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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS POLICIAIS DE


SEGURANÇA E ORDEM PÚBLICA - II/18

CAPITÃO PM LEANDRO CORREA DE MORAES VERARDINO

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA O POLICIAL MILITAR


MOTOCICLISTA:

ADEQUAÇÃO DO FARDAMENTO ESPECÍFICO NA PMESP

São Paulo

2019
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE ALTOS ESTUDOS SUPERIORES

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS POLICIAIS DE


SEGURANÇA E ORDEM PÚBLICA - II/18

CAPITÃO PM LEANDRO CORREA DE MORAES VERARDINO

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA O POLICIAL


MILITAR MOTOCICLISTA:

ADEQUAÇÃO DO FARDAMENTO ESPECÍFICO NA PMESP

São Paulo

2019
CAPITÃO PM LEANDRO CORREA DE MORAES VERARDINO

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA O POLICIAL MILITAR


MOTOCICLISTA:

ADEQUAÇÃO DO FARDAMENTO ESPECÍFICO NA PMESP

Dissertação apresentada na Academia de


Polícia Militar do Barro Branco, como
requisito para conclusão do Mestrado em
Ciências Policiais de Segurança e Ordem
Pública.

ORIENTADOR: TENENTE CORONEL PM ROBSON CABANAS DUQUE

São Paulo

2019
CAPITÃO PM LEANDRO CORREA DE MORAES VERARDINO

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA O POLICIAL MILITAR


MOTOCICLISTA:

ADEQUAÇÃO DO FARDAMENTO ESPECÍFICO NA PMESP

Dissertação apresentada na Academia de


Polícia Militar do Barro Branco, como
requisito para conclusão do Mestrado em
Ciências Policiais de Segurança e Ordem
Pública.

Trabalho aprovado em São Paulo, 1º de fevereiro de 2019.

TENENTE CORONEL PM ROBSON CABANAS DUQUE


Doutor – APMBB

MAJOR PM ANDRÉ LUIZ PASCHOALIM CAPITÃO PM ALESSANDRO GREGORIM SILVA


Mestre – APMBB Mestre – APMBB
Dedico este trabalho à minha esposa Andreia Cristina Marques Pereira,
verdadeira companheira de jornada, a melhor das companhias, que tem estado ao
meu lado de maneira incondicional nas horas mais difíceis de minha vida.
Aos meus filhos Maytê, Bárbara e Miguel, meus alunos na arte de viver e
professores na arte de ensinar, de abnegação, genuinidade e amor incondicional.
À minha mãe Marina Correa de Moraes Verardino (in memorian), verdadeiro
exemplo de retidão de caráter e honestidade sem olvidar do verdadeiro amor ensinado
pelo Cristo.
Ao meu pai, Coronel PM Luiz Verardino (in memorian), exemplo de honestidade
e humildade, homem agregador e sábio.
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Tenente Coronel PM Robson Cabanas Duque, mestre e


orientador durante o processo de realização deste trabalho.
Agradeço ao Major PM Erick Gomes Bento, amigo e comandante no 3º BPM/M,
entusiasta deste trabalho.
Ao Major Médico PM José Alexandre Rocha Soares e ao 3º Sargento PM Alex
Fabiano da Silva, ambos do CMed, que dedicaram especial atenção à pesquisa sobre
os afastamentos de policiais militares em decorrência de acidentes com motocicletas
durante o serviço, colocando seu tempo à disposição desta dissertação.
Ao Major PM André Luiz Paschoalim e ao Capitão PM Alessandro Gregorim
Silva, membros da banca examinadora que, entusiastas e profundos conhecedores
do assunto sobre motociclismo policial, estiveram à disposição para fornecimento de
informações e dados que muito ajudaram neste trabalho.
À Major PM Lizandra Donamore dos Santos, da Secretaria da Segurança
Pública do Estado de São Paulo, pela receptividade e auxílio despendidos em visita
do autor para pesquisa das indenizações pagas aos policiais militares motociclistas
por lesões em decorrência de acidente com a motocicleta durante o serviço
operacional.
À Major PM Adriana Nunes Nogueira, professora na matéria Metodologia
Científica do Mestrado Profissional em Ciências Policiais e Ordem Pública que,
mesmo após a conclusão da carga horária, esteve à disposição em qualquer dia e
hora para orientar o autor quanto às regras de metodologia, dedicando especial
atenção a este trabalho.
À Cabo PM Andrea Aparecida Silva Santos, do Centro de Atenção Psicológica
e Social, que dedicou parte de seu tempo para coletar e fornecer os dados das
indenizações pagas aos policiais militares motociclistas acidentados.
Agradeço também aos professores e instrutores do Programa de Mestrado
Profissional da Polícia Militar do Estado de São Paulo, obreiros abnegados
responsáveis pela condução de nosso conhecimento ao patamar estratégico de nossa
Instituição.
“A maior habilidade de um líder é desenvolver
habilidades extraordinárias em pessoas
comuns.”

Abraham Lincoln
RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de verificar se o Equipamento de Proteção


Individual e o fardamento utilizados pelo policial motociclista da Polícia Militar do
Estado de São Paulo é capaz de oferecer proteção adequada para evitar que o policial
sofra lesões em caso de acidente ou queda, ou ao menos minimizar a extensão e
gravidade delas, e propor a adequação do equipamento de proteção para um conjunto
mais eficiente. O estudo buscou um referencial nas forças policiais em países da
Europa e nos Estados Unidos da América, além de verificar o equipamento e
fardamento utilizados pelos policiais militares motociclistas de outros estados do
Brasil. Por meio de pesquisa documental em bases de dados do Departamento de
Perícias Médicas do Centro Médico da Polícia Militar, o autor trouxe dados
quantitativos sobre os afastamentos dos policiais militares que sofreram acidentes
com viaturas motocicletas durante o serviço, no período de 2015 a 2018 e, por meio
de pesquisa bibliográfica, encontrou trabalhos que trazem as regiões do corpo mais
atingidas por vítimas civis de acidentes de motocicletas que foram socorridas ao
hospitais da rede pública em anos anteriores. O estudo também fez uma pesquisa de
campo aplicando questionário a todos os policiais militares do estado de São Paulo e
conseguiu uma amostra probabilística para o recorte dos policiais que exercem ou já
exerceram comandamento e gestão sobre o policiamento com motocicletas, e
também para o recorte dos policiais que exercem funções operacionais sobre a moto
com o objetivo de verificar a cultura de segurança operacional da Instituição e a sua
capacidade de inferir ações na gestão de segurança. Também foram feitas
experiências com joelheiras, cotoveleiras e luvas com policiais motociclistas da zona
sudoeste, sul e centro da cidade de São Paulo, para as quais os policiais responderam
questionário sobre as impressões que obtiveram do material a ser proposto. A
pesquisa concluiu que a grande maioria dos acidentes sofridos pelos policiais militares
acidentados com motocicletas em serviço provocam lesões nos joelhos, cotovelos e
mãos, e que o incremento de proteções específicas para essas regiões do corpo
evitaria o afastamento de policiais em decorrência das lesões, ou ao menos diminuiria
o tempo necessário para recuperação do policial.
Palavras-chave: Polícia Militar. Ciências Policiais. Equipamento de Proteção
Individual. Policial Militar Motociclista. Acidente motociclístico.
ABSTRACT

The present work has the aim of verifying if the Individual Protection Equipment and
the uniform worn by motorcyclist police of Military Police of the State of São Paulo is
able to offer adequate protection in order to avoid the police officer have injuries in
case of accident or falling, or at least minimize the extension and severity of the lesions,
and propose the adequacy of the protective gear to a more efficient set. The study
looked for a reference in police efforts of countries in Europe and in United States of
America, as well as verify the equipment and uniform worn by motorcycle military police
officers from other states in Brazil. Through documentary research in databases of the
Department of Medical Expertise of the Medical Center of the Military Police, the author
brought quantitative data on the work leaves of military police officers who suffered
accidents with motorcycles during the service from 2015 to 2018 and through a
literature search found works that bring the regions of the body most affected by civilian
motorcycle accident victims who were rescued to the public network hospitals in
previous years. The study also conducted a field survey applying questionnaire to all
military police officers in the state of São Paulo and obtained a probabilistic sample for
the cut of the police officers who exercise or have already exercised command and
management on motorcycle policing and also for the clipping of the police officers who
perform operational functions on the motorcycle with the purpose of verifying the
Institution's operational safety culture and its ability to infer actions in the safety
management. There were also experiments with knee pads, elbow pads and gloves
with motorcycle policemen from the southwestern, south and downtown areas of São
Paulo, to which the police answered a survey about the impressions they obtained
from the material to be proposed. The research concluded that the vast majority of
accidents involving military police officers injured on motorcycles in service cause
injuries to the knees, elbows and hands, and that increasing specific protections for
these regions of the body would prevent police detachment due to injuries, or at least
it would reduce the time needed for the police to recover.
Keywords: Military Police. Police Sciences. Individual Protective Equipment.
Motorcycle Military Police Officer. Motorcycle accident.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Velocípede a vapor de Roper. .................................................................. 45


Figura 2 - Velocípede a vapor de Michaux-Perreaux. ............................................... 46
Figura 3 - Motocicleta Hildebrand & Wolfmüller. ....................................................... 46
Figura 4 – “St. Louis Metro Police Department Motor Unit”. ...................................... 48
Figura 5 – California Highway Patrol. ........................................................................ 48
Figura 6 - Policial da Polícia Metropolitana do Reino Unido (Scotland Yard). ........... 49
Figura 7 – Modelo Harley-Davidson WLA 42 da FEB na Segunda Guerra Mundial.. 50
Figura 8 - Motocicleta de MotoGP em curva. ............................................................ 56
Figura 9 - Conjunto moto-piloto de motocross com as proteções. ............................ 58
Figura 10 - Policial alemã sobre a motocicleta. ......................................................... 60
Figura 11 - Policial do CNP em Pontevedra, Espanha. ............................................. 60
Figura 12 - Policial da Guarda Civil espanhola.......................................................... 61
Figura 13 - Policial da Polícia Nacional em Nice. ...................................................... 62
Figura 14 - Policial da Gendarmerie .......................................................................... 62
Figura 15 - Air bag na jaqueta do fardamento gendarme. ......................................... 63
Figura 16 - Policial motociclista Carabinieri. .............................................................. 64
Figura 17 – Dois integrantes carabiniere elegido (carabineiro elegido) de Lasino,
Trentini. ..................................................................................................................... 64
Figura 18 - Motociclista da Polizia di Stato. ............................................................... 65
Figura 19 - Motociclista da Polizia di Stato sem as proteções para os joelhos. ........ 65
Figura 20 - Patrulha da Polícia de Segurança Pública. ............................................. 67
Figura 21 - "Equipa de Prevenção e Reacção Rápida" da PSP. ............................... 67
Figura 22 - Policial da Guarda Nacional Republicana. .............................................. 68
Figura 23 - Policial britânico. ..................................................................................... 69
Figura 24 - Policiais da CHP. .................................................................................... 70
Figura 25 - Policial da Honda Unit (SFPD). ............................................................... 71
Figura 26 - Policiais militares do RAIO (PMCE). ....................................................... 73
Figura 27 - Uniforme 6º D - Farda de Intervenção Rápida PMGO. ........................... 76
Figura 28 - POP 1301 Equipamento de Proteção Individual e Coletivo (PMGO). ..... 77
Figura 29 - Policiais de uma patrulha GETEM (PMERJ). .......................................... 78
Figura 30 - Patrulha do 36º Batalhão de Polícia Militar (BPM) da PMERJ (Santo
Antônio de Pádua/RJ). .............................................................................................. 78
Figura 31 - Policial militar do Esquadrão Águia (PMMA). ......................................... 79
Figura 32 - Policial da ROTAM durante abordagem. ................................................ 80
Figura 33 - Policial militar da ROCAM (PMPR) ......................................................... 81
Figura 34 - Uniforme B-2 (Operacional Básico Masculino e Feminino – 2
“Policiamento Motorizado Duas Rodas e estafeta com Moto”). ................................ 91
Figura 35- Luva para motociclista "meio-dedo". ....................................................... 95
Figura 36 - Recorte do clima (temperatura) do estado de São Paulo em 19 dez.
2018, 15:34. .............................................................................................................. 96
Figura 37 - Fórmula de Cálculo Amostral. .............................................................. 104
Figura 38 - Proteções para os joelhos. ................................................................... 126
Figura 39 - Proteções para os cotovelos ................................................................ 127
Figura 40 - Manguito ............................................................................................... 128
Figura 41 - Luvas. ................................................................................................... 129
Figura 42 - EPI completo proposto. ........................................................................ 129
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição do tempo de patrulhamento. Ano 2016 ................................ 37


Tabela 4 - Custo total dos afastamentos em 2017 .................................................... 98
Tabela 5 - Custo total dos afastamentos em 2016 .................................................... 99
Tabela 6 - Custo total dos afastamentos em 2015 .................................................... 99
Tabela 7 - Custo estimado do tratamento de fraturas (Hospital São Paulo). .......... 100
Tabela 8 - Indenizações por invalidez por acidente de trânsito com viatura duas e
quatro rodas. ........................................................................................................... 102
Tabela 9 - Indenizações pagas por invalidez em decorrência de acidente com viatura
motocicleta. ............................................................................................................. 102
Tabela 10 - Amostra probabilística da população da PMESP. ................................ 104
Tabela 11 - Comandantes com experiência em gestão no policiamento com
motocicletas que tiveram PMs sob seu comando lesionados. ................................ 106
Tabela 12 – Custo estimado do investimento com EPI. .......................................... 130
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição do tempo de patrulhamento. Ano 2016. ............................... 37


Gráfico 2 - Taxa de Acidentes PMESP x População Paulista ................................... 86
Gráfico 3 - Evolução dos Acidentes PMESP x População Paulista (taxa por 100 mil
habitantes)................................................................................................................. 87
Gráfico 4 - Padrão das Lesões das Vítimas HCFMUSP em 1989............................. 93
Gráfico 5 - Frequência de lesões por segmento corporal .......................................... 94
Gráfico 6 - Distribuição específica das lesões ........................................................... 94
Gráfico 7 – Indenizações pagas a policiais por morte e invalidez permanente total ou
parcial. ..................................................................................................................... 101
Gráfico 8 - Proporção de Policiais Militares que responderam ao questionário sobre
Cultura Organizacional. ........................................................................................... 104
Gráfico 9 - Região do corpo em que os PMs tiveram lesões segundo seus
comandantes. .......................................................................................................... 106
Gráfico 10 - Representação dos comandantes que cobrariam o uso do EPI para
motociclistas se ele fosse obrigatório. ..................................................................... 108
Gráfico 11 - Comandantes que acreditam valorizar o policial com a aquisição do EPI.
................................................................................................................................ 108
Gráfico 12 - Distribuição das menções sobre gravidades de lesões sofridas por PMs
com experiência em condução de viatura motocicleta. ........................................... 110
Gráfico 13 - Região do corpo em que os PMs motociclistas tiveram lesões. .......... 111
Gráfico 14 - Opinião dos PMs motociclistas sobre nível de proteção do EPI. ......... 112
Gráfico 15 - Opinião dos PMs motociclistas sobre o nível de conforto do EPI. ....... 112
Gráfico 16 - Percepção da valorização do PM motociclista com implementação do EPI.
................................................................................................................................ 113
Gráfico 17 - Percepção da estética do fardamento com o EPI. ............................... 115
Gráfico 18 - Opinião se a PMESP deveria instituir as proteções para joelhos e
cotovelos. ................................................................................................................ 115
Gráfico 19 - Percepção de valorização profissional com a adoção das proteções.. 116
Gráfico 20 - Opinião sobre a frequência do uso das proteções............................... 116
Gráfico 21 - Opinião sobre obrigatoriedade do EPI. ................................................ 117
Gráfico 22 - Percepção do conforto das joelheiras.................................................. 117
Gráfico 23 - Percepção da sensação de segurança oferecida pelas joelheiras. ..... 118
Gráfico 24 - Prejuízo ao trabalho causado pelas joelheiras. ................................... 118
Gráfico 25 - Percepção do conforto das cotoveleiras. ............................................ 119
Gráfico 26 - Percepção da sensação de segurança oferecida pelas cotoveleiras. . 119
Gráfico 27 – PMs que apontaram prejuízo ao trabalho causado pelas cotoveleiras.
................................................................................................................................ 120
Gráfico 28 - PMs que apontaram incômodo com o EPI em contato direto com a pele.
................................................................................................................................ 120
Gráfico 29 - PMs que acreditam que o manguito por baixo da cotoveleira melhoraria o
conforto. .................................................................................................................. 120
Gráfico 30 - Percepção do conforto das luvas. ....................................................... 121
Gráfico 31 - Percepção da sensação de segurança oferecida pelas luvas. ........... 121
Gráfico 32 - PMs que apontaram prejuízo ao trabalho causado pelas luvas. ......... 122
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Descrição das cotoveleiras em Pregão Eletrônico. ................................. 74


Quadro 2 - Descrição das joelheiras em Pregão Eletrônico. ..................................... 74
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BAEP Batalhão de Ações Especiais de Polícia


BMT Batalhão de Motopatrulhamento
BPChoque Batalhão de Polícia de Choque
BPM Batalhão de Polícia Militar
BPM/M Batalhão de Polícia Militar Metropolitano
BPRAIO Batalhão de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e
Ostensivas
CAEP Companhia de Ações Especiais de Polícia
Cap PM Capitão PM
CAPS Centro de Atenção Psicológica e Social
Cb PM Cabo PM
CDC Controle de Distúrbios Civis
Cel PM Coronel PM
CHP California Highway Patrol
Cia FT Companhia de Força Tática
Cia PM Companhia de Polícia Militar
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CMed Centro Médico da Polícia Militar
CMM Centro de Motomecanização
CNP Corpo Nacional de Polícia (Cuerpo Nacional de Policía)
CONTRAN Conselho nacional de Trânsito
CPAmb Comando de Policiamento Ambiental
CPA/M Comando de Policiamento de Área
CPC Comando de Policiamento da Capital
CPChq Comando de Policiamento de Choque
CPD Centro de Processamento de Dados
CPI Comando de Policiamento do Interior
CPM Comando de Policiamento Metropolitano
CPRv Comando de Policiamento Rodoviário
CPTran Comando de Policiamento de Trânsito
CSM/MM Centro de Suprimento de Material de Motomecanização
CSP Curso Superior de Polícia
CTB Código de Trânsito Brasileiro
DF Distrito Federal
DPM Departamento de Perícias Médicas
DPVAT Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de
Vias Terrestres
GIRO Grupamento de Intervenção Rápida e Ostensiva
EPI Equipamento de Proteção Individual
EUA Estados Unidos da América
FEB Força Expedicionária Brasileira
FT Força Tática
FNQ Fundação Nacional da Qualidade
GESPOL Sistema de Gestão da Polícia Militar do Estado de São Paulo
GETEM Grupamento Especial Tático em Motopatrulhamento
GNR Guarda Nacional Republicana
HCFMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo
IRPF Imposto de Renda Pessoa Física
LTS Licença para Tratamento de Saúde
Maj PM Major PM
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NR Norma Regulamentadora
OPM Organização Policial Militar
PM Polícia Militar ou Policial Militar
PMs Policiais Militares
PMBA Polícia Militar da Bahia
PMCE Polícia Militar do Ceará
PMDF Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF)
PMGO Polícia Militar de Goiás
PMERJ Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
PMESP Polícia Militar do Estado de São Paulo
PMMA Polícia Militar do Maranhão
PMMT Polícia Militar do Mato Grosso
PMPA Polícia Militar do Pará
PMPI Polícia Militar do Piauí
PMPR Polícia Militar do Paraná
POP Procedimento Operacional Padrão
PPMM Polícias Militares
PSP Polícia de Segurança Pública
QFF Quadro de Fixação de Frota
RAIO Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas
RDPM Regulamento Disciplinar da Polícia Militar
RJ Rio de Janeiro
ROCAM Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas
ROCAM’ Rondas Ostensivas com Aplicação de Motocicletas (PMPR)
ROTAM Ronda Ostensiva Tático Metropolitana (PMMT)
RPM Radiopatrulhamento com Motocicletas (Emprego de Motocicletas no
Programa de Radiopatrulha – Atendimento “190”
RUPMGO Regulamento de Uniformes da Polícia Militar de Goiás
R-5-PM Regulamento de Uniformes da Polícia Militar
SAT Seção de Apoio ao Transporte
Sd PM Soldado PM
SFPD San Francisco Police Department (Departamento de Polícia de São
Francisco)
Sgt PM Sargento PM
SIGEO Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária
SIGS Sistema Integrado de Gestão de Saúde
SIPAER Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
SSP Secretaria da Segurança Pública
Subten PM Subtenente PM
Ten Cel PM Tenente Coronel PM
TOR Tático Operacional Rodoviário
UNIFESP Universidade Federal de São Paulo
UOp Unidade Operacional
1º BPChq 1º Batalhão de Polícia de Choque
1ª EM/PM 1ª Seção do Estado-Maior da PMESP
1º Ten PM 1º Tenente PM
2º BPChq 2º Batalhão de Polícia de Choque
2º Ten PM 2º Tenente PM
3º Sgt PM 3º Sargento PM
2º Sgt PM 2º Sargento PM
6ª EM/PM 6ª Seção do Estado-Maior da PMESP
LISTA DE SÍMBOLOS

C Custo total
cc Cilindradas
cm Centímetros
CO² Dióxido de Carbono
d Dias de afastamento
h Valor da hora trabalhada
H/h Homem/hora
km/h Quilômetros por hora
n Número de acidentes
q Quantidade
® Marca registrada
Tx Taxa por 100 mil habitantes
∑ Somatória
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 33
2 A HISTÓRIA DO POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS ..................... 45
2.1 A história do policiamento com motocicletas no mundo ..................... 47
2.2 As origens no Brasil ................................................................................. 49
2.2.1 A CRIAÇÃO EM SÃO PAULO ........................................................................... 50
2.2.2 A MOTIVAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO ................................................................... 51
2.2.3 A ESTRUTURA ATUAL ................................................................................... 51
3 EQUIPAMENTOS USADOS NO MUNDO ................................................. 53
3.1 Equipamentos usados no esporte .......................................................... 53
3.1.1 AS PROTEÇÕES EM COMPETIÇÕES ON ROAD OU EM ESTRADA ........................ 54
3.1.2 AS PROTEÇÕES EM COMPETIÇÕES OFF ROAD OU FORA DE ESTRADA .............. 56
3.2 Equipamentos utilizados pelas forças de lei internacionais ................ 58
3.2.1 A EXPERIÊNCIA EUROPEIA ............................................................................ 59
3.2.1.1 A POLÍCIA ALEMÃ .......................................................................................... 59
3.2.1.2 A POLÍCIA ESPANHOLA .................................................................................. 60
3.2.1.3 A POLÍCIA FRANCESA .................................................................................... 61
3.2.1.4 A POLÍCIA ITALIANA ....................................................................................... 63
3.2.1.5 A POLÍCIA PORTUGUESA................................................................................ 66
3.2.1.6 A POLÍCIA DO REINO UNIDO ........................................................................... 68
3.2.2 A EXPERIÊNCIA NO CONTINENTE AMERICANO ................................................. 69
3.3 Equipamentos usados pelas forças de lei no Brasil ............................. 71
3.3.1 POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ (PMCE) ............................................................. 72
3.3.2 POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL (PMDF) ........................................... 74
3.3.3 POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS (PMGO) ............................................................. 75
3.3.4 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (PMERJ) ........................... 77
3.3.5 POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO (PMMA) ..................................................... 78
3.3.6 POLÍCIA MILITAR DO MATO GROSSO (PMMT) ................................................ 79
3.3.7 POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ (PMPR) ........................................................... 80
4 ASPECTOS DOUTRINÁRIOS, LEGAIS E REGULAMENTARES ............ 83
4.1 Responsabilidade do Estado................................................................... 87
4.2 Responsabilidade do policial militar....................................................... 88
5 UMA ANÁLISE DO EQUIPAMENTO ATUAL FRENTE ÀS QUEDAS E
LESÕES ................................................................................................................... 91
6 O CUSTO DO ACIDENTE ......................................................................... 97
6.1 Custo do policial militar afastado ........................................................... 97
6.2 Custo do tratamento médico ................................................................ 100
6.3 Custo da indenização ............................................................................ 101
7 A CULTURA ORGANIZACIONAL DA PMESP ....................................... 103
7.1 Coleta de dados ..................................................................................... 103
7.1.1 ANÁLISE DOS DADOS DOS POLICIAIS MILITARES COMANDANTES DE TROPA ... 105
7.1.2 ANÁLISE DOS DADOS DOS POLICIAIS MILITARES COM EXPERIÊNCIA EM ATIVIDADES
OPERACIONAIS .......................................................................................................... 109

7.1.3 ANÁLISE DOS DADOS DO EXPERIMENTO DESENVOLVIDO COM POLICIAIS


MOTOCICLISTAS ........................................................................................................ 113
7.1.3.1 ANÁLISE DO EXPERIMENTO DAS PROTEÇÕES PARA OS JOELHOS ..................... 117
7.1.3.2 ANÁLISE DO EXPERIMENTO DAS PROTEÇÕES PARA OS COTOVELOS ................ 118
7.1.3.3 ANÁLISE DO EXPERIMENTO DAS PROTEÇÕES PARA AS MÃOS .......................... 121
8 PROPOSTA ............................................................................................. 123
8.1 O EPI mais adequado ............................................................................ 125
8.1.1 PROTEÇÕES PARA OS JOELHOS .................................................................. 125
8.1.2 PROTEÇÕES PARA OS COTOVELOS .............................................................. 126
8.1.3 O MANGUITO ............................................................................................. 127
8.1.4 AS LUVAS .................................................................................................. 128
8.2 Custo estimado do investimento .......................................................... 129
9 CONCLUSÃO .......................................................................................... 133
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 137
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ENCAMINHADO A TODOS OS POLICIAIS
MILITARES DO ESTADO DE SÃO PAULO .......................................................... 145
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO ENCAMINHADO AOS POLICIAIS MILITARES
QUE TESTARAM O EPI......................................................................................... 163
APÊNDICE C – PROPOSTA DE ANEXO AO R-5-PM (EPI) ................................. 169
APÊNDICE D – MEMORIAL DESCRITO DO EPI PARA O POLICIAL MILITAR
MOTOCICLISTA .................................................................................................... 171
APÊNDICE E – PROPOSTA DE INCLUSÃO AO ANEXO II DO R-5-PM (USO DE
OUTROS ACESSÓRIOS) ...................................................................................... 173
33

1 INTRODUÇÃO

Com a chegada do pensamento sistêmico e o advento do suporte doutrinário


da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP, 2010), a Instituição passou a
promover cada vez mais a busca pela excelência em sua gestão. Isto trouxe melhorias
indiscutíveis na gestão da organização, promovendo uma prestação do serviço de
qualidade cada vez mais presente em nosso estado.
Como medida para a prestação do serviço de qualidade, encontram-se as
execuções de diversas missões de polícia ostensiva e preservação da ordem pública,
isto por mister constitucional conhecido em nosso texto magno:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e


responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
[...]
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...]
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação
da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das
atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de
defesa civil. (BRASIL, 1988)

Dentro das mais diversas missões desempenhadas pela Polícia Militar do


Estado de São Paulo (PMESP) pode-se extrair os Programas de Policiamento, que
estão definidos no Sistema de Gestão da Polícia Militar do Estado de São Paulo
(GESPOL) como:

[...] subdivisões dos tipos de policiamento ostensivo, voltados para


determinadas necessidades do cliente-alvo, constituídos por
conjuntos de diretrizes e projetos de implantação duradoura,
ajustáveis ao longo do tempo, que traduzem a estratégia operacional
da Instituição e são planejados para atendimento das demandas por
segurança pública do Estado de São Paulo. (PMESP, 2010, p. 67-68)

Os Programas de Policiamento significam por si só a distribuição racional e


científica dos meios materiais, humanos e tecnológicos da Força de Patrulha
disponíveis para o patrulhamento ostensivo em determinada região, área ou subárea,
buscando o atendimento global por parte da PMESP, conduzindo à maior eficiência
operacional, com o máximo de aproveitamento da estrutura, levando ao aumento da
eficácia (PMESP, 2010, p. 67 e 68).
34

Esta sistemática de distribuição da força de trabalho policial foi implementada


em meados de 2005 com a edição das Diretrizes dos respectivos Programas, sendo
distribuídos em 7:
a) Programa de Policiamento Radiopatrulha – Atendimento “190” Programa de
RP);
b) Programa de Policiamento de Força Tática (Programa de FT);
c) Programa de Policiamento Integrado;
d) Programa de Policiamento de Trânsito;
e) Programa de Policiamento com Motos (Programa ROCAM);
f) Programa de Policiamento Escolar;
g) Programa de Policiamento Comunitário.

