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SUMÁRIO

Introdução................................................................................................................................. 5
Capítulo 1 – História e evolução das armas leves.............................................................. 6
Capítulo 2 – Legislação sobre arma de fogo.................................................................... 17
Capítulo 3 – Balística e Munição.........................................................................................30
Capítulo 4 – Equipamentos e Acessórios para armas policiais......................................47
Capítulo 5 – Armas de Porte................................................................................................52
9.1. Lanços..........................................................................................................106

Capítulo 6 – Entradas táticas.............................................................................................. 86


1. Princípios do combate em ambiente confinado.......................................... 86

2. Regras do ambiente confinado......................................................................86

3. Perigo imediato e iminente.......................... Erro! Indicador não definido.

4. Anatomia dos cômodos................................ Erro! Indicador não definido.

5. Cone da morte..................................................................................................87

6. Ângulo fácil e difícil.......................................................................................... 87

7. Técnica de entrada coberta........................................................................... 88

8. Técnicas de entradas dinâmicas.................Erro! Indicador não definido.

8.1. Cruzada (criss cross/entrada X).............. Erro! Indicador não definido.

8.2. Em gancho (botão/ button hook)............. Erro! Indicador não definido.

8.3. Mista.............................................................Erro! Indicador não definido.

Capítulo 7 - Técnica de conduta policial em baixa luminosidade.................................. 90


1. Princípios e técnicas para o emprego policial em baixa luminosidade 131

1.1. Analise o ambiente.................................................................................. 131

1.2. Utilize a luz do ambiente em seu favor..................................................131


1.3. Cuidado onde ilumina.............................................................................132

1.4. Decida sob o ponto de vista do suspeito................................................132

1.5. Domine com a luz...................................................................................... 132

1.6. Foco, fogo e fuga....................................................................................... 132

1.7. A luz como fonte de confusão..............................................................132

1
1.8. Troque de empunhadura e maneje a arma........................................... 133

1.9. Mantenha o alinhamento lanterna + pistola + alvo...............................133

1.10. Domine as técnicas de emprego de lanterna......................................133

2. Técnicas de empunhadura de lanterna e armas de fogo........................133

2.1. Harries..........................................................................................................133

2.2. Rogers..........................................................................................................134

2.3. FBI/FBI modificada.................................................................................... 134

2.4. Pescoço (neck index)................................................................................ 135

2.6. Tocando a telha/guarda mão................... Erro! Indicador não definido.

2.7. Técnica cruzada......................................... Erro! Indicador não definido.

9. Equipamentos e acessórios....................... Erro! Indicador não definido.

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................... 137
APÊNDICE........................................................................... Erro! Indicador não definido.
TEXTO 1 - Psicologia e fisiologia do combate................Erro! Indicador não definido.
1. Níveis de alerta.............................................. Erro! Indicador não definido.

2. Ciclo OODA.................................................... Erro! Indicador não definido.

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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Código de Cores.......................................................................................
Erro! Indicador não definido.
Figura 2: versão simplificada do ciclo OODA..........................................................
Erro! Indicador não definido.
Figura 3: versão pormenorizada do ciclo OODA.....................................................
Erro! Indicador não definido.
Figura 4: Trajetória do projétil após o desvio no vidro.................................................. 44
Figura 5: Trajetória do projétil após o desvio no vidro..
Erro! Indicador não definido.
Figura6: Ricochete do projetil com formação da escalavradura.
45
Figura 7: Abrigo lateral do motor ajoelhado...
Erro! Indicador não definido.
Figura 8: Abrigo lateral do motor deitado 46
Figura 9: troca de carregador emergencial..................................................................... 102
Figura 10: trinômio da conduta operacional policial militar...........................................82
Figura 11: posição em pé, vista lateral e frontal.............................................................85
Figura 12: posição ajoelhado............................................................................................ 86
Figura 13: posição deitado................................................................................................ 86
Figura 14: posição Temple Index..................................................................................... 88
Figura 15: posição pronto alto com arma longa e curta................................................88
Figura 16: posição pronto baixo........................................................................................89
Figura 17: posição Guarda Alta........................................................................................ 90
Figura 18: posições de expectativa de tiro não visado................................................. 91
Figura 19: posições de expectativa de tiro visado......................................................... 91
Figura 20: empunhadura (visão das face direita e esquerda)..................................... 92
Figura 21: empunhadura de arma portátil....................................................................... 93
Figura 22: troca de empunhadura em pistola.................................................................93
Figura 23: troca de empunhadura em armas longas, por tempo................................ 94
Figura 24: sequência atirador, alça, massa e alvo........................................................ 94
Figura 25: relação entre a posição aparelho de pontaria e impactos no alvo........... 95
Figura 26: exercício para identificação do olho dominante.......................................... 96

3
Figura 27: acionamento da tecla do gatilho.................................................................... 99
Figura 28: saque de pistola por tempo............................................................................ 100
Figura 29: deslocamento a frente.....................................................................................104
Figura 30: fases do protocolo pós-combate (Wyatt)................................................
Erro! Indicador não definido.
Figura 31: representação da aplicação do protocolo pós-combate.........................
Erro! Indicador não definido.
Figura 32: militares utilizando árvore como abrigo em 2013, no município de Uruará.
105
Figura 33: caçador militar, escondido entre a vegetação (coberta) e utilizando técnicas
de camuflagem.................................................................................................................... 106
Figura 34: rua em Belém/PA, demonstrando a escassez de abrigos.........................107
Figura 35: sequência de ações da progressão com dois patrulheiros (P).................71
Figura 36: sequência de ações da progressão com três patrulheiros (P)................. 75
Figura 37: sequência de ações da progressão com quatro patrulheiros (P).............79
Figura 38: cômodo em forma de caixa............................................................................ 80
Figura 39: cômodo em forma linear................................................................................. 81
Figura 40: cômodo em forma de L................................................................................... 83
Figura 41: cômodo em formato irregular......................................................................... 85
Figura 42: exemplo de planta de casa.............................................................................87
Figura 43: planta com diferentes tipos de acessos aos cômodos...............................90
Figura 44: representação do cômodo com acesso pelo centro e os ângulos de fácil e
difícil visualização....................................................................................................
9Erro! Indicador não definido.
Figura 45: patrulheiro em pé tomando ângulo pela esquerda..................................... 988
Figura 46: tomada de ângulo (visto de cima)................................................................. 989
Figura 47: entrada dinâmica cruzada......................................................................
9Erro! Indicador não definido.
Figura 48: entrada diâmica em gancho...................................................................
9Erro! Indicador não definido.
Figura 49: entrada dinâmica mista...........................................................................
Erro! Indicador não definido.

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Introdução

O desenvolvimento deste trabalho tem o objetivo de reunir aspectos jurídicos,


conceituais e técnicos do uso das armas de fogo institucionais aos militares membros
da Polícia Militar do Pará, para que possam melhor servir e proteger a sociedade
paraense.
Os autores construíram esse conteúdo a partir de pesquisas bibliográfica e
documental, discorrendo sobre os conteúdos abordados, a fim de permitir um melhor
esclarecimento sobre eles, buscando a aplicação prática desses temas. As imagens
utilizadas para ilustrar o conteúdo foram coletadas da internet e devidamente
referenciadas, exceto aquelas que descrevem as técnicas com armas de fogo,
produzidas pelos autores.
No capítulo um estão dispostas algumas leis e resoluções que disciplinam o
uso da força e das armas de fogo. No capítulo dois são abordados temas como a
psicologia e fisiologia no combate. No capítulo três está descrita a evolução das armas
de fogo e conceituais das armas, munições e equipamentos. O capítulo quatro
apresenta noções de balística. Temos no capítulo cinco a descrição de conceitos e
técnicas de manejo e condutas com as armas de fogo para o tiro.

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Capítulo 1 – História e evolução das armas leves

1. Descobrimento da pólvora

A pólvora, sem dúvida, está entre as descobertas de maior significado na


história da Humanidade. Apesar disso, no entanto, pouco se conhece de suas exatas
origens, fora o fato sabido de que muitas civilizações antigas (na Pérsia, Grécia, Norte
da África, China e índia, entre outros locais) pesquisavam ativamente a química e
conheciam componentes que se queimavam com velocidade suficientemente rápida
para produzirem uma explosão, quando submetidos à ignição em um espaço
confinado. Numa combinação aproximada de 75% de salitre, 10% de enxofre e 15%
de carvão, obtinha-se a chamada pólvora negra ou “pólvora suja”, um produto que
muito influenciaria a História da Humanidade até os dias de hoje.

A verdadeira importância da pólvora não foi em constituir-se em ingrediente de fogos


de artifício usados em dias de festa e, até para "afastar demônios", mas, sim,em seu
emprego como propelente. Logo, ela estaria sendo usada para substituir grandes e
desajeitados dispositivos mecânicos (catapultas e balistas, por exemplo) no
arremesso de projéteis à distância, nos primórdios da Artilharia. Em termos de
armamento individual, também viria a ser a responsável pela gradual substituição do
arco-e-flecha e da balestra (ou besta, desenho) pelas armas de fogo curtas (pistolas)
e longas (mosquetes, arcabuzes, espingardas etc.).
Foi, apenas, uma questão de tempo para que os enormes canhões primitivos
levassem à criação de versões bem menores, mais leves e portáteis. Os chamados
canhões de mão (desenho) começaram a surgir na Europa por volta de 1400, sendo
nada mais que um cano metálico preso a uma haste de madeira. Uma carga de
pólvora, acesa por um orifício na culatra fechada, propelia para frente um rudimentar
projétil (bola de chumbo), certamente, sem grande alcance e de mínima precisão.
Em geral, as tais armas necessitavam de ambas as mãos do atirador para
segurá-las em posição de tiro e encostar, por exemplo, um pedaço de carvão em brasa
no ouvido (orifício) existente na parte traseira da culatra, um segundo homem
normalmente entrava em cena para ajudar no complicado processo.

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2. Armas de fogo

ARMA DE FOGO é aquela arma de arremesso que utiliza a força expansiva


dos gases resultantes da combustão da pólvora para expelir seus projéteis.
Os elementos essenciais de uma arma de fogo são o aparelho arremessador
(ou arma propriamente dita), a carga de projeção e o projétil, sendo que os dois últimos
integram, na maioria dos casos, o cartucho.
A inflamação da carga de projeção dará origem aos gases que, expandindo-
se, produzirão pressão contra a base do projétil, expelindo-se através do cano e
projetando-se no espaço, produzindo seus efeitos à distância. Não existe uma unidade
de critério quanto à data em que as armas de fogo foram utilizadas pela primeira vez.
O seu uso foi fruto da evolução natural pela qual passou o homem. Porém, não
podemos falar em arma de fogo sem mencionar o componente principal base de seu
funcionamento: a pólvora.

Sua descoberta é creditada aos Chineses, que já a utilizavam desde o século XIII,
principalmente para fins religiosos, na forma de fogos de artifício. As primeiras armas
a utilizarem do princípio da queima da pólvora para a expulsão dos projéteis (estes,
inicialmente, pedras ou qualquer coisa que pudesse ser arremessada), eram
artefatos toscos chamados de tronos de pólvora, que eram canhões primitivos que
produziam efeitos mais psicológicos que destrutivos, visto que a pólvora negra
produzia enorme quantidade de fumaça e um terrível estrondo (para a época).
O pânico era muito grande nas tropas, que ainda desconheciam o seu uso.
Com referência a armas curtas, o primeiro documento autêntico, datado de 1313, cita
o emprego de canhões de mão na Alemanha. Em 1350, menciona-se graficamente o
uso de uma arma de fogo que podia ser manejada e disparada por um só homem.
As armas curtas, inicialmente, constituíam-se de tubos metálicos fechados em
uma das extremidades, denominada culatra, e possuindo em sua parte superior um
orifício, chamado de fogão, que era uma comunicação com o cano da arma. Este por
sua vez, era preso por tiras de metal ou couro a um cabo ou coronha rudimentar.

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O atirador introduzia a pólvora pela boca do cano, um ou mais projéteis e
um chumaço de estopa ou papel, comprimidos a golpes de vareta. Depois de
carregado o cano, despejava-se um pouco de pólvora no fogão, encostava-se uma
mecha acesa ou pedaço de brasa e produzia-se o disparo.
Com o passar dos anos, e pelas dificuldades que este sistema apresentava,
uma mecha ou pavio foi introduzido no fogão, criando assim o primeiro sistema de
ignição da pólvora localizado na própria arma. Este sistema foi chamado de sistema
de mecha (matchlock).
Um sistema de alavanca, com um primitivo martelo, era dotado da mecha e o
atirador, ao acionar a alavanca (uma espécie de gatilho), levava a mecha ao orifício
do cano e disparava arma. Isto facilitou a pontaria, pois não era mais necessário
prestar atenção em dirigir a mecha ao fogão e retirar rapidamente para não queimar
a mão. Com a evolução natural das armas curtas, surge entre 1515 e 1517 o segundo
sistema de ignição, vindo a substituir o fecho de mecha.
Ironicamente, este sistema já era conhecido antes do matchlock, pois se valia
das propriedades pirogenética as do sílex uma pedra que produzia forte faísca quando
friccionada a uma superfície metálica graças a essa propriedade, foi possível a criação
de um sistema de detonação constituído de uma a roda de aço, de bordas ásperas,
acionada por uma mola que a fazia girar quando acionado o gatilho. Após o início do
movimento da roda, uma peça (o martelo) dotada de um pedaço de pirita, encostava-
se à roda que, girando, produzia uma faísca iniciadora a qual se comunicava com o
interior do cano através do ouvido (nova denominação para o fogão). Este sistema
(fig. abaixo) ficou conhecido como fecho de roda (whheel lock).

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Continuando a evolução, e devido à complexidade do fecho de mola, surge o
terceiro tipo de mecanismo de ignição, o fecho de pedra (fl lint lock), em substituição
aquele. De funcionamento mais simples, o fecho de pedra também utilizava o sílex,
golpeado de encontro a um batente fixo para a produção da faísca iniciadora. Houve
diversos sistemas de fechos de pedra, destacando-se o Shaphaunce (Holanda) e o
Chenapan (França e Itália).

O que ficou mais popular foi o Miquelete da Espanha, tanto que seu nome é
utilizado para denominar os fechos de pedra (também conhecidos como fechos de
Miquelete). No início do séc. XIX, o escocês Alexander Forsytth, caçador e aficionado
pela Química, revolucionou o mundo das armas de fogo ao patentear, em 1807, um
mecanismo de ignição por percussão, baseado nas experiências nas químicas de
Bayen (França) e Howard (Inglaterra) que havia criado um composto químico que
detonava por percussão.

O composto químico era colocado em um pequeno copo metálico que, por sua vez,
era colocado sobre a chaminé. Um cão metálico era armado e, ao ser acionado pelo
gatilho, chocava-se sobre a espoleta. A mistura se inflamava e a chama era
transmitida para o interior do cano, onde se encontravam a carga de projeção e o
projétil. Todas as armas até aqui eram operadas por antecarga, isto é, os elementos
de munição (pólvora, projéteis etc.) eram colocados pela boca do cano, num processo
que, além de demorado, deveria ser repetido a cada novo disparo, representando uma
grande desvantagem.

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O maior desafio dos projetistas da época era eliminar essa desvantagem e
fazer com que a arma de fogo realizasse o maior número de disparos possível, antes
de ter que recarregá-la de novo. A primeira arma de retrocarga que se tem notícia
surgiu em 1776, por um oficial do exército inglês, Maj. Patrick Fergusson. Vários
sistemas foram apresentados até o advento das modernas soluções de retrocarga,
mas o passo definitivo foi a invenção do cartucho metálico, que proporcionou a criação
das armas de fogo tal qual conhecemos hoje.
Em 1836, dando continuidade aos trabalhos de Jean Samuel Pauly, o francês
Casimir Lefaucheux projetou um cartucho com uma base de latão com corpo de papel.
Em 1858, o revólver lefaucheux foi a primeira arma a utilizar cartucho metálico a ser
adotada por uma nação
O cartucho metálico podia conter todos os elementos de munição, agilizando
a recarga e permitindo armas com grande capacidade de tiro. Esta evolução ainda
não terminou. Novos conceitos em armas e munições surgem quase que diariamente,
com cada vez melhores soluções e maiores efeitos.
As armas calibres magnum, as fabricadas com polímeros plásticos, os canos
de cerâmica e as munições sem estojo, são exemplos de que as armas de fogo ainda
continuarão a ser aperfeiçoadas.

3. Classificação das armas de fogo

Arma de fogo é todo engenho criado pelo homem que arremessa projéteis
empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente
confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a
função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e
estabilidade ao projétil. Podendo ser utilizada para práticas esportivas, para o ataque
e ou defesa, apresentações e homenagens.
3.1. Quanto a portabilidade
3.1.1. De porte
Arma de fogo de dimensões e peso reduzido, que pode ser portada por um indivíduo
em um coldre e disparado, comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador,
também comumente chamadas de armas curtas; enquadram-se, nestadefinição:

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I. Revólver
Arma de fogo de porte, de repetição, dotada de um cilindro giratório

posicionado atrás do cano, que serve de carregador, o qual contém perfurações


paralelas e equidistantes do seu eixo e que recebem a munição, servindo de câmara.

II. Pistola
Arma de fogo de porte, geralmente semiautomática, cuja única câmara faz
parte do corpo do cano e cujo carregador, quando em posição fixa, mantém os
cartuchos em fila e os apresenta sequencialmente para o carregamento inicial e após
cada disparo; há pistolas de repetição que não dispõem de carregador e cujo
carregamento é feito manualmente, tiro-a-tiro, pelo atirador.

3.1.2. Portátil
Arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um
único homem, mas não conduzida em um coldre e sim geralmente com o auxílio de
uma bandoleira, exigindo, em situações normais, o apoio em três pontos diferentes:

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ambas as mãos e ombro para a realização eficiente do disparo, também é comumente
chamada de arma longa, a exemplo a carabina, fuzil e espingarda:
I. Carabina: Arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões
reduzidas, de cano longo, embora relativamente menor que o do fuzil e com alma
raiada. Internacionalmente, considera-se carabina as armas com comprimento do
cano entre 20 polegadas (50,8 cm) e 22.5 polegadas (57,15 cm) e no Brasil com o
cano entre 41,2cm a 59,5cm.

II. Rifle: Termo inglês que significa exatamente "com alma raiada",
correspondendo ao fuzil; erroneamente é muito empregado no Brasil para designar a
carabina desportiva.

III. Fuzil: Arma de fogo portátil, de cano longo e maior que a carabina, cuja
alma é raiada. Podem ser de repetição, semiautomáticos ou automáticos.

IV. Espingarda: Arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa, isto é, não
raiada. Podem ser de repetição, semiautomáticas ou automáticas

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V. Metralhadora: Arma de fogo portátil, que realiza tiro somente no sistema
automático.

VI. Submetralhadora: Conhecida também como metralhadora de mão ou


pistola metralhadora, é uma arma de fogo portátil, que pode ser utilizada no sistema
semiautomática ou automática, de tamanho reduzido para uso das mãos, sem fixação
por tripé, que utiliza normalmente um calibre usual de pistola, como 9x19mm ou
.40S&W, entre outros.

3.1.3. Não portátil


Arma que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, não pode ser
transportada por um único homem, sendo conduzida por veículo motorizado ou
dividida em fardos entre vários homens.

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3.2. Quanto ao sistema de carregamento
3.2.1. Antecarga
Aquela em que o carregamento é feito pela boca do cano.
3.2.2. Retrocarga manual
Aquelas em que o carregamento é feito pela parte posterior do cano, com
emprego da força muscular do atirador.
3.2.3. Retrocarga automática
Aquelas em que o carregamento é feito pela parte posterior do cano, em regra
por meio do aproveitamento da energia do disparo, dispensando a intervenção
humana.
3.3. Quanto ao sistema de funcionamento
3.3.1. De repetição
Arma em que o atirador, após a realização de cada disparo, decorrente da sua
ação sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre um componente do
mecanismo desta para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo
seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo. Ex. revólver.
3.3.2. Semiautomática
Arma que realiza, automaticamente, todas as operações de funcionamento
com exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer, a cada disparo, um novo
acionamento do gatilho. Ex. pistola.
3.3.3. Automática
Arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações de
funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado,
comumente chamado de disparo em rajada. Ex. metralhadora.
3.4. Quanto ao sistema de acionamento
3.4.1. Ação simples
No acionamento do gatilho apenas uma operação ocorre, o disparo, pois a
ação de armar o cão já foi efetuada (engatilhamento manual), ou apenas desarmar o
retém do percussor para que seja efetuado o disparo. Ex. pistola IMBEL .380ACP.
3.4.2. Ação dupla
É um sistema mecânico de determinadas armas de fogo. Nesse sistema a
tecla do gatilho exerce as duas funções: engatilha a arma e libera o cão ou sistema
de percussão. Ex. Revólver Taurus mod. RT 851 Multialloy.

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3.4.3. Dupla ação
É o sistema mecânico de determinadas armas de fogo, que permite que elas
sejam acionadas em ação simples ou dupla. Na primeira opção o mecanismo de
disparo foi engatilhado e no acionamento do gatilho ocorre apenas o disparo. Na
segunda opção, no acionamento do gatilho ocorre o engatilhamento e a liberação do
cão ou sistema de percussão. Ex. Revólveres Taurus em sua maioria e Pistolas
Taurus PT 58 e PT 938 – Calibre .380ACP
3.5. Quanto a alma do cano
A alma é a parte oca do interior do cano de uma arma de fogo, que vai
geralmente da câmara de explosão até a boca do cano, destinado a resistir pressão
dos gases produzidos pela combustão do propelente e orientar o projétil. Pode ser lisa
ou raiada, dependendo do tipo de munição para o qual a arma foi projetada.
3.5.1. Lisa
Aquelas cujo interior do cano é totalmente polido, sem raiamento, porque não
há necessidade da estabilização dos projéteis. Ex. as espingardas.
3.5.2. Raiada
Aquelas cujo interior do cano tem sulcos helicoidais, podendo ser destrógiros
ou sinistrógiros, ou seja, com sentindo horário ou anti-horário respectivamente. Estão
dispostos no eixo longitudinal do cano, destinados a forçar o projétil a um movimento
de rotação, garantindo maior estabilidade na sua trajetória.

