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@FATOR3TREINAMENTO
Cognição e Combate
RODRIGO MENEZES
Agente de Polícia Civil do Estado do Espírito Santo, lotado
há 12 anos na Coordenadoria de Recursos Especiais-CORE.
Graduado em Direito, Mestre em Segurança Pública,
Doutorando em Educação, Operador Tático (CORE-PCES),
Atirador de Precisão Policial (COT-PF),Técnico em
Explosivos (CORE-PCERJ), Autor dos livros: Anotações
sobre a Doutrina Policial - Sniper Policial e Atire Bem -
Fundamentos detalhados do tiro de pistola
@SNIPER.POLICIAL
Cognição e Combate
1
HONESTIDADE COGNITIVA
2
VISÃO E COMBATE
3
PROPRIOCEPÇÃO
4
MEMÓRIA
5
HABILIDADES
6
VIESES COGNITIVOS
7
REAÇÃO / DECISÃO
8
CONTROLE DE IMPULSIVIDADE
9
ESTRESSE E TREINAMENTO
10
BACKLASH
HONESTIDADE COGNITIVA
Cognição e Combate
o fenômeno que acomete o cérebro através da percepção dos
cinco sentidos, assimilando as informações recebidas através
de estímulos do ambiente, para subsequente organização de
tais informações que possam propiciar clareza de raciocínio
e retenção do novo conhecimento a ponto de poder usá-lo
como resposta imediata para soluções de problemas.Em
suma, é a capacidade do cérebro observar, aprender, reter
esse saber e pensar racionalmente quando for exigido. Quem
precisa entender melhor sobre cognição e tomada de decisão
do que alguém que precisará perceber uma agressão letal e
tomar a decisão de utilizar uma arma de fogo, sabendo que
será responsável por cada projétil que sair dela,
independente do seu nível de treinamento ou habilidade
emocional para lidar com o antes, durante e depois do
confronto?
Quando abordamos a autocrítica pedindo para que o
aprendiz seja honesto com ele mesmo, estamos explicitando
que a decisão em portar uma arma de fogo para defesa
engloba muito mais tópicos que ultrapassam o limite do
aprendizado técnico e invade a esfera do risco de morte do
cidadão armado e de quem o acompanha. Tema delicado de
tratar, mas seríamos negligentes com o que pregamos e
acreditamos caso não o mencionássemos.
Neste trabalho buscamos unir dois estudiosos e
pesquisadores do assunto, que fazem dos estandes de tiro,
bem como das operações reais, seus laboratórios de
experimentação, cujas conclusões serão transmitidas nesta
obra.
Importante salientar que não se pretende apregoar verdades
absolutas e/ou fórmulas milagrosas de tiro. São apenas dicas
que funcionaram para alguns e surtiram resultado na prática,
com a devida explicação científica e avaliação crítica da
Cognição e Combate
interação entre o estudo e a práxis. Espera-se sim, que seja
despertada a curiosidade pelo estudo e que o uso da arma de
fogo seja tratado também como uma ciência, que exige
estudo e entendimento complexos com fundamentações
teóricas sedimentadas, que inibem qualquer tipo de
amadorismo. Ser contestador é o primeiro passo do
estudioso, pois assim ele busca aprofundar-se no tema, e sua
desconfiança permite-lhe alcançar a verdade.
Objetivamos atingir os cidadãos que possuem arma de fogo
para sua proteção, da sua família e do seu patrimônio. A
grande maioria das dicas expostas neste livro visam elevar
as habilidades do atirador, para que este possua movimentos
automatizados e íntimos do seu corpo para efetuar tiros
rápidos e agrupados, liberando assim carga cognitiva que
deve estar empenhada na difícil missão de entender o
ambiente em sua volta. Não apenas transmitiremos técnicas
de tiro modernas e dicas atuais, mas também serão
discutidos tipos de treinamento em seco (sem munição real)
ou com utilização de acessórios disponíveis no mercado
nacional, capazes de desenvolver as habilidades complexas
exigidas para o confronto armado.
Da mesma forma, não se deve esquivar do assunto que está
em voga no Brasil: Mentalidade de combate. E assim,
buscamos unir estes pilares que lastreiam um combatente:
Técnica e sede por vitória. Nenhum combatente entra em um
embate imaginando sair derrotado dele, mas jamais se
sentirá satisfeito caso ocorra. Derrota não faz parte dos
planos de nenhum deles. Nesse sentido, busca-se com esta
obra difundir premissas que são capazes de serem
construídas e despertadas no íntimo de cada um. E para
ilustrar bem essa parte introdutória, citamos a frase de um
dos maiores mestres no assunto tiro de pistola, Jeff Cooper:
Cognição e Combate
“A melhor defesa contra um ataque violento é ser mais
violento. Contra-ataque intensamente, parando apenas
no fim, com o agressor no chão, fora da luta.”
