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GERENCIAMENTO
DE CRISES
A palavra crise teve origem no verbo grego Krísis (“separação”) e no vocábulo latino
Crisis (“momento de mudança súbita”)i.
Com esta ampla gama de definições, a doutrina policial se apropriou da palavra crise
e a adaptou para sua realidade, caracterizando como crises policiais as ocorrências
em que a vida de todos os envolvidos esteja ameaçada e em risco iminente. Assim,
no contexto policial, o Federal Bureau of Investigation (FBI) definiu crise como sendo
citado por Monteiro (2008, grifo nosso): “Um evento ou situação crucial que exige
uma resposta especial da polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável”.
b) Resposta especial
c) “Polícia” 5
d) Solução aceitável
Busca-se em toda Crise Policial uma solução que atenda os preceitos aceitáveis,
sejam legais, morais e/ou éticos. Assim, ao findar-se o evento crítico, o ideal é que
estejam garantidas a vida e a integridade física de todos os envolvidos, inclusive
daquele que dá causa ao incidente, denominado pela doutrina como Causador do
Evento Crítico (CEC). Em determinadas ocasiões, porém, a morte do CEC poderá
ocorrer para que as vidas de pessoas inocentes sejam salvas, estando este ato
amparado legalmente.
Gerenciar crises não é algo pontual, não é uma habilidade particular, tampouco deve
ser fruto do improviso. Gerenciar crises é um processo que engloba diversas
dinâmicas variáveis conforme se vê em sua definição do FBI também trazido à lume
Manual de Gerenciamento de Crises
a) Identificar recursos
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A polícia vai precisar de que para resolver a crise? Equipe de Negociadores? Equipe
de Atiradores de Precisão? Policiais treinados para atuar como 1º Interventor?
Equipamentos de escuta? Rádios de comunicação? Cavaletes para fazer
isolamento? Etc.
b) Obter recursos
c) Aplicar recursos
Ministrar aulas sobre “o que é uma crise” por meio de cursos de formação e em
cursos de especialização, bem como manter os conhecimentos atualizados. Treinar
os policiais que vão atuar como primeiros interventores, negociadores e atiradores.
e) Resolver a crise
Alcançar uma solução aceitável para todos os envolvidos, até mesmo para o
causador da crise, se possível for.
Todavia, também podem ser empregados outros meios de ataque às vítimas, como
emprego de arma branca, carros, caminhões, sendo que, nestes casos, podem ser
identificados como agressores ativos. No entanto, o termo atirador ativo, por ser
amplamente empregado, poderá ser utilizado de maneira genérica para se referir
tanto ao CEC que utiliza arma de fogo quanto àqueles que utilizam outros
instrumentos para matar ou tentar matar suas vítimas (SOUZA, et al. 2020).
É o policial militar que primeiro se depara com uma ocorrência caracterizada como
Manual de Gerenciamento de Crises
Para a solução de toda a crise, atualmente, o efetivo policial militar dispõe de quatro
alternativas táticas: a negociação, as técnicas não letais, o tiro de comprometimento
e a invasão tática. Essas quatro alternativas poderão ser utilizadas isoladamente ou
de forma concomitante. 10
1.6.1 Negociação
Como seu foco é a busca pelo encerramento do evento crítico pelo diálogo e, com
isso, impor menor risco aos envolvidos, deve ser a primeira alternativa a ser
considerada no processo de gerenciamento de crises – sempre, obviamente, que
todas as condicionantes presentes no cenário permitirem.
b) Negociação Tática
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Também conhecida como Negociação Preparatória, busca colher informações para
suprir as demais equipes, caso seu emprego seja necessário, ou mesmo para
preparar o ambiente para o CEC, reféns ou vítimas para a utilização das outras
alternativas táticas.
