Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DELEGADO
DE POLÍCIA
Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
EM AÇÃO 7a revista
ampliada
edição atualizada
2
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
O texto do livro fazia referência à ADI nº 6201, mas ela foi extinta sem
julgamento do mérito em março de 2021. Trecho excluído do livro:
“Cita-se, ainda, o RE 720617, no qual o STF, ao fazer referência a ADI
36141, entendeu que a atribuição de polícia judiciária compete à Polícia Civil,
devendo o Termo Circunstanciado ser por ela lavrado, sob pena de usurpação
de função pela Polícia Militar. Observe que o tema da lavratura do Termo
Circunstanciado pela Polícia Militar está novamente em debate no STF, uma
vez que está em trâmite a ADI 6201.”
3
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
4
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
5
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
6
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
7
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
O entendimento acima se aplica aos crimes contra a propriedade imaterial de ação penal privada. Logo,
atente-se para a natureza da ação penal desses crimes.
a) Crimes do Código Penal (art. 186 do CP):
• art. 184, caput, do CP: ação penal privada.
• art. 184, §§ 1º e 2º, do CP (ex.: venda de DVD pirata): ação pública incondicionada.
• art. 184, § 3º, do CP: ação penal pública condicionada.
• em qualquer uma das figuras do art. 184, do CP, se o crime for cometido em desfavor de entidades
de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída
pelo Poder Público, a ação será pública incondicionada.
b) Crimes da Lei nº 9.279/96: em regra, ação penal privada, salvo o art. 191 que é ação penal pública
incondicionada.
8. REsp 1.762.142/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, 6ª Turma, julgado em 13/04/2021.
8
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
9. HC 607.003-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020. HC 191464 AgR, Rel.
Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.
10. AgRg no HC 664.916/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021. HC
648.232/SP, Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA
TURMA, julgado em 18/5/2021.
11. HC 591.920/RJ, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021. HC 652.284/SC,
Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 27/4/2021.
9
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
(...)
É por isso que se mostra relevante a observância dos direitos constitucio-
nais do investigado em relação aos fatos por ele narrados, cenário que não se
restringe ao interrogatório formal na Delegacia de Polícia. O STF, no RHC
170843 AgR,13 rejeitou uma condenação baseada exclusivamente em decla-
rações informais prestadas a policiais (civis ou militares) no momento da
prisão em flagrante. Observe que, desde a prisão em flagrante, os direitos
constitucionais do investigado devem ser preservados. Mesmo no citado
momento, a falta da advertência ao direito ao silêncio torna ilícita a prova.
Isso porque o privilégio contra a auto-incriminação (nemo tenetur se detege-
re), erigido em garantia fundamental pela Constituição, importou compelir o
inquiridor, na polícia ou em juízo, ao dever de advertir o interrogado acerca
da possibilidade de permanecer calado. Nas palavras do Tribunal, “qualquer
suposta confissão firmada, no momento da abordagem, sem observação ao
direito ao silêncio, é inteiramente imprestável para fins de condenação e,
ainda, invalida demais provas obtidas através de tal interrogatório”.
E, assim, o direito ao silencio se apresenta como pedra de toque do siste-
ma constitucional criminal. Tamanha relevância se verifica, inclusive, na nova
lei de abuso de autoridade, ao prescrever como crime, nos termos do art. 15,
parágrafo único, da Lei n° 13.869/19, a conduta de o Delegado de Polícia pros-
seguir com o interrogatório quando o investigado ou indiciado decide exercer
o seu direito ao silêncio.
O dever de o Estado dar conhecimento dos direitos do investigado ou do
indiciado é também conhecido... (continua no livro)
12. HC 591.920/RJ, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021.
13. RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 4.5.2021.
10
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
14. HC 118.860/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 02/12/2010.
11
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
15. AI 560223 AgR, Relator(a): Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, julgado em 12/04/2011. No mesmo
sentido, REsp 1113734/SP, Rel. Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em 28/09/2010.
