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MANUAL DE ARMAMENTO E TIRO

APRESENTAÇÃO

O objetivo deste manual é servir como guia complementar as normas e


procedimentos institucionais, discorrendo sobre o Uso Seletivo da Força - USF, as
regras e normas de segurança, manutenção e manuseio de pistolas destinadas a
atividade policial.
Além disso, visa complementar e subsidiar os processos dispostos no
Procedimento Operacional Padrão – POP, bem como, o POP 103 Manutenção de 1º
Escalão em Pistola, os conhecimentos técnicos sobre fundamentos do tiro;
informações técnicas sobre pistolas; doutrina sobre o uso e emprego de pistola,
legislação correlata e normativos internos da PMGO, resguardados conhecimentos,
habilidades e atitudes que serão desenvolvidos, praticados e valorados durante as
aulas dos respectivos cursos, estágios e instruções.

ESTRUTURA

MÓDULO I – O USO SELETIVO DA FORÇA POR AGENTES DE SEGURANÇA


PÚBLICA.
 OBJETIVOS DA UNIDADE;
 LEGISLAÇÃO SOBRE USF;
 PRINCÍPIOS DO USO SELETIVO DA FORÇA;
 NÍVEIS DE FORÇA SELETIVA;
 UTILIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE FORÇA;
 NÍVEIS DE SUBMISSÃO DO SUSPEITO;
 TRIÂNGULO DA FORÇA LETAL.

MÓDULO II – CUIDADOS, NORMAS E PRECAUÇÕES COM ARMAS DE FOGO.


 CONCEITO DE NORMAS DE SEGURANÇA;
 AS TRÊS REGRAS DE SEGURANÇA;
 NORMAS DE SEGURANÇA;
 CONCEITOS IMPORTANTES;
 EQUIPAMENTO COLDRE.

MÓDULO III – ARMAMENTOS DO GRUPO “A” – PISTOLAS.


 ARMAMENTO INSTITUCIONAL;

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 GRUPO “A” – PISTOLAS;
 NOMENCLATURA BÁSICA;
 CLASSIFICAÇÃO;
 FUNCIONAMENTO;
 PISTOLA SIG SAUER P320;
 PISTOLA TAURUS PT100;
 PISTOLA TAURUS PT940 e PT945;
 PISTOLA TAURUS PT24/7;
 PISTOLA IMBEL GC MD5.40;
 MANUTENÇÃO;
 INSPEÇÃO DO FUNCIONAMENTO;
 MANUSEIO DO ARMAMENTO;
 TIPOS DE RECARGA;
 TIPOS DE PANES;
 PROCEDIMENTOS E PROTOCOLOS NA LINHA DE TIRO.

MÓDULO IV - FUNDAMENTOS DO TIRO.


 FUNDAMENTOS DO TIRO;
 BASE;
 EMPUNHADURA;
 SAQUE;
 VISADA;
 ACIONAMENTO DO GATILHO;
 ACOMPANHAMENTO;
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

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MÓDULO I – O USO SELETIVO DA FORÇA POR AGENTES DE SEGURANÇA
PÚBLICA

O Uso Seletivo da Força – USF, é uma das principais disciplinas dos cursos e
estágios de formação e especialização da PMGO. Engloba os estudos das armas e
equipamentos utilizados pelo Policial Militar em sua atividade operacional, desde as
técnicas de algemamento e defesa pessoal até o tiro policial.
Consiste na seleção adequada de opções de força pelo policial em resposta ao
nível de submissão do indivíduo suspeito ou infrator a ser controlado.
É a seleção apropriada do nível de uso da força em resposta a uma ameaça
real ou potencial visando limitar o recurso a meios que possam causar ferimentos ou
mortes. SENASP-MJ
Obs. Uso seletivo da Força e Uso Diferenciado da Força são equivalentes.
É importante ressaltar que o uso da força e de armas de fogo deve ser limitado
por leis e regulamentos, e o exercício do poder para usar a força e armas de fogo não
é uma questão individual, mas sim uma questão de função. Qualquer uso que não
esteja dentro do marco legal estará sujeito a uma crítica por excesso, desvio, abuso
de autoridade ou poder.
Força: é toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupos de indivíduos
reduzindo ou eliminando sua capacidade de auto decisão.
Nível do uso da força: é entendido desde a simples presença policial em uma
intervenção até a utilização da arma de fogo como força letal.
Ética: é o conjunto de princípios morais ou valores que governam a conduta de um
indivíduo ou membros de uma mesma profissão.

OBJETIVOS DA UNIDADE

 Compreender os principais conceitos relacionados ao estudo do uso da força;


 Conceituar o significado do uso da força e arma de fogo pelos agentes de
segurança pública;
 Identificar a legislação internacional e nacional que trata do uso da força e arma
de fogo;
 Apontar as atitudes adequadas do agente da área de segurança pública ao
realizar uma abordagem policial em uma dada circunstância;

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 Listar os procedimentos técnicos e táticos a serem seguidos antes, durante e
depois do uso da força e arma de fogo.

LEGISLAÇÃO SOBRE USF

 Código De Conduta Para Encarregados Da Aplicação Da Lei – CCEAL.


 Código adotado em dezembro de 1979, pela assembleia das Nações Unidas.
Portaria interministerial nº 4226 de 31 de dezembro de 2010
 Estabelece diretrizes sobre o Uso Da Força Pelos Agentes De Segurança
Pública.
 Lei 13.060/2014 – Treinamento e disponibilização de I.M.P.O.*
* I.M.P.O. - Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo tais como: bastão, tonfa,
gás/agentes químicos, algemas, elastômeros (munições de impacto controlado), DEC
(Dispositivo Eletrônico de Controle) entre outros, com o fim de anular ou controlar o
nível de resistência.
Além destes dispositivos, existem os instrumentos nacionais dos quais:
 Código penal;
 Código de processo penal;
 Código penal militar;
 Código de processo penal militar.

