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SUMÁRIO

1 INTELIGÊNCIA E COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTOS................. 4

2 SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA .................................................... 8

3 CONCEITOS DE INTELIGÊNCIA SEGURANÇA PÚBLICA E INTELIGÊNCIA


POLICIAL.................................................................................................................. 11

3.1 Fundamentos da atividade de Inteligência Policial Judiciária ........................... 13

3.2 Finalidade ......................................................................................................... 13

4 BANCO DE DADOS ......................................................................................... 14

4.1 Visão sistêmica ................................................................................................. 14

5 ESTATÍSTICA CRIMINAL ................................................................................ 15

5.1 Cifra negra e Cifra dourada .............................................................................. 16

5.2 Técnicas de investigação da cifra negra ........................................................... 18

5.3 Prognóstico criminológico ................................................................................. 20

6 VITIMOLOGIA .................................................................................................. 21

6.1 Classificação das vítimas .................................................................................. 22

6.2 Complexo criminógeno delinquente e vítima .................................................... 23

7 CRIME ORGANIZADO ..................................................................................... 23

7.1 Prevenção criminal no Estado Democrático de Direito ..................................... 27

7.2 Concurso material ou real de crimes ................................................................ 28

7.3 Concurso material homogêneo e heterogêneo ................................................. 29

7.4 Concurso formal ou ideal de crimes.................................................................. 29

8 LIMITE DAS PENAS ........................................................................................ 30

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 32


INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.

Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa


disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.

A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser


seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 INTELIGÊNCIA E COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTOS

O termo inteligência pode ser definido como o conhecimento das condições


passadas, presentes e projetadas para o futuro de uma comunidade em relação aos
seus problemas potenciais e atividades criminosas. Assim como a inteligência pode
nada mais ser do que uma informação confiável alertando sobre um possível perigo,
ela também pode ser o produto de um processo complexo que envolve um julgamento
informado, uma situação factual ou um único evento. O processo de inteligência
descreve como a informação é tratada de modo que seja útil para as atividades da
polícia.

De acordo com Cepik (2003), existem dois usos principais da palavra


inteligência fora das ciências cognitivas:

Uma definição ampla diz que inteligência é toda informação coletada,


organizada ou analisada para atender as demandas de um tomador de
decisões qualquer. Para a ciência da informação, inteligência é uma camada
específica da agregação e tratamento analítico em uma pirâmide
informacional, formada, na base, por dados brutos e, no vértice, por
conhecimentos reflexivos. A sofisticação tecnológica crescente dos sistemas
de informação que apoiam a tomada de decisões tornou corrente o uso do
termo inteligência para designar essa função de suporte, seja na rotina dos
governos, no meio empresarial ou mesmo em organizações sociais. Nesta
acepção ampla, inteligência é o mesmo que conhecimento ou informação
analisada.

Uma vez treinada, inteligência é o processo pelo qual é necessária para coletar,
analisar e fornecer informações relevantes para a segurança nacional aos tomadores
de decisão. É também um produto desse processo, a proteção desses processos e
informações por contra-espionagem e o desenho das operações de acordo com as
exigências das autoridades legítimas.

Inteligência que não pode ser implementada ou não oferece potencial para
ação futura é inútil. Uma boa inteligência não se limita a repetir informações de fontes.
Em vez disso, desenvolve uma variedade de materiais que nos dizem o que essas
informações significam e como elas afetam os tomadores de decisão.

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Inteligência é o produto que resulta da recolha, processamento, integração,
análise, avaliação e interpretação da informação disponível sobre países ou áreas
externas. Além disso, informações e conhecimento sobre um oponente são obtidos
por meio de observação, investigação, análise ou compreensão.

Informações são dados definidos que são coletados do ambiente e colocados


em uma forma utilizável. Um determinado conjunto de dados tem pouco significado
por si só. Somente quando os dados são processados, ou seja, colocados em um
contexto situacional, eles adquirem significado e, por definição, se tornam
informações. O conhecimento é obtido a partir da informação. Conhecimento é a
informação que foi testada e aceita como objetiva.

O Sistema Brasileiro de Inteligência desempenha especialmente a atividade de


inteligência “clássica” ou “de estado”, visto que, conforme artigo 1º da Lei nº
9.883/1999, o SISBIN, que integra as ações de planejamento e execução das
atividades de inteligência do país, tem a finalidade de fornecer subsídios ao presidente
da República nos assuntos de interesse nacional.

A Resolução nº 1, de 15 de julho de 2009 – SENASP (s/p), que regulamenta o


Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), enunciou um conjunto de
definições sobre inteligência:

§ 4º Para os efeitos desta Resolução deverão ser considerados os seguintes


conceitos:
I - Inteligência: é a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação
de conhecimentos, dentro e fora do território nacional, sobre fatos e situações
de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação
governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do
Estado;
II - Contra-Inteligência é a atividade que objetiva salvaguardar dados e
conhecimentos sigilosos e identificar e neutralizar ações adversas de
qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda de dados,
informações e conhecimentos de interesse da segurança da sociedade e do
Estado, bem como das áreas e dos meios que os retenham ou em que
transitem;
III - Inteligência de Segurança Pública é a atividade permanente e sistemática
via ações especializadas que visa identificar, acompanhar e avaliar ameaças
reais ou potenciais sobre a segurança pública e produzir conhecimentos e
informações que subsidiem planejamento e execução de políticas de
Segurança Pública, bem como ações para prevenir, neutralizar e reprimir atos
criminosos de qualquer natureza, de forma integrada e em subsídio à

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investigação e à produção de conhecimentos.
IV - Inteligência Policial é o conjunto de ações que empregam técnicas
especiais de investigação, visando a confirmar evidências, indícios e a obter
conhecimentos sobre a atuação criminosa dissimulada e complexa, bem
como a identificação de redes e organizações que atuem no crime, de forma
a proporcionar um perfeito entendimento sobre a maneira de agir e operar,
ramificações, tendências e alcance de condutas criminosas.

Dito isso, Gonçalves defende a necessidade de cooperação entre a atividade


policial e a inteligência interna:

Assim, apesar de não se confundir com a atividade policial, a inteligência


interna deve atuar em cooperação com aquela em um contexto de segurança
pública. Afinal, muitas vezes os alvos dos serviços de inteligência interna
estão envolvidos diretamente com atividades criminosas, sendo de interesse
de ambos os setores do Poder Público. Isso se dá em especial quando essas
pessoas, grupos ou organizações vinculam-se ao crime organizado e ao
terrorismo. Daí a necessidade de cooperação, tanto no compartilhamento de
informações estratégicas – e algumas vezes táticas – quanto no
desenvolvimento de operações conjuntas entre polícia, fisco e serviços
secretos. (GONÇALVES, 2013)

A Inteligência Policial visa fornecer conhecimentos destinados a prevenir e


reprimir o crime, com particular enfoque no combate ao crime organizado e no apoio
a medidas para manter o cidadão em segurança. Seu objetivo principal é coletar
elementos que comprovem a materialidade do crime e determinar sua autoria, bem
como obter informações que subsidiem medidas preventivas.

