.

e.  Qualquer um que exerça atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive
as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista. 

Questão 2
“A relação de consumo é o vínculo estabelecido entre fornecedor e consumidor
com o objetivo de adquirir produtos ou serviços.” (TEIXEIRA, 2020, p. 129).

Tomando como referência o contexto apresentado, assinale a alternativa que


apresente corretamente a definição de fornecedor. 

a.  Toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

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b.  Toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.

c.  Quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços.

0
d.  Uma pessoa física responsável pela venda de um produto ou serviço que atua como intermediário entre

s e õ ç at o n a r e V
o produtor e o consumidor.

e.  Necessariamente uma pessoa jurídica de direito privado que importa e exporta, vende ou cria produtos
ou, ainda, executa ou realiza um serviço. 

Questão 3
“A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transparência e harmonia das relações de consumo.” (BRASIL, 1990, [s. p.]).

Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir: 

I – Publicidade abusiva é qualquer modalidade de informação ou comunicação de


caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo,
mesmo por omissão, capaz de induzir o consumidor ao erro a respeito da
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e
quaisquer outros dados sobre produtos e serviços;

II – Publicidade enganosa é a discriminatória de qualquer natureza, a que incite à


violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de
julgamento e experiência da criança, desrespeite valores ambientais ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à
sua saúde ou segurança;

III – As cláusulas abusivas têm o intuito de estabelecer uma relação desigual de


vantagens e desvantagens entre as partes envolvidas na relação consumerista. As
situações que caracterizam a abusividade têm previsão, de forma exemplificativa,
no art. 51 da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

É correto o que se afirma em:


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É correto o que se afirma em:

a.  II e III, apenas.

b.  I e III, apenas.

c.  I e II, apenas.

0
d.  III, apenas.

s e õ ç at o n a r e V
e.  II, apenas.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 7.962 de 15 de Março de 2013. Regulamenta a Lei n. 8.078 de
11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 mar. 2013. 

BRASIL. Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do


consumidor e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 set.
1990.

FERREIRA, V. H. do A.; JENSEN, V. de S. Relações Virtuais de consumo: perspectivas


de direito no e-commerce. REDESEG, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012. Disponível em:
https://bit.ly/3Eggaxy. Acesso em: 5 jun. 2021.

MARQUES, M. P. F. A proteção do consumidor: nas relações de comércio


eletrônico. 69 f. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) –
Centro Universitário de Brasília, Brasília. Disponível em: https://bit.ly/3llKEFP.
Acesso em: 5 jul. 2021.

MICHEL, B. L. Lacunas jurídicas existentes na aplicabilidade do Código de Defesa do


Consumidor no Comércio Virtual. Meu Advogado, 20 jul. 2012. Disponível em:
https://bit.ly/3hyrJX5. Acesso em: 5 jul. 2021.

NUNES, R. Curso de direito do consumidor. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
Disponível em: https://bit.ly/3nydIfS. Acesso em: 10 set, 2021.

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PECK, P. P. Direito digital. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível em:
https://bit.ly/3CdmDra. Acesso em: 10 set. 2021.

TEIXEIRA, T. Direito digital e processo eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2020.

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Disponível em: https://bit.ly/3nxDwc7. Acesso em: 5 jul. 2021.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


RELAÇÕES CONSUMERISTAS NA ERA DIGITAL

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Luiz Felipe Nobre Braga

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Fonte: Shutterstock.

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SEM MEDO DE ERRAR


O cliente tem razão. 

A empresa que realizou a venda é obrigada a fazer a devolução. 

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Primeiramente, a afirmação de que não há que se falar em aplicação do Código de


Defesa do Consumidor porque a compra foi realizada pela internet é
absolutamente equivocada, já que o fato de a compra ser ou não realizada pela
internet não desqualifica se tratar ali de uma relação de consumo, tampouco

0
afasta a incidência do referido diploma normativo. 

s e õ ç at o n a r e V
Em verdade, para verificar se existiu relação de consumo e se há,
consequentemente, alcance do Código de Defesa do Consumidor, é necessário
questionar se houve a presença de alguns elementos objetivos: 

•  Fornecedor: “toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”
(vide art. 3º, CDC); 

•  Consumidor: “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou


serviço como destinatário final” (vide art. 2°, CDC);

•  Produto ou Serviço: qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, e


qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista (vide art. 2°, §1° e §2°, CDC).

Sendo assim, por possuir todos os elementos objetivos, é possível considerar o


caso como uma relação de consumo, uma vez que existiu uma pessoa jurídica
privada, nacional, que desenvolveu comercialização de produtos (fornecedor); uma
pessoa física que adquiriu o produto como destinatário final (consumidor); e um
bem móvel material (produto). Portanto, há a incidência da legislação protetiva do
consumidor, de modo que a internet, nesse caso, representou nada mais do que
uma intermediadora que facilitou a relação entre cliente e fornecedor. 

Além disso, o cliente tem o direito de realizar a devolução dos produtos, que, por
sinal, deverá ser feita sem custos.

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Nesse sentido, o Código de Defesa do Consumidor afirma que 


O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de
recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços

0
ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. 

— (BRASIL, 1990, [s. p.], grifo nosso)

s e õ ç at o n a r e V
E, ainda em seu parágrafo único, estabelece que


Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente
pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente
atualizados. 

— (BRASIL, 1990, [s. p.], grifo nosso)

Sendo assim, é defeso por lei a empresa se negar a cumprir a exigência de


devolução feita pelo cliente, se essa for a sua vontade. Afinal, o cliente está em
pleno gozo do direito ao arrependimento, já que no momento da compra era
incapaz de averiguar por inteiro as qualidades do produto. Está protegido, pois,
contra uma compra desinformada, dentro do prazo legal. 

