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Termo Circunstanciado

de Ocorrência
UNIDADE I – Introdução ao TCO
Instituição credenciada
pelo MEC Portaria 716/13

ISCP - PMDF

Instituto Superior de
Ciências Policiais

Centro de Altos Estudos


e Aperfeiçoamento -
CAEAp

Setor de Áreas Isoladas


Sudeste (SAISO)

AE 4 Setor Policial Sul,


Brasília-DF.

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Reitor do Instituto Superior de Ciências Policiais


Cel. QOPM Marcelo Helberth de Souza

Chefe do Gabinete de Gestão da Educação a Distância - GGEAD


Cap. QOPM Márcio Júlio da Silva Mattos

Design e Diagramação
SD QPPMC Weslley Santos de Brito
Servidor Civil Rayane de Jesus

Revisão do texto
CB QPPMC Adriane
Profº Luiz Fernando Queiroz

Informações:
61 3190 6402
Unidade I - Histórico do TCO na PMDF .................................................................... 1
Aula 01 - Histórico do TCO na PMDF .............................................................................. 1
1.1 - Origem do TCO no ordenamento jurídico brasileiro ..................................................1
1.2 - Base legal nas portarias PMDF ...................................................................................3
Aula 02 - Benefícios TCO/PMDF ..................................................................................... 6
2.1 - Benefícios do TCO/PMDF ...........................................................................................6
Aula 03 - Inovações do TCO na PMDF .......................................................................... 10
3.1 - Inovações do TCO PMDF ..........................................................................................11
Aula 04 - Regulamentação do TCO na PMDF ................................................................ 13
4.1 - CRFB 88 e lei 9.099/95 ..............................................................................................13
4.2 - Autoridade policial....................................................................................................14
4.3 - Entendo jurisprudencial - autoridade policial ..........................................................15
4.4 - Lei 9.099/95 - medidas despenalizadoras ................................................................16
4.5 - Recomendação MPDFT e provimentos TJDFT ..........................................................17
4.6 - PORTARIA 1077.........................................................................................................19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 29


Ementa

Origem do Termo Circunstanciado de Ocorrência no ordenamento jurídico


brasileiro, bem como o conceito do TCO. Apresentação dos TCO’s nas polícias.
Apresentação do TCO nas polícias militares e na PMDF.

Apresentação da Disciplina

Olá! Nesta aula iremos tecer algumas considerações iniciais acerca do Termo
Circunstanciado de Ocorrência, quais sejam: o que é o termo circunstanciado, para
que serve, a lei nº 9.099/95 e os órgãos que lavram o termo circunstanciado de
ocorrência.
UNIDADE I
Histórico do TCO na PMDF
Unidade I - Histórico do TCO na PMDF

Objetivo de aprendizagem:

• Apresentar o histórico do surgimento do Termo Circunstanciado de


Ocorrência e sua aplicação na PMDF.

Aula 01 - Histórico do TCO na PMDF

Objetivos de aprendizagem

• Origens do TCO no ordenamento jurídico brasileiro.


• Apresentar o TCO conforme realizado na PMDF.

1.1 - Origem do TCO no ordenamento jurídico brasileiro


Caro aluno, antes de aprofundarmos no Termo Circunstanciado de Ocorrência, faz-
se necessário conhecermos o que é o Termo circunstanciado de Ocorrência e a sua origem.

A Constituição de 1988 prevê em seu art. 98 a criação de juizados especiais


competentes para o julgamento de infrações penais de menor potencial ofensivo, prevendo
ainda um novo rito processual e a possibilidade de transação penal.

Com a criação de um novo juízo tentou desafogar os juízos penais e dar maior
celeridade no julgamento das ações penais, assim aumentando a satisfação dos cidadãos
e diminuindo a sensação de impunidade.

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes


para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
Entretanto, apenas em 1995, o artigo supracitado foi regulamentado pela Lei 9.099,
onde criou os juizados especiais adotando um novo rito processual, definiu o conceito de
infração de menor potencial ofensivo, em seu art 61 e adotou alguns novos institutos.

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os


efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

Mas o que seria o Termo Circunstanciado de Ocorrência previsto no art. 69 da Lei


9.0900?

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

De forma bem didática o termo circunstanciado PMDF nada mais é que a ocorrência
PMDF + Termo de compromisso do autor do fato, devidamente preenchidos e assinado.

“É um boletim de ocorrência um pouco mais detalhado (circunstanciado), no qual se


descreve, ainda que de forma sucinta, o fato com suas circunstâncias, sem sequer
haver necessidade de tipificação legal do fato, bastando a probabilidade de que
constitua alguma infração penal de menor potencial ofensivo.” (Procurador da
República, Alexandre Moreira Tavares).

Valendo-se do próprio significado das palavras o TERMO CIRCUNSTANCIADO DE


OCORRÊNCIA é um documento formal (termo) onde se detalha de forma minuciosa todas
as circunstâncias (circunstanciado) dos fatos observados no atendimento de um chamado
policial (boletim de ocorrência da PMDF).

Ou seja, é o próprio boletim de ocorrência redigido com o detalhamento de todos os


fatos observados no local, qualificando as partes envolvidas (autor, vítima e testemunhas)
e suas versões (depoimentos) e os elementos comprobatórios dos fatos e /ou a descrição
das provas obtidas e apreendidas, ou ainda fotos dos objetos e estado das coisas
encontradas no local.

A lavratura do Termo circunstanciado pela PMDF não consiste em uma investigação,


mas apenas na lavratura das circunstâncias de uma infração penal de menor potencial
ofensivo, em uma ocorrência policial militar, ouvindo os envolvidos (autor, vítimas e
testemunha), bem como a apreensão dos objetos relacionados a infração penal.
Não é uma investigação, mas sim um simples ato de reduzir a termo os fatos
delituosos de que se tomou conhecimento no exercício da atividade policial, indicando
quem é o autor do fato, a vítima e as testemunhas.

Para a lei 9.099/95 a a autoridade policial é qualquer agente público integrantes dos
órgãos elencados no art. 144 da Constituição Federal.

As Polícias Militares dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são as
pioneiras na lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência, o que influenciou as
demais Polícias Militares a também efetuarem a lavratura do TCO, pois veremos a frente
os benefícios para a sociedade, Estado e Corporação.

