Você está na página 1de 8

Inteligência

Competitiva

A CONTRA-INTELIGÊNCIA
O que é inteligência e contra-inteligência
As variáveis envolvidas nestes conceitos
Como a ética pode influenciar o
desenvolvimento dos trabalhos de
inteligência e contra-inteligência
A CONTRA-INTELIGÊNCIA
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Boas Vindas

Caro(a) aluno(a), nos módulos anteriores


tivemos oportunidade de firmar bem os
conceitos de Inteligência Competitiva,
informação e dado. Agora vem a pergunta
inevitável: Eu estou protegido? Se o
meu concorrente pratica a inteligência
competitiva, que tipo de informação ele
tem a respeito de minha empresa? A
Contra-Inteligência, que estudaremos
neste terceiro módulo, pode responder a
tais questões. Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo veremos o conceito e aplicação da contra-inteligência. Como proteger as
informações relevantes sobre minha organização e o que, a respeito de minha empresa,
pode interessar aos concorrentes. Veremos, também, como a ética pode influenciar o
desenvolvimento dos trabalhos de inteligência e contra-inteligência, na nossa organização
e nos concorrentes.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Identificar o que é inteligência e contra-inteligência;
• Saber quais são as variáveis envolvidas nestes conceitos; e
• Saber como a ética pode influenciar o desenvolvimento dos trabalhos de inteligên-
cia e contra-inteligência.

22 A Contra-Inteligência
Introdução
Para Neto (2009) a tônica da contra-inteligência é a salvaguarda do conhecimento sensí-
vel, ou seja, das informações que, caso se tornem conhecidas de terceiros, especialmente
do concorrente, colocarão em risco a incolumidade ou a própria existência da organiza-
ção, de pessoas ou de bens que a informação se destina a preservar.

A “fuga” ou perda da informação pode se dar por várias maneiras. Apenas a título de exem-
plificação, a informação pode se perder caso algum documento seja roubado ou perdido,
caso um computador seja invadido, caso um funcionário da organização decida vendê-la a
um concorrente ou, ainda, por comentáriso feitos em casa, com esposa ou parentes.

Portanto, a contra-inteligência precisa se preocupar com todas


e cada uma das possíveis formas de perda de informação. Para
tanto, se sub divide em segurança orgânica, que é a parte da
contra-inteligência que se preocupa com as medidas de cunho
defensivo, destinadas à prevenção e obstrução de ameaças
de qualquer natureza, que possam incidir sobre os recursos
humanos, áreas, instalações físicas, documentos, materiais,
sistemas e operações da organização e segurança ativa, que
envolve medidas e ações destinadas a detectar, identificar,
avaliar, explorar e neutralizar as ameaças à organização.

Alguns autores, principalmente na área de inteligência de esta-


do, costumam substituir a sub-divisão segurança ativa por
Contra-Espionagem, que é o conjunto de medidas destinadas a detecção e neutraliza-
ção de ações adversas de busca e inutilização de conhecimento de dados sigilosos e
Contraterrorismo, que que são as medidas destinadas a detecção e neutralização de
ações adversas de natureza política, que possam ser perpetradas por mecanismos violen-
tos, contra pessoas ou instalações que possuem ligação com a organização.

A atividade de inteligência se classifica em inteligência, propriamente dita, que está volta-


da para a produção de conhecimento e contra-inteligência, voltada para a proteção do
conhecimento. Entretanto, não são raros os autores que concordam que contra-inteli-
gência não se limita a proteger o conhecimento, mas também produz conhecimento. E,
este conhecimento produzido pela contra-inteligência não é apenas sobre as ameças ou
inteligências adversas. Há, ainda, uma produção de conhecimento que versa sobre as
próprias vulnerabilidades.

Observe que “vulnerabilidade” se diferencia de “ameaça” na medida em que na ameaça


existe alguém com intenção de praticar ato hostil, contrário aos interesses da organiza-
ção, enquanto que a vulnerabilidade apenas representa uma fragilidade da organização,
que pode vir a ser explorada por inteligência adversa.

