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2023
"O DESTINO DO FERIDO ESTÁ NAS
MÃOS DE QUEM FAZ O PRIMEIRO
CURATIVO."
NICHOLAS SENN
SUMÁRIO
SÍNTESE HISTÓRICA:
NA ANTIGUIDADE, O BOM SAMARITANO.
DOMINIQUE JEAN LARREY.
CRUZ VERMELHA INTERNACIONAL.
CRUZ VERMELHA NO BRASIL.
O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR.
APH-TÁTICO.
OPERAÇÃO SERPENTE GÓTICA- A BATALHA DE MOGADISCÍO.
APH-TÁTICO NO BRASIL.
NÍVEIS DE ATUAÇÃO.
PERFIL DO OPERADOR DE APH-TÁTICO.
CONSIDERAÇÕES GERAIS:
DIFERENÇAS ENTRE APH CONVENCIONAL E DE COMBATE.
GERENCIAMENTO DE CENA.
MENTALIDADE DE COMBATE:
SEJA COMPETENTE EM SUA AUTODEFESA.
PREMISSAS TECC.
DOUTRINA UTILIZADA PELO EXÉRCITO BRASILEIRO:
DOUTRINA 10-1-2.
FASES DA MEDICINA TÁTICA.
MENSAGEM DE ALERTA.
SISTEMA RESPIRATÓRIO:
ÓRGÃOS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO.
MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS.
PNEUMOTÓRAX
TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO DAS VIAS AÉREAS.
ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL.
TRATAMENTO DO PNEUMOTÓRAX.
EQUIPAMENTO PARA DESCOMPRESSÃO COM AGULHA.
VENTILAÇÃO.
CIRCULAÇÃO:
PARADA CARDIORESPIRATÓRIA.
DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA.
EXPOSIÇÃO/AMBIENTE.
CHOQUE
CHOQUE HIPOVOLÊMICO.
Dedico este trabalho, a todos aqueles que dispõem de suas vidas para salvar o maior
patrimônio de qualquer pessoa, a vida. Todos os riscos visuais nos permitem desencadear
ações preventivas que nos permitem retornar ao seio daqueles que amamos, porém, o
mais covarde dos inimigos é aquele que não vemos, cada vez mais presente em nossas
vidas, o risco biológico impõe a cada operador, um risco desmedido, seja pela
impossibilidade de prevenção, já que não é possível visualizar, bem como, por aqueles que
por vergonha, impossibilidade física ou psicológica deixam de comunicar ao atendente
que possuem patologia infectocontagiosa, expondo a risco aquele que anseia por lhe
salvar.
Não poderia deixar de citar os homens e mulheres que 24/7 dedicam suas vidas ao
combate da criminalidade, atendendo todo o complexo conjunto de ocorrências que
compõem o ordenamento jurídico criminal, desde a simples orientação, até confrontos
armados de grande vulto, que são os policiais de radiopatrulhamento das polícias
militares, muitas vezes vistos perifericamente pelos gestores, ingratamente por vezes,
não recebem a mesma atenção das unidades especializadas, que por óbvio são de
suma importância, porém, dispõem de mais equipamentos, informação e treinamento
constante, portanto, para fazer jus a essa admiração a minha mais sincera continência
aos homens e mulheres de rádiopatrulha.
SÍNTESE HISTÓRICA
NA ANTIGUIDADE
Todos os cuidados médicos que foram alcançados no Egito, Grécia e Roma, pelos
israelitas, e até o tempo de Napoleão é classificado como SEM (serviço de emergência
médica) pré-moderno, o papiro Edwin Smith, que remonta a cerca de 4.500 anos, que
descreve cuidados médicos em um relato de casos, conforme descrito no PHTLS 9ª ED.
O BOM SAMARITANO
Na bíblia também encontramos uma passagem que nos remete aos objetivos do
atendimento pré-hospitalar: "Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se
encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou lhe as
feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal,
levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.
Aqui a história da Cruz Vermelha remonta ao começo do século XX. Em 1907, por
iniciativa do médico Joaquim de Oliveira Botelho, foi iniciado o debate para a fundação
da Cruz Vermelha Brasileira. Ele mobilizou profissionais de várias áreas da sociedade,
que realizaram uma reunião no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1907,
estabelecendo as bases dessa organização no Brasil.