Cognição e Combate
APRENDIZAGEM E AS FUNÇÕES COGNITIVAS
Cognição e Combate
Não adianta saber atirar, se não se sabe definir em
quem atirar ou quando atirar. Não adianta ser capaz
de engajar uma arma com grande velocidade se não
for capaz de compreender um cenário e identificar o
agressor com a mesma velocidade. Não adianta fazer o
deslocamento mais rápido, com a melhor postura
tática, se não sabe para onde ir. (Calaça, 2021, p. 150)
Cognição e Combate
Operação: é a capacidade cognitiva regendo todo o
processo de aprendizagem de um novo saber. Todo este
processo de aprendizagem com aplicação das funções
cognitivas se tornará obsoleto se não estiverem em correto
funcionamento as quatro premissas exigidas para este
trâmite com eficiência. São elas: capacidade, necessidade,
orientação e operação.
Cognição e Combate
VISÃO E COMBATE
VISÃO EM SITUAÇÃO DE RISCO
Cognição e Combate
Também se torna quase impossível o disparo com um
dos olhos fechados, visto que a própria resposta
fisiológica do corpo buscará manter ambos os olhos
abertos.
Cognição e Combate
se manter calmo e anestesiado em uma situação de
perigo. A dopamina, em particular, é um
neurotransmissor ligado ao prazer, então muitas
pessoas gostam de se expor a situações de perigo
controladas pra liberar essas substâncias e curtir a
sensação que elas trazem”, Acoverde, 2020
Cognição e Combate
VIAS VISUAIS
Cognição e Combate
VÁRIAS VISÕES
Cognição e Combate
VIA MAGNOCELULAR E PARVOCELULAR
Cognição e Combate
VIA MAGNOCELULAR E PARVOCELULAR
Cognição e Combate
VIAS VISUAIS E O SUSTO
Essa diferença de velocidade na transmissão de diferentes
aspectos visuais como posição de um objeto (magnocelular
= + rápido) e definição e contraste (parvocelular= + lento)
explica em parte o motivo de tomarmos “sustos“ ao interagir
repentinamente com objetos que se aproximam rápido.
NO CÉREBRO, NADA É ISOLADO. TUDO É
INTEGRADO!
Cognição e Combate
QUAL A RELAÇÃO COM O TREINAMENTO
TÁTICO?
Cognição e Combate
VISÃO E ESTRESSE
Cognição e Combate
Ao mesmo tempo que dilata a pupila,
a adrenalina relaxa o músculo ciliar,
que achata o cristalino e prejudica a
capacidade de ver objetos próximos,
tipo o sistema de mira da arma!
Cognição e Combate
O PROCESSAMENTO VISUAL OCORRE EM 3
NÍVEIS!
Inferior
Informação visual
que passa pela
retina
Superior
Intermediário
Identificação dos Definição de
objetos. Sofre figura e fundo.
forte influência Dependente do
cognitiva contexto
Cognição e Combate
LOW ROAD
Caminho curto
HIGH ROAD
Caminho Longo
Cognição e Combate
DOIS CAMINHOS PARA A
MESMA INFORMAÇÃO
Cognição e Combate
através do caminho longo) ela saca a arma e efetua 5 disparos
no tempo total de 3 segundos, mesmo segurando uma
lanterna.
É algo impressionante, ainda mais ao verificar que ela
mantém postura tática, decide parar de atirar, respira e
continua adotando protocolos doutrinários pertinentes para a
situação.
LOW ROAD
Caminho Curto
Percepção do “susto”
Ocorre de forma automática
Pouco influenciado pelo treinamento
Grande atuação da amígdala
Movimentos de proteção
HIGH ROAD
Caminho Longo
Cognição e Combate
PROPRIOCEPÇÃO
O QUE É PROPRIOCEPÇÃO?
Cognição e Combate
armados em distâncias curtas. Enquanto o ensino tradicional
se preocupa em corrigir a pontaria apenas através do
alinhamento do sistema de mira, esse tempo seria muito
melhor investido se treinássemos a capacidade
proprioceptiva do engajamento da arma.
