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Coleção Resumos

Direito Processual Penal


Parte 1

Janaina Mascarenhas

Sumá rio
INQUÉRITO POLICIAL E INVESTIGAÇÕES PRELIMINARES..............................................................3
AÇÃO PENAL...............................................................................................................................23
COMPETÊNCIA............................................................................................................................34
MEDIDAS CAUTELARES...............................................................................................................57
LIBERDADE PROVISÓRIA.............................................................................................................80

2023
INQUÉRITO POLICIAL E INVESTIGAÇÕES PRELIMINARES
1. Conceito

Quando alguém pratica um crime, em regra, surge uma pretensão punitiva para o Estado
(ius puniendi). Essa pretensão demanda uma persecução criminal (persecutio criminis)
que inicia com a investigação criminal pré-processual.

A investigação criminal pré-processual é procedimento administrativo em que há


apuração do fato e autoria, com finalidade de colher elementos informativos que
auxiliem a elucidação do crime e a persecução criminal.

O Inquérito Policial é o principal instrumento de que se vale o Estado, através da


polícia judiciária, órgão integrante da função executiva, para iniciar a persecução penal,
com o controle externo das investigações realizadas por parte do Ministério Público.

STJ, RESP 1.365.910-RS (Informativo 590), 2016 - O Ministério Público, no


exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso a ordens de
missão policial. Se for uma missão em acordo de sigilo o MP tem acesso a
posteriori. Não pode ter acesso a atividades que vão além da atividade de
investigação criminal, não engloba todos os relatórios de inteligência.

2. JUIZ DE GARANTIAS – L. 13964/2019

ATENÇÃO! A lei 13.964/2019 previu a figura do juiz de garantias, que tem como
função garantir a legalidade da investigação e garantir direitos fundamentais, decidindo
as questões extraprocessuais. Não pode ser o mesmo juiz da instrução.

Entre as atribuições estão: recebimento de APF, observação dos direitos do preso


provisório, decidir sobre prisão preventiva e medidas cautelares, julgar produção
antecipada de provas, julgar HC, receber a denúncia, homologar acordo de não
persecução penal (ANPP) [LER ART 3ºB CPP].

Algumas alterações:

 IPL com réu preso passa a poder ser prorrogado por 15 dias.
 O juiz da instrução deve decidir sobre manutenção/revogação das medidas
cautelares em 10 dias após o recebimento dos autos.
 JECRIM não tem juiz de garantias

Essa mudança tem como objetivo o fortalecimento do sistema acusatório, com maior
separação do juiz julgador do juiz que atua na investigação. Teoria da dissonância
cognitiva.

Esses artigos do juiz de garantias estão suspensos por decisão do STF em MC nas ADIS
6298, 6299, 6300 e 6305 bem como o artigo 157 §5º que trata da suspeição para o
processo do juiz que declara prova inadmissível e o artigo 28 do CPP. Essa presunção
de suspeição é muito criticada pela doutrina.
Fux trouxe discussão sobre possível inconstitucionalidade formal (diferença entre
normas processuais, competência da união, e normas de organização judiciária,
competência privativa do poder judiciario). Possíveis inconstitucionalidades materiais:
169, não teve analise de impacto orçamentário, eficiência do microssistema processual
penal.

Questões ainda em aberto: essa suspeição se aplica também nos processos originários
em tribunais? O juiz de garantias se aplica aos tribunais? Se aplica à Justiça Eleitoral?

3. Presidência do inquérito

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de


suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria.

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades


administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

A regra geral é que a investigação preliminar seja conduzida pelo delegado através do
inquérito policial. Exemplo de outras autoridades administrativas que tem função
investigativa: CVM, COAF, CGU (inquéritos extrapoliciais).

Lei 12.830/2013 – dispõe sobre a investigação criminal pelo delegado de polícia.

Avocação e redistribuição de inquérito: Somente nos casos de interesse publico ou


nas hipóteses de inobservância de procedimento que prejudique a investigação.

Indiciamento: É atribuição exclusiva do delegado, conforme art. 2º §6º da Lei


12.830/2013. É a identificação da autoria.

STF, HC 133835, 2016 – O indiciamento de autoridades com prerrogativa de foro


precisa de autorização do Tribunal competente. No caso de Magistrados (art. 33,
parágrafo único, da LC 35/79) e MP (art. 18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 40,
parágrafo único, da Lei nº 8.625/93) não é possível o indiciamento pelo delegado,
precisa remeter ao Tribunal, no caso de juiz ou PGR/PGJ no caso de MP.

STF, 2022 - É inconstitucional norma estadual que impõe a necessidade de prévia


autorização do órgão COLEGIADO do tribunal competente para prosseguir com
investigações que objetivam apurar suposta prática de crime cometido por magistrado

STF, 1 TURMA, 2019 - Não é possível anular provas ou processos em tramitação


com base no argumento de que a Polícia Federal não teria atribuição para
investigar os crimes apurados, desde que a ação seja supervisionada pelo MP e juízo
competente. A desconformidade da atuação da Polícia Federal com as disposições da
Lei nº 10.446/2002 e eventuais abusos cometidos por autoridade policial, embora
possam implicar responsabilidade no âmbito administrativo ou criminal dos agentes,
não podem gerar a nulidade do inquérito ou do processo penal.
Na prerrogativa de foro o MP deve requerer as diligencias com autorização previa do
STF ou Tribunal competente, sempre sob fiscalização dele após autorizada a
investigação.

Lei Lavagem Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será
afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz
competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno.

STF, INFO 1000 – É INCONSTITUCIONAL esse afastamento por indiciamento.

4. Investigação pelo MP

O art. 129, incisos I, VII e VIII da CR/88 determinam como funções do MP a


instauração de inquérito, o controle externo da atividade policial e a promoção, de modo
privativo, da ação penal pública. Nesse sentido, o STF (RE 593727/MG) entendeu que o
MP tem competência para realizar investigações próprias, desde que respeitados os
direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob
investigação do Estado.

 O poder de investigação ministerial é excepcional.


 A fiscalização da investigação ministerial é feita pelo Poder Judiciário.
 Teoria dos poderes implícitos: Se o MP é o titular da ação penal pública ele
também tem os poderes de investigação para alcançar esse fim.

5. Investigação pelo STF – artigo 43 do RISTF e o inquérito das fake News

Em 2019 o presidente do STF instaurou inquérito de ofício, com base no artigo 43 do


RISTF, que determina: “Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do
Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeito a
sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro Ministro”.

Esse ato foi duramente criticado pelo MP, pois entende que essa norma não foi
recepcionada pela CR/88, que institui o sistema acusatório, no qual o juiz não pode
acumular funções de investigação e julgamento. Assim, caberia apenas ao MP, na figura
da PGR, requisitar abertura de inquérito para investigar fatos envolvendo autoridade
com foro no STF, podendo este unicamente enviar notícia sobre suposta infração.