No Brasil, a tendência dos serviços de inteligência policial “é a dupla vertente


de coleta de provas para investigações e julgamentos criminais (inteligência tática) e
geração de conhecimento para o processo, tomada de decisão estratégica
(inteligência estratégica)." Atribui essa tendência à “crescente escassez de recursos
humanos, materiais e financeiros nos Estados e no Executivo Federal”, que tem
levado os órgãos de inteligência policial a produzirem provas de investigações
criminais e processos criminais.

Nessa linha de pensamento, a Polícia Federal fez uma adaptação proveitosa


da inteligência “clássica” às necessidades específicas de suas atividades policiais,
especialmente pela inclusão da produção de provas para investigações criminais e
processos penais. Sua atividade de inteligência produz um conhecimento que,
conforme o caso, objetiva a produção de prova durante investigação ou processos

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criminais (especialmente quanto à ação criminosa complexa), subsidia o
planejamento e a execução de outras ações, operações e investigações policiais,
estima a evolução da criminalidade ou serve para assessorar autoridades
governamentais na formulação de políticas de prevenção e combate à violência.

Portanto, a atividade de inteligência policial da Polícia Federal é voltada


especialmente para a produção de provas da materialidade e da autoria de crimes,
exercendo atividade de natureza eminentemente executiva (inteligência tática), mas
também pode realizar atividade de natureza consultiva, quando, por meio dos
conhecimentos contidos em análises de conjuntura criminal ou em estimativas de
evolução de criminalidade, assessora autoridades governamentais na formulação de
políticas de prevenção e combate à criminalidade (inteligência estratégica). A
atividade de inteligência “clássica” (ou “de estado”), diversamente, é voltada
especialmente para o assessoramento do processo decisório

Pode-se dizer que a “dupla vertente” mencionada em relação à atividade da


Polícia Federal, ainda que em outra dimensão, também se dá na Polícia Estadual
quando esta desempenha suas funções de demonstração de materialidade e
responsabilidade pelos crimes, pode exercer uma atividade de caráter eminentemente
executiva (serviço de inteligência tática), mas também pode exercer uma atividade
consultiva, se pelos conhecimentos contidos na análise da situação criminal ou nas
estimativas da evolução da infração penal assessora autoridades governamentais das
polícias civis e militares na formulação de políticas de prevenção e combate à
criminalidade (inteligência estratégica).

Para Herman (apud RIBEIRO, 2006), a cooperação do processo de inteligência


é um fator chave para o sucesso regional nos aspectos de defesa e integração
econômica e define as atividades de inteligência como multinacionais, que o poder da
inteligência nacional é função não apenas das capacidades nacionais, mas também
da cooperação e produção externas.

Remover impedimentos ao compartilhamento de informação na Comunidade


de Inteligência e estabelecer políticas que reflitam a necessidade de compartilhar

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(versus a necessidade de conhecer) para todos os dados, removendo-se a
propriedade pela agência da informação de inteligência

2 SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA

O Brasil possui um sistema de inteligência em que há pouco intercâmbio entre


seus membros. Sem coordenação, cooperação e comunicação entre os órgãos que
lutam contra essas novas ameaças, a eficiência é prejudicada.

Algumas inconsistências na legislação mostram que o Brasil continua


vulnerável.

Existem inconsistências e contradições na legislação quanto ao órgão central:

Art. 10. Na condição de órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência, a


ABIN tem a seu cargo:
– Estabelecer as necessidades de conhecimentos específicos, a serem
produzidos pelos órgãos que constituem o Sistema Brasileiro de Inteligência,
e consolidá-las no Plano Nacional de Inteligência;
– Coordenar a obtenção de dados e informações e a produção de
conhecimentos sobre temas de competência de mais de um membro do
Sistema Brasileiro de Inteligência, promovendo a necessária interação entre
os envolvidos;
– Acompanhar a produção de conhecimentos, por meio de solicitação aos
membros do Sistema Brasileiro de Inteligência, para assegurar o atendimento
da finalidade legal do Sistema;
– Analisar os dados, informações e conhecimentos recebidos, com vistas a
verificar o atendimento das necessidades de conhecimentos estabelecidas
no Plano Nacional de Inteligência;
– Integrar as informações e os conhecimentos fornecidos pelos membros do
Sistema Brasileiro de Inteligência;
– Solicitar dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal os
dados, conhecimentos, informações ou documentos necessários ao
atendimento da finalidade legal do Sistema;
[...]
IX – Representar o Sistema Brasileiro de Inteligência perante o órgão de
controle externo da atividade de inteligência. (BRASIL, 2002)

A legislação é confusa em relação à coordenação, a Lei nº 9.883/1999 e o


Decreto nº 4.376/2002 atribuem à ABIN a função de coordenação ao SISBIN, porém,
no art. 4º, inciso II do mesmo decreto aplicável ao Gabinete de Segurança Institucional

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da Presidência da República (GSI), ao qual a ABIN está vinculada, a “coordenação
das atividades de inteligência federal”.

Art. 4º. O Sistema Brasileiro de Inteligência é composto pelos seguintes


órgãos:
[...]
II - Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, órgão
de coordenação das atividades de inteligência federal; (BRASIL, 2002)

O papel do órgão central do sistema também não está claramente definido, eis
que o inciso IX do art. 10 do Decreto nº 4.376, de 2002, a ABIN é responsável por
“representar o Sistema Brasileiro de Inteligência perante o órgão de controle externo
da atividade de inteligência”, ao passo que na Lei nº 9.883, de 1999, fora acrescido o
art. 9º-A, nos seguintes termos:

Art. 9º A - Quaisquer informações ou documentos sobre as atividades e


assuntos de inteligência produzidos, em curso ou sob a custódia da ABIN
somente poderão ser fornecidos, às autoridades que tenham competência
legal para solicitá-los, pelo Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República, observado o respectivo grau de sigilo conferido
com base na legislação em vigor, excluídos aqueles cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. (BRASIL, 1999)

Ao afirmar que não existe legislação que estabeleça mecanismos de


cooperação ou protocolos com regras claras que possibilitem a cooperação e
coordenação, Gonçalves destaca:

Também na linha do relacionamento entre os órgãos do SISBIN, percebe-


se a carência de normas que estabeleçam de forma clara mecanismos e
protocolos de cooperação tanto em caráter permanente quanto em casos
pontuais. A tendência mundial é a da cooperação entre os serviços secretos,
com centros de gerenciamento de crises nos principais órgãos, “salas de
coordenação” (áreas em que se encontrem representantes dos diversos
órgãos da comunidade que possam cooperar entre si e realizar intercâmbio
de dados e informações) e “forças tarefas” para lidar com problemas e
ameaças comuns. O Brasil ainda caminha a passos lentos nessa direção.
(GONÇALVES, 2011)

Analisando o SISBIN, percebe-se que as dificuldades e obstáculos enfrentados


pelos americanos em 2001 se reproduzem no Brasil, visto que o país possui um
sistema de inteligência de baixo nível, sérios problemas de coordenação e onde a
cooperação ainda é amplamente baseada na informalidade e nos contatos pessoais.
A legislação do SISBIN sobre integração, cooperação e coordenação é confusa.

