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ESTADO DO PIAUI

POLICIA MILITAR DO PIAUI DE


IP/
CE
CENTRO DE EDUCAÇÃP, FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO P/
CF
PROFISSIONAL - CEFAP SD
/P
M
PI
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS – CAS/2023 -

DISCIPLINA: INTELIG~ENCIA POLICIAL

INSTRUTOR: CAP PM FRAZÃO NETO

RE
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ÇÃ
O
DE
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ES

APOSTILA
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Lei

12.
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INTELIGÊNCIA POLICIAL 11
c/c
o
De
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Est
ad
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15.
O sigilo deste conteúdo é protegido e controlado pela Lei nº 12.527 de 2011 c/c o Decreto Nº 15.188, de 22 18
de maio de 2013. A divulgação, revelação, fornecimento, utilização ou reprodução de seu conteúdo sem a 8
de
devida autorização, a qualquer tempo, meio e modo, inclusive mediante acesso ou facilitação de acessos 20
13.
indevidos, constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidades penais, civis e administrativas.

APRESENTAÇÃO
O órgão responsável pelo gerenciamento e administração dos dados gerados pela inteligência
é a Diretoria de Inteligência (DIPM/PMPI), através da gestão da informação.
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A gestão da Informação na Inteligência de segurança pública é o processo de se conseguir


obter resultados (conhecimento de inteligência). Pressupõem a existência de uma organização, isto
é, várias pessoas que desenvolvem uma atividade em conjunto para melhor atingir objetivos comuns.
Ou seja, gestão significa gerenciamento, administração. A gestão moderna exige que a tomada de
decisão seja feita com o máximo de informação.
DE
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P/
C
FS
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Informação é um conjunto de dados organizados, que possam construir referências sobre um PI
-

determinado fato ou fenômeno. Por meio dela resolvemos problemas e tomamos decisões, pois o
seu uso racional é base do conhecimento. Podemos dizer também que informação é descrito como
dados estruturados, organizados e processados, apresentados dentro do contexto, o que torna
relevante e útil para a pessoa que o deseja. A informação tornou-se uma necessidade crescente
para qualquer setor da atividade humana e é indispensável mesmo que a procura não seja ordenada
ou sistemática, mas resultante apenas de
Inteligência (DIPM/PMPI), órgão de mais alto nível, no que tange as informações e ao serviço RE
ST
RI
de Inteligência da estrutura da Polícia Militar do Piauí, cabendo-lhe orientar, coordenar e ÇÃ
O
DE
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decisões intuitivas. Nesse mister, não podemos nos refutar em apresentar a Diretoria de ES
SO
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supervisionar todas as atividades de Inteligência e Contrainteligência dentro da orientação nº
12.
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fixada pelo Comando Geral. É o órgão consultivo e de operações para a orientação superior, 7
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responsável pela realização de levantamento, acompanhamento, estudos e pesquisas em 11
c/c
o
nível estratégico, tático e operacional da Polícia Militar. Exerce o assessoramento, o De
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to
acompanhamento e a manifestação em assuntos relevantes da Corporação, extensivo ao Est
ad
ual
estudo da criminalidade, através da análise operacional quando na aplicação do Policiamento nº
15.

Ostensivo Preventivo, função precípua desta Instituição. 18


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13.
Com isso, temos a grata honra de apresentar a Gestão da Informação (GI) como
disciplina do Curso de Formação de Oficiais da PMPI, tendo por objetivo capacitar o Policial
Militar, por meio de um nivelamento básico, como profissional de Segurança Pública que
possa atuar futuramente na Atividade de Inteligência.

Ao concluir a disciplina, o discente estará apto a desenvolver e desempenhar atividades


básicas junto ao Serviço e Atividade de Inteligência, tais como: conhecer o trabalho da Inteligência,
elaborar e responder demandas e documentos de Inteligência, apoiar ações voltadas as operações

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de Inteligência, ser um colaborador com informações e dados de interesse da atividade, dentre


outros.
Aproveitem ao máximo o conhecimento disponibilizado e bom estudo!

DE

OBJETIVOS DA DISCIPLINA
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-

➢ Criar condições para que o Oficial PM possa ampliar conhecimentos para identificar na Gestão da
Informação os princípios norteadores dos direitos humanos, visando assegurar as garantias constitucionais e
fundamentais, protegendo dados e informações de cunho pessoal e evitando a
exposição desnecessária de indivíduos; desenvolver e exercitar habilidades para utilizar tecnologias e técnicas
de inteligência e de levantamento de informações: coleta, extração, processamento, mapeamento, formulação
RE
de relatórios/consultas e análise dedados. ST
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➢ Fortalecer atitudes para perceber as mudanças sociais e suas repercussões no âmbito da sociedade O
DE
frente ao fluxo de informações impostas e disponíveis, suas vantagens e desvantagens que influenciam AC
ES
na sua atividade. SO
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Lei

12.
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Ao final da disciplina: 7
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Conhecer os aspectos introdutórios e históricos da Inteligência de Segurança Pública; 11
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Compreender os fundamentos doutrinários da Atividade de Inteligência de Segurança ad
ual
Pública; nº
15.
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13.
Entender/compreender a Metodologia da Produção do Conhecimento, as Ações de
Inteligência e as técnicas empregadas nas operações de Inteligência comumente
utilizadas para a busca de um dado negado;

Entender minimamente a definição e os seguimentos da Contrainteligência;

Ajudar no planejamento e execução um plano de segurança orgânica;

Reconhecer a importância das Atividades de Inteligência de Segurança Pública.

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ESTRUTURA DA DISCIPLINA
A Disciplina de ISP, está dividida nos seguintes Módulos:

MÓDULO 01 – Fundamentos históricos

MÓDULO 02 - A Inteligência e a Investigação Policial

MÓDULO 03 – Fundamentos doutrinários da Atividade de ISP

MÓDULO 04 – Inteligência

MÓDULO 05 – Ações e operações de Inteligência

MÓDULO 06 – Contrainteligência

SUMÁRIO
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA ATIVIDADE DE INTELIGENCIA

Aspectos introdutórios ............................................................................................................................ 8

INTELIGÊNCIA: esboços históricos ........................................................................................................ 8

Registros ao longo da história da humanidade ........................................................................................ 9

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Inteligência no Brasil ............................................................................................................................. 11

O Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) ........................................................................................ 15

O Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) ................................................................... 16

Conceito de ISP ...................................................................................................................................... 17

A INTELIGENCIA E A INVESTIGAÇÃO POLICIAL ........................................ .........................17

A inteligência e a investigação policial ................................................................................................... 17

Finalidades .............................................................................................................................................. 18

Diferenças básicas (Inteligência x Investigação) ................................................................................... 19

FUNDAMENTOS DOUTRINÁRIOS DA ISP ...............................................................................20

Finalidades da ISP .................................................................................................................................... 21

Vantagens ................................................................................................................................................. 22

Características .......................................................................................................................................... 22

Princípios .................................................................................................................................................. 25

Valores ...................................................................................................................................................... 27

Ramos ...................................................................................................................................................... 28

Níveis de assessoramento ........................................................................................................................ 28

Profissionais de Inteligência de Segurança Pública .................................................................................. 28

INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA ....................................................................................... 29

Produção de conhecimento de ISP ........................................................................................................... 29

Tipos de conhecimento ............................................................................................................................. 30

Metodologia de produção do conhecimento .............................................................................................. 31


Planejamento ............................................................................................................................................. 31

Reunião de dados e/ou conhecimentos .................................................................................................... 32


Ações de coleta.............................................................................................................................. 32

Ações de busca.................................................................................................................................. 32

Processamento ...................................................................................................................................... 32

Tabela da Avaliação de Dados (TAD) ........................................................................................................ 34

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Formalização e difusão do conhecimento ................................................................................................. 35

Linguagem de Inteligência ........................................................................................................................ 36

Documentos de Inteligência ...................................................................................................................... 36

Tipos dos documentos .............................................................................................................................. 37

Estrutura dos documentos de Inteligência ................................................................................................. 37

Relatório de Inteligência (RELINT) ............................................................................................................ 41

Pedido de busca (PB) ............................................................................................................................... 41

Ordem de busca (OB) ............................................................................................................................... 42

Proteção de Conhecimento x Lei de Acesso a Informação (LAI) ............................................................... 42

Classificação dos documentos de Inteligência .......................................................................................... 45

Quem tem competência para classificar no grau ultrassecreto? ................................................................ 46

Quanto tempo pode permanecer essa classificação? ............................................................................... 46

AÇÕES E OPERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA


.............................................................................................. 48

Ações de coleta ......................................................................................................................................... 48

Ações de busca ......................................................................................................................................... 48

Técnicas operacionais de Inteligência (TOI) .............................................................................................. 51


Operações de Inteligência de Segurança Pública ..................................................................................... 52

Terminologias utilizadas nas operações de Inteligência (OPISP) .............................................................. 53

CONTRAINTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA ......................................................................... 54


Contrainteligência (CONCEITO) ................................................................................................................... 55

Conceitos básicos utilizados na Contrainteligência ................................................................................... 55


Segmentos da contrainteligência ............................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 57

ANEXOS ...................................................................................................................................................... 59

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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA ATIVIDADE DE INTELIGENCIA


Módulo 01

O presente módulo abordará, além de um esboço histórico da Atividade de Inteligência, o


funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência, bem como o Subsistema de Inteligência de
Segurança Pública.

ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

A Atividade de Inteligência faz parte do contexto da história das sociedades, pois a busca da
informação e do conhecimento remontam aos primórdios da civilização na busca de sua
sobrevivência, segurança e poder. A acepção de Inteligência aqui exposta extrapola aquela referente
à capacidade intelectiva de cada ser, mas compreende um conjunto de informações potencialmente
úteis para a vida em coletividade.

Uma das principais características é o uso de metodologia específica, onde o profissional


de Inteligência transforma dados em conhecimentos com a finalidade de assessorar os usuários no
processo decisório.

Não resta dúvida que a Inteligência é vista como área de interesse para qualquer
organização no mundo dos negócios, assuntos públicos ou privados. A Inteligência mostra-se como
importante instrumento do Estado, pois é através dela que governos podem e devem pautar-se nas
suas ações decisórias, notadamente no tocante à defesa dos interesses da sociedade e do próprio
Estado.

Para a consecução de seu objetivo, é importante entender o processo de produção do


conhecimento de Inteligência (ou MPC –Metodologia de Produção do Conhecimento) que, de certa
forma, assemelha-se a um trabalho acadêmico, muitas vezes partindo de uma hipótese, objeto,
assunto. Podemos dizer que o profissional de Inteligência procura imbuir-se de espírito científico
aperfeiçoando-se nos métodos de investigação científica e aprimorando suas técnicas de trabalho
através da busca da verdade (fatos e situações da realidade).

INTELIGÊNCIA: esboços históricos

Existe uma origem mitológica da Inteligência segundo a qual Argus, que suplantou a
hegemonia de Micenas, por volta do século XII a.C, protegeu de diversas maneiras suas mensagens

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enquanto vivo e criou uma rede eficaz de espiões, tornou-se o pai da Inteligência. Após seu
falecimento, tornou-se um semideus, e há diversas versões para sua “pós-morte”. Alguns vocábulos
vindos de Argus são comuns à Inteligência: arguto, argúcia, argumento, argüir, etc. (REVISTA ABIN,
2005, p. 85)

A necessidade de conhecimento é intrínseca ao ser humano, pois somente através dela é


possível sobreviver. O homem primitivo deveria, obrigatoriamente conhecer todos os perigos que o
cercavam, como o frio, animais perigosos, a maneira como se saciar a fome e de se proteger.
Portanto, coletar informações e analisá-las – que hoje definimos, grosso modo, como inteligência -
é uma atividade tão antiga quanto à própria humanidade.

Como exemplos da Antiguidade clássica apresetaremos abaixo alguns recortes históricos da


humanidade que nos retratam essa realidade, conforme segue:

No primeiro Império Universal (Medos e Persas), promovido por Ciro, o Grande,


Dario, “O Grande Rei”, sucessor do primeiro, organizou um corpo de espiões: “Os olhos
e os ouvidos do rei” para espionar os sátrapas (vice- reis das unidades
políticoadministrativas chamadas Satrapias).

Antes da Invasão da Pérsia, Alexandre, O Grande, buscava informações


(entrevistava) com os viajantes que vinham de terras estrangeiras para obter
informações sobre outros territórios.

Na Roma Antiga, era comum a presença de espiões atrás das cortinas para
ouvir segredos. Antes do século II esta potência não possuía um corpo diplomático.
Para resolver problemas, enviava ao exterior pequenas missões que agiam em nome
do governo, tornando-se, posteriormente, embaixadas permanentes: muitos membros
prestaram-se ao serviço de espionagem.

Toda a aristocracia romana tinha sua rede permanente de agentes clandestinos


e casas com compartimentos secretos para espionarem seus hóspedes. Apesar desse
histórico, os romanos só institucionalizaram a atividade de Inteligência e espionagem
no período do Império (REVISTA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA,
2005, p. 89).

REGISTROS AO LONGO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

No contexto histórico, a Atividade de Inteligência mostra-se como um recurso muitas vezes


utilizado por segmentos detentores de poder, não apenas para atender os interesses da coletividade,
mas também para resguardarem seus interesses, notadamente a manutenção e a ampliação de suas
relações de poder e controle. Os métodos utilizados também eram muitas vezes contaminados por
práticas ilegítimas, no sentido de que, para atingir os objetivos, não importava a forma adotada.
(Revista Brasileira de Inteligência (RBI), 2005, p. 89).

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São vários os registros históricos da utilização da Atividade de Inteligência para prover os


governantes de informações que permitissem a sua sobrevivência, seja no campo político,
econômico ou militar.

Nas Escrituras Sagradas aconteceu quando Moisés, seguindo as determinações de Deus,


enviou espias para a terra de Canaã (Enviou-os, pois, Moisés a espiar a terra de Canaã; e disselhes:
Subi por aqui para o lado do sul, e subi à montanha: E vede que terra é, e o povo que nela habita; se
é forte ou fraco; se pouco ou muito. E como é a terra em que habita, se boa ou má; e quais são as
cidades em que eles habitam; se em arraiais, ou em fortalezas. Também como é a terra, se fértil ou
estéril; se nela há árvores, ou não; e esforçai-vos, e tomai do fruto da terra. E eram aqueles dias os
dias das primícias das uvas. Livro de Números 13:17-20).