Finalmente, vale ressaltar que o processo de devolução deve ser feito sem custas
ao cliente, pois atribuir tal responsabilidade ao consumidor é considerado uma
cláusula abusiva, assim como limitar o seu acesso a direito reconhecido. 

AVANÇANDO NA PRÁTICA

O DEBATE EM SALA DE AULA


Durante a sua primeira aula de relações consumeristas no comércio eletrônico,
enquanto você explicava o segundo artigo do Código de Defesa do Consumidor
(CDC), que apresenta o conceito de consumidor, surgiu uma discussão na sala.

Uma pequena lacuna interpretativa abriu margem para dois pontos de vista que
dividiram a sala, em que metade da turma ampliava o conceito de consumidor,
incluindo intermediários na relação de consumo também como consumidores, e a

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outra metade considerava o consumidor como o destinatário fático e econômico


de um bem ou serviço, limitando o alcance do conceito de consumidor apenas ao
consumidor final. 

0
Você, percebendo a confusão que a discussão estava se tornando, decide intervir e
explicar para aqueles que não estavam entendendo o que, de fato, precisava ser

s e õ ç at o n a r e V
observado. 

Também aproveita para dizer qual das teorias foi adotada pelo ordenamento
jurídico brasileiro. 

Agora você, em caráter de professor dessa matéria, deve elaborar um texto que
explique a discussão, responda quais são as teorias que a fundamentam e também
qual a perspectiva adotada pelo nosso ordenamento. 

RESOLUÇÃO 

Essa discussão existe desde o surgimento do Código em 1990 e permanece até


hoje. 

A metade da sala que amplia o conceito de consumidor acolhe a teoria


maximalista, enquanto a outra metade, que restringe o conceito ao
consumidor final, de fato acolhe mais a teoria finalista. 

A primeira, ou seja, a teoria maximalista, defende a ideia de que consumidor é


todo aquele (pessoa física ou jurídica), com ou sem intenção de obter lucro
futuramente ou de utilizar o produto ou serviço para fins profissionais, que
retira o produto ou serviço do mercado. 

Já a segunda, isto é, a teoria finalista, acredita que consumidor é aquele que se


encontra no extremo da “linha de consumo”. Em outras palavras, assume que
o consumidor é apenas aquele que retira um produto do mercado para suprir
uma necessidade pessoal.

O choque entre as duas teorias é perceptível, porque a primeira estende o


conceito de consumidor aos eventuais intermediários, enquanto a teoria
finalista não
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finalista não. 

Nosso ordenamento jurídico e as frequentes decisões dos tribunais tendem


mais à teoria finalista, porém há diversos julgados que aplicam essa tese de
forma mitigada, considerando também como consumidor o intermediário que

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adquire o produto e o serviço com objetivos econômicos, levando em

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consideração a vulnerabilidade, a ser verificada caso a caso. 

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

CENÁRIO CIBERNÉTICO

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Luiz Felipe Nobre Braga

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PRATICAR PARA APRENDER


Olá!

Estamos juntos para completar a última etapa dos nossos estudos em Direito
Cibernético. 

A partir de agora, vamos investigar o chamado Cenário Cibernético, com atenção


para as questões criminais que surgem nesse meio.

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Dessa maneira, trataremos de alguns crimes praticados em âmbito eletrônico, com


ênfase na proteção legal destinada às crianças e aos adolescentes. Conhecer as
previsões de delitos que visam a resguardar a dignidade dessas pessoas em
desenvolvimento é de fundamental importância. 

0
Em seguida, estudaremos o chamado cyberbullying, cuja compreensão não se

s e õ ç at o n a r e V
pode deixar de lado, já que se trata de um fenômeno que vem ocorrendo de
maneira recorrente nos ambientes virtuais. 

Depois, considerando que o cenário cibernético é bastante complexo e se tornou


ambiente para a concretização de negócios sobre bens e serviços, bem como para
transações de criptoativos, os riscos em geral e as fraudes aumentaram
significativamente. 

Por fim, trataremos do importante tema da perícia computacional, de modo a


buscar o entendimento das metodologias disponíveis na atualidade para fins de
obtenção de evidências. É nesse sentido, aliás, que falaremos das chamadas
provas eletrônicas, à luz da legislação brasileira em vigor, tema que certamente é
de grande interesse para a defesa dos direitos doravante albergados pelo Direito
Cibernético.

Considere o caso hipotético de um Delegado Federal, incumbido de investigar


casos de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, que foi vítima de um ataque
cibernético. Os cibercriminosos teriam de algum modo infectado o seu
computador, que teve os dados criptografados, tornando o Delegado incapaz de
acessar qualquer outro serviço que não fosse um único arquivo na área de
trabalho, por meio do qual os criminosos solicitavam o pagamento de um resgate
em criptomoedas, sob a alegação de que após o pagamento seria enviado um
código por e-mail que desbloquearia o acesso, porém, caso não enviasse a quantia,
dentro de 48 horas os dados seriam divulgados. 

O Delegado e sua equipe ficaram desesperados não só porque inúmeros arquivos


essenciais para a formação de provas e evidências estavam inacessíveis, mas
também porque, caso fossem divulgados, os investigados seriam alertados. De
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toda forma, todo árduo e longo processo de investigação estava ameaçado.

Todos os investigadores, assim como o Delegado, se encontravam em um dilema:


seria mais adequado pagar a quantia que estavam solicitando ou não compactuar

0
de forma alguma com aqueles criminosos?

s e õ ç at o n a r e V
Até que um dos investigadores teve a ideia de contratar um especialista em crimes
cibernéticos, a fim de que ele pudesse contribuir para o desfecho do caso. E assim
ocorreu.

