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Pessoal Policial-Militar
M-6-PM
1ª EDIÇÃO
2021
Manual de Defesa
Pessoal Policial-Militar
M-6-PM
1ª EDIÇÃO
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
ISBN
CAPÍTULO I
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
1.1. FINALIDADE
A defesa pessoal constitui um conjunto de técnicas corporais simples, tendo como base as
artes marciais, visando a proteção pessoal e a neutralização de ataques. Portanto, o Treinamento
de Defesa Pessoal Policial-Militar (TDPPM) tem a finalidade de capacitar os policiais militares na
prática da autodefesa, especialmente em situações de conflito e risco. Durante o TDPPM, os
policiais militares aprendem técnicas de imobilização, abordagem, estrangulamento, uso da tonfa
e outras, que auxiliam na realização da atividade de polícia ostensiva e de preservação da ordem
pública.
Ao utilizar técnicas de defesa pessoal, o policial militar deve observar os princípios
norteadores da atividade de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública, cuidando da
própria integridade física, da sua equipe e de terceiros.
Salienta-se que é contraindicado o uso das técnicas descritas neste manual por indivíduos
que não atuam no setor de segurança pública e que não sejam treinados para lidar com situações
adversas.
Nesse sentido, a posição inicial ideal para aplicação de técnicas de defesa pessoal é a
posição ortostática, ou seja, com as pernas em posição anteroposterior, de modo que o coldre
esteja à retaguarda (conforme figura 1).
Figura 1 - Postura Inicial.
CAPÍTULO II
TÉCNICAS BÁSICAS DE QUEDA
2.1. FINALIDADE
As técnicas de queda do Treinamento de Defesa Pessoal Policial-Militar (TDPPM) foram
adaptadas de diferentes disciplinas marciais e têm a finalidade de proteger o corpo, em especial,
determinadas partes, como a coluna, a cabeça e o pescoço. As técnicas de queda buscam
dispersar a energia cinética por meio de posições e movimentos que reduzem o impacto com o
solo. Portanto, o domínio delas é de fundamental importância para o policial militar.
2.2.1. ESTÁGIO 1
A partir da posição de genuflexão (ajoelhado, conforme figura 2, posição 1), o policial
militar desloca o corpo à frente (queda em decúbito ventral), tocando o solo com as duas mãos à
frente do rosto, formando um triângulo com os antebraços, de maneira que proteja o rosto e a
cabeça, durante a queda (conforme figura 2, posição 2).
2.2.2. ESTÁGIO 2
A partir da posição agachada (conforme figura 3, posição 1), o policial militar desloca o
corpo à frente, de maneira a cair em decúbito ventral, estendendo os joelhos, tocando o solo com
as duas mãos à frente do rosto, formando um triângulo com os antebraços, de maneira que
proteja o rosto e a cabeça, durante a queda (conforme figura 3, posição 2).
Figura 3 - Queda para frente (Estágio 2).
2.2.3. ESTÁGIO 3
A partir da posição em pé (conforme figura 4, posição 1), o policial militar desloca o corpo
à frente, lançando-se em decúbito ventral contra o solo, tocando-o com as duas mãos à frente do
rosto, formando um triângulo com os antebraços, de maneira que proteja o rosto e a cabeça,
durante a queda (conforme figura 4, posição 2).
2.3.1. ESTÁGIO 1
A partir da posição sentado (conforme figura 5, posição 1), o policial militar desloca o
tronco para trás, em direção ao solo (queda em decúbito dorsal), mantendo o queixo junto ao
peito, de maneira que proteja a cabeça durante a queda. Deve, ainda, utilizar os antebraços em
apoio contra o solo, enquanto ergue as pernas, mantendo um ângulo de 90º em relação ao tronco,
no momento em que esse toca o chão (conforme figura 5, posição 2), para proteger a coluna e
reduzir o impacto da queda.