Retornando da missão (Ordem de Busca), as pessoas dela incumbidas passaram a relatar


os dados obtidos: E contaram-lhe e disseram: “fomos à terra que nos enviastes; e verdadeiramente
mana leite e mel, e este é o fruto. O povo porém que habita a terra é poderoso e as cidades fortes e
mui grandes. Vimos ali os filhos de Enaque”. (Podemos entender como um Relatório de
Inteligência)

Ainda nas Escrituras Sagradas outros trechos, como na passagem que trata da prostituta
Raab, que dá abrigo a dois “agentes”: “Josué, filho de Num, enviou de Shittim, dois espiões para
operar secretamente em Jericó: “Vão ver a Terra de Jericó”. Livro de Josué, Capítulo 2).

Nos estudos estratégicos do general chinês Sun Tzu, o livro a “Arte da Guerra” destaca os
papéis dos diferentes tipos de profissionais que tinham o objetivo de conseguir conhecimento
avançado sobre dificuldades do terreno, planos do inimigo, movimentações e estado de espírito
das tropas. É bastante antiga a percepção da necessidade de informações para uma melhor
tomada de decisão. A Arte da Guerra, obra elaborada por volta de 500 anos antes de Cristo, já
abordava a necessidade do emprego da Inteligência.

Sun Tzu em seu livro relata algumas estratégias importantes tanto para nossa vida pessoal
como profissional e para as organizações. Se fizermos uma analogia com as palavras e lições mais
importantes desses conceitos com o que Sun Tzu escrevera em seu livro, poderemos notar que o
mesmo também já atribuía essas ferramentas de Inteligência na guerra, sendo elas:
“O verdadeiro mérito é planejar secretamente, deslocar-se sub-repticiamente,
frustrar as intenções do inimigo e impedir seus planos, de maneira que, finalmente, o
dia possa ser ganho sem o derramar de uma gota de sangue.” (Estratégia e
planejamento)

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“O general que vence uma batalha, fez muitos cálculos no seu templo, antes de
ser travado o combate. O general que perde uma batalha fez poucos cálculos antes.
Portanto, fazer muitos cálculos conduz à vitória e poucos, à derrota; até onde mais,
levará a falta de cálculo! È graças a esse ponto que posso prever quem, provavelmente,
vencerá ou perderá.” (Coleta de dados e análise de informações)
“Se conhecermos o inimigo e a nós mesmos, não precisamos temer o resultado
de uma centena de combates. Se nos conhecermos, mas não o inimigo, para cada
vitória, sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao nosso inimigo,
sucumbiremos em todas as batalhas.” (Busca de informações gerais)
Os espiões são os elementos mais importantes de uma guerra [...] Se você
conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem
batalhas. (Agentes de Inteligência – Elemento de Operações)
Dessa maneira, apenas o governante esclarecido e o general criterioso usarão
as mais dotadas Inteligências do exército para fins de Inteligência, obtendo, dessa
forma, grandes resultados. (Integração Operacional)

Na Primeira e na Segunda Grande Guerra Mundial, igualmente, surgiram novos métodos de


obtenção de informações, tanto por meio do uso de novas tecnologias, quanto pela criação de novas
táticas de ação de “espionagem” do inimigo. Com o surgimento de novos métodos de obtenção de
informações, como a fotografia, código Morse, telégrafo, oficinas de impressão, comunicação
criptográfica, aumentou-se sobremaneira o fluxo de informações que transitavam. Nesse sentido, os
organismos de inteligência viram-se obrigados a se especializarem e trabalharem de forma mais
racional e metodológica. Surge o conceito de Inteligência Estratégica, que busca a proteção do
Estado soberano frente as ameaças.

Com o fim da guerra fria que os países ocidentais passaram a dar especial atenção a
necessidade de se produzir conhecimentos também no âmbito interno, haja vista o crescente
aumento da violência, do narcotráfico, tráfico de armas, corrupção e outros crimes conexos.
INTELIGÊNCIA NO BRASIL

Em termos de Brasil, podemos considerar como um dos primeiros documentos de Inteligência


a Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal (PENSAMENTO DO INSTRUTOR):
[...] Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber,
primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais
baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão
pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!

[...] E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo
disseram os navios pequenos que chegaram primeiro ... (Trecho Extraído do documento
original)

Cabe destacar que a importância histórica das Atividades de Inteligência recai na necessidade
de proteção e desenvolvimento das sociedades, em que sistemas nacionais de inteligência foram

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desenvolvidos para o exercício de funções coercitivas que diziam respeito a questões de guerra,
diplomacia, manutenção da ordem interna e, mais tarde, também do policiamento e da manutenção
da ordem pública interna.

Em suas origens (no Brasil), a atuação da Inteligência era orientada para atender à polícia
política e prestar assessoramento aos Governos, o que ocorreu inicialmente com o advento do
Conselho de Defesa Nacional (CDN), mediante o Decreto nº. 17.999, de 29 de novembro de 1927,
órgão diretamente subordinado ao Presidente da República e constituído por todos os Ministros de
Estado e os Chefes dos Estados-Maiores da Marinha e do Exército, o qual teve como objetivo inicial
o controle dos opositores ao regime então vigente, ou seja, numa perspectiva que se alinhava com a
concepção de Inteligência clássica ou de Estado.
CDN

A origem da Atividade de Inteligência no Brasil situa-se no governo do Presidente


Washington Luiz, em 29 de novembro de 1927, quando se criou o Conselho de Defesa Nacional
(CDN), organismo que foi encarregado de coordenar a reunião de informações relativas à defesa do
país. Mais tarde, em 1934, foram criadas as Seções de Defesa Nacional (SDN) nos ministérios civis,
vinculadas ao CDN. Considerado, de certa forma, o ascendente do que é atualmente o Sistema
Brasileiro de Inteligência. Não obstante a sua criação sob um governo civil e democrático, a atividade
de Inteligência nasceu nos alicerces da influência militar, já que era integrada ao processo de
tomada de decisões e de assessoramento composto por oficiais de informação, estudo, concepção
e planejamento para apoio à decisão de um comandante militar.

SFICI

No ano de 1946, o governo brasileiro, tendo como Presidente o General Eurico Gaspar Dutra,
cria o Serviço Federal de Informações e Contrainformações (SFICI), oficialmente o primeiro
“serviço secreto” brasileiro, com atribuições e coordenações típicas de “informações” e
“contrainformações” institucionalizado por um diploma legal e que tinha como finalidade o tratamento
das informações no Brasil. Entretanto, somente em 1956 (Inteligência oficialmente criada no Brasil),
durante o governo do Presidente Juscelino Kubitschek, o SFICI passa a existir de fato, apesar de
existir no papel desde o mandato de Eurico Gaspar Dutra. O serviço fora criado para alimentar com
dados sobre "ideologias extremistas" o Conselho de Segurança Nacional. Juscelino o instituiu
pressionado pelo governo estadunidense (através de seu secretário de estado John Foster Dulles) e
pelos militares (principalmente os diretores da Escola Superior de Guerra), ambos temendo a

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popularização do comunismo no país. Vigiou, sobretudo, associações de esquerda, políticas ou não,


como o PCB e movimentos grevistas.

SNI

O Serviço Nacional de Informações (SNI) foi criado pela lei nº 4.341 em 13 de junho de 1964
com o objetivo de supervisionar e coordenar as atividades de informações e contrainformações no
Brasil e exterior. Em função de sua criação, foram absorvidos o Serviço Federal de Informações e
Contra-Informações (SFICI-1958) e a Junta Coordenadora de Informações (JCI-1959). Diz-se que o
SNI era a espinha dorsal do controle totalitário do regime. Embora houvesse uma polícia secreta no
Brasil desde a era Vargas, a participação militar aumentou sua importância com a criação do SNI.
Ele se desenvolveu a partir do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), que Golbery tinha
estabelecido para minar o governo anterior de João Goulart. Na teoria, o SNI supervisionou e
coordenou as agências de Inteligência das três
Forças Armadas, mas na prática as agências do serviço mantiveram sua autonomia. A influência do
SNI pode ser medida pelo fato de que importantes presidentes do período, como Médici e Figueiredo,
foram diretores do órgão.

DI

O Departamento de Inteligência – DI foi o serviço de Inteligência do Brasil no período que


vai da posse ao afastamento do presidente Fernando Collor e por parte do mandato provisório de
Itamar Franco.

No primeiro dia de seu mandato, Collor dissolveu o Serviço Nacional de Informações para
criar seu próprio serviço (já havia sido promessa de campanha). Apesar do longo histórico de ações
ilegais do SNI, o que o levou a ser extinto foi a inimizade entre Collor e seu diretor, o general Ivan de
Souza Mendes. O general havia se recusado a receber Collor quando este ainda era candidato,
porque no dia anterior ele fizera várias críticas e acusações contra o então presidente José Sarney.
Depois desse episódio, passou a fazer parte da agenda de Collor o fechamento do Serviço.

Para substituir o SNI, criou-se o Departamento de Inteligência, que se diferenciava de seu


antecessor principalmente por dois fatores: sua dimensão reduzida e o fato de ser controlado por
uma repartição civil, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE).

Junto do novo serviço de Inteligência (o DI) veio a promessa de Collor de que ele não
investigaria cidadãos brasileiros, sendo dedicado À vigilância exterior através de Inteligência e

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contrainteligência, mas na verdade continuou a monitorar movimentos sociais, partidos políticos e


instituições nacionais. Além disso, o serviço secreto continuava sem o necessário controle de uma
comissão externa. O novo serviço continuava mal fiscalizado e ciente disso. A intromissão em
assuntos nacionais recebeu respaldo legal através da Ordem de Serviço nº 143, que dizia que o
Departamento de Inteligência tinha o direito de investigar ações que pudessem se manifestar "no
processo político; no processo social; na atividade econômica; nas atividades científicas e
tecnológicas". Estas diretrizes davam ao órgão o direito de investigar praticamente qualquer pessoa.

SSI

A Subsecretaria de Inteligência foi o serviço de Inteligência do Brasil durante o mandato


provisório do presidente Itamar Franco e parte do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso
(1992-1999). Antes de ser reformulado pelo governo Itamar, o órgão chamava-se Departamento de
Inteligência, e foi substituído depois pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).

Os serviços de Inteligência pós-abertura ainda eram formados basicamente por pessoas que
atuaram durante o regime militar. Por isso a linha de pensamento dos mesmos permanecia
conservadora. Para um serviço criado nesses moldes era inadmissível a contratação de funcionários
livre de qualquer triagem ideológica. Mas esse modus operandi era proibido pela Constituição de
1988, que exigia concurso público como critério principal para a contratação da maioria dos
servidores.

A Subsecretaria resistiu à contratação por concurso por cinco anos, durante os quais não se
contratou nenhum agente de campo ou analista de informações. Finalmente, em 1994, o concurso
foi realizado. Os pré-requisitos para a inscrição eram curso superior completo e conhecimento de
uma língua estrangeira. Os funcionários contratados dessa forma, entretanto, eram relegados à
serviços menores no setor de análise de informação. Além disso, os concursados precisavam passar
no mínimo nessa área antes de poderem tornar-se agentes de campo.

ABIN

A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) é o serviço de Inteligência civil do Brasil. A


função principal da agência é identificar ameaças reais e potenciais, bem como identificar
oportunidades de interesse da sociedade e do Estado brasileiro, e defender o estado democrático de
direito e a soberania nacional. Foi criada por lei durante o governo do presidente Fernando Henrique
Cardoso em 1999. Apesar de a agência ter sido criada há pouco tempo, a atividade de inteligência
no Brasil já existe desde 1927.

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A área de atuação da ABIN é definida pela Política Nacional de Inteligência, definida pelo
Congresso Nacional de acordo com os focos indicados pelo Poder Executivo Federal como de
interesse do país. A ABIN é o órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN).

Apesar do nome, a Agência não tem natureza autárquica, tratando-se de órgão da


administração direta integrante da Presidência da República. É fiscalizada pelo controle externo
exercido pelo Congresso Nacional, que possui uma comissão mista de senadores e deputados para
este fim, denominada CCAI (Comissão Mista de Controle da Atividade de Inteligência).

Figura 1 https://www.gov.br/abin/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/historico

O SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA (SISBIN)

Atualmente, a atividade de Inteligência no Brasil funciona como um GRANDE SISTEMA com


o escopo de fazer uma composição cooperativa entre as diversas estruturas que atuam nessa área.
Tendo sido criado no ano de 1999 o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), instituído pela Lei
nº 9.883, de 7 de setembro de 1999.

O SISBIN tem como objetivo integrar as ações de planejamento e execução das atividades
de Inteligência do país, com vistas a subsidiar o Presidente da República nos assuntos de interesse
nacional. É responsável pelo processo de obtenção e análise de dados e informações e pela
produção e difusão de conhecimentos necessários ao PROCESSO DECISÓRIO do Poder
Executivo, em especial no tocante à segurança da sociedade e do Estado, bem como pela
salvaguarda de assuntos sigilosos de interesse nacional.

O CONCEITO e a dimensão da atividade de Inteligência estão previstos no artigo 2º do

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Art. 325 do Código Penal Brasileiro – Sigilo funcional Art. 22
da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011
15

Decreto 4.376/2002, que dispõe sobre a organização e o funcionamento do Sistema Brasileiro de


Inteligência:

Art. 2º. Para os efeitos deste Decreto, entende-se como Inteligência a atividade
de obtenção e análise de dados e informações e de produção e difusão de
conhecimentos, dentro e fora do território nacional, relativos a fatos e situações de
imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, a ação governamental, a
salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.

A Lei nº 9.883/1999 determina que todos os órgãos e entidades da Administração


Pública Federal, com capacidade de produção de conhecimento de interesse das atividades de
Inteligência, deverão constituir o SISBIN (Casa Civil, GSI, Abin, Ministério da Justiça, Ministério da
Defesa, Ministério das relações Exteriores, Ministério da Fazenda, Ministério do Trabalho,
Ministério da Saúde, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério do Meio Ambiente, Ministério da
Integração
Nacional, Ministério da Agricultura e Pecuária, Ministério dos Transportes, Ministério de Minas e
Energia, Ministério da Segurança Pública, etc.) . Cria, também, a possibilidade de incorporação,
mediante convênio, das unidades da Federação, como órgãos derivados.

A referida lei criou a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), e destacou-a como órgão
central do SISBIN, diretamente subordinado à Presidência da República, através do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI).