A Polícia Rodoviária Federal, também influenciada, passou a efetuar a lavratura do


TCO e atualmente realiza o TCO em 19 Estados da federação.

1.2 - Base legal nas portarias PMDF


No ano de 2016 a Polícia Militar do Distrito Federal buscando cumprir o Plano
Estratégico da PMDF (decênio 2011 a 2022), onde preconiza a implementação do TCO na
PMDF deu início às tratativas juntamente ao Ministério Público para a lavratura do TCO.
Decorrente das tratativas foi editado a recomendação nº 57 do MPDFT, a Polícia
Militar do Distrito Federal iniciou projeto piloto para a lavratura do TCO PMDF na cidade do
Guará-DF, através do 4º Batalhão da PMDF, subordinada ao CPRM II, em trabalho conjunto
com a Promotoria da cidade do Guará, onde por meio do Ofício n.º 238/2016 - 1ª e 2ª
PJECDMSVDGu, delimitou um rol de infrações de menor potencial ofensivo para a lavratura
dos TCO/PMDF.

O projeto teve início em agosto de 2016, no tocante às infrações penais de menor


potencial ofensivo que não necessitam de perícia e as que não tenham envolvimento com
o serviço policial militar, contra a administração pública, como por exemplo, desacato,
resistência à prisão e desobediência.

No ano de 2016 foram lavrados na cidade do Guará apenas 14 TCO/PMDF, sendo


o projeto avaliado pelos membros do MPDFT e Judiciários como de excelência, dessa
forma o projeto começou a sua expansão.

O primeiro TCO PMDF foi lavrado no dia 10 de setembro de 2016, clique aqui para
ler o primeiro TCO.

No início do ano de 2017, o projeto do TCO deu início a sua fase de expansão para
outros batalhões: 9º BPM (Gama), 26º BPM (Santa Maria), 14º BPM (Planaltina), 13º BPM
(Sobradinho), COPOM, CPTran e CPam.

No decorrer da expansão do TCO, em junho de 2017, sobreveio o provimento nº 11


da Corregedoria do TJDFT, onde determinava que os Juízos antes de receber o TCO PMDF
deveria encaminhar a PCDF para a homologação.

Embora, o provimento tenha determinado que os TCO PMDF fossem encaminhados


para a Polícia Judiciária, tal situação, na maioria das vezes, não ocorria, pois o Ministério
Público, órgão responsável pela fiscalização externa das policiais e dominus litis (dono da
ação penal), entendia que o fato não era necessário, passando a demandar diretamente os
TCO lavrados pela corporação.

Ao final do ano de 2017 a PMDF já havia realizado mais de 500 TCOs PMDF em
diversas regiões administrativas e por diversos tipos penais.

Apenas no ano de 2018, o projeto do TCO teve a sua expansão completa, passando
o TCO a ser lavrado pela PMDF em todas as regiões administrativas do Distrito Federal,
bem como um maior rol das infrações de menor potencial ofensivo, sendo que neste ano a
PMDF efetuou mais de 2300 lavraturas de TCO.

Em agosto de 2018 sobreveio o provimento nº 27 do TJDFT, onde os TCOs PMDF


deveriam ser encaminhados diretamente ao Juizados Especiais Criminais.
Acompanhe o relatório de evolução da lavratura do TCO, comparando os locais e
tipos penais por período, desde da implementação ao final do ano de 2018, clique aqui para
ler.

Síntese da Aula

Caro aluno, nesta aula ampliamos nossos conhecimentos sobre as bases legais que
norteiam o TCO/PMDF. Vimos as legislações aplicáveis para a execução do TCO pelas
polícias militares.

Vimos também, a portaria que regulamenta o TCO especificamente na PMDF, bem


como os relatórios de lavratura nos anos anteriores.

Preparado para a próxima aula?

Nela iremos ver os impactos positivos do TCO/PMDF em todos os agentes


envolvidos no Sistema de Justiça Criminal.
Aula 02 - Benefícios TCO/PMDF

Ementa

Apresentação do TCO como indicador de produtividade da atividade policial.


Racionalização do emprego de meios operacionais. Percepção sobre o funcionamento do
sistema de justiça criminal. TCO e o ciclo completo de polícia. Reconhecimento social da
PMDF e o TCO.

Apresentação da disciplina

Olá, nesta aula veremos o TCO como indicador de produtividade da atividade policial
militar, a Racionalização do emprego de meios operacionais, a percepção sobre o
funcionamento do sistema de justiça criminal, como também veremos o TCO e o ciclo
completo de polícia e Reconhecimento social da PMDF e do Termo Circunstanciado de
ocorrência pela PMDF.

Objetivo de Aprendizagem

• Apresentar os benefícios da realização do TCO na PMDF para a sociedade.

Objetivos da Aula

• Apresentar o TCO como indicador de produtividade;


• Apresentar a racionalização do emprego de meios operacionais;
• Identificar a percepção sobre o funcionamento do sistema de justiça criminal;
• Relacionar o TCO e o Ciclo completo de polícia;
• Demonstrar o reconhecimento social da PMDF e o TCO.

2.1 - Benefícios do TCO/PMDF


O Termo Circunstanciado de ocorrência realizado pela PMDF possibilitou vantagens
para o Estado, a sociedade, a polícia militar e para o poder judiciário.
• A maior vantagem na lavratura do TCO PMDF é para a sociedade, com o
ganho na economicidade, celeridade, simplicidade e informalidade uma vez
que a vítima de uma infração penal de menor potencial ofensivo, tem o seu
problema policial resolvido no local dos fatos, quando o autor se compromete
a comparecer em audiência Judicial, em data aprazar, através da assinatura
do termo de compromisso, não se fazendo necessário encaminhar as partes
a Delegacia da Polícia Judiciária, aumentando assim, o tempo de
permanência do policial militar no lugar de serviço, ou área de atuação, uma
vez que ele realiza o Termo Circunstanciado, não ficando durante horas na
delegacia;

• Com a lavratura do TCO pela PMDF ocorre um aumento da credibilidade do


cidadão em relação a polícia militar, pois as demandas são encaminhadas
com maior agilidade, eficácia e eficiência ao Judiciário, acarretando o
aumento da confiança no Sistema de Justiça Criminal;

• Economia de combustível e manutenção de peças das viaturas, em virtude de


ser dispensado o registro do TCO junto a polícia civil, uma vez que o registro
do TCO será feito no local dos fatos. Veja abaixo, no mapa, a distância
percorrida pelas viaturas para a realização do TCO na delegacia da polícia
civil:
• Aumento dos registros de comunicação dos crimes. Antes, o cidadão não
comunicava o crime por achar que o deslocamento à delegacia seria inútil e
oneroso;

• O policial militar ao confeccionar o TCO PMDF no local dos fatos, o encaminha


para a SSECRIMPO, e em até 10 dias úteis é encaminhado para o poder
judiciário; (Art. 18, parágrafo único da Portaria PMDF 1077/2018).