O especialista foi contratado e realizou diversas perícias no aparelho do Delegado,


constatando que aquilo se tratava, realmente, de um ataque cibernético, por sinal
muito bem elaborado. Era um ataque apelidado de DDoS (ataque de negação de
serviço distribuído). A prática consistia em aproveitar uma falha de segurança do
dispositivo e fazer com que nada funcionasse. 

Não obstante, o especialista recomendou ao Delegado e sua equipe que pagassem


a quantia, pois assim os criminosos não teriam mais acesso aos dados e o custoso
trabalho de investigação não seria perdido. 

Por fim, o especialista sugeriu ao Delegado que tomasse cuidado com algum
possível agente infiltrado em sua equipe, porque essa modalidade de ataque
somente é viável quando há acesso físico à máquina. 

Não satisfeito com a resposta, desta vez o Delegado busca você, em caráter de
especialista em crimes cibernéticos e questões criminais, para realizar um
contraponto ao outro especialista.

Agora você, de acordo com o caso relatado e o parecer do especialista, deve


elaborar um texto que responda: o ataque é um DDoS? Se não, qual ataque seria?
Como resolvê-lo? Qual recomendação você daria aos policiais? 

Vamos seguir juntos em mais esta etapa de estudos! 

CONCEITO-CHAVE

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O desenvolvimento tecnológico, sobretudo das ferramentas de comunicação,


trouxe indiscutivelmente diversos benefícios sem os quais a vida, hoje, certamente
seria mais difícil. O surgimento da Internet, por exemplo, aproximou pessoas,
dissolveu limitações geográficas, democratizou o acesso ao conhecimento e

0
potencializou o comércio eletrônico. Aquilo que antes levava anos para se realizar

s e õ ç at o n a r e V
passou a ser feito em meses ou até mesmo dias.

No entanto, com esse desenvolvimento também vieram alguns malefícios,


principalmente em relação a criminosos que se utilizam de tecnologias como
ferramentas para o exercício de práticas delitivas, dando origem aos crimes
cibernéticos. 

Nesse sentido,


A história ensina que o progresso é inerente ao homem, e que fomos feitos para evoluir e inovar e
incondicionalmente buscar o avanço, contudo com muitos avanços pode-se ter também o retrocesso, em que
no meio de tantos benefícios, indivíduos procuram oportunidades para se beneficiar com a falta de
conhecimento do que é novo. 

— (CRUZ; RODRIGUES, 2018, p. 2)

Fato é que esse novo ambiente, ao mesmo tempo em que fornece inúmeras
benesses aos usuários, se torna um atrativo para cibercriminosos, pois além da
alta circulação de dinheiro e informações nesse meio, os criminosos podem
desfrutar dos benefícios de praticidade, agilidade e, às vezes, anonimidade que a
Internet confere para perfazer as suas ações. 

Mas, afinal, o que de fato é um crime cibernético? 

Para responder a esse questionamento, é necessário se atentar às definições das


palavras “crime” e “cibernética”. Em primeiro lugar, crime, simplificadamente, é
toda ação ou omissão humana que de algum modo lesa ou expõe a perigo bens
juridicamente tutelados, enquanto “cibernética” corresponde à ciência responsável
por compreender as ferramentas de comunicação e controle de máquinas. 

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Sendo assim, crime cibernético é toda ação ou omissão humana que de algum
modo lesa ou expõe a perigo bens juridicamente tutelados relacionados a
ferramentas de comunicação e controle de máquinas, isto é, “toda ação típica,
antijurídica e culpável contra ou pela utilização de processamento automático e/ou

0
eletrônico de dados ou sua transmissão” (FERREIRA, 1992, p. 141-142 apud

s e õ ç at o n a r e V
TEIXEIRA, 2020, p. 215).

Visto isso, também é interessante conhecer a origem dessa nova modalidade de


crime:


O professor Ulrich Sieber, da Universidade de Wurzburg, afirma que essa espécie de criminalidade surgiu na
década de 1960, quando se iniciaram na imprensa e na literatura científica os primeiros casos do uso do
computador para a prática de delitos; constituída, sobretudo, por manipulações, sabotagens, espionagem e uso
abusivo de computadores e sistemas. 

— (SIEBER, 1992, p. 207 apud TEIXEIRA, 2020, p. 214)

No entanto, foi somente na década de 1970 que esses crimes passaram a ser
estudados (ALVES; DINIZ; CASTRO, 2021). Anos depois, com a evolução da
informática, eles se diversificaram, passando a incluir a pirataria e a manipulação
da rede bancária.

Desse momento em diante, os índices de cometimento de crimes aumentariam


cada vez mais: 


Um estudo da Norton divulgado no dia 20 de setembro de 2011 mostrou que 80% dos adultos no Brasil já
foram vítimas de crimes na internet, sendo que 77.000 pessoas são vítimas de crimes cibernéticos por dia no
país. No mundo, são 1 milhão de pessoas vitimadas por dia, em 24 países pesquisados, cujos prejuízos
chegaram a US$ 388 bilhões em 2010.  

— (TEIXEIRA, 2020, p. 214)

Com isso, as legislações não só do Brasil, como do mundo, não foram capazes de
acompanhar esse crescimento exponencial da internet e dos crimes virtuais. No
Brasil, por exemplo, leis específicas de combate a crimes virtuais, alterando o

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Código Penal, só entrariam em vigor em 2012, restando obviamente um lapso


temporal de aproximadamente 50 anos entre o surgimento desses crimes e a
criação de legislações específicas para reprimi-los. 