PRINCÍPIOS DO USO SELETIVO DA FORÇA

O policial deve antes de realizar toda e qualquer intervenção deve conhecer os


princípios do USF e responder para si mesmo os seguintes questionamentos:
a) Princípio da Legalidade: Os agentes de segurança pública só poderão utilizar
a força para a consecução de um objetivo legal e nos estritos limites da lei.
O emprego da força é legal?
b) Princípio da Necessidade: Determinado nível de força só pode ser empregado
quando níveis de menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos
legais pretendidos.
A aplicação da força é necessária?

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c) Princípio da Conveniência: A força não poderá ser empregada quando, em
função do contexto, possa ocasionar danos de maior relevância do que os objetivos
legais pretendidos.
Convém usar a força neste cenário?
d) Princípio da Proporcionalidade: O nível da força utilizado deve sempre ser
compatível com a gravidade da ameaça representada pela ação do opositor e com os
objetivos pretendidos pelo agente de segurança pública.
O nível da força a ser utilizada é proporcional a resistência oferecida?
e) Princípio da Moderação: O emprego da força pelos agentes de segurança
pública deve, sempre que possível, além de proporcional, ser moderado, visando
sempre reduzir o emprego da força.
Estou usando a força de maneira moderada?

NÍVEIS DE FORÇA SELETIVA

1) Presença Física: A mera presença do Policial, muitas vezes, será o bastante


para conter um crime ou contravenção ou ainda para prevenir um futuro crime em
algumas situações.
2) Verbalização: Baseia-se na ampla variedade de habilidades de comunicação
por parte do Policial, capitalizando a aceitação geral que a população tem da
autoridade.
Principalmente em situações nas quais sejam necessários a utilização de
princípios de gerenciamento de crise.

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3) Controles de Contato/Mãos Livres: Trata-se do emprego de talentos táticos por
parte do Policial para assegurar o controle e ganhar cooperação. Em certas situações
haverá a necessidade de dominar o suspeito fisicamente. Nesse nível, os Policiais
utilizando-se primeiramente de técnicas de mãos livres para imobilizar o indivíduo,
incluindo técnicas de condução, imobilizações, e algemamento, superando a
resistência passiva do suspeito.
4) Controle Físico (Técnicas de Submissão): Emprego da força suficiente para
superar a resistência ativa do indivíduo, permanecendo vigilante em relação aos sinais
de um comportamento mais agressivo. Nesse nível, são técnicas de imobilização o
uso de equipamentos de impacto controlado como os cassetetes e as tonfas.
5) Agressão não letal: A escolha do nível adequado de força a ser usado depende
muito de como o Policial Militar está equipado e como está treinado. A opção variada
de uso de equipamentos como cassetetes (tonfa), spray de pimenta ou lacrimogêneo,
armas com menor potencial ofensivo (A.M.P.O), coletes à prova de balas,
conhecimento de técnicas de defesa pessoal, possibilita um aumento da confiança do
Agente de Segurança Pública.
Para atuar em uma intervenção em que seja necessário o uso da força, o
Agente de Segurança Pública precisa estar equipado com opções variadas de força.
Caso o Agente de Segurança Pública chegue a uma intervenção, somente com sua
arma de fogo, sem conhecimento de técnicas de defesa pessoal, lhe restará como
única opção o uso da arma de fogo, na eventual falha da verbalização.

UTILIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE FORÇA

O policial deve sempre utilizar o nível de força adequado a resistência


oferecida;
A progressão ou retração da força, será avaliada e adequada ao tipo de ação
do suspeito;
Caso a força utilizada falhe, ou as circunstâncias mudem, o policial deverá
selecionar a força adequada para o evento de forma consciente.

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NÍVEIS DE SUBMISSÃO DO SUSPEITO

NORMALIDADE – Situação rotineira de patrulhamento, não há necessidade de


intervenção policial;
COOPERATIVO – O suspeito é submisso as determinações policiais. Não oferece
resistência;
RESISTENTE PASSIVO – O suspeito oferece um nível preliminar de insubmissão.
Ele não oferece resistência física aos procedimentos policiais, contudo não acata as
determinações. NÃO REAGE NEM AGRIDE;
RESISTENTE ATIVO – A insubmissão aumentou consideravelmente podendo ter
desafio físico, como fugir empurrando o policial, se esquivando do contado com o
policial;
AGRESSÃO NÃO-LETAL – A resistência do suspeito é ativa e hostil, podendo
culminar em ataque físico ao policial ou a pessoa envolvida na intervenção;
AGRESSÃO LETAL - Resistência ameaçadora a vida do público e do policial. Ao
enfrentar uma situação agressiva que alcança o último grau de perigo, o Policial deve
agir em defesa própria ou de terceiro diante a ameaça mortal garantindo a
preservação da vida até que se cesse a agressão injusta, ilegal e iminente. É uma
decisão importante e quase sempre cometida sob alto nível de estresse.

TRIÂNGULO DA FORÇA LETAL

HABILIDADE: É a capacidade do suspeito causar danos em um policial, ou em outra


pessoa, o suspeito pode provocar a morte ou uma lesão grave. Essa capacidade pode
ser arma de fogo, faca, capacidade física (arte marcial), etc.;
OPORTUNIDADE: Quando o suspeito tem a habilidade retro mencionada de causar
ferimento ou morte, a pessoas, faltando, no entanto, a oportunidade que lhe convier.
Oportunidade pode ser entendida como condições favoráveis, tais como: distância,
local, distração, etc. Ex.: pessoa com uma faca a 20 metros – possui a habilidade,
mas a essa distância não há a oportunidade adequada para o intento de ferir;
RISCO: Ocorre quando o suspeito, de posse de suas habilidades e oportunidades,
coloca o policial ou outras pessoas em condições de perigo físico. Ex.: suspeito
armado, se negando a solta-la.
Situações em que a regra geral é não atirar:

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 Distúrbio civil e outras situações de aglomeração de público;
 Vigilância de pessoas sob custódia policial;
 Disparos de dentro da viatura de segurança pública em movimento ou contra
veículos em fuga (similaridade com uso de embarcações);
 Disparos de advertência.

MÓDULO II – CUIDADOS, NORMAS E PRECAUÇÕES COM ARMAS DE FOGO.