16. HC 84203, Relator(a): Min. Celso de Mello, Segunda Turma, julgado em 19/10/2004.
12
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
17. “A espécie – gravação de conversa pessoal entre indiciados presos e autoridades policiais, que os primeiros
desconheceriam – não se poderia opor o princípio do sigilo das comunicações telefônicas – base dos
precedentes recordados – mas, em tese, o direito ao silêncio (CF, artigo 5., LXIII), corolário do princípio
"nemo tenetur se detegere", o qual entretanto, não aproveita a terceiros, objeto da delação de corréus;
acresce que, no caso, à luz da prova, a sentença concluiu que os indiciados estavam cientes da gravação
e afastou a hipótese de coação psicológica” (HC 69818, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Primeira
Turma, julgado em 03/11/1992, DJ 27-11-1992).
18. HC 80949, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 30/10/2001.
19. NUCCI, 2012, p. 369.
13
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
14
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
Observe que, até 2019, o tema possuía uma lacuna no direito brasileiro,
sem tratamento legal específico, cenário que foi alterado em razão da inserção
do art. 158-A e seguintes ao Código de Processo Penal pela Lei nº 13.964/19.
Esse marco legislativo possui relevância, pois, de acordo com o STJ,20 “não é
possível se falar em quebra da cadeia de custódia, por inobservância de dis-
positivos legais que não existiam à época”.
Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave
contra a pessoa, bem como por crime contra a vida, contra a liberdade
sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será submetido, obriga-
toriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de
20. RHC 141.981/RR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 23/03/2021.
21. ADI 4911, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno,
julgado em 23/11/2020.
15
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
22. Em razão da proibição da fenotipagem genética, “as informações genéticas contidas nos bancos de da-
dos de perfis genéticos não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto
determinação genética de gênero, consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos
humanos, genoma humano e dados genéticos. Dado o caráter invasivo inerente à identificação do perfil
genético, não se pode admitir sua utilização para outros fins” (Rejeição de vetos ao pacote anticrime,
2021, p. 29).
16
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolo- Art. 9º-A. O condenado por crime doloso pra-
samente, com violência de natureza grave contra ticado com violência grave contra a pessoa,
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos bem como por crime contra a vida, contra a
no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, liberdade sexual ou por crime sexual contra
serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à
do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido identificação do perfil genético, mediante extração
desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica
(Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) adequada e indolor, por ocasião do ingresso no
estabelecimento prisional. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)
CRIMES CRIMES
a) crimes dolosos com violência de natureza grave a) crimes dolosos com violência de natureza grave
contra pessoa; e contra pessoa;
b) crimes hediondos do art. 1º da Lei nº 8072/90. b) crimes contra vida (art. 121 a 126 do CP);
c) crimes contra a liberdade sexual (art. 213 a
216-A do CP); e
d) crimes sexuais contra vulnerável (art. 217-A a
128-C do CP).
17
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
23. Inq 4828, decisão interlocutória de junho de 2021, Rel. Ministro Alexandre de Moraes.
18
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
Por outro lado, em relação aos foros por prerrogativa dos demais Tri-
bunais, as duas turmas do STJ seguem linha distinta do STF. O STJ faz uma
interpretação restritiva do entendimento acima apresentado, no sentido de
que o posicionamento do STF sobre o tema se aplica somente ao respectivo
Tribunal, uma vez que a extensão do foro por prerrogativa de função à etapa
investigativa decorre exclusivamente de determinação presente no Regimento
Interno do STF. Nessa linha, para o STJ, o Delegado de Polícia pode investi-
gar e indiciar pessoas com foro por prerrogativa de função sem ingerência
do respectivo Tribunal; a única ressalva seria eventual medida cautelar que
deve ser encaminhada ao Tribunal de foro para análise da representação.
Segue o entendimento da 5ª Turma do STJ: 24
24. RHC 79.910/MA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 26/03/2019.
No mesmo sentido, julgado analisando de forma mais específica o ato de indiciamento: AgRg no HC
404.228/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2018. No mesmo sentido, a 6ª
Turma do STJ: AgRg no AREsp 1541633/PR, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 06/10/2020.
19
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
Observe que o entendimento está pacificado no STJ, mas o STF ainda não
se pronunciou especificamente sobre tal situação. Ao contrário, em julgamento
da mesma época dos julgados citados, o STF25 manteve a sua jurisprudência em
um caso envolvendo foro por prerrogativa do próprio STF ao afirmar que “a
competência penal originária do Supremo Tribunal Federal, inclusive no que
toca à etapa investigatória, encontra-se taxativamente elencada nas regras de
direito estrito estabelecidas no art. 102 da CRFB, razão pela qual não permite
alargamento pela via interpretativa”.