Calma, não estamos falando que não devemos usar aparelho
de pontaria no treino. Estamos apenas pontuando que é
melhor basear a aprendizagem na garantia de uma postura
sólida e com pouca variação de aspectos previsíveis da
execução do disparo, pois isso tem muito mais transferência
para a tarefa-critério do que conferir alinhamento de alça e
maça.
Cognição e Combate
específica das fibras musculares para uma boa realização
das habilidades desejadas. Ter referências espaciais também
se mostra importante no treinamento de tiro de combate.
Sabemos que um tiro instintivo que visa salvaguardar a sua
vida ou de outrem, não utilizará o aparelho de pontaria da
arma, e sim executará todos os movimentos já sedimentados
responsáveis pelos fundamentos do tiro com maestria,
porém de forma rápida.
E por que treinamos utilizando o aparelho de pontaria da
pistola? Justamente para que este movimento e referencial
espacial seja apresentado para o atirador, de modo que com
práticas exaustivas, seja inserido no rol das atividades
proprioceptivas do seu cotidiano. Quando o atirador e todo o
seu corpo conhecem exatamente o local espacial a frente da
sua visão onde sua arma realizará um bom tiro, e treina
sempre buscando consolidar a posição dos músculos e
articulações, ele precisa utilizar o aparelho de pontaria para
consolidar esse processo e efetuar bons e precisos tiros.
Essa é a grande importância de aprender cada fundamento
de forma detalhada, entendendo sua contextualização e
aplicabilidade, para empregá-los de forma satisfatória.
Sedimentar cada habilidade motora nova, tornando todo
movimento automatizado, requer prática, pois não há outra
maneira de criar intimidade com os fundamentos do tiro a
não ser praticando de forma lenta e suave, objetivando
alcançar que sejam empregados com fluidez e naturalidade.
E assim ressaltamos a importância do dedo indexador da
mão de apoio que se posiciona ao completar a empunhadura
com a mão do tiro. Saber que seu dedo polegar da mão
reativa encontra-se sempre paralelo ao cano da arma,
apontando para a mesma direção, traduz que se seu dedo
indexador, está apontado para onde deseja atingir, aumenta-
Cognição e Combate
se as chances desse tiro ser preciso. É o que buscamos no
tiro de combate instintivo, movimentos coordenados já
dominados pelo corpo sendo aplicados com precisão e uma
velocidade capaz de sanar a crise. Aqui juntamos os três
elementos citados: propriocepção; dedo indexador; tiro de
combate, pois treinando o tiro de pistola com o dedo
indexador sempre paralelo ao cano, e utilizando do aparelho
de pontaria para confirmar que o tiro foi preciso e o dedo
apontador estava direcionado para o lugar certo, estamos
inserindo estes dados na nossa propriocepção, pois
saberemos exatamente o ponto onde nossa arma deverá estar
à frente da nossa visão e com o dedo polegar da mão reativa
apontado para o alvo. O resultado prático disso, de um
treinamento sério e continuado, com correções sobre os
fundamentos do tiro e criação de uma nova memoria
motora, é o tiro de combate. Neste não haverá tempo hábil
para visadas ou ajustes finos, e por isso insistimos em
treinar de forma lenta e suave, fazendo todos os movimentos
corretos até o tiro impactar exatamente onde deseja. De
forma gradativa após dominar todos os fundamentos e já
alcançar um nível de tiros precisos consistentes, será dado
mais um passo, e sem pressa, imprimir velocidade nos
movimentos, mas sem perder a precisão.
Para atingir habilidade motora que o certifique que em uma
situação de estresse elevado e risco morte presente será
capaz de executar o tiro de combate, com velocidade e
precisão, não se recomenda negligenciar as fases de
aprendizagem. Primeiro aprenda a fazer isso certo, depois
aprenda a fazer isso rápido.
Cognição e Combate
MEMÓRIA
MEMÓRIA MOTORA
Cognição e Combate
para uma nova habilidade, o cidadão necessitar manter
a prática, transformando os movimentos corporais
novos em memórias motoras, as quais quando
precisarem ser executadas, serão de forma
automatizada. É o caso do cidadão armado ver e
identificar uma ameaça e iniciar um movimento de
sacar sua arma instintivamente, ao mesmo tempo que
utiliza sua atenção cognitiva para outras demandas,
pois este movimento coordenado já é uma memória
motora. Há evidências de que esta retenção da
aprendizagem motora pode ser quase perfeita e
perdurar por anos, ou até décadas, a depender da
prática continuada.