A Instrução de Tiro Policial é uma atividade considerada de elevado risco, pois


expõe tanto o docente como o discente a uma série de procedimentos que envolvem
a atividade com materiais potencialmente lesivos e, portanto, merecedor de todo
cuidado quanto aos aspectos de segurança.

CONCEITO DE NORMAS DE SEGURANÇA

“É um conjunto de condutas básicas de segurança para que não aconteçam


acidentes e incidentes de tiros, devendo ser seguidas e respeitadas desde o primeiro
contato com armas de fogo e munições”. “Essas condutas devem ser levadas por toda
carreira do profissional de Segurança Pública ou em atividades desportivas que
envolvam arma de fogo”. (CUNHA, 2009).
Antes de qualquer aprendizado, as Normas de Segurança deverão ser
difundidas e aplicadas, e, neste contexto “O local destinado à prática de tiro é
primordial e deverá ser apropriado” (CUNHA, 2009).
O cuidado na atividade com arma de fogo e munições torna-se indispensável,
pois existe risco em potencial quanto a possibilidades de gerar danos materiais, legais,
provocar lesões físicas risco de morte. No caso de haver um disparo acidental poderá

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gerar graves sequelas, incluindo a perda da vida em consequência da falta de
atenção, e isso apenas com um pequeno descuido em ínfimo espaço de tempo.
Portanto, todos deverão estar atentos e atuar preventivamente, para a sua
própria segurança e a dos demais, pois a aplicação das Normas de Segurança é
indispensável a todos aqueles que acompanham e/ou manuseiam armas de fogo.

AS TRÊS REGRAS DE SEGURANÇA

Para segurança de todos e do operador, durante a utilização de armas de fogo,


deverão ser rigorosamente obedecidas as Três Regras de Segurança para utilização
de arma de fogo:

1ª Regra: Trate toda arma de fogo como se ela estivesse carregada.

Não importa se você receber a arma de um colega que diz ter checado ou
mesmo tenha checado a arma na sua frente, sempre cheque se o armamento está
“frio”, ou seja, sem munições. Mesmo checando e tendo certeza absoluta que a arma
não apresenta nenhuma munição, não aponte para nenhuma pessoa ou objeto que
você não precise ou queira acertar. Acidentes desse tipo podem ser considerados
homicídios e não há retorno para a vítima de um disparo acidental.

2ª Regra: mantenha o dedo fora do gatilho, na armação da arma, até o momento do


disparo.

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Controle do cano e dedo fora do gatilho. Em todas as posições previstas para
o uso do armamento acima descritas (no coldre, retenção, pronto retido, pronto baixo,
pronto e temple index), o policial deverá o tempo todo ter o controle do direcionamento
do cano e dedo fora do gatilho, pois, não sendo o momento do disparo, não se
justificará disparos precipitados ou acidentais durante o desenrolar de uma ocorrência
em que o policial poderá estar alterado pelo estresse do quadro de risco que se
apresenta.

3º REGRA: Nunca aponte a arma para algo que você não queira acertar.

A arma de fogo nunca deverá ser apontada para algo que não queira acertar
ou destruir, sendo apontada somente para o alvo, que no caso de instrução de tiro ao
alvo.
É importante salientar que essa regra deve ser obedecida independentemente
da arma estar ou não descarregada. A arma “limpa” (sem munição) também não deve

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ser apontada para pessoas ou objetos que não se queira atingir. Se seguirmos essa
regra nunca haverá um acidente por disparos diretos realizados por nenhum policial.
Para treinamentos é aconselhável o uso de blue guns (réplicas de pistolas na
cor azul em plástico ABS para treinamento) ou ainda de dispositivos que evidenciem,
não só para o atirador, mas para todos ao seu redor, que a arma está descarregada,
como plugues de cano (barrel plugs) ou indicadores de segurança de câmara vazia
(chamber flags).

NORMAS DE SEGURANÇA

Antes de manusear armas de fogo, relembre e esteja ciente destas regras, para
que seu manejo de arma seja sempre seguro e exemplar.
Além das Regras de Segurança, devem sempre ser obedecidas as Normas de
Segurança com o manuseio do armamento:
I – Antes de utilizar qualquer arma de fogo leia o manual de instruções do fabricante;
V - Nunca pegue ou receba uma arma, com o cano apontado em sua direção;
VI – Sempre que entregar uma arma a alguém, entregue-a descarregada;
IX - Armas de fogo sobre mesas ou bancadas devem estar abertas e sem carregador,
salvo em manutenção;
X - Não manuseie armas as quais não possua o conhecimento sobre seu
funcionamento;
I - Use sempre munições para o calibre específico de sua arma;
VII - Não altere ou faça ajustes em sua arma institucional, como substituição de peças
ou de acabamento. Em caso de necessidade procure o Departamento de Material
Bélico – DMB/CALTI PMGO.

CONCEITOS IMPORTANTES

Tiro acidental, tiro involuntário, acidente e/ou incidente de tiro são situações
que estão presentes no nosso dia a dia, no entanto os seus conceitos, em muitas
ocasiões, geram dúvidas, confusões ou erros.

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TIRO ACIDENTAL

Normalmente, entendemos que o fato ou circunstância cuja origem é de caráter


acidental são aquelas produzidas por acaso, uma circunstância imprevista, cuja
probabilidade de ocorrer é totalmente eventual, ou seja, não habitual, de caráter
fortuito. Um acidente é um evento indesejável e que ocorre de modo não intencional,
inesperado, do qual o resultado são danos pessoais ou materiais. Podemos citar o
exemplo uma arma que ao cair no chão produz um disparo acidental, sem ter havido
nenhum acionamento do gatilho.
Na balística forense, segundo Rabello (1995 apud TOCCHETTO, 2011, p.
228), tiro acidental é: “Todo tiro que se produz em circunstâncias anormais, sem o
acionamento regular do mecanismo de disparo, devido a defeitos ou falta de
segurança do mecanismo da arma”.