3.6. Quanto ao Sistema de Funcionamento


O fato fundamental que distingue uma arma da outra é, além do aspecto
externo, que não costuma ter demasiada importância, seu sistema de funcionamento.
Vejamos sucintamente algumas diferenças.
3.6.1. Sistema basculante
É a mais empregada em espingardas, onde o cano ou os canos são
articulados, expondo a culatra e permitindo a alimentação e ou retirada dos cartuchos;

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3.6.2. Sistema de ferrolho
A arma possui um ferrolho reto manipulado manualmente por uma alavanca
perpendicular, normalmente localizada ao lado direito, que permite a introdução do
cartucho na câmara e a sua extração, é a utilizada pelos sistemas Mauser e
Mannlicher.

3.6.3. Sistema de bloco descente


Utilizada pelo sistemas Martini;
3.6.4. Sistema de alavanca
"Lever action", entre as quais encontra-se a clássica Winchester e a Carabina
Rossi Puma.

3.6.5. Sistema de bomba


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"Slide action" - também chamada de trombone ou deslizante, muito
empregada em espingarda de repetição (CBC e Brownig);
3.6.6. Sistema de gases de recuo direto simples
Utilizada em pistolas conhecido como "blowback" que significa ferrolho livre,
onde a expansão dos gases proveniente da queima da carga de projeção empurra o
cartucho vazio de encontro ao ferrolho, fazendo com que a arma cicle.
3.6.7 Sistema de gases de recuo indireto
É realizada por meio de método baseados na "tomada de gases" com recuo
do bloco da culatra por meio de êmbolo, muito empregada em armas de fogo longas
como o FAL e M16.

Capítulo 2 – Legislação sobre arma de fogo

Seguem uma compilação de legislações (toda ou em parte) nacionais e


internacionais, bem como resoluções e outras normas relacionadas ao uso da arma
de fogo, utilização, aquisição, posse e porte de arma de fogo por militares estaduais
e comentários sobre cada um deles.

1. CÓDIGO DE CONDUTA PARA OS FUNCIONÁRIOS RESPONSÁVEIS PELA


APLICAÇÃO DA LEI

Adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 17 de Dezembro


de 1979, através da Resolução nº 34/169.
Artigo 1º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem sempre
cumprir o dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as
pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de
responsabilidade que a sua profissão requer.
Comentário O termo "funcionários responsáveis pela aplicação da lei" inclui
todos os agentes da lei, quer nomeados, quer eleitos, que exerçam poderes policiais,
especialmente poderes de detenção ou prisão. Nos países onde os poderes policiais
são exercidos por autoridades militares, quer em uniforme, quer não, ou por forças de
segurança do Estado, será entendido que a definição dos funcionários responsáveis
pela aplicação da lei incluirá os funcionários de tais serviços.

17
Artigo 2º No cumprimento do dever, os funcionários responsáveis pela
aplicação da lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os
direitos humanos de todas as pessoas.
Artigo 3º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem
empregar a força quando estritamente necessária e na medida exigida para o
cumprimento do seu dever.
Comentário O emprego da força por parte dos funcionários responsáveis pela
aplicação da lei deve ser excepcional. Embora se admita que estes funcionários, de
acordo com as circunstâncias, possam empregar uma força razoável, de nenhuma
maneira ela poderá ser utilizada de forma desproporcional ao legítimo objetivo a ser
atingido. O emprego de armas de fogo é considerado uma medida extrema; devem-
se fazer todos os esforços no sentido de restringir seu uso, especialmente contra
crianças. Em geral, armas de fogo só deveriam ser utilizadas quando um suspeito
oferece resistência armada ou, de algum outro modo, põe em risco vidas alheias e
medidas menos drásticas são insuficientes para dominá-lo. Toda vez que uma arma
de fogo for disparada, deve-se fazer imediatamente um relatório às autoridades
competentes.
Artigo 4º Os assuntos de natureza confidencial em poder dos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei devem ser mantidos confidenciais, a não ser que o
cumprimento do dever ou necessidade de justiça estritamente exijam outro
comportamento.
Artigo 5º Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir,
instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outro tratamento ou pena cruel,
desumano ou degradante, nem nenhum destes funcionários pode invocar ordens
superiores ou circunstâncias excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma
ameaça de guerra, ameaça à segurança nacional, instabilidade política interna ou
qualquer outra emergência pública, como justificativa para torturas ou outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Comentário A Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes define tortura como: "...qualquer ato pelo qual
dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais são infligidos intencionalmente a uma
pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de
castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de

18
ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer
motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de
funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.
Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam conseqüência
unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou dela
decorram."
Artigo 6º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem garantir a
proteção da saúde de todas as pessoas sob sua guarda e, em especial, devem adotar
medidas imediatas para assegurar-lhes cuidados médicos, sempre que necessário.
Artigo 7º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem
cometer quaisquer atos de corrupção. Também devem opor-se vigorosamente e
combater todos estes atos.
Comentário Qualquer ato de corrupção, tal como qualquer outro abuso de
autoridade, é incompatível com a profissão dos funcionários responsáveis pela
aplicação da lei. A lei deve ser aplicada com rigor a qualquer funcionário que cometa
um ato de corrupção. Os governos não podem esperar que os cidadãos respeitem as
leis se estas também não foram aplicadas contra os próprios agentes do Estado e
dentro dos seus próprios organismos.
Artigo 8º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar
a lei e este Código. Devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-
se com rigor a quaisquer violações da lei e deste Código. Os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar que houve ou
que está para haver uma violação deste Código, devem comunicar o fato aos seus
superiores e, se necessário, a outras autoridades competentes ou órgãos com
poderes de revisão e reparação.
Comentário As disposições contidas neste Código serão observadas sempre
que tenham sido incorporadas à legislação nacional ou à sua prática; caso a legislação
ou a prática contiverem disposições mais limitativas do que as deste Código, devem
observar-se essas disposições mais limitativas. Subentende-se que os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei não devem sofrer sanções administrativas ou de
qualquer outra natureza pelo fato de terem comunicado que houve, ou que está
prestes a haver, uma violação deste Código; como em alguns países os meios de

19
comunicação social desempenham o papel de examinar denúncias, os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei podem levar ao conhecimento da opinião pública,
através dos referidos meios, como último recurso, as violações a este Código.
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que cumpram as
disposições deste Código merecem o respeito, o total apoio e a colaboração da
sociedade, do organismo de aplicação da lei no qual servem e da comunidade policial.

2. PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE O USO DA FORÇA E ARMAS DE FOGO PELOS


FUNCIONÁRIOS RESPONSÁVEIS PELA APLICAÇÃO DA LEI

Os Princípios Básicos enunciados a seguir, que foram formulados com o


propósito de assistir os Estados membros na tarefa de assegurar e promover a
adequada missão dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, devem ser
tomados em consideração e respeitados pelos governos no âmbito da legislação e da
prática nacionais, e levados ao conhecimento dos funcionários responsáveis pela
aplicação da lei e de outras pessoas, tais como juízes, agentes do Ministério Público,
advogados, membros do Executivo e do Legislativo, bem como do público em geral.
Disposições gerais:
1. Os governos e entidades responsáveis pela aplicação da lei deverão adotar
e implementar normas e regulamentos sobre o uso da força e de armas de fogo pelos
responsáveis pela aplicação da lei. Na elaboração de tais normas e regulamentos, os
governos e entidades responsáveis pela aplicação da lei devem examinar constante
e minuciosamente as questões de natureza ética associadas ao uso da força e de
armas de fogo.
2. Os governos e entidades responsáveis pela aplicação da lei deverão
preparar uma série tão ampla quanto possível de meios e equipar os responsáveis
pela aplicação da lei com uma variedade de tipos de armas e munições que permitam
o uso diferenciado da força e de armas de fogo. Tais providências deverão incluir o
aperfeiçoamento de armas incapacitantes não-letais, para uso nas situações
adequadas, com o propósito de limitar cada vez mais a aplicação de meios capazes
de causar morte ou ferimentos às pessoas. Com idêntica finalidade, deverão equipar
os encarregados da aplicação da lei com equipamento de legítima defesa, como
escudos, capacetes, coletes à prova de bala e veículos à prova de bala, a fim de se
reduzir a necessidade do emprego de armas de qualquer espécie.

20
3. O aperfeiçoamento e a distribuição de armas incapacitantes não-letais
devem ser avaliados com cuidado, visando minimizar o perigo para as pessoas não
envolvidas, devendo o uso de tais armas ser cuidadosamente controlado.
4. No cumprimento das suas funções, os responsáveis pela aplicação da lei
devem, na medida do possível, aplicar meios não-violentos antes de recorrer ao uso
da força e armas de fogo. O recurso às mesmas só é aceitável quando os outros meios
se revelarem ineficazes ou incapazes de produzirem o resultado pretendido.
5. Sempre que o uso legítimo da força e de armas de fogo for inevitável, os
responsáveis pela aplicação da lei deverão:
(a) Exercer moderação no uso de tais recursos e agir na proporção da
gravidade da infração e do objetivo legítimo a ser alcançado;
(b) Minimizar danos e ferimentos, e respeitar e preservar a vida humana;
(c) Assegurar que qualquer indivíduo ferido ou afetado receba assistência e
cuidados médicos o mais rápido possível;
(d) Garantir que os familiares ou amigos íntimos da pessoa ferida ou afetada
sejam notificados o mais depressa possível.
6. Sempre que o uso da força e de armas de fogo pelos responsáveis pela
aplicação da lei der causa a ferimento ou morte, os mesmos deverão comunicar
imediatamente o fato aos seus superiores, nos termos do Princípio 22.
7. Os governos deverão assegurar que o uso arbitrário ou abusivo da força e
de armas de fogo por responsáveis pela aplicação da lei seja punido como delito
criminal, de acordo com a legislação em vigor.
8. Não será aceitável invocar circunstâncias excepcionais, tais como
instabilidade política interna ou outras situações de emergência pública, como
justificativa para o abandono destes princípios básicos.
Disposições específicas:
9. Os responsáveis pela aplicação da lei não usarão armas de fogo contra
pessoas, exceto em casos de legítima defesa própria ou de outrem contra ameaça
iminente de morte ou ferimento grave; para impedir a perpetração de crime
particularmente grave que envolva séria ameaça à vida; para efetuar a prisão de
alguém que represente tal risco e resista à autoridade; ou para impedir a fuga de tal
indivíduo, e isso apenas nos casos em que outros meios menos extremados revelem-
se insuficientes para atingir tais objetivos. Em qualquer caso, o uso letal intencional

21
de armas de fogo só poderá ser feito quando estritamente inevitável à proteção da
vida.
10. Nas circunstâncias previstas no Princípio 9, os responsáveis pela
aplicação da lei deverão identificar-se como tais e avisar prévia e claramente a
respeito da sua intenção de recorrer ao uso de armas de fogo, com tempo suficiente
para que o aviso seja levado em consideração, a não ser quando tal procedimento
represente um risco indevido para os responsáveis pela aplicação da lei ou acarrete
para outrem um risco de morte ou dano grave, ou seja claramente inadequado ou inútil
dadas as circunstâncias do caso.
11. As normas e regulamentos sobre o uso de armas de fogo pelos
responsáveis pela aplicação da lei deverão incluir diretrizes que:
(a) Especifiquem as circunstâncias nas quais os responsáveis pela aplicação
da lei estão autorizados a trazer consigo armas de fogo e determinem os tipos de
armas e munições permitidas;
(b) Garantam que as armas de fogo sejam usadas apenas em circunstâncias
apropriadas e de modo a reduzir o risco de dano desnecessário;
(c) Proíbam o uso de armas de fogo e munições que causem ferimentos
injustificáveis ou representem riscos injustificáveis;
(d) Regulamentem o controle, o armazenamento e a distribuição de armas de
fogo, o que deverá incluir procedimentos para assegurar que os responsáveis pela
aplicação da lei sejam considerados responsáveis pelas armas de fogo e munições a
eles confiadas;
(e) Providenciem avisos, quando apropriado, previamente ao disparo de
armas de fogo;
(f) Prevejam um sistema de comunicação aos superiores sempre que os
responsáveis pela aplicação da lei fizerem uso de armas de fogo no desempenho das
suas funções.
Policiamento de reuniões ilegais
12. Como todos têm o direito de participar de reuniões legítimas e pacíficas,
de acordo com os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos
Humanos e no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, os governos, entidades
e os responsáveis pela aplicação da lei deverão reconhecer que a força e as armas
de fogo só podem ser usadas nos termos dos Princípios 13 e 14.

22
13. Ao dispersar grupos ilegais mas não-violentos, os responsáveis pela
aplicação da lei deverão evitar o uso da força, ou quando tal não for possível, deverão
restringir tal força ao mínimo necessário.
14. Ao dispersar grupos violentos, os responsáveis pela aplicação da lei só
poderão fazer uso de armas de fogo quando não for possível usar outros meios menos
perigosos e apenas nos termos minimamente necessários. Os responsáveis pela
aplicação da lei não deverão fazer uso de armas de fogo em tais casos, a não ser nas
condições previstas no Princípio 9.
Policiamento de indivíduos sob custódia ou detenção
15. Ao lidarem com indivíduos sob custódia ou detenção, os responsáveis pela
aplicação da lei não farão uso da força, exceto quando tal for estritamente necessário
para manter a segurança e a ordem na instituição, ou quando existir ameaça à
segurança pessoal.
16. Ao lidarem com indivíduos sob custódia ou detenção, os responsáveis pela
aplicação da lei não farão uso de armas de fogo, exceto em legítima defesa ou em
defesa de outrem contra ameaça iminente de morte ou ferimento grave, ou quando for
estritamente necessário para impedir a fuga de indivíduo sob custódia ou detenção
que represente perigo do tipo descrito no Princípio 9.
17. Os princípios acima enunciados não prejudicam os direitos, deveres e
responsabilidades dos funcionários das prisões, consoante o estabelecido nas Regras
Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros, em especial nas normas números 33, 34
e 54.
Habilitação, formação e orientação
18. Os governos e organismos encarregados da aplicação da lei cuidarão para
que todo o pessoal responsável pela aplicação da lei seja selecionado por meio de
processos adequados de seleção, tenha as qualidades morais, psicológicas e físicas
adequadas ao exercício efetivo de suas funções e seja submetido a formação
profissional contínua e meticulosa. A continuidade da aptidão desse pessoal para o
desempenho das respectivas funções deve ser verificada periodicamente.
19. Os governos e organismos encarregados da aplicação da lei deverão
assegurar que todos os responsáveis pela aplicação da lei recebam treinamento e
sejam examinados com base em padrões adequados de competência para o uso da
força. Os responsáveis pela aplicação da lei que tenham de trazer consigo armas de

23
fogo só devem receber autorização para fazê-lo após terem completado o treino
necessário relativamente ao uso de tais armas.
20. Na formação profissional dos responsáveis pela aplicação da lei, os
governos e organismos encarregados da aplicação da lei devem dedicar atenção
especial às questões de ética policial e direitos humanos, especialmente durante o
processo de investigação; a alternativas ao uso da força e armas de fogo, incluindo a
solução pacífica de conflitos, a compreensão do comportamento das multidões e os
métodos de persuasão, negociação e mediação, bem como os meios técnicos,
destinados a limitar o uso da força e armas de fogo. Os órgãos encarregados da
aplicação da lei devem rever os seus programas de treinamento e procedimentos
operacionais à luz de eventuais incidentes concretos.
21. Os governos e organismos encarregados da aplicação da lei devem
proporcionar orientação sobre tensão psicológica aos responsáveis pela aplicação da
lei envolvidos em situações em que haja o uso da força e de armas de fogo.
Procedimentos de comunicação e revisão
22. Os governos e organismos encarregados da aplicação da lei deverão
estabelecer procedimentos eficazes de comunicação e revisão, aplicáveis a todos os
incidentes mencionados nos Princípios 6 e 11 (f). Para os incidentes relatados de
acordo com esses princípios, os governos e organismos encarregados da aplicação
da lei deverão assegurar que exista um processo de revisão efetivo e que autoridades
administrativas ou de perseguição criminal independentes tenham condições de
exercer jurisdição nas circunstâncias apropriadas. Nos casos de morte e ferimento
grave ou outras consequências sérias, um relatório pormenorizado deve ser
prontamente enviado às autoridades competentes responsáveis pelo controle
administrativo e judicial.
23. Os indivíduos afetados pelo uso da força e armas de fogo, ou seus
representantes legais, devem ter direito a um inquérito independente, incluindo um
processo judicial. Em caso de morte desses indivíduos, a presente disposição aplicar-
se-á de forma correspondente aos seus dependentes.
24. Os governos e organismos encarregados da aplicação da lei deverão
assegurar que os oficiais superiores sejam responsabilizados caso tenham ou devam
ter tido conhecimento de que responsáveis pela aplicação da lei sob seu comando
estão, ou tenham estado recorrendo ao uso ilegítimo da força e armas de fogo, e caso

24
os referidos oficiais não tenham tomado todas as providências ao seu alcance a fim
de impedir, reprimir ou comunicar tal uso.
25. Os governos e organismos encarregados da aplicação da lei deverão
assegurar que não seja imposta qualquer sanção criminal ou disciplinar a
responsáveis pela aplicação da lei que, de acordo com o Código de Conduta para os
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei e com estes Princípios Básicos,
recusem-se a cumprir uma ordem para usar força e armas de fogo, ou que denunciem
tal uso por outros responsáveis pela aplicação da lei.
26. O cumprimento de ordens superiores não constituirá justificativa quando
os responsáveis pela aplicação da lei tenham conhecimento de que uma ordem para
usar força e armas de fogo, que tenha resultado na morte ou em ferimento grave a
alguém, foi manifestamente ilegítima e caso os referidos responsáveis tenham tido
oportunidade razoável de se recusarem a cumprir essa ordem. Em qualquer caso, a
responsabilidade caberá também aos superiores que tenham dado ordens ilegítimas.

3. NORMAS NACIONAIS

O objetivo dessa disciplina não é exaurir os comentários sobre normas legais,


há disciplina que fará as devidas anotações sobre tais legislações, faremos apenas
citações de alguns trechos de leis que consideramos peculiar a matéria em estudo,
como a Lei nº 10.826 de 2003, o Decreto nº 9.847 de 2019 e Decreto nº 10.030 de
2019, a Portaria Interministerial nº 4.226 de 2010 e a Portaria da PMPA 069 de 2019,
publicada no ADIT. AO BG 078 de 2019. Veremos a seguir o comentário sobre
algumas delas:
1. Normas para aquisição, posse, porte e transferência de armas de fogo
Segundo a Lei 10.826, promulgada em 2013, conhecida como Estatuto do
Desarmamento, observa-se:

Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá,


além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e
do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal,
ao exercerem o direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumprimento
do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do regulamento
desta Lei.

Assim percebe-se claramente que os militares não necessitam apresentar


para registro de armas de fogo, a comprovação de idoneidade, comprovação de
25
capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo e
apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa,
haja vista o entendimento do legislador que os militares já são submetidos a
avaliações técnicas de tiro e psicológica em sua formação. Dessa forma, a PMPA
submete os pedidos dos militares de registro e transferências de armas de fogo por
meio do Departamento de Apoio Logístico via Processo Administrativo Eletrônico
(PAE), e remetido para o setor do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados
(SFPC), órgão do Exército Brasileiro (EB), no Pará, exercido pelo 2° Batalhão de
Infantaria de Selva (2º BIS), subordinado à 8ª Região Militar (8ª RM), para geração do
Sistema Gerenciamento Militar de Armas, e posterior impressão do Certificado de
Registro de Arma de Fogo (CRAF), expedição feita pela Diretoria de Apoio Logístico
(DAL).
2. Crimes relacionados a disparos de armas de fogo
O uso da arma de fogo, o disparo propriamente dito, sempre trará diversos
tipos de riscos. A chance de um inocente ser alvejado ou até mesmo um objetivo não
pretendido existe, e ainda ocorrer os ricochetes. Por óbvio, há situações em que o uso
da arma se faz necessário, seja para defender qualquer do povo, seja para proteger
o próprio policial e sua guarnição.
Dessa forma, se faz sempre relevante em meio a uma ocorrência, o raciocínio
e a ponderação que o agente policial deve realizar antes de fazer uso de sua arma:

a) O policial de fato encontrou uma “janela” de oportunidade?


b) O meio (ambiente, tipo de cenário, abrigos) que o policial se encontra
é adequado para o uso da arma de fogo?
c) O uso da arma é adequado para a situação de perigo?
d) Para atingir o fim que persegue, o policial não dispõe de outro meio
menos danoso que o uso da arma de fogo?
e) No caso concreto, caso utilize a arma de fogo, possivelmente, o agente
terá mais vantagens que desvantagens?

Esse tipo de análise pelo raciocínio logico, com a provável perda da


coordenação motora fina, se conduz a uma decisão, muitas vezes, precisa ser tomada
em questão de segundos. Dessa forma, existe a possibilidade de incorrer em erros, e
assim vir ser responsabilizado penalmente, por exemplo, pelo crime de disparo de

26
arma de fogo, caso o policial agir de maneira precipitada e sem pesar as
circunstâncias do caso concreto.
3. Portaria Interministerial N°4226/2010
O Brasil, signatário de vários dispositivos normativos de proteção aos direitos
humanos, disciplina o uso da força pelos militares estaduais a partir de uma doutrina
denominada Uso Diferenciado da Força, fomentada a partir da publicação da Portaria
Interministerial 4.226, de 31 de dezembro de 2010, a qual trouxe um avanço
significativo para os órgãos de segurança pública. Esse dispositivo legal estabeleceu,
entre outras coisas que o “uso da força por agentes de segurança pública deverá
obedecer aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e
conveniência” (BRASIL, 2010). As diretrizes sobre o uso da força e armas de fogo
pelos agentes de segurança pública traz à tona seguintes itens em destaque:

3- Os agentes de segurança pública não deverão disparar armas de fogo


contra pessoas, exceto em casos de legítima defesa própria ou de terceiro
contra perigo iminente de morte ou lesão grave.
4. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra pessoa em fuga que esteja
desarmada ou que, mesmo na posse de algum tipo de arma, não represente
risco imediato de morte ou de lesão grave aos agentes de segurança pública
ou terceiros.
5. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra veículo que desrespeite
bloqueio policial em via pública, a não ser que o ato represente um risco
imediato de morte ou lesão grave aos agentes de segurança pública ou
terceiros.
6. Os chamados "disparos de advertência" não são considerados prática
aceitável, por não atenderem aos princípios elencados na Diretriz n.º 2 e em
razão da imprevisibilidade de seus efeitos.
7. O ato de apontar arma de fogo contra pessoas durante os procedimentos
de abordagem não deverá ser uma prática rotineira e indiscriminada.
8. Todo agente de segurança pública que, em razão da sua função, possa vir
a se envolver em situações de uso da força, deverá portar no mínimo 2 (dois)
instrumentos de menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção
necessários à atuação específica, independentemente de portar ou não arma
de fogo.