Com o intuito de organizar o SISBIN foi publicado o Decreto nº 4.376, em 13 de setembro


de 2002, que dispõe sobre o seu funcionamento e organização. A principal atribuição desse órgão é
integrar as ações de planejamento e execução da atividade de Inteligência do país, tendo por
finalidade ofertar subsídios ao Presidente da República.

O SUBSISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA (SISP)

O objetivo geral de qualquer SISTEMA ou subsistema é o TRABALHO ARTICULADO e


INTEGRADO de forma COLABORATIVA, tendo como consequência o desenvolvimento efetivo de
um processo de integração sistêmica.

A necessidade de uma estrutura de produção de informação e conhecimento que atendesse


à complexidade das demandas em segurança pública motivou a criação do Subsistema de
Inteligência de Segurança Pública (SISP), ocorrido com o Decreto Executivo n° 3.695/2000,
conforme se observa a seguir:

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da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011
16

A SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA - SENASP, no uso das


atribuições que lhe conferem o art. 3º, I, “a”, do Decreto nº 3.695, de 21 de dezembro
de 2000, regulamenta o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública - SISP, e dá
outras providências, através da Resolução nº 01, de 15 de julho de 2009.
CONCEITO DE ISP

O CONCEITO de Atividade de Inteligência de segurança pública corrobora esse


entendimento, conforme descrito na Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (2014,
p. 15):

A atividade de Inteligência de Segurança Pública (ISP) é o exercício


permanente e sistemático de ações especializadas para identificar, avaliar e
acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera de Segurança Pública,
basicamente orientadas para produção e salvaguarda de conhecimentos necessários
para subsidiar os tomadores de decisão, para o planejamento e execução de uma
política de Segurança Pública e das ações para prever, prevenir, neutralizar e reprimir
atos criminosos de qualquer natureza que atentem à ordem pública, à incolumidade das
pessoas e do patrimônio.

O SISP tem como Agência Central atualmente a Coordenação Geral de Inteligência


da Diretoria de Operações Integradas e Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública
(CGINT/DIOPI/SENASP) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Conforme Artigo
31, inciso II do Decreto 9.662 de 1º de janeiro de 2019.

O §2º do Art. 2º do Decreto 3.695/2000 cita que os órgãos de inteligência dos Estados e
do Distrito Federal poderão compor o SISP desde que mediante ajustes específicos e convênios.

Os integrantes do SISP, no âmbito de suas competências (Dec nº 3.695/2000), devem:

“Identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais de segurança


pública e produzir conhecimentos e informações que subsidiem ações para
neutralizar, coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza”.

A INTELIGÊNCIA E A INVESTIGAÇÃO POLICIAL

Módulo 02
A Inteligência e a investigação apresentam diversos pontos congruentes e, por vezes,
indissociáveis, como os dados e conhecimentos que subsidiarão ambas as atividades. Entretanto,
há também importantes diferenças conceituais que devem ser compreendidas.

Dessa forma, é preciso analisar, a partir de conceitos e legislações, aquelas notadamente


dependentes de autorização judicial, na atividade de Inteligência.

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17

Como exemplo, cita-se o instituto da INFILTRAÇÃO. Segundo ensinamentos de Rafael


Pacheco (2007, p. 109), “o agente infiltrado é um funcionário da polícia que, falseando sua
identidade, penetra no âmago da organização criminosa para obter informações e, dessa
forma, desmantelá-la”. Nesse sentido, a infiltração de agentes policiais é ponderada como um
artifício de meio de prova na investigação e não na produção de conhecimentos para
assessoramento da Inteligência. Logo, é certo concluir que não se pode requerer o instituto da
infiltração ao judiciário com a finalidade de assessoramento, somente podendo fazê-lo na fase da
persecução penal, para fins de produção de prova (Ver Artigo 10 da Lei nº 12.850 que trata das
Organizações Criminosas – ORCRIMs).

A DNISP acrescenta que a diferenciação entre a Atividade de Inteligência e a Investigação


Policial é, em regra, mais teórica do que prática, uma vez que ambas lidam, invariavelmente, com
os mesmos objetos: crime, criminosos, criminalidade e questões conexas. Entretanto, havendo
conflito entre as atividades, prevalecerá, por óbvio, a legislação vigente.

Um dos aspectos diferenciadores e relevantes é que enquanto a Investigação Policial


está orientada pelo modelo de persecução penal previsto e regulamentado na norma
processual própria - tendo como objetivo a produção de provas (autoria e materialidade
delitiva) - a Inteligência Policial Judiciária está orientada para a produção de conhecimento e
apenas, excepcionalmente, à produção de provas.

Na Inteligência, o produto final tem a finalidade de assessorar, e, portanto, de natureza


consultiva. A própria DNISP delimita a finalidade da atividade, sendo que, em momento algum, trata
da produção de provas, vejamos:

FINALIDADES

Proporcionar diagnósticos e prognósticos sobre a evolução de situações do interesse da


Segurança Pública, subsidiando seus usuários no processo decisório.

Contribuir para que o processo interativo entre usuários e profissionais de Inteligência


produza efeitos cumulativos, aumentando o nível de eficiência desses usuários e de suas
respectivas organizações.

Subsidiar o planejamento estratégico integrado do sistema de Segurança Pública e a


elaboração de planos específicos para as diversas organizações que o compõem.

Assessorar, com informações relevantes, as operações de prevenção e repressão, de


interesse da Segurança Pública.

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Salvaguardar a produção do conhecimento de ISP.

Outro ponto importante para a diferenciação da Inteligência com a investigação, refere-se ao


significado de “verdade” nestes dois tipos de atividade. Na Inteligência, a “VERDADE” significa a
convicção do analista de inteligência em relação a determinado fato ou situação. Portanto, a
“verdade” é construída com evidências que levaram o analista a perceber determinado fato, ou seja,
decorre de trabalho intelectual obedecendo à metodologia da produção do conhecimento e que
pode ser plenamente aproveitada para amparar decisões. VERDADE COM SIGNIFICADO

Caracteriza a atividade de ISP como uma produtora de conhecimentos precisos, claros e imparciais,
de tal modo que consiga expressar as intenções, óbvias ou subentendidas, dos alvos envolvidos ou
mesmo as possíveis ou prováveis consequências dos fatos relatados (DNISP).

Na investigação, a “VERDADE” significa somente o que é possível provar por meios


admitidos no Direito. Mesmo que o investigador tenha plena convicção que uma determinada pessoa
é criminosa, não poderá imputar-lhe qualquer crime caso não tenha provas suficientes para tanto.
É possível, entretanto, produzir um Relatório de Inteligência sobre tal o assunto.

DIFERENÇAS BÁSICAS (INTELIGÊNCIA x INVESTIGAÇÃO)

A atividade de inteligência é trabalho proativo. Age mesmo antes da ocorrência das infrações
penais. A investigação é eminentemente reativa. Pois, atua após a ocorrência do crime ou
contravenção penal.
Investigação, tem caráter finalístico.
A investigação criminal produz provas buscando a verdade real. É legítima na medida em que
fá-lo respeitando o limite intransponível dos direitos e garantias individuais.
Ensina Correali que, a Atividade de Inteligência deve produzir evidências sobre os fatos.
Pode-se afirmar que, de alguma forma, a atividade de Inteligência trabalha com as causa do
crime. Ressalte-se, no sentido de conhecê-las, assessorando os órgãos com competência
decisória.
A investigação criminal, atua precipuamente com os efeitos do delito.
Inteligência é produção de conhecimento para auxiliar a decisão. É quase como uma
assessoria administrativa. Ela não é uma instância executora. Levanta dados, informes,
produz um conhecimento.

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Inteligência possui um ciclo próprio: demanda – planejamento – reunião – coleta – busca –


análise – avaliação – produção – difusão – feedback. Pode-se encontrar variações deste ciclo,
que pode ser entendido, grosso modo, como: demanda – o decisor quer saber algo; busca –

a Inteligência vai atrás da informação; produção – a Inteligência transforma a informação em


conhecimento e feedback – o decisor diz se o conhecimento é suficiente para a sua decisão
ou se necessita de um maior aprofundamento ou mesmo de redirecionamento.
Investigação é levantamento de indícios e provas que levem ao esclarecimento de um fato
delituoso. Tem a sua atuação restrita a um único evento criminal (ou a mais de um evento se
houverem crimes relacionados!) Independe de uma vontade do administrador, pois está
voltada para um fato consumado sobre o qual é (o administrador) totalmente impotente!
Investigação tem um ciclo para a Investigação: delito – a autoridade sabe de algo;
levantamento – os investigadores buscam indícios, provas, testemunhos; análise – a
autoridade avalia quais levantamentos são pertinentes ao caso; captura – os investigadores
prendem os suspeitos ou infratores e produção – a autoridade produz peça acusatória.
Enquanto o ciclo da Inteligência é linear, o ciclo da Investigação pode sofrer variação de
etapas; podendo, por exemplo, a captura ocorrer em qualquer das fases.
A Inteligência visa antecipar-se ao fato, agindo sobre elementos que possam conter o futuro.
Já a Investigação surge após o fato, agindo sobre elementos que possam dizer o passado.
Na atividade de Inteligência há clara distinção entre o trabalho do Decisor e o trabalho do
Operador de Inteligência. O Decisor tem uma posição inteiramente passiva durante o
processo.
Na Investigação, Autoridade Policial e Agentes precisam estar constantemente em interação.
A Autoridade é totalmente ativa durante todo o processo. Não é raro que a própria Autoridade
participe de todas as fases!
Ambas, utilizam-se de técnicas operacionais como disfarce, vigilância, interceptação, escuta,
gravação, fotografia etc. Isto contribui para a confusão entre os conceitos, levando as pessoas
a pensarem que são a mesma coisa.

FUNDAMENTOS DOUTRINÁRIOS DA ISP


Módulo 03

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Agora abordaremos os fundamentos doutrinários da Atividade de Inteligência de Segurança


Pública. Vamos lá!

Nesse módulo o conceito de Inteligência de Segurança Pública, com base nos ensinamentos
da Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP). Ainda, serão apresentados
outros conceitos de Inteligência, para que possa contribuir com os estudos dessa atividade.

Terminologicamente, Cepik (2003, p. 27-29) afirma que: “Inteligência, em uma definição ampla,
é toda informação coletada, organizada ou analisada para atender as demandas de um tomador
de decisão qualquer.”

Em termos de Segurança Pública, e ainda conforme consta na Doutrina Nacional de


Inteligência de Segurança Pública (DNISP), a atividade de Inteligência de Segurança Pública (ISP) é
CONCEITUADA como:
O exercício permanente e sistemático de ações especializadas para identificar,
avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera de Segurança Pública,
basicamente orientadas para produção e salvaguarda de conhecimentos necessários
para subsidiar os tomadores de decisão, para o planejamento e execução de uma
política de Segurança Pública e das ações para prever, prevenir, neutralizar e reprimir
atos criminosos de qualquer natureza que atentem à ordem pública, à incolumidade
das pessoas e do patrimônio.

A atual concepção da estrutura de Inteligência do país tem uma compleição que vai ao
encontro de uma perspectiva interdisciplinar, multifacetada e sistêmica, pois a recém-criada Política
Nacional de Inteligência, cujas bases encontram assento na Doutrina Nacional de Inteligência de
Segurança Pública – DNISP procura integrar as estruturas ao Sistema Brasileiro de Inteligência, que
é composto por vários órgãos da Administração Pública e conta com a colaboração de setores
privados e do Subsistema de Segurança Pública, sob bases que envolvem a cooperação e a
integração dos bancos de dados, para que a Gestão do Conhecimento na esfera de segurança
pública seja mais rápida e segura.

Basicamente se busca Fornecer subsídios informacionais aos respectivos governos para a


tomada de decisões no campo da segurança pública, mediante a obtenção (coleta e busca),
análise, produção e disseminação (DIFUSÃO) da informação útil, e salvaguarda (proteção) da
informação contra acessos não autorizados.

FINALIDADES DA ISP

Proporcionar diagnósticos e prognósticos sobre a evolução de situações do interesse da


Segurança Pública, subsidiando seus usuários no processo decisório.

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Contribuir para que o processo interativo entre usuários e profissionais de Inteligência


produza efeitos cumulativos, aumentando o nível de eficiência desses usuários e de suas
respectivas organizações.
Subsidiar os planejamentos nos níveis de decisão político, estratégico, tático e operacional
no sistema de Segurança Pública.

Assessorar, com informações relevantes, as operações de prevenção e repressão, de


interesse da Segurança Pública.
Salvaguardar a produção do conhecimento de ISP.

VANTAGENS

Reunir maior quantidade de dados.

Produzir conhecimentos precisos, oportunos e seguros para os órgãos policiais,


proporcionando economia de meios.

Estabelecer a capilaridade, isto é, um fluxo de conhecimento da ponta à cúpula e viceversa.

Proporcionar um banco de dados diferenciado, qualificado e suplementar ao criminal.

Aumentar a velocidade das investigações.

Atuar de forma sistemática e atual em um cenário complexo e mutável, como é o da


criminalidade.

Facilitar as ligações com os órgãos similares federais e estaduais.

Dotar as polícias com um poderoso instrumento de produção de conhecimento.

CARACTERÍSTICAS

Características da ISP são os aspectos distintivos e as particularidades que a identificam e a


qualificam como tal. Não se pode definir ou conceituar a atividade sem que sejam citadas, pelo
menos, algumas delas.

01. PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO é a característica que a qualifica como atividade


de Inteligência, na medida em que reúne dados e conhecimentos e transforma-os
em novos conhecimentos, com a finalidade de assessorar os usuários no
processo decisório. Para buscar o dado - definido como toda e qualquer
representação de um fato ou de uma situação - e transformá-lo em conhecimento útil,

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avaliado, verdadeiro, significativo, preciso, imparcial, objetivo, simples, bem


apresentado, oportuno e seguro, a atividade de ISP, em qualquer um de seus dois
ramos - Inteligência e Contrainteligência -, utiliza uma metodologia própria, denominada
de Ciclo de Produção de Conhecimento (CPC).

02. ASSESSORIA é a característica da ISP que a qualifica, não como órgão de linha, de
execução, mas como um órgão de "staff", de assessoria, de serviço, produzindo
conhecimentos para o processo decisório dos usuários e planejadores. Atua,
somente, como coleta e busca de dados, mas não no aproveitamento direto dos
conhecimentos produzidos. A ISP não substitui o órgão de execução, mas deverá estar
sempre diretamente ligada a um chefe, para quem será um permanente e decisivo
instrumento para sua decisão.