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O estabelecimento de subsistemas requer maior especialização por parte dos
órgãos do SISBIN. Para tal, é imprescindível definir um mandato claro, bem como o
âmbito de atuação e os seus limites para cada órgão e cada unidade que compõe o
sistema, para que um não interfira na esfera de atividade do outro.

Para garantir a gestão do Sistema com integração e cooperação, conta-se, por


Conselho Consultivo instituído pelo art. 7º do Decreto nº 4.376, de 2002, que reúne os
titulares de alguns órgãos do Sistema.

Com vistas ao aprimoramento do SISBIN, é importante destacar a necessidade


de constituição de um serviço central de inteligência, cuja principal tarefa é coordenar
as atividades dos serviços de inteligência e coletar e integrar os conhecimentos
adquiridos pelas diversas autoridades.

Sem dúvida, pode-se afirmar que todas essas deficiências identificadas no


SISBIN também são comuns internamente em cada Estado da Federação. Também
se pode deduzir que, além dos déficits, também existem soluções no que diz respeito
à cooperação, coordenação e troca de dados e informações, que inicialmente
deveriam ser adotadas no âmbito estadual.

Portanto, as medidas de gestão, controle, cooperação, integração, criação por


meio de mandatos legais devem ser tomadas não só a nível nacional, mas também
de forma a manter a simetria com as ações, nos Estados- Membros.

Assim, apesar dos diferentes modelos de boas práticas no sentido de que deve
haver uma política nacional de inteligência com objetivos substanciais que podem ser
monitorados, fiscalizados e/ou controlados por comissões parlamentares
especializadas e outros órgãos não parlamentares que tenham independência, a ABIN
não segue uma Política Nacional de Inteligência, nem possui um Plano Nacional de
Inteligência, mas em última instância utiliza uma política de inteligência informal.

O Subsistema de Inteligência de Segurança Pública foi criado pelo Decreto nº


3.695 de 21 de dezembro de 2000 e tem como objetivo “coordenar e integrar as
atividades de inteligência de segurança pública em todo o país, fornecer informações

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federais e subsidiar a tomada de decisões nesta área”. É responsabilidade dos
integrantes, dentro de suas atribuições, identificar, monitorar e avaliar ameaças reais
ou potenciais à segurança pública e produzir conhecimentos e informações que
subsidiem medidas para neutralizar, encerrar e reprimir atividades criminosas de
qualquer natureza.

O Subsistema de Inteligência de Segurança Pública e composto pelos


Ministérios da Justiça, da Fazenda, da Defesa e da Integração Nacional e o Gabinete
de Segurança Institucional da Presidência da República. Tem como órgão central é a
Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP).

Quanto à composição, algumas observações são consistentes, principalmente


na medida em que as atribuições dos serviços de Inteligência de Segurança Pública
do Estado e do Distrito Federal são abertas no âmbito do Subsistema de Inteligência
de Segurança Pública.

3 CONCEITOS DE INTELIGÊNCIA SEGURANÇA PÚBLICA E INTELIGÊNCIA


POLICIAL

Os conceitos que compõem a Atividade de Inteligência são diversos e variados


e se diferenciam de acordo com o tipo de ação, seja ela mais estratégica ou
operacional, ou de acordo com a doutrina utilizada e o foco da instituição. O que a
maioria dos significados têm em comum é a abordagem de determinados aspectos
que caracterizam a atividade, como o assessoramento ao poder de decisão em nível
estratégico, tático e operacional; a produção de conhecimento; a proteção como forma
de viabilizar o assessoramento eficaz e eficiente; e a busca de dados negados para a
prevenção de fatos ou situações que potencialmente configuram uma ameaça.

As doutrinas dos serviços de inteligência liderados pelas organizações centrais


dos países, assim como as dos serviços de inteligência militar, têm um arcabouço
literário e doutrinário mais amplo do que os serviços de assessoria policial, que

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geralmente estão em constante processo de evolução, sendo menos estudadas no
universo acadêmico.

Um conceito mais simples, assim como a terminologia de Inteligência Policial


para especialistas, é sistematizar, classificar e analisar informações, que são
codificadas nas categorias próprias da polícia. É dividido em conclusões
retrospectivas que resultam do curso normal do trabalho policial; inteligência aplicada
em busca de evidências sobre o suspeito; e informações prospectivas realizadas
antes do crime. Em sua avaliação, esta última se aplica pouco à atividade policial.

No que diz respeito ao desenvolvimento conceitual do serviço de Inteligência


Policial no Brasil, a Polícia Federal (PF) foi a primeira instituição a definir tais serviços.
O objetivo das atividades de informação é gerar conhecimento que permita às
agências governamentais em seus respectivos níveis e áreas de responsabilidade
tomar decisões oportunas ou desenvolver planos. Em seu sentido mais amplo, visa
fornecer subsídios ao governo para a formulação, implementação e monitoramento
de políticas nacionais.

No decorrer do desenvolvimento do ensino, iniciaram-se as discussões sobre


o assessoramento em nível operacional. A doutrina do PF visava dois níveis de ação:
o estratégico, em que se buscava um redimensionamento da prestação dos serviços
policiais, por meio de estudos e da correspondente elaboração de planos de
identificação e captação de recursos para a gestão policial; e a Polícia Judiciária, onde
o conhecimento é gerado para facilitar o uso de recursos operacionais das agências
policiais para auxiliar na captura de criminosos e na eliminação do crime estruturado,
estando a Inteligência de Polícia Judiciária voltada para a produção de provas ou a
revelação de indícios e evidências sobre a ação criminosa, conforme consta no
Manual de Doutrina da instituição.

Em contraste com a doutrina e não isoladamente, as operações de inteligência


são combinadas com técnicas investigativas. Na verdade, esta é uma tentativa
desastrosa de apresentar as diferenças e conexões entre as investigações policiais e
as operações de inteligência.

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3.1 Fundamentos da atividade de Inteligência Policial Judiciária

Os fundamentos representam alicerces que permeiam as atividades de


Inteligência Policial Judiciária e estabelecem as regras básicas que devem nortear
todas as ações e atividades.