• Credibilidade na justiça com a redução do sentimento de impunidade, pois o


autor do fato em pouco tempo recebe a resposta do Estado (Juiz), em relação
à infração penal cometida;

• Redução dos delitos mais graves, já que o tratamento de infrações de menor


potencial ofensivo influencia diretamente na prevenção de delitos mais
graves;

• De acordo com os TCOs PMDF lavrados no triênio 2016/2018, o policial militar


que confecciona o TCO, em menos de 0,1% dos casos, é convocado para
esclarecimentos posteriores na justiça, pois, na maioria dos casos, a
demanda é solucionada com medidas despenalizadoras.

• Qualidade e eficiência do serviço policial militar, pois a lavratura do TCO


PMDF pelo miliciano, possibilita melhores condições de descrição da
dinâmica dos fatos, gerando não apenas satisfação ao destinatário final, mas
também uma maior credibilidade, ao policial militar e à instituição, pelos
serviços prestados;

• Aumento dos registros de comunicação dos crimes com a redução das


subnotificações, uma vez que o cidadão reconhece a credibilidade do Sistema
de Justiça Criminal;

• O TCO PMDF confeccionado pelo policial militar, será encaminhado


diretamente ao poder judiciário, que por parte da doutrina, vislumbra-se
assim, a realização do ciclo completo de polícia pela PMDF, pois não
necessita de investigação.

Síntese da Aula
Querido aluno chegamos ao fim de nossa aula, neste encontro pudemos verificar
como o Estado se beneficiará com a economia de combustível e manutenção das viaturas
policiais, da PMDF, como também o aumento do tempo de permanência das equipes
policia, nas áreas de atuação, aumentando a segurança prestada a sociedade.
Aula 03 - Inovações do TCO na PMDF

Ementa

Histórico de inovações do TCO na PMDF. Utilização de novas tecnologias da


informação para a lavratura do TCO. Expansão dos tipos penais lavrados como TCO pela
PMDF. Criação das salas de custódia. Implementação da destruição de substâncias
entorpecentes. Possibilidades de inovações do TCO na PMDF.

Apresentação

Seja bem vindo a mais uma unidade didática do curso de TCO.

Nessa unidade vamos ficar por dentro das inovações pelas quais o TCO/PMDF
passou desde a sua implementação e quais as propostas futuras para o seu
aperfeiçoamento.

Objetivo da Unidade

• Demonstrar as inovações da lavratura do TCO na PMDF desde sua


implementação e apresentar possibilidades de novos aperfeiçoamentos.

Objetivos da aula

• Apresentar como era realizado o TCO em sua implementação na PMDF;


• Apresentar o módulo TCO no Sistema Gênesis e a utilização de tablets e
smartphones;
• Relacionar os tipos penais com aplicação do TCO PMDF;
• Apresentar as salas de custódia na PMDF;
• Apresentar o procedimento de destruição de substâncias entorpecentes;
• Demonstrar possibilidades de inovações para o TCO PMDF.
3.1 - Inovações do TCO PMDF
Em 2016 a confecção do TCO PMDF era realizada, exclusivamente, através do
preenchimento manuscrito do boletim de ocorrência PMDF e os termos de compromisso do
autor do fato e de representação/requerimento da vítima, não sendo possível a apreensão
de objetos e a lavratura era limitada por um rol restrito de tipos penais.

No ano de 2017 com a doação de alguns tablets, bem como a possibilidade do


próprio policial militar utilizar seu smartphone o preenchimento do boletim de ocorrência
eletrônico, passou a ser executado no local dos fatos. Evitando assim um retrabalho da
equipe policial, pois anteriormente após o preenchimento manuscrito o policial militar
deveria lançar a ocorrência no sistema Genesis no decorrer do serviço.

Lembrando que nos anos de 2016 e 2017 os TCO eram encaminhados


primeiramente para o MPDFT, por meio da recomendação nº 57 do MPDFT, e somente
após vista e análise do membro do Parquet era devidamente processado no TJDFT.

Também no ano de 2017 através de um Termo de Ajuste de Condutas - TAC com o


MPDFT possibilitou a apreensão de objetos relacionados aos TCO/PMDF, o que gerou a
implementação das salas de custódias nas SseCRIMPO dos Comandos de Policiamento
Regionais. Também foi uma grande evolução a possibilidade da PMDF encaminhar
diretamente o material apreendido para o Centro de Guarda de Objetos de Crimes -
CEGOC do TJDFT.

Embora no decorrer desse ano já era realizado apreensões de objetos, não era
efetuado a apreensão de valores em espécies, devido a necessidade de criação de conta
judicial vinculada o processo que ainda seria distribuído no TJDFT.

No ano de 2018 os TCO’s passaram a ser encaminhados diretamente ao Poder


Judiciário através do provimento nº 27 da Corregedoria do TJDFT, sem a devida avaliação
e controle do MPDFT, sendo processado, distribuído e posteriormente concedido vistas
para o membro do parquet se manifestar sobre a ação penal.

Através de acordo com o TJDFT foi regulamentado a utilização de contas judiciais


vinculados aos TCO PMDF, assim passou a ser realizado apreensões de valores e o seu
devido depósito judicial em conta vinculado ao processo.

Ainda nesse ano a polícia militar passou a realizar a lavratura do TCO PMDF em
quase todos os tipos penais de menor potencial ofensivo, não sendo mais restrito ao rol
determinado pelo MPDFT, salvo exceções que serão tratados em aula posteriores.