A definição de armas não letais, proposta por Alexander (2003, p. 19), é a seguinte:
“Aquelas especificamente projetadas e empregadas para incapacitar pessoal ou
material, ao mesmo tempo em que minimizam mortes, ferimentos permanentes no
pessoal, danos indesejáveis à propriedade e comprometimento do meio ambiente”.
No Brasil, para corrigir um erro teórico, porque armas não letais ou menos letais
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podem matar, além de abranger equipamentos utilizados contra objetos, utiliza-se o
conceito de instrumento de menor potencial ofensivo (IMPO): “conjunto de armas,
munições e equipamentos desenvolvidos com a finalidade de preservar vidas e
minimizar danos à integridade das pessoas”.
Importante ressaltar que a correta utilização das técnicas não letais, obedecendo
aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade e conveniência, visa à
imobilização do CEC e não à sua neutralização. Assim, a utilização dos
equipamentos disponíveis para o uso dessa alternativa, que é de responsabilidade
da Equipe Tática, pode resultar em desconforto momentâneo ou mesmo em lesão
para o CEC.
A alternativa invasão tática é a opção para a resolução de uma crise e a que impõe
maior risco aos envolvidos. Sua aplicação requer operadores devidamente treinados
em ações táticas especiais e possuidores de armamentos e equipamentos
específicos para a missão.
Linha que isola o local da ocorrência e restringe o acesso do público geral a fim de
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Área entre os perímetros táticos externo e interno onde os policiais não envolvidos 14
diretamente com a crise, além do apoio operacional das demais instituições (Corpo
de Bombeiros Militar, SAMU 192, empresa de energia elétrica, de água, entre
outras) permanecerão ao longo do evento crítico.
Linha imaginária ou feita por fita zebrada, cones, cavaletes ou outros marcos, que
separa a zona estéril da zona tampão.
Área delimitada pelo perímetro tático interno, restrita a poucos policiais envolvidos
diretamente com a crise e que circunda o ponto crítico.
1.12 INTERMEDIÁRIO
É a pessoa que não faz parte do efetivo policial e que pode contribuir para o
desfecho aceitável do evento crítico. Pode ser exigida pelo Causador do Evento
Crítico ou escolhida pelo gerente da crise para realizar um eventual contato de forma
orientada com o CEC, com o intuito de auxiliar no processo de negociação. O
Intermediário também é conhecido na doutrina de gerenciamento de crises como
“Terceiro na Negociação”. Podem ser citados como exemplos de Intermediários,
1.13 REFÉM
1.14 VÍTIMA
É a pessoa capturada que possui algum vínculo afetivo ou emocional anterior com o
CEC. Esse vínculo pode ser nas relações de trabalho (entre patrão e empregado),
em relações emocionais (entre marido e esposa, ex-noivos, traição entre amigos) e
nos relacionamentos de parentesco (briga entre pai e filho, atrito entre irmãos, entre
outros).
O desconhecimento, por sua vez, pode fazer com que as autoridades subestimem
tais ocorrências e tenham dificuldades para gerenciá-las quando acontecerem em
seus territórios.
a) Imprevisibilidade
Toda crise é imprevisível, não se sabe quando nem onde ocorrerá. Entretanto, sabe-
se que, pela dinâmica das relações sociais e os fenômenos específicos
relacionados, sua eclosão é certa, ou seja, as corporações policiais precisam se
preparar e se antecipar para ter uma capacidade de resposta adequada.
b) Compressão de tempo
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em risco. Isto posto, entendemos que o caráter urgente das crises as torna difíceis
de serem atendidas e o seu atendimento não deve ser protelado.
c) Ameaça à vida
Essa característica serve para alertar as autoridades do perigo imediato que correm
as pessoas ameaçadas e envolvidas diretamente na situação, as quais se
encontram numa condição arriscada e sob ameaça iminente de morte enquanto o
evento crítico estiver acontecendo. Assim, o trabalho dos responsáveis é minimizar
os riscos e focar na preservação de todas as vidas.
