Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2009-2010
30 Agosto de 2010
ii
TABLE DES MATIERES
I. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 1
II. CONTEXTO POLÍTICO, INSTITUCIONAL, ECONÓMICO E SOCIAL .............................................................................. 2
iii
SIGLES ET ABREVIATIONS
iv
SAB Sector Autónomo de Bissau
SIGFIP Sistema Integrado da Gestão das Finanças Publicas
SYDONIA Sistema de Gestão Automatizada Aduaneira
SIGADE Sistema Integrado da Gestão da Divida
SIDA Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
SMI Saúde Materno Infantil
SNU Sistema das Nações Unidas
TMI Taxa de Mortalidade Infantil
TLE Taxa Líquida de Escolarização
UCP Unidade Central de Compras
UEMOA União Económica e Monetária da África Ocidental
UNIOGBI Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Segurança
VIH Vírus de Imunodeficiência Adquirida
MDRI Multilateral Debt Reduction Initiative
v
Agradecimentos
É-nos oportuno e expressamente agradável, agradecer ao PNUD, BM, e ao BAD pela assistência
disponibilizada na preparação do presente RELATÓRIO.
Congratulamo-nos pelo facto dos esforços do Governo em assegurar uma governabilidade efectiva,
de acordo com os imperativos da vida política e económica nacional, terem merecido uma atenção
especial dos nossos parceiros de desenvolvimento.
Apesar dos sucessos até aqui registados, as dificuldades ainda continuam. É neste sentido, que
solicitamos a manutenção da vontade política, da compreensão e do empenho que animaram a nossa
actuação conjunta, e apelamos a solidariedade activa dos nossos parceiros de desenvolvimento no
apoio aos nossos esforços para assegurar uma completa viragem da página para inscrever o país na
via da estabilidade, do crescimento económico durável e da redução da pobreza.
O Governo
vi
I. INTRODUÇÃO
O DENARP preconizou uma taxa de crescimento de 5%, um objectivo bastante ambicioso que
exigia recursos importantes. Porém, tendo em conta o estado precário das finanças públicas, o alto
nível do endividamento e dos atrasados, a maior parte desses recursos provinha, necessariamente do
exterior e, essencialmente, sob forma de recursos concessionais. Porém, os recursos foram
inferiores as reais necessidades e, consequentemente, a execução do DENARP, incluindo no
período 2009-2010, limita-se à implementação das actividades cujos financiamentos se
encontravam disponíveis. Todas estas actividades estão em conformidade com o DENARP mas,
efectivamente, foram as fontes externas que determinaram, em certa medida, o que foi possível
fazer. Isto constitui um exemplo de donor-driven em vez de country-driven, tal como recomenda a
Declaração de Paris. De forma geral, constata-se que foi consagrada maior importância a defesa e
segurança a gestão macroeconómica em detrimento dos sectores sociais.
1
Este relatório contém os capítulos sobre as “lições apreendidas” e as recomendações na perspectiva do novo DENARP (DENARP
II). Assim, o conteúdo desses capítulos não foi repetido propositadamente, neste relatório.
1
É neste ambiente que o presente relatório pretende descrever os avanços conseguidos nos quatro
pilares do DENARP I. Nesta perspectiva, o relatório contem quatro sessões, incluindo esta parte
introdutória. Na segunda, descreve-se o contexto político, institucional, económico e social que
condicionou a implementação do DENARP I, particularmente durante o período 2009-2010. Na
terceira sessão, faz-se um sumario dos progressos alcançados na implementação das acções nas
diferentes áreas do DENARP I, durante o mesmo período. Finalmente, a quarta e última sessão
apresenta um resumo da conclusão e dos desafios para o futuro. O documento ainda contém dois
anexos, o primeiro refere-se aos quatro pilares do DENARP I e o segundo apresenta um quadro
sobre o seguimento dos indicadores dos OMD, incluindo os dados do recente inquérito
MICS4/IDSR.
Na década de 2000, o país não foi capaz de superar a instabilidade política e institucional gerada
pelo conflito político militar de 1998-99. A permanente incerteza política, a sucessão de governos
que, em média, não completam dois anos de governação, resultaram na incapacidade de dar
continuidade às políticas e aos programas de governo. Um dos principais problemas tem sido a
interferência dos militares no processo político. Esta instabilidade foi objecto de atenção da
comunidade internacional (traduzida na adopção do Quadro Estratégico para a Consolidação da
Paz, em 1 de Outubro de 2008 e da Resolução 1876 (29) do Conselho de Segurança de 26 de Junho
de 2009).
Apesar de alguns sinais positivos, várias manifestações desta instabilidade tiveram lugar em 2009 e
2010. As eleições legislativas de Novembro de 2008 determinaram a constituição de uma maioria
parlamentar, enunciando, desta forma, um certo retorno à estabilidade governativa para um período
de, pelo menos, 4 anos. Com a nomeação de um novo Governo em Janeiro de 2009, a Guiné-Bissau
marcou, desde os meados desse mesmo ano, uma verdadeira ruptura com o passado. O Governo
mostrou-se preparado a conduzir uma governação económica criteriosa e eficiente, bem como a
garantir uma melhoria progressiva das condições de vida das populações.
Um outro factor que marca o contexto político institucional e que constitui um factor de
instabilidade é o prosseguimento de actividades ligadas ao tráfico de droga. Depois de 2006, os
narcotraficantes usaram a Guiné-Bissau como placa giratória de estupefacientes para outros
destinos, nomeadamente a Europa. A ameaça que os narcotraficantes constituem e a influência
nefasta que eles exercem são tão grandes que, coloca em perigo tanto o Estado de Direito como a
ordem constitucional. Este tráfico tem causado enormes prejuízos à governação e à imagem externa
do país, vis-à-vis à comunidade internacional e tem dificultado o combate ao fenómeno de
corrupção que afecta o aparelho do Estado.