Um exemplo dos novos tipos penais, a grande evolução, é que a Polícia Militar, após
reuniões com o MPDFT e TJDFT, passou a realizar lavratura de TCO no tipo penal de Uso
e Porte de substância entorpecente (art. 28 da Lei nº 11.343/2006), onde o policial no local
do fato realizava a constatação da substância através de um Kit de teste preliminar de
drogas.

No dia 7 de setembro de 2018, foi publicado a Portaria PMDF 1.077 a qual


regulamentou a lavratura e o devido processamento dos Termos Circunstanciados de
Ocorrência na PMDF.

Importa ressaltar que através das transações penais, oriundas do TCO, há a doação
de bens para a Polícia Militar e prestação de serviços à comunidade nos batalhões, por
parte dos apenados, realizando diversos serviços, tais como lavagem de viaturas.

No final do ano de 2018, no dia 18 de dezembro, foi editado circular PMDF nº 7/2018
- CPRM a qual regulamentou como proceder nos TCO’s com apreensão de entorpecentes,
sua guarda e posteriormente a sua destruição após autorização judicial. A primeira
destruição de drogas, ocorreu no dia seguinte a publicação da circular, com a devida
autorização judicial, na presença do excelentíssimo Sr. Ibrahim Jorge Nasser Saad,
Promotor de Justiça do Distrito Federal.

Já no ano de 2019 foi implementada, conforme previsto na Portaria PMDF nº


1.077/2018, a Subseção de Controle e Aperfeiçoamento de TCO - SSECA-TCO, vinculada
ao Departamento Operacional - DOp, sendo o órgão de contato entre o MPDFT e TJDFT,
mantendo a sintonia e evolução dos órgãos.

Ocorre que as evoluções e aprimoramento do TCO são constantes, onde através de


reuniões são levantadas as futuras demandas para o aperfeiçoamento na PMDF, tais como:
assinatura digital nos tablets e smartphones dos TCO/PMDF, encaminhamento digital dos
TCO’s (PJe e E-GAB), aperfeiçoamento do Sistema Gênesis para melhor atendimento do
TCO, compartilhamento de informações entre os sistemas PMDF/TJDFT/MPDFT,
agendamento das audiências do TJDFT, vinculação direta dos valores decorrentes das
transações penais para benefícios ligados a segurança pública (compra de kit de teste
preliminar de drogas, tablets, entre outros), compra de impressora térmica, lavratura de
tipos penais que demanda a solicitação de perícia de maneira direta ao instituto de
Criminalística.
Aula 04 - Regulamentação do TCO na PMDF

Ementa

Constituição Federal de 1988 (art. 98). Lei Juizados Especiais Criminais 9.099/95
(arts. 61 a 89). Enunciado FONAJE nº 34/2000. Recomendação do MPDFT 57/2016.
Julgamento de liminar RE/SE 2017 (Min Gilmar Mendes). Provimentos CG/TJDFT nº
11/2017 e nº 27/2018. Portaria PMDF nº 1077/2018.

Apresentação

Seja bem vindo a mais uma unidade didática do curso de TCO.

Nesta unidade iremos ampliar nossos conhecimentos sobre as normas que


regulamentam o TCO/PMDF, sejam elas Federais, Estaduais ou internas da Corporação.

Vamos a elas?

Objetivo da Unidade

• Apresentar a fundamentação legal que subsidia a lavratura do TCO na PMDF.

Objetivos da Aula

• Identificar a legislação de forma cronológica;


• Analisar os principais pontos da Portaria PMDF nº 1077/2018.
• Analisar a circular de apreensão de valores;
• Analisar a circular de apreensão de substância entorpecentes.

4.1 - CRFB 88 e lei 9.099/95


Conforme estudado na aula 01, a previsão do TCO tem como respaldo a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, onde em seu art. 98, determinou
a criação de um novo juízo para o julgamento das infrações de menor potencial ofensivo
que veio a ser regulamentado em 1995 pela Lei nº 9.099, onde definiu um novo rito
processual, tendo o conceito de infração de menor potencial ofensivo (art. 61, Lei nº
9.099/95) e adotou alguns novos institutos e medidas despenalizantes, que se adequam
aos princípios da lei, celeridade, informalidade, simplicidade, economia processual e
oralidade, vejamos os institutos:

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os


efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

O primeiro instituto a ser estudado será a garantia do autor não ser preso em
flagrante delito quando se comprometer em comparecer em audiência judicial. O art. 69,
Parágrafo único, da Lei nº 9.099/95 garante ao autor do delito responder em liberdade
mediante assinatura de termo de compromisso, onde se obriga a comparecer na justiça
quando devidamente intimado – TERMO DE COMPROMISSO

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima.

4.2 - Autoridade policial


Entretanto desde a promulgação da lei surgiu a dúvida jurídica de quem seria a
autoridade policial passando o tema a ser debatido nos tribunais pátrios. Dessa forma,
algumas polícias passaram a realizar o TCO de imediato e outras esperaram um melhor
posicionamento jurídico sobre o assunto.

Segundo o Procurador da República, Alexandre Moreira Tavares, existem 02 (dois)


conceitos de autoridade policial, vejamos:
Sentido Estrito: Somente o delegado de polícia. Exemplo: arts. 10 § 1º e 2º,
art. 301 e 322, do Código de Processo Penal.

Sentido Amplo: Todo agente policial previsto no artigo 144 da CRFB de 1988.
A doutrina majoritária adota o sentido amplo quando na análise da Lei nº 9.099/95.
Inclusive a própria Polícia Civil do Distrito Federal reconheceu como autoridade
policial para a lavratura do TCO o DETRAN-DF, com base no termo de cooperação
institucional, SSP-DF/PCDF/DETRAN-DF nº 01/2018, publicado no DODF do dia 11
de abril de 2018.

Na lei 9.099, lei dos Juizados Especiais, é claro e notório que foi adotado o sentido
Amplo, do conceito de autoridade policial, uma vez que a lei diz: Caso o autor do fato,
assuma o compromisso de comparecer a audiência judicial, não se imporá a prisão em
flagrante, art. 69, parágrafo único da lei 9.099 de 1995.