A organização da Gestão Operacional em Programas de Policiamento


possibilita vantagens quanto à padronização, gerenciamento, treinamento,
planejamento logístico, entre outras, mas também permite a identificação prática de
aspectos que prescindem melhorias e ações corretivas, isto em virtude da
especialização que se coloca ao profissional que desempenha determinada atividade.
Com o crescimento exponencial do volume de veículos nas grandes cidades
paulistas, em especial na capital do estado, o patrulhamento ostensivo e a capacidade
responsiva à demanda de Emergência “190” foi se deteriorando em virtude do tráfego
intenso de veículos em todas as faixas horárias do dia, mais ainda nos ditos “horários
de pico”.
Este cenário exigiu o incremento no Programa de Radiopatrulha – Atendimento
“190”, ao qual foi adicionado o emprego de motocicletas nesse tipo de prestação de
serviço, modalidade de policiamento hoje conhecida como Radiopatrulha com
Emprego de Motocicletas (RPM).
Para o presente estudo foram destacados do contexto explanado as duas
modalidades de policiamento que têm como ferramenta principal as motocicletas,
diga-se o Programa de Policiamento de Motocicletas (ROCAM) e o emprego de
motocicletas no Programa de Radiopatrulha – Atendimento “190” (RPM) além de
outras atividades desenvolvidas com o uso do veículo duas rodas, tais como a Escolta
e Batedores, o Policiamento de Trânsito Urbano e Rodoviário com motocicletas e o
estafeta.
35

Além de ostensividade oferecida de maneira bastante eficiente, visto pelas


cores do equipamento trajado pelo policial militar (capacete) e pela extensão da
patrulha na via, pois duas motocicletas em deslocamento ocupam uma área maior do
que uma viatura de porte pequeno, a atividade desenvolvida pela PMESP com
motocicletas tem como objetivo principal a responsividade, que se caracteriza pela
importância que existe do tempo resposta de um sistema policial sobre a sua eficácia,
pois além do fato da pronta resposta ampliar a probabilidade de detenção de um
infrator, ela aumenta no público a certeza no atendimento por parte da polícia, o que
se concretiza em satisfação da comunidade, grande captadora dos serviços da
PMESP, e seu consequente encontro com a excelência (PMESP, 2006).
Em outro ponto, a Polícia Militar possui padronização bem clara e rígida de
uniformes e fardamentos que está concretizada em seu Regulamento de Uniformes
(R-5-PM).
A rigidez da Instituição no que diz respeito ao aspecto da apresentação pessoal
e da padronização de seus uniformes tem origem em sua estética militar, a qual tem
como cultura o asseio e a representatividade que o fardamento propicia. A importância
do uniforme policial também se verifica na definição de polícia ostensiva, que é a
capacidade do policial ser identificado, ainda que de relance, seja pela sua farda,
viatura ou equipamento (PMESP, 2006), e ainda, em um aspecto mais
contemporâneo, pela padronização na gestão global da organização, desde a logística
até a comunicação social pela sedimentação da marca Polícia Militar do Estado de
São Paulo.
O R-5-PM prevê, entre outros, o uniforme operacional do policial motociclista
em seu artigo 46:

Artigo 51 - A composição, a posse e o uso do uniforme B-2


(Operacional Básico Masculino e Feminino – 2 “Policiamento
Motorizado Duas Rodas e estafeta com Moto”) obedecem às
seguintes prescrições:
[...]
§2º - sua composição consistirá em:
1 - capacete de motociclista;
2 - camisa cinza-bandeirante meia manga;
3 - camiseta gola careca cinza-bandeirante;
4 - culote de motociclista cinza-bandeirante;
5 - cinto cinza-bandeirante;
6 - meias pretas;
7 - botas pretas de motociclista;
8 - cinturão preto com complementos;
9 - colete de proteção balística.
36

§ 3º - São peças complementares:


1 - conjunto impermeável de motociclista;
2 - luvas pretas meio-dedo para motociclista;
3 - cachecol cinza-bandeirante;
4 - colete refletivo;,,
5 - braçal preto (ROCAM);
6 - espada (para Oficiais em desfiles e formaturas);
7 - fiador preto (para Oficiais em desfiles e formaturas);
8 - guia de espada preta (para Oficiais em desfiles e formaturas);
9 - jaqueta de motociclista.
§ 4º - São peças substitutivas:
1 - camiseta gola careca preta [exclusivamente para ROCAM do 2º
Batalhão de Policiamento de Choque (2º BPChq)];
2 - gorro com pala cinza-bandeirante (exceto do CPChq);
3 - gorro com pala preto (ROCAM do 2º BPChq);
4 - luvas pretas.
[...]
§6º - seu uso dar-se-á no serviço operacional de policiamento.”
(PMESP, 2018, grifos do autor)

Como problema de pesquisa, buscou-se enfrentar a ausência de previsão


regulamentar para o uso de proteções individuais para o policial motociclista, que por
óbvio está mais exposto ao acidente de trânsito, seja ele ocorrido por qualquer causa.
A ausência do marco regulatório faz o policial submeter-se à condição de risco durante
a sua atividade, expondo-o a possíveis lesões e consequente afastamento do
trabalho.
Insta ressaltar que o R-5-PM ainda possui outro ponto digno de observação.
Ele traz no item 9 do § 3º a composição por “jaqueta de motociclista”, menção
extremamente acertada do ponto de vista da segurança física do condutor. No
entanto, deve-se dizer que o policial em policiamento ostensivo com moto passa a
maior parte do tempo do turno de serviço em patrulhamento, ou seja, deslocamento
lento que o permita observar atentamente o maior número de nuances possíveis.
Pouco tempo de seu período de trabalho o patrulheiro permanece parado ou em
deslocamento de emergência. Esta afirmação pode ser comprovada pela Tabela 1 e
Gráfico 1, retirados da ferramenta inteligente Gestão Operacional1, por meio dos quais
estão expostos os dados referentes ao radiopatrulhamento com motos no ano de 2016
em todo o estado de São Paulo:

1 A ferramenta inteligente Gestão Operacional foi descontinuada pela PMESP, mas até o momento em
que foram extraídos os dados mencionados era uma das principais plataformas de análise criminal e
gestão operacional usadas pelos comandantes de policiamento.
37

Tabela 1 - Distribuição do tempo de patrulhamento. Ano 2016

Fonte: Gestão Operacional

Gráfico 1 - Distribuição do tempo de


patrulhamento. Ano 2016.

Fonte: Gestão Operacional

O território do estado de São Paulo possui variação atmosférica entre os climas


tropical úmido e subtropical, com amplitude térmica considerável em algumas regiões,
podendo-se encontrar variações de temperatura de até 10º C em um mesmo dia. Em
algumas microrregiões do interior do Estado encontram temperaturas ainda mais
quentes, especialmente nos verões.
Por este motivo, a Polícia Militar editou no passado norma que autoriza o
policial militar (PM) a retirar a camisa cinza-bandeirante em períodos quando a
temperatura seja superior a 30º C, permanecendo somente com a camiseta gola
careca, norma esta já revogada.
Cite-se dois desdobramentos do problema a ser enfrentado pela presente
pesquisa. O primeiro deles é que a única proteção de membros superiores que o
policial sobre a motocicleta possui está na citada jaqueta, que contém superfícies de
material específico embutidas no traje que visam a protegê-lo. No entanto, o
patrulhamento em baixa velocidade, especialmente em períodos de forte calor, torna
38

penoso e muito exaustivo o uso da jaqueta, o que coloca o profissional frente a


relevante exposição de seus membros superiores.
Outro problema está no culote mencionado no R-5-PM. Calça “confeccionada
em tecido misto, 50% algodão e 50% poliéster, tela com efeito Rip Stop” (PMESP,
2018, p. 224 e 225), e ainda pelo mesmo descritivo também do R-5-PM: “Reforços: a
peça deverá possuir reforços sobrepostos, do mesmo tecido do culote, pespontado
nas orlas com costura dupla, na parte dianteira dos joelhos e na parte traseira
(fundilho)”. Sem a presença de superfícies apropriadas para impacto ou raladura, o
policial também está com as pernas e joelhos expostos aos riscos ambientais.
As luvas “meio-dedo” protegem as palmas das mãos e as falanges proximais,
deixando as falanges distais e mediais também expostas aos riscos em uma queda.
Em obediência ao Plano de Comando 2018-2019, o Objetivo Estratégico nº 7,
“potencializar os esforços em atividades de prevenção criminal e sua repressão
imediata, com ênfase nos crimes de roubo”, tem como uma de suas iniciativas “investir
na ampliação do Programa de Policiamento com Motocicletas” (PMESP, 2017, p. 19),
o que tem ocorrido desde bem antes da edição deste planejamento estratégico por
consequência do aumento de veículos nas cidades, sejam eles na modalidade
ROCAM ou RPM, aumentando ao longo do tempo a quantidade de veículos 2 rodas
e de policiais empregados neste modelo.
Como resultado, houve percepção de melhoria no atendimento prestado pela
Instituição, mas com isso também se experimentam acidentes, sejam eles de
pequena, média ou grande monta, sem lesões ou com a presença delas, e até mesmo
mortes de militares durante o deslocamento em diversas circunstâncias.
Diversos são os estudos existentes sobre as causas e efeitos dos acidentes de
trânsito envolvendo viatura policial, quatro ou duas rodas, mas o equipamento
utilizado pelo policial motociclista pouco é analisado ou estudado, não como meio de
se reduzir o acidente em si, mas como ferramenta para minimizar as consequências
que o sinistro possa trazer, tais como o afastamento do militar de suas atividades ou
até mesmo seu sequelamento. Ao largo dos poucos estudos existentes sobre o
material de proteção para o motociclista, muito se fala na Instituição sobre a
valorização do policial militar, o incremento de técnicas para preservar sua vida e
integridade física, mas até hoje pouco se evoluiu quando se volta o olhar
especificamente para o motociclista.
39

O estudo proposto tem este viés. O escopo não é a diminuição dos acidentes,
a qual deve ser objeto de ações de conscientização do efetivo policial, treinamento e
capacitação na condução da motocicleta em situações das mais variadas, não só em
terrenos regulares e planos, mas também em condições adversas de pouca aderência
ou mesmo “fora de estrada”, onde as irregularidades do piso obrigam o condutor a
exercer habilidade sobre a motocicleta que não se aplicam às condições normais e
que são inerentes à atividade de policiamento, pois por vezes a motocicleta é o veículo
mais adequado para deslocamento até determinados pontos onde exista a
necessidade de presença policial rápida e eficaz.
O foco do estudo está em demonstrar que é possível diminuir a quantidade,
extensão ou a gravidade das lesões sofridas pelo policial que sofre uma queda na
medida em que estiver trajando Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado
e desenvolvido para este fim, pois além de o material trazer segurança ao operador,
deve também promover relativo conforto ao patrulheiro que o vestirá por todo o turno
de serviço, buscando assegurar a ele mais uma variável de segurança operacional,
prevenindo lesões ou impedindo que elas o afastem da atividade fim.
O objetivo do trabalho é propor a adequação do fardamento do policial
motociclista prevendo o incremento de equipamento de proteção individual que o
defenda de lesões possíveis no caso de acidentes, entregando um anexo ao R-5-PM
para que a referida norma permita o uso desses equipamentos que já se encontram
disponíveis no mercado, diminuindo assim o absenteísmo do militar por decorrência
deste tipo de acidente, o que está profundamente alinhado com o Objetivo Estratégico
nº 4 trazido pelo Plano de Comando 2018-2019:

Objetivo Estratégico nº 4: Aprimorar as ações de proteção da vida, da


saúde física e psicológica do policial militar.
Descrição: O presente objetivo visa aprimorar as ações voltadas à
redução da vitimização do policial militar e à proteção de sua saúde
integral, pela intensificação de medidas de segurança e medicina do
trabalho, prevenção e cuidado físico e mental. (PMESP, 2017, grifo do
autor)

Como objetivos específicos, o trabalho pretende analisar os índices de


acidentes de trânsito e quedas envolvendo os policiais durante a atividade operacional
com motocicletas, elaborando pesquisa quantitativa em base de dados disponíveis na
Polícia Militar sobre a extensão das lesões provocadas nos acidentes e quantificar os
custos da Corporação com estas lesões.
40

Analisar o binômio segurança e conforto de forma que se encontre um


denominador para que as duas características sejam atendidas, observando a estrita
obediência aos Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e ao Tiro Defensivo na
Preservação da Vida – Método Giraldi®.
Verificar por meio de pesquisa qualitativa com aplicação de questionário
dirigido ao policial militar em geral e especificamente ao policial motociclista a
receptividade da organização ao novo equipamento de acordo com sua percepção de
segurança e verificar a percepção de valorização profissional caso o equipamento seja
adquirido e a ele fornecido.
Identificar no mercado equipamentos de proteção individual específicos para
motociclistas que possam atender às necessidades particulares da atividade de
polícia, sem prejuízo da segurança operacional e respeitando a necessidade de
adequação em virtude das demais particularidades da função.
Além disso, foi preparada pesquisa bibliográfica sobre equipamentos de
proteção individual usados em países da Europa e nos Estados Unidos da América
(EUA), além de outras Polícias Militares (PPMM) brasileiras para realizar uma
comparação do que já podemos encontrar no Brasil e no mundo.
O senso comum que trata sobre a condução de motocicletas de forma segura
recomenda o uso das chamadas “proteções individuais” aos condutores e passageiros
de motocicletas, tanto aqueles conhecidos como “de fim de semana”, que utilizam a
motocicleta como objeto de lazer, quanto também os motociclistas profissionais que
utilizam o emprego do veículo duas rodas para desenvolver suas atividades, pública
ou privada.
Ocorre que, no Brasil, a cultura de segurança física e operacional não tem muita
receptividade em qualquer faixa social ou ramo de negócio por representarem, à
primeira vista, um gasto sobressalente para o gestor, sendo os aspectos de
preservação da vida, integridade física ou patrimônio assunto de interesse somente
quando se experimentam prejuízos financeiros ou de imagem.
A Polícia Militar, Instituição perseguidora da Excelência por meio da Inovação,
deve buscar de forma irrestrita quebrar um primeiro paradigma. Em que pese a força
policial paulista seja pioneira em diversos pontos, existem instituições policiais
brasileiras que já adotam as proteções individuais como ferramenta de preservação
do policial e sua consequente valorização, enquanto que a PMESP ainda não possui
previsão regulamentar para o uso destas proteções individuais.
41

Medidas de conscientização do profissional sobre a importância de sua


proteção de nada valem se não houver respaldo regulamentar para que o policial se
sinta seguro do ponto de vista disciplinar para o uso do equipamento.
Existe uma crença entre os policiais militares (PMs) motociclistas de que a
proteção física do profissional não seja tão importante, o que ocorre de maneira oculta
nos corredores dos quartéis, algo natural em uma Instituição que está inserida em
uma sociedade que culturalmente mitiga a importância desse tipo de aparato. Pode-
se traçar um paralelo com a resistência que houve, e ainda há, contra a
obrigatoriedade do uso do cinto de segurança pelos passageiros dos carros, sendo
que até hoje a Polícia Militar não conseguiu inserir em seu profissional a necessidade
do uso do cinto mesmo que haja mandamento legal.
Para que haja ações de educação e conscientização do policial é preciso antes
a criação de um marco regulatório específico para o EPI, pois as citadas proteções
não encontram guarida no Regulamento de Uniformes ou qualquer outra norma da
PMESP.
Superado isto, as lesões e o absenteísmo provocados por acidentes e quedas
dos motociclistas policiais podem ter diminuição considerável com o uso das
chamadas “proteções”, tornando o profissional mais seguro para o desempenho de
sua atividade especializada?
A Polícia Militar, participante da rede nacional “Rumo à Excelência” da
Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), tem como premissa de sua gestão a
valorização do policial militar como um dos objetos principais de seus processos. Esta
preocupação com a valorização do policial militar invariavelmente atinge ações que
visam a evitar a ocorrência de acidentes de trabalho, acidentes de trânsito e outros
eventos que tragam prejuízo aos seus stakeholders2.
A iniciativa privada tem feito investimentos consideráveis na proteção de seus
colaboradores, com treinamentos, palestras, medidas educativas e aquisição de
materiais com o objetivo de mudar o comportamento de seus funcionários e melhorar
a segurança, com resultados que extrapolem até mesmo para os períodos em que
não estejam efetivamente na prestação da atividade fim de sua organização. Isso tem
sido observado em ações de diversas empresas que promovem treinamentos para
seus colaboradores que costumam usar motocicletas particulares para o

2 Stakeholder significa pessoa ou grupo de pessoas que tenham interesse nas atividades de
determinada organização. É também conhecido como “parte interessada”.
42

deslocamento ao trabalho. Com o objetivo de reduzir o volume de acidentes nesses


deslocamentos, os quais implicam prejuízos importantes em consequência das horas
de afastamento dos funcionários, há no mercado empresas especializadas em
instrução e treinamento na condução de motocicletas, as quais são contratadas com
o fim específico de mudar o comportamento dos colaboradores da empresa tomadora
do serviço.
Este movimento tem ocorrido em boa parte em virtude de regulamentação, é
bem verdade, pois a jurisprudência há muito considera o acidente em deslocamento
para o trabalho (ou o inverso) como acidente de trabalho, mas também em virtude de
prejuízos financeiros substanciais das empresas, fruto do afastamento do profissional
acidentado. No entanto, esses investimentos têm tomado outra roupagem, a da
Responsabilidade Social.
A Responsabilidade Social tem conferido às instituições, sejam elas públicas
ou privadas, uma certa chancela da sociedade como organização preocupada com o
bem-estar das pessoas, fato que para uma organização que visa ao lucro pode
significar um passo à frente de seu concorrente e fidelizar o cliente, resultando em
melhora de seu faturamento, que composto com redução dos custos decorrentes dos
afastamentos dos colaboradores, representará ganho financeiro. A Polícia Militar,
embora não seja uma organização que tenha como objetivo o lucro, deve seguir este
movimento.
A valorização do policial militar está intimamente ligada à preservação de sua
vida e de sua integridade. Prova disso são os investimentos na saúde do policial, física
e emocional, entre outras políticas de preservação do bem-estar. Sem dúvida alguma
a valorização do policial militar é, já há algum tempo, um dos focos da Instituição e
motivo de preocupação dos gestores de polícia.
O Plano de Comando 2018-2019, em seu anexo 3, aponta iniciativas a serem
realizadas na área de Gestão de Finanças e Logística, sendo que uma delas é
“aperfeiçoar o uniforme operacional com ênfase na saúde e segurança do policial
militar”, para a qual foi estabelecida prioridade “muito alta”, iniciativa alinhada com o
Objetivo Estratégico nº 3, que visa a “valorizar o policial militar, com ênfase na
atividade operacional” e Objetivo Estratégico nº 4, o qual busca “aprimorar as ações
de proteção da vida, da saúde física e psicológica do policial militar” (PMESP, 2017).
No anexo 2 do mesmo documento do planejamento estratégico policial-militar,
o qual trata de inciativas da área de gestão de pessoas, está clara a intenção da
43

organização em ampliar a disponibilização e emprego de Equipamentos de Proteção


Individual e Coletivo, iniciativa alinhada com os mesmos Objetivos Estratégicos
mencionados no parágrafo anterior, pretendendo diminuir aquilo que o documento
chama de resultados deletérios dos fatores de risco”, isto sob prioridade “alta”
(PMESP, 2017).
A aquisição, gestão e melhoria contínua dos equipamentos de proteção
individual tal como colete de proteção balística e capacetes, entre outros, é mais uma
demonstração do valor que a Instituição presta à segurança do policial. Assim, o
investimento para a regulamentação, aquisição e uso das proteções individuais do
policial motociclista mostra-se extremamente necessário para a busca da preservação
da integridade do homem, ou mulher, policial.
A importância desse ponto é tão forte que se pode até inferir que a
conscientização do policial para utilizar as proteções, em um primeiro momento por
força regulamentar até que se alcance o uso por vontade própria (como foi com o
colete balístico), tornará o policial tão dependente intrinsecamente deste tipo de EPI
que alguns passarão a usar o equipamento também em suas motocicletas
particulares, diminuindo ainda mais o tempo de afastamento dos policiais em
decorrência de lesões provocadas por queda de motocicletas, uma vez que o militar
também é vitimado quando na condição de in itinere.
O índice de acidentes de trânsito com viatura motocicleta tem sido motivo de
preocupação da Instituição, ainda mais quando se leva em consideração a quantidade
de dias de afastamentos que os policiais militares vêm experimentando. Apenas para
se ter uma ideia, dos 234 acidentes de trânsito envolvendo viaturas do Comando de
Policiamento da Capital (CPC) no 1º semestre de 2018, 80 eventos ocorreram com o
Programas de Policiamento com motocicletas (ROCAM e RPM), ou seja, cerca de
34%, perdendo apenas para o Programa de Policiamento de Radiopatrulha –
Atendimento “190” que foram 120 casos, ou cerca de 47% (PMESP, 2018). Para se
ter uma comparação, o CPC possui fixadas em seus quadros específicos 1.357
viaturas para a Radiopatrulha – “Atendimento 190”, enquanto a quantidade de
motocicletas é de 1.006 veículos entre ROCAM e RPM de um total de 3.153 viaturas
operacionais daquele Comando (PMESP, 2017).
Assim como outros equipamentos de proteção individual, houve resistências
iniciais e a sua posterior quebra de paradigma, o que não será diferente com o tema
proposto neste trabalho.
44

Haverá aceitação por parte dos policiais beneficiados com a adequação do EPI
específico para o motociclista onde se incluirá o uso das proteções individuais?
A conclusão do estudo tem aplicação direta na PMESP, pois duas ações são
necessárias para isto. A primeira delas é a regulamentação do equipamento. Em
segundo plano, deve haver a aquisição do material a ser proposto, custo financeiro
que se justificará na medida em que se reduzirem os afastamentos dos policiais em
virtude dos acidentes.
Há viabilidade financeira para a aquisição do material proposto?
Como dito no início, o presente estudo não terá como objetivo a redução dos
acidentes e quedas envolvendo os motociclistas policiais, o que deve ser objeto de
ações em outra frente. O trabalho proposto visa a reduzir as extensões das lesões
causadas pelos acidentes, de forma que as quedas mais simples não signifiquem
afastamento do policial de suas atividades corriqueiras, e que os acidentes de
complexidade maior provoquem lesões menos graves e de fácil recuperação física.
45

2 A HISTÓRIA DO POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS

A história entende que a invenção da motocicleta inicia no começo do século


XIX, quando foi inventada a tração traseira. A partir daí o homem não parou de evoluir
suas engenhocas e desafiar as próprias limitações.
Assim como o avião, a invenção da motocicleta é creditada a inventores de dois
lugares distantes um do outro, mas que têm pesquisas simultâneas sem sequer se
conhecerem. O francês Louis-Guillaume Perreaux3 e o norte-americano Sylvester
Howard Roper4 criaram em 1869 uma espécie de bicicleta equipada com motor a
vapor.
Dois anos antes, Roper havia desenvolvido na cidade de Boston, EUA, o motor
de cilindros a vapor acionado por carvão, e em 1869 o acoplou a uma bicicleta, ficando
sua engenhoca conhecida como velocípede a vapor de Roper (ou Roper steam
velocipede), colocado na Figura 1. O francês Perreaux, em Paris e na mesma época
que seu colega americano, também acoplou um motor a vapor a uma bicicleta, que
ficou conhecida como velocípede a vapor de Michaux-Perreaux (Michaux-Perreaux
steam velocipede), na Figura 2. O nome de Pierre Michaux5 foi incluído nos créditos
da invenção francesa por ter sido ele o inventor da bicicleta de aço.

Figura 1 - Velocípede a vapor de Roper.

Fonte: (D'ORLÉANS, 2017)

3 Louis-Guillaume Perreaux (19 fev. 1816 – 5 abr. 1889) foi um engenheiro e inventor francês que
registrou uma das primeiras patentes de uma motocicleta em 1869. (WIKIPEDIA, 2018, tradução do
autor).
4 Sylvester Howard Roper (24 nov. 1823 – 1 jun. 1896) foi um inventor norte americano da cidade de
Boston, Massachussets, e pioneiro na construção de automóveis e motocicletas. Em 1863, ele
construiu uma carruagem à vapor, um dos primeiros automóveis. Ele também inventou a espingarda
e o revólver com repetição. (WIKIPEDIA, 2018, tradução do autor).
5 Pierre Michaux (25 jun. 1813 – 1883) era um serralheiro que fornecia partes para o mercado de
carruagens de Paris durante as décadas de 1850 e 1860. Ele provavelmente se tornou o inventor da
bicicleta quando adicionou pedais a um trólei. (WIKIPEDIA, 2018, tradução do autor).
46

Figura 2 - Velocípede a vapor de Michaux-Perreaux.

Fonte: (MATT, 2011)

No entanto, é à Hildebrand & Wolfmüller6 que é dado o título de primeira


motocicleta produzida industrialmente e que teve a patente registrada em 1894. Este
modelo teve uma produção de 200 exemplares (Figura 3), mas seu alto preço e a
necessidade de melhorias no design fizeram as motocicletas Hildebrand & Wolfmüller
não terem muito sucesso. A fábrica fechou em 1919, logo após a Primeira Guerra
Mundial.

Figura 3 - Motocicleta Hildebrand & Wolfmüller.