Ao se deparar com uma crise, a polícia precisa dar uma resposta especial, ou seja,
uma resposta diferente, de acordo com a situação, pois a crise, por definição, é
aquela ocorrência que foge da normalidade, da rotina de atuação policial e supera
os seus esforços ordinários.
Por ser uma situação que foge da normalidade e da rotina dos recursos policiais, a
crise exige que a organização adote uma postura que também não pode ser a
rotineira.
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De todas as características essenciais esta é a que causa maiores transtornos ao
processo de gerenciamento, contudo, é a única em que os efeitos podem ser
minimizados, graças a um preparo e a um treinamento prévio constantes da
organização para o enfrentamento de eventos críticos.
Sendo assim, esta característica está intimamente ligada à adoção de uma postura
não rotineira e ao planejamento e à antecipação, evitando também que medidas
além ou aquém das capacidades da Instituição sejam estabelecidas ou
padronizadas para atender às crises.
Além de reflexões sobre temas como estado de necessidade, legítima defesa, estrito
cumprimento do dever legal, responsabilidade civil, dentre outros, o aspecto da
competência para atuar é aquele que primeiro vem à cabeça.
Ser desordenada; e
a) Preservar vidas
Em uma crise policial, a preservação das vidas precede, inclusive, a aplicação da lei,
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Portanto, as vidas das pessoas ameaçadas pelo causador da crise, dos terceiros
inocentes (pessoas que ficam nas proximidades do ponto crítico), dos policiais que
chegam para atender à ocorrência e, também, dos próprios causadores, devem ser
preservadas. 21
b) Aplicar a lei
A aplicação da lei é outro objetivo que segue a preservação das vidas envolvidas. O
CEC se for considerado do tipo criminoso, ou seja, se sua ação estiver enquadrada
pela legislação em vigor como crime, deverá ser encaminhado para a delegacia e
apresentado à justiça para responder por seus atos.
Tal preceito impede que os gestores da crise deixem o causador do evento fugir em
troca da libertação de todos os eventuais reféns. Nesse caso, a vida dos inocentes
seria preservada, entretanto a lei não seria aplicada, o que contraria a doutrina
estabelecida.
c) Restabelecer a ordem
O trânsito nas ruas, no entorno desse local, precisará ser fechado e desviado para
evitar que inocentes se coloquem em risco ao se aproximarem do ponto crítico. A
rotina da região será enormemente afetada pela crise instalada e assim
permanecerá até o seu encerramento.
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A avaliação da classificação do grau de risco deve ser uma das primeiras ações a
serem realizadas pelo gerente da crise. Segundo Monteiro (1994), a doutrina no FBI
estabelece uma escala de risco ou ameaça que serve de padrão para a classificação
da crise, a exemplo do que ocorre com a Escala Richter, em relação aos terremotos.
Esta classificação obedece a um escalonamento de quatro graus:
O grau de risco de uma crise pode ser mudado no seu decorrer, pois a primeira
autoridade policial que chega ao local faz uma avaliação preliminar da situação com
bases em informações precárias e de difícil confirmação.
a) Necessidade
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Este critério indica que toda e qualquer ação somente deve ser implementada
quando for indispensável. Se não houver necessidade de se tomar determinada
decisão, não se justifica a sua adoção.
Por exemplo, uma ação tática para o resgate de reféns em ambiente confinado e
planejada pela Equipe Tática não será necessária se o CEC estiver colaborativo e
mantendo uma negociação com os operadores especialistas. Entretanto, a análise
mudará de figura se o CEC deixar de colaborar e cortar o contato com os
negociadores.
Nesse momento, poderá ser necessária a intervenção tática para resguardar a vida
dos inocentes. É importante lembrar que a implementação dessa ou de qualquer
outra ação na crise precisará passar pelos próximos outros dois critérios.
b) Validade de risco
Este critério estabelece que toda e qualquer ação deve levar em conta se os riscos
dela advindos serão compensados pelos resultados.