Portanto, seria contraditório o policial militar prender em flagrante delito o autor do


fato, de uma infração penal de menor potencial ofensivo que queira comparecer a audiência
judicial, dando-lhe a oportunidade de liberdade, somente perante o delegado de polícia,
depois de algemá-lo, em alguns casos, e conduzi-lo ao delegado de polícia, demonstrando-
se, assim contrariedade aos princípios e a natureza, da lei 9.099 de 1995.

4.3 - Entendo jurisprudencial - autoridade policial


O Fórum Nacional de Juizados Especial – FONAJE regulamentou o assunto, onde
editou o enunciado nº 34: “Atendidas as peculiaridades locais, o termo circunstanciado
poderá ser lavrado pela Polícia Civil ou Militar.”

O mérito da questão encontra-se para ser debatido em sede de Ação direta de


Inconstitucionalidade, porém o assunto já foi discutido de intra-partes em diversos
momentos no Supremo Tribunal Federal, onde na maioria dos julgados sempre foi favorável
a lavratura por todos os integrantes das forças de segurança previsto no art. 144, clique
aqui para visualizar trecho do RE 1.050.631/SE, Rel Gilmar Mendes.

“28. A interpretação restritiva que o recorrente quer conferir ao termo


‘autoridade policial’, que consta do art. 69 da Lei nº 9.099/95, não se compatibiliza
com o art. 144 da Constituição Federal, que não faz essa distinção. Pela norma
constitucional, todos os agentes que integram os órgãos de segurança pública –
polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, policias civis,
polícia militares e corpos de bombeiros militares –, cada um na sua área específica
de atuação, são autoridades policiais”. Assim, o entendimento adotado pela Turma
Recursal do Estado de Sergipe da Comarca de Aracaju não diverge do entendimento
desta Corte.” (RE 1.050.631/SE, Rel Gilmar Mendes).

4.4 - Lei 9.099/95 - medidas despenalizadoras


Vejamos agoras as medidas despenalizantes da Lei nº 9.099/95 são:

A) Composição dos danos civis ( art. 74, parágrafo único, Lei nº 9.099/95): é a
possibilita Da resolução do conflito penal por meio de um acordo de natureza
cível, onde se busca a mínima satisfação da vítima como exemplo a
reparação do dano sofrido;
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada
pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado
no juízo civil competente.

Exemplo TCO/PMDF: Ocorrência de dano simples, clique aqui para ver


o julgado.

B) Transação penal (art. 76, Lei nº 9.099/95): é a possibilidade do Ministério


Público não manejar a ação penal, evitando assim todo o desgaste estatal,
onde o membro do MP propõe aplicação imediata de pena restritiva de direitos
ou multa, antes mesmo da denúncia.

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal


pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público
poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a
ser especificada na proposta.

Exemplo TCO/PMDF: Ocorrência de exercício ilegal da profissão ou


atividade, clique aqui para ver o julgado.

C) Suspensão condicional do processo (art. 89, Lei nº 9.099/95): ocorre quando


autor do fato não aceita ou quando não preenche os requisitos para ser
beneficiado pela transação penal, assim terá início ao processo judicial.
Quando a pena mínima em abstrato for menor que um ano, o autor pode
receber o benefício de ter o processo judicial suspenso, devendo cumprir
algumas condições impostas pelo Juiz.

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

Exemplo TCO/PMDF: Ocorrência de exercício ilegal da profissão ou


atividade, clique aqui para ver o julgado.

D) Representação nos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas


(art.88)

Percebe-se que todos os novos institutos visam a garantir a maior celeridade no


decorrer do processo penal, visando a resolução do conflito com medidas alternativas ao
cárcere.

4.5 - Recomendação MPDFT e provimentos TJDFT


Como visto no ano de 2016 a PMDF iniciou tratativas juntamente ao Ministério
Público para a lavratura do TCO, onde foi editado a recomendação nº 57 do MPDFT:

RECOMENDAR: Aos Membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios,


respeitada a independência funcional, que recebam os Termos Circunstanciados de
Ocorrência lavrados por policiais militares e policiais rodoviários federais, nos termos do
art. 69 da Lei nº 9.099/95.

Publique-se na intranet e no Diário Eletrônico do MPDFT

Brasília, 06 de abril de 2016. (caixa de destaque)

No decorrer da expansão do TCO, em junho de 2017, sobreveio o provimento nº 11


da Corregedoria do TJDFT, onde determinava que os Juízos antes de receber o TCO PMDF
deveria encaminhar a PCDF para a homologação, porém foi revogado em agosto de 2018,
pelo provimento nº 27 da Corregedoria do TJDFT, que autorizou o encaminhamento dos
TCO/PMDF diretamente ao Poder Judiciário, vejamos:

Provimento nº 11

Art. 1 o AUTORIZAR os juízes dos juizados especiais criminais e os demais juízos


com competência criminal da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios a receber, mandar
distribuir e processar, para o fim de deflagrar procedimento de natureza criminal, os Termos
Circunstanciados de Ocorrência iniciados por policiais militares ou rodoviários federais e
por agentes de trânsito, por meio eletrônico ou físico, desde que homologados por
autoridade a quem se conferem, de forma expressa e inequívoca (artigo 144, § 4 o, da
CRFB), as atribuições de Polícia Judiciária.

Parágrafo único. Os Termos Circunstanciados de Ocorrência enviados diretamente


ao Poder Judiciário, ainda que com a utilização de nomenclatura ou classificação diversa,
ou por meio de simples intermediação do Ministério Público, confeccionados por policiais
militares ou rodoviários federais e agentes de trânsito, sem a participação da autoridade
policial civil, devem ser baixados à respectiva delegacia, circunscricional ou especializada,
a fim de que possam ser cadastrados, homologados, ratificados ou eventualmente aditados,
por meio de investigações ou exames complementares, no prazo de cinco dias.

Art. 2º Este Provimento entra em vigor na data de sua publicação. Desembargador,


CRUZ MACEDO. Corregedor TJDFT.