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Tão importante quanto compreender a definição e origem, além do grande
decurso de tempo até o surgimento de legislações específicas que previssem

s e õ ç at o n a r e V
crimes cibernéticos, é conhecer como esses delitos eletrônicos ocorrem e quais
são eles.

A principal forma e meio utilizado para cometer crimes é a criação de um


dispositivo conhecido como malware. Trata-se de um software malicioso,
popularmente conhecido como vírus de computador, que adentra em um
dispositivo com a intenção de repassar informações ou causar dano ao sistema
operacional. Esse ataque depende da interação do usuário para que se consume,
de modo que somente ocorre a invasão do dispositivo no momento em que o
operador abre uma mensagem ou e-mail contendo o vírus. 

Não obstante, o malware, para não ser detectado, muitas vezes se utiliza de
formas de ocultação, tais como a compressão, a criptografia de código e a
mutação, que têm como objetivo enganar os softwares de proteção da máquina,
como os antivírus (PECK, 2020). 

Sendo assim, um “bom” malware é aquele altamente destrutível, indetectável e


com maior potencial de alastramento.

Outro vírus de computador utilizado é o phishing. Traduzido livremente como


“pescaria” ou “golpe de pescaria”, consiste em uma dissimulação na qual a vítima é
atraída para que, pensando se tratar de um conteúdo legítimo, clique em um link,
acesse uma página falsa ou execute algum arquivo a fim de que haja furto de
dados ou acesso e elevação de privilégios. É um ataque cibernético aliado a uma
técnica de engenharia social (PECK, 2020).

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Também há o chamado ransomware, que é, na realidade, uma espécie de malware


utilizado para o sequestro de dados, o qual conta com duas formas de atuação:
concomitantes e não concomitantes. Na primeira categoria, o dispositivo é
invadido pelo vírus, da mesma maneira que ocorre no malware, e criptografa todos

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os dados do aparelho, sendo deixado somente um arquivo acessível, normalmente

s e õ ç at o n a r e V
na área de trabalho, por meio do qual um criminoso solicita um resgate –
geralmente em criptomoedas – assegurando o envio de um código que retire a
criptografia dos arquivos bloqueados após o pagamento. Ocorre que muitas vezes,
mesmo após o pagamento, esse desbloqueio não ocorre, o que acaba lesando a
vítima duas vezes.

EXEMPLIFICANDO

Em 12 de maio de 2017, um vírus do tipo ransomware infectou cerca de


230.000 sistemas de computador ao redor do mundo; até mesmo o Serviço
Nacional de Saúde do Reino Unido foi afetado. O ataque foi feito por meio
de e-mail, SMS ou link, que, ao serem acessados, exploravam uma
vulnerabilidade do Windows para bloquear todos os serviços do dispositivo
da vítima, deixando apenas uma caixa de mensagem disponível, a qual
solicitava um pagamento de aproximadamente U$ 300,00 em bitcoins. A
ferramenta também ameaçava aumentar o valor caso o pagamento não
fosse realizado em até duas horas.

Na segunda categoria, ou seja, não concomitante, ocorre o mesmo processo, mas


nesse caso é o criminoso que procura a empresa, dizendo estar de posse de seus
arquivos, utilizando-se da divulgação de alguns deles como prova e como meio de
constrangimento do indivíduo, iniciando, em seguida, a negociação para cessar a
publicação dos demais dados.

Além dos ataques provenientes dos vírus de computador, existem os ataques em


comunicadores instantâneos. 

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Normalmente, quando imaginamos crimes cibernéticos, pensamos na imagem de


um indivíduo com altíssimo conhecimento técnico, que maneja diversas
ferramentas complexas para perfazer o crime, mas nem sempre é assim.

0
Há uma modalidade de ataque, por exemplo, na qual o infrator, em posse de um
SIM Card virgem da operadora de quem deseja atacar, solicita simplesmente a

s e õ ç at o n a r e V
transferência da linha, por intermédio da operadora, para o SIM Card dele, e ao
conseguir executar esse processo, adquire a posse dos códigos de autenticação de
alguns aplicativos, como o WhatsApp. 

Após essa validação, por meio de SMS, o criminoso passa a interagir com pessoas e
grupos daquela conta, no intuito de violar a intimidade e a privacidade da vítima,
como também das pessoas próximas a ela, ou para solicitar transações financeiras
para os demais usuários em uma conta ligada àquele que perfez o ataque. 

Existem outros ataques muitos semelhantes a esse. O primeiro é a obtenção do


código de autenticação, o qual também não demanda muito conhecimento
técnico, pois envolve apenas a instalação do aplicativo pelo criminoso e um pedido
do código de autenticação à vítima, que acaba sendo fornecido por intermédio de
técnicas de convencimento. Em seguida, com a posse desse código, o criminoso
pode simplesmente realizar o download do aplicativo e se passar pela pessoa, com
o número dela, para enganar terceiros e obter vantagem. 

No ataque de impersonating, ainda mais simples que os demais, o malfeitor se


passa pela vítima, informando que ela trocou de número de telefone, por exemplo,
e mais uma vez empregando técnicas de engenharia social, consegue acesso a
informações privilegiadas ou mesmo vantagem pecuniária (PECK, 2020). 

Outra modalidade de golpe é a do falso boleto. 

Esse golpe ocorre de duas maneiras. Na primeira, o criminoso encaminha um


boleto presumivelmente verdadeiro para o alvo, que, por possuir vínculo com a
instituição à qual o falso boleto está supostamente vinculado, paga o valor e
posteriormente descobre que se trata de uma fraude.