4. Resolução n° 202 e n° 204 do CONSEP


O Conselho Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (CONSEP)
aprovou a resolução número 204/12, homologada por meio do decreto governamental
número 647, de 8 de janeiro de 2013, que normatiza o uso da força pelos agentes de
segurança pública do Estado do Pará, definida como intervenção coercitiva imposta à
pessoa ou grupo de pessoas, com a finalidade de preservar a ordem pública e a lei.
De acordo com a nova resolução, o uso da força é escalonado em níveis, que
correspondem à intensidade da força escolhida pelo agente de segurança, em

27
resposta a uma ameaça real ou potencial. Os níveis do uso da força são: presença
física; verbalização (uso da flexão do nível de voz, clareza de comando, não utilização
de linguagem coloquial ou ameaçadora, repetição no caso de não acatamento da
ordem e negociação constante); controle de contato ou controle de mãos livres
(técnicas de imobilização, de algemação e de condução); utilização de instrumentos
de menor potencial ofensivo, armas de menor potencial ofensivo, munições de menor
potencial ofensivo, equipamentos de menor potencial ofensivo e força letal (o emprego
de armas de fogo ou outra capaz de produzir morte do opositor e cuja avaliação é
balizada pelos fatores habilidade, oportunidade e risco).
O documento determina que a utilização de qualquer nível do uso da força
pelos agentes de segurança deverá obedecer aos princípios da legalidade,
necessidade, proporcionalidade, moderação, conveniência e progressividade.
Diversas demonstrações de uso da força passam a ser consideradas abusivas, como,
por exemplo: a realização de disparos de advertência, em razão da imprevisibilidade
de seus efeitos; fazer uso de arma de fogo contra pessoa em fuga, que esteja
desarmada, ou que, mesmo na posse de algum tipo de arma, não represente risco
imediato de morte ou lesão grave aos agentes públicos ou a terceiros; apontar arma
de fogo contra pessoas durante os procedimentos técnicos de abordagem, entre
outros.
A resolução estabelece que os agentes do sistema de segurança pública e
defesa social só podem utilizar armas de fogo para dispersar manifestações
consideradas violentas se não for possível recorrer a meios menos perigosos e
somente nos limites do necessário, quando esta ação for indispensável para a
proteção de vidas humanas. Se houver registro de abuso do uso da força, as
corregedorias do Sistema Estadual de Segurança Pública e Defesa Social deverão
iniciar a investigação sobre o fato imediatamente.
Quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoa, os agentes do
sistema de segurança pública e defesa social envolvidos no caso deverão comunicar
o fato ao seu superior imediato ou à autoridade competente; submeter-se às regras
contidas na resolução 202, do CONSEP, que trata da assistência médica e prestação
de socorro aos feridos na ocorrência; adotar todas as providências para correta
preservação e isolamento do local do fato ocorrido, além de acionar a perícia científica,
facilitar o trabalho de colheita de provas pelos peritos criminais, entre outras ações.

28
Caso o uso da força resulte em lesão ou morte de pessoa, o órgão da área de
Segurança Pública e Defesa Social deverá facilitar a assistência ou o auxílio médico,
recolher e identificar as armas e munições de todos os envolvidos, solicitar perícia
criminalística no local, promover o acompanhamento psicológico aos agentes de
segurança pública envolvidos no fato e afastá-los temporariamente do serviço
operacional, visando a redução do estresse, entre outros procedimentos.
No prazo de 72 horas, o relatório individual deverá ser encaminhado ao Grupo
de Acompanhamento da Letalidade e Mortalidade, instituído pelo CONSEP por meio
da resolução Nº 173/11, com informações sobre as circunstâncias e justificativa que
levaram ao uso da força ou de arma de fogo, quais as medidas adotadas antes de
serem efetuados os disparos, tipo de arma e de munição, a quantidade de disparos
realizados, distância e pessoa contra a qual foi disparada a arma, o número de
agentes de segurança feridos ou mortos, instrumento de menor potencial ofensivo
utilizado na ocorrência policial, número de feridos ou mortos atingidos pelos disparos
do agente do sistema de segurança pública a defesa social e ações realizadas para
facilitar a assistência ou o auxílio médico.
5. Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados
A Constituição Federal estabelece como uma das competências da União:
“Art. 21. Compete à União: [...] VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de
material bélico” (BRASIL, 1988). Essa competência foi delegada ao Exército Brasileiro
por intermédio da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2002, nos seguintes termos:

Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete
ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação,
importação, desembaraço alfandegário e o comércio de armas de fogo e
demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma
de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.

Dentro da estrutura organizacional do Exército Brasileiro, a Diretoria de


Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC), subordinada ao Comando Logístico do
Exército, é o Órgão de Direção Setorial responsável, principalmente, por elaborar
disposições legais ou regulamentares que disponham sobre atividades com produtos
controlados, bem como efetuar, diretamente, o registro e o controle de empresas
fabricantes destes produtos.
O controle e a fiscalização de produtos controlados no território nacional são
executados de maneira descentralizada, sob a responsabilidade do Comando da

29
Região Militar, coadjuvado pelo Chefe do SFPC regional, tendo como competências:
autorizar e fiscalizar o exercício, por pessoas físicas ou jurídicas, das atividades
relacionadas com produtos controlados de comércio, importação, exportação,
utilização, prestação de serviços, colecionamento, tiro desportivo ou caça.
Nesse contexto, entre as doze regiões militares existentes, o Estado do Pará
coincide com a 8ª Região Militar (8ª RM), em cujo âmbito atua o SFPC, sediado no
2°Batalhao de Infantaria de Selva (2°BIS), e sob a responsabilidade dos respectivos
Comandantes e Chefe do SFPC.

Capítulo 3 – Balística e Munição

1. A evolução do cartucho

A ideia de carregar as armas pela culatra não é nova. Nasceu nos


primeiros momentos das armas de fogo, com o objetivo de aumentar a quantidade de
disparos em um menor período (poder de fogo). Com esse objetivo, já no século XVI,
surgiu a ideia de se colocar a pólvora necessária para um disparo em pequenos tubos
de madeira, permanecendo os projéteis separados em uma “bolsa”.
1.1. O cartucho de papel
A palavra “cartucho” provém do italiano cartuccia, que, por sua vez, deriva do
latim “carta”, que significa “papel”. Os primeiros cartuchos foram feitos de papel, no
final do século XVI. Inicialmente, os cartuchos apenas continham as cargas de
pólvora, guardando os projéteis, separadamente. Posteriormente, o projétil foi unido
ao cartucho de papel, mas o cartucho era utilizado apenas para se colocar parte da
pólvora na caçoleta. O restante era introduzido pela “boca” do cano. Colocando o
projétil por cima, o papel servia apenas como bucha. Esse sistema foi utilizado por
quase duzentos anos.
Em meados do século XIX apareceu o cartucho combustível, semelhante ao
de papel, feito de pele, papel ou linho nitrados, e facilmente combustível, com o qual
o cartucho inteiro podia ser carregado, queimando com a combustão da pólvora. As
primeiras armas de retrocarga, assim como os revólveres de municiamento pela
“boca”, podiam utilizar esse tipo de cartucho combustível. O famoso fuzil de agulha
Dreyse disparava um cartucho fulminante, incorporado na base do projétil. Esse
cartucho foi o último e o mais aperfeiçoado dos cartuchos de papel.

30
1.2. Origens do cartucho atual
Em 1812, em Paris, um armeiro suíço, chamado Pauly, desenvolveu um
cartucho consistente, com uma base cilíndrica de latão, que se acoplava a um cilindro
de papel, e servia como recipiente para a pólvora e o projétil. A base de latão era
perfurada em seu centro e contínua. Na parte externa da perfuração, uma cavidade
trazia a pequena carga detonante, protegida por papel envernizado. Essa invenção,
que apresentava todos os componentes do cartucho moderno, não teve aceitação,
por ser bastante avançada para a sua época. Apesar disso, Pauly é lembrado como o
autor do cartucho de fogo central.

2. Munições

Definição: São corpos carregados


com explosivos, agentes químicos,
radiológicos, biológicos, ou uma
combinação destes que podem ser
arremessados por uma arma, por
intermédio da mão, lançados de avião,
instalado no solo ou dirigido, destinado a
produzir danos contra pessoal, material ou
objetivos militares.
2.1. Classificação
A munição é dividida, para efeito de estudo, em dois grupos:
1. Munição especial – mísseis
completos, armas nucleares, ogivas
convencionais e cargas de projeção para
granadas nucleares de artilharia;
2. Munição convencional –
munição de armamento leve (>0.50”),
munição de arremesso, munição de
artilharia, munição para morteiros, minas terrestres, rojões e bombas.

2.2. Munição de Armamento Leve:

31
Generalidades: A munição do armamento leve compreende a munição usada
nas armas cujo calibre seja igual ou menor que 0.50”, como fuzis, carabinas, pistolas,
revólveres, metralhadoras e metralhadoras de mão.
Terminologia: O cartucho compreende todos os elementos necessários à
execução do tiro pela arma, isto é, o projétil, o estojo, a carga de projeção e a espoleta.
Munição: conjunto completo de estojo, projétil, propelente e espoleta (nos de
caça acrescenta-se a bucha), tudo devidamente montado em um só corpo. O mesmo

que cartucho.

2.2.1. Classificação:

I. Com base no tipo de estojo, os cartuchos de armamento leve são classificados


como de:
i. fogo central;
ii. fogo circular.
II. De acordo com a finalidade, a munição do armamento leve é classificada em:
i. Munição de guerra: comum; perfurante; incendiária; traçante; perfurante-
incendiária; perfurante-incendiária-traçante; auto-explosivo-incendiária;
ii. Munição de emprego especial: festim; manejo; pressão majorada;
subcalibre; estilhaçável; lançamento.
a. Munição de festim: cartucho inerte, carregado com pólvora negra
ou branca, utilizada normalmente para sinalizar partidas de
corridas, produções teatrais, cinema, exercícios militares e
treinamento de cães.

32
b. Munição de manejo: é destinada exclusivamente ao manejo de
mecanismo de repetição, em instrução, de carregar e descarregar
o depósito e câmara, possuindo em seu estojo sulcos estriados ou
até mesmo orifício, inerte.
c. Munição + P: carregada com maior carga, gerando maior pressão
que a munição normal visando aumentar a velocidade e a energia
do projétil.
d. Munição + P +: primeiramente foi desenvolvida exclusivamente
para o uso policial. Nela se verifica nível de pressão, velocidade e
energia maior que a + P.
e. Munição subsônica: desenvolvidas para operarem a velocidades
abaixo do som e com especial adequação para uso em
silenciadores (supressores).
2.2.2. Divisão da Munição

A munição se divide em quatro partes, exceto as munições de caça que se


divide em cinco partes:
A munição normal se divide em:

I. Estojo;
II. Espoleta;
III. Propelente (carga de projeção);
IV. Projétil.

A munição de caça se divide em:

I. Estojo;
II. Espoleta;
III. Propelente (carga de projeção);
IV. Projétil;
V. Bucha.

I. Estojo:

33
Os estojos além de reunir os demais componentes (projétil, espoleta, carga
de projeção) tem a função de proteger a carga de projeção das intempéries.
O estojo pode ser de:

a) papel;
b) papelão;
c) plástico;
d) metálico;
e) composto:
f) papelão / metálico;
g) plástico / metálico.

Quanto ao formato, pode ser:

a) paralelo;
b) cônico e garrafa;
c) de fogo central;
d) fogo circular.

Quanto ao iniciador, pode ser:

a) Fogo central: quando a percussão ocorre em uma espoleta (depósito de


mistura iniciadora) localizada no centro do culote do estojo;
b) Fogo circular: quando a mistura iniciadora está contida na circunferência
interna do culote do cartucho, constituindo um verdadeiro anel
I. Espoleta

Destina-se a iniciar a queima da carga de projeção e se divide em:

a) Berdan: possui a massa iniciadora no interior do copo, sendo que a


bigorna e o evento (orifício de passagem dos gases) se encontram no
estojo;
b) Boxer: possui a massa iniciadora e a bigorna no interior do copo e o
evento (orifício de passagem dos gases) encontra-se no estojo;

34
c) Bateria: Possui a massa iniciadora, a bigorna, o evento (orifício de
passagem dos gases) e o copo formando um mesmo conjunto.
Geralmente utilizado em cartuchos de caça;
d) Fogo circular/percussão radial: Nos estojos de fogo circular, a massa
iniciadora encontra-se no interior do estojo, formando um anel interno na
borda do culote.

III. Carga de Projeção:

Quantidade de pólvora destinada a dar ao projétil


a velocidade e pressão dentro dos limites prescritos para
a arma, no qual será empregado. Pode ser:

a) Negra: a primeira desenvolvida à base de


nitrato de potássio, carvão vegetal e enxofre
que, em condições e quantidade adequadas, tornam-se uma massa
instável impossível de se manusear fora de laboratório próprio;
b) Branca: semi sem fumaça. A partir da descoberta da nitroglicerina,
criaram-se novos tipos de propelentes, quase sem fumaça. Também pode
ser subdividida, quanto à queima em:
i. rápida;
ii. lenta;
iii. média
iv. composta (rápida / lenta), (rápida / lenta / média) estas
especificamente para uso em armas longas.

35
v. base simples (constituída à base de nitrocelulose);
vi. base dupla (constituída de nitrocelulose e nitroglicerina).
IV. Projétil:
a) O projétil quanto a sua configuração pode ser:
i. encamisado;
ii. semi-encamisado;
iii. de borracha;
iv. de chumbo;
v. metálico;
vi. composto (chumbo / metal), (chumbo / borracha), (metal / chumbo /
aço), etc.;
vii. perfurante: possui núcleo de aço endurecido, pontiagudo com função
de perfurar obstáculos;
viii. expansivo, com função de expandir ao contato com o alvo;
ix. projéteis de uso militar;
x. traçante: deixa em seu percurso um rastro luminoso;
xi. incendiário: com função de incendiar ao atingir o alvo;
xii. explosivo: explode em contato com o alvo.
V. Bucha: Destina-se a separar a carga de projeção do projétil ou dos projéteis.

2.2.3. Armazenamento de Munições:

Devem ser armazenadas em local próprio, isento


de calor e umidade, sobre um tablado de madeira ou
borracha, para isolar o contato direto com o solo, porque,
além de umidade, existe a possibilidade de ocorrência de
descargas elétricas.

I. Munições Úmidas:

Ao detectar umidade nas munições, estas devem ser substituídas e utilizadas


apenas em instrução. Em hipótese alguma, levá-las ao forno ou estufa para retirar a
umidade, pois há alto risco de detonação.

36
3. Balística

“É a ciência e arte que estuda integralmente as armas de fogo, o alcance e a direção


dos projéteis por elas expelidos e os efeitos que produzem” (Roberto Albarracin). Pode
ser dividida em:

3.1. Balística Interna

Estuda o que ocorre desde o momento do tiro até o momento da saída do


projétil do cano da arma. Esse estudo se baseia na quantidade de carga propelente
que vai gerar uma determinada temperatura, volume e pressão dos gases no interior
da arma durante a queima do propelente. Baseia-se, ainda, no formato da arma, no
tamanho de seu cano, na quantidade, no sentido e dimensões das raias, bem como
no peso e formato dos projéteis. Dependendo da quantidade e do tipo de pólvora
utilizada, sempre levando em consideração, no desenvolvimento de uma arma, o tipo
de material utilizado em sua construção, a fim de evitar danos indesejáveis.
Sequência do processo de disparo:
I. Percussão: Com a munição perfeitamente ajustada na câmara, pressiona-
se o gatilho que irá liberar o mecanismo de percussão, de tal forma que o percussor
incida sobre a espoleta, iniciando a detonação;
II. Detonação: quando o percussor amolga a espoleta, a matéria detonante é
comprimida, produzindo uma chama, que é transmitida ao propelente (carga de
pólvora) através de um ou mais orifícios existentes no cartucho. Esses furos, que
fazem a ligação do alojamento da espoleta ao receptáculo da pólvora (câmara do
estojo), são denominados eventos;
III. Início da queima do propelente: quando a espoleta é detonada, lança para
o interior do estojo uma chama que deve ser potente o suficiente para envolver toda
a pólvora contida em seu interior, sob pena de queima ineficiente e retardo no disparo.
A pólvora contida em um cartucho de munição sofre queima;
IV. Início do movimento do projétil: a medida em que a pólvora vai sendo
queimada, é transformada em um grande volume de gases que passa a exercer

37
pressão contra a base do projétil e contra as paredes e a base do estojo, em um
sistema de forças que atua em todas as direções. Como no bloqueio desse sistema,
a parte mais fraca é a região de engate do projétil no gargalo, a crescente pressão
dos gases provocará seu deslocamento à frente, após dilatação do estojo.
Tal dilatação, decorrente de sua elasticidade material, do calor e da pressão
gerados, além de facilitar o movimento do projétil, possui a função de selar a câmara
em todas as direções para evitar a perda excessiva de gases pela culatra e ajudar a
impedir o recuo do estojo antes do momento adequado, principalmente em armas que
funcionam por sistema “blowback”. Dessa forma, parte dos gases acompanha o
projétil, empurrando-o no sentido contrário – da culatra para a boca do cano;
V. Lançamento livre e tomada do raiamento pelo projétil: a pressão dos gases
vence a inércia do projétil, impulsionando-o à frente. Antes de atingir as raias, o projétil
percorre um pequeno trajeto localizado na parte final e anterior da câmara. Essa
porção é denominada espaço de voo livre, é lisa e possui diâmetro maior do que o do
projétil. Após tê-la ultrapassado com facilidade, encontra-se com o início do raiamento,
o que causa uma ligeira frenagem em seu movimento.
Na sequência, a pressão dos gases continua aumentando gradativamente, e
consequentemente aumento a velocidade, e assim forçando-o contra as estrias e
imprimindo-lhe uma rotação em torno de seu eixo longitudinal, no sentido de evolução
das raias, e, portanto, inversamente proporcional as forças de ação;
VI. O projétil adquire velocidade no cano: após a tomada do raiamento, a
pressão continua em uma crescente vertiginosa até chegar ao seu pico (ponto
máximo), exatamente quando o projétil já percorreu a parte inicial do cano (cerca de
um quinto) e adquiriu aceleração. A partir daí, na medida em que o espaço deixado
por ele aumenta, a pressão vai caindo gradativamente. Embora ocorra essa queda na
pressão dos gases, seus efeitos não cessam, uma vez que parte da pólvora ainda
continua queimando, acompanhando o projétil em sua trajetória pelo cano,
imprimindo-lhe mais velocidade. No processo de disparo, a queima da pólvora ocorre
em fases diferentes e sucessivas;
VII. O projétil abandona o cano: próximo do final de sua trajetória no interior
do cano, o projétil recebe um pequeno e último incremento de aceleração, conhecido
como “sopro balístico” e alcança sua velocidade máxima ao atingir a coroa do cano,
por onde sai acompanhado de um estampido e de uma labareda de fogo provocada

38
por partículas ainda em combustão. Com a saída do projétil, a pressão cai
bruscamente, permitindo que o estojo recupere, em parte, suas dimensões originais,
o que irá permitir sua extração. Após o tiro, ocorre o recuo da arma no sentido contrário
ao deslocamento do projétil.

3.2. Balística externa

Estuda o comportamento dos projéteis durante sua trajetória, a partir do


momento que abandona o cano até alcançar o alvo. No estudo em tela, entra em
questão o movimento do projétil e sua velocidade, o formato, bem como a resistência
do ar. Além disso, o calibre, o formato, a massa, a velocidade inicial, a nutação, a
precessão, a translação e a rotação, são fatores determinantes em sua performance
de aerodinâmica, e consequente desempenho balístico de um projétil.
Sob o aspecto físico do assunto, quando se utiliza a energia, pode-se deduzir
que a massa e a velocidade são grandezas inversamente proporcionais, mas que
dependem de muitas outras variáveis, já que a energia cinética de um corpo
corresponde à uma relação entre massa e velocidade.

3.3. Balística terminal

A balística terminal é o ramo da balística que estuda a interação entre o projétil


e o alvo, consistindo, por isso, no estudo do projétil (que viaja a uma determinada
velocidade e produz um orifício através do qual passa) e da falha do material contra o
qual embate (extremamente localizada, que se produz na zona adjacente ao orifício)
(Backman, 1976). Carlucci e Jacobson (2008) afirmam que a balística terminal cobre
todos os aspetos dos eventos que ocorrem quando um projétil atinge o seu alvo, o
que engloba as mecânicas da penetração, os efeitos de armadura, os padrões de
fragmentos pulverizados e a letalidade associada, a sobrepressão da explosão, os
efeitos não letais e os efeitos nos tecidos vivos. Coupland et al. (2011, p. 65) definem
a balística terminal como sendo o estudo “da penetração do alvo por um projétil, sendo
o alvo, geralmente, constituído por um material substancialmente mais denso do que
o ar”.
Entre os vários desígnios que um projétil pode ter, destacam-se: a
fragmentação do corpo do projétil, através da sua carga explosiva; a penetração ou
perfuração do alvo, através da aplicação de energia cinética; e a explosão na área do
39
alvo, através da energia química da carga explosiva do projétil (Carlucci & Jacobson,
2008).
De acordo com SWEENEY, existem duas formas de incapacitação imediata,
que seria quando o projétil atinge o sistema nervoso central, onde se denomina como
tronco encefálico, ou a coluna cervical alta do agressor.

Caso a bala causar um dano vital na área do cérebro, tronco cerebral ou


medula espinhal cervical. Porém, qualquer munição, independentemente do
estilo ou calibre, que venha a ferir esses órgãos causará incapacitação
instantânea. (DI MAIO, 1999, p. 394.)