PROVIMENTO 27, DE 23 DE AGOSTO DE 2018


Autoriza o recebimento pelos juizados especiais criminais e pelos demais
juízos com competência criminal da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
dos Termos Circunstanciados de Ocorrência lavrados por policiais militares e
agentes de trânsito do Distrito Federal bem como por policiais rodoviários federais.
O CORREGEDOR DA JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS, em virtude de suas atribuições legais e regimentais e do disposto
no PA SEI 0010069/2018,

RESOLVE:
Art. 1º Autorizar o recebimento pelos juizados especiais criminais e pelos
demais juízos com competência criminal da Justiça do Distrito Federal e dos
Territórios, para o fim de deflagrar procedimento de natureza criminal, dos Termos
Circunstanciados de Ocorrência lavrados por policiais militares e agentes de
trânsito do Distrito Federal bem como por policiais rodoviários federais.
Art. 2º Revogar o Provimento 11, de 1º de junho de 2017.
Art. 3º Este Provimento entra em vigor na data da sua publicação.

Desembargador HUMBERTO ADJUTO ULHÔA


Corregedor da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
4.6 - PORTARIA 1077
Como estudado, a regulamentação do TCO na PMDf foi marcado pela edição da
Portaria PMDF nº 1.077 de 07 de setembro de 2017 (clique aqui para baixar a portaria),
onde prevê as normas e procedimentos para a devida lavratura, o processamento no âmbito
da Corporação para o envio ao Poder Judiciário.

De maneira didática podemos dividir a portaria em 03 pontos relevantes:

• A estrutura dos órgãos internos e suas respectivas atribuições;


• A lavratura e o processamento do TCO/PMDF;
• Regulamenta a apreensão de objetos relacionadas ao TCO/PMDF.

4.6.1 - PORTARIA 1077 - A estrutura dos órgãos


A estrutura dos órgãos é dividida em:

A. Subseção de Controle e Aperfeiçoamento do Termo Circunstanciado de Ocorrência


(SSECA-TCO);
○ Órgão Gestor do TCO no âmbito da Corporação;
○ Tem suas atribuições definidas no art. 4º da portaria;
○ É uma subseção vinculada ao Departamento Operacional da PMDF, sendo
responsável pela fiscalização, controle e aperfeiçoamento do TCO no ambito
da Corporação. Efetuará o controle das SSECRIMPOS, também é
responsável por editar instruções normativas em relação ao assunto e dirimir
quaisquer dúvidas;
B. Subseção de Crimes de Menor Potencial Ofensivo (SSECRIMPO);
○ Órgão setorial por onde tramita o TCO no âmbito da Corporação, é uma
subseção vinculada às Seções Operacionais dos Comandos de Policiamento,
sendo responsável por receber, analisar, processar, homologar e encaminhar
a circunscrição judiciária do local do fato;
○ Tem suas atribuições definidas no art. 8º da portaria;
○ Também efetua o controle de qualidade dos termos circunstanciados,
funcionando como um filtro de possíveis erros gramaticais e ambiguidades
nos textos e no campo jurídico, auxiliando o comandante do Comando de
Policiamento a realizar o encaminhamento correto ao Poder Judiciário, em
caso confirmado de TCO/PMDF, ou para o Ministério Público, em caso de
peça informativa, notitia criminis, fato que não corresponde a lavratura de
TCO/PMDF, mas lavrado pelo policial militar, no local do fato, como sendo.
○ Fiscalizar e controlar, em conjunto com a Seção de Logística do Comando de
Policiamento, os objetos apreendidos relacionados ao TCO.
C. Centro de Operações da Polícia Militar (COPOM);
○ Por meio do Oficial de Operações, orientar os policiais militares sobre dúvidas
oriundas da lavratura do TCO, recomendando a melhor solução para o caso
concreto.
○ As dúvidas dirimidas serão realizadas pelos canais de comunicação (rede
rádio, telefone, entre outros);
D. Equipe de Apoio à Confecção do Termo Circunstanciado;
○ Tem suas atribuições definidas no art. 10º da portaria;
○ Deve orientar e dirimir, nos casos concretos, eventuais dúvidas na lavratura
do TCO
○ Diferentemente das dúvidas dirimidas pelo COPOM, a equipe de apoio presta
o auxílio aos policiais no local do fato;
○ Conforme previsão legal é obrigatório a implementação de equipe por 24
meses a contar da publicação da portaria;

Fique atento: Importa ressaltar que as dúvidas em relação a lavratura do TCO,


também poderão ser dirimidas pelo Coordenador de Policiamento de Unidade - CPU
(oficial de dia), Coordenador de Policiamento Regional - CPR (supervisor de área),
pelo o efetivo das SSECRIMPOS, ou até mesmo por qualquer outro policial militar
com maior conhecimento, afinidade e atuação prática nas lavraturas do TCO/PMDF.
“JUNTOS SOMOS MAIS FORTES”

E. Comissão Permanente do Termo Circunstanciado de Ocorrência.


○ É composta pelo Chefe da SSECA-TCO, Chefes das SSECRIMPOs e
membros da Equipe de Instrutores
○ Tem suas atribuições definidas no art. 12 da portaria;
○ Propor ou opinar sobre as estratégias, instrumentos, ações e programas para
a implementação, adaptação e melhoria do TCO, auxiliando a SSECA- TCO
na elaboração de Instruções Normativas;
F. Equipe de Instrutores do Termo Circunstanciado de Ocorrência
○ Vinculada ao Departamento de Educação e Cultura (DEC).
○ Tem suas atribuições definidas no art. 11 da portaria;
○ Tem atribuição de ministrar instruções, palestras ou cursos, inclusive
naqueles cursos obrigatórios de carreira, seja presencialmente ou na
plataforma à distância (EAD),
○ Auxiliar na produção de manuais, apostilas e demais materiais de instrução
○ Propor ao DOP a edição de Instrução Normativa (IN).

4.6.2 - PORTARIA 1077 - LAVRATURA DO TCO


Para que a Polícia Militar realize a lavratura do Termo circunstanciado de ocorrência
se faz necessário a presença dos seguintes requisitos:

A. Ser uma infração penal de menor potencial ofensivo (art. 61, Lei nº 9.099/95);

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para


os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

B. Ser um caso de flagrante delito (art. 302, CPP);


Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por


qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou


papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Não confundir estar em flagrante delito com o auto de prisão em flagrante!