Na década de 1910, o Brasil ainda contou com a fundação das Damas da Cruz
Vermelha Brasileira, um grupo de mulheres do Rio de Janeiro que se estabeleceram
como enfermeiras voluntárias dessa organização. Atualmente, a Cruz Vermelha
Brasileira segue funcionando, com o aval do Governo Federal, na realização de ações
visando amenizar o sofrimento dos que precisam. Abaixo vemos o simbolo do
atendimento pré-hospitalar , a Cruz da Vida ou Cruz de Asclépio:
SÍNTESE HISTÓRICA
O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
APH-TÁTICO
Além disso, seu trabalho era garantir o saneamento dos acampamentos do exército
para evitar a disseminação da infecção, também se certificavam de que os soldados
tivessem uma boa dieta, o que é provavelmente o motivo pelo qual os soldados romanos –
ou pelo menos aqueles que sobreviveram ao campo de batalha – viviam uma vida mais
longa do que os civis naquela época.
Três séculos depois quando Napoleão Bonaparte foi gravemente ferido em batalha, em
sua campanha na Prússia no ano de 1795, sentiu-se a necessidade de um atendimento
especializado em campo de batalha foi quando convidou Dominique Jean Larrey, General
médico do exército, foi solicitado por Napoleão a prestar atendimento imediato aos militares
feridos, ou seja, o corpo de saúde deveria recolher as vítimas no próprio front de batalha e não
mais após interrupção do conflito.
No auge, a equipe era composta por 340 homens, sendo três divisões com 12
carruagens leves e quatro pesadas, comandados por um cirurgião major, auxiliados por
vários infantes. Larrey é considerado o “pai da medicina militar” e é referido como um
dos pioneiros na medicina de emergência.
Nos EUA pouco antes do fim da Guerra, no ano de 1944, foram criados os
Paramédicos, que eram na verdade infantes das forças armadas com especialização
pouco peculiar para a época, eles eram combatentes altamente capacitados para
SÍNTESE HISTÓRICA
resgates em ambiente hostil. Em 1951 na Coreia foi usada pela primeira vez à
evacuação aeromédica, com helicóptero Bell 47, anos depois em 1953, Dr. Petter Safar
e James Elam desenvolvem a respiração artificial que seria muito utilizada em campo
de batalha, mais tarde na guerra do Vietnã (1959-1975), além da técnica boca a boca, o
soco precordial e a evacuação aeromédica em massa foram utilizados neste conflito.
A Força-Tarefa Ranger que consistia de uma força de assalto formada por equipes
da Força Delta do Exército e de Rangers, um elemento aéreo de Aviação de Operações
Especiais, cinco operadores Navy SEALs, membros dos Pararescue da Força Aérea e
controladores da Equipe de Controle de Combate executaram uma operação que
consistia do deslocamento de suas instalações, na periferia da cidade, para capturar
personalidades do primeiro escalão Somali, liderados por Mohamed Farrah Hassan
Aidid. A força de assalto consistia de dezenove aeronaves, doze veículos terrestres e 160
homens de infantaria.
APH-TÁTICO NO BRASIL
Acrônimo SCENE (segurança, causa, entorno, Não estabelece rotina e sim objetivos:
Avaliação da cena número de baixas e equipamentos). proteção contra fogo, atendimento de
Corresponde, parcialmente ao care under fire hemorragias e
do TC3. manter combate, se possível.
10:1:2 (10 minutos para atendimento inicial, 1h Não discriminada. Procura respeitar o
Doutrina de para medidas avançadas e 2 horas para cirurgia princípio da Golden hour.
atendimento de controle de danos).
Triagem de feridos Não é especificada. Consta como parte do APH Classificada em imediata ou tardia;
avançado, devendo ser realizada somente por conduta mínima ou expectante (possível
médico já em área de atendimento tático óbito). Capacidade de avaliação definida
(segundo escalão). entre os atores.
Categorização Não delimita tempo específico. Apresenta Urgente (1h para Exército e Marinha,
de evacuação formulário de evacuação aeromédica (EVAM). A assim que possível pela Força Aérea),
evacuação é preferida ao atendimento tático, Prioridade (4h para Exército e Marinha,
devendo este ser interrompido para ser 24h para Força Aérea) e rotina (24h para
procedida a evacuação. Exército e Marinha, 72h para Força
Aérea). Conveniência: pouca gravidade,
não há tempo limite.