Em se tratando de combates urbanos, principalmente para os profissionais


que portam armas curtas, ou seja, de baixa velocidade, em um confronto um operador
de segurança pública treinado possa desperdiçar até 83% dos seus disparos (dados
FBI), pois é absolutamente dificultoso que se acerte um único disparo no Sistema
Nervoso Central ou Coluna Cervical Alta para que assim se cesse a agressão
imediatamente.

3.4. Balística Comparativa

A balística comparativa é um dos exames periciais mais requisitados ao


Instituto de Criminalística. É o processo onde ocorre a identificação indireta de uma
arma de fogo através de estudos comparativos, macro e microscópicos, entre as
deformações por ela produzidas, nos elementos de sua munição e as deformações
presentes nos elementos de munições questionados ou suspeitos.
No processo de comparação busca-se a produção de padrões de confrontos,
obtidos com a arma suspeita, através de disparos realizados em caixas com algodão
hidrófilo ou em um local tipo piscina. O projétil sai da boca do cano com elevada
velocidade e com alta rotação. Ao entrar em contato com o algodão, esta rotação
proporciona a formação de um novelo que envolve o projétil, protegendo-o de
possíveis deformações e conservando as características necessárias aos
procedimentos comparativos ampliados, assim ocorre na piscina com processo
natural da densidade da água que gera maior arrasto.

3.5. Tipos de alcances dos projéteis

40
Realizado o tiro, o projétil se desloca pelo ar até o momento em que encontra
um alvo ou até que, pela ação da resistência do ar e da força da gravidade, perca sua
força propulsora e caia no solo. A essa distância percorrida, dá-se o nome de “alcance”
do tiro.
O alcance de cada tiro, mesmo que de calibres iguais, dificilmente será
idêntico, uma vez que sempre estará permeado por uma série de variáveis: condições
da arma (tamanho de cano, número de raias, sentido do raiamento), condições da
munição, clima e condições atmosféricas (temperatura, altitude, umidade relativa do
ar, velocidade e direção do vento e precipitação pluviométrica); variáveis estas que
interferem no alcance do projétil. Munições idênticas, disparadas de armas com canos
de diferentes dimensões, atingirão alcances diferentes.
Normalmente, canos com maiores comprimentos permitem gerar maiores
pressões no processo de queima lenta do propelente, o que se ocorrer, imprimirá
maior velocidade de deslocamento, permitindo-lhe melhores condições de vencer a
resistência do ar. É importante destacar que esse padrão não se trata de uma regra,
e depende do tipo de munição e propelente empregados. O desempenho de pólvoras
de queima rápida, utilizadas em munição para armas curtas, é prejudicado quando o
comprimento do cano é maior, o que exige uma pólvora de queima menos rápida.
Com base nessas informações, e considerando as possibilidades de emprego
de uma arma de fogo, foram estabelecidos os conceitos de alcance a seguir, que
balizam o estudo e a utilização de cada tipo de munição de acordo com a arma.

a) Alcance máximo

Compreende a maior distância que um projétil pode alcançar em uma


trajetória livre de obstáculos, sobre uma superfície horizontal e totalmente plana. É
medido da boca do cano da arma até o ponto onde toca o solo, quando encerra seu
movimento. Para tanto, deve ser lançado em ângulo oblíquo específico, o qual varia
de acordo com a arma e a munição utilizadas, e com as condições atmosféricas.

b) Alcance útil ou alcance efetivo

É a distância máxima atingida por um projétil onde, ainda, possa causar


traumas incapacitantes e deixar fora de ação uma pessoa adulta. Também pode ser
conceituado, fisicamente, como a distância atingida pelo projétil onde possua energia
41
equivalente a 13,6 kgm, mínimo suficiente para provocar traumas incapacitantes em
uma pessoa adulta.

c) Alcance de utilização ou alcance com precisão

É o alcance máximo onde um atirador experiente é capaz de atingir, com


aceitável grau de acerto, um objeto ou alvo quadrado com 30 cm de lado. Tais
medidas correspondem à área onde se situam os principais órgãos vitais num tórax
humano. A determinação dos alcances conceituados acima pressupõe a realização
do tiro em condições ideais de temperatura, clima, preparo técnico e psicológico,
tempo, conforto, dentre outras.

3.6. Balística de Combate

Balística de combate é o estudo das armas, munições e efeitos que os tiros


geram em relação para o cenário de combate, com o intuito de garantir cessar uma
ameaça de forma técnica e segura, entendendo as dinâmicas e consequências dos
tiros nos mais diversos tipos de alvos, podendo ser em meio biológico ou não (caso
dos ricochetes).

a) Balística veicular

O conhecimento que o policial militar deve ter a respeito do comportamento


balístico que ocorre em várias partes das viaturas quando atingidas oferece ao militar
técnicas que aumentam sua segurança em meio a um confronto, e traz à baila de
sempre que possível combater fora da viatura, pois no interior do veículo seus
movimentos são limitados, o que corrobora para uma falsa sensação de segurança
para a guarnição, como será descrito de forma técnica com o auxílio da física aplicada
a balística.
É importante ressaltar que os automóveis geralmente, apresentam poucos
pontos de proteção balística mínima, assim como, menos pontos de proteção balística
eficaz. Partes de lataria do veículo são facilmente transfixadas por diversos calibres
de projétil, não oferecendo segurança para a guarnição. Partes com chapas dobradas
como as colunas centrais, dianteiras e traseiras, podem oferecer alguma proteção
mínima, especialmente a calibres de armas curtas, que pode ser retido ou desviado

42
nas partes de chapas dobradas, no entanto, calibres de alta velocidade, como os fuzis,
tais estruturas não conseguem ter nenhuma proteção.
O bloco do motor e conjuntos de suspensão/roda/freios dos veículos são
proteções balísticas eficientes mesmo contra tiros de fuzis.
É importante frisar sobre o risco dos tiros sob o veículo, demonstrando que
não é recomendável optar por combater por baixo do veículo, com o militar deitado,
por exemplo.
Já nas superfícies mais macias combinadas com projéteis ogivais e
encamisados (mais resistentes) ou que possuem boa retenção de massa, é possível
se obter ângulos de saída até mesmo maiores que o ângulo de incidência, uma vez
que o projétil, ao danificar a superfície, o faz de maneira que se forma uma espécie
de rampa na região de saída da escalavradura, direcionando o projétil em ângulo mais
aberto do que a própria entrada do projétil (quando o projétil atinge o ângulo crítico de
incidência no capô, por exemplo)
Outro fator a ser levado em consideração é a deflexão da trajetória dos
projéteis quando atingem uma lâmina de vidro inclinada. Isso ocorre porque quando o
projétil atinge o vidro, a inclinação faz com que haja uma variação do contato do projétil
com o vidro, de maneira que no início do impacto é gerado um ponto de fragmentação
do vidro enquanto a parte ainda não atingida pelo projétil se mantém preservada,
oferecendo maior resistência e, com isso, alterando a trajetória do projétil.
Se o tiro é efetuado de dentro para fora do veículo, o projétil tende a subir. Se
o tiro é efetuado de fora para dentro do veículo, o projétil tende a descer. O desvio de
trajetória é tão maior quanto maior for a distância, caso não haja fragmentação do
projétil durante o impacto no vidro (calibres de baixa velocidade), pois provavelmente
será outra dinâmica pela perda de massa.

43
Figura 1: Trajetória do projétil após o desvio no vidro. De fora para dentro.

Figura 5: Trajetória do projétil após o desvio no vidro. De dentro para fora

44
Figura06:Ricochete do projetil com desvio angular
alto.

CERTO

ERRADO

45
Figura 07: Abrigo lateral do motor de joelhos

Figura 08: Abrigo lateral do motor deitado

46
Capítulo 4 – Equipamentos e Acessórios para armas policiais

4.1. Equipamento de Proteção Individual

Os equipamentos de proteção individual – EPI são aqueles que visam


salvaguardar a integridade física do policial, e complementam os uniformes descritos
no Regulamento de Uniformes da PMPA, sendo que todos os equipamentos de
proteção individual obrigatoriamente devem respeitar as Normas Brasileiras – NBR
publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, e que sejam constituídos,
no todo ou em parte, por material reciclado, atóxico, biodegradável,conforme ABNT
NBR – 15448-1 e 15448-2.

4.2. Colete Balístico

É parte do uniforme policial militar que deverá ser utilizada no Policiamento


Ostensivo de acordo com o RUPM, conforme veremos a seguir:

Art. 96. O colete balístico para uso ostensivo é o equipamento de proteção


individual constituído pelos painéis balísticos (frontal e dorsal) e pela capa tática
modular, configurável de acordo com a missão policial militar.
§ 1º A capa tática deverá ser preta e possuir fitas modulares nas partes frontal,
dorsal e lateral,constituídas em tecido de poliamida de alta tenacidade, a fim de
possibilitar a sua configuração de acordo com as especificidades da missão
policial militar.
§ 2º No policiamento ordinário em áreas urbanas será permitido somente o uso
de até dois módulos como porta carregador de arma portátil e um módulo para
porta objetos.

47
§ 3º Em toda a extensão do peito da capa deverá haver fitas aderentes tipo
velcro®para fixaçãode patches com a identificação do Policial Militar e da Unidade
PolicialMilitar a qual pertence,bem como, na parte superior dorsal deverá possuir
03 (três)fitas aderentes tipo velcro®, intercaladas com as faixas modulares, para
fixação de patche com a inscrição “POLÍCIA - MILITAR” na cor cinza, conforme
a ilustração abaixo:

4.3. Cinto de guarnição e acessórios


a) cinto de guarnição: na cor preta, confeccionado em nylon cordura ou couro tipo
soleta curtida ou de material de igual ou superior desempenho, todos de alta

48
resistência, produzido exclusivamente para uso militar, capaz de acomodar o coldre
de cintura ou de perna, porta carregador, porta algema, porta tonfa e porta espargidor
e porta lanterna; o cinto deve ser de excelente acabamento, capaz de aguentar sem
se romper e sem desfiar em toda atividade policial militar. A fivela composta de 02
(duas) peças de metal pintado em epóxi na cor preta, em formato retangular, com dois
engates laterais, tendo em alto relevo o símbolo da instituiçãoPolicial Militar do Pará.

b) coldre de cintura na cor preta, com sistema de adaptação universal para


todos os modelos depistola, construído em couro, polímero ou poliamida de alta
resistência e durabilidade ou em material de igual ou superior desempenho,
Thermal-moldado, com as seguintes características,Sistema de auto-travamento
que seja capaz de travar a arma assim que a mesma é coldreada, que permita
saque suave em um único movimento, protegendo contra a tentativa de
apoderamento do armamento por terceiros, facilite o movimento de saque simples
e reto em direção ascendente.

49
c) coldre de perna na cor preta, com sistema de adaptação universal para
todos os modelos de pistola, construído em polímero de alta resistência e
durabilidade, ou em material de igual ou superior desempenho, Thermal-moldado,
com as seguintes características, Sistema de auto- travamento que seja capaz de
travar a arma assim que a mesma é coldreada, que permita saquesuave em um
único movimento, protegendo contra a tentativa de apoderamento do armamento

por terceiros, alça capuz de proteção, que o habitáculo onde a arma é coldreada
deve ser forradode camurça ou material de igual ou superior desempenho, capaz
de proteger o acabamento do armamento e facilite o movimento de saque simples
e reto em direção ascendente assim que astravas são liberadas, fornecer o padrão
de duas bandas de coxa e plataforma de sustentação, tiravertical ajustável de
coxa.

d) Porta Carregador: duplo na cor preta, podendo ser confeccionado em


polímero de alta resistência, cordura, couro tipo vaqueta ou material de igual ou
superior desempenho, na cor preta, preferencialmente com sistema de adaptação
universal para todos os calibres de carregadores de pistola, que possua sistema
de auto travamento que impeça o carregador sair facilmente, com excelente
acabamento;

e) Porta Algemas: na cor preta, podendo ser confeccionado em polímero de


alta resistência, cordura, couro tipo vaqueta ou material de igual ou superior
50
desempenho, universal, capaz de acondicionar algemas do tipo corrente ou
dobradiça, que possua sistema de auto travamento que impeça a algema sair

facilmente, com excelente acabamento;

f) Porta Tonfa: na cor preta, podendo ser confeccionado em polímero de alta


resistência, cordura, couro tipo vaqueta ou material de igual ou superior
desempenho, universal, tendo umanel em metal preso na parte principal da peça,
capaz de acondicionar uma tonfa militar, com excelente acabamento;

g) Fiel Retrátil: na cor preta, para uso em cinto de guarnição, fabricado com
nylon injetadoou outro material de igual ou superior desempenho, quer sirva como
trava de segurança capaz de impedir que o armamento caia no chão. Dimensões:
6 cm x 8 cm, comprimento do cordel depoliamida: 120 cm, fabricado com nylon
injetado, gancho na ponta do cordão para prender a arma e trava para prender o
fiel retrátil ao cinto;

51
Capítulo 5 – Armas de Porte

Os registros a seguir estão relacionados ao conhecimento genérico dos


procedimentos de preparação das armas de fogo institucionais, técnicas de condução
delas e aplicação do tiro, nas condições legítimas do uso desse nível de força. Essas
orientações nortearão o estudo das armas de porte e portátil. E para o conhecimento
específico de cada arma serão utilizados os Procedimentos Operacionais Padrão da
PMPA.
1. Regras de segurança
As orientações a seguir são medidas preventivas que eliminam ou diminuem
os riscos de um tiro acidental/acidente de tiro, seja em treinamento em estande, seja
no serviço operacional policial. Destacaremos dois regramentos, os quais devem ser
observados em todos os momentos, caso contrário há um aumento nas chances de
ocorrências de danos, ferimentos ou mortes.
1.1. Controle de cano
A conduta com o armamento (porte ou portátil) deve ser disciplinada pelo
controle da boca do cano, sempre apontando para direções seguras, isto é, não
apontar o armamento para pessoas ou objetos que não sejam alvos de disparos, pois,
considera-se que a arma de fogo esteja sempre carregada (mesmo que sejam feitos
os procedimentos de desmuniciamento, descarregamento e verificação visual). Essa
medida visa evitar ferimentos ou danos em objetos caso ocorra um acionamento do
gatilho de forma involuntária ou uma falha no mecanismo que provoque um disparo.
1.2. O dedo só toca o gatilho quando se pretende atirar
O atirador só deve levar o dedo no gatilho se desejar fazer um disparo,
minimizando o risco de acionar essa tecla de forma desproposital, mantendo o dedo
indicador fora do guarda mato.

Nunca devemos testar a trava de segurança pressionando o gatilho de uma


arma carregada e travada. (...) cabe destacar que um arma de fogo pode
apresentar defeitos em seus mecanismos e nunca devemos confiar
totalmente neles. (NOGUEIRA, 2021, p. 170)

1.3. Identifique o agressor (alvo) e perceba o cenário à retaguarda dele


Só se atira no que se vê, e considerando as excludentes de ilicitude (BRASIL,
1940, art. 23), mais especificamente em contextos de incapacitação de agressores, a
tomada de decisão de tiro (atirar ou não) exige uma consciência situacional do policial

52
militar, incluindo a observação do que há no perímetro além da posição do agressor,
pois, em caso do patrulheiro não atingir seu alvo, ou o atingir e o projétil o transfixar,
deve-se ponderar o risco de impactar algum inocente, incluindo esse fator na tomada
de decisão de tiro.
O Departamento de Polícia Federal (BRASIL, 2020) faz referências há outros
procedimentos que concorrem a favor da segurança no manejo, conduta e tiro em
estandes de tiro e durante o serviço policial, conforme a lista a seguir:

• Ao sacar ou coldrear uma arma, fazer sempre com o dedo fora da tecla do
gatilho, assim permanecendo até que esteja realmente apontando para o seu
objetivo;
Nunca transportar ou coldrear a arma com o cão armado e destravada;
• Treinamentos de tiro só devem ser feitos em estandes de tiro credenciados,
que ofereçam segurança;
• Ser cauteloso ao atirar em superfícies duras (Ex.: metais, rochas, água etc.),
pois os disparos irão ricochetear;
• As travas de segurança de uma arma são apenas dispositivos mecânicos
sujeitos a falhas, por isso deve-se evitar testá-las com uso de munições reais;
• Drogas e bebidas alcoólicas não se misturam com armas de fogo;
• Sempre que entregar ou receber uma arma, execute uma inspeção de
segurança. Não é ofensa verificar uma arma ao recebê-la;
• Nunca abandonar a arma, carregada ou não;
• Nunca receber uma arma em sua direção puxando-a pelo cano;
• Antes de iniciar qualquer limpeza ou manutenção, efetuar a inspeção de
segurança;
• Nunca deixar de forma descuidada uma arma e, ao guardá-la por longo
tempo, separar a arma da munição, mantendo-as longe do alcance de
menores de dezoito anos ou pessoas com deficiência mental;
• Quando estiver atirando com revólver, jamais coloque a mão sobre o cano
à frente do tambor, pois essas peças movimentam-se durante o disparo e
ainda possuem os orifícios para saída de gases. Revólveres desprendem
lateralmente gases em alta velocidade e resíduos de chumbo e pólvora em
combustão. Manter as pessoas afastadas de sua lateral;
• Controlar a munição a fim de verificar se corresponde ao calibre da arma;
• A arma deve ser transportada no coldre, salvo quando houver a consciente
necessidade de utilizá-la;
• Nunca engatilhar a arma quando não houver a intenção de atirar (armas de
ação dupla);
• Quando a arma estiver fora do coldre, empunhada para o tiro, esteja
absolutamente certo de que não está apontada para qualquer parte de seu
corpo ou de outras pessoas ao seu redor;
• A munição velha ou recarregada pode ser perigosa, não recomendamos seu
uso;
• Tomar cuidado com obstruções do cano quando estiver atirando. Caso ouça
ou sinta algo de anormal com o recuo ou a detonação, interrompa
imediatamente os disparos. Verifique cuidadosamente a existência ou não de
obstruções no cano. Um projétil ou qualquer outro objeto deve ser
imediatamente removido, mesmo se tratando de lama, terra, quantidade
excessiva de graxa ou óleo etc., a fim de evitar que as raias sejam danificadas
ou o cano destruído;
• Nunca transportar uma arma no bolso, bolsa ou pochete. Use a embalagem
apropriada ou um bom coldre, seja ele ostensivo ou dissimulado; e

53
• Não tente modificar o peso do gatilho de sua arma sem a ajuda de um
armeiro qualificado, pois é possível que afete o engajamento da armadilha e
cão, facilitando o disparo acidental. (BRASIL, 2020, p. 5 – 7)

2. Ciclo
Entende-se por ciclo o processo que torna a arma pronta para o disparo,
incluindo os procedimentos realizados pelo policial militar (manejo e acionamento da
tecla do gatilho), movimentos dos mecanismos e efeitos do disparo (ação dos gases
sobre o ferrolho, movimentando-o, extração, ejeção e apresentação do cartucho na
câmara, trancamento do ferrolho).
3. Manejo
Considera-se manejo o conjunto dos procedimentos realizados pelo policial
militar a fim de tornar a arma pronta para o tiro (ex.: preparação da arma para o
serviço, troca de carregador, resolução de panes etc.), sendo enumerados a seguir:
3.1. Desmontagem e montagem de 1º escalão
Esse procedimento permite ao policial militar realizar a limpeza, a lubrificação
e a verificação da integridade dos componentes do mecanismo do armamento.
3.2. Limpeza e lubrificação
Por ocasião da limpeza, remove-se sujeiras que estejam incrustradas no
corpo do armamento, preferencialmente, deve ser empregada a escova de nylon para
a retirada de resíduos. Contudo, considerando a presença de pontos de ferrugem,
pode ser necessário o uso de materiais mais abrasivos. Para uma correta lubrificação
da arma, utilize óleo apropriado para armas de fogo, retirando o excesso dessa
substância, retirando excessos com um pano macio.
3.3 Inspeção de 1º escalão
São verificações do correto funcionamento dos mecanismos da arma de fogo.
Realizada, preferencialmente, após a limpeza e lubrificação, a fim de conferir o bom
funcionamento dos mecanismos. Esse procedimento não contempla disparo, apenas
operações com armamento frio (sem cartuchos).
3.4. Municiamento
Consiste na introdução dos cartuchos no carregador.
3.5. Alimentação
Compreende a introdução do carregador municiado no alojamento destinado
a ele na arma de fogo.

54
3.6. Carregamento
É o trancamento do ferrolho, estando a câmara ocupada por um cartucho, seja
pela manobra do policial militar sobre o ferrolho ou a ação dos gases que causa o
movimento dessa estrutura.

3.7. Procedimento Operacional Padrão – Desmontagem e montagem da PT 940

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3.8. Procedimento Operacional Padrão – Inspeção de 1º escalão da PT 940

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO 016.003

NOME DO PROCESSO

MANEJO DE ARMA DE FOGO

ETAPA PROCEDIMENTO

INSPEÇÃO DE 1º ESCALÃO DA PT 940 POP 016.003

ESTABELECIDO EM REVISADO EM

16/03/2020 XX/XX/XX

PROCEDIMENTO

INSPEÇÃO DE 1º ESCALÃO DA PT 940

AUTORIDADE RESPONSÁVEL

CHEFE DO DEPARTAMENTO GERAL DE OPERAÇÕES

MATERIAL NECESSÁRIO

1. Pistola Taurus modelo 940, cautelada ao policial militar;


2. Carregadores de PT 940 (todos os que estiverem cautelados ao policial
militar);
3. Caneta ou lápis.

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

1. Constituição Federal/88 - Art.5º, III, XLIX, §2º,


2. Decreto Federal nº 3.665, 20NOV2000 (R105) - Art. 3º - Art. 18.
3. Lei Estadual 6.833, 13FEV2006 (CEDPM) - Art. 37, CXLVIII

ATIVIDADE CRÍTICA

65
1. Realizar a inspeção de 1º escalão com o armamento montado aplicando
todas as regras de segurança;

SEQUÊNCIA DAS AÇÕES

1. Descarregar a arma.
Retirar o carregador e manobrar o ferrolho, a fim de extrair e ejetar o cartucho,
retirando-o da câmara.
2. Desmuniciar o carregador.
Retirar os cartuchos do carregador, assim a mesa transportadora ficará
exposta.
3. Inspecionar visualmente o interior da câmara.
Com o ferrolho a retaguarda, olhar para o interior da janela de ejeção,
atentando à câmara, para que se confirme que ela está desocupada.
Imagem 01: verificação visual da câmara vazia.