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Como se não bastasse, esse golpe também pode acontecer de uma forma mais
desenvolta, que envolve inicialmente a infecção do dispositivo por um malware
capaz de alterar as linhas do código numérico ou do código de barras do boleto
original para a conta do criminoso.

0
Além disso, há o fenômeno dos botnets. São redes de computadores que foram

s e õ ç at o n a r e V
previamente invadidos e infectados com malwares capazes de fazer com que essas
máquinas sejam controladas remotamente sem a permissão de seus donos (PECK,
2020). 

As finalidades desse ataque são diversas, mas normalmente estão relacionadas a


mineração de criptomoedas, disseminação de malwares ou ataques coordenados.

ASSIMILE

O malware é um ataque cibernético que, para ser “bem-sucedido”, precisa


da interação com o operador, isto é, que este clique em um link, abra um e-
mail, acesse uma página contaminada, etc. Sendo assim, para que um
malware seja efetivo, é necessário haver uma alta capacidade de
alastramento desses meios contaminados.

Na sequência, outra categoria de ataques cibernéticos, os ataques DDoS, chamam


a atenção. “Os ataques DDoS (Distributed Denial of Service) são realizados com o
objetivo de gerar indisponibilidade de servidores, criando milhares de acessos
simultâneos a um site ou a qualquer outro serviço na internet” (PECK, 2020, p. 23).
Esse ataque tem por propósito ferir um dos pilares da segurança da informação: a
disponibilidade.

O cibercriminoso, reconhecendo a limitação de memória ou banda que um site ou


sistema possui, por intermédio de conexões simultâneas ou envio de uma imensa
quantidade de dados, gera uma sobrecarga no alvo que, não suportando essa

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abundância de informações, acaba “caindo” e ficando inacessível não somente aos


usuários, como também aos seus administradores. Gera-se, assim, a
indisponibilidade.

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Por fim, há mais uma modalidade de ataque eletrônico: o ataque sobre o DNS. De
início, note que o DNS é o sistema que permite a correspondência de nomes de

s e õ ç at o n a r e V
domínios com endereços IP. No DNS, existem tabelas que indicam para qual IP a
conexão deve ser direcionada quando certo domínio é digitado (PECK, 2020). 

Nesse sentido, os consumidores de uma empresa que desejam adquirir um


produto por meio da internet, por exemplo, ao digitar no navegador o respectivo
domínio, são redirecionados para um site falso, que pode conter malwares ou
informações e meios escusos para subtrair indevidamente dinheiro ou dados
pessoais das vítimas. 

Diante de todo esse plexo de riscos e fraudes provenientes de diferentes


modalidades de crimes eletrônicos, é necessário refletir sobre a figura da criança e
do adolescente no meio digital. 

Não se pode desprezar o fato de que esses novos instrumentos tecnológicos


conectam as crianças e adolescentes a inúmeras oportunidades, que, por sinal, são
capazes de potencializar o exercício de seus direitos fundamentais, como a
liberdade de expressão (art. 13), o direito à liberdade de reunião em assembleias
(art. 15), o direito à educação (arts. 28 e 29), o direito de jogar e brincar (art. 31) e
vários outros apresentados na Convenção Internacional sobre os Direitos da
Criança, de 20 de novembro de 1989, que foi promulgada no Brasil pelo Decreto nº
99.710, de 21 de novembro de 1990. 

No entanto, é necessário se ater ao fato de que, em contraste a esses benefícios,


há também inúmeros riscos e impactos significativos que, como já explicado em
nossos estudos, se mostram como um desestímulo ao uso dessas tecnologias por
parte de crianças e adolescentes. 

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Considerando esse fenômeno é que as legislações atuais incluíram componentes


regulatórios que tutelam especificamente a situação da criança e do adolescente.
No meio tecnológico, especificamente, destaca-se a Seção III, da Lei nº 13.709/2018
(Lei Geral de Proteção de Dados), que versa estritamente sobre o tratamento de

0
dados pessoais de crianças e adolescentes. 

s e õ ç at o n a r e V
Dessa maneira, a LGPD elenca uma série de hipóteses, condições e limitações
diferenciadas, com o intuito de possibilitar que a criança e o adolescente interajam
com a tecnologia de forma segura. 

Nesse sentido, dispõe o art. 14, §§1° e 5° da LGPD que


§ 1° O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser realizado com o consentimento específico e em
destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo responsável legal. 

§ 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis para verificar que o consentimento a que se refere
o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável pela criança, consideradas as tecnologias disponíveis. 

— (BRASIL, 2018, [s. p.])

Nesse contexto, dentre os pontos de maior atenção quanto ao tratamento peculiar


das crianças e adolescentes nos meios digitais, estão aqueles relacionados aos
crimes que podem ser cometidos. Logo, o ordenamento jurídico brasileiro prevê
uma série de delitos para proteger a dignidade sexual de crianças e adolescentes,
bem como para impedir que tenham acesso a conteúdo de natureza inapropriada
ou violenta. Igualmente, há disciplinas específicas quanto à questão da publicidade
infantil e cyberbullying. 

Vamos começar pelos crimes que envolvem a violação da dignidade sexual no


cenário cibernético. Os arts. 240 e 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) preveem delitos nesse sentido quanto à pornografia infantil.

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Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito
ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente. 

“ Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou

0
pornográfica envolvendo criança ou adolescente. 

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 

s e õ ç at o n a r e V
— (BRASIL, 1990c, [s. p.])