Basicamente, uma ação poderá ser implementada quando a preservação das vidas
superar qualquer perigo ou ameaças geradas pela ação necessária a ser tomada
para a resolução do evento.
Por exemplo, apesar do risco aumentado durante uma invasão tática pelo grupo de
intervenção para o resgate de reféns em uma crise em que o CEC parou de
responder e deu indícios de que matará os reféns, trata-se de um risco calculado e
justificado.
c) Aceitabilidade
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Este critério determina que toda decisão deve ter respaldo legal, moral e ético.
Ocorrência crítica que se estabelece quando o criminoso tem sua prática de roubo
(ou outro tipo de crime) interrompida por policiais militares ou outros integrantes de
forças de segurança e, acuado, toma reféns para garantir a sua vida e a sua
integridade física, além de tentar obter outros benefícios.
Tipo de crise causada por quadrilha organizada que sequestra uma pessoa,
geralmente de notório poder financeiro, deixando-a em cativeiro e fazendo exigência
de resgate para família. Essa pessoa é chamada de refém sequestrado e o ponto
crítico, via de regra, não é conhecido, sendo necessárias investigações para sua
localização e ações policiais visando à libertação do refém.
Tal indivíduo faz reféns quando, por exemplo, sob influência de drogas, é flagrado
na prática de um delito. Apesar do crime, a conduta alterada está caracterizada pela
ingestão de substâncias que alteram a sua capacidade de raciocínio e
discernimento.
Mais comum, entretanto, é o caso do perturbado que ameaça uma vítima por uma
questão emocional e decide matar essa pessoa que considera desafeto.
Por fim, o mentalmente perturbado sozinho, barricado ou em lugar aberto (em uma
rua, por exemplo), é aquele que, motivado por sua perturbação, age de maneira
descontrolada e perigosa, cabendo intervenção policial técnica especializada.
Esse tipo de crise geralmente surge quando indivíduos em fuga após prática
delituosa invadem locais sem pessoas para se esconder e se proteger da ação dos
policiais que estão em seu encalço. Esse é o cenário básico nesse tipo de
ocorrência: apesar de não haver reféns no ponto crítico, os causadores se
encontram armados e barricados, caracterizando, assim, a ocorrência crítica, com
todas as suas especificidades e gravidades inerentes.
Quanto aos meios para a consecução do ato fatal, são os mais diversos possíveis,
entre os quais: armas de fogo, armas brancas, cordas, fogo, substâncias tóxicas,
ingestão de medicamentos controlados, quedas de locais altos, etc.
Quanto à corporação que deve gerenciar a crise, o entendimento técnico é que cabe
à Polícia Militar atender às crises em que os suicidas estejam portando armas de
qualquer tipo, incluindo objetos que sirvam como uma, e ao Corpo de Bombeiros
Militar aquelas crises em que o causador se encontre desarmado (ESPÍRITO
SANTO, 2021).
Bastante comum nos Estados Unidos e outros países da Europa, essa é uma
ocorrência que vem ganhando notoriedade no Brasil, obrigando as forças policiais a
se prepararem e a conscientizarem a comunidade local sobre como se defender
quando eclodir esse tipo de crise.
Os locais mais visados são escolas, universidades, casas de eventos, igrejas, locais
de transporte público, etc. Além das motivações terroristas, atiradores/agressores
ativos também agem por questões pessoais, como vingança contra a prática de
bullying no estabelecimento de ensino que frequentam ou em seu grupo social, por
exemplo.
Caso ocorra, medidas efetivas das autoridades precisam ser tomadas rapidamente.
No Brasil, de acordo com as normas federais, a responsabilidade de atuação nesse
tipo de crise é da Polícia Federal, conforme a Instrução Normativa nº 13/2005. 30
Costuma ser praticado por quadrilhas com grande número de integrantes com
funções específicas, dotados de considerável poder bélico e que efetuam disparos
de arma de fogo em via pública, ataques contra quarteis e enfrentamento às forças
policiais militares, além de utilizarem material explosivo e, em alguns casos,
tomarem reféns para uso com “escudo humano”.