TIRO INVOLUNTÁRIO

O tiro involuntário é aquele em que há o acionamento do mecanismo de disparo


pelo atirador, porém sem a intenção de produzir o tiro, seja por imprudência,
negligência ou imperícia. Como exemplo podemos citar um atirador que ao coldrear
sua arma permanece com o dedo dentro do guarda mato, e ao introduzir a arma ao
coldre o dedo fica preso no coldre forçando-o contra o gatilho. Nesse caso houve o
acionamento do gatilho da arma pelo dedo do atirador, porém de forma involuntária.

INCIDENTE DE TIRO

Incidente de tiro também é um acontecimento inesperado e indesejável que


produz uma interrupção na sequência dos tiros, sem que haja danos materiais e/ou
pessoais. São geralmente devidos a falhas mecânicas na arma ou falhas de naturezas
diversas na munição. São dificuldades de caráter passageiro que após a ação do
atirador para sanar o problema, desaparecem, permitindo que o conjunto arma e
atirador estejam aptos a continuar sua série de disparos.

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ACIDENTE DE TIRO

No acidente de tiro a dificuldade deixa de ser momentânea, pois dele resultam


danos na arma e podem resultar, também, lesões no atirador. Ocorrendo o acidente
de tiro, certamente há uma interrupção da sequência de tiros para aquele conjunto
arma/atirador, pois é característica essencial a apresentação de danos de ordem
material e/ou pessoal. Os eventos que podem acarretar acidentes de tiros são de
natureza diversa, mas possuem, normalmente, como origem, a trilogia: arma, munição
e atirador.

LOCAL SEGURO

É o espaço onde se pode manusear arma de fogo, sem oferecer risco a


qualquer pessoa. Normalmente, dotada de anteparo frontal a área de manuseio,
ausente de obstáculos que possibilite ricochetes e com controlada circulação de
pessoas. Também chamada de Área de Segurança.

ATO INSEGURO

É a conduta inadequada do usuário do armamento, quando por imprudência,


imperícia ou negligencia, deixa de agir preventivamente e utilizar as normas de
segurança relativo a conduta com o armamento.

CONDIÇÃO INSEGURA

É proveniente da falta de condições técnicas de uso do armamento ou munição,


no qual o usuário desconsidera tal situação, assumindo os riscos de acidentes ou
outro sinistro relativo ao seu uso indevido.

EQUIPAMENTO COLDRE

Escolha e cuide do seu equipamento de trabalho como se sua vida


dependesse dele, porque depende.

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CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DO COLDRE

a) Segurança. Todo o equipamento utilizado pelo policial militar deve oferecer


total segurança, minimizando os riscos durante o serviço.
b) Eficiência: O policial deverá optar por equipamentos (coldres, lanternas e etc.)
que ofereçam vantagem tática ao operador durante o serviço policial, em especial em
casos de confronto.
c) Conforto: Após atendidos os requisitos de Segurança e Eficiência, o policial
poderá optar por equipamentos que permitam maior conforto e ergonomia, ajustados
a sua realidade operacional.

COLDRE OSTENSIVO

É a peça mais importante do cinto policial. Aliado a técnicas de retenção,


impede que o armamento seja arrebatado por marginais durante o serviço, além de
proteger a arma contra as adversidades do serviço policial.
 Deve possuir no mínimo uma trava ativa;
 Deve permitir uma empunhadura completa e saque rápido;
 Deve proteger o gatilho;
 Policial perde 70% das lutas por arma (retenção);
 Dos policiais que perdem suas armas, entre 80% a 90% são assassinados por
estas armas (LEOKA - FBI);
Um bom equipamento permite que mesmo que o suspeito consiga colocar a mão
na arma coldreada do policial e puxe:
 A arma não sai do coldre;
 O coldre não solta do cinto;
 O cinto não solta a fivela.

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MÓDULO III – ARMAMENTO INSTITUCIONAL DO GRUPO “A” – PISTOLAS

ARMAMENTO INSTITUCIONAL

Os armamentos de dotação da PMGO são subdivididos em grupos para


critérios de habilitação, atualização e treinamento, sendo assim distribuídos:
Grupo A – Pistolas semiautomáticas;
Grupo C – Carabinas, Fuzis e Submetralhadoras;
Grupo D – Espingardas;
Grupo F – DEC Dispositivo Eletrônico de Controle.

GRUPO “A” - PISTOLAS

Arma de porte, raiada, portátil, semiautomática ou automática, de ação simples,


ação dupla, dupla ação e híbrida, com câmara no cano, a qual utiliza o carregador
como receptáculo de munição.
A pistola foi criada em 1540 por Camilo Vitelli de Pistoya e Stefeno Enrico de
Pistoya. Daí surge o termo pistola.
Hoje, pistola, é um termo que designa, arma de fogo, de porte, que utiliza a
pressão dos gases resultantes da queima da carga de projeção, para seu
funcionamento, podendo realizar tiros semiautomáticos e automáticos.
Semiautomático – Sistema pelo qual a execução do tiro se dá pela ação do
atirador (um acionamento da tecla do gatilho para cada disparo); as operações de
extração, ejeção e realimentação se darão pelo reaproveitamento dos gases oriundos
de cada disparo.

NOMENCLATURA BÁSICA

É o estudo das partes externas da arma com o fito de proporcionar ao usuário


o entendimento mínimo sobre as funções das peças expostas, para um manejo seguro
e eficiente.
O cano possui na região posterior a câmara de combustão, desprovida de
raiamento e destinado a receber o cartucho. A partir da câmara até a boca, o cano é
raiado. Na porção inferior, aparece a rampa de acesso dos cartuchos destinada a

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facilitar sua introdução na câmara do cano. Abaixo, encontra-se o bloco de
trancamento e seu mergulhador.
O ferrolho é uma peça móvel que desliza nas fases do recuo e de recuperação,
após cada tiro, contendo o bloco da culatra. A face anterior desta é escavada e nela
se apoia o culote do cartucho. No bloco da culatra está montado o percussor, sua
mola e trava, o extrator. Na face superior encontra-se os aparelhos de pontaria, alça
de mira e massa de mira.
Confeccionada em duro alumínio, aço ou polímero, a armação é a peça com
maior dimensão e que serve de suporte ou alojamento para as demais peças, em
especial: O cano, ferrolho e bloco de trancamento, na região superior, e de parte do
mecanismo de disparo. A parte pela qual a pistola é empunhada, denomina-se
coronha, a qual é oca e funciona como um receptáculo do carregador. Podemos
identificar na pistola, por visão externa: o cão, o tirante do gatilho, as teclas ou
alavancas para desmontagem, do retém do ferrolho e trava de segurança/desarmador
do cão, além do gatilho e retém do carregador.
O carregador é uma peça em separado, chamado corretamente de carregador
tipo cofre, com o transportador acionado por uma mola e alojado na coronha. Por seu
fundo, feito de polímero, alumino ou aço, podemos desmontá-lo, pressionando seu
retém.