Figura 5 - Queda para trás (Estágio 1).
2.3.2. ESTÁGIO 2
A partir da posição agachado (conforme figura 6, posição 1), o policial militar desloca o
corpo para trás, estendendo os joelhos e caindo em decúbito dorsal. Mantém-se o queixo junto
ao peito, de maneira que proteja a cabeça durante a queda. Deve, ainda, utilizar os antebraços em
apoio contra o solo, enquanto ergue as pernas, mantendo um ângulo de 90º em relação ao tronco,
no momento em que esse toca o chão (conforme figura 6, posição 2), para proteger a coluna e
reduzir o impacto da queda.
2.3.3. ESTÁGIO 3
A partir da posição em pé (conforme figura 7, posição 1), o policial militar se movimenta
para trás, lançando o tronco contra o solo e caindo em decúbito dorsal. Mantém-se o queixo junto
ao peito, de maneira que proteja a cabeça durante a queda. Deve, ainda, utilizar os antebraços em
apoio contra o solo (conforme figura 7, posição 2), enquanto ergue as pernas, mantendo um
ângulo de 90º em relação ao tronco, no momento em que esse toca o chão, protegendo a coluna
e cabeça.
Figura 7 - Queda para trás (Estágio 3).
2.4.1 ESTÁGIO 1
A partir da posição de joelhos (conforme figura 8, posição 1), o policial militar posiciona
uma das mãos no solo e rola o corpo por cima do ombro oposto (conforme figura 8, posição 2),
parando em posição de decúbito lateral (posição de queda lateral, ver tópico 2.6).
Figura 8 - Rolamento para frente (Estágio 1).
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2.4.2 ESTÁGIO 2
A partir da posição agachado (conforme figura 9, posição 1), o policial militar posiciona
uma das mãos no solo e rola o corpo por cima do ombro oposto (conforme figura 9, posição 2),
parando em posição de decúbito lateral (posição de queda lateral, ver tópico 2.6).
Figura 9 - Rolamento para frente (Estágio 2).
2.4.3. ESTÁGIO 3
A partir da posição em pé (conforme figura 10, posição 1), o policial militar posiciona uma
das mãos no solo e rola o corpo por cima do ombro oposto (conforme figura 10, posição 2),
parando na posição em pé.
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solo, enquanto apoia o antebraço equivalente contra o solo e mantém o queixo junto ao peito
(conforme figura 12, posição 2).
Figura 12 - Queda lateral.
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CAPÍTULO III
TÉCNICAS BÁSICAS DE DEFESA E DE PROJEÇÃO
3.1. FINALIDADE
As técnicas de defesa e projeção visam impedir uma situação de extrema violência, de
modo que o policial militar, ao se deparar com a necessidade de conter rapidamente um indivíduo
já em situação criminosa e/ou em estado hostil, seja capaz de desestabilizar a postura do agressor
e controlá-lo no chão, reduzindo a margem de possibilidade de resistência e ataques, protegendo
inclusive o próprio sujeito contido.
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3.6. RASTEIRA
Com a mão mais fraca, o policial militar segura o braço oposto ou a manga da roupa do
indivíduo (se com a mão direita, deve apanhar o braço esquerdo e vice-versa) e puxa seu tronco,
conduzindo-o no sentido descendente, enquanto usa o pé (equivalente à mão que faz o
movimento de agarrar, isto é, se mão direita, pé direito e vice-versa) para realizar a varredura na
base do indivíduo, pelo mesmo lado em que foi segurado (conforme figura 17, posição 1).
Figura 17 - Rasteira.
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CAPÍTULO IV
TÉCNICAS BÁSICAS DE ATAQUE
4.1. FINALIDADE
As técnicas de ataque visam neutralizar um agressor, de maneira rápida e efetiva, por meio
de golpes que o incapacite temporariamente. A execução adequada das técnicas, incluindo o
posicionamento e os pontos corretos a serem atingidos, permite que cada golpe proporcione ao
policial militar o controle rápido da situação. Cada técnica de ataque pode ser combinada com
outras, sem interrupções, que reduzam a possibilidade de falha na execução e neutralizem
possíveis agressões e/ou resistências.