03. VERDADE COM SIGNIFICADO é a característica da ISP que a torna uma produtora
de conhecimentos precisos, objetivos, úteis e imparciais, de tal modo que
consiga expressar as intenções, óbvias ou subentendidas, das pessoas e alvos
envolvidos ou, mesmo, as possíveis ou prováveis consequências dos fatos
relatados. A maior ou menor precisão desse conhecimento será atingida pela
persistente busca da verdade, mas não uma verdade científica e nem uma verdade
filosófica, nas quais ora os fins ora os caminhos são os objetivos mais importantes. Para
a ISP, a "simples" verdade não é o mais importante. "Fatos nada significam", afirma
Washington Platt, referindo-se a que a Inteligência deve ir além da busca da "mera"
verdade e da simples comprovação dos fatos. Ela deve conseguir conhecimentos
imparciais, oportunos, seguros, devidamente avaliados, e sempre com seus
significados e suas intenções. A busca da "verdade significativa" é o objeto da ISP.

04. BUSCA DE DADOS é a característica pela qual a ISP deve desenvolver-se e atuar em
um universo antagônico, no qual os dados encontram-se, invariavelmente,
protegidos e/ou negados. Atualmente, muitos dados podem ser encontrados com um
simples navegar pela Internet ou com a coleta dos dados cadastrados nos órgãos e
instituições oficiais (cerca de 80% podem ser assim obtidos), uma das características
marcantes da atividade de ISP é que ela tem que circular em ambientes hostis, nos
quais os alvos procuram abrigar-se e proteger os dados que os possam comprometer.

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05. AÇÕES ESPECIALIZADAS constituem a característica da ISP que, em face da


metodologia, ações, técnicas e linguagem próprias e padronizadas, exige dos seus
integrantes uma formação específica, idealmente acadêmica, complementada por
longos anos de especialização, de treinamento e de experiência, conseguidos pela
capacitação continuada e permanência na função. As intencionais e pejorativas
explorações de parcela da mídia contra aqueles que denomina de "arapongas", muitas
vezes, são causadas pelos preconceitos, mas, também muitas vezes, ocasionadas
pelos erros cometidos pelos amadores e aventureiros que não conhecem a própria
função e com ela ainda não se engajaram e nunca se comprometeram.

06. ECONOMIA DE MEIOS é a característica da ISP que permite otimizar a utilização dos
recursos humanos e materiais disponíveis, proporcionada pela produção de
conhecimentos objetivos, precisos e oportunos.

07. INICIATIVA é a característica da ISP que, referenciada ao princípio da Oportunidade,


induz os órgãos de ISP a produzirem conhecimentos antecipados e a assumirem uma
atitude proativa e não somente reativa. A surpresa causada por uma ação adversária
não prevista conota uma falha da ISP. Conhecendo-se as intenções dos adversários,
pode-se realizar contramedidas para evitá-las. Só o conhecimento antecipado poderá
determinar uma ação correta, eficaz e oportuna e evitar fatos danosos e males maiores.
Na Segurança Pública, por exemplo, deve-se, preferencialmente, evitar que os crimes
venham a ocorrer, através de ações denominadas de "antecrimes".

08. ABRANGÊNCIA, anteriormente denominada de Amplitude, é a característica da ISP


que lhe permite atuar em qualquer campo do conhecimento, de interesse da Segurança
Pública. Acoplada à característica de assessoramento, faz da atividade de ISP, que
possui metodologia e linguagem próprias, instrumento versátil e indispensável para a
tomada de decisões em qualquer setor da atuação humana. Sendo um instrumento, a
Inteligência, de um modo geral, tem um amplo campo de atuação, podendo agir em
qualquer um dos cinco campos do poder: político, econômico, militar, psicossocial ou
científico-tecnológico, dependendo da diretriz do comando. Sabe-se que a ISP atua no
campo psicossocial, particularmente contra a criminalidade.

09. DINÂMICA, anteriormente denominada de Flexibilidade, é a característica da ISP que


a torna permeável e flexível às ideias novas e infensa ao apego às ideias ultrapassadas,

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permitindo-lhe melhor atender aos desafios impostos pelas constantes transformações


do mundo. As Agências de Inteligência de Segurança Pública (AISP) deverão,
constantemente, adequar-se ao novo, estabelecendo novos conceitos originados da
teoria x prática e dos aspectos doutrinários x vivência. Novas doutrinas, novos padrões,
novas tecnologias, novos métodos, novas técnicas, novos conceitos, novos processos
e novas condutas devem sempre nortear as ações de uma agência. A adequação aos
objetivos, aos alvos, ao ambiente operacional e aos meios deve ser parte integrante de
suas diretrizes. Só um conhecimento dinâmico e flexível pôde, por exemplo,
transformar, com rapidez e sucesso, a era do papel na era da Informática.

10. SEGURANÇA é a característica da ISP que visa garantir, não só o seu próprio
funcionamento, como, também, assegurar a proteção do conhecimento, em todas as
fases de sua produção, de forma a que o seu acesso seja limitado apenas a pessoas
credenciadas e com necessidade de conhecê-lo (compartimentação). Deverão ser
adotadas medidas de salvaguarda, a fim de garantir a produção e a difusão sem
vazamentos. Os princípios do controle, da compartimentação e do sigilo devem estar
sempre presentes. A balança "Eficácia x Segurança" deverá ser sempre pesada e
avaliada pelos chefes e pelos agentes.

PRINCÍPIOS

Princípios da ISP são as bases, os fundamentos, os alicerces, os pilares que orientam e


definem os caminhos da atividade. Enquanto que as características conceituam e qualificam a
atividade de ISP, os princípios apontam-lhe e margeiam os caminhos a serem trilhados para que os
objetivos sejam atingidos.

01. PRECISÃO: impõe que o conhecimento produzido na ISP deve ser verdadeiro, com a
veracidade bem avaliada, significativo e útil. Um conhecimento impreciso, com fatos,
datas, horas, nomes e locais incorretos, poderá causar decisões equivocadas e, muitas
vezes, danosas.

02. IMPARCIALIDADE: conduz a ISP a produzir conhecimentos isentos de ideias


preconcebidas, subjetivas, distorcidas ou tendenciosas, evitando atender a
interesses escusos. O conhecimento imparcial deve refletir a convicção do especialista,
sem o pensamento desejoso de agradar os chefes ou temer pelas consequências.
Como afirmou Kant, "Dever é o modo de agir ou abster-se de agir, que nos é imposto

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pela consciência moral. O homem de dever é aquele que faz o que lhe compete,
simplesmente porque é seu dever, sem preocupar-se com as consequências, pois, se
as tomasse em consideração, já não agiria por dever, mas sim por interesse”. Só um
conhecimento imparcial poderá trazer credibilidade à AI.

03. OBJETIVIDADE: orienta o planejamento, as ações e a produção de conhecimento de


uma AISP, de acordo com objetivos prévia e claramente definidos pelo escalão
superior e perfeitamente sintonizados com suas finalidades. Diretrizes e um Plano de
ISP são fundamentais para nortear a objetividade de uma AI.

04. SIMPLICIDADE: produzir conhecimentos claros e concisos, proporcionando


imediata, fácil e completa compreensão, tornando-o útil para quem o recebe e
minimizando custos e riscos desnecessários. Devem-se evitar planos
extremamente complexos e a linguagem utilizada não deve ser rebuscada, prolixa ou
erudita.

05. OPORTUNIDADE: produzir o conhecimento em prazo que permita seu


aproveitamento útil e adequado, para agir, com eficácia, no momento certo, tomando
a iniciativa. Muitas vezes, há que se sacrificar o conhecimento completo – mas
demorado e fora do prazo – e difundir um conhecimento parcial – mas oportuno.

06. AMPLITUDE: recomenda que o conhecimento produzido deva ser o mais completo
possível, levando-se em consideração tudo que se relaciona com o fato ou
situação. Entretanto, deve-se observar e respeitar os princípios da objetividade e da
oportunidade.

07. INTERAÇÃO: induz a atividade de ISP a estabelecer permanentes e sistemáticas


ligações de cooperação entre as AISP, integradas e inter-relacionadas pelo canal
técnico - não hierárquico - existente em sistemas e subsistemas, a fim de otimizar
esforços para a consecução dos objetivos.

08. PERMANÊNCIA: produzir um fluxo constante e contínuo de dados e de


conhecimentos, o que só será conseguido após um bom tempo de aprendizado e
experiência de seus integrantes. Em situações normais, alguns chefes tendem a
"esquecer-se" dos serviços de Inteligência, só neles pensando nas situações de crise.
Não é a postura correta. Montar uma estrutura eficaz de Inteligência é um processo
longo, difícil, complexo e sensível. Nos grandes serviços mundiais de Inteligência, sabe-

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se que um bom analista só será conseguido depois de anos e anos de prática de campo
(operações) e, mesmo assim, depois de mais alguns anos no exercício dos meandros
da produção do conhecimento. A permanência na função, sem constantes
rotatividades, deverá sempre ser buscada.

09. CONTROLE: determina a supervisão e o acompanhamento sistemático de todas


as ações da atividade de ISP, a fim de evitar erros, detectar variáveis adversas e
corrigir desvios, causados por vazamentos de documentos e/ou do conhecimento,
desvios de conduta ou procedimentos amadores. Rígidas normas de controle
deverão ser implantadas, a fim de que se permita detectar e minimizar ou corrigir os
desvios observados. As seguintes medidas poderão aumentar o grau de controle:
direção honesta e capaz, diretriz do comando clara, precisa e concisa, planos
completos e minuciosos, estrutura organizacional adequada, fluxograma de
documentos eficaz e seguro, recrutamento administrativo cuidadoso e atenção
permanente. A direção deve ser centralizada e a execução descentralizada.

10. COMPARTIMENTAÇÃO: determina que a atividade de ISP, a fim de evitar riscos e


comprometimentos, restrinja o acesso ao conhecimento sigiloso produzido somente
para aqueles que tenham a real necessidade de conhecê-lo, em vista da função
desempenhada e da credencial de segurança adequada, independentemente da
hierarquia.

11. SIGILO: proporciona, a rapidez, os espaços e os caminhos necessários para atuar


no universo antagônico e obter os dados protegidos e negados, com a
imprescindível preservação (salvaguarda/proteção) da AISP e de seus integrantes
contra pressões e ameaças. Além disso, o sigilo é condição básica para evitar a
divulgação de conhecimentos, informações e dados que possam colocar em risco
a segurança da Sociedade e/ou do Estado, bem como afetar a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem de pessoas e/ou instituições.

VALORES

A atividade de ISP é um serviço à causa pública e submete-se aos princípios constitucionais.


Alicerçada em valores éticos e morais, está compromissada com a VIDA, a VERDADE, a

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JUSTIÇA, a HONRA, a INTEGRIDADE DE CARÁTER, a FAMÍLIA, a SOLIDARIEDADE, o


PATRIOTISMO, o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, a LEGALIDADE e o RESPEITO AOS
DIREITOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS.

Nunca poderá ser esquecido que a sociedade e as instituições deverão estar, sempre, acima
do homem. E todos aqueles que trabalham em ISP devem estar bem cientes e conscientes dessa
assertiva.

RAMOS

A atividade de ISP possui DOIS RAMOS: a INTELIGÊNCIA e a CONTRAINTELIGÊNCIA.

O RAMO INTELIGÊNCIA destina-se a PRODUZIR conhecimentos para a atividade-fim, de


acordo com os objetivos e as finalidades da (Atividade de Inteligência de Segurança Pública – AISP).
Como uma verdadeira "inteligência positiva", direciona seus esforços para o alvo colimado.

O RAMO CONTRAINTELIGÊNCIA destina-se a produzir conhecimentos para


PROTEGER a atividade de ISP e a Instituição a que pertence, para prevenir, obstruir, detectar e
neutralizar as ações adversas. Como "inteligência negativa", direciona seus esforços também para
os assuntos internos, particularmente os relativos aos desvios de conduta.

Ambos os ramos devem ser compreendidos como indissoluvelmente ligados; são partes
de um todo, não possuindo limites precisos, uma vez que se interpenetram, se interrelacionam e se
interdependem.

NÍVEIS DE ASSESSORAMENTO
A Inteligência de Segurança Pública (ISP) assessora o processo decisório, por meio da
produção de conhecimentos, nos seguintes níveis:

I POLÍTICO: assessora o planejamento e o desenvolvimento das políticas de Segurança


Pública;
II ESTRATÉGICO: assessora o planejamento para implementação das estratégias de
políticas de Segurança Pública;
III TÁTICO: assessora o acompanhamento e a execução das ações táticas para
implementação das políticas de Segurança Pública;
IV OPERACIONAL: assessora o planejamento, o acompanhamento e a execução de ações
operacionais.

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da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011
28

PROFISSIONAIS DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

Os profissionais de Inteligência de Segurança Pública (ISP) são os elementos orgânicos


da Agência de Inteligência (AI) recrutados administrativamente e devidamente capacitados. As
duas funções essenciais diretamente envolvidas na produção do conhecimento são os ANALISTAS,
responsáveis pela produção do conhecimento, e os AGENTES (Elemento de Operações - ELO),
responsáveis pela obtenção dos dados negados.

A DNISP orienta, ainda, que os profissionais de ISP, como regra geral, NÃO EXECUTEM
AÇÕES OSTENSIVAS, PRISÕES OU FLAGRANTES, visando preservar a segurança de seus
integrantes e garantir o sigilo e a compartimentação. Tais ações ostensivas ficam a cargo de
equipes policiais especialmente designadas para o seu cumprimento.

INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA


Módulo 04

PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO DE ISP

A produção do Conhecimento de Inteligência se traduz por meio da Metodologia da


Produção do Conhecimento (MPC) que o apoia na Atividade de Inteligência de Segurança
Pública.

A MPC serve para organizar os pensamentos do profissional de Inteligência durante a


execução de seus trabalhos, deixando-o objetivo e técnico. Assim, a MPC é definida, sinteticamente,
como um processo formal e ordenado, no qual o conhecimento produzido é disponibilizado aos
usuários.

O resultado final deste conjunto de ações sistemáticas é um Conhecimento de Inteligência,


materializado em documentos de inteligência, atendidas as peculiaridades de sua finalidade.

As fases da MPC são: Planejamento, Reunião de Dados/Conhecimentos, Processamento e,


por fim, Formalização/Difusão.