Cognição e Combate
MEMÓRIA DE LONGO PRAZO NÃO
DECLARATIVA
Aprendizagem
associativa
Respostas Amígdala
emocionais
Cognição e Combate
MEMÓRIA DE LONGO PRAZO NÃO
DECLARATIVA (IMPLÍCITA)
Cognição e Combate
Eu também não sei, mas tenho concordado com alguns
princípios desenvolvidos pelas pessoas mais sérias do
mundo do treinamento:
Cognição e Combate
PECADOS DA MEMÓRIA
Adaptado de Daniel Schacter
1 DISTRAÇÃO
2 BLOQUEIO
3 ERRO DE ATRIBUIÇÃO
Cognição e Combate
4 SUGESTIBILIDADE
5 VIÉS OU FILTRO
6 PERSISTÊNCIA
Cognição e Combate
HABILIDADES
HABILIDADES
Cognição e Combate
situacionais que possam salvar sua vida, como identificação
de outros agressores, procura por abrigos ou uma rota de
fuga aparente. Atiradores habilidosos conseguem executar
movimentos com sua arma com menor esforço. Outro ponto
procurado com frequência por atiradores iniciantes é a
rapidez, a execução de movimentos com eficiência e
velocidade. Mas para se atingir tal estágio deve-se visar a
prática sempre buscando melhorar, que é diferente de
repetição, no qual o atirador não melhora a cada repetição, e
sim repete o que havia feito.
Quando se pratica buscando evoluir sempre, tendo um gasto
energético apenas quando necessário, torna cada vez mais os
movimentos automatizados e intuitivos, com ações
desnecessárias sendo descartadas e evitadas, resultando em
movimentos coordenados mais rápidos devido aos ajustes ao
longo do processo. Um exemplo prático disso, ao sacar sua
arma e apresentá-la, ao longo da apresentação o atirador
manteve-se ajustando sua empunhadura, aumentando o
tempo para o primeiro tiro, uma vez que, se este tivesse
aprendido corretamente todos os fundamentos para aplicá-
los impecavelmente, respeitando o tempo de aprendizagem e
todo o seu processo, sacaria sua arma já com uma primeira
empunhadura bem feita, levando a arma para a mão de apoio
que estaria aguardando-a para firmar a empunhadura
completa, sem ajustes desnecessários, encurtando o tempo
do primeiro disparo e utilizando seu processo cognitivo e
atenção para outras coisas também importantes em um
combate armado. Tornar estes movimentos naturais e
intuitivos diminui o tempo de defesa armada. Não se deve
aumentar a velocidade sem ter o domínio de todos os
movimentos necessários, pois caso assim o faça, estará
aumentando o gasto de energia para alcançar tal ligeireza,
Cognição e Combate
não sendo uma habilidade nem um movimento natural, no
qual seu corpo dominaria perfeitamente todos o percurso
exigido para efetuar o tiro, otimizando o tempo de resposta e
equilibrando as atenções necessárias em uma situação face
uma ameaça. E assim resume-se a teoria “3M”, pois quando
efetuamos movimentos sedimentados que nos tornam
habilidosos, estamos maximizando a certeza do alcance do
objetivo e não contando apenas com o fator sorte;
movimentos automatizados equilibram a atenção do atirador
permitindo-o aplicá-la em outras demandas também
importantes, representando a minimização dos custos físicos
e mentais da performance; e quando buscamos o máximo de
eficiência, com a execução dos movimentos necessários para
atingir o objetivo, já dominando o caminho que deve ser
percorrido, estaremos da mesma forma minimizando o tempo
utilizado.
Para que seja obtido o resultado de defesa desejado, o
atirador precisa realizar de forma harmoniosa a combinação
de processos mentais e motores de forma interativa, no qual a
capacidade perceptível junto com os fatores sensoriais serão
os responsáveis pela tomada de decisão correta,
determinantes para o bom desfecho da crise.
Assim, seja qual for a decisão escolhida, o atirador
dependerá da qualidade dos movimentos, pois mesmo com a
percepção correta do perigo e escolha adequada de reações, o
atirador provavelmente não conseguirá atingir sua defesa
caso titubeie na execução das ações.
Cognição e Combate
ESTÁGIOS DE APRENDIZAGEM
Cognição e Combate
modelo, na qual o instrutor de tiro executa toda a
movimentação corporal que deseja que o aprendiz alcance
para total assimilação daquela técnica nova que está sendo
ensinada. Tão importante como convencer por palavras e
explanações, o exemplo executado pelo instrutor da forma
correta de aplicação e execução dos movimentos são de
extrema importância.
Nesse estágio inicial o atirador deverá focar sua atenção no
entendimento teórico e justificativas para a aplicabilidade
daquela habilidade nova que lhe está sendo apresentada.