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4.5. COTOVELADA
Quando estiver próximo do indivíduo, o policial militar flexiona o antebraço, posicionando
a mão próximo ao peito, e realiza um movimento de rotação do tronco e do ombro, de maneira a
golpear o agressor com a ponta do cotovelo (conforme figura 25, posição 2).
Figura 25 - Cotovelada.
4.6. JOELHADA
Quando próximo ao indivíduo, o policial militar levanta a perna (conforme figura 26,
posição 1), mantendo o joelho flexionado e movimenta a cintura para frente, de maneira a golpeá-
lo com o joelho (conforme figura 26, posição 2).
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Figura 26 - Joelhada.
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CAPÍTULO V
IMOBILIZAÇÕES
5.1. FINALIDADE
As técnicas de imobilização foram desenvolvidas em diversas disciplinas marciais e visam
dominar um indivíduo por meio da contenção de movimentos, pressões, chaves e torções das
articulações. A finalidade é imobilizar o agressor/criminoso, contendo o estado violento dele e
perigoso para os todos envolvidos na ação policial, seja impedindo movimentos, seja imprimindo
dor controlada.
As técnicas de imobilização pressupõem um conhecimento mínimo da anatomia corporal,
incluindo movimentação das articulações e posição, bem como controle do centro de gravidade
e estabilidade.
5.2. ALGEMAMENTO
A algema é um instrumento de controle de movimentos, composto por partes móveis e
imóveis, usada nas atividades de segurança pública para conter ou conduzir indivíduos presos em
casos de resistência ou fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física, própria ou alheia,
conforme reza a Súmula Vinculante n.º 111 do Supremo Tribunal Federal.
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No ordenamento jurídico brasileiro, denomina-se súmula a interpretação pacífica ou majoritária adotada por um
Tribunal a respeito de um tema específico, a partir do julgamento de diversos casos análogos, com a dupla finalidade
de tornar pública a jurisprudência para a sociedade bem como de promover a uniformidade entre as decisões. O
instituto da Súmula Vinculante decorre da Emenda Constitucional 45, que acresceu o artigo 103-A da Constituição da
República Federativa do Brasil, tendo seu regulamento outorgado pela Lei 11.417/2006.
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CAPÍTULO VI
TÉCNICAS DE DEFESA COM EQUIPAMENTOS
6.1. FINALIDADE
A atividade policial militar torna necessário o uso de diversos tipos de armamento e
equipamentos, tais como armas de fogo, armas de menor potencial ofensivo, algemas,
fardamento e etc.
As disciplinas marciais consideram, como extensão do corpo, todo e qualquer recurso que
possa ser segurado e manipulado diretamente contra um indivíduo. Desse modo, é possível
utilizar, como objeto de combate corpo a corpo, diferentes tipos de equipamentos e armas,
quando em situações de extrema necessidade. Da mesma maneira, um agressor pode utilizar
ataques com objetos e armas brancas ou de impacto, fazendo concluir que noções de combate
para sobrevivência se tornam essenciais à atividade policial militar.
A defesa policial militar com equipamentos inclui as noções de combate com armas de
menor potencial ofensivo (tonfa, bastão retrátil, etc.) e o uso de equipamentos em geral (arma,
coldre, fardamento, colete).
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6.3. DESVENCILHAMENTO
Diante de uma tentativa de saque da arma do coldre policial militar por terceiros (conforme
figura 36, posições 1 e 3), o policial militar realiza pressão descendente por cima da mão do
indivíduo (conforme figura 36, posição 1), mantendo a arma retida dentro do coldre, enquanto
utiliza a mão livre para golpear a região do pescoço ou nariz do mesmo (conforme figura 36,
posição 2). No caso de um ataque por trás, o policial militar pode girar e golpear com o cotovelo
(conforme figura 36, posições 3 e 4).