No entanto, a PGR ao requerer o arquivamento do inquérito não recebeu deferimento do


STF, que manteve as investigações. No julgamento da ADPF 572, o Tribunal entendeu
que o artigo foi recepcionado e é constitucional, mas que deve ser usado com
parcimônia, observando: (a) seja acompanhado pelo Ministério Público (MP); (b) seja
integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula Vinculante; (c) limite o objeto do
inquérito a manifestações que, denotando risco efetivo à independência do Poder
Judiciário; (d) observe a proteção da liberdade de expressão e de imprensa nos termos
da Constituição. Segundo o Pleno “Esse dispositivo é regra excepcional que confere ao
Judiciário função atípica na seara da investigação, de modo que seu emprego depende
de rígido escrutínio. É um instrumento de defesa da própria Constituição, utilizado se
houver inércia ou omissão dos órgãos de controle. Ainda que sentidos e práticas à luz
desse artigo possam ser inconstitucionais, há uma interpretação constitucional.”

Quanto ao requisito de ser infração na sede, o Tribunal entendeu que pelas ameaças
serem feitas na internet, estaria preenchido o requisito. Destacou ainda que a
investigação tem como objeto lesões ao Estado Democrático de Direito e às Instituições,
e não os indivíduos ministros do STF.

Principais críticas: violação ao acusatório; ausência de delimitação clara dos limites da


investigação (devido processo legal e contraditório violados); violação ao juiz natural
no alargamento do termo “sede”.

6. Características do inquérito policial

a) Caráter inquisitivo

Não vigora o contraditório, apesar de existir defesa (princípio da não auto-incriminação,


advogado é facultativo, SV 5). Não existe dialeticidade, é unilateralmente conduzido
pela autoridade policial. Não se aplica o art. 5º, LV da CR/88.

ATENÇÃO! L. 13964/2019 previu no art. 14-A a defesa técnica para investigados


das forças de segurança, policiais e militares, nos procedimentos extrajudiciais que
tratem de fatos ocorridos no exercício da profissão relacionados ao uso de força
letal! Se o investigado não nomear defensor, a instituição a que pertence deverá nomear
no prazo de 48h!

Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144
da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais,
inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art.
23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado
poderá constituir defensor.

§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado
[atecnia!] da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor
no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.

§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de


defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a
instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para
que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a
representação do investigado.

 Convicção do juiz e elementos de informação do inquérito

Como o inquérito não é realizado com contraditório, a decisão condenatória não pode
ser fundamentada exclusivamente nos elementos informativos nele contidos. Mas
podem ser usadas como complementares às provas produzidas em juízo, bem como
quando não são infirmadas por outras provas.

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.

STF, RHC 118516, 2014 - O livre convencimento do juiz pode decorrer das
informações colhidas durante o inquérito policial, nas hipóteses em que complementam
provas que passaram pelo crivo do contraditório na fase judicial, bem como quando
não são infirmadas por outras provas colhidas em juízo. [sofre críticas nessa ultima
parte, porque inverte o ônus da prova]

STJ, AgRg no AREsp 609.760/MG, 2017 - É certo que nos termos do art. 155 do
Código de Processo Penal, o decreto condenatório não pode se fundar exclusivamente
em elementos de prova colhidos apenas no inquérito policial e não repetidos em juízo,
podendo tais elementos serem utilizados para corroborar o convencimento baseado
em outras provas disponibilizadas durante a instrução processual.

Provas cautelares (interceptação telefônica, perigo da demora, precisa autorização


judicial), não repetíveis (corpo de delito, só acontece uma vez, não precisa autorização
judicial) e antecipadas (ex: testemunha morrendo, possui contraditório real, só é
antecipada, precisa autorização judicial): no curso do processo devem ser submetidas ao
contraditório diferido, a posteriori. Não precisam ser repetidos no processo.

STJ Súmula 455 - A decisão que determina a produção antecipada de provas


com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a
justificando unicamente o mero decurso do tempo.

O ARTIGO 155 SE APLICA AO JURI? Em regra, diz-se que no júri vige o sistema
da intima convicção, de modo que os jurados não precisam fundamentar sua decisão.
No entanto, há uma aparente incoerência no próprio sistema do júri, que é a
possibilidade de novo júri por condenação/absolvição contraria a prova dos autos. Essa
questão tem sido muito polemica e debatida, havendo divergência do STF e STJ
inclusive sobre a aplicabilidade dessa apelação, que gera novo júri, no caso de
absolvição. Para o STF, não caberia, seria um recurso apenas de defesa, para o STJ
caberia.

Recentemente, em 2021, o STJ em sua 3ª Seção discutiu sobre a aplicação do artigo 155
no Juri. Ambas as turmas tinham entendimento de que não se aplica o 155 ao júri,
porque é intima convicção. Mas mudou a 5 turma com base em recentes julgamentos da
Turma.

No HC 560.552/RS entenderam que o 155 SE APLICA A PRONUNCIA. Ou seja,


entender pela não aplicação no júri levaria a um standard maior na pronuncia do
que para condenação.
No o AREsp 1.803.562/CE a 5 turma entendeu que a apelação defensiva de sentença
condenatória, por prova contraria aos autos, gera o dever do tribunal avaliar os
elementos do crime e as provas. Se não fizer essa analise ou o acórdão é omisso, ou
significa que não há provas, gerando novo júri. Portanto, havendo condenação, há a
necessidade de se observar o mínimo de provas produzidas em juízo de cada um dos
elementos, sob pena de a apelação ser provida e gerar novo júri [contrariedade às
provas dos autos].

Assim, juntando esses dois entendimentos tem-se que: o tribunal em apelação defensiva
deve analisar as provas, e estas não podem ser apenas elementos informativos. Portanto,
se forem, gerarão novo júri, por ausência de provas. Assim, o 155 se aplica ao júri [so
para condenar...]

(I) a maior segurança da prova gestada no processo judicial, em comparação aos


indícios do inquérito; e (II) a mudança jurisprudencial que consolidamos, neste ano,
no HC 560.552/RS. terceiro fundamento para dar suporte a essa tese: (III) a
interpretação sistemática e finalística do art. 155 com o art. 473, § 3º, do CPP
[permite a leitura em plenário de provas provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis
mas não de outras do inquérito, o que demonstra que o legislador quis evitar a
condenação com base em elementos informativos]

Pode-se concluir que o STJ em parte se aproximou do entendimento do STF, porque


acabou entendendo que a apelação por contrariedade a prova dos autos somente vai
gerar novo júri no caso de sentença condenatória, pela necessidade de este estar pautado
em provas realizadas em juízo (livre convencimento motivado). Sendo sentença
absolutória, o STJ não falou da necessidade de observar o 155, pelo que parece
continuar vigendo o sistema da intima convicção.

 Discricionariedade do delegado

Por não existir um rito do inquérito, o delegado possui discricionariedade para


determinar as diligências que avalie serem necessárias, com exceção do corpo de delito.

Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer


qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial
negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento
da verdade.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

O exame de insanidade mental não pode ser requerido de ofício pelo delegado, pois
possui reserva de jurisdição.
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador,
do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame
médico-legal.

§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação


da autoridade policial ao juiz competente.

 Suspeição do delegado

Não é oponível suspeição à autoridade judiciária na fase investigatória, porque o


inquérito é inquisitivo, não há contraditório. Somente é afastado se ele se declara de
ofício suspeito, nas hipóteses do art. 254 do CPP.

 Incomunicabilidade

Não foi recepcionada pela Constituição, porque em seu art. 136, §3°, IV veda a
incomunicabilidade em estado de defesa. Portanto, em situação de normalidade não
poderia haver incomunicabilidade. Até mesmo o preso submetido ao RDD (regime
disciplinar diferenciado) possui direito a duas visitas quinzenais, e o art. 5º da CR/88
garante o direito de ter contato com advogado e família.

 HC e inquérito policial

Em regra não cabe HC para trancar inquérito policial, porque este por si só não causa
constrangimento ilegal, pois é exercício de atribuições da autoridade policial. Exceções:

 Atipicidade da conduta
 Ausência de indícios mínimos de materialidade e autoria
 Causa extintiva de punibilidade.

OBS: é cabível alegação de constrangimento ilegal pelo inquérito que se prolonga no


tempo de modo desarrazoado e desproporcional.

 Vícios no inquérito e efeitos no processo penal

Em regra, elementos informativos viciados não contaminam o processo, ensejando


apenas a nulidade da peça informativa. Exceção: quando o processo está totalmente
ligado às peças informativas, de modo que a nulidade destas deixa a denúncia sem
embasamento. Isso reforça a necessidade de observância ao art. 155 do CPP de o juiz
não se basear unicamente dos elementos informativos do inquérito para a condenação.

b) Sigiloso

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato


ou exigido pelo interesse da sociedade.

Não há necessidade de publicidade para que os atos de investigação tenham validade,


diferente dos atos no processo penal, que a regra é ser público.
O sigilo tem como objetivo assegurar a eficiência das diligências, bem como assegurar
que pessoas não sejam expostas sem que haja indícios suficientes para a instauração de
uma ação penal (presunção de inocência como norma regra de tratamento na sua face
exoprocessual). Norma-regra de tratamento, probatória e de julgamento.

 Antecedentes e inquéritos policiais

Art. 20 (...) Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados,
a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a
instauração de inquérito contra os requerentes.

Antecedentes são condenações transitadas em julgado que não servem para reincidência
(ex: porque são fatos anteriores ou porque já passaram os 5 anos). Inquéritos policiais
não podem ser usados como maus antecedentes.

STF, 1ª Turma, 2019 – 5 anos não afasta os maus antecedentes.

STJ – 5 anos não afasta os maus antecedentes.

STF TEM 150 RG, 2020 – 5 anos NÃO AFASTA os maus antecedentes.
EXCEPCIONALMENTE PODE AFASTAR se a condenação não tem anda a ver ou é
muito antiga.

"Não se aplica ao reconhecimento dos maus antecedentes o prazo quinquenal de


prescrição da reincidência, previsto no artigo 64, inciso I, do Código Penal, podendo o
julgador, fundamentada e eventualmente, não promover qualquer incremento da pena-
base em razão de condenações pretéritas, quando as considerar desimportantes, ou
demasiadamente distanciadas no tempo, e, portanto, não necessárias à prevenção e
repressão do crime, nos termos do comando do artigo 59 do Código Penal."

 Direitos do advogado

Súmula Vinculante 14 – É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso


amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício
do direito de defesa.

O sigilo do inquérito não é oponível ao advogado, exceto em relação às diligências em


andamento. Não precisa de procuração para acesso ao inquérito, exceto se esse correr
em segredo de justiça.

c) Dispensabilidade

O inquérito não é obrigatório. Pode ser dispensado quando já houver indícios de autoria
e estiver comprovada a materialidade.

Exemplo: o art. 27 do CPP afirma que qualquer pessoa do povo pode submeter ao MP
informações sobre crime para que seja instaurada ação penal publica incondicionada. É
a delatio criminis que, quando acompanhada de informações e elementos suficientes,
dispensa qualquer outra investigação.

O mesmo ocorre no caso de ação penal publica condicionada à representação quando


esta for acompanhada de elementos suficientes para a formação da opinio delicti.

No JECRIM, o Termo circunstanciado pode substituir o inquérito e ensejar denúncia do


MP no caso de não cabimento ou recusa por parte do acusado em transacionar.

d) Escrito

7. Formas de instauração

Pode ser por cognição imediata da autoridade policial durante sua atividade, por
cognição mediata, quando alguém leva a informação até a autoridade e cognição
coercitiva, com o auto de prisão em flagrante.

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a


requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal


em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.

STJ, RHC 98056-CE, 2019 - É possível a deflagração de investigação criminal com


base em matéria jornalística.

7.1 Na ação penal pública incondicionada


a) De ofício (art. 5º, I e art. 24 CPP)
b) Por requisição do MP (art. 5º, II) – não pode ser requisição da autoridade
judiciária, por conta do sistema acusatório [ver caso fake news ADPF 572]. O
que pode ocorrer é notitia criminis judicial, na qual o juiz envia cópias ao MP
para que analise se instaura ou não inquérito, mas não deve requisitar a
instauração, essa análise é do MP.
o Se a requisição é manifestamente ilegal o Delegado não precisa instaurar
e não responde por crime, no máximo por infração administrativa.
(Nucci). Mas há divergência, alguns dizem que a requisição do MP é
ordem, pois autor da ação penal.
c) Requerimento do ofendido (art. 5º, II segunda parte) – notitia criminis.
d) Delatio criminis (art. 5º §3°)
o Denúncia anônima/delatio criminis apócrifa é apta à deflagração da
persecução penal quando seguida de diligências para averiguar os fatos.
7.2 Ação penal pública condicionada

Art. 5º (...)

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não


poderá sem ela ser iniciado.

Somente pode instaurar o inquérito mediante representação do ofendido ou requisição


do MJ. Prazo: 6 meses da ciência de quem é o autor do fato.

7.3 Ação penal privada

Art. 5º (...)

§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a


inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

O inquérito só pode ser instaurado mediante queixa do ofendido.

7.4 Prisão em flagrante

A última forma de instauração é no caso de prisão em flagrante, quando é obrigatória a


instauração de inquérito após a lavratura do APF. OBS: se o flagrante for de crime de
ação privada ou condicionada a representação, o APF e a inquérito ficam condicionados
a essa condição de procedibilidade.

Art. 304. (...)

§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade


mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o
for, enviará os autos à autoridade que o seja.