O flagrante delito, conforme a doutrina majoritária, se divide em três fases:


captura, condução coercitiva e lavratura do auto de prisão. O art. 302, CPP refere-
se a fase de captura, ou seja, o momento em que o autor do fato delituoso é
encontrado, podendo ser no ato ou logo após esse.

Já o auto de prisão em flagrante - APF é um procedimento administrativo


onde a autoridade de polícia judiciária formaliza, demonstrando a materialidade e
autoria do fato criminoso, e submete o cidadão ao cárcere provisório comunicando
o fato delituoso ao Poder Judiciário e Ministério público, nos termos do art. 304,
CPP.

Da mesma forma o Termo Circunstanciado - TCO é um procedimento


administrativo onde se demonstra a materialidade e autoria da infração de menor
potencial ofensivo e comunica o fato delituoso ao Poder Judiciário e Ministério
Público, entretanto, como visto, o cidadão tem o direito de responder em liberdade,
nos termos do Art. 69, Parágrafo único, Lei 9.099/95.

C. Preencher o requisito da ação penal. (Veremos na unidade III - os tipos de


ação penal e seus requisitos para o processamento da ação)

A lavratura do TCO/PMDF é regulamentada pelos art. 13, devendo ser preenchido


preferencialmente eletrônico e, apenas no impedimento deste meio, será adotado o
formulário impresso.
Embora previsto no art. 13, § 1º que todo TCO deverá conter, obrigatoriamente, os
seguintes dados dos envolvidos no fato: I - nome completo; II - Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF), Registro Geral (RG), documento funcional, ou qualquer outro documento público
hábil a identificar o envolvido; III - telefone; IV - endereço, sempre que possível com o
Código de Endereçamento Postal (CEP); V - sexo; VI - filiação; VII - data de nascimento. A
falta de um desses itens não impede a lavratura do TCO/PMDF.
O que a portaria busca é o devida qualificação e melhoria do nosso banco de dados
não deixando margem de dúvida para a devida identificação das partes envolvidas.
Também importa ressaltar que conter os dados no TCO, não se confunde com a
obrigatoriedade de o indivíduo portar o documento no ato da abordagem no local do fato.
A obrigatoriedade legal existente é do indivíduo se identificar (art. 68, Lei de
Contravenções Penais) e não de apresentar algum documento, possuindo o policial militar
diversos meios para verificar a veracidade das informações prestadas através de sistemas
Gênesis, Infoseg, COPOM, GETRAN, entre outros.
Nesse sentido, buscando uma melhor qualidade de informações e prestadas,
buscando o detalhamento do fato ocorrido, própria natureza do TCO, a portaria regulamenta
nos § 2º a 6º os dados e documentos que deverá conter o TCO para a seu devido
preenchimento, que veremos na próxima unidade de forma detalhada como preencher
corretamente um TCO utilizando

4.6.3 - PORTARIA 1077 - NÃO CABE LAVRATURA DO TCO


Da mesma forma, buscando evitar lavratura indevida de TCO, o art. 14, expressa os
casos em que não serão possíveis a lavratura de TCO/PMDF, vejamos:
● Quando o autor não possuir identificação conhecida;
○ Lembrando que não possui identificação conhecida é o autor não estar
devidamente identificado, que é diferente de não portar identidade no
momento da abordagem. Aqui o cidadão não se identifica ou se
identifica de forma imprecisa não sendo possível confirmar os dados
via sistema
● Quando a pena máxima em abstrato, considerando a soma das causas de
aumento ou de diminuição do crime com a pena base, exceder o limite de dois
anos;
○ Aplicação do art. 61, Lei nº 9.099/95.
● Quando o autor se recusar a assinar o Termo de Compromisso e Ciência;
○ Conforme previsão legal, art. 69, parágrafo único, Lei nº 9.099/95, não
se imporá a prisão em flagrante, quando apresentado diretamente no
Juizado ou esse se comprometer em comparecer em audiência.
Mediante a negativa deverá o autor do fato ser encaminhado a
delegacia mais próxima para proceder na produção do Auto de Prisão
em Flagrante.
● Quando a vítima, nos casos de necessidade de representação, se recusar a
representar contra o autor;
○ Veremos na unidade III é um requisito para o prosseguimento da ação
penal quando dos crimes de ação penal pública condicionada e ação
penal privada;
● Quando não houver autoria do fato conhecida;
○ Necessidade do flagrante delito estar configurado;
○ Se não é conhecido
● Quando o autor não estiver no local da confecção do TCO;
○ Necessidade do flagrante delito estar configurado;
● Quando em concurso de crimes a soma das penas máximas em abstrato for
superior a 2 (dois) anos;
○ Aplicação do art. 61, Lei nº 9.099/95
● Quando, no concurso de crimes, algum não se enquadrar como de menor
potencial ofensivo ou cujo TCO não possa ser lavrado pela Corporação, a
exemplo de crimes conexos com aqueles de competência da Justiça Federal,
crimes militares ou que envolvam menores;
○ Aplicação do art. 61, Lei nº 9.099/95
● Quando o autor do fato estiver com mandado de prisão em aberto.
○ Como a finalidade do TCO é facultar ao autor do fato criminoso
responder pelo seu delito em liberdade, não é possível conferir esse
direito se o referido direito está suspenso por determinação judicial.

Fique atento!
Não cabe a lavratura de Termo Circunstanciado de Ocorrência pela PMDF:

A. Crimes militares (art. 9, II, Decreto-lei nº 1.001/69 - CPM)


Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal,


quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na
mesma situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar
sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em
formatura, ainda que fora do lugar sujeito a administração militar contra militar da
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão
de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração
militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar
da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o
patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar;
f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora
não estando em serviço, use armamento de propriedade militar ou qualquer material
bélico, sob guarda, fiscalização ou administração militar, para a prática de ato ilegal;
f) revogada.