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CLASSIFICAÇÃO

1. Quanto ao tipo: de porte;


2. Quanto à alma do cano: raiada;
3. Quanto ao funcionamento: semiautomática;
4. Quanto a ação do disparo:
- Ação Dupla: PT100, PT92, PT99, PT940, PT945 e PT24/7;
- Ação simples: IMBEL GC MD5.
- Dupla ação: (primeiro disparo em ação dupla, os demais em ação simples);
5. Capacidade do carregador: 10, 13, 16, 19 de acordo com o modelo;

FUNCIONAMENTO

Após o primeiro disparo, parte dos gases provenientes da queima da carga de


projeção do cartucho, impulsiona o projétil à frente, enquanto a outra parte age na
parte anterior do ferrolho no sentido de desloca - lá à retaguarda.
O bloco de trancamento é acionado pelo início do movimento do ferrolho à
retaguarda, fazendo com que este permaneça fechado por um curtíssimo espaço de
tempo, suficiente para que as pressões internas, não ofereçam mais perigo, liberando
o ferrolho em seguida para que prossiga em seu movimento para trás.
Uma vez que o extrator constitui -se parte integrante do ferrolho e, neste
momento, encontra-se preso à virola do estojo, este o retira do interior da câmera
configurando a extração do estojo, conduzindo-o rumo ao ejetor que do lado oposto
ao extrator e fixo na armação, bate no estojo liberando-o da garra do extrator,
ejetando-o para fora da arma.
Em seu recuo, o ferrolho comprime a mola recuperadora e ao final do seu curso,
arma o cão e deixa livre a culatra para receber a apresentação de um novo cartucho
pelo transportador do carregador.
Em seu curso para frente, desta vez impulsionado pela mola recuperadora, o
ferrolho retira dos lábios do carregador o cartucho apresentado e o conduz a câmara.
Neste momento o culote do estojo aloja-se no rebaixo do ferrolho e o extrator agarra
a virola, ficando pronto para nova extração.
Com o acionamento do gatilho, o seu tirante desarma a armadilha.

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As pistolas se classificam quanto à ação de seu funcionamento em Ação
Simples, Ação Dupla e Dupla Ação:
Ação Simples: Tipo de ação, na qual é necessário que o cão seja armado para se
efetuar o primeiro disparo; Sistema de ação de revólver, que precisa que o cão seja
armado manualmente a cada tiro para poder disparar; em inglês “Single Action”;
Ação Dupla: Sistema que permite que as armas de mão que possuem este sistema
possam ser acionadas sem antes ter que se engatilhar o cão. O gatilho exerce duas
funções, a saber: engatilha a arma e libera o cão; em inglês “Double Action”.
Dupla Ação: No primeiro acionamento do gatilho o disparo ocorre em ação dupla, e
a partir do segundo acionamento do gatilho os disparos serão em ação simples, até o
atirador desarme o cão, retornando o gatilho para a ação dupla.

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PISTOLA SIG SAUER P320

1 - Massa de mira
2 - Ferrolho
3 - Cano
4 - Vértice de mira
5 - Alavanca de retém do ferrolho
6 - Placa de base de carregador
7 - Retém de carregador
8 - Gatilho
9 - Alavanca de desmontagem
10 - Módulo de punho
11 - Dispositivo de segurança manual opcional

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PISTOLA TAURUS PT100

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PISTOLA TAURUS PT940 e PT945

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PISTOLA TAURUS PT24/7

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PISTOLA IMBEL GC MD5.40

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MANUTENÇÃO

A pistola deve ser desmontada pelo usuário até o primeiro escalão. A


desmontagem além deste escalão somente será realizada por pessoal técnico
capacitado. Para se manter a pistola em bom estado e assegurar seu funcionamento,
é primordial que o mecanismo se mantenha limpo e lubrificado.
O PM deve inspecionar sua pistola periodicamente, e antes de usá-la no serviço
operacional, deverá verificar possíveis folgas dos parafusos no corpo da arma,
verificar o conjunto de pontaria, retém do carregador, retém do ferrolho, extrator,
percursor e ejetor. Armar o cão da pistola puxando-o para trás (para as armas de cão
aparente) e realizar tiro a seco, para conferir o perfeito funcionamento da arma.
A limpeza deve ser feita com pano seco, solvente apropriado e uma escova nas
fendas e em todas as partes externas e no cano e câmara, para retirar o pó, resíduos
de pólvora ou outro tipo de sujidade. Toda a parte externa e interna deverá receber
uma fina camada de óleo próprio para armamento ou óleo fino SAE20. O cano e as
câmaras terão atenção especial, pois estas devem ser muito bem secos, retirando
todo óleo.
Após disparos com a pistola, esta deverá ser limpa, ainda no mesmo dia, afim
de se evitar a corrosão provocada pelos compostos químicos do misto iniciador e
pólvora. Observe a sequência:
1.Passar a escova de latão no interior do cano e da câmara;
2.Com um pincel de pelos, aplicar solvente no cano, parte posterior do cano, na
armação da arma e nas peças do conjunto do ferrolho.
3.Com uma escova de pelo (crina) aplicar solvente no interior do cano e câmara;
4.Esperar o solvente reagir e após passar um pano limpo e seco afim de retirar toda
a sujeira da arma;
5.Lubrificar com um pano embebido em óleo fino, as partes externas e internas da
arma, dando atenção especial na secagem para o cano e a câmara de combustão.
OBS.: Solventes podem ser aplicados em abundância, óleos não!