8. Diligências do inquérito

Não há um rol taxativo de diligências, por isso o delegado possui discricionariedade na


maior parte da condução do inquérito. O art. 6º enumera algumas diligências:

 Preservar o local
 Apreender objetos relacionados com o crime
 Realizar exame de corpo de delito (obrigatório quando deixa vestígios)
 Ouvir o ofendido
 Ouvir o indiciado
 Colher informações sobre existência de filhos

STJ RHC 67.379-RN, Informativo 593, 2016 - Embora seja despicienda ordem
judicial para a apreensão dos celulares, ainda que verificada a situação de
flagrância, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo
telefônico.
STJ RHC 75.800-PR, Informativo 590, 2016 – A medida de busca e apreensão
engloba autorização para acessar os dados nos aparelhos apreendidos.

STJ RHC 86.076-MT, Informativo 617, 2018 – Prescinde de autorização judicial o


acesso aos dados em telefone celular da VÍTIMA, entregue por seu cônjuge, porque
o sigilo busca preservar os direitos do acusado. Além disso, uma vez que a vítima
morreu não há mais a pessoa detentora do direito ao sigilo.

OBS: olhar o REGISTRO TELEFONICO pode, não pode é ler as mensagens. Também
não pode apreender celular e ficar monitorando pelo WhatsappWeb, nem mesmo com
autorização judicial porque essa ferramenta não se equipara à interceptação telefônica
(STJ).

Nos crimes de sequestro, redução a condição análoga de escravo, tráfico de pessoas,


sequestro relâmpago, e extorsão mediante sequestro e tráfico internacional de crianças o
membro do MP ou o delegado podem requisitar diretamente informações de dados
cadastrais sobre vítimas ou suspeitos.

Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art.
159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239
da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de
quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.

Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico


de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão
requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima
ou dos suspeitos do delito em curso.

No caso de tráfico de pessoas há ainda a possibilidade de requisitar judicialmente a


triangulação, ou seja, que as empresas de telefonia informem a localização da vítima
ou dos suspeitos. O prazo da medida é de no máximo 30 dias e deve ser feita
requisição judicial. Caso o juiz se mantenha inerte por 12h o MP o delegado pode
requerer diretamente com a empresa.

 COMPARTILHAMENTO DE INFORMAÇÕES DO FISCO – SIGILO


BANCÁRIO/FISCAL

O STF e o STJ tem entendimento de que não há ilegalidade no compartilhamento de


informações entre o Fisco e o MP para instruir procedimentos investigatórios e ações
penais.
Tema 990 STF foi julgado, firmando as teses: (i) é constitucional o compartilhamento
com Ministério Público de relatórios da Receita Federal, resguardado o sigilo do
procedimento; (ii) O compartilhamento deve se dar por comunicações formais.

STF, RHC 121429, 2016 (Rel Toffoli) - Não é nula a condenação criminal
lastreada em prova produzida no âmbito da Receita Federal do Brasil por meio
da obtenção de informações de instituições financeiras sem prévia autorização
judicial de quebra do sigilo bancário. Isso porque o STF decidiu que são
constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o acesso direto da
Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes.

STJ, 6T, HC 422273, 2018 - O entendimento de que é incabível o uso da


chamada prova emprestada do procedimento fiscal em processo penal, tendo em
vista que a obtenção da prova (a quebra do sigilo bancário) não conta com
autorização judicial contraria a jurisprudência consolidada do Supremo
Tribunal Federal de que é possível a utilização de dados obtidos pela
Secretaria da Receita Federal, em regular procedimento administrativo fiscal,
para fins de instrução processual penal. 4. No caso, não há falar em ilicitude das
provas que embasam a denúncia contra os pacientes, porquanto, assim como o
sigilo é transferido, sem autorização judicial, da instituição financeira ao Fisco e
deste à Advocacia-Geral da União, para cobrança do crédito tributário,
também o é ao Ministério Público, sempre que, no curso de ação fiscal de
que resulte lavratura de auto de infração de exigência de crédito de tributos e
contribuições, se constate fato que configure, em tese, crime contra a ordem
tributária.

9. Conclusão do inquérito

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese,
a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando
estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos
ao juiz competente.

§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade


poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão
realizadas no prazo marcado pelo juiz.

SUSPENSO PELO STF Art. 3º-B (...) § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das
garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o
Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão
será imediatamente relaxada.
O art. 10 estabelece como prazo geral para conclusão do inquérito 30 dias para
réu solto, podendo ser prorrogado, e 10 dias para réu preso (podendo ser
prorrogado por mais 15 sempre ouvido o MP). Em aberto questão da prisão
temporária, que é pelo prazo máximo do inquérito, 10d, agora poderá prorrogar
por 15?

Na justiça federal, no entanto, prazo é de 15 dias para réu preso, prorrogável por igual
prazo, e 30 dias para réu solto (art. 66 L. 5.010).

Para a lei de drogas (art. 51 L. 11.343/06) o prazo é de 30 dias para réu preso,
prorrogável pelo mesmo período e 90 dias para réu solto, prorrogável pelo mesmo
período.

O CPP determina que o relatório seja encaminhado para o juiz mas na prática e pelo
sistema acusatório é encaminhado ao MP. Na JF com base na Resolução 63/2009, os
juízes determinam a tramitação direta entre MP e polícia dos inquéritos policiais da
esfera federal.

10. Arquivamento – ATENÇÃO! L. 13964/2019

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

A autoridade policial segue o princípio da indisponibilidade. O arquivamento é ato


privativo do MP, homologado pela autoridade judiciária. O arquivamento não faz coisa
julgada material, é endoprocessual (exceto atipicidade e punibilidade).

Motivos de arquivamento:

 Ausência de justa causa


 Atipicidade*
 Excludentes de ilicitude, culpabilidade e punibilidade*
 Ausência de indícios de autoria.

As ações penais privadas não podem ser arquivadas pelo MP, porque é direito do
ofendido decidir se segue com o processo ou não. Portanto, espera-se o prazo
decadencial de 6 meses para apresentar queixa.

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos


informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima,
ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de
revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.

§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do


inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela
chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial

Parte minoritária da doutrina criticava o art. 28 afirmando que feria o sistema


acusatório, já que o juiz não poderia opinar sobre as razões do arquivamento, a opinio
delicti é do MP. Agora, com o novo art. 28, o juiz não tem mais influência sobre a
decisão de arquivamento, sendo inclusive “ordenado” pelo MP, e não mais requerido.

No caso do MPF a divergência é resolvida pela 2 CCR que pode: oferecer denúncia;
designar outro procurador para oferecer; arquivar.

No MPF o arquivamento de IPL deve ser remetido à CCR para homologação


(Orientação Conjunta n° 01/2015).

Após, remetido à JF para baixa dos autos e arquivamento físico, notificando a DPF
(Orientação conjunta n° 03/2016).