20
25. Rcl 25537, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 26/06/2019.
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
1. Crime cometido antes da Investigação e indiciamento pelo Delegado sem autorização do Tribunal.
diplomação Medidas cautelares em 1ª instância.
3. Crime cometido após a di- Precisa de autorização do Tribunal para Investigação e indiciamento
plomação e COM relação com instauração do procedimento investi- pelo Delegado sem autori-
as funções gativo, indiciamento e medida cautelar. zação do Tribunal. Precisa
de autorização do Tribunal
somente para as medidas
cautelares.
4. Crime ocorrido após o fim do Investigação e indiciamento pelo Delegado sem autorização do Tribunal.
mandato Medidas cautelares em 1ª instância.
21
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
22
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
26. HC 94278, Relator(a): Min. Menezes Direito, Tribunal Pleno, julgado em 25/09/2008.
27. AP 878 QO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 21/11/2018.
28. AP 937 QO, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/05/2018.
23
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
Crime sem pertinência temática cometido por A investigação será presidida por magistrado de 1º
magistrado que atua em 1º grau grau (não se aplica a regra do foro por prerrogativa
da Constituição Federal)
24
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
29. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019.
25
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
30. PET 9189, rel. para acórdão Edson fachin, julgado em 14/05/2021.
31. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019. No mesmo sentido, QO na
APn 874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por maioria, julgado em 15/05/2019
32. RE 1185838/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 14.5.2019.
26
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
O tema foi inserido no art. 14-A do CPP pela Lei n° 13.964/19. Nos casos
em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Consti-
tuição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos
policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exer-
cício profissional, de forma consumada ou tentada, mesmo se for suposta
hipótese de excludente de ilicitude, o indiciado poderá constituir defensor.
A inovação legislativa trouxe nova obrigação legal ao Delegado de Polícia
por ocasião da instauração do inquérito policial quando se tratar da situação
narrada no parágrafo anterior, entendimento esse aplicável a qualquer pro-
cedimento investigativo à luz do disposto no mencionado artigo. De acordo
com o art. 14, § 1º, do CPP, o investigado deverá ser citado da instauração
do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até
48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. Tal ciência ao
investigado é qualificada como uma decorrência do contraditório e da ampla
defesa, de modo que toda a investigação policial não se efetue a sua revelia.
27
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
33. Aqui vale uma observação. A “obrigatoriedade de o investigado ser notificado da investigação” é uma
novidade como previsão legal. Contudo, em vários trechos deste livro, defendemos que isso já seria
uma obrigação imposta ao Delegado de Polícia em razão do sistema constitucional vigente para todas
as investigações criminais.
28
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
34. Nesse sentido, Renato Brasileiro (Rejeição de vetos ao pacote anticrime, 2021, p. 21).
35. Termos do veto: “A propositura legislativa, ao prever que os agentes investigados em inquéritos policiais
por fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional serão defendidos priori-
tariamente pela Defensoria Pública e, nos locais em que ela não tiver instalada, a União ou a Unidade da
Federação correspondente deverá disponibilizar profissional, viola o disposto no art. 5º, inciso LXXIV,
combinado com o art. 134, bem como os arts. 132 e 132, todos da Constituição da República, que
confere à Advocacia-Geral da União e às Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal, também
função essencial à Justiça, a representação judicial das respectivas unidades federadas, e destas
competências constitucionais deriva a competência de representar judicialmente seus agentes
públicos, em consonância com a jurisprudência do Supremo Tribunal (v.g., ADI 3.022, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, j. 02/08/2004, DJ 04/03/2005.”
29
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
Não obstante a novel previsão dos arts. 282,§ 2º e 311, ambos do CPP, o
Min. Marco Aurélio, da Primeira Turma do STF, decidiu, no HC 194.219, que
o vício decorrente da conversão, de ofício, da prisão em flagrante em preven-
tiva, fica suplantado se houver manifestação do Ministério Público antes da
decisão por meio da qual se decide manter a referida prisão preventiva. Tal
qual o entendimento do STJ, antes citado, este recente entendimento do STF
também nos parece equivocado, pelas razões já expostas.