Consciente da situação atrás referida, a grande maioria da opinião pública nacional mostra-se
favorável à vinda ao país de uma força internacional de estabilização, que apoiará as reformas no
seio das forças armadas, assim como lutar contra o narcotráfico.
Contexto económico
O crescimento do PIB atingiu 3%, em 2009, menor do que o observado em 2008 (3,2%) mas
superior a todas as expectativas de início do ano. Para 2010, com a recuperação do preço da
castanha de cajú, o aumento do consumo interno e o crescimento de investimentos na área de
construção civil, espera-se o aumento da taxa de crescimento económico para patamares próximos
dos 4 %.
Os efeitos da crise internacional, se bem que adversos, foram menos negativos do que os esperados.
A baixa do preço da castanha de caju no mercado mundial teve como consequência uma redução
importante do preço ao produtor em 2009. Apesar de um crescimento notável do volume das
exportações (135,5 mil toneladas em 2009, contra 109,6 mil em 2008 e 96,1 mil em 2007), as
receitas de exportação do país (onde a castanha de caju representa mais de 90%) conheceram em
2009 uma contracção na ordem de 10% em relação ao nível de 2008. Em 2010, espera-se uma
ligeira redução do volume de exportação ao recorde atingido em 2009.
Quanto ao endividamento, a Guiné-Bissau continua com uma situação insustentável da sua dívida 2;
o país não esteve em condições de reembolsar as dívidas vencidas e os atrasados se foram
2
A analise sobre a sustentabilidade da dívida, feita no final de Dezembro de 2008, realizado pelo FMI e BM (IDA) esta
disponível no Site do FMI/Relatório do País No. 10/117, Maio 2010.
3
acumulando, tanto para a dívida externa como para a interna. O país atingiu o ponto de decisão da
iniciativa PPTE em 2000. Tem desenvolvido esforços para alcançar o ponto de conclusão da
iniciativa PPTE e IADM de algum tempo a esta parte, sem contudo conseguir performances que a
elegeriam à essa condição. Entretanto, em 2010, parece haver fortes perspectivas para se atingir o
ponto de conclusão. Um primeiro gesto de alívio da dívida teve lugar em Julho de 2010 pelos
credores do Clube de Paris. Porém, esse alívio não abrange os credores multilaterais ou os países
que não são membros do Clube de Paris. Alcançar o ponto de conclusão, permitiria ao país
beneficiar de uma redução geral que poderá ser da ordem de 700 à 800 milhões de dólares
americanos da dívida externa face ao conjunto dos credores multilaterais e bilaterais. Este
apuramento daria um sinal positivo aos potenciais investidores estrangeiros e ainda pouparia o
desembolso de cerca de $ US 50 milhões em 2011-2013 a título de serviço de credores multilaterais
como o BM e o BAD.
O SNU, através dos seus diferentes programas, fundos e agências desempenhou um papel
estratégico na implementação de DENARP. Depois do ano 2009, a missão UNIOGBIS adquiriu
uma capacidade mais robusta de apoiar as reformas dos sectores da defesa, segurança e Justiça,
incluindo no domínio do combate ao tráfico de pessoas narcotráfico e crime organizado.
Contexto social
Os indicadores sociais da Guiné-Bissau encontram-se entre os mais baixos, mesmo no seio dos
PMA. Estes indicadores e a performance da Guiné-Bissau em relação aos OMD foram resumidos
no primeiro relatório de seguimento (Anexo 4) não tendo sido, por isso, retomados neste. Um
inquérito (MICS/IDSR) sobre os principais indicadores sociais terminou recentemente (Julho de
2010). Os resultados deste inquérito estão a ser analisados, encontrando-se reflectidos no presente
relatório alguns dados preliminares. Para resumir, pode-se dizer que a Guiné-Bissau continua a
ocupar um lugar muito baixo nos Relatórios de Desenvolvimento Humano do PNUD (173º sobre
182 no relatório de 2009). É improvável que o País consiga atingir, na maioria dos domínios, os
OMD daqui à 2015. A título de exemplo, a esperança de vida da população melhorou-se muito
pouco, passando de 43 anos em 1989 aos 47,4 anos em 2009. As taxas de mortalidade infantil e
juvenil continuam muito elevadas, contudo a tendência negativa observada entre 2002-2006 parece
inverter-se. (ver o capítulo III.10). Um factor positivo é que em 2009 e 2010, não se observou
4
nenhum caso de epidemia de cólera graças a uma forte campanha de sensibilização sobre as
prevenções levadas a cabo pelas autoridades sanitárias.
Uma outra evolução social positiva constatada foi a cessação das greves prolongadas que
frequentemente afectavam o sector público, com a regularização dos pagamentos dos salários e
atrasados referentes ao ano 2008 da função pública, a partir do início de 2009. Porém, registaram-se
algumas situações que não engendraram perturbações sociais generalizadas mas apenas algumas
paralisações sectoriais de curta duração, principalmente nos sectores da educação e da saúde.
Como referido no capítulo precedente, o Governo marcou a partir de 2009, uma verdadeira ruptura
com o passado.
Um resumo dos principais esforços e resultados conseguidos pelo país, com a ajuda dos parceiros,
apresenta-se por eixo de intervenção do DENARP (Ver Anexo 1: Estrutura e nomenclatura do
DENARP).
Tendo em conta o carácter sumário que se quer atribuir ao relatório, o texto que se segue é mais
ilustrativo do que exaustivo. Concentrou-se mais sobre as acções consideradas estratégicas e sobre
os parâmetros que se aplicam para atingir o ponto de conclusão da iniciativa PPTE. De referir que,
nos vários domínios, particularmente naqueles da saúde, água e saneamento, educação, formação e
cultura, numerosas iniciativas descentralizadas foram realizadas pelas ONG e associações de base.