Se o inquérito sobre corrupção tiver incidente processual (quebra de sigilo, por


exemplo) precisa enviar para a JF para homologar o arquivamento. (Orientação n°
02/2017 da 5ª CCR)

STJ Inq 967, 2015 – Membro do MPF que atua originariamente no STJ ao requerer o
arquivamento está fazendo por delegação do PGR, de modo que o Tribunal superior
deve aceitá-lo, não cabe aplicação do art. 28 do CPP.

STF Informativo 893, 2018 - O princípio da independência funcional está


diretamente atrelado à atividade finalística desenvolvida pelos membros do
Ministério Público, gravitando em torno das garantias: a) de uma atuação livre
no plano técnico-jurídico, isto é, sem qualquer subordinação a eventuais
recomendações exaradas pelos órgãos superiores da instituição; e b) de não
poderem ser responsabilizados pelos atos praticados no estrito exercício de
suas funções.

STF, MS 34730, 2020 – PGJ que arquiva na sua atribuição originária não precisa que o
juiz homologue, mesma lógica do PGR no STJ, exceto se for por motivo que forme
coisa julgada material (atipicidade e extinção de punibilidade). Ex: PGJ arquiva por
ausência de provas de autoria – arquivamento nem precisa ir pro Tribunal.

No entanto, a decisão do PGJ não é imune de revisão. Os legítimos interessados


podem recorrer ao Colégio de Procuradores.

LONMP Art. 12. O Colégio de Procuradores de Justiça é composto por todos


os Procuradores de Justiça, competindo-lhe:
(...)

XI - rever, mediante requerimento de legítimo interessado, nos termos da Lei


Orgânica, decisão de arquivamento de inquérito policial ou peças de
informações determinada pelo Procurador-Geral de Justiça, nos casos de sua
atribuição originária;

STF, Inq 4244/DF, 2018 – PGR ao declinar atribuição para MP na 1ª instância (perda
do foro) deve antes analisar diligências pendentes e concluir pelo arquivamento ou não.
Se não for caso de arquivamento, remete-se ao MP.

STF, Inq 4420, 2018 – É possível que STF arquive de ofício o inquérito quando não
forem reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade e já tiver sido
descumprido os prazos máximos de investigação e exauridas as diligências de
investigação possíveis. Baseou num dispositivo do RISTF. Muito criticado pelo MP. [se
aproxima de um controle de legalidade, um HC de ofício trancando o inquérito por
excesso de prazo, mas o tribunal chamou de arquivamento. STF citou esse precedente
no inquérito das fake News para demonstrar jurisprudência no sentido de atuação de
oficio]

OBS: Arquivamento homologado por juízo absolutamente incompetente – se gerar coisa


julgada material não pode ser revisto, por vedação a reformatio in pejus. Se não gerar
coisa julgada pode ser desarquivado e remetido ao juízo competente.

 Arquivamento implícito

Não é possível no Brasil. Se o MP deixa de mencionar um dos indiciados na denúncia


isso não significa arquivamento implícito, porque o MP pode oferecer outras denúncias,
sobrevindo outras provas ou até mesmo a emenda à inicial até a sentença. A ação penal
pública é divisível.

 Arquivamento indireto

É quando há recusa ministerial em oferecer a denúncia no caso de discordância entre o


juiz e o MP sobre a competência. Assim, interpretando como arquivamento indireto a
recusa o juiz deve aplicar o art. 28 do CPP. É possível no Brasil.

 Arquivamento temporário no JECRIM

Quando a vítima não é encontrada para audiência de conciliação. Sua presença é


obrigatória e por isso as peças de informação são arquivadas pelo tempo em que ela não
é encontrada. Se for ação penal pública condicionada a representação o prazo
decadencial continua correndo.

 Impugnação de arquivamento

Em regra não cabe recurso do despacho de arquivamento do inquérito, porque esse é


apenas uma homologação pelo juízo e a opinio delicti é privativa do MP. A vítima não
possui direito líquido e certo a impedir o arquivamento. A Lei 13964 previu prazo de 30
dias para impugnar.

STJ, Informativo 565, 2015 - Na ação penal pública incondicionada, a vítima


não tem direito líquido e certo de impedir o arquivamento do inquérito ou das
peças de informação

No entanto, o STJ admitiu uma exceção na qual é possível MS para impugnar


arquivamento: quando ele se der com base em prescrição em perspectiva, que não é
admitida pela jurisprudência e portanto é uma decisão teratológica.

STJ, HC 123.365/SP, 2010 - É possível o conhecimento do mandado de


segurança no âmbito penal, notadamente quando impetrado contra decisão
teratológica, que, no caso, determinou o arquivamento de inquérito policial por
motivo diverso do que a ausência de elementos hábeis para desencadear eventual
persecução penal em desfavor do indiciado.

Para crimes contra a economia popular (Lei 1.521/1951) há remessa necessária nos
casos de absolvição OU quando determinarem o arquivamento. Essa previsão é criticada
porque (i) a remessa necessária viola o princípio da voluntariedade do recurso; (ii) a
remessa necessária serve como condição para que se forme coisa julgada, mas o
arquivamento de inquérito não forma coisa julgada.

11. Desarquivamento

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária,


por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Pode ser feito de ofício pela autoridade policial quando sobrevierem novas provas. A
prova deve ser substancialmente nova, ou seja, permitir novas investigações.

No entanto, não podem ser desarquivados (fazem coisa julgada) se o motivo do


arquivamento foi:

 Atipicidade
 Causa extintiva de punibilidade

STJ REsp 791.471-RJ, Informativo 554, 2015 – Entende que o arquivamento com base
em excludente de ilicitude também faz coisa julgada material porque define o mérito do
caso com grau de certeza jurídica.

STF, HC 125101/SP, 2015 - O arquivamento de inquérito policial em razão do


reconhecimento de excludente de ilicitude não faz coisa julgada material
Súmula 524 STF - Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

OBS: Extinção da punibilidade por certidão de óbito falsa – EM INQUÉRITO o


STF admite a mitigação da coisa julgada, pois entende a sentença de homologação do
arquivamento inexistente.

No caso de processo penal, há divergência. A maioria da doutrina posiciona-se,


corretamente, pela negativa. Inexiste no direito brasileiro a hipótese de revisão pro
societate, como há expressamente no Código de Processo Penal italiano (art. 69). Seria
uma revisão criminal prejudicial ao réu. Havendo a juntada de certidão de óbito nos
autos, o ideal é oficiar-se ao cartório diretamente, solicitando do notário um outro
documento para a devida comparação.

Outra corrente entende que seria possível revisão criminal nesse caso com base nos
seguintes argumentos: a) se não houve morte, estava ausente o pressuposto da
declaração de extinção da punibilidade, não podendo haver coisa julgada; decisão
inexistente b) a decisão de extinção da punibilidade é apenas interlocutória, não gerando
coisa julgada material. O réu não pode se valer de ilícito para ludibriar a justiça.

12. Acordo de não persecução penal (Res 181 CNMP)

POSITIVADO PELA L. 13964/2019

Natureza; negocio jurídico pre processual.