TABELA 1: COMPARAÇÃO DO APH DO EXÉRCITO BRASILEIRO (2020) E TC3 DAS FORÇAS ARMADAS AMERICANAS
(VERSÃO2020).
FONTE:FILE:///C:/USERS/MEU%20PC/DOCUMENTS/MATERIAL%20DE%20APHT%C3%A1TICO%20PARA%20COMPARTILHAR/C
AP_MARCELO%20MANAIA%20GON%C3%A7ALVES%20FERNANDES.PDF
NÍVEIS DE ATUAÇÃO
III - NÍVEL AVANÇADO: VOLTADO AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUE ATUAM NAS
INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA, DESDE QUE DETENHAM FORMAÇÃO
ACADÊMICA SUPERIOR NAS HABILITAÇÕES EM MEDICINA E ENFERMAGEM, E ESTEJAM
DEVIDAMENTE REGULAMENTADOS.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Atuação em áreas não Atuação em áreas seguras Atuação em áreas de convívio (em
seguras regra)
Regras de guerra são Não há regras para o agressor cumprir. Não há regras para o agressor
seguidas pela Convenção cumprir.
de Genebra
Como podemos ver, as diferenças são muitas, mas os com os objetivos, salvar vidas,
mesmo que seja a vida daquele que lhe ofereceu sérios riscos, para tanto se faz necessário
que o cidadão que deseja exercer esta atividade, se encaixe no perfil já demonstrado,
dentre as quais, a condição física no momento do combate, torna-se especialmente
preponderante, pois é capaz de interferir inclusive na capacidade de raciocínio do
individuo, fazendo-o cometer erros de técnica que estando descansado jamais ocorreriam.
GERENCIAMENTO DE CENA
Os traumas são estudados de acordo com a sua cinemática ou mecanismo. A
maneira como uma pessoa se machuca direciona a forma como ela será atendida.
Antes de iniciar o atendimento, é fundamental que o ambiente do trauma seja avaliado
pelo profissional de saúde, para evitar que haja novas vítimas. O manual de APH-Tático
do Exército brasileiro, utiliza para análise e gerenciamento da cena o acrônimo SCENE:
Número de
N Número de feridos.
baixas
MENTALIDADE COMBATIVA
O acrônimo CHAO, foi desenvolvido com base na teoria de David Grossman, autor do
livro On Combat- Fisiologia do Combate, apresenta quatro elementos de cunho subjetivos
que permeiam o comportamento do indivíduo durante o combate, seja de forma positiva
ou negativa:
A MORTE NÃO DEVE SER TEMIDA. A MORTE, COM O TEMPO, ATINGE TODOS
NÓS. E TODO HOMEM ESTÁ ASSUSTADO EM SUA PRIMEIRA AÇÃO. SE ELE
AFIRMA QUE NÃO ESTÁ, É UM MALDITO MENTIROSO. ALGUNS HOMENS SÃO
COVARDES, SIM, MAS LUTAM DO MESMO JEITO, OU TIRAM O INFERNO PARA
FORA DE SI.
O VERDADEIRO HERÓI É O HOMEM QUE LUTA EMBORA ASSUSTADO. ALGUNS
SUPERAM SEUS MEDOS NUM MINUTO, SOB O FOGO CRUZADO; OUTROS
LEVAM UMA HORA; PARA ALGUNS LEVA DIAS; MAS UM VERDADEIRO HOMEM
NUNCA DEIXARÁ QUE O MEDO DA MORTE DOMINE SUA HONRA, SEU SENSO
DO DEVER, PARA COM SEU PAÍS E A HUMANIDADE.
O APH tático divide a sua área de atuação em três fases, de acordo com o perigo
para a vítima e para a equipe. Tal divisão determina as ações que o socorrista deve
tomar em cada momento, de forma a fornecer o melhor atendimento possível, sem
abrir mão da segurança.
ATENDIMENTO SOB FOGO: Caracterizado como área de atuação sob ataque
inimigo, definido também como ZONA VERMELHA.
1º - Cuidado sob fogo (CUF): CUF é caracterizado como o cuidado prestado a uma
vítima enquanto ainda está sob fogo efetivo. ZONA VERMELHA, ÁREA QUENTE OU
HOT SPOT.
2º- Cuidado Tático em Campo (TFC): A TFC é o atendimento prestado pelos socorristas
ou pessoal médico pré-hospitalar (principalmente médicos, atirador e pararescuemen)
enquanto ainda estão no ambiente tático. TFC está focada na avaliação e
gerenciamento usando a sigla MARCH. ZONA AMARELA, ÁREA MORNA, OU ZONA
TÁTICA.