Estas actividades contribuem na realização do DENARP, não sendo, no entanto, objectos de um
seguimento detalhado por parte do Governo.
Apesar dum ambiente externo difícil, o desempenho fiscal tem sido satisfatório. Uma arrecadação
de receitas acrescida e o controle estrito das despesas correntes permitiram o aumento do
investimento público e o pagamento parcial dos atrasados com o sector privado que, por sua vez,
dinamizaram a actividade económica doméstica. Na realidade, longe de piorar, como era de se
esperar, os balanços fiscais experimentaram uma melhoria. O défice primário doméstico diminuiu
de 3,2% em 2008 para 2,9% do PIB em 2009 e o balanço total melhorou fortemente de um défice
de 3,8% para um superavit de 1,8% no mesmo período.
A disciplina fiscal também permitiu a reabertura do financiamento externo por parte dos doadores
oficiais, o que trouxe um alívio importante, tanto para às próprias contas do governo, assim como
para as contas externas do país, face a queda das exportações. Contudo, o balanço corrente externo
(incluindo transferências oficiais) caiu de 2,3% para 1,6% do PIB entre 2008 e 2009. Para 2010,
como consequência do maior crescimento da economia que deve incidir sobre o aumento das
importações, dada a baixa capacidade produtiva do país, projecta-se um pequeno défice na balança
corrente externo a volta de 1% do PIB.
O comportamento da inflação foi também extremamente positiva. Após a pressão da alta de preços
resultante da crise alimentar que resultou numa inflação de mais de 10% em 2008, o melhor
comportamento do preço dos alimentos e a desaceleração da actividade económica levaram à queda
vertiginosa da taxa de inflação que atingiu – 1,6% em 2009, favorecendo o poder de compra dos
significativos consumidores. Para o primeiro semestre de 2010, o índice do preço continuou a cair
para 1,5%. Para os próximos anos, a taxa de inflação deve situar-se no patamar permitido pela
União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA), inferior a 3%.
Deve-se sublinhar os esforços envidados no sentido de melhorar o balanço fiscal. Isto foi
excepcional no que diz respeito às receitas fiscais: num contexto de crescimento limitado, estas
aumentaram de 27,1% entre 2008 e 2009, tendo, (i) impostos indirectos, +28% e (ii) impostos
directos, +24,7%. Esta tendência foi reforçada em 2010: durante o primeiro trimestre observou-se
um aumento de 46,9% das receitas fiscais comparativamente ao trimestre correspondente em 2009.
Todos os itens aumentaram, alguns até espectacularmente: (i) a parte do imposto sobre rendimento
(ISR) correspondente à contribuição predial de 472,5%; (ii) a contribuição industrial de 85,1%; e,
(iii) o imposto sobre propriedade de 387,3%.
6
Assim, em 2009-2010, o progresso rumo à adopção dum quadro jurídico e contabilístico moderno e
estável para a gestão das finanças públicas em harmonia com as directivas da UEMOA e
consistente com boas práticas internacionais tem sido contínuo. O Conselho de Ministros adoptou a
versão preliminar da Lei Orgânica do Orçamento e um Decreto sobre Contabilidade Pública e
submeteu-a a Assembleia Nacional Popular (ANP), que foi aprovado em Março de 2010. Na mesma
direcção, o Conselho de Ministros adoptou os decretos-lei que estabelecem o Controlador
Financeiro e a reorganização da Direcção-geral do Orçamento em harmonia com as recomendações
do PEMFAR. Além disso, os papéis dos gestores de crédito e as contas públicas foram
regulamentados através de decretos do governo e comunicações oficiais emitidas pelo Ministério
das Finanças entre Março e Junho de 2010.
Com o quadro legal instituído e o progresso no funcionamento do SIGFIP, prevê-se uma execução
orçamental mais eficaz, maior eficácia nos controlos, a produção de relatórios de execuções
orçamentais mais credíveis e um período de tempo mais curto para a elaboração de contas anuais.
Em particular, a partir de Junho de 2010, o governo está a preparar relatórios simplificados de
execução orçamental que devem aumentar a transparência e a agilidade na tomada de decisões
sobre as despesas públicas.
As acções de reforma da gestão das finanças incluem também melhorias no sistema de adjudicação
de concursos públicos do governo. Em 2009, as reformas pilotos incidiram em 5 ministérios
(Educação, Saúde, Finanças, Agricultura e Infra-estruturas). O governo começou a actualização do
código de concursos públicos existente, com vista a harmoniza-lo com os padrões da UEMOA,
através da adopção pelo Conselho de Ministros dum Decreto-lei para tornar o sistema existente
compatível com os princípios da UEMOA em Abril de 2010.
Tabela 1: Reformas e Acções nas áreas das Finanças Públicas, Função Pública e
Concursos Públicos (2009 – 2010)
Data de aprovação/
Acções
Implementação
1.Instalação dos módulos de preparação e execução orçamentais no SIGFIP nas unidades de orçamento Junho-Setembro 2009
dos ministérios e entidades da administração central.
2.Preparação do orçamento de 2010 adoptando a classificação da UEMOA. Outubro 2009
3.Condução, pelas Inspecções-Gerais das Finanças e da Administração Publica, de missões de controlo Julho - Dezembro
do pagamento presencial de salários dos servidores públicos e seu cruzamento com os nomes nos 2009
Ministérios Sectoriais.
4.Submissão à Assembleia Nacional Popular da lei de enquadramento do Orçamento Geral do Estado 10 de Março 2010
5.Adopção pelo Conselho de Ministros de: (i) decreto-lei definindo a organização, atribuições e 28 de Abril, 2010
funcionamento dos Controladores Financeiros; (ii) decreto-lei reorganizando a Direcção Geral de
Tesouro e da Contabilidade, e redefinindo as suas novas funções e atribuições; (iii) decreto redefinindo
as funções de Direcção Geral de Orçamento e as atribuições dos administradores financeiros.