O alvo dos criminosos são, via de regra, cidades de pequeno porte, que contam com
frágil sistema de segurança pública local (efetivo policial militar reduzido) e, com
preferência, as cidades margeadas por rodovias (PINHEIRO; ABREU, 2018).
Atualmente a doutrina estabelece quatro categorias de CEC, cada qual com suas
características especificas. São eles: criminosos, terroristas, mentalmente
perturbados e presos rebelados. Desta feita iremos estudar as características de
cada tipologia, uma vez que tal conhecimento é de fundamental importância para o
processo de gerenciamento de crises e principalmente para a negociação
(RONCAGLIO; SILVA; SILVA, 2021, pg. 73).
2.5.2.1 Criminoso
De modo geral, três são os fatores que podem ocasionar perturbações mentais nas
pessoas e fazê-las gerar crises:
2.5.2.3 Terrorista
Tais fases objetivam que as crises sejam tratadas de modo individualizado e com
Colher informações;
Por mais que a ocorrência de crise exija da polícia inúmeras demandas, não se deve
alijar do processo a imprensa, pois informar o que se passa, de forma correta e
fidedigna, é de suma importância.
Assim, ainda que a imprensa esteja limitada ao perímetro externo, é relevante que
se empregue um ponto para que as informações, de tempos em tempos, sejam
passadas aos repórteres e colaboradores para a transmissão dos fatos, pois é
comum inúmeros curiosos e outras pessoas passarem informações inverídicas ou
não condizentes com o que de fato está acontecendo no local da crise.
Diante disso, algumas medidas podem ser tomadas para que as tratativas com a
a) Manutenção do isolamento
b) Falta de equipamentos
No entanto, é cediço por meio das normas legais que tal incumbência cabe aos
agentes técnicos, formados e, acima de tudo, atualizados com a doutrina de
gerenciamento de crises, necessitando, pois, da presença do Gerente Efetivo da
Crise e dos demais atores indispensáveis ao processo de condução da ocorrência,
não se fazendo permitir, assim, ingerências externas não técnicas ou não
autorizadas.
Por mais que possam surgir agentes externos, esses serão considerados elementos
de assessoria e consulta, porém, não deverão ditar o que deve ou não ser feito.
d) Imprensa
e) Intermediário
Caso seja percebido que tal pessoa aumentará o grau de agressividade do CEC,
como por exemplo, sendo a própria motivação do evento crítico, ela não poderá ser
autorizada a realizar o contato por motivos óbvios. Outro ponto importante, no caso
da decisão pelo uso de determinado Intermediário, é que o contato com o CEC deva
ser breve, protegido pela Equipe Tática e orientado pelos Negociadores.
Identificar a ocorrência;
Acionar apoio;
Conter a crise;
Assim, conter de forma adequada a crise possui como um dos objetivos evitar que a
crise se torne móvel, o que dificulta por demais o seu controle, e aumenta a 46
A medida operacional de isolar o ponto crítico tem por objetivo alcançar o bloqueio
de qualquer contato do CEC com o mundo externo, e vice versa. Mesmo com o
advento de alta tecnologia de aparelhos eletrônicos, smartphones e outros que tanto
dificultam esse isolamento, essa medida é de vital importância para que as demais
ações sejam desenvolvidas no cenário.
O local de uma crise atrai curiosos, imprensa, familiares, políticos, entre outras
figuras externas ao processo de gerenciamento da crise que, mesmo com a intenção
de ajudar no desfecho do evento crítico, acabam prejudicando a ação policial
correta, pois não detêm o conhecimento técnico necessário e nem o respaldo legal
para atuação.