MENSAGEM DE ALERTA
Uma mensagem de alerta deve ser transmitida assim que possível, no máximo em
dez minutos após o incidente, para melhor memorização o exército escolheu o
acrônimo L O C O:
Definição de ABRIGO: é todo aquele local que lhe oferece proteção balística.
Definição de COBERTA: todo e qualquer local que lhe proporcione proteção visual,
mas não balística.
TORNIQUETES - MITOS
3 – CINTOS SÃO EXCELENTES TORNIQUETES: Isso é bobagem! Cintos são Torniquetes péssimos.
É muito difícil, senão completamente impossível parar o fluxo sanguíneo arterial usando apenas
um cinto, utilizar o cinto e a fivela nunca resultará em uma pressão suficiente para frear a
hemorragia, algo muito grande e forte, como uma perna de uma cadeira, teria que ter que ser
usado para apertar o cinto devido à sua rigidez.
DOUTRINA UTILIZADA PELO EXÉRCITO BRASILEIRO
4 – TORNIQUETES IMPROVISADOS SÃO CONSIDERADOS EQUIPAMENTOS MÉDICOS
APROPRIADOS: Usar o que está ao seu alcance e disponível não é somente aceitável mas
recomendado. Há vários casos e relatos de pessoas que improvisaram equipamentos e
salvaram uma vida. Pesquise sobre Brian Ludmer, o professor que, durante um tiroteio no
aeroporto de Los Angeles, foi alvejado na panturrilha. Brian se arrastou até uma loja de
roupas e usou uma camisa para improvisar um torniquete em volta de sua perna para
diminuir o sangramento. A frase chave aqui é “Diminuir o Sangramento”, isso é o que
Torniquetes improvisados fazem. Torniquetes comerciais "PARAM" o sangramento. É
IMPRESCINDÍVEL QUE VOCÊ ENTENDA QUE UM TORNIQUETE IMPROVISADO NÃO
SERÁ EFETIVO, MAS SIM PALIATIVO, PORTANTO NÃO RECOMENDADO PELA
DOUTRINA E INAPROPRIADO COMO EQUIPAMENTO MÉDICO. (grifo nosso)
TIPOS DE TORNIQUETE
Como vemos, é apenas uma escolha de palavras a serem utilizadas, sem qualquer
mudança contextual e/ou prática.
SISTEMA CARDIOVASCULAR/CIRCULATÓRIO
Vasos sanguíneos: são tubos por onde o sangue passa. Os três principais tipos de
vasos sanguíneos são: artérias, veias e capilares.
O coração dos seres humanos, assim como os dos outros mamíferos, é um órgão
muscular formado por quatro câmaras: Dois átrios e dois ventrículos.
ATENDIMENTO SOB FOGO
O miocárdio é a camada mais espessa do coração. Por fim, temos o epicárdio, que
é a camada mais externa. É no epicárdio que se acumula a camada de tecido adiposo
que geralmente envolve o órgão.
VASOS SANGUÍNEOS
Os vasos sanguíneos são um grande sistema de tubos fechados por onde o sangue
circula. Os três principais vasos sanguíneos encontrados no corpo são as artérias, veias e
os capilares. Veja, a seguir, algumas características básicas desses três vasos:
Artérias: As artérias são vasos que levam o sangue, a partir do coração, para os
órgãos e tecidos do corpo. Nesses vasos, o sangue corre em alta pressão. As artérias
ramificam-se em arteríolas.
O sangue chega ao coração pelo átrio direito por meio das veias cavas. Esse sangue é
rico em gás carbônico e pobre em oxigênio. Esse sangue desoxigenado segue, então, para o
ventrículo direito. Do ventrículo direito, é bombeado para os pulmões via artérias
pulmonares. Nos pulmões, ocorre o processo de hematose, o sangue até então rico em gás
carbônico, recebe oxigênio proveniente da respiração pulmonar. O sangue rico em oxigênio
volta ao coração via veias pulmonares, chegando a esse órgão pelo átrio esquerdo. Do átrio,
ele segue para o ventrículo esquerdo.
O ventrículo esquerdo, o sangue segue para o corpo, saindo do coração pela artéria
aorta. O sangue então segue para os vários órgãos e tecidos do corpo. Nos capilares,
ocorrem as trocas gasosas. O oxigênio presente no sangue passa para os tecidos e o gás
carbônico produzido na respiração celular passa para o sangue.