Temos, portanto, até o momento a seguinte situação:

A Contra-Inteligência 23
Como vimos anteriormente, a segurança orgânica é o conjunto de medidas destinadas à
prevenção e obstrução de ameaças de qualquer natureza, que possam incidir sobre os
recursos humanos, áreas, instalações físicas, documentos, materiais, sistemas e opera-
ções da organização.

Existe, portanto, uma diversidade de áreas abrangidas pela segurança orgâ- Orgânica
Recursos humanos, instalações
nica. Assim o estudo poderá ser facilitado, se for dividido conforme a seguir:
físicas, documentos, etc.
Segurança orgânica:

1. Segurança do pessoal;
2. Segurança das áreas e instalações;
3. Segurança de documentos e material;
4. Segurança de sistemas;
5. Segurança de operações.

Segurança do pessoal
A segurança de pessoal envolve a área de Recursos Humanos e compõe-se, basicamente,
de três etapas, que são: a contratação, o desempenho das atribuições e o desligamento
de funcionários da organização.

Só para relembrar, no início de nossa disciplina vimos


que Inteligência Competitiva é o mesmo que informação
útil à tomada de decisão. E a informação somente será
útil se for disponibilizada ao tomador de decisão que,
mesmo sendo, normalmente, do alto escalão da empresa,
é um funcionário.

Como você pode perceber, a segurança de pessoal não envolve apenas a segurança do
pessoal, presente nas medidas de controle e proteção dos funcionários mas, também,
nas medidas adotadas para se evitar a infiltração de inteligência adversária em nossa
organização, o que pode ser conseguido por meio de um criterioso processo de seleção
de pessoal para admissão.

24 A Contra-Inteligência
Outro fator importante a ser observado, no que tange à segurança de pessoal, é a quem
as informações relevantes e importantes serão disponibilizadas. Ou seja, quem, no desem-
penho de suas atribuições, necessita ter conhecimento daquela informação, para que a
mesma não seja disponibilizada para um número maior que o necessário de servidores. Uma
medida que pode ser adotada aqui é a estratificação da informação, para que cada nível
hierárquico tenha apenas o conhecimento necessário ao desempenho de suas atribuições.

Finalmente, uma parte da segurança de pessoal a que a maioria das organizações não dá
muita importância, mas que pode ser um canal de fuga de informação, demonstrando uma
vulnerabilidade da organização é o ex-funcionário. É altamente recomendável, até mesmo
necessário, que a empresa tenha uma política de desligamento de funcionário, composta,
no mínimo, de uma entrevista final e, dependendo do nível do cargo que o funcionário tenha
ocupado na empresa, até mesmo um programa de acompanhamento do ex-servidor.

Segurança das áreas e instalações


A segurança das áreas e instalações é outra preocupação da
contra-inteligência, quando se fala em segurança orgânica.
Consiste na demarcação das áreas, não só no plano macro, como
a área ocupada pela empresa, mas também nas áreas sensíveis
da empresa, implantação de barreiras, até mesmo físicas, com
objetivo de restringir o acesso apenas ao pessoal autorizado e
plano de prevenção a acidentes naturais, tais como alagamentos
e incêndios, dentre outros.

Aqui a preocupação é com a proteção das edificações e instala-


ções físicas da empresa, com a delimitação de perímetro e limita-
ção e (ou) restrição de acesso, demarcação de área de guarda de
informação sensível, acesso a tais informações e locais de guarda
de backup (cópia de segurança).

A inteligência estratégica, através de seu setor de contra-inteli-


gência, precisa, ainda, se preocupar com os acidentes naturais.
Um alagamento, um incênciao, natural ou provocado, pode fazer com que a empresa
retroceda anos em sua caminhada, caso a mesma não esteja adequadamente preparada
para tal, na medida em que tais acidentes podem destruir informações que demandaram
longo tempo para serem adquiridas.

Segurança de documentos e material


A segurança de documentos e material se constitui na medida adotada para proteger
aqueles que são os mais comums dos suportes para o conhecimento e informações que
tramitam pela empresa ou organização.