Fonte: (WIKIPEDIA, 2018)

No Brasil as motocicletas começaram a desembarcar no início do século


passado. Uma infinidade de marcas, em geral norte-americanas e europeias,
chegando a cerca de 19 marcas nos primeiros dez anos do século. Algumas marcas

6 The Hildebrand & Wolfmüller. Heinrich and Wilhelm Hildebrand eram engenheiros de motores à vapor
antes mesmo da adesão de Alois Wolfmüller ao grupo para produzir seu motor de combustão interna
em Munique em 1894. (WIKIPEDIA, 2018, tradução do autor).
47

da época são conhecidas até hoje, como a Harley-Davidson e a Indian (norte-


americanas), a belga FN, a inglesa Henderson e a alemã NSU. As marcas japonesas
começaram a chegar ao Brasil no final da década de 30, e as conhecidas BMW
(alemã) e a britânica Triumph chegaram depois da Segunda Guerra Mundial (VIAGEM
DE MOTO, [201-]).

2.1 A história do policiamento com motocicletas no mundo

De tempos em tempos as guerras são as responsáveis pelos grandes avanços


tecnológicos da humanidade. Desde avanços nas táticas e estratégias de campanha
até saltos tecnológicos experimentados pelas forças de guerra que surtem efeitos para
as sociedades mesmo após o armistício. O desenvolvimento e emprego de
equipamentos, conceitos e tecnologias em geral ocorre pioneiramente em cenários de
conflito armado.
Com a motocicleta não poderia ser diferente:

As alternativas que a nova invenção trazia não passaram


desapercebidas pelos militares que, prontamente, fizeram uso da
motocicleta, nas Guerras Mundiais. Foram utilizadas nos mais
diversos serviços, quais sejam, atividades de reconhecimento,
controle de trânsito, fiscalização em geral (inclusive de polícia) ou,
ainda, como fogo de apoio, com uma metralhadora instalada em um
sidecar (carro lateral). Tal conceito ainda é utilizado pelas forças
armadas russas com motos inspiradas na época, muito utilizadas pela
Wehrmacht, na Segunda Guerra Mundial. (SILVA, 2017, p. 24)

Em que pese a utilização da motocicleta como equipamento de uso militar para


guerra, há registros internacionais sobre a criação de grupos de policiais sobre
motocicletas nos Estados Unidos, como se pode encontrar anotações sobre essas
unidades nas pequenas cidades de Peoria, Ilinois (1904), Des Moines, Iowa (1905),
Newark, Nova Jersei (1905) e Saint Louis, Missouri (1905), esta última na Figura 4.
(Police Motor Units, [201-]).
48

Figura 4 – “St. Louis Metro Police Department Motor


Unit”.

Fonte: St. Louis MO Metro Police Department

Mesmo durante as últimas décadas do século passado as motocicletas mais


conhecidas foram da California Highway Patrol (CHP) em decorrência do seriado de
televisão “CHIPs”7 que divulgou e influenciou as unidades de policiamento com
motocicletas nos EUA e no Brasil. O seriado de televisão apenas tornou conhecido
talvez o mais antigo grupo de policiamento com motocicletas ainda em atividade
atualmente, pois a criação daquela instituição registra o ano de 1929, quando se
iniciou eminentemente composta por motocicletas (Figura 5).

Figura 5 – California Highway Patrol.

Fonte: (Police Motor Units., [201-]).

7 Seriado norte americano produzido pela MGM Television durante os anos de 1977 a 1983 e exibido
pela rede NBC. No Brasil, foi exibida pela TVS (hoje SBT) e TV Record.
49

No Velho Mundo os registros sobre instituições policiais que lançam mão da


motocicleta como meio de locomoção se iniciam em 1930, com a criação da Motor
Traffic Patrols da Polícia Metropolitana (Scotland Yard) no Reino Unido (Figura 6),
hoje Roads and Transport Policing Command - Comando de Policiamento de
Transportes e Rodovias (tradução do autor). Tanto a Met Police como a City of London
Police, ambas com atribuição do policiamento na região metropolitana da capital
inglesa, são instituições extremamente respeitadas.

Figura 6 - Policial da Polícia


Metropolitana do Reino Unido
(Scotland Yard).

Fonte: (Police Motor Units, [201-])

2.2 As origens no Brasil

No Brasil, a primeira notícia que se tem do uso militar da motocicleta foi em


1936 pelo Exército Brasileiro em suas polícias especiais (Polícia do Exército), que
usavam o modelo M86 da belga FN. Mais tarde a motocicleta serviu na Segunda
Guerra Mundial participando na Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Itália, a
partir de 1944. Nessa época a moto empregada foi o modelo WLA 42, da americana
Harley-Davidson (EXÉRCITO BRASILEIRO, [2017?]), mostrada na Figura 7.
No entanto, a primeira instituição pública brasileira a empregar a motocicleta foi
o Corpo de Bombeiros.
50

Figura 7 – Modelo Harley-Davidson WLA 42 da FEB na


Segunda Guerra Mundial.

Fonte: (MIOTTO, 2012)

2.2.1 A CRIAÇÃO EM SÃO PAULO

A primeira instituição pública no Brasil a utilizar a motocicleta como ferramenta


de trabalho foi o Corpo de Bombeiros da Força Pública de São Paulo. De acordo com
registros históricos, em 1930 o Corpo de Bombeiros adquiriu algumas motocicletas
Harley-Davidson para representações e para abrir caminho para os caminhões de
combate a incêndio. No entanto, somente em 1947 o então Governador de São Paulo
Adhemar de Barros criou o Pelotão Motorizado, composto por um Tenente PM (Ten
PM) Comandante, um Subtenente PM (Subten PM) e 48 Sargentos PM (Sgt PM),
Cabos PM (Cb PM) e Soldados PM (Sd PM), com sede no Batalhão de Guardas.
Naquele mesmo ano o Pelotão Motorizado transformou-se em Pelotão de
Escolta de Motociclistas com a missão de escolta e segurança do Governador do
Estado.
Em 05 de novembro de 1982 foram então criadas as Rondas Ostensivas com
Apoio de Motocicletas (ROCAM), com sede no 1º Batalhão de Polícia de Choque
(BPChq) e finalidade de atuar nos centros comerciais e bancários em apoio às
Organizações Policiais Militares (OPM) territoriais na cidade de São Paulo (PMESP,
1982). Seu efetivo inicial era de 134 policiais militares e sua frota iniciou com 12
automóveis VW/Gol e 100 motocicletas Yamaha/RX-180.
A ROCAM rapidamente se destacou como uma modalidade de policiamento
dinâmica, em especial por causa do tráfego de veículos na capital paulista, já bastante
intenso.
51

Em 1985 a ROCAM foi transferida para o 2º BPChq, quando passou a executar


também, além de suas missões de início, atividades de Controle de Distúrbios Civis
(CDC) e patrulhamento em área externa de eventos esportivos. Em 1999 o Pelotão
de Escoltas que antes estava subordinado ao Centro de Suprimento de Material de
Motomecanização (CSM/MM)8 também passou a integrar a ROCAM no 2º BPChq.

2.2.2 A MOTIVAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO

A implantação da estrutura da ROCAM da Polícia Militar do Estado de São


Paulo foi se alterando com o passar dos anos. Assim como a natureza dinâmica de
sua modalidade, a motivação para a sua existência encontrou necessidade de
evoluções a fim de atender as diversas demandas que foram surgindo. Uma das
justificativas existentes foi o aumento do tráfego de veículos na capital paulista, motivo
que, se em 1982 era um dos fundamentos encontrados pelos idealizadores do
patrulhamento com motocicletas, talvez atualmente seja o grande trunfo que a Polícia
Militar tenha para romper a dificuldade do trânsito de veículos na cidade de São Paulo
e nas grandes cidades do interior.
O complexo e mais do que intenso trânsito de automóveis, que atualmente não
obedece a padrões antes percebidos como “hora do rush” ou grandes avenidas, e o
crescente uso de motocicleta por parte de infratores para a prática de seus crimes
motivou a ampliação da modalidade de patrulhamento com motocicletas para além do
2º BPChq na última década.
Destaca-se neste ponto a criação da ROCAM como Programa de Policiamento
(e não mais somente vinculada ao 2º BPChq), cujo efetivo, viaturas e operações estão
subordinadas aos batalhões territoriais. Mais recentemente houve a criação das RPM,
subordinadas às Cias PM territoriais, que visam ao atendimento de ocorrências em
menor espaço de tempo, a chamada responsividade (PMESP, 2010).

2.2.3 A ESTRUTURA ATUAL

Atualmente a modalidade de policiamento com motocicletas está distribuída na


PMESP de acordo com a especialidade e com a territorialidade. As motocicletas

8 Atual Centro de Motomecanização (CMM).


52

policiais estão em todos as OPM territoriais do estado, assim como há a Unidade


Operacional (UOp) subordinada ao CPChq.
A estrutura do policiamento com motocicleta na PMESP está assim distribuída:
a) ROCAM (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas) no 2º BPChq:
existem duas Cia PM (3ª e 4ª Cia) subordinadas ao 2º BPChq;
b) ROCAM (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas) em BAEP:
existem 4 (quatro) BAEP na PMESP os quais desenvolvem patrulhamento
com motocicletas por meio de suas ROCAM, cada qual com sua estrutura
organizacional própria;
c) ROCAM (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas) em Batalhões
territoriais: cada OPM com responsabilidade territorial possui motocicletas
fixadas para o desenvolvimento do Programa ROCAM, em geral
subordinadas às Cia FT;
d) RPM (Radiopatrulha com Motocicletas): motocicletas empregadas nas Cia
PM territoriais para patrulhamento e atendimento “190” de ocorrências;
e) CPRv: motocicletas do policiamento rodoviário, disponíveis para
patrulhamento em toda a malha rodoviária. Neste Comando a modalidade
de policiamento com motocicletas está disponível nas Cia PM com
responsabilidade por território e nas Cias PM com (Tático Operacional
Rodoviário (TOR), onde são denominadas ROCAM.
f) CPTran: patrulhamento de trânsito urbano desenvolvido com motocicletas
na cidade de São Paulo;
g) CPAmb: patrulhamento ambiental desenvolvido com motocicletas;
h) Corpo de Bombeiros: fora do policiamento, o Corpo de Bombeiros emprega
motocicletas para atendimento de emergências chamado MOB (Moto
Operacional de Bombeiros), que tem o objetivo levar o socorrista mais
rapidamente ao local onde se encontra a vítima de trauma, a fim de prestar
os primeiros socorros no menor espaço de tempo possível.
53

3 EQUIPAMENTOS USADOS NO MUNDO

Para se ter uma referência ou benchmarking9 sobre as proteções para


motociclistas, é necessário verificar como o mundo interage com este assunto, dentro
e fora das forças de segurança.
Neste capítulo serão mostrados como o esporte utiliza as proteções e também
as polícias na Europa e EUA, além das Polícias Militares no Brasil.

3.1 Equipamentos usados no esporte

Um dos setores do motociclismo mais interessados na proteção física do


condutor da motocicleta é o esporte. Associações de atletas profissionais e entidades
organizadoras de eventos esportivos, torneios e campeonatos por todo o mundo têm
como premissa a preservação do atleta. Obviamente que o interesse pode ser
representado pelo fator econômico, uma vez que o afastamento do atleta de suas
atividades por conta de lesões representa prejuízo financeiro aos envolvidos no
negócio, equipes, patrocinadores e terceiros interessados direta ou indiretamente no
lucro.
Pensar em segurança física para o atleta, especialmente os chamados “de
ponta” é também uma premissa na qual os próprios esportistas profissionais estão
empenhados, pois sua saúde e bem-estar físico são meios de seu próprio negócio.
O motociclismo esportivo está basicamente dividido em duas especialidades, a
saber On Road e Off Road.
O motociclismo On Road está ligado a todas as atividades desempenhadas em
pista asfaltada, esportiva ou não, em que o controle da motocicleta é mais estável em
decorrência das características do solo, pois as ocorrências de buracos, obstáculos,
degraus e outras dificuldades, quando não são conhecidas pelo piloto, ao menos
apresentam uma visibilidade e previsibilidade maior. O motociclismo On Road é
caracterizado por postura de pilotagem e condução onde se desenvolve maior

9 Processo de comparação de produtos e serviços de corporações de mesmo negócio. É a busca das


melhores referências e práticas realizadas pelas organizações de mesmo “mercado” (SHERMANN,
2017).
54

velocidade, com motocicletas que possuem menor distância do solo 10 por serem os
princípios de aerodinâmica de extrema importância para o desempenho.
O motociclismo Off Road é a atividade desenvolvida nos chamados terrenos
“fora de estrada”, que não possuem pavimentação ou que não tenham sido
concebidos para o deslocamento de veículos automotores, com piso em geral coberto
por cascalho, terra ou mesmo barro. Terrenos com essas características exigem
motocicletas com maior distância do solo e aro de roda dianteira maior do que da roda
traseira. Neste tipo de motociclismo a velocidade nem sempre é o aspecto mais
desejado, embora ainda muito importante em algumas modalidades, mas outras
qualidades também vêm a somar importantes vantagens como estabilidade, força e
resistência.

3.1.1 AS PROTEÇÕES EM COMPETIÇÕES ON ROAD OU EM ESTRADA

Como dito, a modalidade esportiva On Road tem características de pilotagem


em ambientes asfaltados e, por isso, mais previsíveis. Em decorrência disso o maior
diferencial dos esportes de motociclismo “dentro de estrada” é a velocidade. A
Federação Internacional de Motociclismo (FIM)11 faz pouca menção sobre
obrigatoriedade de proteções individuais nos regulamentos de suas competições de
motovelocidade. Somente no regulamento da “Superbike” a entidade diz: “Corredores
devem vestir trajes com camada adicional ou outra proteção nos principais pontos de
contato, joelhos, cotovelos, articulações, quadril etc.” (FEDERAÇÃO
INTERNACIONAL DE MOTOCICLISMO, 2018, p. 210, tradução do autor). No entanto,
as proteções não são tratadas como algo compulsório nos regulamentos de
competições de motovelocidade porque o emprego da velocidade conduz o senso
comum a obrigar os esportistas a utilizá-las, assim como motociclistas de velocidade
de “fim de semana”, como são vistos nas rodovias próximas à capital paulista. Assim,
os equipamentos de proteção específicos para os atletas de velocidade exigem
algumas particularidades.

10 Distância mínima do solo, altura mínima do solo, distância do solo, vão livre do solo ou “luz” é a
distância medida entre o ponto mais baixo da motocicleta (excluindo os pneus) e o solo.
11 A Fédération Internationale de Motocyclisme é a maior entidade do motociclismo no mundo,
organizadora dos eventos de competição mais conhecidos, como a MotoGP e Superbike
(motovelocidade) e o SuperMoto e MXGP (Motocross).
55

O capacete possui características aerodinâmicas próprias para o avanço com


pouca resistência. Possui dimensões menores, principalmente na parte frontal, pois o
arrasto aerodinâmico12 causado pela superfície mais extensa causaria maior
dificuldade ao piloto em manter a cabeça firme em alta velocidade, além de prejudicar
a performance quando em corrida. Em geral os capacetes dos pilotos de ponta são
feitos sob medida.
O macacão deixa o piloto com uma postura estranha quando fora da moto. A
coluna fica curvada à frente e com os braços afastados da lateral do corpo, além das
pernas permanecerem ligeiramente flexionadas. Esta postura é forçada pelo traje para
que, sobre a moto, o piloto assuma a postura mais adequada de forma mais fácil.
Além de um aparato de air bag específico (obrigatório desde a temporada
2018), os pilotos também se protegem com um protetor de coluna e um protetor de
tórax. As botas são de cano médio, mas com tornozelos e pés bem firmes.
Os cotovelos e joelhos recebem especial atenção. Durante as curvas, os pilotos
raspam as extremidades dos joelhos e dos cotovelos no asfalto como forma de
proporcionar estabilidade nas manobras (Figura 8). Por este motivo os macacões
trazem fixados os chamados sliders ou “saboneteiras”, pequenas superfícies
resistentes que protegem os joelhos e cotovelos do piloto.
As luvas, como não poderia ser diferente, também são equipamentos
obrigatórios e devem ter uma alta resistência à abrasão. Nas quedas o motociclista
instintivamente leva primeiro a mão ao solo para se proteger, e uma queda a 250 km/h
levará o piloto a deslizar pela pista por uma distância considerável.
As botas fixam os tornozelos para que não haja entorse em um acidente, além
da resistência à abrasão.

12 Arrasto aerodinâmico é a resistência ao avanço de um corpo submerso em um fluído (ROCHA, 2009,


p. 30).
56

Figura 8 - Motocicleta de MotoGP13 em curva.

Fonte: (FIGUEIREDO, 2013)

3.1.2 AS PROTEÇÕES EM COMPETIÇÕES OFF ROAD OU FORA DE ESTRADA

As competições Off Road ou fora de estrada possuem caraterísticas bem


distintas da motovelocidade. São competições cuja característica principal é ausência
de asfalto, e por isso, ocorrem sobre piso eminentemente irregular, de terra ou barro,
de pouca aderência e com buracos, valetas e proeminências dos mais variados níveis,
além de serem forrados com pedras, pedriscos e muita sujeira.
Apesar de algumas competições dessa categoria possuírem uma certa
velocidade como característica, como por exemplo o MotoCross, que pode apresentar
competições mais comuns como a Arena Cross14, a Cross Country15 e o Enduro,
outras são diferenciadas pela pouca ou nenhuma velocidade em detrimento da
dificuldade para o atleta avançar no terreno, como o Trial ou trilha.
Enquanto nas competições de motovelocidade o conjunto moto-piloto pode
atingir velocidades de até 300 km/h, nas competições Off Road a velocidade chega
até em torno de 80 km/h, fazendo com que essa modalidade seja a que mais se
assemelha à atividade policial sobre a motocicleta.
Apesar da baixa velocidade das competições fora de estrada, a irregularidade
e pouca aderência das pistas provoca um número elevado de quedas. Competidores
dessas categorias sabem que as quedas são eventos ditos normais e corriqueiros nas

13 MotoGP é uma categoria competição mundial do motociclismo que envolve motocicletas de 500cc.
14 É a versão nacional do Supercross de motocross em que a arquibancada tem formato de arena.
15 Modalidade em que se disputa com motocicletas na área rural.
57

baterias de competições, qualificações e treinos. Por isso, as proteções individuais


são fundamentais.
Ainda assim, os regulamentos das competições não especificam quais
equipamentos de proteção os atletas devem usar, variando o nível de recomendação
de uma competição para outra. A FIM estabelece em seu “Regulamento Técnico de
Motocross” que é compulsório o uso de macacão ou calças e camisas de manga
comprida, determinado que os competidores usem protetores de coluna e peitoral,
mas o mesmo regulamento apenas recomenda que se use também protetores de
ombros, cotovelos e joelhos, não sendo estes aparatos obrigatórios. Para a categoria
SuperMoto16, que emprega mais velocidade, a entidade obriga os pilotos a trajarem
macacões com tecido de 1,2 mm mínimos de espessura, com proteções nos principais
pontos de contato do corpo (cotovelos, ombros, antebraços, quadril e joelhos). As
luvas são equipamentos obrigatórios em todas as modalidades. (FEDERAÇÃO
INTERNACIONAL DE MOTOCICLISMO, 2018, p. 36).
No entanto, prevalece o senso comum entre os profissionais da categoria
(pilotos e equipes) da necessidade mandatória do uso de proteções para os joelhos e
cotovelos, além das luvas. Talvez seja este o motivo de a entidade mais importante
do esporte em duas rodas não delimitar a obrigatoriedade do EPI.
As botas possuem um desenho bastante específico, com cano de 30 cm de
altura, bicos e calcanhares revestidos em aço e a região dos tornozelos impedindo
que a articulação se flexione, protegendo o piloto de entorses e lesões fruto de impacto
na ponta dos pés e calcanhares.
O capacete também obedece a um desenho peculiar. Como a velocidade não
é um fator por vezes diferencial o capacete não tem obrigatoriedade de ser uma
superfície com extrema aerodinâmica17, mas deve ter a região do queixo protuberante
para facilitar a ventilação e respiração do piloto, e sem viseira, pois são utilizados
óculos especiais (Figura 9).

16 Modalidade de competição híbrida onde os competidores correm com motocicletas típicas de off road
em pista de asfalto e também de terra, ambas sem obstáculos.
17 “Superfícies aerodinâmicas são aquelas partes da aeronave que produz o mínimo de arrasto quando

estão em deslocamento [...]” (ROCHA, 2009).


58

Figura 9 - Conjunto moto-piloto de motocross com as


proteções.

Fonte: (HAAS, 2015)

3.2 Equipamentos utilizados pelas forças de lei internacionais

Há o senso comum nos países em desenvolvimento que as forças policiais da


Europa e EUA são referências para os quais as polícias do mundo, inclusive as
brasileiras, devem apontar. Na Europa se destacam instituições policiais cujo respeito
e legitimidade conferidos pelas comunidades são destaques na literatura policial,
como por exemplo a Metropolitan Police e a City of London Police. No entanto, os
procedimentos operacionais ainda são uma questão que encontra bastante
dissonância no Velho Mundo. A cultura policial europeia confere mais valor ao respeito
e à legitimidade da ação policial do que à própria qualidade desta ação. Para as
motocicletas policiais, as polícias europeias são mais preocupadas com questões de
segurança de tráfego propriamente ditas do que com a segurança física de seus
patrulheiros. A prioridade está nos trajes, os quais sempre aparecem com cores
vibrantes e refletivas com o fim de proporcionarem, além de mais ostensividade na
presença da polícia, visibilidade da motocicleta para outros condutores da via.
O autor pesquisou nas instituições policiais da Europa e da América alguns
referenciais sobre como as organizações daqueles países enfrentam o assunto
“segurança dos agentes”. A dificuldade em encontrar respostas nas instituições
europeias obrigou o pesquisador a buscar fontes secundárias, com ilustrações e
alguns registros fotográficos que pudessem oferecer ao menos um referencial de
comparação, ficando possível reduzir esta pesquisa comparativa em algumas
conclusões colocadas nas respectivas análises a seguir.
59

3.2.1 A EXPERIÊNCIA EUROPEIA

Em geral, a organização das polícias na Europa é muito semelhante, em


especial nos países de origem latina. Espanha, França, Itália e Portugal apresentam
estrutura de segurança pública nacionalizada e bipartite, sempre com uma polícia de
caráter civil, normalmente com responsabilidade de policiamento em suas capitais e
grandes cidades, e outra, militar, responsável pelo interior dos países, fronteiras,
portos e rodovias. Em alguns desses países surgem polícias locais ou municipais,
mais voltadas para o patrulhamento de bairro e de proximidade com a comunidade.
Nos países de língua saxã o modelo estrutural é um pouco diferente. Apesar
dessa diferença de modelo entre os países de língua latina e saxã, a motocicleta é em
geral empenhada para as atividades de segurança viária, podendo ser vistas como
ferramenta de ações contra delitos comuns em Portugal, por exemplo, que possui uma
especialidade muito semelhante ao uso das motos feito no Brasil.

3.2.1.1 A POLÍCIA ALEMÃ

A Alemanha possui uma estrutura policial muito semelhante à brasileira. Apesar


de ter uma polícia de caráter nacional chamada Bundespolizei, que é a polícia federal
uniformizada responsável pela fronteira e resposta a graves perturbações de ordem
pública, como terrorismo por exemplo, o policiamento ostensivo é organizado pelos
16 estados que compõe a República Federal da Alemanha.
As Landespolizei são as polícias estaduais alemãs responsáveis pelo
policiamento ostensivo em todas as suas esferas, seja nas cidades, no campo e nas
rodovias. A diversidade de corporações naquele país impossibilita pesquisa de todas
as organizações alemãs, mas os registros encontrados mostraram policiais com os
mais variados uniformes, trajando roupas largas, sempre com jaquetas compridas,
podendo-se observar o detalhe de alguma superfície resistente por baixo das calças
na altura do joelho, o que denota a existência de alguma proteção para os membros
inferiores, como exemplifica a Figura 10.
60

Figura 10 - Policial alemã sobre a motocicleta.

Fonte: (Quora, 2017)

3.2.1.2 A POLÍCIA ESPANHOLA

A organização policial na Espanha é uma das mais complexas de toda a


Europa, possuindo divisões nacionais, regionais e locais e com algumas funções
concorrentes entre elas, isto em virtude da também complexa organização social e
política daquele país.
O Cuerpo Nacional de Policía (CNP), Corpo Nacional de Polícia em uma
tradução livre, também é conhecido como Polícia Nacional e tem caráter civil, sendo
responsável pelo policiamento nas grandes cidades, mas a sua autoridade é limitada
em regiões autônomas como os países bascos, Catalunha e Navarra, por exemplo.
Os motociclistas da Polícia Nacional não utilizam proteções individuais para os
joelhos ou cotovelos, sendo vistos somente com luvas, como ilustra a Figura 11.

Figura 11 - Policial do CNP em Pontevedra, Espanha.

Fonte: (PUGA; PATXOT, 2017)


61

A Guardia Civil (Guarda Civil) é a polícia militar da Espanha, responsável pelo


policiamento fardado das regiões do interior do país, dos portos e das rodovias, em
que as motocicletas são geralmente empregadas com cores predominantes da
instituição, verde e branca. Na Figura 12 observa-se que as calças são relativamente
largas e permitem que o policial use uma espécie de proteção para os joelhos, sem
ser possível, no entanto, precisar se se trata de equipamento fixado direto ao corpo
do agente ou se está conjugado com o traje.

Figura 12 - Policial da Guarda Civil espanhola.

Fonte: (WIKIMEDIA COMMON, 2009)

3.2.1.3 A POLÍCIA FRANCESA

Assim como outros exemplos europeus, a segurança pública ostensiva na


França é dividida basicamente por duas instituições responsáveis pelo policiamento
fardado. A Police Nationale (Polícia Nacional) é uma organização civil responsável
pelo policiamento ostensivo da capital Paris e das cidades maiores do território
francês.
Com atividades de patrulhamento com vistas a delitos e fiscalização de trânsito
das cidades, os motociclistas da Polícia Nacional francesa não utilizam qualquer tipo
de proteção individual, exceto o capacete e luvas, conforme o exemplo da Figura 13.
62

Figura 13 - Policial da Polícia Nacional em Nice.

Fonte: (Alamy, 2018)

Por outro lado, a famosa Gendarmerie Nationale é a polícia militar,


responsável pelo policiamento ostensivo nas pequenas cidades do interior e nas
rodovias, além de ser a reserva das Forças Armadas. Seus motociclistas são vistos
utilizando roupas largas e confortáveis, ideais para a atividade sobre moto. É possível
perceber também uma certa proteção para os joelhos que está colocada sob as
calças, como na Figura 14.

Figura 14 - Policial da Gendarmerie

Fonte: (FLICKR, 2011)

A Gendarmerie respondeu a solicitação do autor por meio de um aplicativo de


mensagens instantâneas da rede social Facebook, o Messenger, e apresentou um
vídeo onde um motociclista gendarme exibe as proteções, percebidas como
conjugadas às roupas na altura dos joelhos e dos cotovelos, dos ombros e coluna. O
63

que chama mais atenção no vídeo é o dispositivo de air bag18 colocado na jaqueta do
uniforme do policial, como mostra a Figura 15, uma fotografia retirada aos 45
segundos do vídeo.