A circulação nos seres humanos é denominada de circulação dupla, uma vez que
se observa a presença de dois circuitos: a circulação sistêmica ou grande circulação e a
circulação pulmonar ou pequena circulação:
ARTÉRIAS
Grandes artérias elásticas: Nesse grupo temos como exemplo a aorta e seus ramos.
São artérias de grande calibre que se destacam pela presença de túnica média com
grande quantidade de elastina, o que confere uma cor amarelada característica. A
presença de lâminas elásticas permitem que o fluxo sanguíneo seja mais uniforme,
reduzindo as variações de pressão durante a sístole e a diástole.
b) se o ferido não é capaz de se mover e não está responsivo, possivelmente ele não será
beneficiado pela mobilização (presumidamente morto ou com lesão irrecuperável),
portanto não deve-se dividir esforços em caso de múltiplas vítimas;
c) se o ferido está responsivo, mas não é capaz de se mover, deve-se planejar a sua
mobilização, se possível.
V VERBAL DESARMAR
D DOLOROSO DESARMAR
I IRRESPONSÍVEL DESARMAR
ATENDIMENTO EM CAMPO TÁTICO
Após ter extraído o ferido para um local protegido, seguiremos para o atendimento e
avaliação do estado da vítima, seguindo o acrônimo MARCH:
PROTOCOLO MARCH
O protocolo MARCH (M- massive hemorrhage, A- airway, R- respiration, C-
circulation, H- hipothermia/HEAD), nada mais é que uma nomenclatura mnemônica,
do já conhecido XABCDE, bastante disseminado na doutrina de APH-tático. Apesar de
ainda desconhecido por muitos, o sangramento é uma das principais causas de morte
evitável, no mundo, tornando a prioridade do atendimento o controle das grandes
hemorragias que podem levar rapidamente ao óbito. Nesse momento, se houver
qualquer hemorragia que não teve um torniquete aplicado, lembrando que no
ATENDIMENTO SOB FOGO, deve-se aplicar o torniquete, caso seja possível e
necessário, este deve ser colocado imediatamente. Um torniquete aplicado no
atendimento sob fogo, deverá ser revisado. Em cada fase do protocolo será realçado a
letra correspondente, em vermelho, para ser mais clara e de fácil memorização.
Sinal – é um dado objetivo que pode ser observado pelo examinador. Ex: edema,
palidez, cianose, tosse.
Sintoma – é uma sensação anormal, subjetiva, referida pelo paciente, não avaliada
pelo examinador. Ex: dor, náusea.
Sinais e sintomas:
VISUALIZAR O SANGRAMENTO; (para essa fase, recomenda-se a utilização da
técnica de apalpação, iniciando da cabeça, seguindo para os pés)
SUDORESE INTENSA;
PALIDEZ;
PELE FRIA;
RESPIRAÇÃO RÁPIDA (TAQUIPINÉIA);
RIGIDEZ ABDOMINAL;
AGITAÇÃO;
PULSO ACELERADO (TAQUICARDIA);
PRESSÃO BAIXA (HIPOTENSÃO);
SEDE;
FRAQUEZA;
SISTEMA RESPIRATÓRIO
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Antes de chegar até as células, o oxigênio e outros elementos químicos que vem do
ar atmosférico é inspirado e entra nesses órgãos através das vias respiratórias condutoras.
Veja a função de cada um dos órgãos.
Pulmões: O corpo humano possui dois pulmões. Dentro do sistema respiratório, eles
são os órgãos mais importantes e contém cerca de 200 milhões de estruturas
minúsculas, chamadas alvéolos pulmonares. Os pulmões são envolvidos por duas
membranas, chamadas de pleuras. O ar que chega até eles é constantemente renovado,
garantindo o abastecimento contínuo do oxigênio no sangue.
ATENDIMENTO EM CAMPO TÁTICO
Cavidades nasais: As cavidades ou fossas nasais são dois condutos paralelos, separados
por uma parede cartilaginosa, chamada de septo nasal, e revestidos por uma mucosa.
Esse muco é responsável por umedecer as vias respiratórias, além de reter as partículas
sólidas e bactérias presentes no ar inspirado. Os pelos que existem no interior das
cavidades tem a função de filtrar o ar, barrando os germes e retirando as impurezas,
garantindo que o ar chegue limpo até os pulmões. Ainda na cavidade, na parte superior,
estão as células sensoriais, responsáveis pelo olfato.