3.2 Finalidade

O serviço de Inteligência Policial Judiciária tem por objetivo geral assessorar


nos diversos níveis de decisão com conhecimentos precisos, completos e sólidos. O
objetivo é melhorar a eficiência da Polícia Judiciária (PJ), reconhecer e reduzir
possíveis ameaças e assegurar o conhecimento adquirido.

A nível estratégico, procura assegurar diagnósticos e prognósticos sobre o


desenvolvimento de situações de interesse tanto para a segurança pública em geral
como para a Polícia Judiciária e apoiar os seus utilizadores na tomada de decisões.
Esta categoria busca compreender o fenômeno criminal em geral e não o criminoso
individual.

Espera-se que o planejamento estratégico forneça uma visão abrangente e


integrada do Sistema de Segurança Pública sem perder as especificidades e
necessidades da Polícia Judiciária, além de aconselhar na criação de planos
específicos para as várias especificidades.

No nível operacional, o objetivo geral é assessorar nas investigações policiais


mais complexas que desencadeiam importantes Operações de Repressão
Qualificada (ORQ) com foco em organizações criminosas.

A atividade também ajuda a criar uma cultura de inteligência que possibilita e


incentiva a discussão de técnicas operacionais relacionadas a investigações policiais,
além de desenvolver protocolos e procedimentos para aprimorar técnicas e também
contribuir para o processo interativo entre usuários e profissionais de inteligência para
alcançar efeitos cumulativos, aumentando, assim, o nível de efetividade desses
usuários e suas respectivas organizações.

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4 BANCO DE DADOS

O desenvolvimento de bases de dados tem permitido avanços no


armazenamento e processamento de dados e apoiado o desenvolvimento de soluções
para diversas áreas da tecnologia da informação (TI). Porém, o início teve seus
alicerces e origens em soluções simples ou pouco práticas para problemas que
influenciavam o processo organizacional.

Os primeiros Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD),


também chamados de hierárquicos ou em rede, foram desenvolvidos nas décadas de
1960 e início de 1970. Essa primeira geração de Bancos de Dados deveria atender
aos requisitos crescentes do mercado de software, dominado na época pelos
computadores de grande porte (mainframes). Este tipo de sistema foi muito utilizado
e vendido até os anos 1990 por grandes empresas de softwares.

A criação de um Banco de Dados para apoiar a produção de conhecimento no


trabalho de inteligência é essencial para a eficácia do trabalho.

4.1 Visão sistêmica

Para que as atividades de inteligência alcancem seu potencial máximo e os


resultados esperados, elas devem ser abordadas de forma sistêmica e
multidisciplinar. Deve existir uma transversalidade entre os subsistemas, uma vez que
todo o conhecimento produzido fomentará a tomada de decisão estratégica de todos
os gestores envolvidos no processo.

Essa integração garante que as atividades de inteligência ampliem seus


tentáculos articulados no Estado e promovam a cooperação com outras organizações
e o intercâmbio de informações sobre os serviços de inteligência de segurança
pública, especialmente no combate às organizações criminosas.

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5 ESTATÍSTICA CRIMINAL

A partir do século XIX, as ciências criminais alcançaram projeções, por isso se


empenharam em pesquisar o fenômeno do crime levando em consideração suas
causas. Nesse sentido, como já foi referido, a obra do matemático belga Adolphe
Quételet, autor da Escola Cartográfica (uma verdadeira ponte entre clássicos e
positivistas) que estabeleceu o conceito de mediador e tornou público o tema dos
crimes não denunciados Poder Público (cifra negra).

Os criminologistas afirmam que as estatísticas criminais podem mostrar a


ligação causal entre os fatores criminais e o crime.

Consequentemente, as estatísticas criminais são usadas para informar a


política criminal e a doutrina de segurança pública relacionada à prevenção e à
repressão criminais.

No entanto, deve-se ter cautela na análise das estatísticas oficiais de crimes,


pois um número significativo de crimes não é denunciado às autoridades, seja por
inércia ou desinteresse das vítimas ou por outros motivos, incluindo erros na coleta e
manipulação de dados pelo estado.

Com isso em mente, é útil distinguir a criminalidade real da criminalidade


revelada e da cifra negra: a primeira é o número real de crimes cometidos por
criminosos; a segunda é a porcentagem que passa a ser conhecida pelo estado; a
terceira, o percentual que não foi comunicado ou esclarecido.

Como subtipo da cifra negra, Vale a pena mencionar a chamada cifra dourada,
isto é, crimes cometidos pela elite que não são divulgados ou investigados, tais crimes
de sonegação fiscal, as falências fraudulentas, a lavagem de dinheiro, os crimes
eleitorais etc.

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5.1 Cifra negra e Cifra dourada

O delineamento correto do número de crimes cometidos em um estado é um


fator crucial na formulação correta das normas do Direito Penal. Infelizmente, mesmo
em países com certa cultura estatística, ainda persistem dúvidas quanto a
confiabilidade dos dados publicados. Isso decorre do fato de que apenas uma parcela
dos crimes reais é registrada oficialmente pelo Estado.

Ressalta-se que os dados somente se oficializam, em termos criminais,


segundo uma lógica de atos tríplices: detecção do crime, notificação e registro em
boletim de ocorrência.

Antes de olhar para os crimes misteriosos ou mesmo para a omissão das


vítimas em relatar os crimes que sofreram, é necessário analisar como as estatísticas
de crimes são coletadas.

A atividade de segurança pública no Brasil foi delegada aos Estados (art. 144
da CF), salvo os órgãos federais. Nesse sentido, cada ente federativo tem
competência para organizar suas polícias (civil e militar). É importante ressaltar que,
de acordo com o art. 23 do Código de Processo Penal a autoridade policial deve atuar
junto ao instituto de estatística na hora de denunciar os inquéritos policiais e
encaminhá-los aos tribunais para denunciar os dados sobre o crime e o autor do crime.

Assim, cada Estado tem um ponto central de coleta e apresentação das


estatísticas oficiais da criminalidade para a obtenção dos dados da polícia, que os
coleta de duas formas: por ação direta ou por denúncias de vítimas e/ou testemunhas.

Dessa forma, a estatística oficial pode estar contaminada por alguns equívocos.

É sabido que governantes inescrupulosos são conhecidos por manipular


estatísticas criminais para fins eleitorais. Trata-se de uma maneira sórdida de
mascarar os verdadeiros índices de criminalidade para demonstrar a falsa ideia de
que a política de governo está sendo conduzida eficientemente na seara da segurança
pública.

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Sabe-se que o aumento contínuo da criminalidade provoca indignação pública
e, o que é pior, descontentamento das autoridades judiciais e policiais, levando à
falência nacional perante a opinião pública. Como no Brasil, os institutos de estatística
são públicos (vinculados a Ministérios ou secretarias Estaduais), suas compilações
estão sempre sujeitas a pressões políticas e, portanto, a pretexto de suspeitas.