Figura 15 - Air bag na jaqueta do fardamento


gendarme.

Fonte: (LOIR-ET-CHER, 2016)

Na França há uma terceira força policial de organização mais recente que é a


Police Municipale (Polícia Municipal), cuja organização é de responsabilidade de
cada cidade, é também voltada ao policiamento ostensivo, mas dito de proximidade
da comunidade, enquanto que as polícias nacionais têm caráter maior de intervenção
policial e garantia da ordem pública.
Como a Polícia Municipal tem cada qual a sua organização e estrutura, não
existe uma padronização quanto ao uso de fardamento e de equipamentos de
proteção individual entre as instituições, motivo pelo qual o trabalho não buscou
verificar esse quesito.

3.2.1.4 A POLÍCIA ITALIANA

18 O air bag ou jaqueta com insuflação a gás é um sistema de proteção para motociclistas com
enchimento instantâneo de um colchão de ar colocado na parte interna da jaqueta e conectado à
motocicleta por meio de um cabo de aço. Quando o motociclista sofre um acidente e é projetado da
motocicleta, o cabo se rompe e aciona um cilindro de Dióxido de Carbono (CO²) também fixado na
jaqueta, inflando o air bag.
64

Entre as instituições policiais mais conhecidas da Itália estão os Carabinieri,


polícia militar nacional com atribuições ditas militares e também policiais, como ações
em desastres naturais, operações militares dentro e fora do território nacional e
também funções de segurança e ordem pública (ITÁLIA, 2018). A Arma dei Carabinieri
é uma das quatro forças armadas da Itália e uma das cinco instituições que compõe
o sistema de segurança pública daquele país.
Um pouco diferente da cultura europeia no que foi dito sobre a ostensividade,
os carabineiros motociclistas trajam fardamento na cor preta com alguns detalhes em
vermelho. As botas são de cano médio até a metade da perna na região abaixo dos
joelhos e não utilizam qualquer tipo de proteções individuais além do capacete e das
luvas, conforme pode-se observar nas Figuras 16 e 17.

Figura 16 - Policial motociclista Carabinieri.

Fonte: (FLICKR, 2009)

Figura 17 – Dois integrantes carabiniere elegido


(carabineiro elegido) de Lasino, Trentini.

Fonte: (FRANCESCHINI, 2015)


65

Outra instituição policial conhecida e respeitada na Itália é a Polizia di Stato


(Polícia do Estado), que é a principal força policial italiana. Também de organização
nacional, está subordinada ao Ministério do Interior e possui organização militar,
porém com status civil. As divisões de motociclistas da Polizia di Stato, por sua vez,
trajam uniformes em azul, bem mais claros que os carabineiros, sendo que utilizam
proteções para os joelhos de forma dissimulada, por baixo das calças, como como
mostra a Figura 18. No entanto, por ser o uso feito de maneira dissimulada, a utilização
dos equipamentos de proteção específicos para o motociclista na Polícia do Estado
parece ser facultativo (Figura 19).

Figura 18 - Motociclista da Polizia di


Stato.

Fonte: (FLICKR, 2009)

Figura 19 - Motociclista da Polizia di Stato sem as


proteções para os joelhos.

Fonte: (FLICKR, 2009)


66

3.2.1.5 A POLÍCIA PORTUGUESA

Em Portugal a polícia ostensiva também é bipartite, dividindo-se em duas


organizações policiais, uma delas responsável pelo policiamento ostensivo na capital
Lisboa e nos grandes centros, a Polícia de Segurança Pública (PSP) tem
organização civil, e a outra com atribuição sobre as áreas rurais, rodovias e cidades
menores do interior do país, a Guarda Nacional Republicana (GNR), organização
militar.
A Polícia de Segurança Pública, pela responsabilidade de garantia da ordem
nos grandes centros, apresenta algumas atividades dedicadas com motocicletas com
mais recrudescimento, como o uso de “garupa”19, por exemplo.
Pela ausência de informações da PSP, pode-se extrair da Figura 20 que os
policiais motociclistas utilizam alguma proteção por baixo das calças, na altura dos
joelhos. Na foto, ambos os ocupantes da motocicleta padronizam algum tipo de
proteção. No entanto, todas as menções encontradas sobre os policiais motociclistas
da PSP estão sempre atreladas a times táticos, como é o caso da Figura 21, em que
o título retirado da fonte da ilustração dá aos policiais o nome de “Equipa de Prevenção
e Reacção Rápida”, se aproximando bastante das modalidades típicas de
Policiamento de Choque ou Força Tática e ROCAM da PMESP.
Na Figura 21 pode-se observar com mais riqueza uma espécie de proteção por
baixo das calças, na altura dos joelhos dos policiais.

19 Garupa é lugar atrás do assento da motocicleta, também conhecido como o passageiro da


motocicleta. No Brasil, somente algumas polícias empregam “o garupa” no patrulhamento com
motocicletas, como no Ceará e em goiás, por exemplo.
67

Figura 20 - Patrulha da Polícia de Segurança


Pública.

Fonte: (SOUSA, 2015)

Figura 21 - "Equipa de Prevenção e Reacção


Rápida" da PSP.

Fonte: (PICTADESK.COM, 2018)

A Guarda Nacional Republicana, interiorizada no território, apresenta patrulhas


de motocicletas compostas por apenas um policial por viatura e essencialmente
voltada para ações de fiscalização de trânsito, escoltas de honra e policiamento em
geral, onde não foi encontrado registro de uso de proteções por parte dos
motociclistas, a exemplo da Figura 22.
Em mensagem eletrônica recebida do Tenente Coronel João Carlos Marques
Fonseca, Chefe da Divisão de Planejamento Estratégico e Relações Internacionais da
GNR, por meio do endereço “dperi@gnr.pt”, a GNR esclareceu que os militares
daquela instituição utilizam apenas luvas e o capacete como EPI.
68

Figura 22 - Policial da Guarda Nacional Republicana.

Fonte: (FLICKR, 2008)

3.2.1.6 A POLÍCIA DO REINO UNIDO

Em geral, as polícias do Reino Unido ostentam o mesmo uniforme, padronizado


pela regulamentação específica das polícias municipais. Inglaterra, Escócia, País de
Gales e Irlanda do Norte trajam camisas brancas e calças pretas, o tradicional chapéu
preto com o xadrez sillitoe20 e regularmente coletes refletivos.
Os policiais sobre motocicletas usam uniforme nas mesmas cores e sempre
aparecem bem protegidos, com capacete, botas específicas para motociclismo e
calças com proteções para os joelhos bem aparentes, conforme mostra a Figura 23.

20 Xadrez sillitoe é o nome dado à faixa xadrez em branco e preto identificada como o “símbolo
internacional” das polícias, que teve origem na polícia de Glasgow, na Escócia, em 1932, instituída
na polícia daquela cidade pelo chefe de polícia Percy Sillitoe (PMESP, 2016).
69

Figura 23 - Policial britânico.

Fonte: (Quora, 2017)

3.2.2 A EXPERIÊNCIA NO CONTINENTE AMERICANO

O policial norte-americano não utiliza proteções, exceção feita às luvas e ao


próprio capacete. O capacete, aliás, merece uma observação a parte. Este aparato
não é obrigatório em todos os estados dos EUA e por isso encontra inclusive lacunas
sobre as especificidades que poderiam ser exigidas pelas autoridades em uma
fiscalização de trânsito.
Tradicionalmente, os departamentos que possuem a modalidade de
policiamento com motocicletas nos EUA têm como uniforme botas de cano longo,
quase até os joelhos, calças justas ao corpo, camisa, o cinto com armamento e outros
equipamentos, e o capacete. O capacete é sempre visto em um modelo tipicamente
de polícia montada, tipo “coquinho”, que deixa rosto e queixos expostos.
A imagem de dois policiais motociclistas da CHP na Figura 24 exemplifica bem
as características descritas. Os patrulheiros vestem o fardamento com o capacete que
ficou conhecido na década de 80 pelo seriado, mas que não oferece proteção
suficiente para os usuários. Também não usam qualquer tipo de proteção para braços
(além das camisas de mangas compridas) e para as pernas.
70

Figura 24 - Policiais da CHP.

Fonte: (Quora, 2017)

Acredita-se que isto ocorra pelo fato de que as agências de polícia norte-
americanas que possuam divisões de motocicletas as mantenham mais como símbolo
ou como atividade ornamental. Geralmente esses policiais são retirados da atividade
de patrulhamento e realocados nas motocicletas para missões pontuais de escolta de
funerais, dignitários ou desfiles cívicos, muito mais comuns naquele país.
Além disso, culturalmente os policiais motociclistas são empregados também
em outros tipos de policiamento e quando operam as motocicletas o fazem em baixa
velocidade e de forma tida como “de baixo risco”. Isto porque a legislação de trânsito
nos EUA, exceto no estado da Califórnia, não permite que o motociclista trafegue por
entre os veículos de quatro rodas, ou no “corredor”, como é feito nas grandes cidades
brasileiras.
Outro fator importante de se destacar sobre a tradição norte-americana é que
o policiamento com motocicletas tem origem na polícia montada, motivo pelo qual os
uniformes de ambas as modalidades sejam tão parecidos.
Por sua vez, o Departamento de Polícia de São Francisco, em inglês San
Francisco Police Department (SFPD), no estado americano da Califórnia, possui uma
divisão especializada no policiamento com motocicletas chamada Honda Unit. Os
policiais responsáveis pelo policiamento com motocicletas naquela cidade possuem
uma cultura e treinamento muito semelhantes aos brasileiros. As motocicletas
utilizadas são de média cilindrada, 250 ou 300 cc, com treinamento e aplicação mista,
ou seja, parte on road e parte off road aplicada ao asfalto, como terrenos irregulares
e transposição de escadarias.
71

Os policiais de São Francisco utilizam proteções individuais para os joelhos e


cotovelos, além das luvas. Além do equipamento de proteção descrito, o policial do
SFPD também utiliza botas próprias do off road que proporcionam proteção total dos
pés, tornozelos e pernas até a altura da metade da canela. Portanto, a única instituição
policial que se tem registro nos EUA que possui unidade de policiamento com
motocicletas e utiliza proteções individuais além do capacete é a Polícia de São
Francisco.
Em pesquisa feita na Honda Unit, o autor colheu informações por e-mail
enviado pelo policial Herman Diggs (herman.diggs@sfgov.org), que possui mais de
oito anos de serviços prestados na unidade. Com cooperação dos policiais Noel
Deleon e Paris Deshong, foi possível verificar que a polícia da cidade de São
Francisco utiliza equipamentos disponíveis no mercado típicos do off road, com botas,
joelheiras, cotoveleiras e luvas, sendo as joelheiras e as cotoveleiras percebidas
sempre sob o uniforme, conforme a Figura 25.

Figura 25 - Policial da Honda Unit (SFPD).

Fonte: (FLICKR, 2015)

3.3 Equipamentos usados pelas forças de lei no Brasil

A Polícia Militar paulista é a maior instituição policial do Brasil, como sabido,


com aproximadamente 80 mil integrantes e durante a sua existência esteve à
vanguarda das inovações nas técnicas e táticas policiais, criando doutrina e
estabelecendo benchmarking para as demais polícias do país. Como dito no ponto
histórico, foi a polícia bandeirante a precursora do uso da motocicleta no policiamento
72

brasileiro, sendo ela até os dias atuais uma das detentoras do conhecimento por
excelência em técnicas de pilotagem e procedimentos operacionais.
No entanto, a PMESP está atrás de algumas instituições no quesito proteções
individuais. Outros estados da Federação já pensaram no problema há algum tempo
e colocaram em prática o pensamento de proteger o seu agente de acidentes
pessoais. Ainda que algumas organizações não tenham o mesmo formalismo paulista
em sua gestão, elas já aplicam há algum tempo o uso do aparato.

3.3.1 POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ (PMCE)

A Polícia Militar cearense é uma das organizações mais avançadas no uso de


proteções individuais para o motociclista. A matéria talvez encontre força em virtude
do fato de que, na estrutura organizacional daquela polícia, o policiamento com
motocicletas seja efetuado pelas Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (RAIO),
especialidade atribuída ao Batalhão de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas
e Ostensivas (BPRAIO).
Em entrevista com o Maj PMCE Roger Sherman Ferreira, Chefe da Divisão
Operacional do BPRAIO, o Batalhão possui um contingente de 2.400 policiais militares
e, sob o Comando de um Coronel PM (Cel PM), está distribuído em 42 bases
operacionais em todo o estado do Ceará, além de possuir projeto de ampliação para
mais 24 bases até 2020.
O RAIO utiliza as proteções individuais há muitos anos, ainda que sem qualquer
regulamentação específica em norma sobre fardamentos ou EPI. Apesar da ausência
de normatização, os equipamentos são adquiridos com recursos financeiros
governamentais. Mesmo com a lacuna de qualquer norma específica, o material faz
parte do fardamento do policial militar motociclista, mantendo-se a coesão do vasto
efetivo de 2.400 homens no uso ininterrupto do EPI (Figura 26).
73

Figura 26 - Policiais militares do RAIO (PMCE).

Fonte: (RODRIGUES, 2017)

O Cap PMCE Antônio Freitas de Oliveira Júnior, também integrante do RAIO,


em entrevista por telefone esclareceu que o BPRAIO foi criado em meados de 2004,
embora antes disso já houvesse o policiamento com motocicletas naquele estado,
mas não de forma estruturada. Por volta do ano de 2006, um dos policiais militares da
então nova unidade, por iniciativa própria adquiriu as proteções para as pernas e
braços, o que foi rapidamente imitado pelos demais policiais do Batalhão.
Segundo o Cap PMCE Oliveira Júnior, a cultura organizacional de segurança
operacional no RAIO é tão forte que não se admite que o policial saia do quartel para
o patrulhamento sem estar trajando o EPI completo, tanto o equipamento próprio de
polícia (como é o colete de proteção balística), quanto o EPI específico do motociclista
(joelheiras, cotoveleiras e luvas). Isso se estende até o comportamento intrínseco do
próprio policial, pois ele mesmo não se admite em patrulhamento sem estar
devidamente protegido.
O Cap PMCE também passou suas impressões pessoais sobre o uso do
equipamento objeto deste trabalho. Disse que diariamente há evento de queda em
sua Unidade, mas que raramente enfrenta problemas de lesões ou afastamentos dos
policiais. Isto ocorre porque, desde que se instituiu a cultura do uso das proteções, as
quedas sofridas pelos militares, em geral em baixa ou média velocidade e sem colisão,
não provocam lesões devido ao uso correto e inflexível do EPI.
Os Oficiais cearenses entrevistados disponibilizaram o Pregão Eletrônico nº
20170037 – PMCE (Processo Nº 4503393/2017), de 2017, disponível no site
www.portalcompras.ce.gov.br, o qual contemplou a aquisição de EPI para a PMCE,
74

em que estavam incluídas as proteções utilizadas pelos policiais militares


motociclistas, conforme descrição nas Tabelas 2 e 3.

Quadro 1 - Descrição das cotoveleiras em Pregão Eletrônico.



ITEM ESPECIFICAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE
Cotoveleira: cotoveleira proteção motociclista protetor rígido feito em
ABS com 3mm de espessura revestido internamente por espuma de

3 etil vinil acetato de 5mm, com densidade 15% dublado com tecido PAR 3750
80% poliamida e 20% PVC, na parte externa e 100% poliamida na
parte interna. A fixação da peça ao braço é feita por uma manga feita
em tecido 80% elastano e 20% poliamida. DIMENSÕES: casco em
ABS 1: altura 50mm; comp. 120mm; largura 170mm. Casco em ABS
2: largura superior 172mm; largura inferior 140mm; altura 45mm;
comprimento 190mm, sistema de fixação: tecido com elastano tipo
manga de vestir, parte superior 170mm; parte inferior 150mm;
comprimento 170mm; espessura 1,5mm, corpo em, EVA altura
300mm; largura 130mm. O prazo mínimo de garantia técnica deverá
ser de 24 (vinte e quatro)
meses a contar da data de seu recebimento definitivo.
CÓDIGO: 953148
Fonte: (PMCE, 2017)

Quadro 2 - Descrição das joelheiras em Pregão Eletrônico.


ITEM 05 – COTA PRINCIPAL
ITEM ESPECIFICAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE
Joelheira: joelheira feita em plástico ABS, preta, com
proteção contra impacto, espuma interna, presa por duas

5 fitas elásticas com velcro. O prazo de garantia técnica deverá PAR 3750
ser de no mínimo 12 (doze) meses contra da data de seu
recebimento definitivo. CÓDIGO: 953158
Fonte: (PMCE, 2017)

3.3.2 POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL (PMDF)

A Polícia Militar do Distrito Federal possui o patrulhamento com motocicletas


estruturado no Batalhão de Motopatrulhamento (BMT), criado em meados de 2017
após uma reestruturação organizacional daquela Força, retirando essa missão de
batalhões que tinham missões típicas com viaturas 4 rodas. Da reestruturação surgiu
o BMT, que efetua exclusivamente policiamento na modalidade com motocicletas.
Em entrevista por telefone, o Major PMDF (Maj PM) Alessandro Lopes Arantes,
comandante do BMT, esclareceu que as unidades de patrulhamento com motocicletas
do Distrito Federal (DF) não utilizam proteções individuais, mas possuem jaqueta
75

específica de motociclista com air bag (insuflação a gás). Segundo o Oficial, existem
esforços para aquisição de proteções articuladas que somente agora encontram
guarida na legislação estadual porque até pouco tempo as proteções para os
motociclistas eram interpretadas como parte integrante do fardamento, o que levava
o governo a não adquirir o equipamento.
No DF, o policial militar possui como fração de seus vencimentos o auxílio-
fardamento, parte que é conferida ao militar para que ele próprio adquira seu uniforme.
Como as proteções para os motociclistas faziam parte do uniforme operacional, a
interpretação que existia era de que a aquisição do material era de responsabilidade
individual do PM.
Para o Maj PMDF Arantes foi uma grande vitória conseguir retirar os
equipamentos como peça do fardamento e incluí-los como EPI, o que torna a
obrigação de aquisição exclusivamente do governo do estado, conforme a legislação
própria do DF.
Assim, a PMDF tem buscado a aquisição de EPI além da jaqueta com
insuflação a gás já em uso, de proteções articuladas que ainda não são utilizadas
pelos policiais militares brasilienses.

3.3.3 POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS (PMGO)

O policiamento com motocicletas na Polícia Militar de Goiás é efetuado pelo


Grupamento de Intervenção Rápida e Ostensiva (GIRO). Criado em 1998 como uma
Companhia do Batalhão de Choque, atualmente tem nível de Batalhão.
As equipes de motopatrulhamento tático (como aquela instituição denomina a
atividade) é composta por quatro policiais militares em três motocicletas, sendo que
uma delas atua com “o garupa”, o qual leva consigo uma arma portátil21 e tem a função
principal de segurança da equipe.
O GIRO está bem avançado na questão das proteções individuais, utilizando
luvas, proteções articuladas para os braços e para as pernas, podendo ser
sobrepostas ao uniforme ou “embutidas no fardamento”.

21 Arma portátil é a arma que, devido às suas dimensões e ao seu peso, pode ser transportada por um
único homem, porém, este não pode conduzi-la em um coldre devido às suas dimensões e, em
situações normais, precisa usar ambas as mãos para dispará-la eficientemente, enquadrando-se,
nesta definição, submetralhadora, carabina, escopeta, espingarda e fuzil (PMESP, 2018).
76

O Regulamento de Uniformes (RUPMGO) já prevê as proteções no uniforme


6º D, trazendo também a representação na Figura 27:

Art. 37. O uniforme 6ºD – Farda de Intervenção Rápida – é destinado


ao policiamento motociclístico especializado e eventos específicos,
com a seguinte composição:
[...]
IX – luvas para motociclista na cor preta;
X – proteção para pernas (caneleira e joelheira) na cor preta. (PMGO,
2017)

Figura 27 - Uniforme 6º D - Farda de Intervenção Rápida


PMGO.

Fonte: (PMGO, 2017)

Em complemento à norma dos uniformes, a PMGO inseriu o uso das proteções


também no Procedimento Operacional Padrão (POP) específico do “moto
patrulhamento”, conforme se verifica no item 14 da Figura 28.
77

Figura 28 - POP 1301 Equipamento de Proteção Individual e Coletivo


(PMGO).

Fonte: (PMGO, 2017, p. 10)

3.3.4 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (PMERJ)

O patrulhamento com motocicletas no Rio de Janeiro é efetuado de duas


formas. Pelo Batalhão de Choque por meio do Grupamento Especial Tático em
Motopatrulhamento (GETEM), em que a patrulha é composta por três motocicletas
com cinco PMs, sendo duas motocicletas integradas também pelo policial na garupa
portando fuzil (Figura 29). Outra modalidade de patrulhamento com motocicletas da
PMERJ é a desenvolvida pelo que eles denominam “batalhões convencionais”, que
para a PMESP são as OPM territoriais. As patrulhas dos batalhões territoriais no Rio
de Janeiro são compostas por dois policiais militares em duas motocicletas e são
geralmente empregados em missões típicas de fiscalização de trânsito (Figura 30).
Segundo o Cb PM Fábio da Silva Campos, do GETEM, os policiais militares
utilizam as proteções articuladas para os joelhos e cotovelos, além de luvas. Apesar
de não haver qualquer previsão regulamentar, os policiais preferem utilizar as
proteções, ainda que sob aquisição com recursos dos próprios militares. O fato de não
haver previsão legal para o uso do material também faz com que torne o uso
facultativo, deixando alguns policiais expostos, além de comprometer a uniformidade.
78

Há pouco tempo, a PMERJ teria adquirido alguns pares das proteções, mas de
qualidade ruim, por isso também que o militar no Rio de Janeiro prefere continuar
adquirindo seu próprio material.

Figura 29 - Policiais de uma patrulha GETEM (PMERJ).

Fonte: (PMERJ, 2017)

Figura 30 - Patrulha do 36º Batalhão de Polícia Militar


(BPM) da PMERJ (Santo Antônio de Pádua/RJ).

Fonte: (PMERJ, 2018)

3.3.5 POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO (PMMA)

A Polícia Militar do Maranhão também utiliza EPI completo para o policial


motociclista. Assim como na maioria dos estados pesquisados, não há norma que
preveja o uso do material, tanto no Regulamento de Uniformes quanto em qualquer
outra regulamentação. Ainda assim o aparato é adquirido pela corporação por meio
de licitação.
79

Assim, segundo o Maj PMMA Paulo Ananias Pinheiro, Chefe da Seção


Administrativa do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), em entrevista por
telefone, os policiais maranhenses utilizam joelheiras, cotoveleiras, luvas e protetores
de coluna (Figura 31).
Em entrevista por meio de aplicativo de mensagens, o Sd PMMA José Maria
de Souza Pestana Júnior, da Cia Tática de Motopatrulhamento (Esquadrão Águia) do
Batalhão de Polícia de Choque, informou que o protetor de coluna ajuda bastante na
proteção das quedas, mas que é bem incômodo pelo fato de usarem sob o colete de
proteção balística, e por isso nem todos os policiais utilizam o protetor de coluna.

Figura 31 - Policial militar do Esquadrão


Águia (PMMA).

Fonte: (PMMA, 2016)

3.3.6 POLÍCIA MILITAR DO MATO GROSSO (PMMT)

A Polícia Militar do Mato Grosso também tem como cultura o uso dos EPI com
proteções articuladas para braços e pernas, assim como luvas (Figura 32).
80

Figura 32 - Policial da ROTAM durante abordagem.

Fonte: Fotografia fornecida pelo 1º Ten PMMT Flávio.

Em entrevista por meio de aplicativo de mensagens com o 1º Ten PMMT Flávio


da Silva Barbosa, Comandante da Companhia de Motopatrulhamento Tático do
Batalhão de Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (ROTAM) da PMMT, o Oficial
esclareceu que os equipamentos são adquiridos pelos próprios policiais, pois a
“doutrina” da modalidade determina que o EPI seja utilizado contendo as proteções
mencionadas. Há o consenso e a cultura do uso das proteções, mas sem
regulamentação institucional.

3.3.7 POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ (PMPR)

A criação formal do policiamento com motocicletas no Paraná é relativamente


recente, de 2017, mas a modalidade existe de fato há muito tempo. Por meio da
Diretriz Nº 002/2017 da PMPR, aquela organização instituiu as Rondas Ostensivas
com Aplicação de Motocicletas (ROCAM), e previu como EPI:

6. RECURSOS LOGÍSTICOS
[...]
b. Equipamento e Acessórios de Proteção Individual (EPI) (grifo do
autor)
1) Os equipamentos e acessórios de proteção individual são
fundamentais para a segurança do policial militar motociclista;
2) O conjunto básico de EPI necessário para o desempenho da
atividade de motopatrulhamento tático abrange os seguintes itens:
[...]
d) Luva para motociclista na cor preta;
[...]
81

3) Havendo disponibilidade de recursos financeiros, recomenda-se o


acréscimo dos seguintes materiais ao conjunto básico de EPI do
policial militar motociclista:
[...]
c) Joelheira/caneleira articulada, em polímero;
d) Cotoveleira articulada, em polímero;
e) Luvas táticas em Kevlar;
f) Protetor de coluna, articulado. (PMPR, 2017, p. 9 e 10)

Segundo o 1º Tenente PMPR Marco Antônio Marco Antônio dos Santos,


Comandante do Pelotão ROCAM do 12º BPM, em entrevista por meio de aplicativo
de mensagens, a PMPR utiliza as proteções individuais já há algum tempo, mas
sempre adquiridas pelo próprio policial militar (Figura 33).
Recentemente a Polícia Militar panaense anunciou um projeto para aquisição
de motocicletas e equipamentos, onde incluiu a aquisição de 450 pares de joelheiras,
cotoveleiras e luvas, mas que ainda se encontra em fase de elaboração.