Faringe: A faringe é um órgão com dupla função, pois além de receber a passagem do
alimento, o ar inspirado também passa por esse canal. Assim, ele é compartilhado entre
o sistema respiratório e sistema digestório. Isso acontece porque em sua extremidade
superior a faringe se comunica com as cavidades nasais e boca, enquanto que nas
extremidades inferiores, o canal comunica-se com a laringe e o esôfago.
MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS
pulmões. Vale ressaltar que o ar não é expulso dos pulmões por completo, pois
uma pequena parte ainda fica dentro dos alvéolos para evitar que haja um
colapso nas finas paredes dos alvéolos. A quantidade de movimentos
respiratórios realizados por minuto corresponde a frequência respiratória (FR).
MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS
PNEUMOTÓRAX
Caso a vítima não responda ao estímulo verbal, deve-se verificar a via aérea para
garantir sua permeabilidade. O exame consiste em ver e retirar objetos, como próteses,
dentes fraturados, alimentos, secreções, sangue ou algo que esteja obstruindo a via e
comprometendo a respiração. Para tal, utilizam-se manobras manuais, como tração da
mandíbula e elevação do queixo.
Porém, o ideal para retirar secreções seria aspirar com cateter de aspiração,
acoplado a uma fonte de vácuo ou aspirador portátil. Para realizar a tração da
mandíbula, colocam-se os dedos indicadores e os dedos médios nos ângulos da
mandíbula para tracioná-la superiormente. Essa manobra afasta o osso hioide e a base
da língua da parede posterior da faringe, abrindo a via aérea. Também permite que a
coluna cervical fique em posição neutra, o que é fundamental para a preservação da
medula espinhal em pacientes politraumatizados. Pode-se utilizar alguns
instrumentos para a permeabilidade das vias aéreas.
Cânulas Nasofaríngeas (CNF): esse dispositivo deve ser escolhido baseado na medida
da ponta do nariz até o lóbulo da orelha. A ponta distal da CNF é lubrificada com gel
anestésico solúvel em água. Em seguida, a CNF é introduzida lentamente em uma das
narinas.
TRATAMENTO DO PNEUMOTÓRAX
Com um ferimento aberto que está coberto, a vítima ainda pode deteriorar-se e ter
um pneumotórax de tensão. Isso ocorre quando o ar esta vazando do pulmão afetado,
continuando assim, a encher o espaço pleural com ar que não pode sair. O próximo
passo é a descompressão torácica. Isso envolve usar uma agulha e um cateter para liberar
o ar preso no espaço pleural. Se o paciente tem um Pneumotórax aberto ou fechado, a
agulha é necessária para salvar a vítima.
Uma descompressão por agulha significa inserir uma agulha longa no segundo
espaço intercostal, na linha média-clavicular. Quando isso é feito corretamente, um som
de ar preso se soltando (similar ao esvaziamento de um pneu) será evidente, e a
condição da vítima melhorará.
VENTILAÇÃO
PROTOCOLO MARCH
CIRCULAÇÃO
PARADA CARDIORESPIRATÓRIA
Ocorre quando uma vítima está inconsciente, com a respiração ausente e sem
pulso central palpável. Nesse caso, deve ser iniciada a ressuscitação cardiopulmonar
(RCP) imediatamente, colocando em prática as medidas a seguir: coloca-se a vítima em
ATENDIMENTO EM CAMPO TÁTICO
PROTOCOLO MARCH
DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA
Na ECG, são avaliados três parâmetros e é atribuída uma pontuação para cada um
deles. São eles: abertura ocular; melhor resposta verbal; e melhor resposta motora:
EXPOSIÇÃO/AMBIENTE
Essa, também, é uma etapa para aperfeiçoar os procedimentos feitos nas outras
etapas, como: reavaliar sinais vitais; ajustar ou colocar torniquete; aquecer a vítima para
evitar a hipotermia (queda importante da temperatura corporal); verificar se há
necessidade de outro procedimento em via aérea; verificar se há necessidade de
reposição volêmica; e prepará-la para o transporte.