Antes de tratarmos sobre as fases da MPC, faz-se necessário compreender alguns


fundamentos básicos que balizam a atividade. Como exemplo citamos:

1. TÉCNICAS ACESSÓRIAS: são ferramentas acessórias de análise, que utilizam metodologia


própria, e que podem auxiliar o profissional de ISP na produção do conhecimento. Como
exemplo citamos: Análise de Vínculos, Análise de Riscos, Análise Criminal;

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2. DADOS E CONHECIMENTOS: Entendemos por DADO (fato, situação, comunicação,


notícia, documento, extrato de documento, fotografia, gravação, relato, denúncia, dentre
outros, ainda não submetida pelo profissional de Inteligência ao MPC). Já o CONHECIMENTO
(é o resultado final que pode ser expresso por escrito ou oralmente pelo profissional de
ISP, quando da utilização da Metodologia de Produção de Conhecimento sobre dados e/ou
conhecimentos anteriores).

3. ESTADO DA MENTE DIANTE DA VERDADE: É determinar em qual Estado da Mente


(CERTEZA, OPINIÃO, DÚVIDA, IGNORÂNCIA) o profissional de Inteligência está diante do
conteúdo analisado, é necessário se estabelecer uma metodologia que regule a RELAÇÃO
ENTRE SUJEITO, OBJETO, VERDADE e ERRO, perseguindo, sempre, a verdade.

4. TRABALHOS INTELECTUAIS: para conhecer determinados fatos ou determinadas situações,


o ser humano pode realizar três trabalhos intelectuais: conceber IDEIAS (concebe uma imagem
sem, contudo, afirmar ou negar), formular JUÍZO (operação pela qual a mente estabelece uma
relação entre ideias) e elaborar RACIOCÍNIOS (operação pela qual a mente, a partir de dois
ou mais juízos conhecidos, alcança outro que deles decorre logicamente).

5. TEMPO: é o fator funciona como parâmetro. Somente é possível produzir conhecimentos sobre
fatos ou situações PASSADAS, PRESENTES, ou, ainda sobre seus FUTUROS
desdobramentos.

TIPOS DE CONHECIMENTO

A Doutrina de ISP preconiza uma diferenciação dos tipos de conhecimentos produzidos. Esta
diferenciação resulta a partir da definição dos fatores vistos anteriormente. São eles:
Estado da Mente, Trabalho Intelectual e o Tempo.

RELATÓRIO DE ESTADO DA TRABALHO TEMPO


INTELECTUAL
INTELIGÊNCIA MENTE

INFORME Certeza Juízo Passado


Opinião Presente

Dúvida
INFORMAÇÃO Certeza Raciocínio Passado
Presente

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APRECIAÇÃO Dúvida Raciocínio Passado


Presente
Futuro próximo
ESTIMATIVA Dúvida Raciocínio Futuro
Tabela 1: Quadro ilustrativo referenciando os tipos de RELATÓRIOS DE INTELIGÊNCIA aos Estados da Mente, Trablho Intelectual e o Tempo.
Fonte: elaborado e adaptado por Felipe Scarpelli, Especialista em ISP. Brasília, 2015.

METODOLOGIA DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Conforme você observou, a Metodologia de Produção do Conhecimento (MPC) é definida,


sinteticamente, como um processo formal e regular, no qual o conhecimento produzido é
disponibilizado aos usuários, composto por quatro fases - PLANEJAMENTO, REUNIÃO DE DADOS
E/OU CONHECIMENTOS, PROCESSAMENTO, FORMALIZAÇÃO E DIFUSÃO - que não são
desenvolvidas em uma ordem necessariamente cronológica.

Veja, no quadro abaixo, as fases da MPC:


METODOLOGIA DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

PLANEJAMENTO REUNIÃO DE DADOS PROCESSAMENTO FORMALIZAÇ ÃO E DIFUSÃO

ASSUNTO PESQUISA AVAL IAÇÃO FORMALIZAÇÃO

PRAZO CONSULTA À ARQUIVOS ANÁLISE DIFUSÃO

FAIXA D E TEMPO LIGAÇÕES COM ORGÃOS CONGENERES INTEGRAÇÃO

USUÁRIO INTERPRETAÇÃO
ACIONAMENTO DO ELEMENTO DE
OPERAÇÕES
FINALIDADE

ASPECTOS ESSENCIAIS

MEDIDAS DE SEGURANÇA

MEDIDAS EXTRAORDINÁRIAS

Organograma 1 Fonte: Elaborado e adaptado pelo professor e tutor do Ministério da Justiça e Segurança Pública Renato Pires Moreira, Especialista
em Inteligência de Estado e Inteligência de Segurança Pública. Belo Horizonte, 2015.

O resultado deste conjunto de ações sistemáticas é um conhecimento de Inteligência,


materializado em Relatórios de Inteligência, atendidas as peculiaridades de sua finalidade.

PLANEJAMENTO

É a fase da MPC na qual são ordenadas, de forma sistematizada e lógica, as etapas do


trabalho a ser desenvolvido, estabelecendo os objetivos, as necessidades, os prazos, as
prioridades e a cronologia, definindo os parâmetros e as técnicas a serem utilizadas a partir dos
procedimentos mais simples para os mais complexos.

Esta fase é fundamental para o profissional de Inteligência produzir seu conhecimento de


forma técnica e objetiva, e deve ser uma ação rotineira em seu trabalho.

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Portanto, a produção de um conhecimento é iniciada por um planejamento, onde o


profissional de Inteligência visualiza os fins e a maneira de atingi-los.

REUNIÃO DE DADOS E/OU CONHECIMENTOS

A Reunião de Dados e/ou Conhecimentos, é a etapa em que se procura obter dados e/ou
conhecimentos que respondam e/ou complementem os aspectos essenciais a conhecer.

A obtenção desses dados e/ou conhecimentos são todos os procedimentos e medidas


realizadas pelo setor de Inteligência para dispor dos dados necessários e suficientes para a
produção do conhecimento. Existem, portanto, dois tipos de ações de Inteligência: Ações de Coleta
e Ações de Busca.
AÇÕES DE COLETA: São todos os procedimentos realizados por uma AI, ostensiva ou
sigilosamente, a fim de obter dados depositados em fontes disponíveis, sejam elas oriundas de
indivíduos, órgãos públicos ou privados. Temos dois tipos de Ações de Coleta:

o COLETA PRIMÁRIA – envolve o desenvolvimento de ações de ISP para obtenção


de dados e/ou conhecimentos disponíveis.

o COLETA SECUNDÁRIA – envolve o desenvolvimento de ações de ISP, por meio de


acesso autorizado, por se tratar de consulta a bancos de dados protegidos.

AÇÕES DE BUSCA: São todos os procedimentos realizados pelo Elemento de Operações (ELO)
de uma AI, envolvendo ambos os ramos da ISP, a fim de reunir dados protegidos e/ou negados
em um universo antagônico.
PROCESSAMENTO

Fase do ciclo na qual o conhecimento é produzido. É a fase intelectual em que o analista


percorre quatro etapas (avaliação, análise, integração e interpretação) - não necessariamente de
forma cronológica. Para chegar nesta fase, o profissional de ISP deverá ter percorrido as duas fases
anteriores, ou seja, ele planejou e reuniu os dados necessários para produzir seu conhecimento. Os
dados e/ou conhecimentos precisam, então, serem processados.

O profissional de Inteligência procura conhecer e valorar os dados e/ou conhecimentos daquilo


que ele conseguiu reunir para seu trabalho. Nessa etapa, basicamente, busca-se o domínio da
Técnica de Avaliação de Dados (TAD), com o intuito de avaliar a FONTE que provém o dado e o
CONTEÚDO, julgando assim sua credibilidade.

Os dados e/ou conhecimentos avaliados como pertinentes deverão ser submetidos à


Técnica de Avaliação de Dados (TAD), como forma de fazer parte da produção do conhecimento que
está sendo elaborado.

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Importante lembrar que no JULGAMENTO DA FONTE (pessoas, organização ou documento),


busca-se avaliar seu grau de idoneidade verificando-se três aspectos: autenticidade, confiança e
competência. Após a avaliação da fonte, deve-se, então, proceder ao julgamento do conteúdo, onde
verificam-se outros três aspectos: coerência, compatibilidade e semelhança.

Tabela 2 Julgamento da fonte na prática


PARA DETERMINAR PERGUNTA-SE VERIFICA-SE

AUTENTICIDADE 1. O dado provém realmente da fonte 1. Canais de transmissão ou meios pelos


presumida? quais passou o dado.
2. Em caso afirmativo, foi nessa fonte que o 2. Processos utilizados para identificação e
dado se originou? reconhecimento das fontes.
CONFIANÇA 1. Qual o envolvimento da fonte no episódio 1. Antecedentes (criminal, político, de
descrito? lealdade, de honestidade etc.).
2. Qual o interesse da fonte ao fornecer o 2. Padrão de vida é compatível ou não
dado? com o seu poder aquisitivo (cargo,
3. Quais as características pessoais da fonte? emprego, situação em relação ao OI/AI
4. Qual a contribuição já
3. etc.). Contribuição já prestada (precisão
prestada anteriormente?
dos dados etc.).
4. Motivação (ciúme,
vingança, patriotismo, pagamento,
interesse pessoal etc.).

COMPETÊNCIA 1. A fonte está habilitada a perceber e transmitir 1. Atributos pessoais da fonte para
o dado? perceber, memorizar e descrever o fato ou a
2. A localização da fonte permite perceber osituação (experiência relativa ao assunto).
fato ou a situação que descreve?
2. Localização da fonte, condições do
horário e local da observação.

Tabela 3 Julgamento do conteúdo do dado na prática


PARA DETERMINAR PERGUNTA-SE VERIFICA-SE
SEMELHANÇA 1. O dado é confirmado por outras fontes? 1. Quais os meios transmissores ou meios
pelos quais passou o dado?

2. Há outro dado cujo conteúdo esteja


conforme o dado em julgamento?
COERÊNCIA 1. O dado em julgamento apresenta 1. Há harmonia interna do dado? Há
contradições em seu conteúdo? encadeamento lógico?
COMPATIBILIDADE 1. O dado harmoniza-se com outros 1. Há relacionamento do dado com o que
conhecidos anteriormente? se sabe sobre o fato ou a situação que
é objeto do mesmo?
2. Qual o grau de harmonia do dado?
Fonte: BRASIL. Exército. Comando de Operações Terrestres. Produção do Conhecimento de
Inteligência. Brasília, 2019, p. 2-18.

Observa-se que a DNISP adotou o mesmo critério que o Manual Técnico de Produção do
Conhecimento de Inteligência do Exército Brasileiro para o julgamento da fonte. Todavia, a doutrina

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militar foi além e detalhou as questões que podem ser consideradas na tarefa de avaliação,
orientando assim o trabalho do avaliador.

A título de ilustração, cite-se o código de avalição preconizado no Manual Técnico de Produção


do Conhecimento do Exército Brasileiro. A contrário da DNISP, a doutrina de Inteligência militar
preocupou-se em estabelecer o código de avaliação e, consequentemente, promovendo a
padronização da avaliação, consoante retratado na Tabela 4:

Tabela 4 Resultado da Avaliação do Dado


JULGAMENTO DA FONTE JULGAMENTO DO CONTEÚDO
A – Inteiramente idônea 1 – Confirmado por outras fontes
B – Normalmente idônea 2 – Provavelmente verdadeiro
C – Regularmente idônea 3 – Possivelmente verdadeiro
D – Normalmente inidônea 4 – Duvidoso
E - Inidônea 5 - Improvável
F – A idoneidade não pode ser avaliada 6 – A veracidade não pode ser avaliada
Fonte: BRASIL. Exército. Comando de Operações Terrestres. Produção do Conhecimento de
Inteligência. Brasília, 2019, p. 2-19.

TABELA DA AVALIAÇÃO DE DADOS (TAD)

Segue abaixo ilustração da Tabela de Avaliação de Dados (TAD):


Tabela 5 Tabela com cores empregadas pelo autor da apostila, meramente ilustrativa.

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FORMALIZAÇÃO E DIFUSÃO DO CONHECIMENTO

A última fase da metodologia, a Formalização e Difusão, é o momento em que profissional


de ISP dará a forma final ao conhecimento em produção para a subsequente expedição ao usuário.

Nesta fase da MPC, o Conhecimento de Inteligência produzido será formalizado um Relatório


de Inteligência, e disponibilizado para o usuário ou outras Agências de Inteligências - atendidos
os princípios do sigilo e da oportunidade e a necessidade de conhecer - e posteriormente arquivado.

IMPORTANTE!

É necessário que o conhecimento de inteligência seja preparado de acordo com as seguintes opções:

o Representação escrita mediante a redação de um documento formal (RELINT);

o Representação oral, atendendo o princípio da oportunidade, com a posterior


formalização escrita.

Qualquer que seja a opção adotada, é indispensável que a formalização contenha todos os
elementos necessários ao entendimento e à utilização do conhecimento pelo usuário. Tais elementos
são, normalmente, os que compõem a estrutura-padrão dos documentos de inteligência.

A padronização dos documentos é extremamente necessária para se obter unidade de


entendimento e uniformidade de procedimentos entre os órgãos que integram o Subsistema de
Inteligência de Segurança Pública. Após a difusão, o documento será arquivado obedecendo a um
padrão, a fim de facilitar a segurança, recuperação e manuseio.

O RELINT, após receber classificação, deverá o profissional de inteligência produzir o Termo


de Classificação de Informação – TCI, que acompanhará o Relatório de Inteligência quando da sua
difusão.

De acordo com a Lei 12.527/2011, conhecida como Lei de Acesso à Informação (LAI), todos
os documentos classificados devem obedecer suas diretrizes e adotarem os parâmetros de grau de
sigilo vigentes. A Difusão consiste na remessa do conhecimento produzido para o(s) respectivo(s)
usuários(s).

AINDA FALANDO SOBRE METODOLOGIA DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO...

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Para a produção dos conhecimentos de Inteligência de Segurança Pública (ISP), aos


quais a DNISP se refere, é imperioso o uso de metodologia própria, que afastem a prática de ações
meramente intuitivas, com a adoção de procedimentos que sejam inteligíveis, não somente aos
profissionais de Inteligência, mas especialmente aos tomadores de decisão, que são os usuários
finais do conhecimento produzido pela Inteligência. É oportuno apresentar algumas noções
fundamentais de Inteligência, que subsidiarão o nosso estudo, que são as seguintes

LINGUAGEM DE INTELIGÊNCIA

A DNISP estabelece que a Inteligência de Segurança Pública (ISP) é o exercício sistemático


de ações especializadas, sendo exigido que seus profissionais adotem uma linguagem também
especializada, que se, não representará uma ruptura com o processo de comunicação utilizado pela
sociedade, deverá garantir relações de comunicações nas quais não ocorram distorções ou
incompreensões.