Fonte: PMPA.
4. Inspecionar fisicamente o interior da câmara.
Com o ferrolho a retaguarda, o dedo indicador deve tocar o interior da câmara,
confirmando que a câmara está desocupada.
Imagem 02: verificação tátil da câmara.

66
Fonte: PMPA.
5. Inspecionar o retém do carregador.
Acionar o retém do carregador e conferir se o carregador está sendo liberado.
Imagem 03: acionamento do retém do carregador.

Fonte: PMPA.
Imagem 04: liberação do carregador.

Fonte: PMPA.

6. Inspecionar a retenção do ferrolho, por ação do carregador vazio.


6.1. Inserir o carregador desmuniciado no armamento, manobrar o ferrolho à
retaguarda, confirmando se a mesa transportadora está acionando o retém do ferrolho,
deixando-o posto à retaguarda.

67
Imagem 04: com o carregador vazio inserido, a manobra no ferrolho deve deixá-lo
retido à retaguarda.

Fonte: PMPA.

7. Inspecionar o desarme do cão.


7.1. Com o ferrolho trancado e o cão armado, acionar a tecla do desarmador
do cão, conferindo se ocorre o desarme e o cão não toca na base do percursor.

Fonte: PMPA.

7.2. Realizar o teste do desarme do cão acionando o desarmador do cão de ambos os


lados, um de cada vez;

Fonte: PMPA.

68
7.3. Atentar para o espaço que deve existir entre o cão e a base do percursor.

Fonte: PMPA.
8. Inspecionar as teclas de trava do gatilho.
8.1. Com o ferrolho trancado, acionar a tecla do registro de segurança, pressionando a
tecla do gatilho, o qual não deve seguir seu curso até o final, bem como o cão não pode
ser lançado a frente e tocar a base do percursor.
nte: PMPA.
Imagem 11: acionamento da trava do gatilho.

Fonte: PMPA.
8.2. Realizar o teste de travamento do gatilho acionando o registro de segurança de
ambos os lados, um de cada vez.
Imagem 12: acionamento da trava do gatilho.

69
Fonte: PMPA.
9. Inspecionar o retém do ferrolho.

9.1. Movimentar o ferrolho para trás, e simultaneamente, elevar a tecla do retém


do ferrolho, travando o conjunto à retaguarda.
Imagem 13: acionamento do retém do ferrolho.

Fonte: PMPA.
9.2. A seguir, pressionar a tecla do retém do ferrolho para baixo, fazendo com
que o ferrolho seja lançado à frente, completando o trancamento.
Imagem 14: acionamento do retém do ferrolho.

70
Fonte: PMPA.
9.3. Movimentar o ferrolho para trás novamente, e simultaneamente, elevar a
tecla do retém do ferrolho, travando o conjunto à retaguarda (Imagem 13).
9.4. Puxar o ferrolho a retaguarda, a fim de ir à frente e completar o
trancamento, sem que a tecla do retém do ferrolho seja acionada (teste da mola do
retém do ferrolho).
Imagem 15: manobra no ferrolho para teste da tecla que o retém.

Fonte: PMPA.
10. Inspecionar o encaixe dos aparelhos de pontaria.
10.1. Verificar a fixação da massa de mira, que está unida ao ferrolho por um
parafuso.

71
Imagem 16: confirmação do encaixe da massa de mira.

Fonte: PMPA.
10.2. Confirmar o encaixe da alça de mira ao ferrolho, considerando que não
está fixada por parafuso.
Imagem 17: confirmação do encaixe da alça de mira.

Fonte: PMPA.
10.3. Confirmar a existência dos retículos no aparelho de pontaria.
11. Inspecionar o extrator.
Com o ferrolho retido à retaguarda, visualizar na janela de ejeção o extrator,
verificando se ele está integro e devidamente limpo.
Imagem 18: confirmação da integridade e limpeza da garra extratora.

Fonte: PMPA.

72
12. Inspecionar o ejetor.
Com o ferrolho retido à retaguarda, visualizar na janela de ejeção o ejetor,
verificando se está com o corpo integro e sem deformidade.
Imagem 19: confirmação da integridade do ejetor.

Fonte: PMPA.
13. Inspecionar a trava do percursor.
13.1. Com o ferrolho retido à retaguarda, visualizar na parte posterior dele a
base do percursor.
Imagem 20: visão posterior do ferrolho, base do percursor amostra.

Fonte: PMPA.
13.2. Pressionar com uma caneta/lápis a base do percursor.
Imagem 21: ação da caneta sobre a base do percursor.

73
Fonte: PMPA.
13.3. Visualizar na janela de ejeção o alojamento do percursor, sendo possível
observar o movimento dele, porém, não deve sair desse orifício.
Imagem 22: observação do alojamento do percursor.

Fonte: PMPA.

14. Inspecionar o cano


Com o ferrolho retido à retaguarda, introduzir uma caneta/lápis na boca do cano, a fim
de que ela apareça na janela de ejeção, confirmando a desobstrução dele.
Imagem 23: verificação de obstrução de cano.

Fonte: PMPA.

15. Inspecionar a percussão

15.1. Estando o ferrolho fechado, inserir a caneta na boca do cano e pressionar


a tecla do gatilho.

15.2. A caneta deve ser lançada, por ação do percursor, confirmando o seu bom

74
funcionamento em todos os acionamentos do gatilho realizados.
Imagem 24: com a ação do percursor a caneta/lápis será lançado.

Fonte: PMPA.
ESCLARECIMENTOS
1. OBSERVAÇÕES GERAIS:
1.1. Essas verificações devem ser feitas com frequência, em especial após a
manutenção de 1º escalão, a fim de conferir o bom funcionamento dos mecanismos.
1.2. A inspeção de 1º escalão permite verificar os mecanismos sem desmontar o
armamento.
1.3. Local seguro: É aquele onde o policial militar pode manusear a sua arma sem
oferecer risco a qualquer pessoa, normalmente dotado de um anteparo frontal à área
de manuseio, ausente de obstáculos que possibilitem o ricochete e com controlada
circulação de pessoas.
1.4. Base do percursor: É a estrutura posterior do percursor e é projetado a frente por
ação do cão.

1.5. Via de regra, empunhando a PT 940, o alongador do carregador entra em


contato com a palma da mão, impedindo a projeção do carregador, sendo necessária
ação da mão auxiliar para a retirada desse carregador.

1.6. Todos os carregadores que estiverem cautelados ao policial militar devem ser
testados.
1.7. Retículos: Pequenas esferas brancas posicionadas no aparelho de pontaria do
armamento (Massa de mira: uma esfera. Alça de mira: duas esferas), com o intuito de
facilitar o enquadramento no alvo, por parte do atirador. Deve-se atentar a fixação
destes retículos no armamento, pois com seu uso contínuo (transporte em coldres,

75
realização de disparos, quedas, entre outros) há a possibilidade de desgaste do material
e consequente perda deles.
1.8. São locais inseguros:
 recinto aberto sem anteparo adequado (caixa de areia, barranco etc.);
 recinto aberto com movimentação descontrolada de pessoas;
 recinto fechado dotado de divisórias, permitindo a fácil transfixação do projétil;
 recinto fechado cujas paredes que induzam ao ricochete do projétil;
 recinto fechado com a presença de material inflamável;
 atrás de portas e janelas e
 recinto com a presença de: crianças, deficientes mentais, idosos, esposa/marido,
parentes, vizinhos, pessoas curiosas.

3.9. Procedimento Operacional Padrão – Inspeção de 1º escalão da PT 940

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO 016.005

NOME DO PROCESSO

MANEJO DE ARMA DE FOGO

ETAPA PROCEDIMENTO

MANUTENÇÃO DE 1º ESCALÃO DA PT
POP 016.005
940

ESTABELECIDO EM REVISADO EM

16/03/2020 XX/XX/XX

PROCEDIMENTO

MANUTENÇÃO DE 1º ESCALÃO DA PT 940

AUTORIDADE RESPONSÁVEL

76
CHEFE DO DEPARTAMENTO GERAL DE OPERAÇÕES

MATERIAL NECESSÁRIO

1. Pistola PT 940;
2. Carregadores de PT 940;
3. Flanela;
4. Escova com cerdas de nylon/crina;
5. Escova com cerdas de aço/latão;
6. Escova com cerdas de lã;
7. Óleo lubrificante;
8. Solvente para Resíduos de Pólvora.

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

1. Decreto Federal nº 3.665, 20NOV2000 (R105) - Art. 3º - Art. 18.


2. Lei Estadual 6.833/06 (CEDPM)-Art. 37, CXLVIII

ATIVIDADE CRÍTICA

1. Conhecer a nomenclatura e a função dos mecanismos essenciais para a desmontagem


de 1º escalão da PT 940;
2. Manejo do armamento descarregado;
3. Manejo do carregador desmuniciado;
4. Realizar o procedimento em local seguro;
5. Desmontagem;
6. Limpeza;
7. Lubrificação;

8. Montagem.

SEQUÊNCIA DAS AÇÕES

1. MEDIDAS DE SEGURANÇA:
1.1. Descarregar a PT 940;
1.2. Desmuniciar o carregador;
1.3. Confirmação do descarregamento visual e tátil.

77
2. DESMONTAGEM:
Conforme POP 016.002 – Desmontagem e montagem de 1º escalão da PT 940.

3. LIMPEZA:
Por ocasião da limpeza, preferencialmente, deve ser empregada a escova de nylon
para a retirada de resíduos.
3.1. CANO:
Uma vez desmontada a arma, o cano e a câmara podem ser facilmente limpos usando
uma escova apropriada. Solventes específicos para armas de fogo podem ser utilizados para
a limpeza. A parte interna do cano e câmara devem ser secos após a limpeza;
3.2. FERROLHO:
O ferrolho deve ser limpo, de forma a retirar quaisquer partículas estranhas. Para a
limpeza do ferrolho deve-se utilizar uma escova apropriada. A face do ferrolho e a área abaixo
do dente do extrator devem ser cuidadosamente limpas com uma escova até ficarem
completamente livres de partículas e detritos;
3.3. ARMAÇÃO:
A armação deve ser limpa externamente com o uso de um pano macio. As partes
internas devem ser limpas utilizando uma escova macia. Solventes específicos para armas de
fogo podem ser utilizados. Os solventes devem ser retirados completamente e a armação seca
e limpa;
3.4. CARREGADOR:
Quando necessário, o carregador pode ser limpo com uma escova macia. A mola e o
transportador podem ser limpos com um pano limpo. Caso sejam utilizados solventes, eles
devem ser completamente retirados das peças antes da montagem para evitar a
contaminação das munições;
A desmontagem do carregador da PT 940 de dotação da PMPA deve contar com um
punção/toca pino, preferencialmente devendo ser realizada pelo armeiro da unidade policial
militar.

78
4. LUBRIFICAÇÃO:

4.1. Para uma correta lubrificação de sua arma, utilize óleo apropriado para armas de
fogo com o auxílio de um pano macio. Lubrifique a parte externa do cano, incluindo a parte
externa da câmara;

4.2. Lubrifique as guias corrediças do ferrolho e da armação da sua pistola;


4.3. O excesso de óleo deve ser retirado com a flanela e com a escova de lã, deixando
apenas uma fina camada do lubrificante.
Fonte: locais a serem lubrificados da PT940.

Fonte: PMPA
5. MONTAGEM:
Conforme POP 029.002 – Desmontagem e montagem de 1º escalão da PT
940.
ESCLARECIMENTOS
A manutenção deve ser feita periodicamente, em especial quando o armamento for exposto
a disparos ou intempéries (ex.: chuva, salinidade, areia, lama etc.);
1.2. A inspeção de 1º escalão (029.003 – Inspeção de 1º escalão da PT 940) é um importante
procedimento a ser realizado após a limpeza e lubrificação;
1.3. Local seguro: É aquele onde o policial militar pode manusear a sua arma sem oferecer
risco a qualquer pessoa, normalmente dotado de um anteparo frontal à área de manuseio,
ausente de obstáculos que possibilitem o ricochete e com controlada circulação de pessoas.
1.4.Todos os carregadores que estiverem cautelados ao policial militar devem receber uma
camada de óleo na parte externa do corpo deles.
79
1.5. São locais inseguros:
 recinto aberto sem anteparo adequado (caixa de areia, barranco etc.);
 recinto aberto com movimentação descontrolada de pessoas;
 recinto fechado dotado de divisórias, permitindo a fácil transfixação do projétil;
 recinto fechado cujas paredes que induzam ao ricochete do projétil;
 recinto fechado com a presença de material inflamável;
 atrás de portas e janelas e
 recinto com a presença de: crianças, deficientes mentais, idosos, esposa/marido, parentes,
vizinhos, pessoas curiosas.
1.6. A escova de nylon/crina deve ser empregada, preferencialmente, para a retirada de poeira
ou outros resíduos que não exijam grande abrasão para serem retirados.

Imagem 02: escova de nylon/crina.

Fonte: PMPA.
.

80
1.7. A escova de aço deve ser empregada, preferencialmente, para a pontos de ferrugem ou
outros resíduos que exijam grande abrasão para serem retirados.
Imagem 03: escova de aço/latão.

Fonte: PMPA

1.8. A escova de lã deve ser empregada para a retirada do excesso de óleo do mecanismo do
armamento, precedida do uso da flanela;
1.9. As imagens referenciadas como de autoria da Empresa Taurus foram adaptadas para
melhor esclarecimento do procedimento a ser realizado.

Imagem 04: escova de lã.

Fonte: PMPA.

4. Conduta policial com arma de fogo


Considera-se conduta a forma como o policial militar utiliza o armamento nas
ações que empreende. Temos uma tríade de elementos que alicerçam a conduta
policial com armas de fogo e os demais instrumentos que utiliza: o Operador, os

81
Equipamentos que ele porta e o Treinamento, esse último é o fator que integra os dois
primeiros.
Figura 2: trinômio da conduta operacional policial militar.

Mais recentemente o fator Treinamento foi convertido a um outro trinômio,


como podemos ver abaixo:

Tática: segundo o dicionário é a parte da arte da guerra que trata de como


proceder durante um combate ou batalha. Também conceituada como” a
direção e a implementação de recursos em um incidente para realizar
estratégias e objetivos do incidentes”. Enquanto estratégia busca visão
“macro”, de conjunto ou, por assim dizer, sistêmica, relativa ao
empreendimento, tática ocupa-se de visão “micro”, no sentido de elementar
ou particular em relação ao todo.

Técnicas: uma técnica é simplesmente um procedimento ou processo para


executar uma tarefa ou função específica. As técnicas são compostas de
ações e sequências. Duas técnicas comuns familiares para a maioria dos
agentes da lei são “visão do foco da visada, alinhamento da visada, aperto
de gatilho” ao disparar em um alvo e “tape, rack, bang”1 para limpar o mau
funcionamento de uma arma. Pode existir inúmeras técnicas para solucionar
o mesmo problema.

Procedimentos: um procedimento é uma série de atos práticos ou mecânicos


projetados para obter o resultado desejado. São etapas padrão e detalhadas
para executar tarefas específicas. Como técnicas, os procedimentos
geralmente envolvem sequências e podem ser uma sub-rotina para uma
técnica. Ao contrário das técnicas, os procedimentos são muito mais
detalhados e frequentemente padronizados. (RODRIGUES, 2021)

1 Expressão para: 1. bater na base do carregador (tape); 2. manobrar o ferrolho (rack); e 3.

atirar (bang). Esses procedimentos estão associados aos movimentos padronizados para a resolução
de panes.

82
A conduta policial com armas de fogo deve primar, prioritariamente, pela
segurança e pela legitimidade2 do emprego desse nível de força (uso dissuasivo da
arma de fogo ou o tiro), considerando que o policial militar é elemento reativo, já que
sempre oferece uma resposta à ação do suspeito/agressor, buscando ser eficiente (a
sequência das ações e os meios utilizados), eficaz (o resultado) e efetividade (os
efeitos alcançados pela intervenção). Nesses contextos, é importante compreender
que o enfrentamento armado mais comum à atividade policial ocorre à curta distância
e dura poucos segundos, logo, o policial deve aplicar as técnicas que diminuam os
riscos aos cidadãos inocentes e para si, usando a energia necessária para cessar a
agressão que se apresenta. Considera-se, portanto, fundamental preparar mente e
corpo para tais circunstâncias, por meio do treinamento, oferecendo respostas
motoras rápidas e precisas, a fim dar oferecer respostas as seguintes demandas:

Quem treina para ser um policial mais preparado para ocorrências críticas
precisa antes entender como são essas ocorrências e qual tipo de habilidade
servirá melhor aos seus propósitos. Uma problemática dessa questão é que
o confronto armado é tão caótico e sofre influências de tantos fatores que isso
se torna terreno fértil para a existência de milhares técnicas diferentes, com
objetivo de resolver demandas distintas, mas que muitas vezes podem ser
conflitantes entre si. (DOS SANTOS, 2021, p. 134)

RESPOSTA NÃO CONVENCIONAL


[...] esta doutrina ensina que diante de um agressor indisposto a cessar o
ataque, o ofendido ou um terceiro pode efetuar o número de disparos
necessários para fazer a cessar a agressão, e que a quantidade de disparos
é definida pela resposta ou reação apresentada pelo agressor, devendo a
sequência de tiros ser cessada somente após o agressor não constituir mais
uma ameaça. (DE OLIVEIRA, 2021, p. 195)

4.1. Fundamentos de tiro.


Os fundamentos do tiro são as técnicas basilares para o tiro, como a posição
do atirador, a forma de empunhar o armamento, a identificação visual do alvo,
utilizando a referência do aparelho de pontaria, a respiração e o acionamento da tecla
do gatilho. Observa-se que, todas as modalidades de tiro, desportivo ou policial, o
emprego desses procedimentos aumenta a precisão e velocidade, devendo fazer
parte do treinamento do policial militar, aplicado em contextos simulados, a fim de
consolidar o aprendizado e a aplicação adequada, preparando-o para as ocorrências,
corrigindo erros, a fim de ser evitar Cicatrizes de Treinamento, que são frutos de

2O uso legítimo da força fundamenta-se em cinco princípios: legalidade, necessidade,


proporcionalidade, moderação e conveniência (BRASIL, 2010).
83
exercícios incorretos ou que oferecem pouca eficiência, “Essas cicatrizes irão dificultar
a sua performance ou criar protocolos ineficientes quando colocados a prova em um
combate” (ESPERANDIO, 2020a).
Dos Santos (2021) nos apresenta a categoria Performance Motora, a qual está
relacionada a habilidade motora, fruto de um Programa Motor, podendo ser assim
compreendida:

Memória Muscular, que nada mais é do que uma habilidade motora treinada
de forma que se torna uma espécie de “programa de computador”
armazenado no cérebro e que será acessado no momento necessário de
execução de determinada tarefa. O programa motor é um conjunto de
movimentos realizados de forma organizada para obter um resultado
específico, definidos em sua totalidade antes do movimento começar.
Quanto mais repetimos determinado movimento aumentamos a
previsibilidade do resultado dele, sedimentando uma trilha cognitiva que
aumentará a possibilidade do resultado satisfatório no momento da tensão.
(DOS SANTOS, 2021, p. 132 e 133)

Assim, como condições basilares para o tiro com qualidade, os fundamentos


do tiro devem fazer parte da conduta do policial militar quando do uso de armas de
fogo.
4.1.1. Posição.
Esse fundamento está associado à posição do corpo, a fim de ampliar o
controle sobre arma, o equilíbrio, a mobilidade e a proteção balística e oferece ao
Patrulheiro condutas que demonstram força e prontidão para o tiro.
A posição em pé, a mais usual em razão de oferecer maior mobilidade ao
policial militar, em geral, pode ser assim descrita:

 A frente voltada à ameaça se vincula a proteção balística, considerando que o


painel balístico do colete tem maior resistência no perímetro central;
 O tronco projetado à frente e a musculatura do core contraída (abdômen, da
lombar, da pelve e do quadril, responsável pelo equilíbrio do corpo), auxilia no
controle do recuo, em especial para tiros rápidos, bem como, inspira uma
posição agressiva, demonstrando força para quem a observa e para quem a
executa é fator positivo à mentalidade de combate.
 Quadril e pernas com joelhos flexionados devem favorecer o equilíbrio e a
mobilidade do operador, seja para mudança da plataforma (em pé, ajoelhado
ou deitado), seja para deslocar em direção a uma cobertura/abrigo;

84
 pernas e pés na posição de luta, isto é, a perna do lado com maior habilidade
é posicionada atrás (destro, perna direita atrás, canhoto, perna esquerda atrás)
com as pontas dos pés voltadas para frente. As pontas dos pés voltadas à
frente, para não causar a tendência de lateralizar o tronco, expondo a área que
tem pouca ou nenhuma proteção balística.

Figura 3: posição em pé, vista lateral e frontal.

Quando da posição ajoelhado o operador deve:

 adotar a posição ajoelhado, mantendo a arma apontada para à frente;


 o joelho que toca o solo é o da perna com mais habilidade;
 o pé da perna que tem o joelho em contato com o solo deve ter a ponta dobrada,
permitindo a adoção da outra plataforma de forma veloz, sem que force a
articulação do tornozelo.

85
Figura 4: posição ajoelhado.

A posição ajoelhada permite que o operador “sente” sobre uma das pernas,
inclusive, quando do uso de armas portáteis, tocar a área do tríceps sobre o joelho
que está alto, diminuindo a silhueta e aumentar pontos de contato para favorecer a
empunhadura.
Quando da posição deitado o operador deve:

 adotar a posição ajoelhado, a seguir projetar o corpo a frente, deitando-se, com


apoio da mão auxiliar, devendo atentar para não varrer a mão que toca o solo,
esticando o braço da mão que empunha a arma estendido;
 os cotovelos tocam o solo, auxiliando na empunhadura do armamento;
 a área interna dos pés deve tocar o solo, diminuindo a silhueta do operador.

Figura 5: posição deitado.