6.Publicação e distribuição dos Manuais de Procedimentos para a execução financeira em todos os 27 de Abril de 2010
ministérios.
7
7.Submissão ao Conselho de Ministros da Decisão Conjunta do Ministérios das Finanças e da Função 23 de Abril de 2010
Pública para a selecção do novo sistema de gestão de recursos Humanos do Estado.
8.Adopção pelo Conselho de Ministros de: (i) novo código de contratos públicos compatíveis com as 28 de Abril de 2010
directivas da UEMOA e (ii) comunicação oficial estabelecendo a nova Central de Compras (UCP).
A reforma administrativa que visa tornar a administração pública guineense num instrumento eficaz
de apoio ao desenvolvimento prosseguiu activamente em 2009 e 2010, sob a direcção conjunta dos
ministérios da Função Pública, Trabalho e Modernização do Estado e das Finanças.
O problema da dimensão e do custo da administração pública foi abordado de forma frontal. Com
efeito, as despesas com o pessoal consomem mais de 75% das receitas do Estado. O número de
funcionários é claramente excessivo, e por vezes com fraca qualificação e sem enquadramento
adequado, nem definição clara e precisa das suas funções.
Neste sentido, o governo concluiu o recenseamento biométrico dos agentes do Estado em finais de
2009. Este exercício revelou que mais de 4000 funcionários eram fictícios. Algumas medidas
correctivas já foram adoptadas no primeiro semestre de 2010 e geraram poupanças significativas
que poderão aumentar, com um tratamento adequado dos resultados obtidos do recenseamento
biométrico. Estima-se que, através da implementação de medidas correctivas o Estado poderá
conseguir uma poupança anual de, pelo menos, 2,5 mil milhões de francos CFA, ou seja de cerca de
12% das despesas correntes. Contudo, é provável que a massa salarial não diminua para um valor
equivalente a totalidade dessa poupança, na medida em que tornar-se-á necessário motivar os
funcionários mais produtivos assim como recrutar novas competências.
O governo está a finalizar a avaliação técnica para a aquisição de um novo sistema de informação
da massa salarial, que irá consolidar a informação gerada pelo recenseamento biométrico e reforçar
o controlo das despesas com pessoal.
Outrossim, desde 2009, o Governo tem assegurado o pagamento de salários da função pública de
forma regular e está estudar medidas, com vista a elaboração de um plano para o pagamento dos
atrasados correspondentes ao ano de 2003.
O Governo adoptou em 2009 um diploma que cria a Escola Nacional de Administração (ENA),
tendo sido igualmente adoptado, em Agosto de 2010, o estatuto que regulamenta o seu
funcionamento. Até o final do ano, serão formados 200 quadros nacionais nos diferentes domínios
da planificação estratégica, das finanças públicas (com particular destaque para a gestão orçamental
8
e gestão da dívida), da estatística, da mobilização e coordenação da ajuda e da organização
administrativa.
Outros progressos alcançados nesta área, entre 2009 e 2010 foram: (i) reestruturação e definição das
missões das diferentes estruturas bem como os respectivos organigramas, (ii) definição dos postos,
do perfil do funcionário, (iii) instituição de recrutamento mediante concurso, (iv) realização do
programa de alfabetização dos funcionários públicos, com vista a criação de condições para a
respectiva reconversão e integração económico-social.
Nesta área, está em curso uma reforma institucional para fortalecer o poder judicial, com vista ao
seu melhor funcionamento dentro do respeito total do princípio da separação de poderes, e com uma
legislação adaptada à realidade do país passando pelo reforço das capacidades dos recursos
humanos e fornecimento de materiais necessários ao bom funcionamento da administração da
justiça.
Neste campo, durante os anos de 2009 e 2010 muitas acções foram realizadas que denotam o
empenho e vontade do poder executivo, judicial e legislativo em melhorar a administração da
justiça. As acções mais significativas foram:
No sector da defesa e segurança, apesar das perturbações que tem influenciado a implementação
continua das acções do âmbito da reforma, a verdade e que ela nunca foi interrompida
9
Por força desta situação, as intervenções que tiveram lugar em diversos momentos conheceram
dinâmicas diferentes. Assim, entre 2009 e 2010, as realizações no âmbito do Plano Prioritário para a
Reforma do Sector da Defesa e Segurança (PPRSDS), preparado e adoptado em Janeiro de 2010,
parecem ter dado um maior impulso a reforma.
Este plano põe a tónica, entre outros, na redução dos efectivos das forças armadas e de segurança,
na criação de um fundo de pensões e programas a ele conexos assim como na profissionalização de
novos efectivos. Tendo, no entanto sido desenvolvidos:
Ao mesmo tempo algumas acções concretas para impulsionar o sector privado desenrolaram-se no
terreno. No sentido de promover o empreendedorismo através de financiamento de micro, pequenos
11
e médios projectos bem como o desenvolvimento do empresariado, o Governo criou um fundo,
junto de um Banco privado, denominado Fundo de Impacto Rápido, com o objectivo de conceder
créditos a actividades capazes de gerar empregos e proporcionar impactos imediatos a economia.
Neste quadro, foram concedidos 31 créditos no valor de cerca 173 milhões de FCFA, entre
Novembro de 2009 e Maio de 2010. Os subsectores de actividades que beneficiaram de apoio
foram: comércio, agricultura, floricultura, pecuária, pequenas indústrias de transformação, pesca
artesanal, transporte, associações de micro – credito, restauração, entretenimento, salão de beleza,
açougue, carpintaria e marcenaria. Este financiamento permitiu a criação de 129 postos de trabalho
directos. No grupo dos beneficiários constam 15 mulheres, 12 homens e 4 associações (mistas).