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CAPÍTULO VII
BASTÃO RETRÁTIL
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CAPÍTULO VIII
BASTÃO TONFA
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b. Tipo cassetete
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8.5.1. FINALIDADE
O conjunto de técnicas básicas de tonfa prima pela simplicidade e eficácia, elencando
movimentos de combate que podem ser aprendidos com relativa facilidade e aplicados no
contexto do serviço de polícia ostensiva com razoáveis possibilidades de sucesso. As técnicas
básicas devem atender aos princípios do uso da tonfa, como pegada e posição corretas, distância
adequada e utilização do movimento do corpo. A partir dessas noções, um treinamento básico
pode ser corretamente desenvolvido com eficientes resultados práticos.
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Na posição básica, a tonfa pode ser empunhada como na figura acima ou em qualquer das
outras modalidades de empunhadura. É importante que o policial militar se atente à firmeza
necessária para a empunhadura, para evitar que seu equipamento seja tomado de surpresa por
eventuais agressores. Determinadas situações, como o Policiamento Ostensivo de Controle e
Massas, podem exigir uma postura com alinhamento dos pés, o que não interfere na posição
básica, embora a posição anteroposterior permita uma reação mais rápida, além de maior
estabilidade na postura.
A posição básica é, ainda, uma postura prévia em relação à postura combativa em guarda,
em que a ameaça já se faz clara e a agressão iminente, isto é, a posição básica é expectante,
mantendo as características da postura policial e atenção ao ambiente. O saque da tonfa deve ser
feito a partir da empunhadura, sendo portada no cinto de guarnição em posição oposta à mão
forte. Ao sacar a tonfa, o policial militar deve estar preparado para fazê-lo com movimento de
arremate (defendendo-se, se preciso) assumindo em seguida a posição básica ou em guarda
(conforme figura 51).
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• Defesa para fora em relação ao plano sagital: na posição básica, bloqueie, para fora,
com o braço em posição vertical, com a tonfa protegendo o antebraço;
• Defesa para baixo: na posição básica, bloqueie em diagonal para baixo, à frente do
corpo, fazendo um movimento de varredura para fora com a tonfa protegendo o antebraço.
Figura 56 - Defesa acima da cabeça, para dentro, para fora e para baixo.
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Com um nível superior de refinamento técnico, é possível converter essas defesas em uma
condução do golpe recebido.
Na defesa para fora, o golpe lateral pode ser conduzido a partir de um movimento que
parte da posição de bloqueio e segue para a posição de defesa acima da cabeça, continuando
como movimento de recolhimento do antebraço, similar a uma cotovelada.
Na defesa para dentro, a partir da posição de bloqueio o operador da técnica executa o
movimento de defesa para baixo. Para essas variações mais avançadas, o policial militar executa
os movimentos progressivos no momento exato de contato do golpe recebido com a tonfa,
aproveitando a energia do movimento do agressor. Tais movimentações exigem treinamento
específico e repetido para domínio adequado.
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Segurando a empunhadura com uma das mãos e o corpo maior da tonfa com a outra,
direcione a tonfa em posição vertical à esquerda. A posição pode ser executada tanto com a mão
forte abaixo, quanto com a mão forte acima, variando conforme a necessidade (conforme figura
57).
Figura 57 - Defesa frontal à esquerda.
Segurando a empunhadura com uma das mãos e o corpo maior da tonfa com a outra,
direcione a tonfa em posição vertical à direita (conforme figura 58). A posição pode ser executada
tanto com a mão forte abaixo quanto com a mão forte acima, variando conforme a necessidade.
Figura 58 - Defesa frontal à direita.