Figura 33 - Policial militar da ROCAM (PMPR)

Fonte: (AGÊNCIA ESTADUAL DE NOTÍCIAS, 2018)


83

4 ASPECTOS DOUTRINÁRIOS, LEGAIS E REGULAMENTARES

Não é recente no ordenamento jurídico brasileiro a importância e necessidade


do uso de EPI nas atividades laborais que ofereçam algum risco ao trabalhador. Para
um observador atento, é fácil encontrar a importância do Equipamento de Proteção
Individual em todas as áreas profissionais, desde a indústria, como a siderúrgica, até
o simples manuseio de dejetos comuns feito pelo coletor de lixo residencial, por
exemplo, que é visto usando luvas e trajes com detalhes refletivos.
Muito se evoluiu sobre a necessidade do EPI, tanto para o uso do equipamento,
obrigatório por parte do trabalhador, como quanto para a aquisição e fornecimento do
material por parte do empregador, sempre sob a justificativa de eliminar ou diminuir o
risco profissional a que o agente esteja exposto.
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), já na década de 70 editou a
Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978, criando as Normas Regulamentadoras (NR)
que, em sua essência, regulam as medidas de segurança e medicina do trabalho.
A NR 9 (Riscos Ambientais) define risco ambiental como:

9.1.5 Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os


agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de
trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à
saúde do trabalhador. (BRASIL, 1978)

Contra os riscos ambientais, alguns deles naturais e outros existentes em razão


da própria atividade laboral, a mesma Portaria nº 3.214/78 trouxe a NR 6
(Equipamentos de Proteção Individual), e conceituou o material como:

6.1 Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR,


considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e
a saúde no trabalho. (BRASIL, 1978)

Assim, a matéria de proteção para o trabalhador é tratada há muitos anos no


Brasil e ainda hoje encontra lacunas na lei e na cultura brasileira. A obrigatoriedade
do EPI é recebida de forma mais acentuada na construção civil, que possui uma
Norma Regulamentadora exclusiva, a NR 18, de onde se pode trazer um bom paralelo.
84

Pardubsky (2014, p. 21) afirma que “um equipamento de proteção individual


pode ser constituído por vários meios ou dispositivos associados de forma a proteger
o seu utilizador contra um ou vários riscos simultâneos”, e ainda coloca que o uso do
EPI deve ser contemplado quando as medidas que permitam eliminar os riscos
ambientais não sejam possíveis.
Sobre a eliminação dos riscos ambientais, Paschoalim (2013, p. 27) assevera
que apesar de tomar algumas medidas de segurança necessárias, o motociclista não
consegue eliminar os riscos do ambiente, pois dependem dos outros condutores e do
estado geral da via, acrescentando-se as condições climáticas.
Obviamente em todas as áreas profissionais a proteção do agente está
intimamente atrelada à cultura organizacional. A instituição que não possui uma
cultura de gestão de segurança operacional pouco fará para que seus funcionários
usem o EPI adequado, colocando o equipamento à disposição por mera conveniência
legal. A organização que tenha consubstanciado a mencionada cultura de segurança
operacional normatiza procedimentos com segurança, incentiva e premia o
comportamento seguro, corrige o comportamento inseguro e responsabiliza o
colaborador que viola deliberadamente as normas e os processos que tenham o
objetivo da proteção do trabalhador, coloca à sua disposição o equipamento mais
apropriado para a segurança do funcionário e exige que o utilize, responsabilizando-
o quando é surpreendido negligenciando sua própria segurança, a de outro
colaborador ou de qualquer outro stakeholder.
Assim, a base da gestão moderna para o comportamento seguro passa pelo
conceito de segurança operacional trazido da aviação:

Entende-se por segurança operacional o estado no qual o risco de


lesões às pessoas ou danos aos bens é reduzido ou mantido em um
nível aceitável, ou abaixo do aceitável, por meio de um processo
contínuo de identificação de perigos e gerenciamento de riscos.
(PILOTO POLICIAL, 2010)

Para o Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos


(SIPAER) gestão de segurança operacional é o “conjunto de ações, métodos e
procedimentos a serem adotados, no âmbito de uma organização, para prevenção de
acidentes aeronáuticos, visando à segurança de voo” (MINISTÉRIO DA DEFESA,
2013).
85

Além do objetivo primário do EPI, que é a proteção da saúde física do militar


contra os riscos ambientais, alguns dos quais inerentes à função policial, o
equipamento de proteção individual traz outras vantagens fruto do que o então
Tenente Coronel PM (Ten Cel PM) Aix Gomes Júnior chamou de “finalidade indireta
do equipamento de proteção individual” em sua monografia para o Curso Superior de
Polícia I/97 (CSP I/97) intitulada “Equipamentos de Proteção Individual, Por Que Usá-
los?”:
Se não se esquece da parte humana, da preservação da vida e da
integridade física do bombeiro, a finalidade dos equipamentos de
proteção Individual, vista pelo Estado, deve ser, indiretamente, a de
não só proteger o homem, como a de também preservar o gasto do
Estado com a formação profissional, evitando assim despesas com o
custeio de tratamentos médicos e hospitalares, a economia com a
mão-de-obra paralisada, além de não onerar o tesouro do Estado com
eventuais pensões. (JÚNIOR, 1997, p. 12)

Nos dias atuais em que as organizações privadas buscam o reconhecimento


da responsabilidade social, algumas iniciativas de preservação da saúde de seus
colaboradores encontram guarida em certificações e reconhecimento público.
Por outro lado, empresas que possuem o lucro como objetivo passam a
experimentar queda de custos com afastamentos e ações trabalhistas em virtude de
acidentes de trabalho quando incorporam a cultura da segurança operacional.
Proteger seus funcionários é também “deixar de perder” e proteger a própria
organização.
Apenas para se ter uma ideia, em informações extraídas do Sistema Integrado
de Gestão de Saúde (SIGS) da PMESP, e enviadas por e-mail pelo 3º Sargento PM
(3º Sgt PM) Alex Fabiano Silva, auxiliar do Departamento de Perícias Médicas (DPM)
do Centro Médico (CMed) da PMESP, somente no ano de 2017 a Polícia Militar
paulista teve 16.328 dias de afastamentos de policiais militares motociclistas
homologados em decorrência de acidente de trânsito em serviço, distribuídos em 321
acidentes, uma média de 50 dias de afastamento para cada acidente. Desse dado
obtêm-se que 8.211 dias representam Licença para Tratamento de Saúde (LTS),
quando o policial permanece completamente afastado de suas atividades, e 8.117
dias representam o parecer “Apto com Restrição”, quando o PM mantém algumas
atividades, mas não retorna plenamente à sua função operacional.
Ao mencionar a “finalidade indireta do equipamento de proteção individual”,
Júnior (1997) certamente se referia ao aspecto de se evitar o número estarrecedor
86

que a PMESP experimentou em 2017, que não é diferente dos anos anteriores.
Tomando-se como base que a PMESP possui atualmente 81.931 policiais militares
(PMESP, 2018), convertendo-se os 321 acidentes homologados em 2017 para uma
taxa de 100 mil habitantes obtém-se o número de 391 acidentes/100 mil habitantes,
de acordo com a fórmula de cálculo abaixo, onde “Tx” é o valor da taxa por 100 mil
habitantes e n corresponde ao número de acidentes:

n.10⁵
Tx = População (1)

Para se ter um efeito comparativo, buscando a mesma taxa para a população


paulista de 43.674.533 habitantes (FUNDAÇÃO SEADE, 2018), a Seguradora Líder,
responsável pelo pagamento das indenizações do Seguro de Danos Pessoais
Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) pagou 31.487
indenizações por acidentes com motocicletas no estado de São Paulo em 2017,
convertidos para uma taxa de 72 acidentes/100 mil habitantes (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Taxa de Acidentes PMESP x População Paulista

Acidentes por 100 mil habitantes

Acidentes População SP 72

Acidentes PMESP 391

0 100 200 300 400 500

Fonte: Gráfico produzido pelo autor.

Usando a mesma metodologia e fontes, o autor coletou os dados dos Boletins


Estatísticos da Seguradora Líder-DPVAT do período de 2015 a 2018 (de 2018
atualizados até outubro) e das homologações feitas pelo Departamento de Perícias
Médicas do CMed no mesmo período e converteu os dados para a taxa de acidentes
por 100 mil habitantes para as populações paulistas nos respectivos anos informados
pela Fundação SEADE, tratando o efetivo policial militar existente sempre como o
atual (81.931 policiais militares), e obteve a curva de evolução dos acidentes descritos
na Gráfico 3:
87

Gráfico 3 - Evolução dos Acidentes PMESP x População Paulista


(taxa por 100 mil habitantes).

500 446
369 391
400
331*
300
200 145 132*
96 72
100
0
2015 2016 2017 2018
Acidentes PMESP Acidentes População SP
* Atualizados até out. 2018
Fonte: Gráfico produzido pelo autor.

4.1 Responsabilidade do Estado

Como ensinado nos bancos escolares em todos os níveis de formação da


PMESP, a Polícia Militar é instituição de direito público da administração direta, e por
isso seus funcionários têm caráter estatutário, ou seja, têm seus direitos e obrigações
regulados por lei específica e não pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
como os empregados da iniciativa privada.
No entanto, a PMESP não possui lei orgânica ou estatuto próprios como prevê
o artigo 141, §2º da Constituição do Estado de São Paulo, existindo apenas legislação
esparsa, por vezes “emprestando” mandamentos de outras normas:

Artigo 141 – À Polícia Militar, órgão permanente, incumbem, além das


atribuições definidas em lei, a polícia ostensiva e a preservação da
ordem pública.
[...]
§ 2º - Lei Orgânica e Estatuto disciplinarão a organização, o
funcionamento, direitos, deveres, vantagens e regime de trabalho da
Polícia Militar e de seus integrantes, servidores militares estaduais,
respeitadas as leis federais concernentes. (SÃO PAULO, 1989, grifo
do autor)

Desta forma, o trabalho buscou referenciais de normatização externos à


PMESP. A NR 6 enumera o rol de responsabilidades do empregador sobre o
Equipamento de Proteção Individual:

6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI:


a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
b) exigir seu uso;
88

c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional


competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho;
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e
conservação;
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
[..] (BRASIL, 1978, grifo do autor)

Em que pese a norma específica do Ministério do Trabalho e Emprego dê o


comando para a aquisição do EPI adequado para a atividade típica com motocicletas,
o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) determina como equipamento obrigatório para
a motocicleta somente o capacete e vestuário de proteção, de acordo com as
especificações do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), especificações estas
que não existem até hoje.
Por sua vez a Polícia Militar também observa em seu POP, no Processo nº
1.10.00 para Policiamento com Motocicleta, o material necessário como “Uniforme
operacional de motociclista”, e como EPI o “Capacete”, o “Colete balístico” e “Luvas
de couro”, em clara obediência estrita ao que determina o CTB.
No entanto, os dados obtidos no SIGS demonstrados acima concretizam o
pensamento de que somente luvas e capacete são insuficientes. É necessário que a
PMESP avance na valorização do seu ativo mais importante, pois outras instituições
semelhantes por todo o país já caminharam nessa direção.

4.2 Responsabilidade do policial militar

O policial militar é o maior interessado no uso do EPI, ou ao menos deve ser o


protagonista nesta relação, visto que será o mais atingido pelo eventual acidente e
arcará com as consequências físicas e pessoais de seu afastamento. Mas isso ocorre
na proporção exata do esclarecimento e da maturidade do profissional, da força que
os regulamentos técnicos e disciplinares possuem sobre ele e da cultura
organizacional a respeito da segurança operacional.
Atualmente não há qualquer tipo de previsão regulamentar na PMESP para o
uso das joelheiras e cotoveleiras, o que coloca o policial que deseja usá-los na
condição de transgressor da norma, o que é um contrassenso flagrante. O policial
militar que for surpreendido trajando as referidas proteções incorrerá na transgressão
disciplinar tipificada no nº 119 do § único do artigo 13 do Regulamento Disciplinar da
89

Polícia Militar (RDPM): “119 - apresentar-se, em qualquer situação, mal uniformizado,


com o uniforme alterado ou diferente do previsto”, contrariando o Regulamento de
Uniformes da Polícia Militar ou norma a respeito (M);” (PMESP, 2001, grifo do autor),
e estará sujeito à punição mínima de “repreensão”. Por outro lado, a previsão legal
que porventura existisse colocaria o uso do EPI na condição de compulsória, fazendo
com que o policial surpreendido sem utilizar o equipamento apropriado incidisse na
mesma transgressão disciplinar, invertendo assim a objetividade jurídica da norma
disciplinar para a proteção à integridade física do militar
Para além disso, os efeitos legais para o policial que sofresse um acidente sem
estar utilizando o EPI apropriado e previsto em norma específica e que a ele
causassem lesões atingiria até mesmo o percebimento de valores referentes a
indenização por morte ou invalidez.
A lei que dispõe sobre o pagamento de indenização ao policial militar que seja
vítima de acidente de trabalho estabelece que não será concedida indenização pelo
acidente quando restar comprovada a prática de transgressão disciplinar ou crime por
parte da vítima (SÃO PAULO, 2013). A partir do momento em que o EPI específico
para o motociclista fizer parte do rol previsto em regulamento ou norma, o fato do
policial militar não o utilizar também implicará diretamente prejuízo financeiro.
91

5 UMA ANÁLISE DO EQUIPAMENTO ATUAL FRENTE ÀS QUEDAS E LESÕES

O EPI previsto para o policial militar motociclista é o mesmo há muito tempo e


já foi objeto de estudos anteriores. A PMESP trata o equipamento da mesma forma
que o fardamento, prevendo-o no R-5-PM. No artigo 51, o Regulamento de Uniformes
prevê o capacete de motociclista como peça que compõe o fardamento e coloca as
luvas pretas “meio-dedo” e a jaqueta de motociclista como peças complementares,
dando a elas o sentido de não obrigatórias.
Assim, o uniforme operacional do policial motociclista é composto basicamente
como na Figura 34, extraída do próprio R-5-PM:

Figura 34 - Uniforme B-2 (Operacional


Básico Masculino e Feminino – 2
“Policiamento Motorizado Duas Rodas e
estafeta com Moto”).

Fonte: (PMESP, 2018)

Como descrito, o fardamento atual oferece proteção adequada somente para a


região da cabeça do policial, deixando expostos os braços e as pernas, assim como
parte das mãos caso o militar não utilize luvas.
O culote cinza-bandeirante também não é capaz de oferecer proteção às
pernas, pois não é fabricado em qualquer material especial, resistente a impacto e/ou
abrasão, conforme descreveu Monteiro (2016):
92

A importância da calça, ou culote, não pode ser subestimada, o atual


culote de motociclista da Polícia Militar, com seu estilo alemão,
conforme a descrição, tem uma estética muito boa, porém, não é
confeccionado em um material que tem condições de absorver
impactos ou suportar a abrasão, em caso de queda.
Portanto, apesar de bonito, o culote não proporciona a segurança
desejada, observando que sequer possui proteções nos joelhos,
quadris e coxas.
O ideal seria uma calça de motociclismo do mesmo material que a
jaqueta, polipropileno com placas resistes, ou couro, e projetada para
suportar em caso de acidentes os impactos e abrasão. (MONTEIRO,
2017, p. 56)

É sabido que as quedas de motocicleta, tanto no meio civil quanto na atividade


policial, expõem o corpo dos integrantes da moto como um todo, mas as extremidades
corporais como mãos, cotovelos e joelhos merecem atenção especial.
O início das décadas de 80 e 90 foram bastante importantes para as pesquisas
referentes a acidentes com motocicletas. Enquanto que nos EUA, mais precisamente
na Califórnia, o professor Harry Hurt juntamente com outros dois pesquisadores
publicaram um artigo que ficou conhecido como Hurt Report (JUNIOR, OUELLET e
THOM, 1981), pois é o mais amplo estudo sobre os fatores causadores dos acidentes
com motocicletas nos EUA e o primeiro a expressar de forma científica a
vulnerabilidade do motociclista durante um acidente, Maria Sumie Koizumi publica em
1992, na Revista Saúde Pública, em São Paulo, um artigo chamado “Padrão das
lesões nas vítimas de acidentes de motocicleta”, no qual analisa o “Padrão das injúrias
das vítimas de acidentes de motocicleta internadas num hospital governamental de
ensino, do Município de São Paulo.
No artigo, a pesquisadora concluiu que as lesões foram classificadas
predominantemente como “leves”, mas foram mais frequentes as fraturas e luxações
de membros, além ferimentos de superfície externa e traumatismos crânio
encefálicos. Analisando os dados dos pacientes internados no ano de 1989 no
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HCFMUSP), Koizumi (1992) concluiu que 41,7% das lesões sofridas pelos pacientes
pesquisados se referiam a membros superiores e membros inferiores. Somando as
lesões de superfície externa chega-se a 59,8%, englobando pacientes que obtiveram
alta e os que vieram a óbito, restando outros 40,2% às demais seis lesões
classificadas, entre elas a cabeça (21,5%).
93

Quando se analisam somente os dados das vítimas que receberam alta


(excluindo o óbito), a quantidade de lesões sofridas nos membros superiores,
inferiores e superfícies externas chega a 62,7% do total, conforme o Gráfico 4.

Gráfico 4 - Padrão das Lesões das Vítimas HCFMUSP em 1989

19,3% 21,3%

16,0%
31,1%

12,3%

Cabeça Outras regiões do corpo


Membros superiores Membros inferiores e pelve
Superfície externa
Fonte: Gráfico produzido pelo autor com dados de Koizumi (1992)

Debieux, Chertman, et al. (2010 apud PASCHOALIM, 2013) também


analisaram o padrão das lesões pela base de dados do Departamento de Ortopedia e
Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), obtendo dados
entre os anos de 2001 e 2002, quando foram avaliadas 387 vítimas de acidentes com
motocicletas. Segundo o levantamento feito, de um total de 987 lesões sofridas pelas
vítimas, foram constatadas 532 nos membros inferiores (53,9%) e 396 nos membros
superiores (40,1%). Os demais 6% restaram para o segmento cefálico e coluna
(Gráfico 5).
94

Gráfico 5 - Frequência de lesões por segmento corporal


Segmento Coluna
Cefálico 2,9%
3,1%

Membros Membros
Superiores Inferiores
40,1% 53,9%

Fonte: Gráfico produzido pelo autor com dados retirados de


Paschoalim (2013, p. 25)

Em outro recorte, Debieux, Chertman, et al. (2010 apud PASCHOALIM, 2013)


observam dados retirados também do Serviço de Atendimento de Emergência do
Hospital São Paulo com a distribuição específica das lesões e obtêm que, do total de
860 lesões (chamadas frequências) nos mesmos 387 pacientes, 193 foram no joelho,
94 na perna, 81 no cotovelo, 44 no antebraço e 94 eventos ocorreram na mão, ou
seja, 506 (58%) eventos ocorreram nas extremidades (mãos, joelhos e cotovelos),
antebraços e pernas, conforme demonstrado no Gráfico 6.

Gráfico 6 - Distribuição específica das lesões

23%

42%
11%

9%
10% 5%

Joelho Mão Cotovelo


Antebraço Perna Outros
Fonte: Gráfico produzido pelo autor com dados retirados de
Debieux, Chertman, et al. (2010 apud PASCHOALIM, 2013)

Como mostrado por Koizumi (1992) e Debieux, Chertman, et al. (2010), as


regiões mais afetadas pelas quedas com motocicletas são as extremidades, entenda-
95

se mãos, joelhos e cotovelos, regiões corporais para as quais o uniforme específico


do policial motociclista não oferece qualquer tipo de proteção.
As luvas previstas são do tipo “meio-dedo”, as quais deixam expostas as
falanges distais e falanges médias das mãos, conforme se observa na Figura 35.

Figura 35- Luva para motociclista "meio-


dedo".

Fonte: (X11, [201-])

A justificativa encontrada para a exposição de parte das mãos é a de que as


luvas de “mão inteira”, aquelas que possuem a região dos dedos completamente
fechadas, prejudicam a sensibilidade para a empunhadura de armamento, dificultam
que o policial escreva, obrigando-o a descalçá-las sempre que necessário fazer
anotações em relatórios ou outras escriturações. Outro argumento usado é a
sensibilidade diminuída pela luva de “mão inteira” no momento da abordagem policial
e da busca pessoal das pessoas abordadas.
Para os cotovelos não há qualquer tipo de proteção, exceto nos dias de chuva
ou frio, quando o policial traja a jaqueta de motociclista com proteções embutidas para
os cotovelos, ombros e coluna. Mas e nos dias quentes do estado de São Paulo,
região de clima tropical com amplitude térmica considerável e temperaturas que por
vezes passam de 30° C na estação do verão, por exemplo (Figura 36)? Ficará o
policial militar relegado à boa sorte de sofrer um acidente somente em dias frios?
96

Figura 36 - Recorte do clima (temperatura) do estado de São Paulo em


19 dez. 2018, 15:34.

Fonte: (WINDY, 2018)

Para proteger suas pernas e joelhos, o policial conta somente com o tecido do
culote e parte da bota de cano longo que possui uma espécie de proteção não muito
rígida na região da parte anterior da perna (canela), sobre o osso da tíbia.
Em resumo, o uniforme atual não prevê EPI suficiente para proteger o policial
das lesões mais prováveis em uma possível, e provável queda, ainda que em baixa
ou média velocidade, razão pela qual a PMESP experimenta o número tão elevado
de afastamentos em razão de acidente com motocicletas durante o serviço.
97

6 O CUSTO DO ACIDENTE

“Se a organização se preocupa com os custos do investimento em segurança,


é porque provavelmente ela não conhece os custos de um acidente” (HAJI-IOANNOU,
[20--], grifo nosso), é o que enuncia um conceito muito conhecido entre os gestores
de segurança operacional, em especial da aviação, ambiente em que a prevenção e
mitigação dos riscos devem e são conduzidos com grande importância. Este
pensamento dito por Stelios Haji-Ioannou, fundador da companhia aérea britânica
EasyJet, talvez seja o que melhor descreva o assunto a ser tratado neste momento
da presente pesquisa.
Como dito na introdução, o mote desta dissertação não é concluir a respeito de
medidas para se evitar o acidente, o que deve ser feito por meio de instrução e
treinamento constantes, mas sim afastar ou ao menos diminuir os danos que um
acidente possa causar no ativo mais importante de qualquer organização, o
profissional.
O custo de um acidente de trabalho, em especial aquele que provoca o
afastamento do trabalhador de suas atividades, pode ser decomposto em dois
vetores:
a) Custo direto:
− gastos com tratamento médico, odontológico e internações hospitalares,
− despesas com reabilitação médica e ocupacional,
− seguro de acidente;
b) Custo indireto:
− os vencimentos pagos ao policial militar enquanto ele permanece
afastado, improdutivo.
Acima estão enumerados somente os itens relacionados com os custos
decorrentes do acidente que tenham causado lesões e afastamento do policial,
excluindo-se os gastos que a organização tem com o acidente em si, como reposição
ou conserto do material danificado, horas de trabalho dos policiais envolvidos na
investigação das causas do acidente, e outros, que não estão enlaçados por esta
pesquisa.

6.1 Custo do policial militar afastado


98

Por meio de uma análise mais detalhada dos dados extraídos do SIGS, obteve-
se a distribuição por Posto/Graduação dos dias de afastamentos dos policiais militares
por decorrência de acidente com viaturas motocicletas (em serviço) em 2017 e
chegou-se à representação da Tabela 4:

Tabela 2 - Custo total dos afastamentos em 2017


Nº Dias de
Posto/Graduação Homem/hora Custo total
Afastamentos
CAP PM 60 R$ 47,82 R$ 34.427,43
2. TEN PM 47 R$ 30,76 R$ 17.349,08
1. SGT PM 217 R$ 26,85 R$ 69.910,82
2. SGT PM 890 R$ 20,38 R$ 217.611,24
3. SGT PM 619 R$ 19,85 R$ 147.453,36
CB PM 7532 R$ 18,73 R$ 1.693.017,56
SD PM - 1C 6710 R$ 16,35 R$ 1.316.388,74
SD PM - 2C 187 R$ 15,80 R$ 35.452,08
Total 16262 R$ 196,53 R$ 3.531.610,32
Fonte: Tabela elaborada pelo autor com dados extraídos DPM e 6ª
EM/PM

A memória de cálculo da tabela ocorre da seguinte forma: a pesquisa obteve


da plataforma SIGS os dados referentes aos afastamentos em decorrência dos
acidentes dos policiais militares em serviço durante a atividade com motocicleta.
A 6ª Seção do Estado-Maior (6ª EM/PM) da PMESP, por meio da Capitão PM
(Cap PM) Juliana Rosa Barros de Almeida, da Adjuntoria de Gestão por Projetos,
disponibilizou para a pesquisa os dados referentes ao custo chamado “Homem/hora”
(H/h) detalhado por Posto/Graduação, que é o valor que o policial militar recebe por
hora trabalhada. Segundo a 6ª EM/PM, o cálculo do Homem/hora é feito subtraindo-
se do Salário Bruto a Contribuição Previdenciária (11%) e a Contribuição de
Assistência Médica (2%). Esse saldo é base do Imposto de Renda (IRPF). Do Salário
Base para cálculo de IRPF calcula-se a porcentagem referente a faixa salarial e
subtrai-se a dedução para IRPF. Após isso, têm-se que policiais que são escalados
no regime 12 x 36 trabalham 180 horas por mês (15 dias x 12 horas). Policiais que
cumprem horário do expediente administrativo trabalham 182 horas por mês (18 dias
x 9 horas diárias, somados com 4 dias x 05 horas diárias). Para cálculo do valor da
hora trabalhada, segundo a 6ª EM/PM foram consideradas 180 horas por mês em
virtude da diversidade de quantidade de dias para o serviço operacional e expediente
administrativo.
O autor então calculou a somatória dos dias de afastamento (para os quais foi
atribuído o símbolo “𝑑”) distribuídos por Posto/Graduação e multiplicou pelo produto
99

obtido do H/h (denominado “ℎ”) multiplicado por 12 (número da média de horas de um


turno de serviço na PMESP), obtendo-se o custo total estimado dos dias de
afastamento por Posto/Graduação (para o qual o autor atribuiu o símbolo “𝐶”. A soma
de todos os Postos/Graduações resulta o custo total estimado que a PMESP absorveu
em determinado período, como descrito na Tabela 4 acima. Assim, a fórmula do
cálculo ficou:

∑ 𝑑 × ℎ (12) = 𝐶 (2)

Os dados mostram um valor extremamente alto do custo absorvido pela


PMESP em 2017, chegando a R$ 3.531.610,32. Quando a pesquisa aprofunda para
o ano de 2016 e 2015, os números também são assustadores, principalmente do ano
de 2016, conforme Tabelas 5 e 6 respectivamente:

Tabela 3 - Custo total dos afastamentos em 2016


Posto/Graduação Nº Dias de Afastamentos Homem/hora Custo total
CAP PM 60 R$ 47,82 R$ 34.427,43
2. TEN PM 656 R$ 30,76 R$ 242.148,91
SUBTEN PM 88 R$ 28,61 R$ 30.215,97
1. SGT PM 430 R$ 26,85 R$ 138.532,96
2. SGT PM 390 R$ 20,38 R$ 95.357,74
3. SGT PM 1704 R$ 19,85 R$ 405.913,61
CB PM 10399 R$ 18,73 R$ 2.337.452,15
SD PM - 1C 7349 R$ 16,35 R$ 1.441.749,75
SD PM - 2C 130 R$ 15,80 R$ 16.683,33
Total 21206 R$ 225,14 R$ 4.742.481,86
Fonte: Tabela elaborada pelo autor com dados extraídos DPM e 6ª EM/PM

Tabela 4 - Custo total dos afastamentos em 2015


Posto/Graduação Nº Dias de Afastamentos Homem/hora Custo total
CAP PM 467 R$ 47,82 R$ 254.648,86
1. TEN PM 37 R$ 36,56 R$ 16.234,15
2. TEN PM 627 R$ 30,76 R$ 231.444,16
1. SGT PM 467 R$ 26,85 R$ 150.453,24
2. SGT PM 35 R$ 20,38 R$ 172.383,45
3. SGT PM 1069 R$ 19,85 R$ 254.648,86
CB PM 5573 R$ 18,73 R$ 1.252.680,14
SD PM - 1C 3415 R$ 16,35 R$ 669.965,36
SD PM - 2C 15 R$ 15,80 R$ 2.843,75
Total 11705 R$ 233,09 R$ 3.005.301,96
Fonte: Tabela elaborada pelo autor com dados extraídos DPM e 6ª EM/PM

Os dados demostrados acima reverberam somente o custo indireto suportado


pela PMESP com os afastamentos atrelados aos vencimentos dos policiais
100

lesionados, sem estarem adicionados os custos diretos despendidos por gastos com
tratamento médico, odontológico e internações hospitalares, despesas com
reabilitação médica e ocupacional e a indenização paga por morte ou invalidez em
decorrência do acidente. Também não estão mencionados os gastos incalculáveis
com as horas de trabalho dos profissionais que se envolvem na investigação das
causas do acidente e atestados formais das lesões sofridas, como Sindicância,
Atestado de Origem, Juntas Médicas e Apuração Preliminar.