Por outro lado, deve-se observar que, além da manipulação, muitas infrações
penais são registradas incorretamente por omissões policiais, isto é, a taxa de
criminalidade é reduzida por um aumento no número de casos claros e uma
diminuição no número de casos oficialmente registrados.

Por derradeiro, há uma série de crimes que as vítimas não relataram às


autoridades. Existem várias razões que levam a isso, como por exemplo os casos em
que a vítima omite o ato criminoso por vergonha ou medo (crimes sexuais); a vítima
entende que é préstimo procurar a polícia, pois o bem violado é mínimo (pequenos
furtos; a vítima é coagida pelo criminoso; a vítima é parente do criminoso; vítima não
acredita no aparato policial nem no sistema judicial etc.

Esse contexto decorre da chamada cifra negra, ou seja, é a quantidade de


crimes que as autoridades por algum motivo desconhecem, e contribui para
estatísticas desvinculadas da realidade fenomenal.

Nesse lamiré, com o apoio em vasta doutrina, a existência de uma cifra


dourada, que “representa a criminalidade de ‘colarinho branco’, definida como práticas
antissociais impunes do poder político e econômico (a nível nacional e internacional),
em prejuízo da coletividade e dos cidadãos e em proveito das oligarquias econômico-
financeiras”.

Então haveria um duplo erro nos dados estatísticos oficiais: a cifra negra
(representado pela falta de dados sobre crimes de rua, como furto, roubo, estupro,
etc.) e a cifra dourada (sem registros de política, ambiental, corrupção, etc.).

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5.2 Técnicas de investigação da cifra negra

As cifras negras ou o campo escuro do crime são uma preocupação histórica


dos criminologistas.

A criminologia tradicional já enfatizou a necessidade de investigar crimes que


não foram relatados aos órgãos de controle do Estado.

A maior parte das críticas à criminologia positivista tradicional tem sido contra
o fato de que os estudos estatísticos consideram apenas a população encarcerada.
Portanto, o maior erro foi atribuir a taxa real de crimes ao perpetrador “registrado”.
Coincidentemente, isso escapou à realidade sensível, pois inúmeros crimes não foram
denunciados e nem investigados por órgãos do governo.

Acentua, com severa crítica, Alessandro Baratta (apud CERVINI, 2002) que o
sistema só pode aplicar as penas criminais previstas na lei a uma porcentagem de
criminosos reais, que em média de todas as figuras criminais nas sociedades centrais
não ultrapassa um por cento.

É evidente que os estudos sobre criminosos têm como foco a população


carcerária, o que permite uma visão distorcida da realidade criminal e leva o
investigador a equívocos que acabam sendo erros decorrentes do labelling approach
(os criminosos são etiquetados ou rotulados como tais pela sociedade).

Na verdade, o crime é um fenômeno comum na sociedade; não são apenas os


rotulados, os equivocados ou os criminosos que violam a lei. Embora a maioria das
condenações penais recaia sobre eles, há grupos sociais que estão praticamente
impunemente.

Inúmeras investigações, realizadas principalmente nos EUA e na Europa


escandinava, mostram que o risco de prisão aumenta significativamente em relação à
situação financeira dos acusados. Isso é uma consequência do que é chamada cifra
dourada ou impunidade dos delitos de colarinho branco.

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O crime do colarinho branco, por exemplo, não cria carreiras criminosas e não
estigmatiza seus perpetradores. O estigma do criminoso pode ser sentido no
criminoso pobre, o proletário crescendo em um ambiente hostil e precário,
desvinculado das condições econômicas e afetivas de inclusão social, se tornou um
adulto instável e marginalizado na comunidade.

Diante desse cenário, inúmeros estudos têm sido realizados para determinar a
verdadeira cifra negra de crimes, e os métodos utilizados são variados no sentido de
que o objetivo é reduzir ao máximo a taxa de erro.

As investigações dos perpetradores (autodenúncia) são realizadas por meio do


questionamento de pessoas em geral sobre os atos criminosos cometidos,
independentemente de serem deles derivados no processo penal ou não.

As falhas aqui apresentadas levam em consideração a população da amostra


e o nível de sinceridade dos interrogados, que varia de acordo com a formação cultural
e a cidadania das pessoas.

Por outro lado, a investigação de vítimas de crime traz consigo outro aspecto,
pois geralmente envolve entrevistar pessoas que sofreram algum tipo de crime.

Também busca-se a causa da não divulgação ou não creditação dos


envolvidos, que vai desde a tipologia criminal (estupro) ao envolvimento da vítima
(jogos de azar) e mesmo à cumplicidade (favorecimento pessoal), o que pode induzir
o investigador a erro. Com efeito, sabe-se que muitas vítimas não denunciam
determinados crimes por medo de represálias, por não considerarem grave a conduta
lesiva, por não confiarem na polícia e na justiça; por serem novamente vitimizadas
pelo sistema etc.

As investigações contra informantes criminais têm a vantagem de apresentar


uma amostra de terceiros muito irrestrita e confiável.

Todavia, da mesma maneira que a autodenúncia, muitos informantes são


criminosos que vivem da delação alheia, alimentados pela mecânica do sistema, de

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sorte que esse método pode muitas vezes significar um exercício de revanchismo ou
retraimento (cúmplices).

O sistema de variáveis heterogêneas prescreve três níveis de controle


informatizado, a saber: a análise da cifra negra dos delitos leves que é maior para as
infrações graves; a tendência das vítimas se reunirem nas infrações penais; a variação
nos métodos de análise de um país para outro.

Por fim, a tecnologia do segmento operacional dos órgãos formais de controle


(polícia e tribunais) está mudando o foco e direcionando seus estudos para a
investigação das reais causas da vulnerabilidade e disfunção do sistema prisional.

Todos os órgãos do Sistema Penal estão gradativamente intervindo em um


processo de filtragem, pois muitas vítimas não denunciam os crimes que sofreram à
polícia; esta, por sua vez, não instaura todas as investigações necessárias, não
transmitindo a juízo tudo o que apurou; e os tribunais, por seu turno, arquivam boa
parte das investigações sob o manto do garantismo penal.

5.3 Prognóstico criminológico

Existe a probabilidade de o agressor ter uma recaída com base em certos


dados estatísticos. Nunca haverá certeza, porque não se conhece por completo o
consciente do autor.

Os prognósticos criminais podem ser clínicos e estatísticos.

Prognósticos clínicos são aqueles em que o agressor é discriminado devido à


interdisciplinaridade: médicos, psicólogos, assistentes sociais, etc.