Precisa ser homologado pelo juiz de garantias. Com o cumprimento das condições é
extinta a punibilidade. Durante o cumprimento não corre a prescrição. A execução do
acordo se dá no juízo da execução.

Requisitos: 5(caput)+4(§2º excludentes)

i. Não ser caso de arquivamento – durante a investigação


a. STF E STJ 2021– Não pode se já foi recebida a denúncia.
ii. Pena mínima inferior a 4 anos
iii. Não ter violência ou grave ameaça
iv. Confissão
v. Ser necessário e suficiente

Condições (cumulativas ou alternativas):

a) Reparar o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo


b) Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo MP como produto,
proveito ou instrumento do crime.
c) Serviço à comunidade pelo tempo da pena mínima diminuída de 1/3 a 2/3.
d) Prestação pecuniária
e) Outra condição estipulada pelo MP.
Não cabe quando: (4)

 Couber transação (pena máxima até 2 anos).


 Reincidente OU houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal
habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais
pretéritas;
 Ter sido beneficiado nos últimos 5 anos por SURSIS processual, transação ou
ANPP. [não inclui PRD nem sursis da pena!!]
 Violência doméstica ou familiar ou de gênero.
 Dano superior a 20 SM
 O aguardo do cumprimento do acordo levar à prescrição
 Crime hediondo
 Não ser medida necessária e suficiente
O juiz homologa observando voluntariedade e legalidade. Pode se recusar a homologar
por entender serem insuficientes as condições, devolvendo ao MP para adequações. Se o
MP se recusar a fazer acordo, o investigado pode pedir a aplicação do art. 28. O recurso
contra a não homologação pelo juiz é RESE.

No caso de recusa por parte do MP em propor ANPP, não há remessa automática ao


órgão máximo do Ministério Público, só se o investigado pedir a aplicação do art. 28.
HÁ ENTENDIMENTOS NO SENTIDO CONTRARIO NA DOUTRINA, que o juiz
poderia fazer esse controle, alguns de modo mais amplo, adentrando no mérito, outros
apenas nos requisitos objetivos e formais.

Controle do Poder Judiciário quanto à remessa dos autos ao órgão superior do


Ministério Público deve se limitar a questões relacionadas aos requisitos objetivos,
não sendo legítimo o exame do mérito a fim de impedir a remessa dos autos ao órgão
superior do Ministério Público. Nesse sentido, a Segunda Turma do Supremo
Tribunal Federal decidiu recentemente que não se tratando de hipótese de manifesta
inadmissibilidade do ANPP, a defesa pode requerer o reexame de sua negativa, nos
termos do art. 28-A, § 14, do Código de Processo Penal (CPP), não sendo legítimo, em
regra, que o Judiciário controle o ato de recusa, quanto ao mérito, a fim de
impedir a remessa ao órgão superior no MP. (HC n. 194.677/SP, julgado em 11 de
maio de 2021. Informativo n. 1017).

Enunciado 13 I Jornada DPDPP CJF - A inexistência de confissão do investigado antes


da formação da opinio delicti do Ministério Público não pode ser interpretada como
desinteresse em entabular eventual acordo de não persecução penal.

Enunciado 12 I Jornada DPDPP CJF - A proposta de acordo de não persecução penal


representa um poder-dever do Ministério Público, com exclusividade, desde que
cumpridos os requisitos do art. 28-A do CPP, cuja recusa deve ser fundamentada, para
propiciar o controle previsto no §14 do mesmo artigo.

STJ entende que é faculdade do MP, fundamentando, não direito subjetivo.


Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de
não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção
do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:

I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;

II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público


como instrumentos, produto ou proveito do crime;

III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente


à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser
indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal);

IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei


nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse
social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como
função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo
delito; ou

V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público,
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.

§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste
artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso
concreto.

§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:

I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais,


nos termos da lei;

II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem


conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as
infrações penais pretéritas;

III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e

IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados


contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado
pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência
na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado
na presença do seu defensor, e sua legalidade.

§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições


dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério
Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do
investigado e seu defensor.

§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os


autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução
penal.

§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos
legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.

§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a


análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da
denúncia.

§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de


seu descumprimento.

§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução


penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e
posterior oferecimento de denúncia.

§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também


poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não
oferecimento de suspensão condicional do processo.

§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão


de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do §
2º deste artigo.

§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente


decretará a extinção de punibilidade.

§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não
persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão
superior, na forma do art. 28 deste Código.
AÇÃO PENAL

1. Ação penal pública


1.1 Ação penal publica incondicionada

Titular: Ministério público.

CR/88 Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

CP Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público (...)

§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse


da União, Estado e Município, a ação penal será pública.

Exemplo: crimes contra o sistema financeiro (L. 7.492/86) são todos de ação publica
incondicionada com competência da JF; crimes ambientais (L. 9.605/98);

1.1.1 Princípios
A) Princípio da obrigatoriedade

Havendo os requisitos para denúncia o Parquet é obrigado a denunciar.

Exceções:

 Transação penal no juizado criminal (art. 76 L. 9.099/95);


o Parte minoritária da doutrina entende que não é exceção, porque o MP
apenas abre mão da condenação a PPL, subsistindo a aplicação de PRD
ou multa.
o Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no
artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e,
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução
penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
policial.
 Colaboração premiada
o Pode gerar não oferecimento da denúncia, caso o colaborador não seja
líder da organização, seja o primeiro a prestar colaboração e se o MP não
tinha conhecimento da infração (art. 4º §4º L. 12.850/13); pode gerar
aplicação de regime mais benéfico, redução de pena ou perdão judicial.
 Acordo de Não Persecução Penal.

B) Princípio da indisponibilidade
CPP Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal

Uma vez iniciada a persecução penal no processo o MP não pode desistir. Isso não
significa que não possa se manifestar pela absolvição, nem que não possa renunciar ao
direito de recorrer, porque o MP é o titular da ação penal e fiscal da ordem jurídica, de
modo que se não estiverem presentes os requisitos para condenação, deve respeitar o
ordenamento (crítica ao art. 385 do CPP).

Mitigação à indisponibilidade: SURSIS processual

L. 9.099/95 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro
anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a
suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

C) Divisibilidade

O MP pode fracionar a denúncia em várias. O ordenamento brasileiro não permite o


arquivamento implícito, que pressupõe a indivisibilidade da denúncia, de modo que se
não foi denunciado, foi implicitamente arquivado. No nosso ordenamento se um
indiciado não foi denunciado isso não significa arquivamento, ele poder vir a ser
denunciado posteriormente em peça apartada, o que demonstra a divisibilidade.

OBS: Denuncia geral x denuncia genérica: a genérica não descreve comportamentos e


não é admitida. A geral descreve comportamentos mas não pormenoriza, o que só é
possível depois da instrução.