Por outro lado, foram instituídos, em Dezembro de2009, os Prémios dos Melhores Empresário e
Empresa do Ano e do Jovem Empreendedor, bem como, foi atribuída à CCIAS o estatuto de
Entidade de Utilidade Pública.
7. Estímulo aos sectores que empregam as populações mais pobres (DENARP 2.1.2)
Sector agrário
12
Para o arroz, a principal cultura alimentar, os dados sobre as realizações entre Janeiro de 2009 e
Junho de 2010 apresentam-se como segue:
• Nas regiões de Oio, Cacheu, Biombo, Bafata, Gabu e SAB, 14.628 produtores rurais (5764
homens e 8864 mulheres) receberam sementes melhoradas de arroz e hortícolas assim como
os imputes agrícolas.
• Uma superfície de 3.169 ha (nas regiões de Oio, Bafata, Gabu) foi preparada e cultivada para
a produção de melhores variedades de sementes de arroz melhoradas. Foram distribuídos
equipamentos agrícolas e realizadas 25 sessões de formação local e 4 no estrangeiro para os
técnicos do Ministério.
• Na região de Gabú, foram construídas 12.154 metros de diques de protecção, 8.896 metros de
diques de separação e 1.570 metros de canais de drenagem.
No domínio da pecuária, foi realizado, em 2009, um recenseamento ao nível nacional, tendo sido
criadas, entre 2009 e 2010, 19 unidades de demonstração para produção de animais de ciclo curto.
Todas as unidades estão operacionais.
A exploração dos jazigos mineiros e das reservas do petróleo têm a vocação de contribuir
substancialmente, a médio prazo, para a entrada de divisas, de receitas fiscais e de uma maneira
geral para o aumento do rendimento nacional, contribuindo assim na redução da pobreza.
Todavia, neste domínio sensível, o Governo procedeu com prudência, em 2009-2010, engajando-se
em actividades preparatórias, a fim de assegurar a implementação de práticas transparentes e
responsáveis neste sector, incluindo o tratamento do impacto ambiental da exploração dos jazigos
mineiros. Assim, um conjunto de instrumentos legais foi revisto ou formulado, a saber: (i) a lei e o
regulamento sobre o petróleo; (ii) a lei sobre minas e pedreiras; e, (iii) o estatuto da empresa
PETROGUIN (Empresa nacional de pesquisa e exploração do petróleo). Alguns instrumentos legais
para o sector mineiro e petróleo foram validados num atelier realizado de 8-9 de Julho de 2010. A
aprovação em Conselho de Ministros deverá acontecer antes do final de 2010. Ainda, com vista a
assegurar uma melhor transparência no que concerne a visão do Governo sobre as indústrias
extractivas, uma conferência nacional sobre as indústrias extractivas teve lugar no mês de Fevereiro
13
de 2010. Os parceiros do desenvolvimento assim como a sociedade civil e o sector privado fizeram-
se representar de forma significativa nessa conferência.
Energia
Em Junho de 2010, o governo e o Banco Mundial negociaram um projecto por um montante de 12.7
milhões de dólares destinados à restauração das instalações do grupo gerador e distribuição de
energia eléctrica na capital Bissau. A 11 de Agosto do corrente ano o Governo beneficiou de um
apoio da CEDEAO e da UEMOA num montante total de 10 milhões USD para reforçar a
capacidade da EAGB na produção da energia (compra de combustível).
14
Por outro lado, para reduzir a dependência dos produtos petrolíferos, foram elaborados uma
estratégia sectorial e um plano de acção para promover o desenvolvimento das energias alternativas
e domésticas. Em 2010, foram formados 20 técnicos no domínio da racionalização da energia da bio
massa. Também no âmbito de programa Regional de Bio massa Energia foram formados 15
artesãos -dos quais 10 mulheres para o fabrico da componente cerâmica de fogão melhorado.
Estradas e pontes
Uma intervenção de vulto, digno de assinalar neste sector é a construção e reabilitação da Avenida
dos Combatentes da Liberdade da Pátria e o troço QG-Antula que irá alterar significativamente a
paisagem urbanística da entrada de Bissau. As obras no âmbito destas realizações foram
adjudicadas em Maio de 2010, tendo as obras iniciadas por uma duração de 13 meses.
Para além da intervenção acima referida, foram concluídos, estudos de construção de 500 km de
estradas que ligam a Guiné-Bissau com os países vizinhos (Guiné e Senegal); 200 km de pistas
secundárias que dão acesso às zonas de produção; e, 180 km de estradas de rede nacional: Mansaba-
Bafata, Canchungo-Caio, Mansoa-Bissorâ, 2ª saída de Bissau (Bissau-Nhacra). A manutenção
corrente de 400 km de estradas em terra, em todo o território nacional, foi executada com recursos
do Fundo Rodoviário.
A ponte EUROAFRICANA sobre o rio Cacheu, em São Vicente, foi aberta em Setembro de 2009 e
foi instalado um sistema de portagem, com vista a recuperação de custos para a manutenção
corrente desta infra-estrutura.
Telecomunicações
15
Adopção de um conjunto de diplomas sobre a organização e a estruturação do sistema
educativo, nomeadamente:
- A Lei de Bases do Sistema Educativo aprovado pelo Parlamento em Março de 2010
que estabelece os princípios da organização do sistema educativo. Uma novidade da
nova Lei de Bases e a elevação do ensino básico de 6 classes para 9 classes. (O EB
passa a ter nove anos de duração divididos em três ciclos (1-4: primeiro ciclo), (5-6:
segundo ciclo); (7-9: terceiro ciclo), e a diminuição da idade oficial de entrada para o
ensino básico (6 anos em vez de 7 anos).
- O Estatuto da Carreira Docente, que define os métodos e critérios de recrutamento e
de progressão na carreira, e introduz a avaliação do desempenho do professor.