Executar os movimentos de forma suave, lento e com fluidez
é uma grande dica de trilhar com atenção todo o caminho que
sempre seu corpo percorrerá para atingir o objetivo
desejado com maestria.A rapidez vem com a prática, e não
pular etapas é obrigatório para uma boa aprendizagem.
Estágio associativo ou de fixação: Também conhecido
como estágio motor, nesta fase o atirador busca organizar os
movimentos coordenados que o tiro exige para organizar
mentalmente os padrões de movimentos que lhe levarão a
uma eficácia maior nestas ações. Para atos que exijam mais
velocidade, o atirador em fase de aprendizagem deve
construir seu programa motor que te levará para a rapidez
desejada com eficiência sem prejuízo na movimentação.
Iniciando com movimentos lentos e respostas simples, a
performance vai melhorar de forma constante na medida que
vai praticando sempre buscando melhorar e sedimentar tais
movimentos coordenados, poucas e genéricas respostas para
as exigências da situação de perigo evitaram movimentos
inconsistentes.Quando o atirador atingir movimentos
consistentes com fluidez e automaticidade, isto diminuirá
custos de energia, e permitirá ao atirador ter sua atenção
cognitiva em outros pontos.Esta fase da aprendizagem dura
Cognição e Combate
muito mais tempo que a primeira, e cada atirador alcança o
platô com variações de período, uns com mais facilidade que
outros. O objetivo específico deste estágio é que os
movimentos corporais coordenados sejam executados com
suavidade e sem pressa visando fazer certo primeiro.
Estágio autônomo: Aqui o atirador atingiu o nível desejado
de aprendizagem, após passar um longo período no estágio
anterior com prática exaustiva, ele já consegue acelerar o
processamento de informação no ambiente em que possa
ocorrer um ataque armado a sua pessoa, e responder de
forma automatizada como respostas já organizadas e que
demandam menos tempo de resposta, ou seja, neste nível o
atirador já executa movimentos rápidos e automatizados. Por
já possuir suas respostas programadas e que serão
executadas com automaticidade, o atirador no seu
treinamento ou mesmo em uma situação de ameaça armada
real, diminui sua atenção para os movimentos reativos, por
já ter sua programação motora bem definida, podendo
utilizar sua capacidade cognitiva para atividades simultâneas
e tomadas de decisão mais estratégicas. Em uma situação de
crise real envolvendo ataque e defesa armada, o atirador
consegue ter uma percepção ambiental mais apurado após o
sinal visual do perigo eminente, executando sua defesa
instintivamente como resposta
motora já processada, sendo capaz de ter sua atenção
cognitiva em busca por abrigos, rota de fuga, procura por
novas ameaças, execução de recargas, dentre outras
atividades. As melhorias neste estágio são lentas, mas a
prática dever ser uma constante para evitar regressões.
Cognição e Combate
Fitts & Posner
ESTÁGIOS DA APRENDIZAGEM
MOTORA
INÍCIO DA HABILIDADE
REFINAMENTO
APRENDIZAGEM AUTOMÁTICA
Cognição e Combate
Ex: quem é o agressor? Qual medida de uso da força é mais
eficiente? Qual o enquadramento legal da minha ação?
Como devo aplicar meu efetivo para achar esse fugitivo? O
abordado pode não ser quem pensamos que ele é?
Os pesquisadores Fitts e Posner identificaram que as
pessoas tendem a passar por estágios de aprendizagem que
envolvem as mesmas características. É importante destacar
que as habilidades em fase inicial causam grande demanda
cognitiva (não dá para fazer sem se concentrar em cada
detalhe) e grande variação de performance (como no tiro,
onde o aluno acerta um disparo bem no centro e logo em
seguida atira fora do alvo). Com o treinamento adequado é
esperado que as habilidades demandem cada vez menos do
nosso cognitivo consciente, se estabeleçam como memória
procedimental e sejam executadas de forma autônoma
(muito comum observar essa evolução quando aprendemos
a dirigir).
Com relação à atuação tática, não é admissível que
gastemos nossa capacidade cognitiva para garantir que
estamos apontando a arma para local seguro, que estamos
com a empunhadura correta ou como devemos posicionar a
algema para não demorar muito na prisão de um infrator.
Conhecer as características desses estágios de aprendizagem
é importante para que os instrutores possam identificar as
necessidades de treinamento com maior facilidade e
desenvolver exercícios mais adequados para os seus alunos.