STJ, RHC 96.738/RS, 2018 - não se pode confundir a denúncia genérica com a
denúncia geral, pois o direito pátrio não admite denúncia genérica, sendo
possível, entretanto, nos casos de crimes societários e de autoria coletiva, a
denúncia geral, ou seja, aquela que, apesar de não detalhar minudentemente as
ações imputadas aos denunciados, demonstra, ainda que de maneira sutil, a
ligação entre sua conduta e o fato delitivo.

STJ RMS 39.173-BA, 2015 – FIM DA DUPLA IMPUTAÇÃO. Nos crimes


ambientais não é mais necessário que se denuncie a pessoa natural junto com a pessoa
jurídica, exatamente em consideração ao princípio da divisibilidade.

1.2 Ação penal pública condicionada a representação/requisição

Segue os mesmos princípios da ação publica incondicionada:

a) Obrigatoriedade
b) Indisponibilidade
c) Divisibilidade
Tem como titular o Ministério Público.

CPP Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.

O ius persequendi do Estado fica condicionado a uma representação do ofendido ou


requisição do ministro da justiça.

 Representação
 Pode ser dirigida ao MP ou ao delegado.
 Não precisa obedecer a nenhum rigor formal, basta a manifestação inequívoca
de vontade.

CPP Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por
procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz,
ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial

 Prazo: O prazo decadencial é de 6 meses a partir do conhecimento do autor do


fato (art. 38 CPP)
 Juizados: o momento para oferecimento da representação é na audiência após
não obtida a composição civil (mas se não apresentar o prazo decadencial ainda
fica em aberto). A composição civil implica em renúncia ao direito de
representação (art. 74 §único e art. 75 L. 9099/95).
 Incapaz: No caso de conflito entre interesse de menor e de seu representante,
prevalece o interesse pela persecução criminal.
 Morte do ofendido (CADI): CPP Art. 31. No caso de morte do ofendido ou
quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
o STJ, APn 912-RJ 2019 – Entendeu que o direito de queixa e
representação também se estende ao companheiro, é interpretação
extensiva e não analogia in malam partem.
 Retratação: somente até o oferecimento da denúncia.
o CPP Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a
denúncia.
o OBS: Retratação na Lei Maria da Penha (11.340/2006): Art. 16 da lei
determina que a retratação é possível até o RECEBIMENTO da
denúncia. Prazo maior para retratação. No entanto, deve ser feita em
audiência de confirmação especialmente designada para esse fim, a
pedido da vítima.

A representação é pressuposto de procedibilidade (pre processual). O MP não está


vinculado à representação.
A representação tem eficácia objetiva: permite que o MP passe à persecução penal
mas não vincula subjetivamente, ou seja, pode denunciar outras pessoas que não foram
representadas pelo ofendido. O MP investiga fatos e, tendo em vista o princípio da
obrigatoriedade, uma vez verificando os requisitos para denúncia contra outras pessoas
envolvidas, deve fazê-lo.

ATENÇÃO! Lei 13.718/2018 mudou a ação para crimes contra a liberdade sexual.
Antes apenas o estupro de vulnerável era incondicionada. Agora TODOS são
incondicionada. Portanto, não faz mais sentido a discussão jurisprudencial antiga sobre
se a vulnerabilidade seria permanente ou momentânea, porque sempre vai ser
incondicionada. No entanto, para crimes anteriores, continua sendo condicionada,
porque mais benéfico ao réu.

O STJ divergia, havendo decisão no sentido de que “vulnerável” não é qualquer pessoa
que não ofereça resistência, mas apenas aqueles que tem uma vulnerabilidade
PERMANENTE.

STJ, HC 276.510- RJ, 2014 - Em se tratando de pessoa incapaz de oferecer


resistência apenas na ocasião da ocorrência dos atos libidinosos - não sendo
considerada pessoa vulnerável -, a ação penal permanece condicionada à
representação da vítima, da qual não pode ser retirada a escolha de evitar o
strepitus judicii.

STF Súmula 608: No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação
penal é pública incondicionada.

 Requisição
 Dirigida ao PGR ou PGJ a depender da competência.
 Tem eficácia objetiva, não vincula o MP.
 Maioria da doutrina entende que é IRRETRATÁVEL.
 Não se submete ao prazo de 6 meses.

Hipóteses:

a) Crimes contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Governo


Estrangeiro (art. 145 , parágrafo único, Código Penal)
b) Crimes praticados contra brasileiro no estrangeiro (art. 7º, §3º CP). –
extraterritorialidade hiper condicionada.
c) Crimes da Lei de Segurança nacional -revogado em 1/12/2021

OBS: ação penal publica subsidiaria da publica – DL 201 preve que omisso o MPE o
MPF deve agir. Mas a doutrina entende que não foi recepcionada. Outros entendem se o
caso de IDC para o STJ.

Ação penal secundária – quando o tipo penal prevê uma hipótese em que a ação penal
muda conforme a situação. Ex: injuria contra PR é publica incondicionada.
Exemplo: crime de dano. Se for dano qualificado contra bens da administração direta,
autarquia e fundações, empresa publica (mudança em 2017) ou sociedade de economia
mista ou concessionárias de serviço público, é ação publica incondicionada.

Ação penal adesiva – quando há conexão entre uma ação penal privada e uma publica.
Ex: ação de injuria e também privada subsidiaria da publica no mesmo contexto de
lesão leve.

2. Ação privada

Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a
ação privada.

Titularidade: do ofendido.

Morte/ausência do ofendido ou incapacidade superveniente (CADI) : CPP Art. 31.


No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o
direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão

2.1 Princípios
a) Oportunidade e conveniência

O ofendido não é obrigado a oferecer queixa. Se quiser oferecer, deve respeitar prazo
decadencial de 6 meses a partir do conhecimento do autor do fato.

OBS: crimes contra propriedade imaterial: podem ser de ação penal privada,
publica incondicionada ou condicionada, a depender do tipo. Se forem de ação
penal privada (art. 184 caput, CP), havendo apreensão do material e sendo a
queixa fundada em perícia, o prazo é de 30 dias a partir da homologação do
laudo.

CPP Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida
queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30
dias, após a homologação do laudo.

 Renúncia ao direito de queixa

CP Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa
ou tacitamente

CPP Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos


autores do crime, a todos se estenderá.

É ato unilateral, pré-processual e irretratável. Difere do perdão, que é processual e


bilateral.
A renúncia tácita pode ser provada por todos os meios (art. 57 CPP). Nos juizados, a
composição civil implica em renúncia ao direito de queixa, mas na justiça comum
não.

b) Disponibilidade
 O querelante pode desistir da ação penal já instaurada, através do perdão.
 Perdão é bilateral e processual ou extraprocessual e tem como efeito a extinção
da punibilidade.
 Não cabe perdão na ação privada subsidiária da pública (art. 105 CP)
 Se oferecido apenas por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros.
 Se oferecido a um dos querelados, a todos aproveita (indivisibilidade)
 Somente até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
 O silêncio do querelado significa aceitação.