Ainda assim, caso tal ordem não seja cumprida e as pessoas não autorizadas a
permanecer no local não obedeçam à determinação, poderão incorrer no crime de
Ao Primeiro Interventor cabe a verbalização com o CEC e isso deve ser feito de
forma calma, embora todo o cenário a sua volta seja caótico. Este policial deve ter
em mente que para conduzir o outro à calma, primeiro ele precisa estar calmo.
Reduzir o estresse é fundamental e o primeiro passo é seguir essa orientação antes
mesmo de estabelecer o contato com o CEC.
Antes de tudo, porém, nunca subjugue o potencial de um material suspeito, por mais
simples e similar que possa parecer, haja vista terem inúmeras formas e meios de
acionamento, que podem ser de forma remota e também por sensor de presença ou,
até mesmo, estarem instáveis e demasiadamente sensíveis ao choque, atrito e calor.
Assim, aplica-se a regra dos três nãos:
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Não tocar;
Não mexer; e
Não remover.
Conforme Diretriz da PMESP (2013) se, após a coleta preliminar de dados, houver
argumentos suficientes que comprovem a existência do artefato explosivo ou
revelem um alto risco aos moradores ou frequentadores do local onde se presume a
existência de um objeto danoso, a guarnição ordinária designada deverá adotar
providências iniciais de cerco e isolamento, além de outras previstas, tais como no
subitem “5.1.1.2.”
A busca dos militares, nesses casos e, sempre que possível, deverá ser
acompanhada pela pessoa a quem foi dirigida a ameaça, pelo proprietário do local
ou por funcionários que conheçam detalhadamente o ambiente e os objetos lá
existentes, haja vista a otimização de esforços para devida averiguação.
Perícia Técnica;
Ao final, compete à guarnição policial militar que primeiro teve acesso e ou foi
designada pelo CIODES/COPOM ao local da crise apresentar a ocorrência na
Delegacia correspondente, além de relacionar os dados referentes aos policiais
militares do esquadrão antibomba do Batalhão de Missões Especiais que tiveram
participação direta nos fatos, de modo a complementar as informações a serem
prestadas à autoridade de polícia judiciária.
Destaca-se, então, que as medidas são mais amplas e dinâmicas, não se prendendo
apenas aos procedimentos de contenção, de isolamento e de estabelecimento de
contato sem concessões.
Neste tipo de ocorrência, a resposta imediata, por parte dos primeiros policiais que
chegam ao local, é o acionamento de apoio, via CIODES/COPOM, e o
deslocamento diretamente ao ponto crítico, objetivando o contato com o CEC, e
evitando que ele venha a provocar mais mortes.
Neste tipo de ocorrência, a resposta imediata, por parte dos primeiros policiais que
chegam ao local, também é o acionamento de apoio via CIODES/COPOM.
Não obstante e sempre que possível, são necessários esforços para posicionar
recursos operacionais em pontos estratégicos, bloqueando as vias e reduzindo a
possibildade de rotas de fuga para os CEC.
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SILVA, M. A. D.; SILVA, L.F.D.; RONCAGLIO, O. L. Negociação em Crises
Policiais: Teoria e Prática. 1. ed. Curitiba: Editora CRV, 2021. 656 p.
COORDENAÇÃO GERAL
TEN CEL QOCPM MARCOS ALEXANDRE NOVARETTI ROBERTO
MANUAL / CONTEUDISTAS
TEN CEL QOCPM MARCOS ALEXANDRE NOVARETTI ROBERTO
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TEN CEL QOCPM PAULO ROGÉRIO DO CARMO BARBOZA
MAJ QOCPM WANDERSON BATISTA DOS SANTOS
MAJ QOCPM PABLO ANGELY MARQUES COIMBRA
CAP QOCPM MARCELO VIEIRA HOLLANDA
CAP QOCPM MARCOS EDUARDO DA SILVA TEIXEIRA
CAP QOCPM VINÍCIUS MUZI RIOS
1º TEN QOCPM IGOR DALVI MOROTTI
1º TEN QOCPM MATHEUS AUGUSTO SCÁRDUA MARTINS