Cognição e Combate
Dica prática:
Cognição e Combate
VIESES COGNITIVOS
VIESES COGNITIVOS
Cognição e Combate
almoçado ou não. A fome provocava o endurecimento das
penas aplicadas. Entender esse assunto é muito importante
para que possamos discutir e separar, por exemplo, o que é
uma ação policial discriminatória e o que é uma decisão
tomada sob efeito de um viés cognitivo não consciente!
Importante também para entender qual nível de precisão de
tomada de decisão podemos exigir dos profissionais de
segurança pública e das pessoas em geral.
Confundir uma furadeira com uma metralhadora talvez
pareça um erro absurdo quando você está visitando uma
obra em andamento na sua casa,
mas quando você está no meio de uma progressão em
ambiente hostil, com baixa luminosidade, sob estresse e com
a expectativa de que pode ser baleado a qualquer momento,
sua mente é capaz de fazer você ver e ouvir a metralhadora.
Elegemos alguns dos principais vieses cognitivos que se
relacionam diretamente com questões que podem ser a
diferença entre vencer um confronto armado ou provocar
uma tragédia.
Cognição e Combate
VIÉS DE CONFIRMAÇÃO
Cognição e Combate
VIÉS DE ANCORAGEM
Cognição e Combate
EFEITO HALO
Cognição e Combate
isso demanda maior consciência situacional e
observação ativa. Isso também é muito importante
para quem não é Policial e possivelmente já criticou
alguma intervenção pelo fato de estarem justamente
quebrando esse viés cognitivo (do efeito halo), ao
abordar motoboys, entregadores, carros de luxo,
homens de terno e Bíblia embaixo do braço, mulheres
com carrinho de bebê.
Cognição e Combate
Principais motivos para o cérebro trapacear!
G R U P O S D E V I E S E S
C O G N I T I V O S
1 2
4 3
1 Muita 2 Pouco
informação significado
O cérebro adota uma O cérebro atribui
estratégia para ignorar significado de formas
estímulos em detrimento diversas.
de outros.
Cognição e Combate
REAÇÃO / DECISÃO
TEMPO REATIVO
Cognição e Combate
pelo instrutor, sacar sua arma (velada ou ostensiva) e efetuar
uma certa quantidade de tiro em cada alvo desses. O atirador
no exemplo apresentado navegou pelas três fases de
processamento de informação, fase de identificação do
estímulo auditivo, pois de costas para o alvo precisou ouvir
o silvo do apito para iniciar o exercício, e em seguida visual,
procurando e identificando as imagens cantadas pelo
instrutor, e na sequência selecionou a resposta para esta
situação que se encontrava, no caso um treinamento
cognitivo, decidiu sacar sua arma, e por fim, programou-se
para efetuar os tiros, executando movimentos motores para
que isto ocorresse. Pode-se dizer que este processo todo é
conhecido como tempo de resposta, no qual divide-se em
tempo de reação e tempo de movimento. O tempo de reação
seria iniciado com o silvo do apito até o atirador iniciar os
movimentos corporais habilidosos para responder a este
estímulo e o tempo de movimento, quando o atirador
finaliza o tempo de reação, decidindo qual resposta irá
entregar até o final dos movimentos corporais, neste caso
prático exemplificado, ao final dos tiros propriamente ditos.
Cognição e Combate
REAGIR X DECIDIR
Cognição e Combate
CONTROLE DE
IMPULSIVIDADE
CONTROLE DE IMPULSIVIDADE
CONDUTA CONTROLADA
Cognição e Combate
controlar os sensório-motores que impedem o
comportamento impulsivo. Entendemos que para construir
funções cognitivas responsáveis por este domínio, é
fundamental obedecer a todo o processo de aprendizagem,
respeitando todas as etapas ofertadas, e sobretudo praticando
a honestidade cognitiva. A função de entrada cognitiva
requer o máximo de atenção ao que está sendo exposto, para
assim, adquirir lastro suficiente para na função de elaboração
- fase decisional, conseguir processar as informações
identificando corretamente os estímulos, selecionando a
resposta com um tempo exequível e programar com
automaticidade os movimentos que serão executados.
Todo esse processo que o atirador deve percorrer pode ser
falho ou incompleto, e corriqueiramente na função de
elaboração desprover do foco atencional e perceptivo
desejado para a função de saída entregar a resposta desejada.