86
Vale ressaltar que as posições convencionais permitem adaptações, pois o
cenário da ocorrência policial irá influenciar na base que melhor ofereça proteção ao
operador. A técnica de abordagem a edificação reforça essa necessidade da
versatilidade da base para o tiro, quando da aproximação de esquinas, em que o
operador deve enxergar os ângulos, preservando o corpo atrás da barricada e
projetando, mantendo o tronco projetado à frente, inclinando-o para a lateral que
deseja observar.
4.1.1.1. Posições de controle de cano e de expectativa de tiro
No bojo dessas variações temos ainda a possibilidade de posições de controle
de cano e de expectativa de tiro. A primeira está relacionada a regra de segurança,
enquanto a segunda em incursões, abordagens policiais e no enfrentamento de
agressores.
I. Posições das armas quando do controle de cano
a) Temple Index: a pistola é levada para próximo a cabeça, estando os dedos
em contato com a têmpora e o polegar tocando o lóbulo da orelha. “Manter a arma
“colada” na cabeça lhe dá um feedback de contato, permitindo que você sinta a arma
na posição segura de controle do cano, leia-se: cano apontado numa direção segura”
(ESPERANDIO, 2020b). Efetiva para treinamento em estande, desembarque de
viaturas (em condições críticas) e para deslocamentos de um abrigo para outro.

87
Figura 6: posição Temple Index.

b) Pronto alto (High Ready): a arma é posicionada a frente do rosto, com a


boca do cano voltado para cima. Efetiva para deslocamentos em ambientes estreitos,
de um abrigo para outro, retenção do armamento e varredura pós-combate.
Figura 7: posição pronto alto com arma longa e curta.

88
c) Pronto baixo (Low Ready): o armamento fica apontado para o solo e 45º
em relação ao corpo do policial militar, nas armas longas a coronha toca o ombro do
patrulheiro. Posição mais comum, em especial em abordagens policiais. Quando
próxima do torso, permite uma boa retenção do armamento.
Figura 8: posição pronto baixo.

d) Guarda Alta (High Port): utilizado com armas longas. O armamento é


empunhado com apenas uma das mãos e o cano voltado para cima, estando a arma
em posição perpendicular em relação ao solo. Efetiva para deslocamentos rápidos,
tendo ainda a alternativa da mão auxiliar estar desocupada, afastando
objetos/pessoas.

89
Figura 9: posição Guarda Alta.

II. Posições das armas quando em expectativa de tiro:


a) Não visada: permite ao militar apontar o armamento para uma ameaça, sem
ter que olhar através do aparelho de pontaria, devendo ser aplicada quando o agressor
a ser atingido está há poucos metros de distância.

90
Figura 10: posições de expectativa de tiro não visado.

b) Visada: é adequada para disparos em ameaças distantes da Equipe


Policial, observando o alvo através do aparelho de pontaria.
Figura 11: posições de expectativa de tiro visado.

4.1.2. Empunhadura
Esse fundamento está associado à condução do armamento, à manutenção
da posição da arma por ocasião do acionamento do gatilho, ao controle dos
fenômenos do recuo e à recuperação da visada. Podemos melhor compreender a
partir de três fatores:
Altura faz referência mão que envolve o punho aproveitando a curvatura do
limitador de empunhadura (beavertail), posicionando-se o mais alto possível, a fim de

91
oferecer resistência na ocasião dos efeitos do recuo, como o movimento à retaguarda
e à frente do ferrolho e a tendência de a ponta do armamento subir (muzzle flip),
permitindo ao operador controlar o armamento e recuperar a visão do aparelho de
pontaria (follow-through).
Envolvimento diz respeito às mãos que empunharam o armamento,
exercendo pressão sobre ele. Nas armas de porte se envolve o punho, com o dedo
indicador fora do gatilho (procedimento de segurança) ou sobre o gatilho (tomada a
decisão pelo tiro), com destaque a uma pressão do dedo mínimo sobre o punho,
oferecendo maior controle sobre o armamento. Simultaneamente, a mão auxiliar com
o polegar projeto a frente (tocando na armação/ferrolho, dependendo do tamanho da
mão do operador em relação a arma) e os demais dedos apontando para baixo, estes
últimos envolvendo a outra mão (que segura o armamento). O polegar projetado à
frente auxilia a visada, estando paralelo a armação/ferrolho, sinaliza a posição para
onde a boca do cano está voltada.
Pressão (razão entre a força em uma determinada área), temos diretamente
a relação da força exercida pelo envolvimento das mãos sobre áreas específicas da
arma. O dedo mínimo da mão ativa pressiona a base do carregador, auxiliando no
controle do recuo, é possível aumentar a pressão a partir do braço da mão auxiliar
com o cotovelo projetado para fora, promovendo um movimento natural da mão para
aumentar o contato sobre o armamento, além
Figura 12: empunhadura (visão das face direita e esquerda).

Nas armas portáteis temos:

 contato da coronha no cavado do ombro;


 contato do rosto do operador na coronha;
 envolvimento da mão no punho;
 para os tiros de precisão, contato do punho com o carregador;
 envolvimento da mão auxiliar sobre as placas do guarda mão.
92
Figura 13: empunhadura de arma portátil.

Por conta da necessidade de utilizar barricadas à direita e à esquerda, para


melhor aproveitamento da proteção, é interessante adquirir a habilidade para
empunhar a arma de fogo por ambas as mãos.
Para a troca de empunhadura em armas de porte o Patrulheiro deve inclinar
para baixo a pistola, mudando a empunhadura, de forma a deixar o limitador de
empunhadura (beavertail) a mostra, passando a envolver a arma pela outra mão,
alterando a base, tornando-a compatível com a empunhadura adotada.
Figura 14: troca de empunhadura em pistola,

Para a troca de empunhadura em armas portáteis, considerando a


empunhadura de destro: 1. o Patrulheiro deve manter a mão esquerda na placa do
guarda mão/telha; 2. soltar a mão direita do punho; 3. Envolver a placa do guarda
mão/telha pela mão direita; 4. mão esquerda envolvendo o punho; e 5. Mudança de
base. Voltar à empunhadura do destro segue a mesma lógica.
93
Figura 15: troca de empunhadura em armas longas, por tempo.

4.1.3. Visada.
Esse fundamento compreende a estabilização do aparelho de pontaria do
armamento sobre o alvo, isto é, o alinhamento da massa e alça de miras sobre o local
que se pretende atingir. Santos (s.d.) apresenta a visada como o “Alinhamento da
arma com o alvo (através da utilização do aparelho de pontaria mecânico ou da
qualidade proprioceptiva dos movimentos de apresentação da arma e engajamento
dos alvos).”
Figura 16: sequência atirador, alça, massa e alvo.

94
Figura 17: relação entre a posição aparelho de pontaria e impactos no alvo.

O olho dominante/diretor é elemento importante de se conhecer para prática


de tiro com armas de fogo, pois é aquele que tem maior participação na sua visão, ou
seja, é o olho que o cérebro mais recorre para captar informações visuais e
transformar em imagens:

(...) quem enxerga é o nosso cérebro e não os nossos olhos. Enquanto os


olhos atuam enviando para o cérebro as informações do que captamos no
mundo (objetos, cores, formas, etc.) é o cérebro que forma as imagens.
(LENSCOPE, 2021)

Para identificar o olho dominante/diretor podem ser empregados as seguintes


metodologias:
Método 1:
● manter os dois olhos abertos;
● esticar os dois braços a frente;
● posicionar as mãos com as palmas para frente e colocar uma sobre a
outra, de forma que os dedos se cruzem, deixando um pequeno espaço entre as
mãos;
● através desse espaço o operador deve identificar um alvo;
● as mãos devem se aproximar do rosto e naturalmente o espaço entre
elas estará alinhado ao olho dominante do operador.

95
Método 2:
● manter os dois olhos abertos;
● esticar os dois braços a frente;
● posicionar as mãos com as palmas para frente e colocar uma sobre a
outra, de forma que os dedos se cruzem, deixando um pequeno espaço entre as
mãos;
● através desse espaço o operador deve identificar um alvo;
● mantendo os braços e mãos como descrito acima, fechar um dos olhos;
● se a imagem permanecer no centro do espaço entre as mãos o olho
aberto é o dominante;
● se a imagem se mover, sumindo daquele enquadramento, o olho que se
fechou é o dominante.
Figura 18: exercício para identificação do olho dominante.

Os exercícios de tiro devem ser conduzidos com os atiradores fazendo visada


com os dois olhos abertos, a fim de evitar cicatrizes de treinamento.
Considerando que, em geral, a distância dos confrontos armados entre
policiais e criminosos ocorre a poucos metros ou em ambiente com diferentes níveis
de luminosidade (não permitindo a visualização do aparelho de pontaria), observamos
a necessidade de os operadores desenvolverem a capacidade de atirar sem que
ocupem a atenção ao alinhamento do aparelho de pontaria, “simplesmente apontam
a arma, com empunhadura dupla, na direção do agressor e disparam” (FLORES,
2013, p. 110). Essa técnica, chamada de tiro instintivo, intuitivo ou não visado, está
diretamente associada ao fundamento da empunhadura e acionamento da tecla do
gatilho, para que, independentemente da posição dos policiais, o armamento possa
ser direcionado para o alvo e os efeitos do recuo controlados.

96
Considerando a necessidade de os policiais terem de realizar múltiplos
disparos para conter o agressor, é necessário desenvolver a capacidade de
recuperação de visada, com ênfase na visualização da massa de mira (follow-
through).
Por uma questão biológica, não conseguiremos nunca fazer uma visada em
que todas as imagens, entre as miras e os alvos, permanecem igualmente nítidas. O
Olho humano não consegue manter o padrão de nitidez quando observamos ao
mesmo tempo objetos a distância diferentes.
Destacamos ainda que manter a massa de mira nítida enquanto estamos em
movimento, disparando contra um alvo também em movimento, que dispara contra
nós, pode ser bastante difícil. (...) a ideia do desenvolvimento dos fundamentos da
visada é criar a capacidade de ajustar o foco das imagens conforme a demanda e ser
capaz de realizar tiros com as miras sempre alinhadas, mesmo que embaçadas.
(NOGUEIRA, 2021, p. 194-195)
Quanto ao fundamento da visada aplicado às armas portáteis, temos o
fenômeno do olho diretor como elemento que exige adaptação dos operadores, em
especial na ocasião da troca de empunhadura, pois ainda que o policial militar possua
o olho diretor no mesmo lado da mão mais habilidosa, invariavelmente terá de
empunhar a arma com a mão com menor habilidade natural, implicando em ter de
olhar o aparelho de pontaria com o olho que não é o dominante. Essa condição torna
imperativa a necessidade de treinar o manejo, conduta e tiro das armas (de porte ou
portátil) com ambas as mãos, assim como, familiarizar-se com a visada com ambos
os olhos.
4.1.4. Controle da Respiração
Esse fundamento está associado à manutenção do ciclo respiratório e dos
efeitos do movimento do tórax, ombros e braços, consequentemente, influenciando o
armamento. “Os fundamentos da respiração se aplicam mais ao tiro de precisão. Em
situações de tiro de combate que ocorrem em distâncias curtas e demandam
velocidade e dinamismo, a respiração sequer será lembrada” (NOGUEIRA, 2021, p.
197).

Um efeito comum do estresse em combate é entrar em apneia sem perceber,


como se esquecêssemos de respirar. O resultado desse fenômeno é que
ficaremos muito ofegantes ao reiniciar a respiração e teremos maiores
dificuldades em manter a posição de tiro, a empunhadura e o acionamento
do gatilho estáveis. (NOGUEIRA, 2021, p. 198).
97
Nas ocasiões que o atirador estiver ofegante é recomendado que mantenha
o ciclo da respiração, inspirando e respirando pequenas porções de ar, aplicando um
ritmo que não cause uma grande oscilação sobre armamento.

A respiração não deve parar totalmente, pois seria prejudicial à necessária


oxigenação celular que, ao não acontecer poderá trazer alguns distúrbios na
visão e aumentar o cansaço do atirador, levando à consequente antecipação
de disparo. Na verdade, a respiração deverá ser minimizada, apenas
percebendo a sensação de que o ar não entra nem sai do pulmão.
(VASCONCELOS, 2015, p. 108)

4.1.5. Acionamento da tecla do gatilho.


Para uma arma de fogo disparar basta que esteja carregada, destravada e
seu operador acione a tecla do gatilho. É bastante intuitivo. Contudo, quando se trata
de atirar e acertar, estando inserido num contexto de elevado risco, com efeitos do
estresse, tendo o policial militar se movimentando, assim como o agressor, temos
elementos suficientes para que o alvo não seja acertado pelo tiro.
Autores como Flores (2013) e Nogueira (2021) consideram o acionamento da
tecla do gatilho como um dos mais importantes fundamentos do tiro.

Policiais experientes sabem que um acionamento muito rápido, pode afetar a


visada, exceto se a tração for exercida de modo correto, somente para trás,
sem exercer movimentação na arma.

Com o treinamento, o atirador exercerá uma pressão progressiva, gradual, de


forma suave, mesmo quando acionado rapidamente.
Não efetuamos a visada em momento distinto da pressão no gatilho;
realizamos ambas ao mesmo tempo! (FLORES, 2013, p.)

(...) acreditamos que o acionamento do gatilho seja um dos fundamentos mais


importantes do tiro. Definitivamente, representa o maior dos problemas e o
fundamento mais difícil de se dominar. (NOGUEIRA, 2021, p. 198)

Para que o acionamento do gatilho não implique em uma movimentação que


desalinha o aparelho de pontaria do armamento do alvo temos que atentar para:

● tocar somente o centro da falange distal do dedo indicador na tecla do gatilho;


● pressionar progressivamente, mesmo que rapidamente, a tecla do gatilho para
trás, na direção do punho da arma.
● deve-se evitar tocar a tecla do gatilho somente com a ponta do dedo, ou
introduzi-lo demasiadamente no guarda mato para agir sobre a tecla do gatilho,
pois em ambos os casos o armamento sofrerá um desalinhamento.

98
Esses efeitos são explicados pela anatomia e musculatura das mãos e dos
dedos. Quando o movimento do dedo segue uma linha ou vetor lateral, toda
mão e a arma podem se movimentar na mesma direção no momento do
disparo. Dessa forma o que buscamos é um movimento perfeitamente
alinhado à linha da arma e da visada, evitando oscilações laterais.
(NOGUEIRA, 2021, p. 198-199)

Figura 19: acionamento da tecla do gatilho.

5. Saque.
Quando no patrulhamento embarcado (viatura quatro rodas) o Policial Militar,
a pistola estará na mão do Policial Militar (arma na mão). Por outro lado, por ocasião
do patrulhamento a pé estará com a mão sobre a pistola (mão na arma).
Consideramos essa a posição inicial para o saque, para o qual temos a seguinte
sequência.

● o policial irá retirar a pistola do coldre (cintura/perna), efetuando um movimento


para a boca do cano se voltar para a frente;
● simultaneamente irá posicionar a mão auxiliar na altura do peito, projetando o
polegar para frente e os demais dedos posicionados para envolver a mão que
empunha a pistola;
● o armamento, envolvido pelas duas mãos (empunhadura dupla), será
apresentado à frente, com energia, buscando um alinhamento entre o aparelho
de pontaria e os olhos.

99
Figura 20: saque de pistola por tempo.

Para conduzir o armamento ao coldre, basta realizar os procedimentos acima


descritos na ordem inversa.
O trabalho policial no mundo inteiro consagrou a técnica de empunhadura
dupla como sendo a mais adequada, pois aumenta a precisão e estabilidade da arma,
principalmente nos confrontos com mais de um disparo (...).
A repetição do movimento proporcionará o que chamamos de “memória
muscular”. (FLORES, 2013, p. 105)
Policiais e atiradores precisam entender a necessidade de se economizar o
maior tempo possível nos movimentos que antecedem o disparo propriamente dito.
Um saque rápido e seguro, colocando a arma pronta para o tiro o mais rápido possível,
dará a nós mais tempo para realizar um melhor disparo.
A ideia do saque é que o corpo todo já está em posição de combate e que
movimentemos apenas os ombros, braços e mãos para termos a arma pronta para o
disparo. (NOGUEIRA, 2021, p. 188)
O treinamento do saque deve ser repetido continuamente, dentro do programa
motor definido neste manual, evitando movimentos desnecessários (economia de
movimentos) e, em especial, cicatrizes de treinamento. À medida que o Instruendo
estiver respondendo aos exercícios, demonstrando habilidade que o torne capaz de
sacar a pistola com velocidade, aplicando os fundamentos do tiro, o Instrutor deve

100
inserir contextos da realidade das ocorrências policiais enfrentadas, a fim promover a
racionalização daquela técnica, fomentando uma mentalidade de combate.

6. Trocas de carregadores

Tem por finalidade reabastecer o armamento com cartuchos, a fim de ampliar


a capacidade operacional do policial militar. Esses procedimentos precisam ser
treinados, a fim de que a resposta motora seja eficiente e eficaz, desde o
posicionamento dos carregadores nos porta carregadores, até a economia de
movimentos do operador. Manifestam-se de três formas:
6.1. Troca de carregador administrativa
Realizada em circunstâncias controladas (após o combate), substituindo um
carregador que tem menos cartuchos por outro que possui mais. Pode ser realizada
com o armamento empunhado ou no coldre.
6.2. Troca de carregador tática
Realizada em circunstâncias de combate, substituindo um carregador que tem
menos cartuchos por outro que possui mais. É realizada da seguinte forma:
I. armamento empunhado, na altura do rosto do policial militar (área de
trabalho3), a fim de perceber a posição alojamento do carregador;
II. retirada do carregador com maior número de cartuchos do porta carregador
e condução dele até o armamento;
III. retirada do carregador a ser substituído do armamento;
IV. alimentação da arma com o carregador substituto;
V. reposicionamento do carregador substituído junto ao operador.
6.3. Troca de carregador emergência
Realizada em circunstâncias de combate, caracterizada pela arma com janela
de ejeção aberta, não havendo cartucho na câmara ou no carregador. A emergência

3 Consideraremos Área de Trabalho o perímetro próximo ao rosto do operador em que irá


realizar o manejo da arma de fogo, em especial troca de carregadores e resolução de panes. Em
condições de combate, em que estará sob fortes efeitos do estresse, com diminuição na precisão dos
movimentos, aproximar o armamento da face permitirá ter a referência visual do alojamento do
carregador, verificação da janela de ejeção ou sinais visuais da interrupção do ciclo, interpretando o
que está ocorrendo com a arma e decidindo qual a técnica mais adequada para resolução daquela
demanda, com eficiência e eficácia, mantendo uma percepção razoável do cenário, em especial da
identificação de novas ameaças.

101
é realizar um novo carregamento no armamento, através da alimentação de um
carregador que possua cartuchos. É realizada da seguinte forma:
I. armamento empunhado, na altura do rosto do policial militar (área de
trabalho), a fim de perceber a posição alojamento do carregador;
II. retirada do carregador a ser substituído do armamento (pode ser lançado
fora descartando-o), movimentando a mão auxiliar na direção do carregador substituto
(princípio da economia de movimentos);
III. alimentação da arma com o carregador substituto;
IV. trancamento do ferrolho, carregando o armamento.
Figura 21: troca de carregador emergencial.

7. Resolução de pane

A pane é uma falha no processo do ciclo, isto é, uma interrupção, imprevisível, em


qualquer uma das etapas da preparação da arma, podendo ser causada pelo operador
do armamento, mecanismo ou cartucho. A compreensão das causas de cada uma das
panes é imprescindível para o atirador, permitindo a seleção da técnica que mais
rapidamente irá eliminar a falha e garantir que a arma volte a estar pronta para o
disparo.

102
8. Deslocamentos

O Policial Militar se desloca patrulhando, isto é, observando o cenário,


procurando padrões de comportamento e, ao observar alguém/algo fora desses
padrões, deve estar pronto para intervir e afastar as dúvidas sobre aquele contexto.
Assim, estando o patrulheiro com a arma no coldre o deslocamento é feito com a mão
envolvendo o punho (mão na arma), protegendo-a e se mantendo pronto para o
saque, caso seja necessário (abordagem policial ou resposta imediata a uma
agressão).
Estando o Patrulheiro com a arma na mão (porte/portátil), deve se deslocar
da seguinte forma:

● adotar o fundamento da do tronco, braços, quadris, joelhos e pés de forma


auxiliar no controle do armamento quando da ocasião do disparo;
● caminhar à frente, buscando não causar ruídos, tocando no solo primeiro o
calcanhar e a seguir a ponta do pé, evitando oscilar;
● zelar pela varredura de ângulos mortos, buscando diminuir o risco de ser
surpreendido;
● posicionar a pistola abaixo da linha dos olhos, empregando o polegar da mão
auxiliar como referência para a posição da boca do cano, evitando o fenômeno
da visão de túnel (foco em ponto específico e a perda da clareza dos objetos
que estão na área periférica);
● movimentar-se à procura de cobertas/abrigos;
● tendo que varrer um perímetro lateral, mas o deslocamento se manter à frente,
o operador apenas gira o tronco, voltando-o para a área a ser coberta, enquanto
quadril e pernas se mantêm na direção do deslocamento. Há que se considerar
a troca de empunhadura.

103
Figura 22: deslocamento a frente.

Quando da necessidade de deslocar à retaguarda (de costas), o Patrulheiro


deve atentar para as observações anteriores, contudo, tocando o solo primeiro com a
ponta do pé e a seguir com o calcanhar, como forma de identificar se não há
obstáculos que o faça desequilibrar. Contudo, não é um deslocamento que oferece
grande mobilidade e segurança, visto que o Patrulheiro está com a atenção voltada à
frente e se caminha para trás. Essa técnica deve ser empregada eventualmente e
para percorrer pequenas distâncias.

9. Mudança de direção.

Por ocasião do patrulhamento a pé, o Policial Militar deve estar atento aos
estímulos do ambiente, em especial os visuais e sonoros. Sendo assim, ao perceber
alguma condição que chame atenção dele e precise ser elucidada, é interessante se
voltar para a fonte que o provocou.
Estando com o armamento na mão, o policial deve adotar a seguinte conduta:

● olhar para o local de onde se originou o estímulo;


● havendo necessidade de observar mais atentamente, antes que gire o corpo
na direção dessa fonte, deve realizar a retenção desse armamento,
aproximando-o do corpo e controlando o cano;
● voltar-se para o local de onde observou a condição que exige a leitura do
cenário, preservando o fundamento relacionado a posição.