- A Lei do Ensino Superior e da Investigação Cientifica, aprovada em Junho de 2010
- A Lei da Cantina Escolar, aprovada em Junho de 2010
- A criação da Escola Superior de Educação (ESE), resultante da fusão das três Escolas
Normais de formação de professores, que terá autonomia administrativa, financeira,
pedagógica
- O plano Sectorial da Educação (2011-2013) foi concluído em Junho 2010, e será
brevemente aprovado pelo governo. Prevê-se o seu endosso em Setembro de 2010
pelos parceiros de desenvolvimento da Guiné-Bissau, o que marcara formalmente a
adesão da Guiné-Bissau à EFA-FTI. Na sequência do endosso a EFA-FTI, a Guiné-
Bissau vai submeter uma solicitação de financiamento de aproximadamente 25
milhões de dólares para apoiar a implementação do Plano Sectorial da Educação nos
próximos três anos.
- Obrigatoriedade do 12º ano de escolaridade e de exames nacionais.
Durante o período 2009-2010 mais de 600 adolescentes e adultos foram alfabetizados em 10 centros
de formação e as actividades de formação prosseguiram em outros 50 novos centros, acolhendo um
total de 9.000 alfabetizados. Durante o terceiro trimestre de 2010, 3920 carteiras assim como outros
materiais escolares foram distribuídos, beneficiando um total de 196.000 alunos.
Deve-se notar que, desde 2002, o custo de inscrição nas escolas primárias públicas foi abolido,
assim como as taxas de importação de livros e manuais.
Para minimizar as carências em termos de pessoal e de condições dos prestadores que exercem
nesta área, foram formados e afectos aos diferentes estabelecimentos de prestação de cuidados de
saúde nas diferentes regiões 115 profissionais de saúde; os subsídios de isolamento e instalação para
o pessoal de saúde que prestam serviços nas localidades consideradas isoladas no interior do país,
foram pagos a partir de 2009, assumindo carácter permanente.
Ainda no decorrer deste período em análise, foram: (i) construídos centros de saúde (Bissau (03),
Biombo (01), Quinara (01) e Bolama (02); (ii) reabilitado e equipado o hospital de Canchungo (iii)
reabilitado e equipado o bloco operatório de Mansoa e (iv) construídos e equipados o bloco
operatório de Gabu (V) construídos os alojamentos do pessoal sanitário nas zonas sanitárias.
O novo Hospital Militar com capacidade de 200 camas foi inaugurado em Agosto de 2010. Está
prevista para finais de 2010 a finalização da reabilitação e extensão do Hospital Nacional Simão
Mendes iniciado em 2007. O Centro de Reabilitação Motora de Brá, reabilitada em 2010, dispõe de
uma nova gestão.
Os últimos dados estatísticos disponíveis (MICS IV, 2010) indicam que os esforços de informação,
educação e comunicação sobre o VIH/SIDA permitiram abranger uma grande parte da população;
cerca de 91% das mulheres de 15 a 49 anos tem conhecimento do VIH/SIDA, 34,4% conhecem os
três principais meios de prevenção e 64,4% sabem que a doença pode ser transmitida de mãe para
filho.
Entre 2009 e 2010, foram formados no tratamento anti retroviral e no tratamento de infecções
oportunistas (IO) um total de 57 profissionais de saúde e outros 22 reciclados na distribuição de
medicamentos. O número de centros de tratamento anti retroviral passando de 12 em 2008 para 26
em 2009. Encontravam-se, até Dezembro de 2009, em tratamento ARV, em todo o país, um total de
2.764 casos (29% homens, 67% mulheres e 4% crianças).
Quanto aos cuidados pré-natais e controlo de sangue, em 2009, foram atendidas em consultas pré-
natais 42.998 grávidas. Ainda em 2009 foram colectados e testados um total de 4.894 bolsas de
sangue. Foi constatado que 6,8% do total de dadores de sangue estão infectados pelo VIH
(333/4894) e 11,4% (558/4894) com Hepatite B.
17
Em 2010, verifica-se uma intensificação das actividades de vacinação: 3 campanhas de vacinação
sincronizadas contra a poliomielite, distribuição de mébendazol e vitamina A às crianças de 0 a 5
anos foram realizadas. A cobertura vacinal, até Maio último, de crianças com idade inferior a um
ano foi a seguinte: 38% para DTP – HepB - Hib 3% e 43% para a febre-amarela. A primeira
passagem de distribuição da vitamina A e mebendazole, feita em Maio, teve a seguinte cobertura:
111% para a vitamina A e 112% para o mebendazole.
Um programa intensivo de formação na área da vacinação prosseguiu entre 2009 e 2010, a favor
dos técnicos do sector público, dos serviços comunitários (Curandeiros) e ligados às instituições
religiosas. Foram adquiridos e distribuídos 30 frigoríficos solares e 60 motorizadas para as regiões
para facilitar a conservação das vacinas e deslocação dos técnicos de saúde nas estratégias
avançadas.
Por outro lado, foram prosseguidas acções no combate ao paludismo, (Ver tabela 3) que resume os
principais resultados obtidos recentemente.
O último inquérito, o MICS4/IDSR 2010, indica que 85,3 % dos agregados têm, pelo menos, um
mosquiteiro.
• Um plano director detalhado para 2011-2020 está quase concluído e será publicado tão
rapidamente quanto possível.
18
• Em 2009, foram concluídos os trabalhos de reabilitação no sistema de produção, tratamento
e distribuição de água em Bissau, incluindo a construção de terminais de 58 fontes públicas,
e instalação de contadores.
• Em 2010, fez-se o lançamento do processo de construção do tanque de um reservatório de
700 m3 para melhorar o sistema de distribuição de água potável.
• Foram construídas/reabilitadas mais de 60 pontos de água, incluindo nas escolas.