6.2 Custo do tratamento médico

Há imensa dificuldade em se estimar o valor financeiro concreto experimentado


pela PMESP referente aos custos com tratamentos médicos de lesões dos policiais
militares, ainda mais quando se busca pormenorizar as características das lesões
como a região anatômica, a extensão dessas lesões e os procedimentos adotados
para tratamento médico hospitalar de urgência, e eletivo posterior, e ainda de
reabilitação do militar.
As dificuldades ocorrem em boa parte pela ausência de bancos de dados
capazes de mostrar ao gestor e ao pesquisador esses dados, pois as particularidades
de cada caso aliadas à grande quantidade de eventos a serem catalogados são o
segundo maior entrave de mensuração dos dados das lesões sofridas.
No entanto, Paschoalim (2013) trouxe um quadro com os custos estimados pelo
membro de sua banca examinadora Dr. Nilo Sérgio Gava, ortopedista, no tratamento
de fraturas por região do corpo, tipo de lesão mais grave esperada em um acidente
motociclístico. O quadro apresentado naquela Dissertação está reapresentado pela
Tabela 8:

Tabela 5 - Custo estimado do tratamento de fraturas (Hospital São


Paulo).

Fonte: (PASCHOALIM, 2013)


101

6.3 Custo da indenização

O governo do estado de São Paulo possui uma legislação específica para o


pagamento de indenizações aos agentes de segurança em virtude de acidente de
trabalho que tenham lhe causado invalidez permanente, total ou parcial (SÃO PAULO,
2013). O valor estipulado na Lei nº 14.984, de 12 de abril de 2013, é de até R$ 200
mil, devendo ser calculado o valor da indenização a ser paga proporcionalmente de
acordo com a gravidade e extensão da invalidez e, obviamente o valor total em caso
de morte.
A Major PM Lizandra Donamore dos Santos, Coordenadora do Grupo Setorial
de Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas da SSP, concedeu o Gráfico 7 que
traz os valores pagos em indenizações de 2014 a 2018 na forma da Lei nº 14.984/13,
com dados retirados do Sistema de Informações Gerenciais da Execução
Orçamentária (SIGEO):

Gráfico 7 – Indenizações pagas a policiais por morte e invalidez


permanente total ou parcial.

Fonte: (SANTOS, 2018)

Chiyo (2017) coloca em seu trabalho de proposta de modernização do


fardamento do policial motociclista os dados obtidos até 2016 e fornecidos pelo Centro
de Atenção Psicológica e Social da PMESP (CAPS), os quais dão conta do valor gasto
pelo estado de São Paulo com indenizações pagas aos policiais militares vítimas de
acidentes de trânsito com viaturas duas e quatro rodas, conforme Tabela 8:
102

Tabela 6 - Indenizações por invalidez por acidente de trânsito com viatura duas
e quatro rodas.

Fonte: CAPS apud Chiyo (2017).

Ainda segundo o CAPS, em e-mail enviado pela Cabo PM Andrea Aparecida


da Silva Santos, Auxiliar Administrativo de Procedimento Investigatório daquele
Centro, as indenizações pagas pela Fazenda Pública aos policiais militares somente
pelos acidentes ocorridos com viatura motocicleta em 2017 totalizaram R$ 365 mil,
mas pelos acidentes de 2016 atingiu o montante de R$ 945.500,00, conforme Tabela
9 abaixo.

Tabela 7 - Indenizações pagas por invalidez em


decorrência de acidente com viatura motocicleta.
Quantidade
Ano Valor Pago
Processos
2015 24 R$ 536.000,00
2016 41 R$ 945.500,00
2017 17 R$ 365.000,00
Total 82 R$ 1.846.500,00
Fonte: CAPS
103

7 A CULTURA ORGANIZACIONAL DA PMESP

O sucesso em uma empreitada contra os riscos operacionais está diretamente


atrelado à cultura da organização sobre o assunto. A cultura organizacional sobre
segurança é tão importante que o Ministério da Defesa, por meio do Comando da
Aeronáutica, possui uma norma específica sobre o tema.

Cultura Organizacional - se refere às percepções que os integrantes


de uma organização têm a respeito da maneira e da prioridade
conferida aos diversos procedimentos específicos das atividades
produtivas ali realizadas, particularmente no tocante aos aspectos que
envolvem as questões ligadas a: produtividade x qualidade; segurança
x eficiência; e sanções x ações corretivas. (MINISTÉRIO DA DEFESA,
2017)

Há muito se pensa em segurança física das instalações na PMESP em virtude


de sua origem nas instituições militares que, historicamente, sempre tiveram atenção
dedicada à intransponibilidade dos muros de seus quartéis. Também é possível
perceber a preocupação da Polícia Militar com a segurança física de seus agentes
pela seriedade com que é tratado o colete de proteção balística para o PM, o controle
rígido de alocação desse material e quanto à sua validade.
Outros tipos de equipamentos são vistos nas mais diversas modalidades de
policiamento, como a cavalo, Controle de Distúrbios Civis (CDC) e com bicicletas,
onde o EPI se diferencia para além da existência do próprio colete balístico, mas com
proteções típicas como capacete das três modalidades citadas e as perneiras para o
policial em atividade de CDC.

7.1 Coleta de dados

Para verificar a cultura da Instituição e o pensamento do policial militar paulista


sobre o EPI que se pretende propor com este trabalho, o autor aplicou entrevista
estruturada endereçada a todos os policiais militares por meio de distribuição de
mensagem em massa (81.137 policiais militares segundo dados da 1ª EM/PM),
serviço oferecido pelo Centro de Processamentos de Dados (CPD), que distribuiu a
pesquisa a todos os Oficiais e Praças da PMESP (APÊNDICE A).
Procurando uma amostra casual simples, em que cada indivíduo da população
policial-militar tem oportunidade igual de ser incluído na amostra, pois recebeu o
104

questionário em seu e-mail funcional, a pesquisa obteve 2.594 respostas, sendo que
deste total 58,7% são Cabos e Soldados PM (1.523), 23,2% são Subtenentes e
Sargentos PM (602), 8,2% são Capitães PM (213), 6,2% são Tenentes PM (162) e o
restante são Majores PM (2,3% ou 60 pessoas), Tenentes Coronéis PM (1% ou 26
Oficiais) e Coronéis PM (8 oficiais ou 0,3%), distribuição representada pelo Gráfico 8.

Gráfico 8 - Proporção de Policiais Militares que responderam ao questionário


sobre Cultura Organizacional.

Fonte: Questionário Google Forms distribuído a todos Oficiais e Praças da


PMESP.

Aplicando-se a fórmula de cálculo da Figura 37 para uma amostra probabilística


da população policial militar, obtêm-se a Tabela 10, onde o nível de confiança
pretendido é de 95% com a margem de erro de 5%.

Figura 37 - Fórmula de Cálculo Amostral.

Fonte: (SANTOS, [201?])

Tabela 8 - Amostra probabilística da população da PMESP.


Nível Efetivo Amostra
Participantes
Gerencial/Operacional Existente Probabilística
Oficiais Superiores
4937 357 469
Capitães e Tenentes PM
Subten/Sgt PM 11746 373 602
Cb/Sd PM 61781 382 1523
Fonte: Tabela produzida pelo autor.
105

A pesquisa então separou os entrevistados em dois grupos. O primeiro deles


os Oficiais, buscando analisar os aspectos da cultura organizacional em quesitos
típicos da gestão. Neste grupo estão os Oficiais Superiores, os Capitães PM e os
Tenentes PM, tanto os 1º Tenentes PM quanto os 2º Tenentes PM. Também estão
inseridos os Subtenentes e Sargentos PM que possuem experiência no
comandamento de fração de tropa motorizada em duas rodas, mas que também têm
impressões eminentemente operacionais. Por este motivo os Subtenentes e
Sargentos PM aparecem na pesquisa feita com os gestores e também com os policiais
operacionais, uma vez que operam sobre motocicletas juntamente com o grupo dos
Cabos e Soldados PM.

7.1.1 ANÁLISE DOS DADOS DOS POLICIAIS MILITARES COMANDANTES DE TROPA

Em que pese as instituições militares possuírem divisão bem delimitada entre


os círculos profissionais, em especial entre Oficiais e Praças, a análise da cultura
organizacional recomenda que se pense na organização como um só corpo, buscando
aspectos que diferenciem somente os quesitos de gestão e operação. A fim de
analisar sob essa uniformização, a pesquisa verificou as respostas dos policiais
militares com comandamento de tropa em suas diferentes frações, desde os Oficiais
Superiores até os Subtenentes e Sargentos PM.
Dos 4.937 oficiais existentes na PMESP, 469 responderam à pesquisa, sendo
que desses, 316 ou 67% trabalham ou já trabalharam diretamente no comandamento
ou gestão do policiamento com motocicletas. Para os Subtenentes e Sargentos PM,
602 policiais responderam à pesquisa, sendo que 248, ou 41% deles, têm experiência
sobre o comandamento de fração de tropa sobre motocicletas.
Para verificar a percepção objetiva dos policiais em função de comando quanto
à segurança concreta a que estão submetidos os policiais motociclistas, o questionário
perguntou se o Oficial já teve um dos policiais sob seu comando envolvido em
acidente/queda durante a atividade operacional com motocicleta, e obteve que 190
(60%) oficiais assinalaram que tiveram policiais sob seu comando vítimas de
acidentes com lesões graves e 174 (55%) tiveram vítimas de lesões leves. Para os
Subtenentes e Sargentos PM essa taxa foi de 51% (Tabela 11).
106

Tabela 9 - Comandantes com experiência em gestão no policiamento com


motocicletas que tiveram PMs sob seu comando lesionados.
Comandantes
Nível com Gestão em
Lesões Graves Lesões leves
Gerencial/Operacional policiamento com
motocicletas
Oficiais Superiores 62 37 60% 28 45%
Capitães/Tenentes PM 254 153 60% 146 57%
Subten/Sgt PM 248 126 51% 138 56%
Total 564 190 34% 174 31%
Fonte: Tabela produzida pelo autor.

Em seguida, o questionário pergunta a esse mesmo grupo que teve policiais


sob seu comando lesionados por acidente, qual a região do corpo o policial foi
acometido da injúria, e a pesquisa observou o descrito no Gráfico 9:

Gráfico 9 - Região do corpo em que os PMs tiveram lesões segundo


seus comandantes.

Fonte: Gráfico produzido pelo autor.

O gráfico acima demonstra que a percepção dos policiais comandantes, ainda


que empírica, está prioritariamente direcionada para três regiões do corpo em que
eles se recordam terem os policiais sido mais atingidos, os joelhos com 354 menções,
seguidos das mãos com 342 menções e dos cotovelos, com 318 menções. As
perguntas respondidas guardam inteira coerência com os dados trazidos por Debieux,
Chertman, et al. (2010) apud Paschoalim (2013) já mencionados nesse trabalho, em
que as partes do corpo mais afetadas pelos motocicistas acidentados mencionados
naquela pesquisa foram os joelhos, mãos, pernas e cotovelos (em ordem decrescente
de eventos)22.

22 Vide Gráfico 6 (p. 92).


107

Em seguida a pesquisa aplicou a esse mesmo grupo a seguinte pergunta: “O


Sr.(ª) acredita que o fardamento específico do motociclista atualmente regulamentado
na PMESP (B-2) protege satisfatoriamente contra lesões em decorrência de
acidente/queda?” A pesquisa demonstrou que 1.024 (95%) policiais entre os Oficiais
e os Subtenentes e Sargentos PM acreditam que o fardamento atual não protege o
motociclista satisfatoriamente do acidente, e somente 47 (5%) pessoas responderam
que sim. Ressalte-se que, dos 47 policiais que afirmaram acreditar que o uniforme
atual oferece proteção satisfatória, 18 haviam declarado em outras perguntas que não
são habilitados pela PMESP para condução de viatura motocicleta ou não possuem
experiência na gestão de policiamento com motocicletas, portanto não possuem
conhecimento prévio sobre a importância de conduzir moto devidamente protegido.
Para a pergunta “O Sr.(ª) acredita que se fossem acrescentadas proteções
individuais ao uniforme como joelheiras e cotoveleiras, o policial estaria protegido de
lesões causadas por acidente/queda ou que essas lesões poderiam ser
minimizadas?”, a pesquisa obteve que 1.062 dos policiais (99%) acreditam que se as
joelheiras e cotoveleiras fossem adicionadas ao uniforme do policial motociclista, ele
teria lesões evitadas ou minimizadas em caso de queda, restando a apenas nove
comandantes a opinião contrária.
A pesquisa ainda procurou compreender a opinião dos comandantes de tropa
sobre a obrigatoriedade do EPI e se sentiriam confortáveis em exercer fiscalização e
cobrança sobre o uso do equipamento. Para estes quesitos, o questionário extraiu que
829 policiais acreditam que o uso do EPI a ser acrescentado (joelheiras e cotoveleiras)
deve ser obrigatório, 202 policiais responderam acreditar que deve ser facultativo, 30
acham que deve ser obrigatório apenas para condições específicas como dias de
chuva e treinamento e 6 policiais responderam que a implementação de joelheira e
cotoveleiras em nada alteraria a segurança do policial. Em resumo, 95% dos gestores
que responderam à pesquisa acreditam que o novo EPI a ser acrescentado deva ser
compulsório, sendo que 84% dos comandantes afirmaram que se sentiriam
confortáveis em cobrar de seus efetivos os uso do EPI, 14% opinaram dizendo que o
EPI deveria ser facultativo e 2% ainda afirmaram que não cobrariam de seus efetivos
o uso do EPI conforme preconizado (Gráfico 10).
108

Gráfico 10 - Representação dos comandantes que cobrariam o


uso do EPI para motociclistas se ele fosse obrigatório.

Fonte: Gráfico produzido pelo autor.

Há ainda o aspecto da valorização do policial militar. Presente na Diretriz nº 4


do Plano de Comando 2018-2019 (PMESP, 2017), encontra também alinhamento com
o Objetivo Estratégico nº 4 do mesmo documento, que visa aprimorar as ações
voltadas à redução da vitimização do policial militar e à proteção de sua saúde, por
meio de medidas de segurança e medicina do trabalho.
Neste espectro, a pesquisa feita com os Oficiais e Praças da PMESP com
gestão sobre policiamento com motocicletas estabeleceu uma escala de valores de 1
a 5, onde o valor 1 significa “Pouco valorizado” e 5 significa “Muito valorizado”, e fez
a seguinte pergunta: “Na opinião do Sr.(ª), quanto o policial militar motociclista se
sentiria valorizado se a PMESP implementasse as proteções individuais?”. A resposta
obtida revelou que dos 1.071 policiais militares comandantes que participaram da
pesquisa, 712 assinalaram a opção “5”, 205 policiais assinalaram a opção “4”,
enquanto que 116 militares escolheram a opção “3”, e somente 38 comandantes
assinalaram as opções “1” ou “2” (Gráfico 11).

Gráfico 11 - Comandantes que acreditam valorizar o policial com a


aquisição do EPI.

Fonte: Gráfico produzido pelo autor.


109

7.1.2 ANÁLISE DOS DADOS DOS POLICIAIS MILITARES COM EXPERIÊNCIA EM ATIVIDADES
OPERACIONAIS

A pesquisa formulada também buscou informações com os policiais militares


que desempenham ou já desempenharam atividades operacionais sobre a
motocicleta na PMESP, distinguindo os Oficiais Superiores dos Capitães e Tenentes
PM, além de verificar separadamente os Subtenentes e Sargentos PM dos Cabos e
Soldados PM.
A importância da opinião deste recorte está no fato de que extrai o pensamento
do policial que utilizará as proteções e que está sujeito ao risco, mostrando a cultura
profissional do policial militar motociclista:

Cultura Profissional – identifica características de um determinado


grupo profissional (por exemplo: pilotos, controladores,
meteorologistas etc.). Por meio dos processos de seleção,
treinamento prático e teórico e pressão dos pares, os profissionais
tendem a adotar o sistema de valores vigente e, consequentemente,
a desenvolver um padrão de comportamento aderente ao praticado
pelo grupo. Uma cultura profissional madura reflete a capacidade do
grupo em ser capaz de balancear os aspectos que envolvem as
exigências decorrentes da produtividade com os preceitos de
segurança inerentes às atividades desenvolvidas. (MINISTÉRIO DA
DEFESA, 2017)

Muito embora a coleta dos dados tenha sido executada em diferentes recortes,
a análise das informações sob o aspecto da cultura organizacional, como dito,
determina o olhar único dos níveis hierárquicos, com o objetivo de se enxergar a
Instituição por uma visão holística.
Neste ponto do trabalho cabe a busca de amostra probabilística sob outro
prisma. De acordo com as informações obtidas junto à autoescola do Centro de
Motomecanização da PMESP (CMM) recebidas por e-mail de
csmmautoescola@policiamilitar.sp.gov.br em 5 set. 2018, a PMESP possui 29.808
policiais militares habilitados para condução de motocicleta policial (SAT categoria
“A”), sendo 163 Oficiais Superiores, 726 Capitães e Tenentes PM, 4.358 Subtenentes
e Sargentos PM e 24.561 Cabos e Soldados PM. À pesquisa aplicada pelo trabalho,
1.129 policiais militares de todos os postos e graduações afirmaram terem experiência
na condução de viatura motocicleta em algum momento de sua carreira, sendo que
110

para a pesquisa não importa a extensão desta experiência e em qual especialidade,


interessando somente a informação afirmativa pura e simples.
Submetendo os números mencionados à fórmula de cálculo de amostra
probabilística da Figura 37 com os dados inseridos na calculadora online (SANTOS,
[201?]), obtêm-se que a amostra necessária para afirmar que os entrevistados
representam toda a população policial-militar motociclista é de 380 pessoas, sendo
que a pesquisa aplicada obteve 1.129 respostas de participantes habilitados para
motocicleta e com experiência na condução de viatura policial de duas rodas.
Dos 1.129 participantes, 69% (781) dos policiais afirmaram já terem sofrido
acidente ou queda de motocicleta durante o desempenho da atividade profissional
sobre o veículo, sendo que o questionário ainda foi capaz de extrair a frequência com
a qual os entrevistados mencionam terem sofrido lesões graves e lesões leves de
acordo com sua própria compreensão sobre a classificação da extensão da injúria.
Dos dados catalogados, a grande maioria das menções feitas pelos policiais
entrevistados (56%) referem-se às lesões leves, conforme Gráfico 12.

Gráfico 12 - Distribuição das menções sobre gravidades de lesões


sofridas por PMs com experiência em condução de viatura
motocicleta.

Fonte: Gráfico produzido pelo autor.

Da mesma forma que se analisou as menções dos comandantes sobre as


regiões do corpo as quais se recordam terem seus comandados sido atingidos, a
pesquisa pediu aos policiais motociclistas que já sofreram queda ou acidente com
motocicleta durante a atividade operacional que apontassem qual a região do corpo
tiveram lesões, podendo apontar mais de uma se fosse o caso.
111

O resultado mostrou que 23% das menções de lesões foram feitas para os
joelhos, 22% são lesões de mãos e 18% referem-se aos cotovelos, restando os 35%
de menções à outras cinco regiões do corpo e 2% dedicados aos PMs que afirmaram
nunca terem sofrido lesões. O esquema gráfico dos dados expressos está no Gráfico
13:

Gráfico 13 - Região do corpo em que os PMs motociclistas tiveram


lesões.

Fonte: Gráfico produzido pelo autor.

Buscando analisar o binômio “segurança x conforto” do EPI específico do


motociclista, o questionário arguiu os policiais com experiência na atividade
operacional com motocicletas se já haviam tido experiência com proteções para
joelhos e cotovelos, seja profissionalmente ou em momentos de folga. Dos 1.129
policiais habilitados e com experiência operacional sobre motos, 509 participantes
afirmaram conhecerem e terem experiência com proteções individuais específicas
para motociclismo, sendo então perguntado “Como você avalia o quesito ‘proteção
contra lesões’ do equipamento?”. À esta pergunta a pesquisa ofereceu ao entrevistado
uma escala linear de 1 a 5, onde 1 significa “Não protege”, e 5 significa “Protege
muito”, e obteve os dados conforme a representação do Gráfico 14.
112

Gráfico 14 - Opinião dos PMs motociclistas sobre nível de


proteção do EPI.

Fonte: Gráfico produzido pelo autor.

Para os mesmos policiais foi perguntado a opinião sobre o conforto que as


proteções proporcionavam, oferecendo uma mesma escala linear de valores entre 1
e 5, onde 1 significa “Nada confortável” e 5 significa “Muito confortável”. Para este
quesito, 63% dos policiais assinalaram a opção 3 ou 4 (Gráfico 15).

Gráfico 15 - Opinião dos PMs motociclistas sobre o nível de


conforto do EPI.

Fonte: Gráfico produzido pelo autor.

A inferência que se pode colocar neste ponto da pesquisa é que os policiais


motociclistas acreditam na proteção que podem passar a ter com o uso do EPI, pois
80% dos entrevistados que já tiveram algum contato com as guardas para joelhos e
cotovelos acreditam que estarão bem protegidos, sendo que também existe a
percepção de um certo conforto garantido pelo equipamento, ou no máximo um
113

desconforto aceitável, já que é sabido que EPI, por si só, causa desconforto ou pouco
conforto.
Para reforçar ainda mais o pensamento da cultura profissional do policial
motociclista quanto ao do EPI, também foi perguntado ao efetivo sobre a importância
que o PM acredita terem as proteções individuais de joelhos e cotovelos para a
preservação da integridade física do militar, oferecendo novamente uma escala linear
em que 1 significa “Pouco importante” e 5” significa “Muito importante”.
Analisando o recorte somente dos Cabos e Soldados PM, aqueles que
permanecem sobre a motocicleta durante todo o turno de serviço, houve 476
respostas para as quais 80,5% assinalaram a opção 5, ou seja, “Muito importante”.
Na sequência, a pergunta aplicada ao Cabo e Soldado PM foi se ele se sentiria
valorizado se a PMESP implementasse as proteções individuais, estipulando a
mesma escala linear para a resposta onde 1 significa “Pouco valorizado” e 5 significa
“Muito valorizado”, onde 73,7% dos entrevistados assinalaram a opção 5 (Muito
valorizado), como se pode ver no Gráfico 16.

Gráfico 16 - Percepção da valorização do PM motociclista com implementação


do EPI.

Fonte: Questionário Google Forms distribuído a todos Oficiais e Praças da


PMESP.

7.1.3 ANÁLISE DOS DADOS DO EXPERIMENTO DESENVOLVIDO COM POLICIAIS


MOTOCICLISTAS

A pesquisa também buscou ouvir a opinião do policial militar motociclista sobre


um eventual modelo de EPI que possa ser implementado pela PMESP e solicitou ao
comando da Instituição que alguns integrantes e voluntários, utilizassem um conjunto
de equipamentos por um turno de serviço completo, no mínimo.
Desta forma, pôde-se colher a opinião do policial que efetivamente trajou o EPI
por período de oito a doze horas ininterruptas de serviço operacional sobre a
114

motocicleta, absorvendo suas percepções e dificuldades, sensação de segurança com


o aparato e conforto.
Entre os dias 28 nov. 2018 a 10 jan. 2019, foi entregue um par de joelheiras,
um par de cotoveleiras e um par de luvas aos policiais militares do 3º Batalhão de
Polícia Militar Metropolitano (3º BPM/M), 12º BPM/M, 22º BPM/M, 11º BPM/M e à
Companhia de Ações Especiais de Polícia (CAEP) do Comando de Policiamento de
Área Metropolitana 1 (CPA-M/1), nos quais 52 policiais que desenvolvem o
patrulhamento de ROCAM e RPM experimentaram o material, dos quais 31 policiais
responderam a um questionário enviado a todos após os experimentos. Dos 31
policiais que responderam à pesquisa, 16 deles trabalham em RPM de Cia PM
territorial, 14 em ROCAM dos Batalhões territoriais e 1 no CAEP do CPA-M/1.
O questionário foi aplicado sem a presença do autor, por meio do formulário
desenvolvido no site Google Forms e respondido em caráter anônimo e voluntário
pelos participantes, o que credita às opiniões uma característica mais fidedigna. As
perguntas foram específicas para cada item do EPI, direcionadas para o conforto
sentido e a segurança percebida pelos usuários (APÊNDICE B).
O modelo do material escolhido para a aplicação dos testes é de propriedade
do autor, semelhante ao modelo utilizado pela PMCE, o qual aparenta proporcionar
mais proteção e conforto.
As joelheiras e cotoveleiras são articuladas, fixadas ao corpo por meio de tiras
elásticas, em material polipropileno, ventilada e com estofo, sendo as joelheiras da
marca “Polisport” (modelo Devil) e as cotoveleiras da marca “Protork”.
O par de luvas oferecido foi o modelo “MX Dirtpaw Race” da marca “Fox”,
construída em poliéster e tecido stretch, com palma acolchoada de camada única em
Clarino®, ponta dos dedos com aplique antiderrapante em silicone, costura reforçada
entre os dedos e dedos siliconados.
A influência que a cultura profissional traz para a mudança do EPI é
preponderante para o prognóstico do sucesso neste aspecto. Percepções concretas
e abstratas do policial sobre o seu fardamento determinam a sua sensação de
valorização por parte da Instituição e como a sociedade o enxerga.
A pesquisa procurou verificar como o policial se sente, sob o aspecto
extremamente subjetivo, do ponto de vista da estética de seu fardamento com o uso
do EPI. Para a pergunta “Do ponto de vista da estética do fardamento com as
proteções para os joelhos, cotovelos e luvas, você pensa que são:” foi estabelecida
115

uma escala linear de 1 a 5, onde 1 significa “Esteticamente inadequadas” e 5 significa


“Esteticamente adequadas”, obtiveram-se as manifestações do Gráfico 17.

Gráfico 17 - Percepção da estética do fardamento com o EPI.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.

Foi então perguntado aos policiais se eles acreditam que a PMESP deveria
instituir as proteções para joelhos e cotovelos em seu uniforme operacional, tendo
como resultado que 24 PMs acreditam que sim, enquanto que 7 apontaram que não
(Gráfico 18).

Gráfico 18 - Opinião se a PMESP deveria instituir


as proteções para joelhos e cotovelos.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos


PMs que fizeram o experimento do EPI.