104
10. Conduta de patrulha
Considerando uma conduta permanente de segurança, o Policial Militar deve
constantemente observar o cenário, perceber qualquer movimentação, valorando os
riscos e adaptando as técnicas para deslocar por qualquer ambiente. O Exército
Brasileiro chama “genericamente de ‘abrigo’, qualquer coisa que proteja contra os
efeitos do fogo, particularmente contra os do fogo direto” (BRASIL, 2009, p. 9), isto é,
oferece proteção balística. Temos ainda o conceito de abrigo:

Todo anteparo resistente, que seja capaz de proteger o militar/policial (ou


pessoas de maneira geral) contra disparos de armas de fogo e outras
situações de perigo, durante abordagens de risco elevado e confrontos
armados, como: árvores, postes, muros, motor de veículo, meio feio entre
outros. Devendo ser utilizada com técnica apropriada, mantendo a
visualização e, simultaneamente, o enquadramento do agressor com a
mínima exposição. (DE OLIVEIRA, 2021, p. 23)

Figura 23: militares utilizando árvore como abrigo em 2013, no município de


Uruará.

Fonte: trecho de vídeo postado no YouTube. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=yyJIp7rSzvQ. Acesso em 14 nov. 2021.
Por outro lado, temos o conceito de “coberta a qualquer material natural ou
artificial, moita, capim, rede de camuflagem etc. - que possa esconder da observação
terrestre ou aérea, a posição de um combatente ou de uma arma e sua guarnição”
(BRASIL, 2009, p. 10). Temos ainda o conceito de Cobertura:

Todo anteparo que seja capaz de encobrir o militar/policial (ou qualquer


pessoa) dificultando sua visualização em trocas de tiro e outras situações de
perigo, porém sem resistência suficiente para deter um tiro, como: portas,
latarias de veículos, barracos, tonéis de lixo entre outros. Devendo ser
utilizada com técnica apropriada, mantendo a visualização e,
simultaneamente, o enquadramento do agressor com a mínima exposição.
(DE OLIVEIRA, 2021, p. 74)

105
Figura 24: caçador militar, escondido entre a vegetação (coberta) e utilizando
técnicas de camuflagem.

/
Fonte: página virtual do Defesanet. Disponível em:
https://www.defesanet.com.br/doutrina/noticia/30128/Estagio-de-Cacador-do-Comando-Militar-do-
Oeste-exige-tecnica--concentracao-e-preparo-fisico-do-combatente/. Acesso em: 14 nov. 2021.
Nesse sentido, é imprescindível identificar cobertas (anteparo que esconde o
Patrulheiro, contudo não oferece resistência balística) e abrigos (anteparo que
esconde o Patrulheiro e oferece resistência balística), a fim de se mover,
aproximando-se do local da ocorrência, minimizando o risco, protegendo o corpo por
essas estruturas, buscando observar (ver), sem ser percebido (visto).
10.1. Lanços
A movimentação de uma barricada (proteção) para outra é chamada lanço,
guardando as seguintes características: i) movimentar-se priorizando abrigos; ii) a
posição que irá recepcionar o militar deve que deslocará deve ser próxima suficiente
iii) para ser vista pelo militar que irá deslocar a seguir, a fim de garantir a segurança e
a comunicação.

106
Figura 25: rua em Belém/PA, demonstrando a escassez de abrigos.

Fonte: Kleyton Amorim/Uol. Disponível em: https://www.uol/noticias/especiais/no-


fogo-cruzado-do-para.htm#imagem-3. Acesso em: 14 nov. 2021.

107
Figura 26: sequência de ações da progressão com dois patrulheiros (P).
Figura 27: sequência de ações da progressão com três patrulheiros (P).
Figura 28: sequência de ações da progressão com quatro patrulheiros (P).
11. Entrada em edificações
1. Princípios do combate em ambiente confinado
As técnicas voltadas a abordagem às edificações, também conhecidas como
Combate em Ambientes Confinados (Closed Quarter Battle – CQB) operam a partir
de três princípios, são eles Velocidade, Surpresa e Agressividade:

Princípios esses herdados de equipes táticas, que tem diversos apetrechos


“Táticos Operacionais” que auxiliam sua eficiência para tais tarefas como
granadas de luz, de som, explosivos… etc. que podem ser usadas para
alcançar a surpresa. (...) para alcançar a surpresa, como, por exemplo, não
ser visto, manter o silêncio e aparecer em lugares inesperados. A surpresa
aqui, é quando sua entrada não é comprometida.
A rapidez é a velocidade que fornece uma medida de segurança à equipe de
entrada e permite que os operadores usem os primeiros segundos vitais de
surpresa para sua vantagem máxima. (...) A velocidade está em se mover
apenas o mais rápido que você possa fotografar com precisão o ambiente.
Não adianta entrar rápido e negligenciar a visão periférica do cômodo sem
observar e perceber suas prioridades.
{Agressividade} não se limita apenas à aplicação do poder de fogo. Envolve
a mentalidade de um indivíduo da dominação completa. Cada um dos
princípios relativos à limpeza de cômodos com precisão tem uma relação
sinérgica com os outros. Se você não combina velocidade e surpresa, não
pode ter [...] {agressividade}. (RODRIGUES, 2021)

2. Regras do ambiente confinado


Para aplicação tática nas abordagens a edificações se observa as seguintes
regras:

1. Equipes militares devem ter a fração mínima de três operadores, no


mínimo dois por cômodos e um na segurança do acesso/porta/corredor;
2. Visualizar o ambiente, em especial aquelas áreas encobertas, pois, toda
imagem que está obstruída por objetos ou baixa luminosidade deve ser
identificada, portanto, quando não se consegue perceber o perigo é feito a
entrada no cômodo para varrer;
3. Movimentar-se e não ocupar cones da morte;
4. Identificar suspeitos no interior do cômodo (pedido imediato é iminente),
priorizando os que estiverem armados para verbalização ou incapacitação
em caso de agressão;
5. Manter vigilância para portas abertas, prioritariamente, e as fechadas; e
6. Incursionar de maneira furtiva, preferencialmente utilizando comunicação
por sinais e gestos.
7. Verifique constantemente a retaguarda;
8. Mantenha-se alerta e esteja pronto para reagir.

3. Cone da morte
A manutenção da atenção do militar, quando da abordagem às edificações,
faz-se necessária em razão do risco de ser surpreendido, minimizando a capacidade
de reação, face aos efeitos do estresse, e, em geral, considerando o patrulhamento
urbano, essas construções possuírem uma área pequena, aproximando o policial do
suspeito/agressor. Nesse contexto, há de ser considerado o conceito de Cone da
Morte, também chamado de Funil Fatal ou Horizonte Perigoso, isto é, a posição
que o operador se torna um alvo projetado para o agressor.

As portas e corredores são os locais em que os agressores irão ficar atentos


para reagir contra a entrada de policiais, fazendo a visada e tiros naquela
direção. Nas figuras abaixo, exemplo de cuidados para a passagem ou
varredura desses locais.
A ação do policial nessa situação é não permanecer na área do “cone da
morte”, tomando cuidado especial com o posicionamento do sol ou luz
artificial às suas costas, evitando a projeção se sua sombra no ambiente,
denunciando sua posição. (SANTA CATARINA, 2014, p. 25 e 26)

4. Ângulo fácil e difícil


As varreduras realizadas pelos militares em edificações implicam a
movimentação em cenários desconhecidos e com acesso aos cômodos a partir de
entradas próximas a um dos cantos ou pelo centro deles, cada uma dessas demandas
irá exigir a adoção de técnicas que permitam a visualização do interior desses
espaços, garantindo a segurança da equipe.
Figura 29: planta com diferentes tipos de acessos aos cômodos.

Fonte: adaptado de https://www.copiadoranacional.com.br/wp-

content/uploads/2020/03/PLOTAGEM_Planta-Baixa-02.jpg. Acesso em 18 out. 2021.


5. Técnica de entrada coberta
A movimentação nesses cenários exigirá do militar a visualização dos
ângulos mortos, isto é, das áreas que não consegue visualizar, para garantir que o
deslocamento pode ser realizado com segurança, adaptando a posição para melhor
aproveitar a barricada (sinônimo para coberta ou abrigo).

(...) quando estamos abrigados, o tipo de abrigo utilizado nem sempre nos
permite manter uma posição convencional de combate. É possível que
tenhamos que nos inclinar, nos agachar, sentar, ou mesmo deitar no
ambiente. (...) Se conseguirmos manter os fundamentos de visada e
acionamento do gatilho em qualquer circunstância, teremos sempre um bom
disparo, não importando a posição tomada.
Dessa forma, o aspecto mais importante do disparo abrigado em posições de
tiro distintas é termos a certeza de que não estamos expondo
desnecessariamente nenhuma parte do nosso corpo. Nada mais do que o
cano da arma e uma parte das nossas mãos e rosto devem estar expostos
ao inimigo. (NOGUEIRA, 2021, p. 207)

Designamos Entrada Coberta aquela em que há maior resguardo da


integridade, iniciando a verificação do interior do cômodo pelo lado de fora, marcada
pela movimentação do patrulheiro próximo à barricada de forma progressiva, isto é, a
cada passo do policial e da projeção do tronco dele o ambiente observado será
revelado a ele. Na imagem baixo observamos o patrulheiro tomando ângulo pela
esquerda (possibilidade de troca de empunhadura), as linhas vermelhas representam
os ângulos que ele irá observar e o tracejado azul demonstra a necessidade de manter
o corpo protegido pela barricada, projetando o tronca lateralmente, revelando o
suficiente para ser capaz de atirar.
Figura 30: patrulheiro em pé tomando ângulo pela esquerda.

Na figura abaixo temos um esquema de tomada de ângulo (visto por cima),


com área vermelha indicando a visão do patrulheiro, setas azuis sinalizando o
deslocamento e linha tracejada azul apontando o limite seguro do deslocamento do
operador, considerando a barricada.
Figura 31: tomada de ângulo (visto de cima).

Soma-se a técnica de entrada coberta a Olhada Rápida (Quick Peek), a qual


consiste em se aproximar da barricada e projetar rapidamente a cabeça para fora da
proteção e retornar para a posição inicial, a fim de identificar o que há no interior do
recinto a ser varrido:

“técnica utilizada quando não for possível fazer a tomada de ângulo. Consiste
em urna rápida jogada de cabeça para o interior do local a ser varrido,
retornando imediatamente para o local de proteção [...]. A arma empunhada
acompanha o movimento da cabeça, pronta para emprego, se necessário,
observada a técnica do 3º olho” (SANTA CATARINA, 2014, p. 30).

É importante destacar que, uma vez é feito a olhada rápida em determinada


altura, se for repetida, deve ser feita de uma altura ou posição diferente, considerando
o risco de ter sido observado. Essa técnica é controversa, pois existe o risco de ser
identificado por suspeitos no interior do cômodo ou observar suspeitos numa condição
de perigo iminente, perdendo o princípio da surpresa.
São consideradas também a utilização de espelho, “esta técnica possibilita a
observação sem que haja necessidade de exposição da silhueta ao fogo inimigo”
(BRASIL, 2006, p. 15), ou ainda, o emprego da câmera do aparelho celular, a fim de
observar o interior de áreas que demandem controle.
Capítulo 6 – Arma Portátil CTT 40

Nesse capítulo será estudado a arma Portátil Carabina Tática Taurus 40,
calibre .40S&W, com o conhecimento de conduta e fundamentos já vistos no capítulo
anterior, passaremos ao estudo dos Procedimentos Operacionais Padrão:

6.1. Procedimento Operacional Padrão – Desmontagem e montagem da CTT 40

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO 016.001

NOME DO PROCESSO

MANUTENÇÃO DE ARMA DE FOGO

ETAPA PROCEDIMENTO

DESMONTAGEM E MONTAGEM DE POP 016.001


1º ESCALÃO DA CTT 40
DESMONTAGEM E MONTAGEM DA
POP 016.002
PT 940

INSPEÇÃO DE 1º ESCALÃO DA PT
POP 016.003
940

MANUTENÇÃO DE 1º DE ESCALÃO
POP 016.004
DA CTT 40

MANUTENÇÃO DE 1º ESCALÃO DA
POP 016.005
PT 940

ESTABELECIDO EM REVISADO EM

22/04/2020 18/08/2020

PROCEDIMENTO

DESMONTAGEM E MONTAGEM DE 1º ESCALÃO


DA CARABINA TÁTICA TAURUS 40 (CTT40)

AUTORIDADE RESPONSÁVEL

CHEFE DO DEPARTAMENTO GERAL DE OPERAÇÕES

MATERIAL NECESSÁRIO

1. Carabina Tática Taurus .40;


2. Carregadores de CTT40.

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

1. Constituição Federal - Art.5º, incisos III, XLIX, §2º;


2. Decreto Federal nº 3.665 de 20 NOV 2000 (R105) - Art. 3º e art. 18;
3. Lei Estadual nº 6.833 de 13 FEV 2006 (CEDPM) - Art. 37, inciso CXLVIII.

ATIVIDADE CRÍTICA

1. Realizar o procedimento em local seguro.

SEQUÊNCIA DAS AÇÕES

1. Conhecer a nomenclatura e a função dos mecanismos essenciais para a


desmontagem de 1º escalão da CTT 40, conforme gráfico abaixo:

Fonte: PMPA
2. Conhecer a nomenclatura das partes do carregador da CTT40, conforme gráfico
abaixo:
Imagem 02: nomenclatura dos componentes do carregador da CTT40.

Fonte: PMPA.
3. Acionar o retém do carregador;
Imagem 03: acionamento do retém do carregador.

Fonte: PMPA.
4. Retirar o carregador;
Imagem 04: carregador sendo retirado do armamento.
Fonte: PMPA.
5. Desmuniciar o carregador;
Imagem 05: retirada dos cartuchos do carregador.

Fonte: PMPA.
6. Manobrar a alavanca de manejo para que seja extraído ejetado o cartucho da
câmara (descarregar), próximo à caixa de areia ou local seguro;
Imagem 06: acionamento da alavanca de manejo para o descarregamento da
arma.

Fonte: PMPA.
7. Manobrar a alavanca de manejo a retaguarda e acionar o retém do ferrolho para
posicionar o conjunto do ferrolho à retaguarda;
Imagem 07: acionamento do retém do ferrolho.
Fonte: PMPA;
8. Realizar verificação visual da câmara;
Imagem 08: visualização do interior da câmara.

Fonte: PMPA.

9. Acionar o retém do ferrolho, para que o conjunto do ferrolho seja lançado à frente;
Imagem 09: fechamento do conjunto do ferrolho.

Fonte: PMPA.
10. Posicionar as peças a serem desmontadas na sequência da desmontagem, a fim
de facilitar a organização para o processo de montagem;
11. Desmontar o pino traseiro da caixa da culatra, pressionando-o com o dedo ou
um estojo vazio na face com menor diâmetro, retirando pelo outro lado;
Imagem 10: retirada do pino traseiro da caixa da culatra.

Fonte: PMPA.

12. Levantar a caixa da culatra para permitir o acesso ao seu interior;

Imagem 11: movimento basculante da caixa da culatra.

Fonte: PMPA.
13. Retirar o conjunto ferrolho/mola recuperadora, observando os
componentes, e visando a remontagem;
Imagem 12: retirada do conjunto ferrolho/mola recuperadora da caixa da culatra.

Fonte: PMPA.
14. Pressionar com uma pinça ou pino a chapa da mola do carregador pelo orifício
no fundo;
Imagem 13: pressão sobre o pino a chapa da mola do carregador.

Fonte: PMPA.
15. Deslizar o fundo do carregador para frente, tomando cuidado para impedir a
ejeção forçada da chapa pressionada pela mola;
Imagem 14: retirada do fundo do carregador.
Fonte: PMPA.
16. Retirar o fundo do carregador da chapa;
Imagem 15: retirada da chapa da mola do carregador.

Fonte: PMPA.
17. Retirar a mola recuperadora do corpo do carregador;
Imagem 16: retirada da mola recuperadora do corpo do carregador.

Fonte: PMPA.
18. Retirar transportador do corpo do carregador;
Imagem 17: retirada do transportador do carregador.

Fonte: PMPA.
19.Visualizar as peças da CTT40 desmontadas;
Imagem 18: CTT40 desmontada.

Fonte: PMPA.
15.Visualizar as peças do carregador da CTT40 desmontadas;
Imagem 19: carregador da CTT40 desmontada.
Fonte: PMPA.
16. Montar o armamento na a ordem inversa da desmontagem;
17. Inserir o conjunto do ferrolho/mola na caixa da culatra;
Imagem 20: introdução do conjunto ferrolho/mola recuperadora.

Fonte: PMPA.
18. Fechar a caixa da culatra com o cano apontado levemente para baixo, conforme
a figura, evitando assim que o conjunto do ferrolho/mola se desloque;
Imagem 21: fechamento da caixa da culatra.

Fonte: PMPA.
19. Manobrar a alavanca de manejo, verificando a correta montagem do conjunto, e
inserindo o carregador;
Imagem 22: confirmação da montagem correta.

Fonte: PMPA.
20. Introduzir o transportador no corpo do carregador;
Imagem 23: introdução do transportador no corpo do carregador.

Fonte: PMPA.
21. Introduzir a mola recuperada no corpo do carregador;
Imagem 24: introdução da mola recuperadora no corpo do carregador.
Fonte: PMPA.
22. Introduzir a chapa da mola recuperadora na mola recuperadora;
Imagem 25: introdução da chapa da mola recuperada na mola
recuperadora.

Fonte: PMPA.
23. Desliza o fundo do carregador para trás, tomando cuidado para impedir a ejeção
forçada da chapa pressionada pela mola;
Imagem 26: introdução do fundo do carregador
Fonte: PMPA.
24.Introduzir o carregador na CTT40.
Imagem 27: introdução do carregador no armamento.

Fonte: PMPA.
ESCLARECIMENTOS
1. Local seguro: É aquele onde o policial militar pode manusear a sua arma sem
oferecer risco a qualquer pessoa, normalmente dotado de um anteparo frontal à área
de manuseio, ausente de obstáculos que possibilitem o ricochete e com controlada
circulação de pessoas.
2. Evitar locais inseguros, como:
2.1 Recinto aberto sem anteparo adequado (caixa de areia, barranco, etc.);
2.2 Recinto aberto com movimentação descontrolada de pessoas;
2.3 Recinto fechado dotado de divisórias, permitindo a fácil transfixação do projétil;
2.4 Recinto fechado cujas paredes que induzam ao ricochete do projétil;
2.5 Recinto fechado com a presença de material inflamável;
2.6 Atrás de portas e janelas;
2.7 Recinto com a presença de crianças, deficientes mentais, idosos,
esposa/marido, parentes, vizinhos, pessoas curiosas;
3. Realizar somente a verificação visual, pois o retém do ferrolho da CTT 40 é muito
sensível, estando com o conjunto do ferrolho retido a retaguarda o policial militar dever
ter muito cuidado para não tocar na janela de ejeção, pois o risco de, sem que queira,
o conjunto do ferrolho seja lançado a frente e machuque a mão. Portanto,
recomendamos apenas a inspeção visual da câmara, dado o risco de lesão no dedo se
for feito a tentativa de inspeção física da câmara;
6.2. Procedimento Operacional Padrão – Manutenção de 1º escalão da CTT 40

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO 016.004

NOME DO PROCESSO

MANEJO DE ARMA DE FOGO

ETAPA PROCEDIMENTO

MANUTENÇÃO DE 1º DE ESCALÃO DA
POP 016.004
CTT 40

PROCEDIMENTO

MANUTENÇÃO DE 1º DE ESCALÃO DA CTT 40

AUTORIDADE RESPONSÁVEL

CHEFE DO DEPARTAMENTO GERAL DE OPERAÇÕES

MATERIAL NECESSÁRIO

1. Carabina Taurus cal. 40 - CTT 40;


2. Carregadores da CTT 40;
3. Flanela;
4. Escova com cerdas de nylon/crina;
5. Escova com cerdas de aço/latão;
6. Escova com cerdas de lã;
7. Óleo lubrificante;
8. Solvente para resíduos de pólvora.

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

1. Decreto Federal nº 3.665, 20NOV2000 (R105) - Art. 3º - Art. 18.


2. Lei Estadual 6.833, 13FEV2006 (CEDPM) - Art. 37, CXLVIII.
ATIVIDADE CRÍTICA

1. Conhecer a nomenclatura e a função dos mecanismos essenciais para a


desmontagem de 1º escalão da CTT 40;
2. Manejo do armamento descarregado;
3. Manejo do carregador desmuniciado;
4. Realizar o procedimento em local seguro;
5. Desmontagem;
6. Limpeza;
7. Lubrificação;
8. Montagem.

SEQUÊNCIA DAS AÇÕES

10. MEDIDAS DE SEGURANÇA:


10.1. Descarregar a CTT 40;
10.2. Desmuniciar o carregador;
10.3. Confirmação do descarregamento visual.

11. DESMONTAGEM:
Conforme 029.001 – Desmontagem e montagem de 1º escalão da CTT 40.

12. LIMPEZA:
3.1. Remover, com auxílio de uma escova apropriada, todos os resíduos
encontrados no interior do cano, da caixa do mecanismo e da caixa da culatra
(TAURUS, 2019);
3.2. Desmontar o carregador e fazer o mesmo procedimento (TAURUS, 2019);

13. LUBRIFICAÇÃO:
4.1. Manter todas as superfícies metálicas, lubrificadas com uma fina
camada de óleo;

4.2. Lubrifique as guias corrediças do conjunto do ferrolho e da tampa da


caixa da culatra;
4.3. Aplicar uma gota de óleo fino de origem mineral nos pontos abaixo e
nos pontos de contato da dobradiça da coronha:
4.4. O excesso de óleo deve ser retirado com a flanela e com a escova de
lã, deixando apenas uma fina camada do lubrificante.

Imagem 01: mecanismos da CTT 40 para serem


lubrificados.

Fonte: TAURUS, 2019.

14. MONTAGEM:
Conforme POP 029.001 – Desmontagem e montagem de 1º escalão da CTT 40.
ESCLARECIMENTOS
A manutenção deve ser feita periodicamente, em especial quando o armamento for
exposto a disparos ou intempéries (ex.: chuva, salinidade, areia, lama etc.);
1.2. Local seguro: É aquele onde o policial militar pode manusear a sua arma sem
oferecer risco a qualquer pessoa, normalmente dotado de um anteparo frontal à
área de manuseio, ausente de obstáculos que possibilitem o ricochete e com
controlada circulação de pessoas.
1.3. Todos os carregadores que estiverem cautelados ao policial militar devem ser
manutenidos, sendo necessário realizar a desmontagem para fazê-lo;
1.4. São locais inseguros:
a. recinto aberto sem anteparo adequado (caixa de areia, barranco etc.);
b. recinto aberto com movimentação descontrolada de pessoas;
c. recinto fechado dotado de divisórias, permitindo a fácil transfixação do projétil;
d. recinto fechado cujas paredes que induzam ao ricochete do projétil;
e. recinto fechado com a presença de material inflamável;
f. atrás de portas e janelas e
g. recinto com a presença de: crianças, deficientes mentais, idosos,
esposa/marido, parentes, vizinhos, pessoas curiosas.
1.4. A escova de nylon/crina deve ser empregada, preferencialmente, para a
retirada de poeira ou outros resíduos que não exijam grande abrasão para serem
retirados.