INSPEÇÃO DO FUNCIONAMENTO

A pistola deve ser inspecionada diariamente, bem como os carregadores e as


munições.

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Antes de qualquer manuseio ou conferência, devemos nos certificar de que a
arma está descarregada, fazendo o procedimento de descarregamento corretamente.
A arma deve estar limpa e lubrificada, porém, sem excesso de óleo lubrificante.
Após descarregada abrir a pistola pelo retém do ferrolho e conferir se o cano
está desobstruído. Fechar o ferrolho e executar cerca de três golpes de segurança
para conferir o funcionamento da mola recuperadora. Colocar e retirar o carregador
da pistola para testar o retém do carregador. Se a pistola possuir sistema desarmador
do cão (Decocker Lever), testá-lo, puxando o cão a retaguarda e desarmando-o pelo
registro de segurança. Nas armas de Ação Simples testar o KIT ADC, armando e
desarmando o cão através do registro de segurança. Para as armas de ação dupla,
acionar a seco o gatilho, fazendo o cão armar e desarmar, cerca de três vezes. Testar
se o percursor não está quebrado. Testar os carregadores, pressionando a mola para
dentro do corpo do carregador e soltando bruscamente.

MANUSEIO DO ARMAMENTO

Manejo: É o conjunto de operações necessárias ao emprego da arma no tiro:


Golpe de Segurança: É o ato de segurar o ferrolho da pistola com firmeza, usando a
parte inferior da palma da mão fraca no lado esquerdo do ferrolho e com a ponta dos
dedos no lado direito do ferrolho, exceto o polegar, que deverá estar apontado para o
operador. Os dedos não podem estar sobre a janela de ejeção de cartuchos para se
evitar um acidente. E com o ferrolho bem preso a mão fraca, fazer o movimento da
coronha da arma com a mão forte para frente e o ferrolho para trás e quando a mola
recuperadora chegar ao final de seu percurso, soltar o ferrolho de maneira enérgica.
Abrir o ferrolho: Levar o ferrolho a retaguarda e ao mesmo tempo pressionar para
cima o retém do Ferrolho e para fecha-lo, basta pressionar o retém do ferrolho para
baixo.
Municiar: É o ato de colocar munições no carregador. Com a mão forte segura-se as
munições e com a mão fraca o carregador. Colocar a munição antes dos lábios do
carregador e empurrá-la para a o fundo do carregador. Com o polegar da mão fraca,
pressionar a munição que está sobre a mesa transportadora do carregador para baixo
e encaixar a próxima munição e sucessivamente até alcançar a capacidade máxima
do carregador. Para desmuniciar basta empurrar as munições para fora dos lábios do
carregador com a mão fraca.

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Alimentar: É o ato de inserir o carregador na arma. Com a pistola na mão forte,
carregador na mão fraca, conduza o carregador rumo ao receptáculo da empunhadura
e introduza com vigor o carregador do orifício até ouvir o travamento do carregador,
feito pela trava do retém do carregador. Para liberar o carregador, basta pressionar o
retém do carregador.
Carregar: É o ato de colocar uma munição na câmara da pistola através do Golpe de
Segurança. Essa sequência pode ser facilmente lembrada pela sigla MAC – municiar,
alimentar, carregar.
Engatilhar: É o ato de trazer o cão a retaguarda, agindo diretamente sobre o martelo
(ação simples) ou sobre o gatilho (ação dupla). Essa etapa do manejo não se aplica
para as armas sem cão (Hammerless).
Disparar: Pressionar o gatilho até que o cão (interno ou externo) seja liberado para
atingir a cápsula do cartucho.
Desarmar o cão: Existem vários sistemas de desarmamento do cão para pistolas (as
que possuem cão aparente), podendo ser manual, Decocker Lever, Sistema ADC,
entre outros. Desta forma, cabe ao operador se familiarizar com o sistema de sua
arma e pratica-lo.

TIPOS DE RECARGA

Recarga Emergencial: ocorre em situações de confronto armado quando as


munições do armamento utilizando findam-se, sendo necessária a inserção de mais
munições para continuar a manutenção de fogo. Ou seja, traz a arma para a área de
trabalho, na altura do rosto, lateralizada de maneira que o orifício de entrada do
carregador fique voltado para a face do operador e olhando para seu agressor, irá
colocar um carregador municiado na arma e fechará o ferrolho, seja pela culatra da
arma puxando e soltando o ferrolho ou pelo retém do ferrolho. A posição do porta-
carregador deverá ser perpendicular ao cinto de guarnição, permitindo o saque vertical
dos carregadores.
Recarga Tática: Realizada em ambiente de ocorrência, mas não em confronto,
trocam-se os carregadores e as munições da primeira carga por um novo carregador
ou munições, geralmente abrigados e com apoio de cobertura da equipe.

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Área de Trabalho: é a área que comumente colocamos um livro para ler ou o celular
para manuseá-lo. A distância da Área de Trabalho não pode ser determinada em
centímetros, considerando as características corporais de cada um. É nesta área que
devemos colocar a arma em frente ao rosto na posição Em Espera e durante a
Recarga Emergencial.

TIPOS DE PANES

A Pane é quando a pistola para de funcionar e o operador deve fazer com que
ela volte a funcionar. As panes apresentadas nas pistolas são causados
essencialmente por três fatores distintos: pelo atirador, pelo armamento e pela
munição em sua grande maioria. As panes mais comuns apresentadas em pistolas
são:
• Má alimentação;
• Mal trancamento;
• Chaminé;
• Nega;
• Falha na extração;
• Munição inchada e;
• Munição atravessada (PT 100, AF 98, outras) durante os disparos.

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A resolução de pane “bate, puxa e atira”, além de resolver a maioria das
panes frequentes é de fácil execução e rápida mecanização, possibilitando a rápida
tomada de decisão por parte do atirador e a imediata execução do movimento,
solucionando a pane.