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As defesas frontais à esquerda e à direita podem ser executadas de formas variadas, seja
com a mão forte abaixo, seja com a mão forte acima. Em qualquer caso, a tonfa deve estar em
posição vertical ou diagonal, de maneira a proteger, principalmente, a cabeça do operador da
técnica.
As defesas frontais para a direita e para a esquerda podem ser utilizadas em angulação de
aproximadamente 45º (diagonal) para defender um golpe que vem por cima, de maneira a
dissipar a energia cinética para os lados e possibilitar um contragolpe rápido. Quando se utilizar
defesas frontais, a partir das empunhaduras tipo cassetete ou martelo, o policial militar deve
observar para não expor os dedos ao golpe recebido.
Segurando a empunhadura com uma das mãos e o corpo maior da tonfa com a outra,
direcione a tonfa em posição horizontal para cima (conforme figura 59).
Assim como as defesas acima da cabeça, para baixo, para dentro e para fora (com um
braço), as defesas frontais também podem ter evoluções para condução dos golpes recebidos.
Para tanto, quando houver o contato do golpe com a tonfa, o policial militar converte a posição
de defesa frontal realizada, mantendo a mesma empunhadura, para a posição subsequente mais
confortável no sentido horário ou anti-horário.
Assim, por exemplo, ao receber um golpe por cima, o policial executa defesa frontal acima
e, no momento do contato, converte sua posição para o lado direito ou esquerdo, direcionando o
golpe para o lado. Se receber um golpe à direita, executa a defesa frontal à direita e converte para
a posição de defesa frontal abaixo ou acima.
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Segurando a empunhadura com uma das mãos e o corpo maior da tonfa com a outra,
direcione a tonfa em posição horizontal para baixo (conforme figura 60).
Na defesa frontal abaixo, a parte superior do corpo do policial militar fica exposta a golpes
por cima, devendo estar atento a esta possibilidade para aplicar, se necessário, outra defesa. Nessa
posição, o contragolpe mais confortável se dá pela execução de ataque em posição de defesa
frontal (conforme tópico 8.5.8.7).
A defesa para baixo pode ser aplicada, de maneira mais ofensiva, contra, por exemplo, um
chute frontal, de modo que o policial militar execute a defesa como movimento de ataque contra
a articulação do pé ou a parte medial da tíbia do agressor.
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O ataque em posição de defesa frontal deve ser executado utilizando a força de ambas as
mãos, buscando, preferencialmente, a área do rosto do indivíduo ou, ainda, empurrando-o para
ganhar espaço. A partir desse ataque, o policial militar pode progredir para outras técnicas
ofensivas, a fim de dominar o indivíduo.
conhecimento das técnicas básicas. O policial militar pode, ainda, especializar-se no manejo do
armamento pela prática de artes marciais específicas e dar continuidade a seu treinamento
avançado, desenvolvendo novas formas de aplicação de técnicas e movimentos.
O treinamento avançado com a tonfa envolve o estudo e prática dos princípios de DPPM,
de modo que o Treinamento Técnico Aplicado, também, deve ser utilizado para aperfeiçoamento
e avaliação da capacidade de o policial militar realizar DPPM com o uso do bastão tonfa.
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b. Guarda Longa
Figura 63 - Posição de guarda longa.
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Golpes na área inferior, como um soco contra a região abdominal, podem ser defendidos
com as defesas para baixo. Contra um soco direto, o policial militar executa defesa para baixo,
conduzindo o agressor para a lateral, expondo o seu flanco (região das costelas e lateral da cabeça)
a contragolpes com a tonfa, como a estocada curta.
Quando surpreendido, o policial militar pode usar a mão livre para defesa, devendo utilizar
a tonfa como veículo de contragolpe. Nos casos de defesas contra agressões diretas, o policial
militar deve avançar e golpear sucessivamente até o domínio da situação.