Sobre a valorização do policial, foi perguntado “Se a PMESP adotasse as


proteções individuais, você se sentiria:”, onde foi estabelecida uma escala linear de 1
a 5, sendo 1 para “Indiferente” e 5 para “Muito valorizado”. O Gráfico 19 mostra que
71% dos policiais se sentiriam valorizados, pois anotaram as opções 4 e 5.
116

Gráfico 19 - Percepção de valorização profissional com a adoção das


proteções.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.

Para a pergunta “Se a PMESP adotasse o material, você usaria?”, a pesquisa


identificou que a grande maioria usaria sempre (23 PMs), apenas 7 policiais usariam
em algumas ocasiões como treinamento e tempo chuvoso, e somente 1 participante
disse que não usaria as proteções (Gráfico 20).

Gráfico 20 - Opinião sobre a frequência do uso das proteções.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.

No entanto, em contradição à resposta anterior, somente 8 policiais dos 31 que


responderam à pesquisa acreditam que o uso do EPI a ser proposto deveria ser
obrigatório, contra 21 PMs que afirmaram que o uso deveria ser facultativo (Gráfico
21).
117

Gráfico 21 - Opinião sobre obrigatoriedade do EPI.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.

7.1.3.1 ANÁLISE DO EXPERIMENTO DAS PROTEÇÕES PARA OS JOELHOS

Para o quesito “conforto” das joelheiras, a pergunta “Quanto ao conforto das


proteções para os JOELHOS você avalia:” foi feita com a aplicação de uma escala
linear para a resposta onde a opção 1 significa “Pouco confortável” e 5 significa “Muito
confortável”. Percebe-se no Gráfico 22 que a opção mais anotada foi número 3,
seguida da opção número 4 e 5.

Gráfico 22 - Percepção do conforto das joelheiras.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.

Para o quesito “sensação de segurança” das joelheiras, também foi colocada


uma escala linear de 1 a 5 para as respostas da pergunta “Você se sentiu seguro com
as proteções para os JOELHOS?”, em que a opção 1 significa “Não me senti seguro”
e 5 significa “Muito mais seguro do que sem as proteções”, e obteve-se que a grande
maioria, 51,6% (16) dos policiais assinalaram a opção 5, ou seja, se sentiram muito
mais seguros do que sem proteções, sendo seguidos por 10 PMs (32,3%) que
anotaram a opção 4 (Gráfico 23).
118

Gráfico 23 - Percepção da sensação de segurança oferecida pelas


joelheiras.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.

Em seguida foi perguntado se as proteções para os joelhos prejudicaram ou


atrapalharam de alguma forma o desempenho do trabalho, e as respostas ofereceram
o Gráfico 24, mostrando que a grande maioria entendeu que não houve óbice às suas
atividades por causa das joelheiras.

Gráfico 24 - Prejuízo ao trabalho causado pelas


joelheiras.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos


PMs que fizeram o experimento do EPI.

Em complemento à pergunta, os policiais que assinalaram que as proteções


para os joelhos atrapalharam o trabalho apontaram dificuldade na locomoção a pé,
como corrida por exemplo, e dificuldade em montar e desmontar da motocicleta.

7.1.3.2 ANÁLISE DO EXPERIMENTO DAS PROTEÇÕES PARA OS COTOVELOS

A pergunta sobre o conforto também foi feita em relação às proteções para os


cotovelos, seguindo os mesmos critérios do questionamento para as joelheiras,
colocando-se uma escala linear de 1 a 5, sendo 5 para “Pouco confortável” e 5 para
119

“Muito confortável”. As respostas para a pergunta “Quanto ao conforto das proteções


para os COTOVELOS você avalia:” foram um pouco mais críticas com este material,
onde 12 (38,7%) participantes assinalaram a opção 1, 5 (16,1%) assinalaram a opção
2, e outros 7 (22,6%) assinalaram a opção 3 (Gráfico 25).

Gráfico 25 - Percepção do conforto das cotoveleiras.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.

Já para a pergunta sobre a sensação de segurança o gráfico se inverte. Cerca


de 25,8% dos policiais assinalou a opção 5 (Muito mais seguro do que sem as
proteções) e cerca de 29% assinalou a opção 4, representados pelo Gráfico 26.

Gráfico 26 - Percepção da sensação de segurança oferecida pelas


cotoveleiras.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.

Dentre esses policiais, 15 participantes afirmaram que as proteções para os


cotovelos prejudicaram ou atrapalharam de alguma forma o desempenho do trabalho,
responsabilizando em geral o fato do equipamento não ficar bem fixado ao braço, além
de incomodar (Gráfico 27). Também 87,1% dos policiais afirmaram que tiveram algum
incômodo ao utilizar o aparato diretamente na pele em virtude da camisa de manga
curta do fardamento (Gráfico 28), número muito próximo aos 83,9% de participantes
120

que acreditam que o incremento de um manguito ou “segunda pele” contribuiria muito


para o conforto, mostrados no Gráfico 29.

Gráfico 27 – PMs que apontaram prejuízo ao


trabalho causado pelas cotoveleiras.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos


PMs que fizeram o experimento do EPI.

Gráfico 28 - PMs que apontaram incômodo com


o EPI em contato direto com a pele.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos


PMs que fizeram o experimento do EPI.

Gráfico 29 - PMs que acreditam que o manguito


por baixo da cotoveleira melhoraria o conforto.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos


PMs que fizeram o experimento do EPI.
121

7.1.3.3 ANÁLISE DO EXPERIMENTO DAS PROTEÇÕES PARA AS MÃOS

Sobre as luvas, tanto o conforto quanto a sensação de segurança


proporcionados pelo material foram bem avaliados pelos usuários que fizeram os
testes. No Gráfico 30 é possível verificar que 32,3% dos policiais afirmaram que, em
uma escala de 1 a 5 onde 1 significa “Pouco confortável” e 5 significa “Muito
confortável”, sentiram o equipamento muito confortável e assinalaram a opção 5,
seguidos por 25,8% dos entrevistados que anotaram a opção 4.

Gráfico 30 - Percepção do conforto das luvas.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.

O quesito “Sensação de segurança” das mãos com o uso das luvas foi ainda
melhor avaliado. Para a pergunta “Você se sentiu com as mãos protegidas utilizando
as LUVAS?”, cerca de 45% dos motociclistas assinalaram o quesito 5 (Muito mais
seguro do que sem as proteções), e 29% assinalaram o quesito 4, conforme
representado no Gráfico 31.

Gráfico 31 - Percepção da sensação de segurança oferecida pelas luvas.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos PMs que fizeram o


experimento do EPI.
122

Para os oito policiais que afirmaram terem as luvas atrapalhado ou prejudicado


as atividades, os problemas enfrentados estão em torno da sensibilidade que eles
afirmam terem perdido com as luvas, principalmente no momento da abordagem
policial quando realizam o manuseio do armamento e a busca pessoal (Gráfico 32).
Um dos policiais afirmou que as luvas atrapalham a condução da motocicleta,
fato que deve ser visto com certa ressalva, pois são luvas próprias para a pilotagem
de motos.

Gráfico 32 - PMs que apontaram prejuízo ao


trabalho causado pelas luvas.

Fonte: Questionário Google Forms aplicado aos


PMs que fizeram o experimento do EPI.
123

8 PROPOSTA

O trabalho possui a ambição de apresentar uma proposta de EPI para o


motociclista a ser instituído pela PMESP, a fim de proporcionar ao policial militar uma
proteção mais adequada para os joelhos, cotovelos e mãos, partes mais atingidas nos
acidentes de motocicleta sofridos pelos policiais em serviço.
A proposta apresentada não visa a alteração do fardamento específico do
policial, assunto que já foi apontado por Paschoalim (2013), Pardubsky (2014) e Chiyo
(2017), todos com o condão de proteger o motociclista de lesões, mas sim incluir as
proteções já consagradas em outras instituições policiais e no meio civil, como o
Equipamento de Proteção Individual no aparato policial-militar, e a partir de então
tornar o seu uso compulsório pelo PM.
A obrigatoriedade se mostra necessária em virtude do extenso plantel de
28.808 policiais motociclistas em toda a PMESP, segundo os dados fornecidos pelo
CMM (PMESP, 2018), cada um com suas peculiaridades, origens diferentes e
compreensões diferentes quanto à importância da prevenção de acidentes e proteção
contra os riscos ambientais.
Os questionários aplicados tanto para o efetivo policial-militar quanto para os
profissionais que experimentaram o EPI oferecido mostram a necessidade de, tão logo
o material seja implementado, existir a obrigatoriedade em seu uso.
A afirmação acima possui respaldo no resultado da pesquisa que observou que
77% dos policiais militares que possuem algum nível de comandamento na Instituição
acreditam que o uso do EPI deve ser obrigatório, enquanto que somente 19% acredita
que o uso deve ser facultativo, restando os outros 4% aos policiais que acreditam que
o uso pode ser implementado somente em missões específicas e dias chuvosos ou
acreditam que o novo EPI não influenciará na proteção dos PMs.
Já a pesquisa feita com os Cabos e Soldados PM com experiência em
patrulhamento com motocicletas, a proporção foi bem diferente. Apesar de 80,5% dos
policiais acreditarem que o EPI é muito importante para preservar a integridade do
policial e 73,7% afirmarem que se sentiriam muito valorizados se a PMESP
implementasse e adquirisse o EPI, somente 48,9% desses policiais acreditam que o
uso do equipamento deve ser obrigatório e 47,3% afirmaram que o uso deve ser
facultativo, restando aos demais 3,8% a ideia do uso somente em missões específicas
ou que o EPI não deva ser implementado porque não influenciará na proteção do
124

policial, números que fazem emergir o sinal de que a cultura profissional do


motociclista ainda não tenha maturidade para levar o indivíduo a utilizar o
equipamento por si só.
Nos testes efetuados pelos 52 policiais do CPA/M-1, CPA/M-2 e CPA/M-10,
77% dos policiais que responderam à pesquisa afirmaram que a Polícia Militar deveria
instituir as proteções para joelhos e cotovelos como EPI, 71% deles se sentiriam
valorizados ou muito valorizados com a aquisição do material pela organização e 74%
afirmaram que usariam o equipamento sempre. No entanto, contraditoriamente, 67%
dos policiais que experimentaram o equipamento afirmam que o uso deveria ser
facultativo e apenas 25% disseram que o uso deveria ser compulsório.
Os dados colhidos pelas duas amostras, tanto a dos policiais militares
habilitados para condução de viatura motocicleta quanto os números apresentados
pelos PMs que efetivamente experimentaram o equipamento mostram que, apesar de
compreenderem a necessidade e importância do uso do EPI, o policial da atividade
operacional entende que, mesmo a instituição adquirindo o equipamento e investindo
na valorização e na preservação do profissional, cabe a ele decidir se irá ou não se
proteger dos riscos ambientais inerentes ao seu trabalho.
Há também o aspecto já tratado da norma trabalhista civil a ser emprestada
neste momento para consubstanciar o pensamento de que o uso do EPI, quando
adquirido, deve ser obrigatório. Pelo regramento específico trabalhista, cabe à PMESP
adquirir o adequado EPI de acordo com o risco da atividade, e ao policial usar o
equipamento e cumprir as determinações da Instituição sobre o seu uso adequado
(BRASIL, 1978).
O uso do EPI deve ser feito de forma ostensiva, ou seja, por cima do
fardamento, com o único objetivo de padronizar o uniforme e a identificação visual da
Instituição, pois o uso dissimilado, ou por baixo do culote, como seria o caso das
proteções para os joelhos, é impossível por todos os PMs em virtude da infindável
diversidade de modelos de compleição física existente na PMESP. O policial mais
corpulento, ao empregar o equipamento por baixo do culote, perderá mobilidade
necessária para a condução da motocicleta, ou seja, o uso dessa forma é possível
apenas pelo policial de compleição magra, o que deixaria o fardamento
despadronizado.
Sugere-se que o equipamento a ser implementado seja na cor preta, já
disponível no mercado, que divide espaço nas lojas com materiais coloridos não
125

recomendáveis à sóbria PMESP. O autor não encontrou exemplares na cor cinza


bandeirante do fardamento da Polícia Militar paulista.
Outro ponto que merece atenção sobre as características do material é que ele
não possua qualquer identificação da PMESP em sua estrutura. Em que pese não
seja objeto deste estudo, acredita-se que, na medida em que o profissional se habitue
a utilizar o material durante o turno de serviço, torne-se dependente da segurança
trazida pelo aparato e o vista também na condição de in itinere, ou seja, ao se dirigir
com sua motocicleta particular para o trabalho e o inverso, reduzindo assim, por
consequência, o afastamento por lesões sofridas em acidente fora do serviço
operacional, mas com efeitos de “acidente em serviço”. (SÃO PAULO, 1982).
Por fim, o trabalho propõe o anexo ao R-5-PM que especifica o EPI para o
policial militar motociclista (Apêndice C) e o Memorial Descritivo para eventual
certame para a aquisição do equipamento (Apêndice D). Também é proposta desta
dissertação o contido no Apêndice E, a fim de acrescentar ao anexo II do R-5-PM a
possibilidade de o policial trajar o EPI quando fardado em motocicleta particular em
deslocamento para o serviço ou dele para sua residência.

8.1 O EPI mais adequado

Com base nas características das lesões analisadas neste trabalho, no qual
ficou demonstrado que as lesões mais frequentes são nos joelhos, cotovelos e mãos
(nesta ordem), apesar de haver lesões em outras regiões do corpo dos policiais mas
que proporcionalmente não alcançam a importância daquela que são conhecidas
como “extremidades” do corpo, o autor lançou mão do material oferecido para os
testes e passa a delinear o que se acredita como o mais recomendado, também em
virtude das experiências colhidas por outras organizações do Brasil.

8.1.1 PROTEÇÕES PARA OS JOELHOS

As proteções oferecidas para os testes são semelhantes às utilizadas pelas


PPMM que estão à frente neste quesito, em especial a PMCE que possui processo
de aquisição e culturas organizacional e profissional do motociclista muito bem
estruturados.
126

O equipamento proposto busca oferecer proteção adequada e relativo conforto,


motivo pelo qual deve possuir guardas para os joelhos e parte da canela, fabricada
em polipropileno, com parafuso que permita a sua articulação e com estofo na parte
em que haja o contato com a pele, ainda que com a barreira do tecido do culote. A
fixação nas pernas deve ser feita por meio de tiras elásticas ajustáveis (Figura 38).

Figura 38 - Proteções para os joelhos.

Fonte: Acervo do autor

8.1.2 PROTEÇÕES PARA OS COTOVELOS

As proteções para os cotovelos devem obedecer ao mesmo princípio das


joelheiras, oferecer proteção com relativo conforto. Por isso precisam guardar os
cotovelos e parte do antebraço, com parafuso que permita a sua articulação e ser
fixada ao corpo por meio de tiras elásticas ajustáveis e em contato com a pele por um
estofo. Acredita-se que o material mais adequado do qual a proteção deva ser
fabricada também seja o polipropileno em virtude da razão resistência x peso (Figura
39).
127

Figura 39 - Proteções para os cotovelos

Fonte: Acervo do autor

8.1.3 O MANGUITO

O manguito, ou “segunda pele”, é uma peça em tecido próprio para proteção


dos braços contra agentes térmicos, no caso específico do motociclista a exposição
ao sol.
A peça também está disponível no mercado e é usada por motociclistas,
ciclistas e corredores de rua, fabricada em geral em poliamida ou poliéster e elastano
e com proteção contra radiação solar.
O implemento do manguito como EPI, além de encontrar respaldo também na
NR 6 que prevê em sua lista de equipamentos as mangas para proteção dos braços
e antebraços contra agentes térmicos, é recomendado por parecer feito pela Capitão
Médica PM Ana Célia Xavier, Chefe da Dermatologia do Departamento Clínico do
CMed que, em resposta a solicitação oriunda do Comando de Policiamento do Interior
2 (CPI-2), sugeriu o uso de manga para proteção do braço e antebraço pelos
motociclistas da Corporação como barreira física à exposição solar, prevenindo contra
o câncer de pele (PMESP, 2016).
Além do emprego do manguito como EPI, a extensão da manga com a
cotoveleira serviria para proporcionar conforto ao uso das proteções para os
cotovelos, pois as tiras elásticas ficariam em contato direto com a pele sem o uso do
manguito (Figura 40).
128

Esteticamente, com a implementação da cotoveleira, o manguito não causa


qualquer impacto, pois fica por debaixo da cotoveleira aparentando ser parte
integrante desta.

Figura 40 - Manguito

Fonte: (ENCANTO DECOR, 2018)

8.1.4 AS LUVAS

Embora as luvas sejam os únicos equipamentos com previsão no R-5-PM,


assim como a jaqueta, a bota e o capacete, elas devem acompanhar as joelheiras e
cotoveleiras na descrição do material a ser proposto.
Isto porque o Regulamento de Uniformes apenas prevê a existência do
material, obviamente não chegando ao nível das especificações que deva ter, pois
que a norma sobre o fardamento visa a estabelecer um regramento e padronização
gerais sobre a identidade visual da Corporação.
Assim, as luvas devem ser feitas em poliéster e tecido com característica
stretch para preservar as faculdades táteis e para empunhadura do armamento. As
luvas são os únicos equipamentos que poderiam ser colocados como facultativos, não
o uso, mas o modelo a ser usado pelo policial, a saber dedos inteiros ou “meio-dedo”,
a depender das características de adaptabilidade de cada indivíduo, sendo certo que
a luva que protege a mão inteira deve sempre ser a mais recomendada (Figura 41).
129

Figura 41 - Luvas.

Fonte: Acervo do autor.

Desta forma, o fardamento do policial militar motociclista proposto pelo


presente trabalho assumiria as características presentes na Figura 42.

Figura 42 - EPI completo proposto.

Fonte: Acervo do autor.

8.2 Custo estimado do investimento

A PMESP não possui um número fixo de policiais militares que desenvolvem


atividades com motocicletas diariamente, isto muito em virtude da dinamicidade
130

existente na demanda do serviço policial-militar nas suas infindáveis particularidades


em decorrência de características próprias como terreno, população local, demandas
externas à Corporação entre outras, que descrevem a pluralidade de produtos
oferecidos pela Polícia Militar paulista em todo o estado.
Assim, não é possível estimar a quantidade de policiais militares que
efetivamente desempenham o papel de motociclistas em determinado período. O
método utilizado por este trabalho para o cálculo foi, a partir do Quadro de Fixação de
Frota (QFF) da PMESP disponível na homepage da 4ª Seção do Estado-Maior (4ª
EM/PM) na intranet da Corporação (PMESP, 2017), verificar a quantidade de viaturas
motocicletas existentes. O número extraído foi multiplicado por dois, uma vez que uma
mesma viatura é empregada por dois PMs distintos no regime 12x36 de trabalho.
Assim, chegou-se ao resultado do número de EPI estimado a ser adquirido pela
PMESP quando da sua implementação:

QFF x 2 = qEPI (3)

Foram verificadas as viaturas motocicletas operacionais do Grupo 11 (PMESP,


2004) pertencentes aos Programas de Policiamento ROCAM e RPM, além das
motocicletas do Policiamento de Trânsito, fixadas no Comando de Policiamento da
Capital, Comando de Policiamento Metropolitano (CPM), Comandos de Policiamento
do Interior (CPI), Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran) e Comando de
Policiamento de Choque (CPChq), além das motocicletas de estafeta para todas as
OPM da PMESP, obtendo-se o total de 3.041 motocicletas, o que levou à estimativa
de 6.082 conjuntos de EPI a serem adquiridos nos moldes do modelo sugerido.
O autor então fez uma pesquisa de campo simples e constatou um preço médio
de cada equipamento disponível no mercado à varejo, por óbvio sem qualquer
estimativa existente em processo licitatório apropriado, e consignou a Tabela 11:

Tabela 10 – Custo estimado do investimento com EPI.


Proteção Quantidade (pares) Valor unitário estimado Valor total estimado
Joelheiras 6082 R$ 99,00 R$ 602.118,00
Cotoveleiras 6082 R$ 75,00 R$ 456.150,00
Luvas 6082 R$ 150,00 R$ 912.300,00
Manguito 6082 R$ 35,00 R$ 212.870,00
Total R$ 359,00 R$ 2.183.438,00
Fonte: Tabela produzida pelo autor com base em pesquisa de campo.
131

A tabela mostra que a PMESP investiria R$ 359,00 por policial militar estimado
na atividade operacional sobre motocicleta, representando melhoria na sua proteção
física, autoestima profissional em decorrência de sua valorização e economia de
recursos gastos pela Instituição com as lesões sofridas pelos acidentes.
O valor total estimado de pouco mais de R$ 2 milhões é compensado pela
economia dos cerca de R$ 3,5 milhões gastos em 201723 ou R$ 4,7 milhões gastos
em 201624 com os dias afastados dos PMs, na maior parte deles em virtude de lesões
sofridas nos joelhos, cotovelos e mãos25.

23 Vide Tabela 4 (p. 96)


24 Vide Tabela 5 (p. 97)
25 Vide Gráficos 4, 5 e 6 (p. 91 e 92)
133

9 CONCLUSÃO

O trabalho percorreu todas as etapas esperadas. Buscou um referencial


histórico do patrulhamento com motocicletas no mundo e trouxe os primeiros passos
dessa modalidade na PMESP.
Fez um comparativo do EPI utilizado pelas modalidades esportivas on road e
off road e esclareceu o regramento de sua principal federação esportiva. Também
mostrou, talvez em seu comparativo mais importante, como as forças policiais no
mundo e principalmente no Brasil utilizam as guardas de mãos, cotovelos e joelhos
para proteger seus profissionais, e mostrou que outras instituições estão à frente neste
quesito.
No entanto, o que mais impactou a pesquisa foram as conclusões acerca do
custo experimentado pela PMESP com as lesões sofridas pelos policiais que se
acidentam de moto em serviço. As quantias estratosféricas são resultado da ausência
de proteções, uma vez que o risco advindo da atividade não pode ser retirado do
ambiente, apenas mitigado.
Campanhas de conscientização do policial militar condutor de viaturas e
treinamento específico para o motociclista que incremente a sua habilidade em alta e
em baixa velocidade são algumas medidas de gestão que podem mitigar os riscos no
vértice do fator humano do acidente. As manutenções preditivas, preventivas e
corretivas adequadas nos veículos são ações também de gestão que inferem
positivamente no fator “máquina” do acidente. Mas o fator “ambiente” é quase que
imutável. Ações no ambiente não estão ao alcance do policial ou de seu comandante,
pois o trânsito é fluido, dinamicamente instável e muda a cada segundo, o terreno
apresenta surpresas e instabilidades igualmente ameaçadoras e a própria atividade
de policiamento ostensivo representa um risco per se. Por isso, a impossibilidade de
mudança nos fatores de risco leva para uma só direção: o aumento das proteções.
O trabalho ora apresentado propõe a adequação do EPI para o motociclista na
PMESP, gerando custos do investimento, fato que, à primeira vista, possui o obstáculo
da disponibilidade do recurso financeiro.
Foi visto que somente em 2017 a PMESP absorveu R$ 3,5 milhões com 16.328
dias de afastamentos dos policiais militares em virtude de 381 acidentes motociclístico
somente em serviço, número que estabeleceu uma média de 50 dias de afastamento
para cada acidente, valores que ainda estão abaixo do custo em 2016 que passou
134

dos R$ 4,7 milhões. Cabe lembrar que não estão abarcados nestes valores os custos
diretos e indiretos com socorro, tratamento e reabilitação dos policiais, além das
indenizações pagas.
O estudo verificou então a cultura organizacional da PMESP e o impacto que
ela tem sobre a gestão da segurança operacional, desde os policiais com função de
comandamento e gestão sobre o policiamento com motocicletas, sendo eles
motociclistas ou não, até os profissionais que efetivamente operam a moto.
Descobriu-se que o policial se sentirá extremamente valorizado com a
aquisição e implementação do EPI pela Polícia Militar e que a grande maioria acredita
que o motociclista estará efetivamente protegido de lesões na medida em que use o
EPI.
A obrigatoriedade do uso do material foi o único ponto em que houve
divergência. Os policiais com função de gestão acreditam que o uso deva ser
compulsório, em contradição ao Cabo e Soldado PM, os quais, apesar de afirmar que
se implementado, usaria o EPI em todas as ocasiões, metade dos entrevistados
respondeu que o uso deveria ser facultativo.
Os policiais motociclistas que participaram dos testes expressaram as mesmas
opiniões. A maciça maioria afirmou se sentir extremamente valorizado se a
Corporação implementasse o EPI e se sentiu segura com o uso do equipamento, em
que pese ter feito alguma ressalva quanto ao seu conforto, em especial das
cotoveleiras. É aí que surge o manguito, peça sugerida em todos os círculos
profissionais quando se fala em proteção para o motociclista e objeto de
recomendação técnica de médica dermatologista em resposta a expediente já
produzido por diferentes comandantes.
Concluiu-se que o custo estimado do investimento com a aquisição do material
no primeiro momento, cálculo feito com base no quadro de motocicletas fixado na
PMESP, é de pouco mais de R$ 2 milhões, bem abaixo do custo despendido com as
lesões sofridas.
Por fim, foi então elaborada a proposta para adequação do EPI, objetivo geral
desta dissertação, composto pelas joelheiras, cotoveleiras, luvas e manguito, capazes
não de evitar o acidente em si, mas de impedir que o policial sofra lesões em
decorrência do acidente, ou ao menos diminua a sua extensão e gravidade, tendo a
sua integridade física preservada ou de fácil recuperação, garantindo a sua dignidade
135

e autoestima profissional, gerando economia de custos à PMESP e, em consequência


de tudo isso, uma prestação de serviço de segurança pública eficiente.
137

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PMESP. Tabela Modal. 6º Seção do Estado-Maior. Destinatário: o autor. São Paulo,


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full-protection-gear-long-sleeved-armour-protected-jackets-padded-trousers-and-full-
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https://en.wikipedia.org/wiki/Pierre_Michaux. Acesso em: 31 dez. 2018.

WIKIPEDIA. Sylvester H. Roper, 13 nov. 2018. Disponivel em:


https://en.wikipedia.org/wiki/Sylvester_H._Roper. Acesso em: 31 dez. 2018.

WINDY. Windy.com, 2018. Disponivel em: https://www.windy.com/pt/-Temperatura-


temp?temp,-22.926,-47.532,>. Acesso em: 18 dez. 2018.

X11. Route 2 1/2 Dedo, [201-]. Disponivel em: http://x11.com.br/produto/route-2-


meio-dedo/. Acesso em: 18 dez. 2018.
145

APÊNDICE A – Questionário encaminhado a todos os policiais militares do


estado de São Paulo

Disponível em: https://docs.google.com/forms/d/1Jm-MGjhuFhoTo3QYM-


qbzZ0hC2_GvlXtUR8tr0FOebc/prefill

Equipamento de Proteção Individual Para o Policial Militar Motociclista -


Adequação do Fardamento Específico na PMESP

Prezado Policial Militar.