O art. 241-A do ECA também pune quem oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por intermédio de
sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente. Já o art. 241-B pune quem adquirir, possuir ou armazenar, por
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. O art. 241-C
tipifica, a seu turno, a conduta de simular a participação de criança ou adolescente
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou
modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual
(BRASIL, 1990c, [s. p.]). Por sua vez, o art. 241-D traz uma importante tipificação
que também tem muita recorrência em meios digitais, porquanto pune quem
aliciar, assediar, instigar ou constranger criança por qualquer meio de
comunicação, com o fim de com ela praticar ato libidinoso. Aliás, a expressão “cena
de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva
criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou
exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins
primordialmente sexuais (BRASIL, 1990c, [s. p.]).

Com relação à questão dos conteúdos inapropriados ou violentos, tem-se a ideia


de classificação indicativa, prevista no âmbito dos arts. 74 a 76 do ECA (BRASIL,
1990c, [s. p.]). 

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Existe, ainda, a publicidade infantil, em que o mercado, de maneira ardil, aproveita


a vulnerabilidade da criança e do adolescente para obter vantagens
indevidamente, por intermédio de estímulos de marketing. Isso pode acarretar,
além do estímulo ao consumismo e à formação de valores materialistas, incentivo

0
à obesidade, à erotização e ao enfraquecimento dos valores culturais e

s e õ ç at o n a r e V
democráticos.

Por fim, há o cyberbullying, cuja definição é a seguinte:


A palavra bullying tem origem na língua inglesa e faz referência a bully, que entendemos como “valentão”,
aquele que maltrata ou violenta de forma constante outras pessoas por motivos supérfluos. É justamente esse
ato de maltratar ou violentar o outro de forma sistemática e repetitiva que é denominado bullying. Falamos de
cyberbullying, então, quando a agressão se passa pelos meios de comunicação virtual, como nas redes sociais,
telefones e nas demais mídias virtuais. 

— (SOUZA; OLIVEIRA, 2016, p. 3)

Nesse contexto, “o termo cyberbullying descreve as formas de bullying que utilizam


a tecnologia” (SHARIF, 2015, p. 58), cujo fator objetivo é a clara intencionalidade do
agente que pratica a conduta de ferir psicologicamente a vítima (LIMA, 2020;
LONGHI, 2020).


Não se pode desprezar o fato de que esses novos instrumentos tecnológicos conectam as crianças e
adolescentes a inúmeras oportunidades, que, por sinal, são capazes de potencializar o exercício, inclusive, de
seus direitos fundamentais, como a liberdade de expressão (art. 13), o direito à liberdade de reunião em
assembleias (art. 15), o direito à educação (arts. 28 e 29), o direito de jogar e brincar (art. 31) e vários outros da
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança. 

— (LIMA, 2020, p. 227)

REFLITA

Tendo em vista as diversas ameaças presentes no meio digital, seria


plausível apenas privar o acesso de crianças e adolescentes às novas
ferramentas de comunicação e interação sociais?

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Diante disso, em função das diversas ameaças incrustradas no meio digital é que o
Direito não só criou normas, como maneiras para facilitar a aplicação e,
consequentemente, mitigar os acontecimentos e efeitos dessas práticas, assim
como evoluiu no contexto de produção de provas, fazendo uso da perícia

0
computacional.

s e õ ç at o n a r e V
Tendo em vista que as múltiplas atividades praticadas pelos usuários de
computadores sempre deixam rastros (TEIXEIRA, 2020), o propósito da perícia
computacional é descobrir esses vestígios e, a partir disso, adquirir provas que
comprovem determinadas conjunturas, as quais serão úteis posteriormente em
processos judiciais, sejam eles na esfera civil, criminal ou administrativa. 

Para tanto, existe um procedimento metodológico computacional de transformar


as mídias em evidências do delito, o qual foi traçado principalmente pela
International Organization on Computer Evidence (IOCE), por meio da entidade
norte-americana Scientific Working Group on Digital Evidence (SWGDE), que segue
uma sucessão de ações bem definidas: obtém-se e coleta-se a mídia e, após o seu
exame, extraem-se dados que serão analisados pelas ferramentas forenses. Com a
análise dos dados, criam-se informações que, assim que processadas, resultam em
evidências (TEIXEIRA, 2020). 

Com o passar dos anos e a evolução tecnológica cada vez mais presente no
cotidiano, surgiram novas disposições legais a respeito do tema, a exemplo do
Código de Processo Civil de 2015, nos arts. 411, 422, 439, 440 e 441, que
promoveram a flexibilização quanto à admissibilidade de provas digitais,
conferindo-lhes maior credibilidade jurídica (ROCHA, 2015). Afinal, prova eletrônica
consiste no ato de evidenciar determinado fato por intermédio de meios
eletrônicos (RAFFUL; RAFFUL, 2017).

Com isso encerramos mais uma importante etapa da nossa caminhada de estudos!

FAÇA VALER A PENA


Questão 1

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“O avanço e a popularização da internet, ao passo em que simultaneamente ela


fornece inúmeras facilidades aos usuários, torna-se a rede um grande atrativo aos
criminosos.” (TEIXEIRA, 2020, p. 214).

0
Considerando as informações apresentadas e as diferentes modalidades de
ataques cibernéticos, analise as afirmativas a seguir:

s e õ ç at o n a r e V
I – O malware, popularmente conhecido como vírus de computador, é a principal
forma utilizada para cometer crimes no meio digital; trata-se de um ataque
coordenado, que ocorre por intermédio de conexões simultâneas ou envio de uma
imensa quantidade de dados, o que acaba gerando uma sobrecarga no alvo que,
não suportando essa abundância de informações, fica indisponível. 

II – Um ataque cibernético muito conhecido é o ransomware; este é, na realidade,


uma espécie de malware utilizado para o sequestro de dados que conta com duas
formas de atuação: concomitante e não concomitante. 