8.6.5. ESTRANGULAMENTO
Seguindo os mesmos princípios de execução da imobilização pelo pescoço (tópico 5.5), o
policial militar, posicionado atrás do agressor e empunhando a tonfa em guarda longa ou tipo
cassetete, posiciona o corpo maior da ferramenta, junto ao pescoço do indivíduo, na região da
traqueia. Em seguida, envolve com o braço livre a ponta do corpo maior da tonfa e posiciona a
mão livre na região da nuca do agressor, executando pressão no pescoço com a tonfa e o braço
(conforme figura 68).
Nos estrangulamentos, com mãos livres ou com o apoio de armas, é essencial que o
aplicador da técnica se mantenha estável em seu equilíbrio e o indivíduo tenha a postura
quebrada pelo movimento. Isso pode ser feito puxando-o para trás ou com um chute leve na
região posterior da articulação do joelho, antes do encaixe do golpe.
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Figura 68 - Estrangulamento.
Os estrangulamentos são técnicas de imobilização eficazes para fazer cessar uma agressão
ou resistência. É importante considerar o risco ao se executar tais técnicas, procurando o controle
imediato da situação e o subsequente algemamento, a fim de liberar, o mais rapidamente
possível, as vias aéreas e de circulação do indivíduo contido.
O estrangulamento com a tonfa, em qualquer das suas variações, incluindo outras não
descritas neste documento, oferece o risco adicional de uma lesão nas estruturas da região do
pescoço, tendo em vista que a tonfa é um objeto rígido e que, por sua forma e pela configuração
do golpe, exige menor esforço para exercer a mesma ou maior pressão em relação ao
estrangulamento com as mãos livres. Dessa maneira, o policial militar deve estar bem treinado na
execução da técnica, conhecendo seus limites e o potencial de lesão.
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Assim como nas técnicas anteriores, o estrangulamento em “x” exige que o indivíduo seja
desequilibrado pelo movimento, sendo esse um princípio essencial das técnicas de imobilização
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Quando executado por apenas um policial militar, é importante que atente para manter
seu coldre distante do indivíduo. No caso de uma reação da pessoa conduzida, é preciso evitar a
tomada da arma. Se for necessário sacar a arma de fogo, é preciso fazê-lo com esta desobstruída.
A chave em “L” deve ser executada com pressão em alavanca no braço e antebraço do elemento
conduzido. Se a pressão para baixo for realizada no ombro, o indivíduo pode usar a força do tronco
para levantar a postura e sair da imobilização e, no caso da aplicação da chave em “L” com as mãos
livres, pode ser utilizada uma técnica contra a imobilização realizada pelo policial militar,
enquanto, no caso da tonfa, o operador pode ter seu equipamento tomado pelo agressor.
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Levando-o para cima, o policial militar utiliza, com a mão livre, a empunhadura no corpo menor
da tonfa, executando uma chave de pressão no antebraço do detido (conforme figuras 80 e 81).
As conduções de detido exigem que ele esteja dominado ou menos agressivo/ resistente.
Caso haja agressão ou grande resistência, será preciso, antes da aplicação da condução, dominá-
lo, a fim de que o policial militar não seja atingido durante a execução da técnica de condução.
Essa técnica pode ser realizada por dois policiais simultaneamente, a fim de aumentar a eficiência
da contenção (conforme figura 82).
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Em qualquer caso de defesa de faca ou outra arma branca, o policial militar deve manter o
controle da mão do agressor, podendo usar chaves de punho ou conversões para algemamento.
É possível utilizar a tonfa como suporte para alavanca contra o braço, para pressionar a articulação
do cotovelo do indivíduo, ou alavanca articular (cotovelo dobrado) para girá-lo e deitá-lo de
bruços. Caso o policial militar não domine bem esse movimento, é importante que segure o braço
do indivíduo, se este resistir, ou mantenha a arma branca em punho, golpeando a mão ou
antebraço dele para que a solte.