Cognição e Combate
motora: É o tipo mais comum de ser encontrado em linhas de
tiro. O atirador que almeja adquirir novas técnicas de
combate armado, não digere as informações expostas e
negligência a identificação dos estímulos apresentados,
selecionando a resposta errônea a ser entregue, não
condizendo com o que era desejado no treinamento ou
processo de aprendizagem de alguma habilidade nova.Não
há nexo de causalidade entre o estímulo apresentado e a
resposta escolhida, e geralmente age por empolgação;
Impulsividade por falta de planejamento: O atirador aprendiz
concentrasse-se na performance momentânea, como a
execução de movimentos rápidos com um tempo baixo,
desviando-se do verdadeiro proposito de aprender e absorver
corretamente a técnica, e realmente adquirir uma nova
habilidade motora. Aqui o aprendiz engana a si próprio em
proveito de uma performance momentânea legal.
Cognição e Combate
Atos impulsivos que não percorrem todo o processamento
desejado para a tomada de decisão pautada na completa
identificação dos estímulos apresentados e eficiente seleção
de resposta, explicitam toda a falta de planejamento e
capacidade cognitiva na função de entrada que reverberam
em uma fase de elaboração equivocada, com respostas
selecionadas e tomadas de decisão indesejáveis, resultados
falhos. Porém, no momento que atos impulsivos apresentam
respostas positivas, com resultados desejáveis,
caracterizando um desempenho satisfatórios, há uma
tendência para que se esquivem do termo “impulsivo”, e
passem a adotar toda a ação como exemplar, regida por
espontaneidade e automaticidade, rapidez e coragem
(DICKMAN, 1993)
Porém, indivíduos mais ou menos impulsivos podem ter
comportamento motor diferente, influenciando diretamente
na tomada de decisão. Como já foi explicado anteriormente,
a quantidade de respostas em forma de protocolos que
possuímos, irá interferir no tempo de resposta, uma vez que
quanto mais protocolos existirem para a mesma resposta,
maior será o tempo de resposta.
Quando o atirador é impulsivo e possui diversos protocolos
que podem ser aplicados como resposta, abrindo-se um
leque com diferentes escolhas possíveis, o comportamento
impulsivo influenciará negativamente na tomada de decisão,
tornando-os suscetíveis a respostas inadequadas, displicentes
no processamento cognitivo de informação – função de
entrada. Quando o atirador possui poucos e simples
protocolos disponíveis como resposta para sua tomada de
decisão, ser impulsivo ainda poderá influenciar
negativamente na tomada de decisão, mas por não possuir
tantas opções protocoladas, diminui-se essa chance de erro.
Cognição e Combate
A consistência da resposta é ligada à quantidade de
protocolos diferentes disponíveis para a tomada de decisão.
Muitos protocolos significam processos inconsistente, e para
o atirador impulsivo aumenta-se a chance de erros; processos
consistentes sintetiza protocolos suficientes para a tomada de
decisão, assim os atiradores impulsivos diante de poucos
protocolos tendem a diminuir o tempo de resposta, sem
resultado indesejável.
Por outro lado, atiradores menos impulsivos conseguem
entregar uma resposta mais consciente e sólida, com
diminuição das chances de erro. Estes respeitam todo o
processo de elaboração da resposta que será entregue,
controlando o processo de decisão sendo fidedigno à
identificação do estímulo – seleção de resposta –
programação do movimento. Já os mais impulsivos podem
cair no erro do processamento automatizado na função de
elaboração. Ou seja, no momento decisório, talvez a mais
importante das funções cognitivas, agem de forma
inconscientes, com redes associativas que ligam estímulos
perceptíveis às respostas automáticas, esquivando-se do
processo de elaboração e tomada de decisão consciente.
Assim reforça Richetin e Richardson (2008):
Cognição e Combate
Dominar todo o processo decisório é o que se espera de um
atirador preparado. A falha cognitiva provocada por um
déficit momentâneo de atenção no processo de elaboração
da resposta desejada, influenciando inteiramente no tempo
de tomada de decisão, pode resultar em uma ação impulsiva
do atirador que busca combater para sobreviver, e optou pela
resposta indesejada.Capacidade cognitiva de combate refere-
se a manutenção da atenção durante todo o processo de
aprendizagem e decisional, ser provocado e perceber
estímulos sensoriais que despertam o instinto primitivo de
sobrevivência requerendo que toda a sua atenção cognitiva
esteja canalizada para a tomada de decisão rápida e
eficiente, pois subentende-se que o atirador que se envolveu
em um combate armado já alcançou níveis de adestramento
que o permitirão executar toda a movimentação corporal que
o levará até o disparo com total automaticidade e fluidez,
não utilizando da sua atenção visual para isso, nem
permitindo atos impulsivos inconscientes.