Pane seca: ocorre quando o atirador não carrega a arma, deixando-a sem munição
na câmara, ou durante a inserção do carregador, este não foi devidamente encaixado.
Pane de nega: ocorre quando o atirador faz todos os procedimentos corretamente,
efetua o acionamento do gatilho, o percussor acerta a espoleta e a munição não
deflagra. Resolução: Bata, puxe e atire
Pane de mau trancamento: ocorre em virtude da ciclagem ineficiente do sistema de
ferrolho, em virtude do mau uso dos gases pelo sistema de trancamento, gerando
pouca força de retorno, ou quando a munição gera pouca força (muitas vezes
recarregada), ou ainda quando a mola recuperadora está fraca, dificultando a
ciclagem do ferrolho.

Resolução: Bata, puxe e atire.

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Pane de chaminé: ocorre por falta de força na ciclagem do ferrolho, fazendo com que
o cartucho deflagrado não seja completamente ejetado, ficando preso no ferrolho
como uma chaminé sobre a janela de ejeção.

Resolução: Bata, puxe e atire.

Pane de rampeamento: ocorre quando a força da mola recuperadora está excedente,


gerando grande velocidade na alimentação da arma, fazendo com que a munição seja
empurrada rapidamente, sem alcançar a câmara.

Resolução: Bata, puxe e atire.


.
Pane de inchamento: ocorre quando, após deflagrado o projétil, o cartucho se incha
na câmara, ficando preso e não ejetando ou o extrator não se encaixa perfeitamente
do culote do estojo. Resolução: Bate, puxe a atire. Caso o ferrolho permaneça
trancado, segura-se na parte anterior do ferrolho e golpeia-se forte na parte posterior

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do punho (beaver tail) de forma a realizar um manejo no ferrolho, retirando o cartucho
da câmara.

Pane de dupla alimentação: Mais incomum e de resolução mais complexa a pane


de dupla alimentação não pode ser resolvida com o “bate, puxe e atire”. Ocorre
quando há um mau funcionamento do sistema de ferrolho, fazendo com que uma
munição entre na câmara e outra seja apontada para a câmara, fazendo com que o
mecanismo não funcione. Resolução: manejar o ferrolho atrás e travá-lo, retirar o
carregador, retirar a munição da câmara, recolocar o carregador e efetuar o manejo
do ferrolho a fim de alimentar a arma.

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PROCEDIMENTOS E PROTOCOLOS NA LINHA DE TIRO

COMANDOS BÁSICOS DO INSTRUTOR NA LINHA DE TIRO

1. DEIXAR A ARMA PRONTA PARA O SERVIÇO:


a) Os atiradores deverão sacar as armas com a mão forte, trazendo-a até a área de
trabalho;
b) Com a mão auxiliar retirar o carregador previamente municiado e inseri-lo na arma
(alimentação);
c) Atuar no ferrolho da arma, ciclando o armamento e carregando a arma;
d) Conferir o carregamento da arma (press check) e coldrear o armamento.

2. PISTA QUENTE:
Significa que a partir deste momento, iniciarão os disparos, e, portanto, nenhum
atirador deverá deslocar-se ou movimentar-se sem a autorização do instrutor.

3. PROTOCOLO DE DESCARREGAMENTO PROCEDIMENTO 103.01


INSPEÇÃO EM PISTOLA:
a) Retirar o carregador em local seguro;
b) Puxar o ferrolho para trás, ejetando a munição da câmara; (Atenção, não
abaixar para recolher a munição);
c) Realizar 02 (dois) golpes de segurança;
d) Puxar o ferrolho à retaguarda e acionar o retém do ferrolho;
e) Inspecionar o esvaziamento da câmara de forma visual e tátil.
f) Liberar o ferrolho e coldrear a arma, aguardando os novos comandos do
instrutor.
Atenção: Não se abaixar ou se deslocar na linha de tiro até o comando de: “pista
fria”, sob perigo de entrar na linha de fogo de outro atirador que ainda esteja
manuseando seu armamento.

4. PISTA FRIA:
Significa que a partir deste momento NÃO poderão haver disparos, devendo as
armas estarem coldreadas. Somente após este comando é seguro recolher
carregadores, capsulas ou munições no solo, bem como aproximar-se dos alvos.

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MÓDULO IV - FUNDAMENTOS DO TIRO

FUNDAMENTOS DO TIRO

BASE

EMPUNHADURA

FUNDAMENTOS DE TIRO
SAQUE
“CHA”

CONHECIMENTO: dominar o
conhecimento das técnicas de tiro VISADA
HABILIDADE: executar as técnicas
de tiro com eficiência
ATITUDE: saber quando atirar, ACIONAMENTO DO
considerando a legalidade e a ética GATILHO

ACOMPANHAMENTO

BASE

Posição confortável, de equilíbrio


Base estável
Tronco levemente inclinado para frente

EMPUNHADURA

CÔMODA
EMPUNHADURA
NATURAL
CORRETA
SEM PRESSÃO EXCESSIVA
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EMPUNHADURA DA MÃO PRINCIPAL EMPUNHADURA DA MÃO AUXILIAR

- A arma deve estar no “V” da mão, ficando - Polegares estendidos longitudinalmente;


alinhada com o antebraço do atirador. - A mão principal alta, junto ao rabo de castor;
mão deve envolver a coronha de modo
firme, porém sem pressão excessiva, o que
provocaria tremor e desvio no tiro.

SAQUE

Mantendo a atenção voltada para a direção do perigo iminente, com o coldre


travado, o operador toma a postura corporal adequada para a realização dos disparos.
Coloca a mão forte sobre a coronha da arma, simultaneamente, usando o polegar,
pressiona para baixo a retenção do coldre. Neste momento a mão fraca já está
aguardando a mão forte na altura do tórax, encostada no tronco. Saca a arma levando-
a para a altura do tórax, onde fará a empunhadura dupla. Neste momento a arma deve
estar paralela ao solo, com o cano apontando para frente. Seguindo com o saque o
policial estende os dois braços à frente com a empunhadura correta, colocando o dedo
no gatilho assim que a arma se distanciar do tórax e realiza os disparos. Para coldrear
a arma é permitido que o operador direcione seu olhar para o coldre. Ao coldrear a
arma é OBRIGATÓRIO o travamento do coldre.
- Tempo 01: sem olhar para o coldre, coloca-se a mão forte sobre a
empunhadura da arma e simultaneamente o polegar pressiona a trava de retenção do
coldre. A mão fraca se posiciona na próxima ao tórax, esperando a chegada da outra
mão. A arma deve sair do coldre com a empunhadura da mão forte perfeita. Nos
movimentos iniciais é permitido que o operador olhe para o coldre, até que comece a
se sentir seguro para que faça mantendo a visão no alvo.