Para tal devem ser valorizados no estilo de produção de textos da Inteligência características
como: concisão, correção, precisão, imparcialidade, objetividade e simplicidade.

o CONCISÃO – Produzir textos sintéticos e precisos.

o CORREÇÃO – Empregar a norma culta na produção dos textos o PRECISÃO – O

conhecimento produzido deve ser verdadeiro.

o IMPARCIALIDADE – Produzir conhecimentos isentos de idéias preconcebidas, subjetivas,


distorcidas ou tendenciosas.

o OBJETIVIDADE – O conhecimento produzido deve estar em sintonia com o planejamento


previamente elaborado.

o SIMPLICIDADE – O conhecimento deve proporcionar imediata e fácil compreensão. Para tal,


a linguagem empregada não deve ser prolixa.

DOCUMENTOS DE INTELIGÊNCIA

A fim de assegurar o fluxo dos conhecimentos de Inteligência e de atender às peculiaridades


do exercício da Atividade de Inteligência, são utilizados diversos tipos de documentos.

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Você estudará agora os tipos de estrutura e das técnicas de redação básica de alguns desses
documentos. A abordagem tem apenas caráter de sugestão, uma vez que você, profissional de
Inteligência, adotará os padrões estabelecidos por seu Órgão de Inteligência, visando atender a
demanda do tomador de decisão que é usuário do Órgão.

TIPOS DOS DOCUMENTOS

São basicamente os que seguem abaixo, os Documentos de Inteligência utilizados na PMPI:

a) Relatório de Inteligência – RELINT;

b) Pedido de Busca – PB;

c) Ordem de Busca – OB.

a) RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA (RELINT)

É o documento utilizado para veicular os vários tipos de conhecimento. O tipo de


conhecimento transmitido ficará explícito pelos recursos de linguagem utilizados. A DNISP
recomenda que no cabeçalho do documento RELINT seja consignado a avaliação de fonte e
conteúdo, a partir da conjugação das tabelas avaliativas.

b) PEDIDO DE BUSCA (PB)

É documento utilizado entre órgãos de inteligência para solicitar conhecimentos.


Ressalte-se que, apesar do nome, esse documento não implica, necessariamente, a execução de
procedimentos de busca por parte do órgão destinatário.

c) ORDEM DE BUSCA (OB)

É documento interno utilizado para acionar o Elemento de Operações (ELO), para coleta e/ou
busca de dados não disponíveis.

ESTRUTURA DOS DOCUMENTOS DE INTELIGÊNCIA

Os documentos de Inteligência devem conter um conjunto de itens necessários a sua


identificação. Esse conjunto de itens varia de acordo com o tipo de documento, e a forma como
são colocados (em linguagem clara ou codificada) é determinada pelo órgão de Inteligência
responsável pela elaboração e/ou difusão do documento de Inteligência.

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Além dos itens de identificação, os documentos de Inteligência possuem um texto, variável


para cada tipo de documento, mas cuja estrutura, segue as considerações a seguir feitas:

a) CLASSIFICAÇÃO SIGILOSA

É a marcação do documento com o grau de sigilo que lhe for atribuído de acordo com o previsto
pela legislação pertinente e, eventualmente, pelas normas internas do órgão de inteligência que o
está elaborando. É colocado, em cada página, centralizado, acima do cabeçalho e no rodapé.

Deve-se utilizar tamanho e tipo de letra diferente da empregada no texto, em caixa alta, numa
cor também diferente, que, usualmente, é a vermelha.

b) IDENTIFICAÇÃO DO ÓRGÃO RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO DOCUMENTO DE


INTELIGÊNCIA

No caso do Relatório de Inteligência, o Órgão responsável poderá coincidir ou não com o


Órgão no qual se originou o conhecimento veiculado. Não coincidirá no caso da retransmissão que
será apresentado em seguida.

c) DESIGNAÇÃO DO TIPO, DO NÚMERO DO DOCUMENTO DE INTELIGÊNCIA E NUMERAÇÃO


DAS PÁGINAS

Na numeração do documento, seguem-se as orientações do Órgão por ele responsável.


Quanto a numeração das páginas esta deve considerar o número total de páginas do documento,
inclusive os anexos, que será precedido pelo número da página, assumindo a seguinte configuração:
página/total de páginas. Usualmente este controle é feito no canto direito superior de todas as
páginas.

d) ESPECIFICAÇÃO E DATA

A data a ser especificada é, idealmente, a do término da redação do documento, tendo em


vista possibilitar uma noção mais exata acerca da atualidade do conteúdo veiculado.

e) DETERMINAÇÃO DO ASSUNTO

O assunto consiste em uma expressão que sintetize o conteúdo do texto, a essência do


documento. No caso do Relatório de Inteligência, o analista deve lembra-se que o foco central de
qualquer conhecimento de Inteligência não são os personagens envolvidos (pessoas, organizações,

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entidades, etc.), mas sim, fatos ou situações que, por sua natureza, sejam de interesse para que o
órgão cumpra sua missão. O assunto do Relatório de Inteligência deve, portanto refletir a questão
abordada no corpo do documento e não o sujeito, por mais que relevante que seja sua atuação no
contexto tratado.

Ressalta-se que a correta determinação do assunto facilita a recuperação do documento em


arquivo, além de contribuir para que o tomador de decisão reconheça a importância do conhecimento
já na leitura do assunto.

f) INDICAÇÃO DA REFERÊNCIA

Como referência citam-se documentos ou mesmo eventos que, de algum modo, se relacionem
com o assunto objeto do documento.

É impositivo que os documentos ou eventos referenciados já sejam conhecidos pelo


destinatário do documento.

g) IDENTIFICAÇÃO DA ORIGEM

É a indicação do Órgão de Inteligência que detém a autoria do texto do documento que está
sendo elaborado.

Quando o Órgão de Inteligência atua como intermediário, divulgando um texto que é de autoria
de outro Órgão, o item será preenchido com a identificação deste último.

h) INDICAÇÃO DA DIFUSÃO ANTERIOR

É feita relacionando-se órgão(s) e/ou autoridade(s) que já tenham tido conhecimento do

conteúdo do texto do documento que está sendo produzido, quer por ter sido esse conteúdo difundido

anteriormente pelo próprio Órgão de Inteligência, quer por ter sido difundido por qualquer outro. i)

INDICAÇÃO DA DIFUSÃO

No item Difusão, indicam-se órgão (s) e/ou autoridade(s) aos quais o documento se destina.
j) INDICAÇÃO DOS ANEXOS

No item ―Anexos, indicam-se os documentos ou mesmo os objetos que acompanharão o


documento que está sendo elaborado, visando a oferecer melhor compreensão do que está contido

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no texto. Mas lembre-se os anexos receberão o mesmo grau de sigilo do documento. São
normalmente indicados como anexos: fotografias, panfletos, mapas, gráficos etc. Não se devem
incluir documentos de inteligência como anexos.

l) TEXTO

Os textos de Inteligência apresentam variações em função do tipo do conhecimento difundido


e, mesmo da estilística do autor. Não obstante, algumas considerações podem ser feitas, visando a
uniformização dos textos de Inteligência:
 Ser conciso e, ao mesmo tempo, amplo, de modo a não deixar lacunas no texto;

 Ser simples. Formar frases curtas, sempre que possível, e na ordem direta;

 Ser claro e usar palavras de significado preciso;

 Se for inevitável o uso de expressões técnicas (jurídicas etc.), colocar entre parênteses, o seu
significado;

 Ser objetivo, tanto no sentido de ater-se aos fatos que realmente interessam ao propósito do
documento, quanto no de apresentá-lo de modo positivo, sem interferência de subjetividades;

 Adotar o padrão culto de linguagem, evitando incorreções gramaticais e vocabulário


inadequado;

 Ordenar as ideias em uma sequência lógica;

 Ao fazer uso de sigla ou de abreviatura pela primeira vez, colocá-la entre parênteses,
precedida de seu significado por extenso;

 Ao transcrever citações, fazê-lo entre aspas e identificar a fonte; desde que este tipo
procedimento não signifique quebra de sigilo;

 Evitar palavras que indiquem sugestão e

 Rever sempre o que foi escrito antes de dar por terminada a redação.

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RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA (RELINT)

O texto do Relatório de Inteligência (RELINT) variará de acordo com o conhecimento que


estiver sendo veiculado. Quando este resultar da formulação de juízos, o texto terá a forma de
narração. Quando resultar da elaboração de raciocínios, o texto se assemelhará à dissertação. O
Relatório de Inteligência é o principal documento utilizado por uma Agência de Inteligência
(AI) para transmitir, veicular o Conhecimento produzido pelo profissional de Inteligência, que
através de seu trabalho de análise, produz uma informação com a veracidade, credibilidade,
avaliada, fornecendo assim, subsídios amplos e seguros, com lastro, para o usuário final, que
é o tomador de decisão.

PEDIDO DE BUSCA (PB)

O texto do Pedido de Busca comporta dois itens:

• Elementos Disponíveis ou Aspectos Conhecidos: No qual são relacionados os


conhecimentos e/ou dados sobre o assunto que está sendo estudado, visando a orientar a execução
dos procedimentos do órgão de Inteligência que vai receber o Pedido de Busca.

• Necessidades ou Aspectos Solicitados: No qual são relacionadas as necessidades de


conhecimento a serem atendidas e, quando for o caso, os prazos para atendimento. Os aspectos
essenciais a conhecer identificado no Planejamento são, no todo ou em parte, boas orientações para
o preenchimento deste item.

Ao final da relação das necessidades ou aspectos solicitados, acrescenta-se o subitem ―


outros conhecimentos julgados úteis, com a finalidade de dar liberdade ao órgão de Inteligência
ao qual se destina o Pedido de Busca para enviar conhecimentos não solicitados, mas que, a seu
critério, tenham sido considerados potencialmente úteis.

Quando necessário, o texto do Pedido de Busca poderá conter um terceiro item, no qual
serão transmitidas instruções específicas, visando, principalmente, a garantir a compartimentação
do assunto tratado e a proteger possíveis fontes. Este item será denominado INSTRUÇÕES
ESPECIAIS. Pode-se também usar esse item para estabelecer o prazo oportuno para resposta do
PB.

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ORDEM DE BUSCA (OB)

O principal documento interno de um Órgão de Inteligência é a Ordem de Busca, que


utilizado para acionar o Elemento de Operações (ELO), para coleta e/ou busca de dados não
disponíveis. Por tratar-se de um documento interno cada Órgão adotará o modelo que mais atende
suas necessidades.

Ainda sobre este documento, deve-se ter em mente que seu encaminhamento ao ELO deve
ser previamente aprovado pela Chefia do Órgão.

O texto da Ordem de Busca compreende dois itens:

• Elemento Disponíveis ou Dados Conhecidos: Em que se relacionam os conhecimentos


e/ou dados sobre o assunto que está sendo abordado, com o fim de orientar o Elemento de Busca
na execução de seus procedimentos.

• Missão: Em que se relacionam as necessidades de conhecimento a serem atendidas e,


quando for o caso, o prazo para o atendimento.

Os aspectos essenciais a conhecer identificados no Planejamento constituem, no todo ou em


parte, boas orientações, para o preenchimento deste item.

Quando necessário, o texto da Ordem de Busca poderá conter um terceiro item, no qual
serão transmitidas instruções especificas, visando, principalmente, a garantir a compartimentação
do assunto tratado e a proteger possíveis fontes. Este tópico será denominado INSTRUÇÕES
ESPECIAIS.

PROTEÇÃO DE CONHECIMENTO x LEI DE ACESSO A INFORMAÇÃO (LAI)

No Brasil, o diploma legal que dispõe sobre a salvaguarda de dados, informações, documentos
e materiais sigilosos de interesse da segurança da sociedade e do Estado, no âmbito da
Administração Pública Federal é Lei 12.527/11 (Lei de Acesso a Informação).

Ele disciplina a salvaguarda de dados, informações, documentos e materiais sigilosos, bem


como das áreas e instalações onde tramitam.

A Lei nº 12.527/2011 regulamenta o direito constitucional de acesso às informações públicas.

RESTRIÇÃO DE ACESSO PREVISTA EM LEI


Art. 325 do Código Penal Brasileiro – Sigilo funcional Art. 22
da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011
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Essa norma entrou em vigor em 16 de maio de 2012 e criou mecanismos que possibilitam, a
qualquer pessoa, física ou jurídica, sem necessidade de apresentar motivo, o recebimento de
informações públicas dos órgãos e entidades.

o A Lei vale para os três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclusive aos
Tribunais de Conta e Ministério Público.

o Para garantir a efetividade do acesso à informação pública, uma legislação sobre direito a
informação deve observar um conjunto de padrões estabelecidos com base nos melhores
critérios e práticas internacionais. Dentre esses princípios, destacam-se:

o Acesso é a regra, o sigilo, a exceção (divulgação máxima); o Requerente não precisa dizer

por que e para que deseja a informação (não exigência de motivação); o Hipóteses de sigilo

são limitadas e legalmente estabelecidas (limitação de exceções) o Fornecimento gratuito de

informação, salvo custo de reprodução (gratuidade da informação); o Divulgação proativa de

informações de interesse coletivo e geral

(transparência ativa);

o Criação de procedimentos e prazos que facilitam o acesso à informação (transparência


passiva).

MAS O QUE SÃO CONSIDERADOS SIGILOSOS?

São dados ou informações cujo conhecimento irrestrito ou divulgação possa acarretar qualquer
risco à segurança da sociedade e do Estado, bem como aqueles necessários ao resguardo da
inviolabilidade da intimidade da vida privada, da honra e da imagem das pessoas.

Convém salientar que o acesso a dados ou informações sigilosos é restrito e condicionado à


NECESSIDADE DE CONHECER.

Nesse sentido toda a produção, manuseio, consulta, transmissão, manutenção e guarda de


dados ou informações sigilosos observarão medidas especiais de segurança.

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Art. 325 do Código Penal Brasileiro – Sigilo funcional Art. 22
da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011
43

Assim, toda autoridade responsável pelo trato de dados ou informações sigilosas providenciará
para que o pessoal sob suas ordens conheça integralmente as medidas de segurança estabelecidas,
zelando pelo seu fiel cumprimento.