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8.8. TREINAMENTO
8.8.1. REPETIÇÃO
O método de treinamento com armas, em qualquer disciplina marcial, exige o
desenvolvimento de capacidades físicas que envolvam o domínio dos movimentos e posições
corretos. Para tanto, utiliza-se largamente de treinos de repetição de movimentos. Além de
constituir um exercício físico complementar à prática do Treinamento Físico Militar, o treinamento
com o bastão tonfa, por meio de repetições e correções, confere ao operador a habilidade
indispensável à eficiência da técnica.
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CAPÍTULO IX
TREINAMENTO TÉCNICO APLICADO
9.1. FINALIDADE
O treinamento repetido e com correção dos princípios, das técnicas básicas e avançadas,
deve ser complementado pelo treino livre, consistindo em verificação da capacidade e das
habilidades do operador em situações simuladas. Algumas das situações previstas no
Treinamento Técnico Aplicado em Defesa Pessoal podem ser solucionadas com aplicação das
técnicas de tonfa, a fim de que o operador seja testado nos princípios de DPPM aplicados à
capacidade de manejo e aplicação tática desse equipamento. Outras situações podem ser criadas
para esse fim, a partir dos exemplos abaixo relacionados, de acordo com a avaliação das
necessidades de aprendizagem realizada pelo instrutor.
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exigindo que o policial militar trabalhe com a tonfa em punho, o que abre caminho mais direto
para o uso desse equipamento.
Nas situações de avanço em grupo e defesa contra multidões em bloco, seguir-se-á
protocolo firmado para Policiamento Ostensivo de Controle de Massas, que não é objeto de
estudo do presente documento.
No entanto, nessas situações, é possível haver agressões individuais, utilizando momentos
de surpresa, contra os policiais militares durante momentos sem distúrbio. Nesses casos, o policial
militar agredido pode usar a tonfa para defender-se, estando o companheiro de equipe atento
para a intervenção em apoio.
Assim, enquanto o policial militar procede na defesa e contenção, o companheiro de
equipe pode aproximar-se lateralmente ou pelas costas do indivíduo, aplicando técnica de
estrangulamento. No caso específico da técnica de estrangulamento (em qualquer variação) com
tonfa, a transição para a posição de algemamento deverá ser realizada pelo companheiro, que
guarnecerá seu equipamento e fará a transição com as mãos livres para executar o algemamento
de maneira segura. O operador da técnica, que aplicar o estrangulamento, manterá a posição até
confirmar que o companheiro dominou o agressor.
Essa situação permite uma ampla gama de possibilidades, que vão desde técnicas
ofensivas até imobilizações gradativas, adaptadas ao tipo de agressão sofrida, cabendo ao policial
militar a seleção, aplicação e observação dos princípios envolvidos, sobretudo a segurança e a
atuação em equipe.
a) Exemplo: Manifestante tentando agredir o policial militar durante evento.
b) Objetivos: Defender-se das agressões utilizando a tonfa; neutralizar o elemento hostil;
algemar e conduzir.
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REFERÊNCIAS
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______. Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários
Responsáveis pela Aplicação da Lei. Adotados pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas para
a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes, realizado em Havana, Cuba, de 27 de
agosto a 7 de setembro de 1999.
______. Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva do Código de Conduta para os
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei. Adotados pelo Conselho Econômico e Social.
Resolução 1989/61, de 24 de maio de 1989.
______. Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes. Assembleia Geral das Nações Unidas, XL Sessão, realizada em Nova York em 10 de
dezembro de 1984.
PARÁ. Polícia Militar do Estado do Pará. Portaria 001/EME: Manual de Procedimentos e Ordem
Unida com o Bastão Policial Tipo II (Tonfa). Belém: Centro de Formação e Aperfeiçoamento de
Praças, 2010.
SANTANA, Roberto Vasques de. A Tonfa no Brasil. Revista MAGNUM, São Paulo, ed. 75, p. 48-50,
out./nov., 2001.
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