30
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
tos, ela também deve ser realizada nas hipóteses de prisão definitiva. Aliás, o
STF, no Agravo Regimental na Reclamação nº 29.303/RJ, de relatoria do Min.
Edson Fachin, entendeu ser exigível a audiência de garantia também nos casos
de prisão resultante de condenação com trânsito em julgado.
31
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
Dessa forma, até que o tema seja apreciado pelo Plenário do STF, deve-se
admitir a audiência de custódia por videoconferência, nas hipóteses excepcio-
nais já mencionadas.
32
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
Art. 312 § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e
fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
33
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
34
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
36. HC 118.860/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 02/12/2010.
37. Art. 8º-A, § 2º. A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando necessária,
por meio de operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do inciso
35
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
36
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
38. REsp 1.806.792-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 11/05/2021.
37
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
Nos casos em que o acesso direto pelo Delegado de Polícia se mostrar ilegal
e demandar uma autorização judicial, deve-se considerar que muitas dessas
redes sociais (v.g. whatsapp) são protegidas por criptografia ponta a ponta. Nas
palavras do Ministro Ribeiro Dantas, Relator do RMS 6053139:
39. RMS 60.531/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministro RIBEIRO DANTAS, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/12/2020.
38
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
40. RMS 60.531/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministro RIBEIRO DANTAS, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/12/2020.
41. HC 546.830/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 09/03/2021.
39
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
42. REsp 1782386/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2020.
43. STJ - RHC: 99735 SC 2018/0153349-8, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 27/11/2018.
40
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
41
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
46. RMS 57.740-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
23/03/2021.
42
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
5.3.5.
A busca e apreensão domiciliar e a descoberta de outros elementos
probatórios
O tema do encontro fortuito de provas (serendipidade) foi trabalhado no
capítulo do inquérito policial, ao qual remetemos o leitor. De qualquer modo,
seguem algumas ponderações sobre o tema.
Os Tribunais Superiores possuem jurisprudência acerca da impossibilidade
de indicação, pelo Delegado de Polícia, de todos os bens passíveis de apreen-
são no local do crime, a fim de conferir à autoridade policial certa margem
de discricionariedade.47 Tanto que o art. 243 do CPP disciplina os requisitos
do mandado de busca e apreensão, dentre os quais não se encontra o detalha-
mento do que pode ou não ser arrecadado.48 Por isso, de acordo com o STJ,49
suficiente à delimitação da busca e apreensão é a determinação de que deve-
riam ser apreendidos os materiais que pudessem guardar relação estrita com
aqueles fatos, sem que o Delegado de Polícia tenha que se ater tal delimitação,
haja vista a possibilidade de encontrar durante a diligência outros itens ilícitos.
Mesmo que se trate de um documento sigiloso, não existe exigência legal de
43
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
que o mandado de busca e apreensão detalhe que será apreendido esse tipo
de documento.50
Nessa linha, o instituto da serendipidade tem peculiar incidência nas
buscas e apreensões.
Imagine a seguinte situação hipotética: o juiz concede um mandado de
busca e apreensão para a busca de animais silvestres e, no decorrer do cum-
primento da diligência, após revirar gavetas ou armários, são encontrados
determinados objetos ilícitos. Tais objetos fortuitamente encontrados podem
ser licitamente apreendidos pelo Delegado de Polícia e utilizados como prova
em face do infrator?
No âmbito doutrinário, de acordo com Eugenio Pacelli de Oliveira51,
“se os policiais passam a revirar as gavetas ou armários da residência, é de se
ter por ilícitas as provas de infração penal que não estejam relacionadas com
o mandado de busca e apreensão. Do contrário, a ação policial, em caso de
mandado de busca e apreensão, fugiria do controle judicial, configurando ver-
dadeira ilegalidade, por violação do domicílio, no ponto em que, para aquela
finalidade, o ingresso na residência não estaria autorizado”. (continua no livro)
- disposição geral sem - disposição com inúmeras - somente para infiltração - disposição geral sem
regra específica regras (a mais completa na internet regra específica
do direito brasileiro) - prazo de 90 dias renová-
- prazo de 6 meses re- vel até 720 dias
novável - p rocedimento subsi-
- procedimento subsidiário diário
50. RHC 141.737/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 27/04/2021.
51. OLIVEIRA, 2010, p.379-380.
44
ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
52. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020.
45