Cognição e Combate
ESTRESSE E TREINAMENTO
VOU NA DIREÇÃO DA ONDA?
Cognição e Combate
assume-se que o comportamento está associado a um
processo de decisão. Por outro lado, os sujeitos mais
impulsivos apresentam processamento implícito,
caracterizado por processos automáticos, inconscientes e
intuitivos. O processamento implícito está associado a
uma ampla ativação automática de redes associativas.
Cognição e Combate
STRESS EXPOSURE TRAINING-SET
Cognição e Combate
saber atirar no centro do alvo em um estande de tiro era
totalmente diferente de usar a arma de fogo no combate, mas
que a solução para esse problema poderia ter caminhos
muito diferentes para pessoas diferentes. Algumas pessoas
não desenvolvem a habilidade necessária para ter sucesso no
ambiente operacional e por esse motivo não possuem
confiança para agir. Outras pessoas possuem a habilidade
mas não conseguem perceber o momento de utilizar.
Existem também as que não desenvolvem o perfil atitudinal
de, sob estresse, fazer o que é preciso para vencer.
A proposta do treinamento de exposição ao estresse está em
justamente garantir que todas as etapas para o
desenvolvimento de uma competência (conhecimento,
habilidade e atitude) estejam de acordo com os requisitos da
atividade operacional, encarando os alunos como recursos
preciosos que precisam estar aptos para sobreviver e cumprir
a missão, não para fazer uma prova de aptidão no final do
treinamento.
Da mesma forma que muitas instituições continuam errando
na maneira de encarar a capacitação, vários atiradores
também se enganam ao considerar isoladamente critérios de
habilidade motora como sinônimo da capacidade em vencer
um confronto.
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AS 5 PRINCIPAIS
CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE
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1 REDUÇÃO DA ATENÇÃO
Apesar do estresse elevar os níveis de alerta, ele também
promove redução do campo de percepção, dificultando a
obtenção de informação do ambiente e promovendo uma
tomada de decisão mais rígida e inconsequente.
3 AUMENTO DA FRUSTRAÇÃO
O estresse causa elevação dos pensamentos e emoções
negativas, que transferem parte da atenção da situação real
para expectativas emocionais sobre o resultado da
performance.
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“O momento de maior vulnerabilidade da tropa é
o instante imediatamente após a vitória“
Napoleão Bonaparte
BACKLASH
BACKLASH
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ESTRESSE COMO DESAFIO
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e por isso o estresse.
A tomada de decisão em uma ocorrência policial que requer
uma simples análise jurídica pode ser uma grande tormenta
para quem não tem esse conhecimento, bem como o uso de
equipamentos específicos em situação real pode ser um
grande fator estressor quando o treinamento ocorreu apenas
no campo conceitual ou de prática limitada. É vital entender
que o treinamento adequado reduz o estresse (até certo
ponto) na medida em que desenvolve a competência e
consequentemente a confiança do indivíduo, que passa a
estar apto para resolver os problemas que enfrenta e está
seguro disso.
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TREINAMENTO VS. ESTRESSE
Abordagem de mitigação
Visa trabalhar o treinamento com objetivo de reduzir
níveis de ansiedade e efeitos negativos do estresse na
performance. Técnicas de coping e modelos de realidade
simulada são aconselháveis.
Abordagem congruente
Superaprendizagem
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TREINAMENTO VS. ESTRESSE
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Na prática 2: A transição de arma mais efetiva para o
combate é soltar a arma longa e pegar a curta, pois ela é
congruente com o estresse. Já para fazer busca pessoal ou
transpor um muro, seria melhor a transição do arqueiro, que
demanda mais treino, porém será utilizada em situação
menos estressora. Já a transição que visa “mochilar” a arma
longa com duas alças é inviável analisando a baixa
aplicabilidade tática e maior carga horária necessária de
treinamento. O interessante dessa técnica da mochila é que
ela viralizou recentemente sendo reproduzida por uma atleta
olímpica de tiro, mostrando como a abordagem do
treinamento é relativa, pois no caso dela existe
disponibilidade para intensa carga de repetição.
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A VELOCIDADE DO
CONFRONTO
JÁ ESTÁ DEFINIDA!
PRECISAMOS ACEITAR ISSO
Cognição e Combate
A eficácia de um programa de
treinamento deveria ser medida não pela
velocidade de aquisição de uma tarefa
durante o treinamento ou pelo nível de
performance alcançado no final do
treinamento, mas, em vez disso, pelo
desempenho dos aprendizes nas tarefas
pós-treinamento e nas situações do mundo
real que são alvo do treinamento