Com isso é importante termos a vista alguns conceitos e definições inerentes a proteção do
Conhecimento de ISP:

o AUTENTICIDADE: asseveração de que o dado ou informação são verdadeiros e fidedignos


tanto na origem quanto no destino;

o CLASSIFICAÇÃO: atribuição, pela autoridade competente, de grau de sigilo a dado,

informação, documento, material, área ou instalação; o COMPROMETIMENTO: perda de

segurança resultante do acesso não-autorizado;

o CREDENCIAL DE SEGURANÇA: certificado, concedido por autoridade competente, que


habilita determinada pessoa a ter acesso a dados ou informações em diferentes graus de
sigilo;

o DESCLASSIFICAÇÃO: cancelamento, pela autoridade competente ou pelo transcurso de

prazo, da classificação, tornando ostensivos dados ou informações; o DISPONIBILIDADE:

facilidade de recuperação ou acessibilidade de dados e informações; o GRAU DE SIGILO:

gradação atribuída a dados, informações, área ou instalação considerados sigilosos em

decorrência de sua natureza ou conteúdo; o INTEGRIDADE: incolumidade de dados ou

informações na origem, no trânsito ou no destino;

o INVESTIGAÇÃO PARA CREDENCIAMENTO: averiguação sobre a existência dos requisitos

indispensáveis para concessão de credencial de segurança; o LEGITIMIDADE: asseveração

de que o emissor e o receptor de dados ou informações são legítimos e fidedignos tanto na

origem quanto no destino; o MARCAÇÃO: aposição de marca assinalando o grau de sigilo;

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o MEDIDAS ESPECIAIS DE SEGURANÇA: medidas destinadas a garantir sigilo,

inviolabilidade, integridade, autenticidade, legitimidade e disponibilidade de dados e

informações sigilosos. Também objetivam prevenir, detectar, anular e registrar ameaças reais

ou potenciais a esses dados e informações; o NECESSIDADE DE CONHECER: condição

pessoal, inerente ao efetivo exercício de cargo, função, emprego ou atividade, indispensável

para que uma pessoa possuidora de credencial

de segurança, tenha acesso a dados ou informações sigilosos; o OSTENSIVO: sem

classificação, cujo acesso pode ser franqueado;

o RECLASSIFICAÇÃO: alteração, pela autoridade competente, da classificação de dado,

informação, área ou instalação sigilosos; o SIGILO: segredo; de conhecimento restrito a

pessoas credenciadas; proteção contra revelação não-autorizada; e o VISITA: pessoa cuja

entrada foi admitida, em caráter excepcional, em área sigilosa.

CLASSIFICAÇÃO DOS DOCUMENTOS DE INTELIGÊNCIA

Convém explicitar que os dados ou informações sigilosas são CLASSIFICADOS em três


níveis, a saber: ULTRASSECRETOS, SECRETOS e RESERVADOS. Para tanto se observa o seu
teor ou dos seus elementos intrínsecos.

São passíveis de classificação como ULTRASSECRETOS, dentre outros, dados ou


informações referentes à soberania e à integridade territorial nacionais, a planos e operações
militares, às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e
tecnológico de interesse da defesa nacional e a programas econômicos, cujo conhecimento
nãoautorizado possa acarretar dano excepcionalmente grave à segurança da sociedade e do Estado.

Já os SECRETOS, dizem respeito aos dados ou informações referentes a sistemas,


instalações, programas, projetos, planos ou operações de interesse da defesa nacional, a assuntos
diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, programas ou instalações estratégicas, cujo
conhecimento não-autorizado possa acarretar dano grave à segurança da sociedade e do Estado.

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A última classificação, os RESERVADOS dizem respeito a dados ou informações cuja


revelação não autorizada possa comprometer planos, operações ou objetivos neles previstos ou
referidos e informações que, no interesse do Poder Executivo e das partes, devam ser de
conhecimento restrito e cuja revelação não-autorizada possa frustrar seus objetivos ou acarretar
dano à segurança da sociedade e do Estado.

QUEM TEM COMPETÊNCIA PARA CLASSIFICAR NO GRAU ULTRASSECRETO?

ULTRASECRETO. Apenas as seguintes autoridades: Presidente da República;


VicePresidente da República; Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; Chefes de missões diplomáticas e
consulares permanentes no exterior.

Já o SECRETO, além destes, podem classificar as autoridades que exerçam funções de


direção, comando, chefia ou assessoramento.

A classificação RESERVADO, todas as autoridades acima mais os servidores civis e militares.

FIQUE ATENTO!! No Estado do Piauí há um decreto governamental que regulamenta a Lei


de Acesso a Informação (LAI). O Decreto nº 15.188/2013 regulamenta, no âmbito do Poder Executivo
do Estado do Piauí, a Lei Federal no 12.527, de 18 de novembro de 2011, que dispõe sobre o acesso
a informações previsto no inciso XXXIII, do caput do art. 5o , no inciso II do § 3 do art. 37 e no § 2o ,
do art. 216, todos da Constituição Federal. Aproveite para conhecer o decreto, visite o sítio na internet
(http://www.jucepi.pi.gov.br/download/201602/JUCEPI25_fea946444a.pdf).

QUANTO TEMPO PODE PERMANECER ESSA CLASSIFICAÇÃO?

 O ULTRASSECRETO: no máximo de 25 (vinte e cinco) anos;

 O SECRETO: máximo de 15 (quinze) anos;

 E o RESERVADO: máximo de 05 (cinco) anos.

Ressalta-se que os prazos poderão ser prorrogados uma vez, por igual período, pela
autoridade responsável pela classificação ou autoridade hierarquicamente superior competente para
dispor a matéria.

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Importante destacar também que os dados ou informações classificadas no grau de sigilo


ultrassecreto somente poderão ser reclassificados ou desclassificados, mediante decisão da
autoridade responsável pela sua classificação.

Outro detalhe que deve ser observado é que os graus secretos, e reservado, poderá a
autoridade responsável pela classificação ou autoridade hierarquicamente superior competente para
dispor sobre o assunto, respeitados os interesses da segurança da sociedade e do Estado, alterá-la
ou cancelá-la, por meio de expediente hábil de reclassificação ou desclassificação dirigido ao
detentor da custódia do dado ou informação sigilosa.

O QUE DIZ A NOSSA CONSTITUIÇÃO MAIOR SOBRE O ACESSO A INFORMAÇÃO?

Importantes termos sempre a vista a nossa Constituição Federal que, no tocante ao exercício
da Atividade de Inteligência, em seu Art. 5º, é asseverado nos itens abaixo que:
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

Todas as informações produzidas ou sob guarda do poder público são públicas e, portanto,
acessíveis a todos os cidadãos, ressalvadas as informações pessoais e as hipóteses de sigilo
legalmente estabelecidas.

COMETE CRIME QUEM DIVULGA INFORMAÇÕES SIGILOSAS PERANTE O NOSSO CÓDIGO


PENAL?

A divulgação não autorizada de informações sigilosas constitui crime sim! A Lei no 9.983, que altera
do Código Penal, prescreve em seu art. 313-A que: “Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
informatizados ou banco de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida
para si ou para outrem ou para causar dano. "Pena reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa”.

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AÇÕES E OPERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA


Módulo 05

As AÇÕES DE INTELIGÊNCIA são todos os procedimentos e medidas realizadas por uma Agência
de Inteligência para dispor dos dados necessários e suficientes para a produção do conhecimento,
na fase de “Reunião de Dados e/ou Conhecimentos” da Metodologia de Produção de Conhecimento.
Ou seja, são basicamente as AÇÕES DE COLETA (dados e conhecimentos em ambiente aberto e DE
IP/
CE
disponível) e as AÇÕES DE BUSCA (dados e conhecimentos em ambiente fechado e de difícil P/
C
FS

acesso). D
/P
M
PI
-

AÇÕES DE COLETA

São todos os procedimentos realizados por uma AI, ostensiva ou sigilosamente, a fim de
obter dados depositados em fontes disponíveis, sejam elas oriundas de indivíduos, órgãos RE
ST

públicos ou privados. Assim temos: RI


ÇÃ
O

o COLETA PRIMÁRIA: envolve o desenvolvimento de ações de Inteligência de /C


DE
AC
AP ES
SO
:
Segurança Pública (ISP) para obtenção de dados e/ou conhecimentos disponíveis em 2023 ENS Lei

12.

fontes abertas. o COLETA SECUNDÁRIA: envolve o desenvolvimento de ações de ISP, 52


7
de
20
por meio de acesso autorizado, por se tratar de consulta a bancos de dados protegidos. 11
c/c
o
De
cre
AÇÕES DE BUSCA to
Est
ad
ual
São todos os procedimentos realizados pelo conjunto ou parte dos agentes do Elemento nº
15.
18
de Operações (ELO) de uma AI, a fim de reunir dados protegidos e/ou negados, num 8
de
20
universo antagônico ou de difícil obtenção. 13.

o Essas ações deverão ser, normalmente, sigilosas, independentemente de estarem, os dados


buscados, protegidos ou não por medidas de segurança;

o Para essas ações, normalmente, se utiliza a compartimentação, dependendo do nível e do


assunto abordado;

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o É fundamental que haja um bom planejamento para a busca, como forma de buscar evitar o
comprometimento da Agência e do Agente, preservar o sigilo, evitar o vazamento, minimizar
riscos que a envolve etc.;

o As Ações de Busca básicas são: reconhecimento (RECON), vigilância (VIG),


recrutamento operacional, infiltração, desinformação, provocação, entrevista, entrada,
ação controlada e interceptação de sinais.

PROCEDIMENTOS DAS AÇÕES DE BUSCA o RECONHECIMENTO (RECON): é a Ação de Busca


(PREPARATÓRIA) realizada pelo ELO para obtenção de dados sobre o ambiente operacional
(instalações, áreas, pessoas, objetos e particularidades do mesmo, além de buscar identificação
visual de determinado Alvo
(CONHECER O ALVO E O AMBIENTE e ELABORAR RELATÓRIO DETALHADO: dados
operacionais, croqui e imagens, buscando melhor auxiliar e facilitar o planejamento da
Operação de Inteligência).

o VIGILÂNCIA (VIG): é a Ação de Busca onde o ELO da AI mantêm um alvo (pessoas, veículos,
objetos, áreas ou instalações) sob observação contínua com o objetivo de: levantar dados,
localizar e identificar pessoas, veículos, objetos, etc. Averiguar atividades e contatos dos alvos,
observar atividades e rotinas de pessoas, ambientes, instalações, etc.

o RECRUTAMENTO OPERACIONAL: Conjunto de ações que visam a convencer e a preparar


uma pessoa para colaborar com o AI, de forma sistemática, acessando dados negados à AI
e fornecendo informações úteis às operações de Inteligência. É uma ação que requer muita
cautela, pois a AI estará colocando uma pessoa estranha ao organismo de inteligência para
buscar o dado negado.

o INFILTRAÇÃO (REQUER AUTORIZAÇÃO JUDICIAL): Segundo a DNISP, a infiltração é uma


Ação de Busca que visa colocar um profissional de Inteligência de Segurança Pública junto ao
alvo, com o propósito de obter o dado negado. um agente de polícia, com autorização judicial
e no curso de uma investigação criminal, é infiltrado em uma organização criminosa para a
busca de provas que não puderam ser obtidas por meio de outras Ações de Busca. É
considerada a mais perigosa e delicada de todas as Ações de Busca.

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o DESINFORMAÇÃO: Ação de Busca realizada para, intencionalmente, ludibriar alvos


(pessoas ou organizações), a fim de ocultar os reais propósitos da AI ou de induzi-los a
cometerem erros de apreciação, levando-os a executar um comportamento determinado.

o PROVOCAÇÃO: Ação de Busca, com alto nível de especialização, pela qual busca-se a
modificação dos procedimentos de um alvo, sem gerar desconfiança, para que ela execute
algo desejado pela AI.

o ENTREVISTA: Ação de Busca por meio da qual busca-se obtenção de dados, incutir
informação e/ou influir sobre a conduta do alvo, por meio de conversação e mantida com
propósitos definidos, planejada e controlada pelo entrevistador. Os tipos de entrevista
utilizados são: ostensiva, encoberta, mista, elicitação.

o ENTRADA: Ação de Busca realizada para a obtenção de dados em locais de acesso restrito
por meio de captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, sem que o
alvo tenha conhecimento da ação realizada. Também é utilizada para exploração e
conhecimento do local, onde o Agente de Inteligência sem coletar qualquer material, deve
obter os dados – com indício que aponte para a prática de crimes, neles contidos – para
posterior análise (suporte normativo no artigo 3º inciso II da lei Nº 12850/13). A sua realização
está condicionada a autorização judicial e só pode ocorrer no curso de uma persecução penal.

o AÇÃO CONTROLADA: É a permissão que a autoridade policial tem para retardar a ação
policial contra organizações criminosas ou elementos vinculados à mesma. Nesta ação, o
agente policial deve retardar sua ação, sempre mantendo a ação criminosa sob observação e
vigilância, e efetuá-la no melhor momento sem o prejuízo da investigação em curso (suporte
normativo na lei Nº 12850/13). A sua realização está condicionada a autorização judicial.

o INTERCEPTAÇÃO DE SINAIS E DE DADOS: Disciplinadas pela Lei Nº 9.296 de 24 de julho


de 1996, que regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5º da Constituição Federal, que
estabelece regras relativas à violação do sigilo das comunicações telefônicas, a
interceptação de comunicação telefônica, telemática ou de informática, de qualquer natureza,
somente deve ocorrer por determinação do juiz competente e sob segredo de justiça como
meio de obtenção de prova em investigação criminal e em instrução processual penal. São as
interceptações: telefônica, quebra de sigilo telefônico, e telemática.