● Com a edição da Lei 13.491/2017 ocorreu a ampliação de Justiça


Militar, dessa forma passou a ser também de competência o
processamento e julgamento dos crimes previstos em legislações
externas ao Código Penal Militar quando ocorridos dentro das
hipóteses previstas no art. 9º, II, CPM.
● Não confundir a qualidade do autor ser militar, com o cometimento do
crime militar.
● Ex: Policial militar, de folga, praticou um crime de ameaça contra o seu
vizinho, assim sendo que a guarnição policial militar chegou ao local e
lavrou o TCO PMDF, onde o autor do fato, policial militar, assinou o
termo de compromisso se obrigando a comparecer na audiência
judicial, observa-se que o policial militar não cometeu crime militar.
B. Violência doméstica (art. 41, Lei nº 11.340/06)
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099,
de 26 de setembro de 1995.
● Não existe lavratura do TCO PMDF e nem de TCO da polícia judiciária,
quando envolver infração penal, que tenha relação com violência
doméstica e familiar contra a mulher.
● Exemplos, em caso de flagrante: O padrasto praticou um crime de
injúria contra sua enteada; o Pai ameaça matar a sua filha; O marido
queima as roupas de sua esposa; O Ex-namorado ameaça matar sua
ex-namorada; Portanto nesses casos a PMDF deve encaminhar as
partes a delegacia, para ser lavrado o Auto de Prisão em Flagrante.
C. Atos infracionais praticados por menor de 18 anos;
● De acordo com a lei 8.069 de 1990, o menor de 18 anos não comete
infração penal, mas sim ato infracional análogo à infração penal,
ficando sujeito as medidas socioeducativas e medidas de proteção,
previstas no Estatuto da Criança e Adolescente, portanto a Polícia
Militar ao se deparar com o flagrante de ato infracional deve
encaminhar o menor para a Delegacia da Criança e do Adolescente.
D. Alguns crimes que dependem de perícia;
● A lei 9.099/95 traz em seu artigo 77 § 1º, dispõe que “para o
oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de
ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito
policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou
prova equivalente”.
● A lei 9.099/95 estabelece a informalidade como um dos princípios
norteadores, assim sendo quando o fato puder ser comprovado por
outra prova de meio equivalente ou através de boletim médico não se
faz necessária a presença do exame de corpo de delito, sendo uma
exceção ao artigo 158 do Código de Processo Penal, que dispõe: “Art.
158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão
do acusado.”
● Através de acordo com o MPDFT e com base no art. 77, § 1º, da lei n
º 9.099/95 nos crimes de dano simples, maus tratos de animais,
pichação, entre outros bastará a existências de fotos que comprovem
a materialidade do delito.
● Inclusive no crime de lesão corporal leve o MPDFT entende a
possibilidade do boletim médico confeccionado no hospital suprir a
ausência do exame pericial. A PMDF está em tratativas para a
implementação do TCO /PMDF relacionada a esse tipo penal;
E. Não será lavrado o TCO quando a segurança da equipe policial militar
ficar comprometida no local;
● Há ocorrências onde o autor ou a própria população se exaltam contra
a equipe policial militar no local do fato, nesses casos, convém que a
equipe policial se dirija com o autor para a delegacia mais próxima,
sendo um local neutro onde poderá ser lavrado o TCO da polícia civil.
F. No momento não está sendo lavrado o TCO por orientação do Ministério
Público, quando o Policial Militar em ato de serviço for vítima secundária de
desacato, desobediência e resistência (vítima direta é o Estado).
● Importa ressaltar que se qualquer outro agente ou servidor público, não
sendo policial militar, sendo vítima de desacato, desobediência ou
resistência poderá a equipe policial militar lavrar o TCO PMDF no local
do fato.

4.6.4 - PORTARIA 1077 - APREENSÕES


Por fim trataremos sobre as apreensões de objetos, regulamentado pelo art. 20 da
portaria, o qual determina que o policial militar deverá colher todas as provas que servirem
para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias, apreendendo os objetos que tiverem
relacionados à ocorrência, preenchendo o termo de apreensão devidamente pelo policial
militar e duas testemunhas. Importa ressaltar que os objetos apreendidos deverão ser
entregues na SSECRIMPO do Comando de Policiamento da respectiva área em que for
lavrado o TCO.

Após a edição da portaria 1.077/2018 sobreveio duas circulares onde passou a


detalhar como será procedido na apreensão de valores em espécie e seu devido depósito
judicial (clique aqui para ver a circular) e também a apreensão de substância entorpecentes,
sua guarda e a respectiva destruição após a autorização judicial (clique aqui para ver a
circular).
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil, Constituição. Brasília: Senado Federal, 1988.


Brasil, Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, Dispõe sobre os Juizados Especiais civis e criminais e
dá outras providências.
Brasil, Decreto-lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal.
Brasil, Decreto-lei 3.689, de 03 de novembro de 1941. Código de Processo Penal.
Brasil, Decreto-lei 3.689, de 03 de novembro de 1941. Lei das Contravenções Penais.
Brasil, Lei 4.737, de 15 de julho de 1965. Código Eleitoral.
Brasil, Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e Adolescente.
Brasil, Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997. Código de Trânsito Brasileiro.
Brasil, Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997. Lei das Eleições.
Brasil, Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Lei dos Crimes Ambientais.
Brasil, Lei 10.671, de 15 de maio de 2003. Estatuto do Torcedor.
Brasil, Lei 10.741, de 1º de novembro de 2003. Estatuto do Idoso.
Brasil, Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003. Estatuto do Desarmamento.
Brasil, Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006. Lei de Drogas.
Lima, Renato Brasileiro De, Manual de Processo Penal, Editora Jus Podivm, 5ª Edição, 2017.
Lima, Renato Brasileiro De, Legislação Criminal Especial Comentada, Editora Jus Podivm, 5ª
Edição, 2017.
Salgado, Daniel de Resende (Coord). Dallagnol, Deltan Martinazzo (Coord). Cheker, Monique
(Coord). Controle Externo da Atividade Policial, Editora Del Rey, ano 2016.
Brasil, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Recomendação nº 57, de 06 de abril de
2016.

Complementar:
Capez, Fernando, Curso de Processo Penal, Editora Saraiva, 23ª Edição, 2015.
Cunha, Rogério Sanches, Manual de Direito Penal, Parte Geral, volume único, Editora Jus Podivm
4º Edição, 2016.
Lima, Renato Brasileiro De, Código de Processo Penal comentado, Editora Jus Podivm, Ano 2017.

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