TRAUMA DE CABEÇA
Pacientes com fratura de crânio são potencialmente graves e devem ser levados
para uma unidade de atendimento especializado assim que possível. Eles podem
evoluir com alteração do nível de consciência, insuficiência respiratória, vômito,
convulsões e coma. A cabeça do ferido não deve estar em um nível inferior ao restante
do corpo. Se ele estiver inconsciente, deve-se retirar de sua boca alimentos, aparelho
dentário móvel, próteses e outros objetos que possam vir a sufocá-lo. Um acidentado
com lesão na cabeça deverá ser evacuado em maca rígida, na impossibilidade, poderá
ser utilizado um "meio de fortuna" ou uma manta de extricação, preservando-se a
imobilização da cabeça. Durante o transporte de um ferido inconsciente, deve-se
monitorar os sinais vitais constantemente e prevenir a asfixia por secreções, sangue ou
vômitos.
LESÕES DA FACE
Fraturas nasais: As fraturas dos ossos nasais são as fraturas mais comuns da face. Os
sinais desse trauma são deformidades nasal, equimose, edema e epistaxe (sangramento
nasal).
Fratura do terço médio da face: As fraturas do terço médio da face são classificadas da
seguinte maneira:
a) fratura de Le Fort I: lesão horizontal que separa a maxila do assoalho nasal;
b) fratura de Le Fort II: lesão das maxilas direita e esquerda, parte medial do assoalho
orbital e dos ossos nasais; e
c) fratura de Le Fort III: envolve os ossos faciais fraturados fora do crânio (disjunção
craniofacial). Devido às forças envolvidas, essa fratura pode ser associada ao
comprometimento da via aérea, presença de TCE (Traumatismo cranioencefálico),
lesões dos canais lacrimais, má oclusão dentária e vazamento de LCR pelas narinas.
Não serão oferecidos alimentos nem líquidos ao paciente. As facas, metais, estacas
ou qualquer outro objeto que esteja empalado na parede abdominal não serão
retirados, pois isso poderá causar lesão de vasos sanguíneos, vísceras e nervos, piorando
o quadro clínico. O objeto será extraído somente no centro cirúrgico. Para o transporte
imediato, deve-se somente estabilizar o objeto.
Evisceração:
a) não inserir as vísceras de volta (evitar contaminação interna);
b) cobrir gentilmente com gazes úmidas (evitar aderência e contaminação); e
c) cobrir com material não aderente para prevenir o ressecamento.
Objetos empalados:
a) não remover os objetos perfurantes.
b) não mobilizar (evita que a ponta cause lesões internas).
c) cobrir gentilmente com gazes úmidas (evitar aderência e contaminação).
d) fixar o objeto (evita que a ponta cause lesões internas).
CUIDADO TÁTICO DE EVACUAÇÃO
PROTOCOLO MARCH
FRATURAS
Fratura é uma dissolução de continuidade óssea que pode ser completa, quando
há a divisão do osso em duas ou mais partes, ou incompleta, quando há uma fissura
ou rachadura no osso. A fratura deve ser estabilizada, se possível, e o membro deve ser
imobilizado para o transporte.
Uma fratura pode, ou não, apresentar todos esses sinais. Em caso de dúvida, deve-
se creditar ao ferido a vantagem da incerteza e tratar a lesão como se fosse uma fratura.
TIPOS DE FRATURAS
Conquanto não seja o melhor método, um dos meios mais rápidos de imobilizar
uma perna fraturada consiste em atá-la a outra perna não atingida. Acolchoados feitos
com roupas enroladas e lençóis, por exemplo, devem ser colocados entre as pernas. Os
membros inferiores devem ser unidos em vários lugares, acima e abaixo do local da
fratura. Os calçados do ferido não devem ser retirados, mas os seus pés devem ser
atados um ao outro. Fios e cordas não devem ser usados para atar as pernas.
Preferencialmente, utilizam-se cintos, bandoleiras, tiras de pano e de lençóis. O local
fraturado deve ser poupado.
Não se deve movimentar um ferido portador de uma fratura antes que seja
imobilizado de forma conveniente. O transporte deverá ser em padiola, ou similar.
Galhos ou outro material de fortuna devem ser enrolados no cobertor dobrado ou em
algum material amortecedor, de ambos os lados, formando uma calha macia, onde a
perna possa se alojar
Quando possível, o osso fraturado deverá ser imobilizado com talas. Isso reduz a
dor e evita o dilaceramento dos tecidos. Podem ser feitas talas temporárias de
madeira, ramos de árvores, cartolina, revistas, jornais enrolados etc. Estas devem ter
comprimento suficiente para abarcar uma região que se estenda de um ponto acima
da articulação imediatamente superior ao local fraturado, até um ponto abaixo da
articulação imediatamente inferior ao local da fratura.