Os prognósticos estatísticos são baseados em tabelas de previsão não levam


em consideração certos fatores internos e servem apenas para orientar a investigação
de um tipo específico de crime e seu autor (condenado).

20
Neste contexto, faz sentido olhar para a taxa de criminalidade (vários fatores),
uma vez que fatores psicoevolucionários, criminais e de reabilitação (penitenciários)
devem ser levados em consideração.

Os fatores psicoevolutivos levam em conta a evolução da personalidade do


agente, compreendendo as doenças graves infantojuvenis com repercussão
somático-psíquica; desagregação familiar; interrupção escolar ou do trabalho;
automanutenção precoce; instabilidade profissional; internação em instituição de
tratamento para menores; fugas de casa, da escola etc.

Os fatores jurídico-penais desenham a vida delitiva do indivíduo,


compreendendo o início da criminalidade antes dos 18 anos; antecedentes penais e
policiais (“folha corrida”); reincidência rápida; criminalidade interlocal; quadrilhas
(facções criminosas), qualificadoras ou agravantes; tipo de crime (contra o patrimônio,
a dignidade sexual, a pessoa).

Os fatores de reabilitação dizem respeito ao uso de medidas repressivas,


embora as instituições penais no Brasil sejam geralmente verdadeiras pocilgas que
funcionam como “universidades do crime”, bem como o descumprimento de direitos
humanos mínimos. Registrem-se: a) inadaptação à disciplina carcerária e às regras
prisionais; b) precário ou nulo ajuste ao trabalho interno; c) péssimo aproveitamento
escolar e profissional na cadeia; d) permanência nos regimes iniciais de pena.

6 VITIMOLOGIA

A vitimologia é o terceiro componente da velha tríade criminológica: criminoso,


vítima e ato (ato criminoso), acrescentamos também os meios de apoio social. É, na
verdade, um conceito evolutivo, passando do aspecto religioso (imolado ou
sacrificado; evitar a ira dos deuses) para o jurídico.

A vítima, que sofre uma infeliz consequência de suas próprias ações (suicídio),
as ações de outros (assassinato) e do acaso (acidente), esteve relegada a plano

21
inferior desde a Escola Clássica (preocupava-se com o crime), passando pela Escola
Positiva (preocupava-se com o criminoso).

Por razões culturais e políticas, a sociedade sempre demonstrou muito mais


ódio pelo perpetrador do que pelo acusado.

6.1 Classificação das vítimas

Uma primeira classificação importante das vítimas é atribuída levando em


consideração o envolvimento ou provocação da vítima Benjamin Mendelsohn,
considerado o pai da vitimologia: vítimas ideais (completamente inocentes); vítimas
menos culpadas que os criminosos; vítimas culpadas quanto os criminosos (dupla
suicida, aborto consentido, eutanásia); vítimas como únicas culpadas (vítimas
agressoras, simuladas e imaginárias).

Dessa forma, Mendelsohn sintetiza a classificação em três grupos: a) vítima


inocente, que não concorre de forma alguma para o injusto típico; b) vítima
provocadora, que, voluntária ou imprudentemente, colabora com o ânimo criminoso
do agente; c) vítima agressora, simuladora ou imaginária, suposta ou pseudovítima,
que acaba justificando a legítima defesa de seu agressor.

É muito importante mensurar o binômio agressor/vítima, principalmente na


interação com o fato típico, para que a análise de seu perfil psicológico surja como um
fator a ser levado em consideração no desfecho judicial do crime (vide, nos casos de
extorsão mediante sequestro, a ocorrência da chamada “síndrome de Estocolmo”, na
qual a vítima se afeiçoa ao criminoso e interage com ele pelo próprio instinto de
sobrevivência).

Lado outro, fala-se em síndrome de Londres, que consiste no comportamento


psicológico totalmente oposto àquele relacionado com a síndrome de Estocolmo.
Enquanto na síndrome de Estocolmo o refém desenvolve afeto pelo sequestrador, na
síndrome de Londres a vítima discute e contradiz os perpetradores, o que pode levar
a um estado de repulsa e hostilidade que pode ser fatal.

22
6.2 Complexo criminógeno delinquente e vítima

É importante analisar a relação entre o agressor e a vítima para avaliar a


intenção e a culpa do primeiro, e a responsabilidade da vítima ou envolvimento
involuntário no crime. Isso repercute na adequação típica e na aplicação da pena (art.
59 do CP).

O papel da vítima em homicídios privilegiados, por exemplo, é indiscutível. No


caso de ofensas sexuais, o agressor costuma ser "seduzido" pela vítima, que não é
tão vítima assim.

Assim como existem infratores reincidentes, a existência de vítimas latentes ou


potenciais (suscetibilidade da vítima potencial) é certa para a criminologia.

Algumas pessoas sofrem de um desejo fatal e irresistível de serem vítimas dos


mesmos crimes, por exemplo: vigias de bancos e lojas; médicos vitimados por
denúncias caluniosas; policiais acusados de agressões etc.

Assim como há criminosos recorrentes, há vítimas voluntárias, como


"encrenqueiros", "rebeldes", "piadas" e assim por diante.

No entanto, muitas pessoas, verdadeiras vítimas, que não participam do crime


por ato, omissão ou não interagem com o comportamento do perpetrador, são
completamente inocentes em sua compreensão cênica do crime.

7 CRIME ORGANIZADO

No momento, a ação do crime organizado em nosso país é inegável. O crime


organizado nas mais diversas áreas de nossa sociedade não é mais uma hipótese
formulada por cientistas ou especialistas em aplicação da lei. A infiltração de poderes
do Estado também é notória, e não são apenas as notícias nos jornais que dão conta
disso. Já existem várias decisões de tribunais de última instância que reconheceram
a existência de inúmeras organizações criminosas que operam no campo nacional ou

23
internacional. A questão principal é como combater com eficácia a criminalidade
organizada.

Apesar da dificuldade de identificar a origem das organizações criminosas, uma


característica comum de algumas delas, especialmente as Máfias italianas, a Yakusa
japonesa e as Tríades chinesas. A origem de tais associações é do século XVI, como
movimento de proteção das comunidades rurais contra as arbitrariedades praticadas
por poderosos e pelo Estado.

No Brasil, a primeira atuação do crime organizado verificou-se no Rio de


Janeiro, no começo do século XX, com o denominado “jogo do bicho”. Essas
organizações criminosas ainda atuam em todo o estado do Rio de Janeiro e além de
suas fronteiras, atuando não apenas no ramo de "jogo do bicho", mas também na
exploração de caça-níqueis e casas de bingo.

As disputas territoriais entre grandes organizações criminosas resultaram em


uma série de atos violentos, e esse fenômeno da violência é conhecido no Rio de
Janeiro como a “guerra dos caça-níqueis”.