III – Uma modalidade de ataque cibernético é a troca de SIM Card, na qual um


infrator, conhecendo a operadora do alvo, realiza a portabilidade do número da
vítima para o seu novo número e, de posse de seus códigos de autenticação e de
outros aplicativos, como o WhatsApp, solicita a terceiros vantagens pecuniárias.

Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em: 

a.  II e III, apenas.

b.  I e III, apenas.

c.  I e II, apenas.

d.  III, apenas.

e.  II, apenas.

Questão 2

“A perícia computacional é um braço da ciência forense especializada em buscar


vestígios de usuários que se utilizam da informática para as atividades ilícitas.”
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(TEIXEIRA, 2020, p. 268).

A perícia computacional possui uma metodologia que estabelece uma sucessão de


ações bem definidas: 

0
1-  Obtém-se e coleta-se a mídia.

s e õ ç at o n a r e V
2-  Exame. 

3-  Análise por ferramentas forenses. 

4-  Evidências.

5-  Informações. 

Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta dos passos realizados.

a.  1 – 2 – 3 – 4 – 5.

b.  1 – 3 – 2 – 5 – 4.

c.  1 – 2 – 3 – 5 – 4.

d.  1 – 3 – 4 – 5 – 2.

e.  5 – 4 – 3 – 2 – 1.

Questão 3

“Se a prova é o ato de evidenciar determinado fato, a prova eletrônica possui o


mesmo conceito, modificando-se apenas o meio material pelo qual ela vem a se
materializar [...]. Pode ser verificado que o conceito, finalidade e objeto da prova
não mudam, mas sim o seu suporte.” (RAFFUL; RAFFUL, 2017, p. 60).

Tomando como referência a perícia computacional, classifique as afirmações a


seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):

( ) A principal metodologia utilizada para a obtenção de provas eletrônicas foi


elaborada, principalmente, pela International Organization on Computer Evidence
(IOCE). 

( ) O Código de Processo Civil veda a admissibilidade das provas eletrônicas


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(  ) O Código de Processo Civil veda a admissibilidade das provas eletrônicas,


reconhecendo a sua capacidade de alteração. 

(  ) As múltiplas atividades praticadas pelos usuários de computadores sempre


deixam rastros, de modo que o propósito da perícia computacional é descobrir

0
esses vestígios e, a partir disso, adquirir provas que comprovem determinadas

s e õ ç at o n a r e V
conjunturas, que serão úteis posteriormente em processos judiciais. 

(  ) Prova eletrônica consiste simplesmente no ato de evidenciar determinado fato


por intermédio de meios eletrônicos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

a.  V – V – F – F. 

b.  F – F – V – V.

c.  V – F - V – V.

d.  V – F – V – V. 

e.  V – V – V – F.

REFERÊNCIAS
ALVES, M. A.; DINIZ, T. D. de M. D.; CASTRO, V. V. (Coords). Criminologia e
cybercrimes. Belo Horizonte: UFMG, 2020. Disponível em: https://bit.ly/2XlI8a0.
Acesso em: 8. jul. 2021. 

BRASIL. Decreto n° 99.710 de 21 de novembro de 1990. Promulga a Convenção


sobre os Direitos da Criança. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 nov. 1990a.

BRASIL. Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre o consumidor e dá


outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 set. 1990b.

BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e


do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13
jul. 1990c.

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BRASIL. Lei nº 12.965 de 23 de abril de 2014.  Estabelece princípios, garantias,


direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 23 abr. 2014.

0
BRASIL. Lei nº 13. 105 de 16 de março de 2015. Código Processo Civil. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 16 mar. 2015.

s e õ ç at o n a r e V
BRASIL. Lei nº 13.709 de 14 de agosto de 2018.  Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 ago. 2018.

CRUZ, D.; RODRIGUES, J. Crimes cibernéticos e a falsa sensação de impunidade.


Revista Eletrônica do Curso de Direito, 13. ed., jan. 2018. Disponível em:
https://bit.ly/3lmgwtP. Acesso em: 5 jul. 2021.

LIMA, C. P. R. de. Comentários à lei geral de proteção de dados. São Paulo:


Grupo Almedina (Portugal), 2020. Disponível em: https://bit.ly/3zfYOwV. Acesso em:
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LONGHI, M. I. C. S. et al. Direito e novas tecnologias. Almedina, Portugal: Grupo


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PECK, P. P. Segurança digital: proteção de dados nas empresas. São Paulo: Grupo
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RAFFUL, L. J.; RAFFUL, A. C. Prova eletrônica. Revista do Direito Público, Londrina,


v.12, n.2, p. 48-76, ago. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3zbNIcD. Acesso em: 5
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ROCHA, V. S. A Prova obtida no meio digital: uma análise sobre a sua (in)validade
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(Bacharelado em Direito) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS.
Disponível em: https://bit.ly/3lquyKV. Acesso em: 5 jul. 2021.

SHARIF, S. Ciberbullying. Porto Alegre: Grupo A, 2015. Disponível em:


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SOUZA, D. A. de; OLIVEIRA, J. A. de M. Uso de tecnologias por crianças e


adolescentes: potenciais ameaças em seus inter-relacionamentos. In: SIMPÓSIO DE
EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 13, 2016, Resende, RJ. Anais... Resende,
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0
TEIXEIRA, T. Direito digital e processo eletrônico. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.

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YOUNG, K.; ABREU, C. N. de. Dependência de internet. Porto Alegre: Grupo A,


2011. Disponível em: https://bit.ly/3Ese51M. Acesso em: 5 jul. 2021.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


CENÁRIO CIBERNÉTICO

0
Luiz Felipe Nobre Braga

s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.