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Importante!!! As Ações de Busca: Infiltração, Entrada e Interceptação de Sinais e de Dados, que


necessitam de autorização judicial, são classificadas, segundo a DNISP, como Ações de Inteligência
Policial Judiciária. Tais ações são de natureza sigilosa e envolvem o emprego de técnicas especiais
visando à obtenção de dados (indícios, evidências ou provas de autoria ou materialidade de um

crime).
TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNCIA

Técnicas Operacionais de Inteligência (TOI), são as habilidades nas quais os agentes de ISP
deverão ser treinados, a fim de facilitar a sua atuação nas Ações de Busca maximizando
potencialidades, possibilidades e operacionalidades. São técnicas de fundamental importância

para o emprego das Ações de Busca. As principais TOI são: Processos de identificação de pessoas
(PIP), Observação/Memorização/Descrição (OMD), Estória-Cobertura (EC), Disfarce, Comunicações
Sigilosas (COMSIG), Leitura da fala, Análise da Veracidade, Emprego de Meios Eletrônicos e
Fotointerpretação.

o PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO DE PESSOAS (PIP): técnicas e tecnologias destinados


a identificar ou reconhecer pessoas: retrato falado, fotografia, datiloscopia, DNA, arcada
dentária, voz, íris, medidas corporais, dados de qualificação, descrição entre outras.

o OBSERVAÇÃO, MEMORIZAÇÃO E DESCRIÇÃO (OMD): os AI examinam, minuciosa e


atentamente, pessoas, locais, fatos ou objetos, por meio da máxima utilização dos sentidos,
de modo a transmitir dados que possibilitem a identificação e o reconhecimento.

o ESTÓRIA COBERTURA (EC): Emprego de artifícios destinados à elaboração de uma história


para encobrir as identidades dos agentes, veículos e/ou instalações das Agências de
Inteligência, com o objetivo de dissimular seus reais propósitos, preservar a segurança e o
sigilo na busca do dado buscado.

o DISFARCE: modificação dos traços fisionômicos do agente, utilizando recursos naturais ou


artificiais, bem como de suas características pessoais (comportamento, sotaque, estilo de
vestir), a fim de evitar o seu reconhecimento, atual ou futuro, ou para se adequar a uma
Estória-Cobertura.

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o COMUNICAÇÕES SIGILOSAS (COMSIG): Consiste no emprego de técnicas,


convencionadas para a transmissão de mensagens ou repasse de objetos, sigilosamente,
durante uma operação, de acordo com planos preestabelecidos.

o LEITURA DE FALA: Consiste na técnica na qual um agente, através da leitura labial, à


distância, compreende o assunto tratado em uma conversação entre duas ou mais pessoas.

o ANÁLISE DE VERACIDADE: Consiste, através de recursos tecnológicos ou metodologia


própria, verificar se uma determinada pessoa está falando verdade sobre fatos ou situações.

o EMPREGO DE MEIOS ELETRÔNICOS: TOI que capacita o agente na utilização adequada


dos equipamentos de captação, gravação e reprodução de sons, imagens, sinais e dados.

o FOTOINTERPRETAÇÃO: TOI que capacita o agente na interpretação das imagens obtidas.

OPERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

Operações de Inteligência de Segurança Pública é o exercício de uma ou mais Ações e


Técnicas Operacionais, executadas para obtenção de dados negados de difícil acesso e/ou para
neutralizar ações adversas que exigem, pelas dificuldades e/ou riscos iminentes, um planejamento
minucioso, um esforço concentrado e o emprego de pessoal, técnicas e material especializados.

A Operação de ISP difere da Ação de Busca pela sua complexidade, amplitude de objetivos,
normalmente, por sua maior duração e, por naquela ser possível a utilização de mais de uma Ação
de Busca.

O resultado de uma Operação de Inteligência é a obtenção de dados não disponíveis à AI,


para subsidiar o processo de produção do conhecimento em seus ramos de atividade.

Segundo a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP), Operação de


Inteligência:

[...] é o exercício de uma ou mais Ações e Técnicas


Operacionais, executadas para obtenção de dados negados de
difícil acesso e/ou para neutralizar ações adversas que exigem,
pelas dificuldades e/ou riscos iminentes, um planejamento
minucioso, um esforço concentrado, e o emprego de pessoal,
técnicas e material especializados.

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As ações de Coleta e Busca podem, mesmo que isoladamente, serem capazes de buscar
todos os dados e/ou conhecimentos para a produção de um conhecimento. Porém, elas podem ser
também, ações preparatórias ou fazer parte de uma Operação de Inteligência.

No caso específico da ação de coleta, devemos citar que as mesmas fazem parte do
Planejamento das Operações de Inteligência para o desencadeamento de qualquer ação de busca
ou operação de Inteligência. 92

Visando a segurança destas ações e operações, o Agente de Inteligência antes de ir a


campo, busca com todas suas ferramentas de coletas conhecer melhor o alvo e o ambiente
operacional onde será desencadeada a ação de Busca ou a Operação de Inteligência.

Grande parte de dados e/ou conhecimentos necessários ao exercício da atividade de ISP,


está disponível em fontes abertas. Porém temos que confirmá-los em relação a outras fontes
para sua autenticidade.

Tido como “NEGADOS”, os dados protegidos revestem-se de especial importância e um fator


diferenciador na produção de conhecimentos. São também os dados que exigem ações
especializadas para a sua obtenção. Além de ações de busca, os mesmos podem ser obtidos por
dois tipos básicos de Operações de Inteligência: as sistemáticas e as exploratórias. a)
Exploratórias

São Operações de Inteligência que visam atender às necessidades


imediatas de obtenção de dados específicos a respeito de determinado alvo e
momento.

b) Sistemáticas

São Operações de Inteligência que buscam a obtenção constante de dados


sobre um fato ou situação que deva ser acompanhado.

TERMINOLOGIAS UTILIZADAS NAS OPERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA (OPISP)

AMBIENTE OPERACIONAL

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É o local onde se desenvolve uma operação de ISP. Podem ser instalações residenciais,
comerciais, industriais, ruas, praças, prédios públicos, zonas rurais, favelas, cidades, estados
ou países.

ALVO

É o objetivo principal das Ações de Busca. Pode ser um objeto, uma pessoa, uma
organização, um local ou um evento de interesse da ISP.

ELEMENTO DE OPERAÇÕES (ELO)

É a denominação genérica dada à fração de uma Agência de Inteligência que planeja e


executa as Operações de ISP. É no ELO que são reunidos os equipamentos e agentes
especializados, estes dotados das Técnicas Operacionais de Inteligência (TOI).

PESSOAL

São as pessoas (capital humano) envolvidos na Atividade de Inteligência, sejam pessoas


ligadas diretamente ou indiretamente (orgânicos e não orgânicos). Dentre estes podemos mencionar:
o Agente de Inteligência, o Colaborador, o Informante, a Rede de Inteligência, e o
Controlador.

o AGENTE: É um profissional de ISP da AI que possui capacitação especializada em ações e


técnicas operacionais.

o COLABORADOR: É uma pessoa não orgânica, recrutada operacionalmente ou não, que, por
suas ligações e conhecimentos, cria facilidades para a AI, podendo ainda, eventualmente,
fornecer dados obtidos.

o INFORMANTE: É uma pessoa recrutada operacionalmente, para fornecer dados negados a


que tenha acesso e que tenha interesse da ISP, podendo ser treinado.

o REDE: É a designação dada ao conjunto de pessoas não orgânicas, colaboradores e


informantes, controladas pela AI.

o CONTROLADOR: É o agente responsável pelo controle dos componentes da rede.

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CONTRAINTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA


Módulo 06

CONTRAINTELIGÊNCIA (CONCEITO)

É o ramo da atividade de ISP que se destina a proteger a atividade de Inteligência e a instituição


a que pertence, mediante produção de conhecimento e implementação de ações voltadas à
salvaguarda de dados e conhecimentos sigilosos, além da identificação e neutralização das ações
adversas de qualquer natureza.

[...] Atividade que objetiva prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a


inteligência adversa e ações de qualquer natureza que constituam ameaça à
salvaguarda de dados, informações e conhecimentos de interesse da sociedade e do
Estado, bem como das áreas e dos meios que os retenham ou em que transitem. (Art.
3º do Dec. nº 4.376/2002)

CONCEITOS BÁSICOS UTILIZADOS NA CONTRAINTELIGÊNCIA

Obrigação legal, individual e coletiva, em relação à preservação da segurança. A informação


RESPONSABILIDADE deve ser preservada por quem a detêm, evitando sua divulgação e manipulação por pessoas
não autorizadas ao serviço.
Possibilidade e/ou oportunidade de uma pessoa obter dados ou conhecimentos sigilosos.
Este acesso pode ser dado por meio de autorização oficial emanada de autoridade
ACESSO
competente da AI por meio do credenciamento, ou por meio da superação das medidas de
segurança.
Perda de segurança devido o acesso não autorizado a dados, conhecimentos ou
COMPROMETIMENTO documentos sigilosos provocados por fatores humanos, naturais e acidentais que
ocasionam falhas nas medidas de segurança.
VAZAMENTO Divulgação não autorizada de dados ou conhecimentos sigilosos.
Autorização concedida por autoridade competente da AI, que credencia determinada pessoa
CREDENCIAMENTO
ao acesso a dados e/ou conhecimentos sigilosos e a áreas ou instalações
Atribuição pela autoridade competente, de grau de sigilo, a dado, informação, documento,
CLASSIFICAÇÃO
material, área ou instalação.
Ato que torna ostensivos dados ou conhecimentos anteriormente classificados com grau de
DESCLASSIFICAÇÃO
sigilo, pelo transcurso de prazo ou pela decisão de cancelamento da classificação
Alteração do grau de sigilo, por autoridade competente, atribuído a dado, conhecimento,
RECLASSIFICAÇÃO
material, área ou instalação.
Constitui fator restritivo do acesso ao conhecimento necessitado. O agente detentor da
NECESSIDADE DE
credencial de segurança nunca deve autorizar pessoas não autorizadas, independente de
CONHECER
grau hierárquico, a ter acesso a dado ou conhecimento aos quais não esteja autorizado.

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SEGMENTOS DA CONTRAINTELIGÊNCIA

SEGURANÇA ORGÂNICA (SEGOR): conjunto de medidas preventivas integradas, destinadas a


proteger o pessoal, a documentação, as instalações, o material, as comunicações, telemática,
informática e as operações, com vistas a garantir o funcionamento da instituição e prevenir e
obstruir as ações adversas de qualquer natureza. Basicamente na SEGOR, é prudente a construção
e aplicação de um plano de Segurança Organica (PSO) abrangendo os seguintes pontos e seus
desdobramentos, quais sejam:

o SEGURANÇA DAS ÁREAS E INSTALAÇÕES o SEGURANÇA DE


MATERIAIS o SEGURANÇA DE RECURSOS HUMANOS (Processo
seletivo, segurança no desempenho da função, segurança no desligamento,
segurança documental e do material, etc.) o SEGURANÇA DA

INFORMAÇÃO o SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO NOS MEIOS DA

TI

o SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO DE PESSOAS o


SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO NA DOCUMENTAÇÃO o SEGURANÇA
DA INFORMAÇÃO NAS ÁREAS E INSTALAÇÕES

SEGURANÇA ATIVA (SEGAT): Segundo a DNISP, o conceito de SEGAT trata-se do “conjunto de


medidas positivas, destinadas a detectar, identificar, avaliar, analisar e neutralizar as ações
adversas de elementos ou grupos de qualquer natureza, que atentem contra a Segurança
Pública.

Essas medidas são desenvolvidas por meio da contrapropaganda, contraespionagem, contra


sabotagem e contraterrorismo.
Medidas ativas destinadas a detectar, identificar, avaliar e neutralizar ações de
CONTRAPROPAGANDA propaganda adversa. Propaganda Adversa: manipulação planejada de quaisquer
informações, ideias ou doutrinas para influenciar grupos e indivíduos.
Conjunto de medidas voltadas para a detecção, identificação, avaliação e a neutralização
CONTRA ESPIONAGEM
das ações adversas de busca de dados ou conhecimentos sigilosos.
Conjunto de medidas ativas destinadas a prevenir, detectar, identificar, avaliar e
CONTRA SABOTAGEM neutralizar atos de sabotagem contra instituições, pessoas, documentos, materiais e
instalações.
Conjunto de medidas destinadas a detectar, identificar, avaliar e neutralizar ações e
CONTRATERRORISMO
ameaças terroristas.

RESTRIÇÃO DE ACESSO PREVISTA EM LEI


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da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011
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SEGURANÇA DE ASSUNTOS INTERNOS (SAI): Conjunto de medidas destinadas à produção de


conhecimentos, que visam assessorar as ações de correição das instituições públicas. Assessora
também em assuntos internos de desvio de conduta do seu capital humano
(CORREGEDORIAS e/ou CONTROLADORIAS), relacionados à área de Segurança Pública.

“Se queres colher em três anos, planta trigo; se queres colher em dez
anos, planta uma árvore; mas, se queres colher para sempre,

desenvolve o homem.”
Provérbio chinês

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado,
1988.

BRASIL. Lei 9.883, de 07 de dezembro de 1999. Institui o Sistema Brasileiro de Inteligência, cria a
Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, e dá outras providências.

BRASIL. Decreto nº 3695, de 21 de dezembro de 2000. Cria o Subsistema de Inteligência de


Segurança Pública, no âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência, e dá outras providências.

BRASIL. Decreto nº 4.376, de 13 de Setembro de 2002. Dispõe sobre a organização e o


funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência. Instituído pela Lei nº 9.8883, de 07 de Dezembro
de 1999, e dá outras providências.

______. Doutrina nacional de inteligência de segurança pública – DNISP / Ministério da Justiça,


Secretaria Nacional de Segurança Pública. 4. ed., rev. e atual. - Brasília : Ministério da Justiça, 2015.

______. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Presidência da República. Casa Civil. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 05
outubro 2021.

CEPIK, Marco. Espionagem e democracia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.

GONÇALVES, Joanisval Brito. Atividade de inteligência e legislação correlata. 3ª edição, revista e


atualizada. Niterói: Impetus, 2013. (Série Inteligência, Segurança e Direito).

FERRO JúNIOR, Celso Moreira. A inteligência e a gestão da informação policial: Conceitos, Técnicas
e Tecnologias Definidos pela Experiência Profissional e Acadêmica. Brasília: Fortium Editora, 2008.

BARRETO, Alessandro Gonçalves. E WENDT, Emerson. INTELIGÊNCIA DIGITAL. Editora


Brasport. 2012.

BRASIL. Curso de Introdução à Atividade de Inteligência, SENASP, 2012.

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da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011
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INTENCIONALMENTE
BRANCO

DEIP/CEP/CFSD/P MPI-1794345/101349106/CAPENS2023 RESTRIÇÃO DE ACESSO: Lei nº 12.527 de 2011 c/c o Decreto Estadual nº 15.188 de 2013.

ANEXOS

ANEXO A – Modelo de Relatório de Inteligência (RELINT)

ANEXO B – Modelo de Pedido de Busca (OB)

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ANEXO C – Modelo de Ordem de Busca (PB)

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Figura 2 ANEXO A - Relatório de Inteligência

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Figura 3 ANEXO B - Pedido de Busca

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Figura 4 ANEXO C - Ordem de Busca

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