Sou o Cap PM Leandro Correa de Moraes Verardino, atualmente aluno do CAO
II/18 (Programa de Mestrado Profissional em Ciências Policiais de Segurança e
Ordem Pública).
O tema de meu trabalho tem como objetivo verificar as lesões sofridas pelo
policial militar durante o patrulhamento com motocicletas e analisar a necessidade de
proteções individuais para os braços (cotovelos) e pernas (joelhos).
Solicito que responda o questionário abaixo, que é de extrema importância para
minha pesquisa.
Ao responder o questionário, V. Sª autoriza o lançamento de suas respostas na
Dissertação, com conhecimento de que possui caráter anônimo.

Qual o seu Posto/Graduação?


• Cel PM
• Ten Cel PM
• Maj PM
• Cap PM
• Ten PM
• Subten/Sgt PM
• Cb/Sd PM

1 Oficiais

1.1 O Sr.(ª) é habilitado SAT Categoria "A" (motociclista)?


146

• Sim
• Não

1.2 O Sr.(ª) trabalha ou já trabalhou diretamente em patrulhamento com


motocicletas (ROCAM/RPM)?
• Sim, como Comandante de tropa e como condutor de motocicleta policial
• Sim, como Comandante de tropa, mas não como condutor de
motocicleta policial
• Não, nunca tive contato com esta modalidade de policiamento

1.3 O Sr.(ª) já sofreu algum tipo de acidente/queda durante a atividade


operacional com motocicleta? (independente da quantidade de eventos
acidente/queda, assinale mais de uma opção se for o caso)
• Sim, e tive lesões graves
• Sim, e tive lesões leves
• Sim, e nunca tive lesões
• Não, nunca sofri acidente/queda durante atividade profissional

1.4 Se a resposta para questão anterior foi sim (com lesões), o Sr.(ª) poderia
assinalar quais as regiões do corpo sofreu lesões? (assinale mais de uma opção se
for o caso)
• Cabeça/rosto
• Ombros
• Cotovelos
• Mãos
• Região do tronco/costela/coluna
• Região da cintura/Bacia
• Joelhos
• Tornozelos/Pés
• Nunca sofri lesões

1.5 Qual o tipo de lesões o Sr.(ª) sofreu em virtude do acidente/queda?


(assinale mais de uma opção se for o caso)
147

• Raladura
• Luxação
• Fratura
• Nunca sofri lesões

1.6 As lesões sofridas provocaram afastamento da atividade operacional?


(assinale mais de uma opção se for o caso)
• Sim, LTS (Licença para Tratamento de Saúde) / Conval (Convalescença
médica)
• Sim, Restrição da atividade operacional
• Não provocaram afastamento da atividade operacional
• Nunca sofri lesões

1.7 Se as lesões sofridas provocaram afastamento da atividade operacional,


por quanto tempo o Sr.(ª) permaneceu afastado? (assinale mais de uma opção se for
o caso)
• Até 10 dias de LTS/Conval
• Até 10 dias de Restrição Médica
• De 10 a 60 dias de LTS
• De 10 a 60 dias de Restrição Médica
• Mais de 60 dias de LTS
• Mais de 60 dias de Restrição Médica
• Nunca sofri lesões

1.8 O Sr.(ª) já teve um dos policiais sob seu comando envolvido em


acidente/queda durante a atividade operacional com motocicleta? (assinale mais de
uma alternativa se for o caso)
• Sim, e teve lesões graves
• Sim, e teve lesões leves
• Sim, e não teve lesões
• Nunca ou não me recordo
148

1.9 Se a resposta para questão anterior foi sim (com lesões), o Sr.(ª) poderia
assinalar quais as regiões do corpo o(s) PM(s) sofreu(sofreram) lesões? (assinale
mais de uma opção se for o caso)
• Cabeça/rosto
• Ombros
• Cotovelos
• Mãos
• Região do tronco/costelas/coluna
• Região da cintura/Bacia
• Joelhos
• Tornozelos/Pés
• Não me recordo dos detalhes do acidente/queda
• Nunca tive ou não me recordo de ter policiais lesionados durante
atividade operacional com motocicleta

1.10 Se o PM sob comando do Sr.(ª) já sofreu lesões, qual o tipo? (assinale


mais de uma opção se for o caso)
• Raladura
• Luxação
• Fratura
• Não me recordo dos detalhes do acidente/queda
• Nunca tive ou não me recordo de ter policiais lesionados durante
atividade operacional com motocicleta

1.11 As lesões sofridas provocaram afastamento do PM da atividade


operacional? (assinale mais de uma opção se for o caso)
• Sim, LTS (Licença para Tratamento de Saúde) / Conval (Convalescença
médica)
• Sim, LTS (Licença para Tratamento de Saúde) / Conval (Convalescença
médica)
• Não provocaram afastamento da atividade operacional
• Não me recordo dos detalhes do acidente/queda
149

• Nunca tive ou não me recordo de ter policiais lesionados durante


atividade operacional com motocicleta

1.12 Se as lesões sofridas pelo(s) PM(s) provocaram afastamento da


atividade operacional, por quanto tempo ele(s) permaneceu(ram) afastado(s)?
(assinale mais de uma opção se for o caso)
• Até 10 dias de LTS/Conval
• Até 10 dias de Restrição Médica
• De 10 a 60 dias de LTS
• De 10 a 60 dias de Restrição Médica
• Mais de 60 dias de LTS
• Mais de 60 dias de Restrição Médica
• Não me recordo dos detalhes do acidente/queda
• Nunca tive ou não me recordo de ter policiais lesionados durante
atividade operacional com motocicleta

1.13 O Sr.(ª) acredita que o fardamento específico do motociclista atualmente


regulamentado na PMESP (B-2) protege satisfatoriamente contra lesões em
decorrência de acidente/queda?

• Sim
• Não

1.14 O Sr.(ª) acredita que se fossem acrescentadas proteções individuais ao


uniforme como joelheiras e cotoveleiras, o policial estaria protegido de lesões
causadas por acidente/queda ou que essas lesões poderiam ser minimizadas?
150

• Sim
• Não

1.15 O Sr.(ª) tem ou já teve contato/uso das proteções de joelho e cotovelo


específicas para motociclistas?
• Sim, apenas para recreação
• Sim, para uso profissional
• Sim, para recreação e uso profissional
• Nunca tive contato

1.16 Como o Sr.(ª) avalia o quesito "proteção contra lesões" do equipamento?

1.17 Como o Sr.(ª) avalia o quesito "conforto" do equipamento?

1.18 Caso o uniforme específico do policial militar motociclista fosse alterado


e passasse a ter previsão para as proteções individuais, o Sr.(ª) se sentiria confortável
em obrigar o policial militar a usá-las?
• Sim
• Não
• Acho que deveria ser facultativo para o PM usar
151

1.19 Qual a importância o Sr.(ª) acredita que têm as proteções individuais de


joelhos e cotovelos para a preservação da integridade do policial militar?

1.20 Na opinião do Sr.(ª), quanto o policial militar motociclista se sentiria


valorizado se a PMESP implementasse as proteções individuais?

1.21 O Sr.(ª) acredita que, se implantado na PMESP, o uso de proteções


individuais para joelho e cotovelos deveria ser:
• Obrigatório
• Facultativo
• Apenas para missões específicas
• Não acredito que deva ser implementado, pois não haverá efetividade na
proteção contra lesões

2 Subten ou Sgt PM

2.1 Você é habilitado SAT "A" (motociclista)?


• Sim
• Não

2.2 Você trabalha ou já trabalhou diretamente em patrulhamento com


motocicletas (ROCAM/RPM)?
• Sim, como Comandante de fração de tropa e como condutor de
motocicleta policial
• Sim, como Comandante de fração de tropa mas nunca como condutor
de motocicleta policial
• Não, nunca tive contato com esta modalidade de policiamento
152

2.3 Qual Programa de Policiamento você trabalha ou já trabalhou? (Assinale


mais de uma se for necessário)
• ROCAM 2º BPChq
• ROCAM BAEP
• ROCAM em Batalhão Territorial
• RPM (Radiopatrulhamento com Motocicletas) em Cia PM Territorial

2.4 Você já sofreu algum tipo de acidente/queda durante a atividade


operacional com motocicleta? (independente da quantidade de eventos
acidente/queda, assinale mais de uma opção se for o caso)
• Sim, e tive lesões graves
• Sim, e tive lesões leves
• Sim, e nunca tive lesões
• Não, nunca sofri acidente/queda durante atividade profissional

2.5 Se a resposta para questão anterior foi sim (com lesões), você poderia
assinalar quais as regiões do corpo sofreu lesões? (assinale mais de uma opção se
for o caso)
• Cabeça/rosto
• Ombros
• Cotovelos
• Mãos
• Região do tronco/costelas/coluna
• Região da cintura/Bacia
• Joelhos
• Tornozelos/Pés
• Nunca sofri lesões

2.6 Qual o tipo de lesões você sofreu em virtude do acidente/queda? (assinale


mais de uma opção se for o caso)
• Raladura
• Luxação
153

• Fratura
• Nunca sofri lesões

2.7 As lesões sofridas provocaram afastamento da atividade operacional?


(assinale mais de uma opção se for o caso)
• Sim, LTS (Licença para Tratamento de Saúde) / Conval (Convalescença
médica)
• Sim, Restrição da atividade operacional
• Não provocaram afastamento da atividade operacional
• Nunca sofri lesões

2.8 Se as lesões sofridas provocaram afastamento da atividade operacional,


por quanto tempo você permaneceu afastado? (assinale mais de uma opção se for o
caso)
• Até 10 dias de LTS/Conval
• Até 10 dias de Restrição Médica
• De 10 a 60 dias de LTS
• De 10 a 60 dias de Restrição Médica
• Mais de 60 dias de LTS
• Mais de 60 dias de Restrição Médica
• Nunca sofri lesões ou não fiquei afastado em virtude do acidente/queda
2.9 Se a resposta para questão anterior foi sim (com lesões), você poderia
assinalar quais as regiões do corpo sofreram lesões? (assinale mais de uma opção
se for o caso)
• Cabeça/rosto
• Ombros
• Cotovelos
• Mãos
• Região do tronco/costelas/coluna
• Região da cintura/Bacia
• Joelhos
• Tornozelos/Pés
• Nunca sofri lesões
154

2.10 Você já teve um dos policiais sob seu comando envolvido em


acidente/queda durante a atividade operacional com motocicleta? (assinale mais de
uma alternativa se for o caso)
• Sim, e teve lesões graves
• Sim, e teve lesões leves
• Sim, e não teve lesões
• Nunca ou não me recordo

2.11 Se a resposta para questão anterior foi sim (com lesões), você poderia
assinalar em quais regiões do corpo foram as lesões? (assinale mais de uma opção
se for o caso)
• Cabeça/rosto
• Ombros
• Cotovelos
• Mãos
• Região do tronco/costelas/coluna
• Joelhos
• Tornozelos/Pés
• Não me recordo dos detalhes do acidente/queda
• Nunca tive ou não me recordo de ter policiais lesionados durante
atividade operacional com motocicleta

2.12 Se o PM sob seu comando sofreu lesões, qual o tipo? (assinale mais de
uma opção se for o caso)
• Raladura
• Luxação
• Fratura
• Não me recordo dos detalhes do acidente/queda
• Nunca tive ou não me recordo de ter policiais lesionados durante
atividade operacional com motocicleta
155

2.13 As lesões sofridas pelo(s) PM(s) provocaram afastamento da atividade


operacional? (assinale mais de uma opção se for o caso)
• Sim, LTS (Licença para Tratamento de Saúde) / Conval (Convalescença
médica)
• Sim, Restrição da atividade operacional
• Não provocaram afastamento da atividade operacional
• Não me recordo dos detalhes do afastamento
• Nunca tive ou não me recordo de ter policiais lesionados durante
atividade operacional com motocicleta

2.14 Se as lesões sofridas pelo(s) PM(s) provocaram afastamento da atividade


operacional, por quanto tempo ele(s) permaneceu(ram) afastado(s)? (assinale mais
de uma opção se for o caso)
• Até 10 dias de LTS/Conval
• Até 10 dias de Restrição Médica
• De 10 a 60 dias de LTS
• De 10 a 60 dias de Restrição Médica
• Mais de 60 dias de LTS
• Não me recordo dos detalhes do afastamento

2.15 Você acredita que o fardamento específico do motociclista atualmente


regulamentado na PMESP (B-2) protege satisfatoriamente contra lesões em
decorrência de acidente/queda

• Sim
• Não
156

2.16 Você acredita que se fossem acrescentadas proteções individuais ao


uniforme como joelheiras e cotoveleiras, o policial estaria protegido de lesões
causadas por acidente/queda ou que essas lesões poderiam ser minimizadas?

• Sim
• Não

2.17 Se a PMESP implantasse e adquirisse as proteções individuais de joelhos


e cotovelos para o policial motociclista e o uso fosse facultativo, você:
• Usaria em todas as ocasiões
• Usaria em apenas algumas ocasiões específicas, como dia de chuva e
treinamento, por exemplo
• Não usaria

2.18 Você tem ou já teve contato/uso das proteções de joelho e cotovelo


específicas para motociclistas?
• Sim, apenas para recreação
• Sim, para uso profissional
• Sim, para recreação e uso profissional
• Nunca tive contato

2.19 Como você avalia o quesito "proteção contra lesões" do equipamento?

2.20 Como você avalia o quesito "proteção contra lesões" do equipamento?


157

2.21 Como você avalia o quesito "conforto" do equipamento?

2.22 Caso o uniforme específico do policial militar motociclista fosse alterado e


passasse a ter previsão para as proteções individuais, você se sentiria confortável em
obrigar o policial militar a usá-las?
• Sim
• Não
• Acho que deveria ser facultativo para o PM usar

2.23 Qual a importância você acredita que têm as proteções individuais de


joelhos e cotovelos para a preservação da integridade do policial militar?

2.24 Na sua opinião, quanto o policial militar motociclista se sentiria valorizado


se a PMESP implementasse as proteções individuais?

2.25 Você acredita que, se implantado na PMESP, o uso de proteções


individuais para joelho e cotovelos deveria ser:
• Obrigatório
• Facultativo
• Apenas para missões específicas
158

• Não acredito que deva ser implementado, pois não haverá efetividade
na proteção contra lesões

3 Cb e Sd PM

3.1 Você é habilitado SAT "A" (motociclista)?


• Sim
• Não

3.2 Você trabalha ou já trabalhou diretamente em patrulhamento com


motocicletas (ROCAM/RPM)?
• Sim
• Não

3.3 Qual Programa de Policiamento você trabalha ou já trabalhou? (Assinale


mais de uma se for necessário)
• ROCAM 2º BPChq
• ROCAM BAEP
• ROCAM em Batalhão Territorial
• RPM (Radiopatrulhamento com Motocicletas) em Cia PM Territorial

3.4 Você já se envolveu em acidente/queda com a motocicleta durante a


atividade de policiamento com motocicleta?
• Sim
• Não

3.5 Você teve lesões no(s) acidente(s)/queda(s) que sofreu? (independente


da quantidade de eventos acidente/queda, assinale mais de uma opção se for o caso)
• Sim, e tive lesões graves
• Sim, e tive lesões leves
• Sim, e nunca tive lesões
159

3.6 Se a resposta para questão anterior foi sim (com lesões), você poderia
assinalar quais as regiões do corpo sofreram lesões? (assinale mais de uma opção
se for o caso)
• Cabeça/rosto
• Ombros
• Cotovelos
• Mãos
• Região do tronco/costelas/coluna
• Região da cintura/Bacia
• Joelhos
• Tornozelos/Pés
• Nunca sofri lesões

3.7 Qual o tipo de lesões você sofreu em virtude do acidente/queda? (assinale


mais de uma opção se for o caso)
• Raladura
• Luxação
• Fratura
• Nunca sofri lesões

3.8 As lesões sofridas provocaram afastamento da atividade operacional?


(assinale mais de uma opção se for o caso)
• Sim, LTS (Licença para Tratamento de Saúde) / Conval (Convalescença
médica)
• Sim, Restrição da atividade operacional
• Não provocaram afastamento da atividade operacional
• Nunca sofri lesões

3.9 Se as lesões sofridas provocaram afastamento da atividade operacional,


por quanto tempo você permaneceu afastado? (assinale mais de uma opção se for o
caso)
• Até 10 dias de LTS/Conval
• Até 10 dias de Restrição Médica
160

• De 10 a 60 dias de LTS
• De 10 a 60 dias de Restrição Médica
• Mais de 60 dias de LTS
• Mais de 60 dias de Restrição Médica
• Nunca sofri lesões ou não fiquei afastado em virtude do acidente/queda

3.10 Se a resposta para questão anterior foi sim (com lesões), você poderia
assinalar quais as regiões do corpo sofreram lesões? (assinale mais de uma opção
se for o caso)
• Cabeça/rosto
• Ombros
• Cotovelos
• Mãos
• Região do tronco/costelas/coluna
• Região da cintura/Bacia
• Joelhos
• Região da cintura/Bacia
• Tornozelos/Pés
• Nunca sofri lesões

3.11 Você acredita que o fardamento específico do motociclista atualmente


regulamentado na PMESP (B-2) protege satisfatoriamente contra lesões em
decorrência de acidente/queda?

• Sim
• Não
161

3.12 Você acredita que se fossem acrescentadas proteções individuais ao


uniforme como joelheiras e cotoveleiras, o policial estaria protegido de lesões
causadas por acidente/queda ou que essas lesões poderiam ser minimizadas?

• Sim
• Não

3.13 Se a PMESP implantasse e adquirisse as proteções individuais de joelhos


e cotovelos para o policial motociclista e o uso fosse facultativo, você:
• Usaria em todas as ocasiões
• Usaria em apenas algumas ocasiões específicas, como dia de chuva e
treinamento, por exemplo
• Não usaria

3.14 Você tem ou já teve contato/uso das proteções de joelho e cotovelo


específicas para motociclistas?
• Sim, apenas para recreação
• Sim, para uso profissional
• Sim, para recreação e uso profissional
• Nunca tive contato

3.15 Como você avalia o quesito "proteção contra lesões" do equipamento?

3.16 Como você avalia o quesito "conforto" do equipamento?


162

3.17 Qual a importância você acredita que têm as proteções individuais de


joelhos e cotovelos para a preservação da integridade do policial militar?

3.18 Quanto você se sentiria valorizado se a PMESP implementasse as


proteções individuais?

3.19 Você acredita que, se implantado na PMESP, o uso de proteções


individuais para joelho e cotovelos deveria ser:
• Obrigatório
• Facultativo
• Apenas para missões específicas
• Não acredito que deva ser implementado, pois não haverá efetividade
na proteção contra lesões
163

APÊNDICE B – Questionário encaminhado aos policiais militares que testaram


o EPI

Disponível em:
https://docs.google.com/forms/d/1zaJDElG8S9TSL5smnXrgGAd2LziRUFN6cFneoS5
Io10/prefill

Experimento sobre Equipamento de Proteção Individual Para o Policial


Militar Motociclista

Prezado Policial Militar.


Sou o Cap PM Leandro Correa de Moraes Verardino, atualmente aluno do CAO
II/18 (Programa de Mestrado Profissional em Ciências Policiais de Segurança e
Ordem Pública).
O tema de meu trabalho tem como objetivo verificar as lesões sofridas pelo
policial militar durante o patrulhamento com motocicletas e analisar a necessidade de
proteções individuais para os braços (cotovelos) e pernas (joelhos),
Solicito que responda o questionário abaixo, que é de extrema importância para
minha pesquisa e tem caráter anônimo.
Ao responder o questionário, você concorda com o uso das respostas para a
pesquisa.
Muito obrigado.

1 Qual o seu Posto/Graduação?


• Ten PM
• Subten/Sgt PM
• Cb/Sd PM

2 A qual tipo de policiamento que você pertence?


• ROCAM 2º BPChq
• ROCAM em Batalhão Territorial
• ROCAM CAEP
• RPM em Cia PM Territorial
164

3 Por quantos turnos de serviço você usou o equipamento?


• 1 turno
• 2 turnos
• 3 turnos
• Mais de 3 turnos

4 O seu turno de serviço (somente patrulhamento) é de? (exceto o período


dedicado a instrução e treinamento)
• 12 horas
• 10 horas
• 8 horas
• 6 horas

5 Quanto ao conforto das proteções para os JOELHOS você avalia:

6 Você se sentiu seguro com as proteções para os JOELHOS?

7 As proteções para os JOELHOS prejudicaram ou atrapalharam de alguma


forma o desempenho do trabalho?
• Não
• Sim

8 Se a resposta anterior foi sim, descreva sucintamente o que houve:


___________________

9 Quanto ao conforto das proteções para os COTOVELOS você avalia:


165

10 Você se sentiu seguro com as proteções para os COTOVELOS?

11 As proteções para os COTOVELOS prejudicaram ou atrapalharam de


alguma forma o desempenho do trabalho?
• Não
• Sim

12 Se a resposta anterior foi sim, descreva sucintamente o que houve:


___________________

13 Você teve algum incômodo com as proteções para o COTOVELO ao utilizá-


las diretamente sobre a pele dos braços com camisa de manga curta?
• Sim
• Não

14 Você acredita que a utilização do "manguito" ou "segunda pele" por baixo


das proteções para o COTOVELO melhoraria o conforto?
• Sim
• Não

15 Quanto ao conforto das LUVAS você avalia:

16 Você se sentiu com as mãos protegidas utilizando as LUVAS?


166

17 As LUVAS prejudicaram ou atrapalharam de alguma forma o desempenho


do seu trabalho?
• Não
• Sim

18 Se a resposta anterior foi sim, descreva sucintamente o que houve:


___________________

19 Durante o período em que usou o equipamento, você sofreu alguma queda


com a motocicleta, ainda que não tenha ocorrido o registro?
• Sim
• Não

20 Se a resposta para a questão anterior foi "SIM", você sofreu alguma lesão,
ainda que superficial?
• Sim
• Não

21 Se houve lesão, descreva sucintamente:


___________________

22 Se não houve lesão, você acredita que foi em virtude da proteção oferecida
pelo equipamento fornecido para os testes?
• Sim
• Não
• Não sei dizer

23 Do ponto de vista da estética do fardamento com as proteções para os


joelhos, cotovelos e luvas, você pensa que são:
167

24 Se a resposta anterior foi menor que (5) cinco, descreva sucintamente o


porquê:
___________________

25 Você acredita que a PMESP deveria instituir as proteções individuais para


joelhos e cotovelos no uniforme operacional do policial militar motociclista?
• Sim
• Não

26 Se a PMESP adotasse as proteções individuais, você se sentiria:

27 Se a PMESP adotasse o material, você usaria?


• Usaria sempre
• Usaria em algumas ocasiões, como em tempo de chuva e treinamento
• Não usaria

28 Se a PMESP adotasse o material, você acredita que ele deveria ser:


• Obrigatório
• Facultativo
• Não concordo com o uso destes materiais
169

APÊNDICE C – Proposta de Anexo ao R-5-PM (EPI)

Joelheira para motociclista (masculino e feminino) = B-2, E-1, E-2, E-3, E-6
Confeccionada na cor preta e sem qualquer inscrição, logo ou marca que identifique
a PMESP, com articulação na altura dos joelhos e proteção até a altura da metade da
canela, fabricada em polipropileno resistente ao impacto e abrasão, fixada ao corpo
por meio de tiras elástica com velcro e em contato com o corpo com estofo em
espuma.

Cotoveleira para motociclista (masculino e feminino) = B-2, E-1, E-2, E-3, E-6
Confeccionada na cor preta e sem qualquer inscrição, logo ou marca que identifique
a PMESP, com articulação na altura dos cotovelos e proteção até a altura da metade
do antebraço, fabricada em polipropileno resistente ao impacto e abrasão, fixada ao
corpo por meio de tiras elástica com velcro e em contato com o corpo com estofo em
espuma. Poderá ser retirada somente com a substituição do uso da jaqueta de
motociclista.

Luva preta para motociclista (masculino e feminino) = B-2, E-1, E-2, E-3, E-6
Confeccionada na cor preta, em tecido resistente à abrasão e stretch para permitir a
sensibilidade tátil, com reforço na palma da mão e cano curto com fechamento feito
por tira com velcro.

Luva preta meio dedo para motociclista (masculino e feminino) = B-2, E-1, E-2,
E-3, E-6
Confeccionada na cor preta, modelo meio dedo, em tecido resistente à abrasão e
stretch para permitir a sensibilidade tátil, com reforço na palma da mão e cano curto
com fechamento feito por tira com velcro.

Manguito para motociclista (masculino e feminino) = B-2, E-1, E-2, E-3, E-6
Confeccionado na cor preta, em material poliamida e elastano, com proteção UV, no
comprimento dos braços, partindo da altura da região do bíceps até o pulso.
171

APÊNDICE D – Memorial Descrito do EPI para o policial militar motociclista


ITEM ESPECIFICAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE
Cotoveleira: cotoveleira proteção motociclista na cor preta com
protetor rígido feito em ABS com 3mm de espessura revestido
internamente por espuma de etil vinil acetato de 5mm, com
densidade 15% dublado com tecido 80% poliamida e 20% PVC, na
parte externa e 100% poliamida na parte interna. A fixação da peça
ao braço é feita por uma manga feita em tecido 80% elastano e 20%
poliamida. DIMENSÕES: casco em ABS 1: altura 50mm; comp.
PAR 6082
120mm; largura 170mm. Casco em ABS 2: largura superior 172mm;
largura inferior 140mm; altura 45mm; comprimento 190mm, sistema
de fixação: tecido com elastano tipo manga de vestir, parte superior
170mm; parte inferior 150mm; comprimento 170mm; espessura
1,5mm, corpo em, EVA altura 300mm; largura 130mm. O prazo
mínimo de garantia técnica deverá ser de 24 (vinte e quatro) meses
a contar da data de seu recebimento definitivo.
Joelheira: joelheira feita na cor preta em plástico ABS com 3mm de
espessura revestido internamente por espuma de etil vinil acetato de
5mm, com densidade 15% dublado com tecido 80% poliamida e 20%
PVC, na parte externa e 100% poliamida na parte interna. A fixação
da peça ao braço é feita por uma manga feita em tecido 80% elastano
PAR 6082
e 20% poliamida. DIMENSÕES: casco em ABS 1: altura 170 mm,
largura 210 mm. Casco em ABS 2: largura superior 235 mm, largura
inferior 150 mm, altura 300 mm, O prazo de garantia técnica deverá
ser de no mínimo 12 (doze) meses contra da data de seu
recebimento definitivo.
Luva: luva na cor preta, com palma acolchoada de camada única e
resistente à abrasão, feita em tecido stretch e costura reforçada entre PAR 6082
os dedos.
Manguito: na cor preta, fabricado em poliamida e elastano, com
proteção contra radiações solares UVA e UVB. PAR 6082
173

APÊNDICE E – Proposta de inclusão ao Anexo II do R-5-PM (Uso de outros


acessórios)

[...]
proteções para joelhos e cotovelos para motociclista: permitido o uso de proteções
para joelhos e cotovelos, confeccionada na cor preta em material resistente ao
impacto e à abrasão, sem qualquer identificação civil ou militar, quando o policial
militar uniformizado estiver em deslocamento, como condutor ou como passageiro de
motocicleta de propriedade particular, a fim de garantir a sua proteção individual;
[...]

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