Na realidade brasileira, desenvolveu-se outra forma de crime organizado que é


praticado sem o uso da força e, portanto, menos visível para a opinião pública. Envolve
o desvio de recursos dos cofres públicos para contas privadas abertas em paraísos
fiscais no exterior, afetando quase todos os escalões dos três Poderes do Estado.

O crime organizado possui características que podem variar dependendo das


especificidades de suas ações em cada país, mas há muitos pontos que são comuns
a quase todas as organizações criminosas. Um de seus pontos mais característicos é
a acumulação de poder econômico, ou seja, a posse de poder do dinheiro, que resulta
da rápida e elevada geração de lucros, peculiar aos negócios das organizações
criminosas.

Disputas por territórios não ocupados ou "pertencentes" a grupos rivais,


conquista de novos mercados, proteção dos membros da organização pela lei do
silêncio para que possam continuar suas atividades ilegais e, no entanto, para que

24
não sejam identificados - e sancionados - pelas autoridades estatais no momento da
identificação da organização criminosa, são causas comuns que caracterizam o alto
poder de intimidação do crime organizado.

Possuem características que os diferenciam de qualquer outro grupo criminoso:


um sistema de cliente, a imposição da Lei do Silêncio aos membros ou seus entes
queridos e o controle da força bruta sobre uma determinada porção de território.

O alto nível de intimidação também é outra característica das organizações


criminosas. A validade da "lei do silêncio" imposta aos seus membros e pessoas
estranhas à organização é sustentada pelos mais cruéis e variados meios de violência
contra quem se atreve a violá-la ou contra os seus entes queridos para intimidar outras
iniciativas da mesma natureza.

Alguns autores apontam a estrutura piramidal como um traço característico das


organizações criminosas e mencionam a existência de um grande número de
“soldados” na base dessa pirâmide responsáveis por diversas atividades. Estes são
administrados por um pequeno bloco, com atuação regional e média importância no
grupo, como a posição na pirâmide, ou seja, a faixa central. Acima de todos, no topo,
comandando e financiando os demais, está o chefe a ser protegido a qualquer custo
e a quem se destina a maior parte dos lucros.

A estrutura das quadrilhas criminosas visa não apenas criar uma cadeia de
comando, centralizar os lucros e manter o poder entre poucos, mas também a
existência/sobrevivência das organizações criminosas. Trata-se de questão
estratégica, há muito utilizada por diversos entes organizados.

No entanto, a experiência atual mostra que esta estrutura padrão nem sempre
é verificada na identificação de uma organização criminosa e pode haver várias
mudanças, da existência de mais de um chefe no topo da pirâmide ao surgimento de
um conselho, uma gestão com várias pessoas que dividem as funções de comando.
Como algumas das principais características das organizações criminosas a “relação
delas com a comunidade”, a divisão de territórios e as “conexões locais e

25
internacionais”. A relação com a comunidade e a já mencionada divisão dos territórios
também é apresentada – ressaltadas pequenas diferenças no desenvolvimento dos
tópicos – por Baltazar Junior (2021) como características das organizações
criminosas.

Uma das principais características do crime organizado é sua "capacidade de


se expandir para novas atividades e áreas geográficas conforme necessário ou
requerido". O autor elencou, ainda, como principais características do crime
organizado, apesar de considerar como ainda não definido com sucesso o seu
conceito.

Quanto à compartimentalização, ensina Baltazar Junior (2021) que conectada


à ideia de hierarquia, a compartimentação é a criação de uma cadeia de comando
para que o autor de atos criminosos não receba ordens diretamente do líder da
organização criminosa, que se protege ao não praticar, por mão própria os delitos,
bem como por não os determinar diretamente. A compartimentalização facilita, ainda,
a substituição do indivíduo que for preso, morto, ou por outro motivo se afastar do
grupo.

Na investigação do crime organizado, entendemos que é igualmente importante


compreender suas consequências, para mostrar os efeitos de seu desempenho sob
diferentes aspectos.

O crime organizado encontra alguns aspectos que são influenciados pelas


práticas de grupos criminosos, o problema do crime organizado precisa ser visto de
um ponto de vista social, econômico, político e jurídico, devido à influência que este
novo fenômeno da criminalidade exerce sobre essas áreas, que se expande e chega,
inclusive, aos altos funcionários que fazem parte dos três poderes do Estado. Ao
serem classificados como “crimes sem vítimas”, vários ilícitos penais praticados pelas
organizações criminosas – prostituição, jogo clandestino, pornografia – representam
um verdadeiro problema social.

26
Um exemplo clássico de “crime sem vítimas” é a apropriação indébita de fundos
públicos, que acredita-se ser o pior crime cometido por organizações criminosas. E
um dos alicerces do nosso pensamento é justamente a falta de consciência social das
causas mediadoras dessa prática criminosa.

Os cofres públicos são roubados permanentemente e não é possível medir o


tempo, a periodicidade - todos os dias, todas as horas - como os furtos acontecem a
cada minuto ou segundo, essa prática não aconteceria ou se manteria sem uma
organização sem cooperação.

Não é incomum que, ao discutirmos o macrocrime, descubramos que as


pessoas, seculares ou não, parecem tratar como crime organizado apenas os casos
que envolvem grandes organizações criminosas, excluindo os crimes praticados por
quadrilhas ou bandos e associações criminosas.

Fica evidente que uma distinção adequada deve ser feita, uma vez que o crime
organizado engloba os atos quadrilhas, bandos, associações criminosas e
organizações criminosas, enquanto estas – espécie do gênero – constituem, em
nosso entendimento, a expressão mais complexa do crime organizado.

7.1 Prevenção criminal no Estado Democrático de Direito

Argumenta-se que o crime não é uma doença, mas um sério problema social
que precisa ser resolvido pela sociedade.

A criminologia moderna defende a ideia de que o crime desempenha um papel


mais complexo de acordo com a dinâmica de seus protagonistas (autor, vítima e
comunidade), bem como os fatores de convergência social.

Enquanto a criminologia clássica entende o crime como o confronto criminoso


da sociedade (a luta do bem contra o mal), a criminologia moderna em uma forma
minimalista do problema considera o crime ampla e interativamente como um ato
complexo que também delimita os custos da reação social agir conjuntamente,
visando a redução criminal (art. 144, caput, da CF).

27
Portanto, a prevenção do crime inclui atos e atos de dissuasão do perpetrador,
incluindo uma parte intimidante da pena aplicável ao delito em processo de
cometimento; mudança de espaços físicos e urbanos por meio de novos projetos
arquitetônicos, aumento da iluminação pública, etc. (neoecologismo e
neorretribucionismo), bem como atitudes visando impedir a reincidência (reinserção
social, fomento de oportunidades laborais etc.).