• Foram prosseguidas acções de sensibilização sobre as práticas de higiene (6.500 famílias
foram abrangidas pelo programa de educação sanitária, nomeadamente sobre a lavagem das
mãos nos momentos críticos, etc.)
• Foram construídas/reabilitadas 107 blocos de latrinas para as escolas primárias e construídas
800 latrinas familiares.
Este eixo tem sido implementado de forma transversal. As mulheres, muitas vezes vítimas de maus-
tratos ou de abuso de todos os tipos, os jovens em situação de extrema precariedade/insegurança e
as pessoas afectadas pelo VIH/SIDA foram identificados como merecendo uma assistência especial.
No quadro da promoção de equidade género, além da escolarização das meninas, foram instituídas
importantes acções em 2009-2010, de três propostas de leis/projectos legislativos sobre (i) a saúde
reprodutiva, (ii) a violência baseada no género e (iii) o tráfico de pessoas. Esforços foram
prosseguidos na implementação de um programa de aceleração da prática de mutilação genital
feminina; uma estratégia de luta contra a MGF/e foi aprovada em 2010.
Na área da protecção da criança e promoção dos seus direitos, esforços foram feitos para reforçar
políticas e estratégias: (i) Foi restabelecido o Comité Nacional para o abandono MGF, órgão
importante para coordenar as acções nesta área; (ii) elaborados estudos no domínio de trafico de
menores e sobre o abuso e a exploração sexual de menores, validado, permitindo um melhor
conhecimento e planificação na elaboração dos planos nacionais de prevenção do trabalho infantil;
(iii) reabilitados os centros de acolhimento para crianças vitimas de violência em Gabú e Bafatá,
estando em curso o seu equipamento; (iv) apresentado o segundo relatório de aplicação da CDC ao
Comité dos Direitos da Criança (Genebra), acompanhado do relatório alternativo das ONG’s; (v)
reforçado as capacidade dos técnicos que trabalham no domínio da infância (funcionários judiciais,
policias, ONG’s e elementos do IMC) através, nomeadamente, da formação no quadro legislativo e
de protecção do menor contra a violência e o abuso.
No que diz respeito aos jovens, que são os mais afectados pelo fenómeno da pobreza, foi colocado o
acento na formação profissional, no desenvolvimento da capacidade institucional para a formação e
no reforço do sistema de micro finanças. Em 2009, cerca de 500 jovens de ambos os sexos foram
formados em CREE-TRIE-GERME (Como criar seus negócios, encontrar sua ideia de negócio e
gerir melhor os seus negócios). Estas qualificações e competências adquiridas ajudaram os jovens a
desenvolver o seu plano de negócios para poder beneficiar de financiamento.
19
IV. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS
Esta experiência constitui um dos pressupostos para a preparação do segundo DENARP, cujo início
dos trabalhos teve lugar com o lançamento oficial do processo, a 23 de Abril de 2010, sob o alto
patrocínio de S. E. o Primeiro-ministro, ao qual se seguiu o atelier de lançamento técnico, fórum
que validou os documentos técnicos para a orientação dos trabalhos. Uma primeira perspectiva dos
eixos estratégicos do DENARP II foi desenvolvida no Relatório de Seguimento e Avaliação do
DENARP de 2009 (ver Capítulo V) e uma nota de orientação que detalha as etapas, a
calendarização das actividades e a metodologia para a formulação desta segunda geração da
estratégia de redução da pobreza foi amplamente difundida e uma revisão desta nota será posto a
circular no princípio de Setembro de 2010. Várias consultas e actividades já foram realizadas. Os
relatórios temáticos, em número de 9, estarão disponíveis a partir de 31 de Agosto deste ano. Os
trabalhos intensificarão nas próximas semanas e continuarão a envolver diversos actores nacionais e
internacionais: um grupo técnico restrito se incumbirá de consolidar os trabalhos.
Um feito inédito, é sem dúvidas a realização simultânea, pela primeira vez, de três operações
estatísticas de grande envergadura – (i) o Recenseamento Geral de População e Habitação (RGPH);
(ii) o quarto Inquérito aos Indicadores Múltiplos e o primeiro Inquérito Demográfico de Saúde
Reprodutiva (MICS4/IDSR); e, (iii) o segundo Inquérito Ligeiro para a Avaliação da Pobreza
(ILAP II) - a realização de dois estudos - (i) o estudo sobre as fontes de crescimento económico; e,
(ii) o estudo sobre a pobreza não monetária – e a avaliação das necessidades e dos custos para a
realização dos ODM. Todo este trabalho visa melhorar a disponibilidade de informação e dados
económicos e sociais para, fundamentalmente, alimentar o DENARP II.
Por isso, as prioridades para o DENARP II recomendadas pelo primeiro relatório de seguimento de
2009, em princípio, irão manter-se. No entanto, essas prioridades podem ser objecto de revisão
conforme os resultados das operações estatísticas e estudos acima referidos. O objectivo principal
continua a ser a redução significativa e durável da pobreza, bem como a realização dos OMD. Para
tal, torna-se necessário acelerar o crescimento económico, nomeadamente nos sectores que
empregam os pobres, e diversificar a economia. Dar-se-á uma atenção particular ao
desenvolvimento do sector privado e a integração do comércio no desenvolvimento, na base das
recomendações do EDIC. É necessário prosseguir os esforços na melhoria da gestão
macroeconómica, bem como na consolidar a reforma administrativa com vista a assegurar a
prestação de serviços públicos de base (educação, saúde, água e saneamento) de qualidade. A
gestão do ambiente terá um tratamento consistente no próximo DENARP. O projecto de Lei de base
sobre o ambiente cuja preparação se encontra em fase avançada, será de grande utilidade e servirá
de referência para tal. A gestão dos choques externos, tais como os que advêm das crises
internacionais e internos (instabilidade política) farão parte das componentes do DENARP II. A
mesma atenção será consagrada às mudanças climáticas e ambientais. Neste sentido, os resultados
do estudo sobre a vulnerabilidade e a adaptação às mudanças climáticas, de Junho de 2010 será útil
para a integração dessas questões no DENARP da segunda geração.