As medidas de segurança nesta área precisam prever a segurança documen-


tal, desde sua produção até a destruição ou arquivamento do mesmo, com Manuseio
Quem está autorizado.
previsão de manuseio, classificação ou atribuição de grau de sigilo, controle
de reprodução, numeração de páginas, para se evitar a perda, seleção de
documentos a serem arquivados ou destruidos, tempo e local de arquiva-
mento ou forma de destruição (se será incinerado, triturado, etc.).

A Contra-Inteligência 25
Segurança de sistemas
Outro item que merece atenção especial do sistema de contra-inteligência é a segurança
do sistema de informática utilizado pela organização. O grande avanço tecnológico atual,
como vimos, fez com que atualmente todas as informações de uma empresa ou organi-
zação, fossem armazenadas em computadores.

Nesta área, as medidas de segurança precisam prever, desde a forma de utilização de


máquinas, com restrições via senhas, que prevejam níveis de acesso, de acordo com o
posicionamento hierárquico do usuário, até controle de acesso às instalações físicas da
empresa, controle eletrônico de frequencia de servidores, dentre outros.

Segurança de operações
Por fim, a área operacional, ou produtiva, da organização necessita de uma atenção espe-
cial da contra-inteligência, por ser aquela para onde todas as outras convergem. Todas
as medidas, pessoal, documentação, material, sistemas e áreas e instalações, existem,
principalmente, em função da área operacional.

26 A Contra-Inteligência
Síntese
Este terceiro módulo da disciplina Inteligência Competitiva se dedicou ao tema Contra-
Inteligência. Vimos que a contra-inteligência é definida como a atividade de inteligência
destinada a proteger os dados, informações e conhecimentos sensíveis da organização,
o que é feito por meio da prevenção, detecção, obstrução e neutralização de ações da
inteligência adversa.

Vimos ainda que a fuga de informações de uma organização pode se dar por várias
formas, seja por fatores humanos (pessoal ligado à empresa), conjuntural ou estrutural
(áreas e instalações, sistemas, etc.).

E, também, vimos que o avanço tecnológico trouxe, além de benefícios, uma certa inse-
guranças das informações. Passos, citando matéria publicada na Revista Amanhã, edição
nº 217, de janeiro/fevereiro/2006, apresenta um exemplo prático da importância da segu-
rança de informação, ao mencionar:

“E-mails curiosos ou provocativos espalham nas empresas o spyware – um


programa que rouba informações sigilosas e até senhas de banco. E você
confiando no antivírus...”.
(Alfredo Passos, 2007 – P. 74).

No próximo módulo, em continuidade ao tema, veremos um pouco da história da inte-


ligência competitiva e como a ética se insere na inteligência competitiva e contra-inteli-
gência e o que difere a contra-inteligência da contra-espionagem. Bons estudos e até lá!

Referências
Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –
Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessida-


de no mundo globalizado. Disponível em [Link: <www.caarq.com.br/textos/
InteligenciaCompetitivaNecessidadeMundoGlobalizado]. Acesso em 04 de maio de 2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In) Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência
Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

DEP - DIPLOMACIA ESTRATÉGIA POLÍTICA. Ano 1, nº 1 – Projeto Raúl Prebisch – Brasília,


2004.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.

______________ – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como


superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

A Contra-Inteligência 27
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

SEGURANÇA E DESENVOLVIMENTO. Revista da ADESG nº 221 – Rio de Janeiro – 1996.

Fuga de informação. Disponível em [Link: images.google.com.br <http://globpt.com/


wp-content/uploads/2007/12/man.jpg] . Disponível em 16 de julho de 2009.

Seleção de pessoal - Recrutamento – Disponível em [Link: images.google.com.br <http://


www.vidaclinica.com.br/imagens/]. Acesso em 16 de julho de 2009.

Restrição de acesso. Disponível em [Link: images.google.com.br http://www.gta.ufrj.br/


grad/07_2/vinicios/images/] Acesso em 16 de julho de 2009.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

28

Você também pode gostar