Imagem 02: escova de nylon/crina.

Fonte:<http://dipesca.com.br/produto_detalhado/detalhe/1038>. Acesso em 20 FEV 2020.

1.5. A escova de aço deve ser empregada, preferencialmente, para a pontos de


ferrugem ou outros resíduos que exijam grande abrasão para serem retirados.

Imagem 03: escova de

Fonte:<http://dipesca.com.br/produto_detalhado/detalhe/1038>. Acesso em 20 FEV 2020.


1.6. A escova de lã deve ser empregada para a retirada do excesso de óleo do
mecanismo do armamento, precedida do uso da flanela;

Imagem 04: escova de lã.

Fonte:<http://dipesca.com.br/produto_detalhado/detalhe/1038>. Acesso em 20 FEV 2020.

1.7. As imagens referenciadas como de autoria da Empresa Taurus foram


adaptadas para melhor esclarecimento do procedimento a ser realizado.

Capítulo 7 – Arma Portátil IA2

NOMENCLATURA
• Fuzil de Assalto 5,56 – IMBEL A2; Fuzil de Assalto 5,56 IA2 ou, ainda, Fz Ass
5,56 IA2

CLASSIFICAÇÃO
• Quanto ao tipo: portátil
• Quanto ao emprego: individual
• Quanto ao funcionamento: semiautomático
• Princípio de funcionamento: ação indireta dos gases (com tomada em um ponto
do cano e transferência através de êmbolo)
• Quanto ao sistema de trancamento: ferrolho rotativo (Coroa dentada M16)
• Quanto à refrigeração: a ar
Capitulo 8 - Arma Portátil - Espingarda Calibre 12ga (CBC Pump 586 CBC e
Pump Military 3.0)

Espingarda Calibre 12ga- CBC Pump 586

1- NOMENCLATURA DAS PRINCIPAIS PEÇAS


NOMENCLATURA
2- DESMONTAGEM E MONTAGEM EM 1° ESCALÃO;
1. Abra a arma, trave-a e certifique-se que não há cartucho na câmara ou no depósito.
2. Mantenha a arma aberta, desaparafuse e remova o conjunto do bujão do depósito.
3. Retire o cano puxando-o paralelamente ao tubo do depósito

4. Vire a arma colocando a janela de alimentação para cima. Com o dedo indicador,
abaixe ligeiramente o transportador e pressione o localizador direito. Desvire a arma
colocando a janela de alimentação para baixo; com a outra mão afaste a telha do
receptáculo até que o conjunto de ferrolho seja naturalmente extraído das hastes da
corrediça. Remova a telha e a corrediça.
DESMONTADA EM 1° ESCALÃO

2.1- MONTAGEM
1. Com a arma em posição normal (Janela de alimentação para baixo) e de preferência
apoiada, introduza o conjunto da telha e da corrediça no tubo do depósito.
2. Posicione o conjunto do ferrolho nos entalhes das hastes da corrediça mantendo o
extrator voltado para a telha
3. Introduza as hastes da corrediça juntamente com o ferrolho para dentro do
receptáculo até que o mesmo seja retido pelo localizador direito. Colocando a arma
em posição vertical pressione, com o dedo indicador, o localizador direito; o ferrolho
entrará no receptáculo até ser retido pelo localizador esquerdo longo; pressionando o
botão deste localizador o ferrolho será totalmente introduzido no receptáculo.
4. Segure o cano paralelamente ao tubo do depósito.
5. Introduza a extremidade traseira do cano no receptáculo
6. Alinhe a travessa com o tubo do depósito e empurre o cano para dentro do
receptáculo até seu completo assentamento
7. Coloque e aperte firmemente o conjunto do bujão do depósito.
Espingarda Calibre 12ga (CBC Pump Military 3.0)
1. NOMENCLATURA DAS PEÇAS DA ESPINGARDA CBC PUMP MILITARY 3.0
As imagens abaixo apresentam os nomes das estruturas e mecanismos do
armamento em estudo:
Imagem 01: face direita da Espingarda CBC Pump Military 3.0 Tactical.

Imagem 02: face esquerda da Espingarda CBC Pump Military 3.0 Tactical.

2. CARACTERÍSTICAS GERAIS
Conforme o fabricante do armamento estabelece no Manual do Proprietário da
Espingarda CBC Pump Military 3.0 (CBC, [s.d.]), temos:
a) Modelo: Pump Military 3.0 RT 12/19”;
b) Comprimento do cano: 19”;
c) Coronha: retrátil;
d) Telha: Polipropileno de alta resistência;
e) Capacidade do tubo do Depósito:
e.1.) Cartucho 2 1/6”: 10 (9 = capacidade do depósito + 1 na câmara);
e.2.) Cartucho 2 3/4”: 8 (7 = capacidade do depósito + 1 na câmara);
e.3.) Cartucho 3”: 7 (6 = capacidade do depósito + 1 na câmara);
f) Choke: cilíndrico;
g) Comprimento total aproximado: 94cm retraída e 104cm estendida;
h) Peso aproximado: 3,4kg.
Temos ainda outros definições importantes para o entendimento do
funcionamento desse armamento:
a) Princípio de Funcionamento: Ação muscular do atirador;
b) Sistema de Funcionamento: Repetição por ação de bomba (pump action);
c) Ação de disparo: Simples;
d) Refrigeração: à ar;
e) Sentido do carregamento: Retrocarga;
d) tipo: portátil.
3. PARTICULARIDADES DOS MECANISMOS DA ESPINGARDA CBC PUMP
MILITARY 3.0
Para o emprego operacional do armamento em estudo o policial militar deve
conhecer a finalidade dos mecanismos ligados diretamente no manejo do arma de
fogo, a saber:
3.1. TRAVA DE SEGURANÇA
A trava de segurança bloqueia o movimento do gatilho, evitando o
acionamento não intencional. Para que o gatilho seja travado basta pressionar o botão
da esquerda para a direita; enquanto para destravar, a tecla deve ser movida em
sentido contrário. Quando destravada a tecla revela uma faixa vermelham indicando
que o movimento do gatilho está liberado e a arma pronta para disparar.
3.2. TRAVA DA TELHA

Esta peça está localizada na face esquerda da arma, próximo ao guarda-mato.


O seu acionamento permite o movimento da telha, consequentemente a extração e
ejeção de cartuchos da câmara e o carregamento do armamento.
3.3. BOTÃO DE DESMUNICIAMENTO
Esta peça localizada na face esquerda da espingarda permite o
desmuniciamento dos cartuchos do tubo do depósito, sendo a alternativa mais segura
para a retirada dessas munições.
4. MANEJO DA ESPINGARDA CBC PUMP MILITARY 3.0
A seguir serão descritos os principais procedimentos para tornar a arma pronta
para o disparo, inclusive a manutenção de 1º escalão.
4.1. MANOBRA DA TELHA
1. Acionar a trava da telha;
2. Manobrar a telha à retaguarda;
3. Manobrar a telha à frente.
Obs.: após o acionamento da tecla do gatilho o mecanismo do armamento libera o
movimento da telha, contudo, para os procedimentos sem disparos, não se
recomenda a liberação da telha a partir dessa operação, e sim a partir da trava da
telha.

4.2. REGULAGEM DA CORONHA


A coronha deve ser regulada a partir da necessidade do operador, conforme as
dimensões corporais e o equipamento conduzido pelo policial militar.
1. Pressionar o botão de regulagem;
2. Identificar a posição desejada, dentre as 06 (seis);
3. Confirmar o travamento do botão de regulagem para a condução do armamento.
Imagem 03: posição do botão de regulagem da coronha.

4.3. DESMONTAGEM
Para o processo de desmontagem é fundamental que o armamento esteja
desmuniciado e descarregado.
1. Confirmar que a telha esteja à frente e a janela de ejeção fechada;
2. Remover o bujão do depósito, girando-o no sentido anti-horário;
Imagem 04: remoção do bujão do depósito.

4. Remova o cano, puxando-o paralelamente ao tubo do depósito.

Imagem 05: retirada do cano.

4.4. MONTAGEM
1. Mover a telha, de forma que que o ferrolho fique no centro da janela de ejeção;
Obs.: Estando a telha totalmente recuada, ou a janela de ejeção fechada (telha
totalmente à frente), não é possível introduzir o cano no armamento.
Imagem 06: posição do ferrolho para montagem do cano.

2. Introduzir o cano no receptáculo, atentando para o encaixe completo dele na


estrutura do armamento;

Imagem 07: introdução do cano.

3. Inserir a travessa ao tubo de depósito, deixando à mostra a rosca para receber o


bujão do depósito;
4. Recuar a telha e confirmar o encaixe do cano;
5. Rosquear manualmente o bujão do depósito, aplicando força sobre ele, a fim de
garantir a fixação ao armamento.
4.5. MUNICIAMENTO DO TUBO DO DEPÓSITO
1. Confirmar que a telha está à frente e a janela de ejeção fechada;
2. Introduzir os cartuchos no tubo do depósito, através do receptáculo;
Imagem 08: municiamento da espingarda.

3. Em caso de emprego de cartuchos letais o número máximo de cartuchos que o


tubo do depósito recebe é de 07 (sete);
4. Em caso de emprego de cartuchos de impacto controlado o número máximo de
cartuchos que o tubo do depósito recebe é de 06 (sete).

4.6. CARREGAMENTO
1. Acionar a trava da telha;
2. Manobrar a telha com energia para retaguarda;

Imagem 09: manobra da telha à retaguarda.


4. Manobrar a telha com energia para frente.
Imagem 10: manobra da telha à frente.

4.7. CONFIRMAÇÃO DE CARREGAMENTO


1. Acionar a trava a telha;
2. Movimentar a telha à retaguarda, o suficiente para visualizar o cartucho preso ao
extrator e introduzido à câmara.
Imagem 11: ação para confirmar o carregamento.
4.8. RECARREGAMENTO
1. Manobrar a telha com energia para retaguarda;
2. Manobrar a telha com energia para frente.
4.9. DESCARREGAMENTO
1. Acionar a trava da telha;
2. Manobrar a telha à retaguarda.
Observação: É convencionado na PMPA que empregue da espingarda 12ga seja
feito com o armamento descarregado, portanto, o descarregamento pode ser seguido
do remuniciamento do cartucho que acaba de ser retirado da câmara, exigindo que
seja atendida a seguinte sequência:
1. Acionar a trava da telha;
2. Manobrar a telha à retaguarda;
3. Pegar o cartucho ejetado da câmara;
4. Lateralizar a espingarda para a retirada do cartucho presente no receptáculo;
5. Manobrar a telha à frente;
6. Municiar o tubo do depósito com os dois cartuchos que acabam de ser retirados da
arma.

4.10. DESMUNICIAMENTO
1. Acionar a trava da telha.
2. Manobrar a telha a retaguarda;
3. Retirar o cartucho do receptáculo;
4. Movimentar a telha até que alinhe com a face posterior do receptáculo;
5. Girar o armamento, de forma que a janela de alimentação fique voltada para cima;
6. Posicionar o polegar no interior da janela de alimentação;
7. Pressionar o botão de desmuniciamento e permitir que o cartucho recue,
controlando a saída dele com o polegar;
8. Retirar o cartucho lançado do tubo do depósito;
9. Repetir a operação até que sejam lançados todos os cartuchos.
4.11. MUNICIAMENTO TÁTICO
Ocorre após uma sequência de disparos, sendo necessário remuniciar o tubo
do depósito. É realizada inserindo mais cartuchos no tubo do depósito. O armamento
deve estar carregado.
4.12. CARREGAMENTO EMERGENCIAL
Ocorre quando não há cartuchos no tubo do depósito e na câmara. É realizada
deixando à telha à retaguarda (janela de ejeção amostra), inserindo no receptáculo o
cartucho e manobrando a telha à frente.

Imagem 12: introdução do cartucho na janela de ejeção.

4.13. RESOLUÇÃO DE PANES


O armamento está em pane quando as fases do ciclo são interrompidas. Logo,
podemos afirmar, que pane é uma falha no ciclo. As falhas no ciclo podem ser
causadas pelos mecanismos, cartuchos ou atirador. Identificar e saber resolver cada
um das panes é fundamental para tornar o armamento funcional. As panes podem se
apresentar como: INCIDENTES ou ACIDENTES.
• INCIDENTES são falhas no ciclo que não provocam danos/lesões/morte.
• ACIDENTES são falhas no ciclo que provocam danos/lesões/morte.
4.14. PANE SECA
Causa: ocorre quando houver falha na liberação do cartucho do tubo do
depósito (localizador direito ou mola do tubo do depósito não realizando a pressão
para projeção do cartucho).
Resolução: manobrar a telha e se certificar que o cartucho foi conduzido à
câmara.
4.15. NEGA
Causa: ocorre quando há falha na queima do propelente, portanto não há
disparo.
Resolução: manobrar a telha, realizando um novo carregamento.
4.16. EMBUCHAMENTO
Causa: Ocorre em função da dilatação do estojo na câmara, prendendo-o.
Dessa forma impede a extração e causando a não movimentação do ferrolho.
Resolução: provocar a movimentação do ferrolho, através da manobra da telha
(com energia), realizando um novo carregamento.
4.17. DUPLO CARREGAMENTO
Causa: ocorre quando 1) o extrator não se encaixa ao culote do estojo/cartucho
que ainda está na câmara. 2) O cartucho que é apresentado à câmara não
pode acessá-la, pois ela já está ocupada.
Resolução: 1) recuar a telha, 2) tentar realizar a retirada do cartucho que está
sendo apresentado, 3) fechar e abrir o ferrolho, a fim de que seja extraído o
cartucho que está na câmara (se não for extraído poderá ocorrer outra pane) e
4) fechar para realizar o carregamento.
4.18. CHAMINÉ
Causa: ocorre por falha da ejeção do cartucho/estojo, na ocasião do movimento
do ferrolho.
Resolução: 1) lateralizar o armamento, 2) manobrar a telha a retaguarda, 3)
retirar manualmente o cartucho/estojo, caso ele não caia com a ação anterior
e 4) levar a telha à frente.
4.19. PROJÉTIL PRESO NO CANO
Causa: Ocorre em função da queima insuficiente do propelente, não criando a
energia necessária para o lançamento do projétil para fora do cano (deixando-
o preso ao cano). Pode ocorrer ainda em razão do “emborrachamento” do cano,
após uma sequência de disparos com projéteis de elastômeros. O estampido
do disparo é fraco e esse é um dos principais indicativos da ocorrência dessa
falha. O atirador deve estar atento, pois não deve proceder a outro
carregamento e tentar outro disparo, pois assim os projéteis se chocariam.
Resolução: Deve ser realizada a desmontagem do armamento e a retirada do
projétil.

Capítulo 9 – Técnica de conduta policial em baixa luminosidade.

1. Princípios e técnicas para o emprego policial em baixa luminosidade


A força policial não deve encontrar empecilhos impostos pelo terreno, tempo
ou luminosidade, todos essas categorias desafiam os militares a se adaptarem e se
decidirem pelas técnicas que ampliam a segurança e a capacidade de intervenção
operacional. A presença policial raramente se aplica em espaços isentos de luz,
contudo, nas condições de baixa/nenhuma luminosidade a aplicação dos militares no
terreno se torna limitada, pois, operar é um risco operar nesses cenários sem
conhecer as técnicas e táticas que envolvem o emprego da lanterna associada à arma
de fogo. Os policiais devem atentar para a disciplina de luzes e ruídos, adaptando a
conduta e os equipamentos que utilizam, a fim de dificultar a identificação dele,
garantindo o Princípio da Surpresa a equipe policial. A seguir, alinhados com as
orientações de Bettini (2021), estão listados dez princípios e técnicas para o emprego
policial em baixa luminosidade.
1.1. Analise o ambiente
Ao entrar num local com baixa luminosidade, faça uma leitura das condições
da luz do ambiente, mantendo-se alerta, a fim de evitar surpresas, conduzindo-se de
forma proativa, aplicando as técnicas condicionadas pelos programas motores,
zelando pela distância dos suspeitos que forem observados nesse cenário (BETTINI,
2021, p. 81-86).

1.2. UTILIZE A LUZ DO AMBIENTE EM SEU FAVOR

Movimente-se buscando não ser observado, preferindo se deslocar dos


espaços menos iluminados para os de maior iluminação, posicionando-se em ângulos
mortos e pontos cegos, tornando-se assim um alvo difícil de ser atingido (BETTINI,
2021, p. 86-88).
1.3. Cuidado onde ilumina
Não ilumine o operador que está à frente ou a equipe pela retaguarda, isso os
expõe e os torna alvos. Quando da movimentação através de portas, mova-se
lateralmente para fora do funil fatal. Havendo necessidades de atirar para incapacitar
agressores o faça a partir dos mais próximos, iluminando o ambiente a procura de
ameaças mais distantes (BETTINI, 2021, p. 88-94).
1.4. Decida sob o ponto de vista do suspeito
Visualize o cenário sob o ponto de vista de qualquer ameaça no ambiente e
raciocine as contramedidas, visando se antecipar, pois, a ação reativa demanda
tempo e a decisão pela técnica deve ser imediata. Assim, aplique uma incessante
avaliação da sua posição, buscando um local que lhe ofereça abrigo (BETTINI, 2021,
p. 95-96).
1.5. Domine com a luz
Ilumine o rosto do abordado, ofuscando-o, essa medida desencadeia efeitos
fisiológicos que culminam em confusão no suspeito, permitindo o emprego de uma
técnica/equipamento de menor potencial ofensivo (BETTINI, 2021, p. 96-97).
1.6. Foco, fogo e fuga
Basicamente esse princípio estabelece a sequência da iluminação (foco), e a
consequente identificação do suspeito/agressor, a incapacitação dele, por meio dos
tiros a serem efetuados (fogo), se houver a legitimidade para essa iniciativa, e a
movimentação (fuga), adotando um sentido lateralizado, evitando a aproximação com
o abordado, parando de se movimentar quando for confirmado fim da agressão ou o
posicionamento em um abrigo (BETTINI, 2021, p. 98-100).
1.7. A luz como fonte de confusão
O policial militar precisa avaliar se é possível navegar com a luz residual, sem
o emprego de lanterna. Sendo ela necessária, o operador deve iluminar, orientar-se,
apague a lanterna e se movimentar. A utilização da lanterna permite provocar
confusão quanto a posição e ao número de patrulheiros no local. O emprego correto
da lanterna, por diversos operadores, provoca a falsa impressão de que há mais
policiais que os que participam da ação. O modo estroboscópico reduz a capacidade
de percepção de distância, permitindo a aproximação/movimentação. Acionar a
lanterna em alturas e posições variadas aumenta a sensação de desorientação
(BETTINI, 2021, p. 100-105).
1.8. Troque de empunhadura e maneje a arma
O operador deve conhecer a arma de fogo que conduz, estando apto a realizar
o manejo em situações de resolução de incidentes de tiro e troca de carregadores,
incluindo nesse rol de técnicas as de emprego de lanterna associada a utilização de
arma de fogo.
O policial deve ser treinado e possuir habilidade para, sem soltar sua lanterna
e sem acioná-la acidentalmente, manejar sua arma de fogo. Logo após o manejo,
deve restabelecer a empunhadura da arma e lanterna, a fim de manter o princípio do
Foco, Fogo e Fuga (BETTINI, 106-110).
1.9. Mantenha o alinhamento lanterna + pistola + alvo
A lanterna tem capacidade de proporcionar incapacitação momentânea do
agressor, desde que a luz que ela gere seja direcionada para a face do agressor. Não
sendo possível iluminar exatamente no rosto dessa ameaça, cuide de o iluminar o
suficiente para que a arma esteja apontada para ele e em condições de o atingir
(BETTINI, 2021, p. 110-112).
1.10. Domine as técnicas de emprego de lanterna
Quanto maior o número de alternativas para resolução de um problema,
menor o risco de falhas e maior as chances de o operador sair vivo da ocorrência
(BETTINI, 2021, P. 112-113).
2. Técnicas de empunhadura de lanterna e armas de fogo
Considerando a oferta de lanternas no mercado e as vantagens que daquelas
com acionamento posterior, foram selecionadas algumas técnicas com o a utilização
desse categoria de equipamento, conforme se observa a seguir:
2.1. Harries
Utilizada em lanterna com interruptor traseiro, envolvendo-a e a acionando a
partir da pressão do polegar sobre o botão liga/desliga. Baseia-se na oposição de
forças, estando a mão que empunha a lanterna “de costas” para a mão forte (BETTINI,
2021).
Figura 32: técnica Harries.
2.2. Rogers
Utilizada em lanterna com interruptor traseiro, conduzindo-a entre os dedos
polegar e indicador. O acionamento é feito a partir da pressão da lanterna contra a
palma da mão. A mão que empunha a lanterna envolve parcialmente a mão forte, a
fim de melhor controlar os efeitos do recuo (BETTINI, 2021).

Figura 33: empunhadura desenvolvida por Bill Rogers.

2.3. FBI/FBI modificada


O atirador procura manter a lanterna afastada do seu corpo, acima da cabeça
ou na lateral do corpo. Desde que o operador afaste a lanterna do corpo, não revelará
a posição do corpo no ambiente, pois o foco da lanterna poderá ser o alvo da reação
armada do agressor (BETTINI, 2021).
Figura 34: técnica FBI.
Figura 35: técnica FBI/FBI modificada.

2.4. Pescoço (neck index)


O policial militar posiciona a lanterna ao lado da cabeça, voltando-a à direção
que ele se posicionar. Esta é uma técnica que deve ser utilizada em conjunto e de
maneira subsidiária às demais, já que posiciona a lanterna próximo à cabeça e ao
pescoço (BETTINI, 2021).
Figura 36: técnica de empunhadura Pescoço/Neck Index.
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