A experiência da instabilidade e fragilidade das instituições que o país vive ao longo dos últimos
anos, acresce a importância dos aspectos da consolidação da paz, da reforma das forças de defesa e
segurança, do reforço do aparelho administrativo e das instituições democráticas, da implementação
20
efectiva de uma justiça e Estado de direito e da luta contra o narcotráfico. Progressos nesses
domínios são essenciais para restabelecer a imagem e, fazer da Guiné-Bissau, um interlocutor
credível dos doadores, parceiros comerciais e investidores. A ausência de progressos nesses
domínios condicionará certamente os esforços do desenvolvimento económico e social, bem como
de luta contra a pobreza.
Para o DENARP da segunda geração, será necessário reforçar as capacidades nacionais em matéria
de planificação e de seguimento e avaliação de programas e projectos e assegurar uma melhor
coordenação da ajuda. Este reforço é essencial para assegurar o leadership e apropriação nacionais.
O reforço das capacidades nacionais de seguimento e avaliação ira tornar mais eficaz e melhor
coordenada esta ajuda. A recente adesão (Agosto de 2010) da Guiné-Bissau à Declaração de Paris é
uma medida importante neste sentido.
Como no passado, a Guiné-Bissau contará com o apoio de seus parceiros para a implementação do
DENARP II. Na realidade, muitos dos problemas com que o país se confronta, designadamente a
luta contra o narcotráfico e o crime organizado, devem ser considerados como uma
“responsabilidade partilhada” (Conselho de Segurança, Resolução 1876/2009).
Se a tendência actual, acima referenciada, se prosseguir, o país estará em condições de dar uma
contribuição nacional acrescida em relação ao DENARP. Esta contribuição, será de maior
importância se o país conseguir livrar-se do fardo que representa o serviço da sua divida.
21
Anexo 1: Estrutura e nomenclatura do DENARP
3. Aumentar o acesso 3.1. Melhorar o acesso a uma 3.1.1. Aumentar o acesso ao ensino primário, secundário e superior
aos serviços sociais e educação de qualidade
3.1.2. Garantir uma escolaridade básica universal de qualidade
às infra-estruturas de
base 3.2. Melhorar a situação 3.2.1. Melhorar a oferta e a qualidade dos serviços de saúde
sanitária das populações
3.2.2. Lutar contra o VIH/SIDA, a Tuberculose, a Malária e outras
doenças
3.3. Melhorar o quadro de 3.2.3. Melhorar a situação materno/infantil
vida das populações 3.3.1. Melhorar o acesso à água potável e ao saneamento
3.3.2. Melhorar o habitat social
4. Melhorar as 4.1. Promover a integração 4.1.1. Melhorar a protecção social dos grupos vulneráveis
condições de vida socio-económica dos grupos 4.1.2. Promover actividades geradoras de rendimentos
dos grupos vulneráveis
vulneráveis 4.2. Desenvolver acções 4.2.1. Promover centros de acolhimento e de atendimento e lutar
específicas de apoio aos contra o analfabetismo das mulheres
grupos vulneráveis 4.2.2. Promover a prática desportiva e reestruturar os bairros
espontâneos
22
Anexo 2: Quadro de seguimento dos indicadores dos OMD
Anos
Objectivos/metas Indicadores 1990/1991 2010 Alvo
2000 2002 2004 2006
(Ano 2008 (MICS para
(MICS) (ILAP) (MICS)
base) IV/SR) 2015
1. Erradicar a extrema pobreza e a fome
Reduzir para Taxa de extrema pobreza (%). 26,0 n.d. 20,8 n.d. n.d. - 13,0
metade a proporção
da população que Taxa de pobreza absoluta (%). 49,0 64,7 n.d. - 24,5
vive com menos
de um dólar por
dia.
Reduzir para Insuficiência ponderal moderada 32,9 25,0 n.d n.d 19,4 17,0 16,45
metade a proporção (crianças com idade <a 5 anos) (%) 3.
da população que
sofre de fome.
2. Alcançar o ensino primário universo
Garantir que, até Taxa bruta de escolarização (%) 4. 46,3 79,6 91,6 99,4 102 n.d. 100
2015, todas as
crianças, de ambos Taxa líquida de escolarização (%). 23,0 41,0 45,3 56,9 67,4 100
os sexos,
terminem um ciclo Proporção de crianças que terminam o 33,0 43,6 48 82
completo de ensino ciclo primário (%).
básico.
3. Promover a igualdade dos sexos e a autonomização das mulheres
Eliminar as Rácio de escolarização de raparigas 0,56 0,67 0,83 0,9 0,94 1:1
disparidades entre sobre rapazes no primário.
os sexos nos
ensinos primárias e Rácio de escolarização de raparigas 0,13 0,5 0,59 0,7 0,73 1:1
secundário, se sobre rapazes no secundário.
possível até 2005, e
a todos os níveis o Taxa de mulheres alfabeta entre os 15 12,9 16,7 6 28,4 100
mais tardar até e 24 anos (%).
2015.
Taxa de mulheres parlamentares (%). 20,0 5 8,0 15,0 14,0 50
4. Reduzir a mortalidade infantil de crianças com menos de 5 anos
Reduzir de dois Taxa de mortalidade infantil nas 246 203 223 155 80
terços a taxa de crianças com idade <a 5 anos (por
mortalidade infantil 1000).
de crianças com
menos de 5 anos. Taxa de mortalidade infantil (por 142 124 138 104 47,3
1000).
24