CUIDADO TÁTICO DE EVACUAÇÃO
FRATURAS PÉLVICAS
A maior parte dos casos de fratura pélvica está acompanhada de lesões associadas,
incluindo lesão cerebral traumática, fratura de ossos longos, lesões torácicas, rotura de uretra,
no segmento masculino, trauma esplênico (trauma no baço), trauma hepático e renal. São
exemplos de fratura pélvica:
a) FRATURAS DE RAMOS: lesão do tipo "montaria em sela". São fraturas isoladas dos
ramos inferior e superior. São pequenas, geralmente não necessitam de intervenção
cirúrgica e não sangram muito. Comuns em pacientes que caem sentados;
CHOQUE
Caso a hemorragia não seja controlada em tempo hábil, haverá morte celular e
óbito. O choque é classificado em três tipos: hipovolêmico, distributivo (ou vasogênico) e
cardiogênico. Pela finalidade de nosso curso, será abordado somente o choque
hipovolêmico, que é a perda de sangue por uma lesão traumática. Há perda de volume,
perda das células do sangue e déficit no transporte de O2 para as células dos órgãos e
tecidos.
a) hemorragia classe I: caracteriza-se pela perda de até 15% de sangue (750 ml), não
havendo repercussão clínica;
b) hemorragia classe II: caracteriza-se pela perda de 15% a 30% de sangue (750 a 1500
ml). Clinicamente, há aumento da FR e aumento da FC. A PA permanece normal. Isso
caracteriza o choque compensado;
c) hemorragia classe III: caracteriza-se pela perda de 30% a 40% de sangue (1.500 a
2.000 ml). Clinicamente, há hipotensão, ansiedade, confusão mental, taquicardia
(aumento da FC), FC maior que 120 batimentos/minuto, taquipneia (aumento da FR) e
FR entre 30 a 40 respirações/minuto. Esse é o choque descompensado; e
d) hemorragia classe IV: caracteriza-se pela perda de mais de 40% de sangue (mais de
2.000 ml). A FC é maior que 140 batimentos/minuto, a FR é maior que 35 respirações por
minuto e a hipotensão é severa. Geralmente, a pressão sistólica fica na faixa de 60 mm
Hg, havendo presença de confusão profunda ou letargia. Esse é o choque grave.
As lesões no olho e na órbita são comuns em traumas de face. Nesse caso, uma
lesão do globo ocular deve sempre ser considerada, mesmo sem ser perceptível.
Queimaduras de espessura total com lesão de tecido profundo (quarto grau): Esse
tipo de queimadura acomete todas as camadas da pele, tecido celular subcutâneo,
músculos, ossos e órgãos internos. É extremamente grave e incapacitante. As áreas a
serem desbridadas são extensas, levando a grandes deformidades.
Segundo Jones & Bartlett LEARNING (2016), são sintomas de intoxicação por monóxido
de carbono:
a) leves: dor de cabeça; fadiga; e náuseas.
b) moderados: dor de cabeça intensa; vômito; confusão; torpor/sonolência; aumento da
frequência cardíaca e frequência ventilatória.
c) graves: convulsões; coma; parada cardiorrespiratória; e morte.
As áreas queimadas devem ser cobertas com curativos estéreis, não aderentes e
bandagens. Não se deve colocar medicamentos tópicos para não atrapalhar a inspeção
das lesões por especialista em ambiente hospitalar. O paciente deve ser coberto com
manta ou cobertor para controlar a temperatura corporal. Após realizar as medidas
acima, o paciente encontra-se pronto para o transporte.
confronto, assim sendo, sempre que possível deve-se utilizar um dos operadores para
realizar a segurança da equiope e do local, tanto durante os deslocamentos, quanto nos
locais onde a equipe estacionar, ainda, é de suma importância que o local onde esteja
previstra a extração dos feridos e/ou equipe, esteja bem sinalizada.
AUTOR:
ARISOEL DE ANDRADE
Bel. Direito (Univali 2015);
Tec. Preservação da ordem pública (ESAF PMSC 2019);
Pós-graduação APH-TÀTICO Policial Militar (Verbo Jurídico 2022);
Sgt PMSC desde 2006.
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