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SEM MEDO DE ERRAR


Diante do caso exposto, devemos primeiramente analisar os fatos a fim de deduzir
qual a modalidade de ataque, para, em seguida, prosseguir com a possível
resolução do incidente e, finalmente, a recomendação técnica derradeira. 

a)  Dos fatos 

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De acordo com o relato, o computador ficou inoperante e todos os arquivos foram


criptografados, com exceção de apenas um deles, que se encontrava na área de
trabalho, o qual era referente ao resgate solicitado pelos criminosos. 

0
b)  Modalidade do ataque

s e õ ç at o n a r e V
O outro especialista estava equivocado ao afirmar que o ataque se tratava de um
DDoS. Esse ataque, como a sigla sugere, consiste na negação de serviço ao
operador. Assim, o ataque sobrecarrega de algum modo o sistema ou a rede e
impede o seu funcionamento. Ocorre que essa modalidade de ataque poderia
incidir ou sobre algumas unidades de arquivos, impossibilitando o acesso somente
a alguns documentos, ou sobre todas as funções do computador. Porém, de
acordo com os fatos, não foi isso que ocorreu. 

Segundo as informações apresentadas, todo o computador ficou inoperante, mas


com uma exceção, o arquivo com o “pedido de resgate”. Isso comprova a
impossibilidade de o atentado ter se consumado por meio da negação de serviço,
pois, do contrário, absolutamente nada poderia ser acessado.

Sendo assim, é necessário elencar outra modalidade de ataque que deu origem ao
acontecimento, modalidade essa que se adequa aos fatos, o ransomware. Essa
modalidade de malware consiste no sequestro de dados das vítimas e, dentre as
formas de atuação, há aquela que demanda o pagamento de um resgate, também
chamada de concomitante. 

c)  Possível resolução e aconselhamento

O ataque, ainda que fosse DDoS (o que não é, conforme explanado no tópico
anterior), pode facilmente ser aplicado sem um intermediador que obtenha o
acesso físico ao dispositivo, tal qual o ataque de tipo ransomware. Desse modo,
recomendar cuidado ao Delegado para com sua equipe pode soar exagerado, de
modo que o ataque poderia perfeitamente ter ocorrido sem nenhuma atuação
física junto à máquina. 

https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ativid… 2/4
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Com efeito, deve-se buscar a retirada da criptografia para realizar o backup dos
dados do computador do Delegado.

Por fim, recomenda-se a não realização do pagamento. 

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AVANÇANDO NA PRÁTICA

s e õ ç at o n a r e V
CONTRIBUINDO PARA UMA REVISTA CIENTÍFICA
Uma editora conhecida da cidade convidou você, em caráter de especialista em
Direito Cibernético, para escrever duas colunas em uma revista científica, uma
acerca do cyberbullying e outra sobre a invalidade e a não admissão de provas
eletrônicas para o ordenamento jurídico.

Lisonjeado, você aceita o convite e inicia a elaboração da primeira coluna, sobre


cyberbullying, e, ao terminar, você a envia aos editores e leitores críticos para
revisão.

Inicialmente, ao verificar a correção, você nota as alterações sugeridas pela equipe


de edição, que eram mínimas, mas, ao ler o título, acaba se incomodando um
pouco. O título da coluna, que você havia redigido anteriormente como “O avanço
tecnológico na vida de crianças e adolescentes e um problema que dele pode
advir”, aparece como “O lado obscuro do avanço tecnológico – os problemas que
contaminaram a vida das crianças e adolescentes”.

Em resposta ao acontecido, você decide enviar um e-mail para eles, reportando à


editora que a alteração do título traria um ar desestimulante ao avanço científico e
à atratividade de crianças e adolescentes para a tecnologia. Além disso, você
aproveita para comentar sobre a segunda coluna. Afinal, as provas eletrônicas são
realmente inválidas e inadmissíveis? 

RESOLUÇÃO 

Os instrumentos tecnológicos são responsáveis por conectar crianças e


adolescentes ao redor de todo o mundo, pois oferecem, quando utilizados
corretamente, diversas oportunidades e, acima de tudo, a capacidade de
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exercer os seus direitos fundamentais, tais como a liberdade de expressão, o


direito de jogar, brincar e vários outros. 

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É fato que muitos adolescentes vêm praticando o cyberbullying, mas isso não
se deve ao avanço tecnológico, e sim à ausência de cautela dos pais e de

s e õ ç at o n a r e V
profissionais quanto ao meio em que ele se desenvolve. Devem-se estimular
comportamentos éticos e inclusivos nos meios digitais.

Desse modo, afirmar a existência de um lado obscuro do avanço tecnológico,


relacionando-o a “problemas que contaminaram a vida das crianças e
adolescentes”, acaba sugerindo que o avanço tecnológico é uma doença que
deve ser eliminada ou afastada desse grupo, quando, na verdade, as
resoluções para esse tipo de prática se apoiam na educação da conduta nas
redes e na promoção de discursos que enfatizem a tolerância, a igualdade e o
respeito à dignidade da pessoa humana.

Logo, sugerir manchetes que parecem se concentrar mais nos riscos da


utilização da tecnologia do que nos reais motivos que levam os jovens a
praticarem condutas inapropriadas parece ser justamente o contrário do que
deveria ser feito. 

Assim sendo, solicita-se a revisão do novo título atribuído à coluna escrita. 

Ainda sobre a coluna, aproveita-se a ocasião para pontuar um equívoco na


matéria a ser tratada no segundo texto, pois, na verdade, as provas eletrônicas
são, sim, válidas e admissíveis, consoante os arts. 439, 440 e 441 do Código de
Processo Civil, por exemplo, de forma que constituem mecanismo hábil à
demonstração de fatos relevantes para a tutela de direitos.

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