7.2 Concurso material ou real de crimes

O art. 69 do Código Penal prevê o chamado concurso material ou real de


crimes, com a seguinte redação:

Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
(BRASIL, 1940)

O primeiro aspecto a ser considerado diz respeito ao conceito de ação, que


pode ser concebido segundo um conceito causal, final ou social. Em suma, para os
causalistas que seguem um conceito naturalista, a ação é o comportamento humano
voluntário que causa uma mudança no mundo exterior. O conceito final de ação,
juntamente com sua teoria, afirma que é o exercício de uma atividade final. A teoria
social, que surgiu como uma ponte entre as duas teorias anteriores, traduz o conceito
de ação como um comportamento socialmente relevante que é dominado ou
controlável pela vontade humana.

Além do aspecto específico de cada definição, deve-se observar que a ação


pode consistir em uma ou mais ações. As ações são, portanto, parte integrante de
uma ação. São ações em si mesmas, mas partes de um todo.

Por exemplo, o agente pode agir com o animus necandi, disparar um ou mais
tiros no seu inimigo que lhe causem a morte, a ação consiste no comportamento que
visa, em última instância, provocar a morte da vítima. Se o agente disparar vários tiros
para essa finalidade, cada um deles será considerado um elo na cadeia de
comportamento. Os disparos são, assim, atos que formam a conduta do agente. Não

28
teríamos, no exemplo fornecido, várias ações de atirar, mas, sim, vários atos que
compõem a ação única de matar alguém.

7.3 Concurso material homogêneo e heterogêneo

Pela expressão idêntica ou não utilizada no caput do artigo 69 do Código Penal,


conclui-se que existem dois tipos de concorrência material: homogênea e
heterogênea.

Trata-se de uma única jurisdição material, quando um agente comete dois


crimes idênticos, independentemente de se tratar de forma simples, privilegiada ou
qualificada de cometê-lo. Por outro lado, ocorrerá o concurso material heterogêneo se
o perpetrador cometer dois ou mais crimes diferentes, já que a regra adotada pelo
Código Penal é a de cúmulo material, essa distinção não tem relevância prática, ao
contrário do que acontece, por exemplo, com a competência formal.

7.4 Concurso formal ou ideal de crimes

O art. 70 do Código Penal prevê o chamado concurso formal ou ideal de crimes,


com a seguinte redação:

Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um
sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. (BRASIL, 1940)

Por razões de política criminal, a regra do concurso formal da concorrência foi


criada com o objetivo de aplicá-la a favor de agentes que alcançariam dois ou mais
resultados, que também seriam considerados crimes, pelo exercício de um único
comportamento. Segundo a definição de Maggiore, “concurso formal (concursus
formalis) é, tipicamente, o realizado pela hipótese de um fato único (ação ou omissão)
que viola diversas disposições legais”.

Duas teorias contestam o tratamento correspondente à natureza jurídica da


jurisdição formal, a saber, a teoria da unidade do crime e a tese da pluralidade. Na

29
verdade, a expressão concurso ideal denota a ausência de uma verdadeira
pluralidade de crimes e indica que mesmo quando se tenham concretizado várias
figuras, somente se há cometido um delito.

Para a tese da pluralidade, a lesão de vários tipos penais significa a existência


de vários delitos. O fato de que no concurso ideal exista tão somente uma ação,
resulta sem significado para esta doutrina.

A ínfima criação legislativa no ramo da inteligência, culminando na escassez


de mandatos legais instituindo e regulamentando a atividade de inteligência, é
marcante, sobretudo quando o tema é gestão na atividade de inteligência. Este
contexto de carências e falhas mostra a falta de dispositivos legais que permitam uma
cooperação rápida, promissora e segura e o intercâmbio de conhecimentos de
inteligência na luta contra o crime organizado.

8 LIMITE DAS PENAS

A Constituição Federal, por meio de seu art. 5º, inciso XLVII, proíbe
expressamente as penas ilimitadas, conforme já afirmamos no capítulo sobre o
princípio da limitação das penas.

Se a pena deve exercer suas funções preventivas, principalmente no que diz


respeito à prevenção especial, ou seja, à ressocialização do condenado, seria um
enorme contrassenso admitir-se a pena de prisão perpétua, pois seria de total
inutilidade buscar a ressocialização daquele que jamais retornaria ao convívio em
sociedade.

Embora grande parte da sociedade não aceite essa hipótese influenciada pela
mídia, é possível e aconselhável integrar o condenado na sociedade da qual foi
retirado para cumprir a pena que lhe foi imposta por ter sido declarado culpado de um
crime.

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Independentemente da gravidade do crime, o condenado tem o direito de se
arrepender. Portanto, enquanto cumpre sua pena, ele deve lutar para voltar à
sociedade e tentar se tornar um cidadão útil. Caso fosse condenado à prisão perpétua,
estaríamos retirando-lhe o sopro de esperança que lhe resta para que pudesse voltar
a viver pacificamente com seus pares. A sociedade deve, a seu turno, perdoar o erro
cometido pelo condenado, facilitando a sua readaptação.

Em obediência ao disposto no art. 5º, XLVII, da Constituição Federal, que


proíbe as penas de caráter perpétuo, diz o caput do art. 75 do Código Penal que:

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 30 (trinta) anos. (BRASIL, 1988)

Em 2019, a Lei 13.964 modificou essa determinação para:

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 40 (quarenta) anos. (BRASIL, 2019)

Com base na redação do artigo acima, podemos nos fazer a seguinte pergunta:
Alguém pode ser condenado a mais de quarenta anos de prisão? Sim, visto que a
restrição do artigo diz respeito ao tempo de execução efetiva da pena e não à sua
aplicação ao condenado.

Assim, a título de exemplo, alguém poderá ser condenado a trezentos anos de


prisão. Contudo, conforme determina o § 1º do art. 75 do Código Penal após o advento
da Lei 13.964/2019:

§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja


soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para
atender ao limite máximo deste artigo.

A unificação significa que o juiz deve retirar qualquer “gordura” que ultrapasse
o limite máximo para cumprimento da pena de trinta anos. Conforme o exemplo dado,
em que o agente foi condenado a trezentos anos de reclusão, deverá o julgador, para
fins de cumprimento de pena, desprezar duzentos e setenta anos, devendo o
condenado iniciar a execução de sua pena já unificada pelo limite máximo de trinta
anos.

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As condenações perdidas em cumprimento da pena cumprem outros fins, por
exemplo, para fazer cumprir os mandados de execução judicial que obtiveram com a
decisão final e definitiva sobre as condenações penais; se o acusado cometer novos
crimes, ele pode ser considerado um reincidente ou portador de maus antecedentes
etc.

De acordo com o art. 66, III, a, da Lei de Execução Penal, compete ao Juízo
das Execuções decidir sobre a soma ou unificação das penas.

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prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas.

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dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais
correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
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