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- Tempo 02: as duas mãos se encontram próximas do tórax. A arma deve estar
paralela ao solo, com o cano apontado para o alvo, pois, caso seja necessário, o
operador já tem condições de realizar disparos na direção do alvo pretendido.
- Tempo 03: Com a empunhadura dupla pronta para o disparo, o operador
pressiona o gatilho assim que a arma se distancie do tórax. Irá estender os braços
rumo ao alvo e ao final da extensão os disparos serão realizados.

VISADA – UTILIZAÇÃO DO APARELHO DE PONTARIA

A visada deve ser feita com os dois olhos abertos. Para o tiro policial é
indiferente se o operador tem olho diretor direito ou esquerdo, o importante é que ele
mantenha os dois olhos abertos para que tenha noção se o perímetro que o cerca
está seguro ou não.

TIRO DE PRECISÃO (VISADO) TIRO POLICIAL


Alinhamento OLHO – ALÇA – MASSA - ALVO

Mantendo o foco na MASSA DE MIRA. Enquadramento ALÇA/MASSA A atenção


do atirador deve permanecer na fonte de
perigo (ALVO) e não na arma.

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ACIONAMENTO DA TECLA DO GATILHO

MEIO DA FALANGE DISTAL do


dedo indicador (ALMOFADA).

Movimento PERPENDICULAR ao
comprimento da arma.

Tracionamento CONSTANTE do
gatilho.

NÃO PERDER CONTATO COM O


GATILHO após o primeiro disparo,
garantindo uma melhor cadência de
tiro.

PRINCIPAIS FALHAS DE ACIONAMENTO DO GATILHO

Mão principal “abraça” muito a arma, fazendo com


que o dedo indicador entre muito no guarda-mato.
EMPUNHADURA Dessa forma, o gatilho é acionado com a

CORRETA ARTICULAÇÃO DA FALANGE DISTAL E MÉDIA,


fazendo com que o disparo seja desviado para o
lado da mão principal.

É a antecipação mental e inconsciente do disparo.


GATILHADA Nesse caso, os disparos são DIRECIONADOS
PARA BAIXO, o que acontece frequentemente
quando o policial está submetido a altos níveis de
estresse.

Como a respiração normalmente encontra-se


TIRO POLICIAL ALTERADA pelo estresse e pelo esforço físico, esta
NÃO DEVE SER OBSTRUÍDA para não afetar a
oxigenação cerebral.

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ACOMPANHAMENTO, CHECK E VARREDURA – A.C.V.

Esse procedimento foi desenvolvido para que o policial consiga minimizar e até
mesmo sair das consequências fisiológicas geradas pela situação de sobrevivência
decorrente da ação policial. Entre as várias consequências, estão as distorções
perceptivas, incluindo mudanças na visão, na sensação de tempo e um estreitamento
da informação auditiva.
Em relação à visão, um dos principais efeitos é a visão periférica reduzida,
também conhecida como "visão de túnel", que é causada pelo fluxo sanguíneo restrito
às contrações musculares dos olhos. Além disso, a atenção do policial fica
comprometida e sua capacidade de percepção do ambiente ao seu redor também.
Dessa forma, foram desenvolvidos no treinamento policial procedimentos
básicos a serem realizados pelo policial logo após uma sequência de disparos, de
forma a permitir que ele avalie a capacidade lesiva do agressor, sua arma e o
ambiente ao seu redor. O foco é que quanto mais o policial treinar, menos cognitivo e
mais motor será o procedimento, até que ele o faça mesmo quando sua capacidade
cognitiva for reduzida devido ao estresse da ocorrência.
A. Acompanhamento
Consiste em “acompanhar” a queda do agressor, certificando-se de que este
não mais oferece risco ao policial nem a terceiros, ou seja, de que foi incapacitado. O
policial deve fazer o acompanhamento do agressor com sua arma apontada para ele
e o dedo ainda pode estar tocando o gatilho, de forma que esteja em condições de
atirar, caso o agressor ainda esboce alguma ameaça.
B. Check
Para fazer o check, deve-se lateralizar levemente a arma, ainda na posição de
pronto alto ou trazendo o armamento para a sua “área de trabalho” próximo ao corpo,
para verificar se a janela de ejeção está fechada, ou seja, se a arma não parou em
pane. O check é feito de forma muito rápida e não se confunde com a conferência de
carregamento inicial do armamento, que fazemos com muito mais atenção no
momento de preparar a arma para o serviço.
C. Varredura
Utilizada para quebrar o efeito da visão de túnel, consiste em variar
lateralmente a visão para um lado e para o outro em busca de possíveis agressores
ainda ativos. Faz-se a varredura em 360º, devendo o policial trazer a arma em sua

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área de trabalho e realizar a varredura de cada lado até a retaguarda do atirador,
visualizando tanto por sobre o ombro direito como por sobre o ombro esquerdo. Dessa
forma, poder-se “varrer” completamente o ambiente, inclusive sua retaguarda.
O policial, após a realização dos procedimentos de A.C.V., deve ter certeza de
que:
 O agressor não apresenta mais riscos à sua integridade ou de outro;
 Que sua arma está em condições de pronto emprego;
 E que não existe nenhum outro agressor no local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apostila Balística Forense Aplicada – SENASP – 2021.


CAMPOS, Alexandre Flecha - Manual prático do Instrutor: Tiro Policial Defensivo –
2015;
NGA Regras e Normas de Segurança – CIT/PMGO/2021;
NOGUEIRA, Rogério – TIRO DE COMBATE E SOBREVIVÊNCIA POLICIAL/Método
RCS – Realismo em Combate Simulado – 2021;

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