CPP Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.

Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado
será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.

Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.

CP Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:

I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita

II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;

III - se o querelado o recusa, não produz efeito.

§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de


prosseguir na ação.

§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.

 Perempção (art. 60 CPP)

É a desídia do querelante:

 Deixar de promover o andamento por 30 dias.


 Falecendo o querelante, seus sucessores não comparecerem para prosseguir o
processo em 60 dias.
 Querelante não comparecer a ato indispensável ou deixar de formular pedido de
condenação nas alegações finais. [Em alguns casos os juízes tem absolvido, caso
estejam convencidos, porque melhor para o querelado]
 Querelante PJ for extinta e não deixar sucessor.
Tem como efeito a extinção da punibilidade.

c) Indivisibilidade

CPP Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade

Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser
aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
subseqüentes do processo.

 Busca fazer com que a ação privada não seja um instrumento de vingança do
particular.
 O MP é o custos iuris e deve zelar pela indivisibilidade, podendo aditar a queixa
objetivamente ou subjetivamente (Tourinho Filho).
o Há uma corrente mais moderna que entende que o MP deve apenas pedir
que notifique o querelante para que este adite a inicial acusatória. Caso
se mantenha inerte, deve entender pela renúncia, que se estende a todos.

STJ, HC 186.405-RJ, 2015 SE APROXIMOU DA 2 CORRENTE - O


princípio da indivisibilidade da ação penal privada torna obrigatória a
formulação da queixa-crime em face de todos os autores, coautores e
partícipes do injusto penal, sendo que a inobservância de tal princípio
acarreta a renúncia ao direito de queixa, que de acordo com o art. 107, V, do
CP, é causa de extinção da punibilidade. Precisa demonstrar que a não
inclusão foi deliberada pelo querelante.

2.2 Espécies de ação privada


2.2.1 Ação privada originária/exclusivamente privada/propriamente dita

É a que pode ser ajuizada pelo ofendido e no caso de morte ou ausência, pelos
legitimados do art. 31 do CPP (cônjuge, ascendente, descendente, irmão). MP atua
como custos iuris, interveniente adesivo.

STJ, 2019 – No caso de não recebimento ou improcedência de ação penal privada cabe
condenação do querelante em honorários de sucumbência, por aplicação subsidiária do
CPC. (princípios gerais do direito, art. 3º CPP). O que não cabe é litigância de má-fé no
Processo Penal.

2.2.2 Ação privada personalíssima

Somente pode ser ajuizada pelo ofendido (ex: art. 236 do CP induzimento a erro
essencial no casamento). No caso de morte a ação penal é extinta sem julgamento de
mérito. Não há a extinção da punibilidade, mas apenas a extinção do processo sem
resolução do mérito por ausência de requisito de procedibilidade da ação, que é o
legitimado.
Para alguns o fundamento da APPRIVADA é o streptus judicii, ou seja, evitar o
escândalo do processo, devendo ficar na esfera privada essa escolha. No entanto outra
parte entende que o fundamento é reservar à vítima a opinio delicti, pois após a inicial
ela ainda tem o direito potestativo de desistir da ação.

2.2.3 Ação privada subsidiária da pública

 Ocorre nos casos de inércia do MP (não oferecimento de denúncia no prazo


legal, não arquiva nem requisita diligências no inquérito)
 É instrumento de controle do MP pela sociedade, especificamente pelo ofendido.
 Prazo: 6 meses do dia que expirar o prazo do MP.
 Legitimado: ofendido. Nos crimes vagos não é possível ação privada
subsidiária.
 MP atua como interveniente adesivo.
 Ação penal indireta: quando o MP repudia a queixa e oferece denúncia
substitutiva, ou quando por negligência do querelante o MP retoma a ação como
parte principal.
 Não cabe perempção nem perdão (é originariamente pública).

CPP Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.

CF, art 5º

(...)

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada
no prazo legal;

OBS: STF já julgou caso em que considerou ilegítimo conselho indigenista propor ação
privada subsidiária da púbica, porque apenas os ofendidos podem opor.

3. Inicial acusatória

Pode ser denúncia ou queixa, a depender se a ação é pública ou privada.

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

A exposição do fato criminoso é o elemento mais importante da peça acusatória porque


o acusado se defende dos fatos (teoria da substanciação), independente da capitulação
do crime. Pode haver inclusive a emendatio libelli, que é a alteração na capitulação sem
alterar os fatos. Os tribunais tem admitido a emendatio no fim da instrução e na
sentença.

STF, HC 137637, 2018 – DESMEMBRAMENTO, REMESSA AO MP (1 grau) E


NOVA DENUNCIA – O desmembramento de processo referente a um réu cuja
denúncia não havia sido recebida ainda permite que o membro do MP ofereça nova
denúncia. Livre convencimento do promotor natural. Emendatio e Mutatio são
possíveis até o momento da sentença. Independência funcional. Não há demonstração
de prejuízo.

Independência funcional se divide em: (a) de uma atuação livre no plano


técnico-jurídico, isto é, sem qualquer subordinação a eventuais recomendações
exaradas pelos órgãos superiores da instituição; e (b) de não poder ser
responsabilizado pelos atos praticados no estrito exercício de suas funções.

A qualificação do acusado deve ser suficiente para sua identificação, ainda que não
existam elementos suficientes para uma qualificação civil exata.

Criptoimputação: é a denúncia genérica, da qual não é possível retirar fatos


específicos praticados pelo acusado. É diferente da denúncia geral. Deve ser rejeitada. A
imputação de vários fatos típicos sem delimitação da conduta com todas as suas
circunstâncias vulnera os princípios do contraditório e da ampla defesa, bem como
contrapõe-se aos preceitos da Convenção Americana de Direitos Humanos.

STJ, HC 136.250, 2017 – O domínio do fato não pode ser alegado pura e
simplesmente por conta do cargo hierárquico. É necessária a individualização da
conduta dos sócios.

3.1 Recebimento da acusatória

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:

I - for manifestamente inepta;

II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou

III - faltar justa causa para o exercício da ação penal

O recebimento da inicial acusatória é feito por despacho, portanto não tem caráter
decisório nem pode ser impugnado por recurso. Em casos teratológicos de manifesta
ilegalidade pode ser impetrado HC ou MS a depender da pena em abstrato do crime, se
privativa de liberdade ou não.

Doutrina minoritária entende que o recebimento deve ser por decisão fundamentada.
(Nesse sentido: Enunciado 23 a I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ)

Da rejeição da inicial cabe recurso em sentido estrito (art. 581, I CPP); Rejeição
pode ser parcial ou total e em regra não faz coisa julgada material (exceto quando for
por atipicidade ou extinção de punibilidade).

Absolvição sumária (art. 397 CPP):

I - a existência manifesta de causa


excludente da ilicitude do fato;
OBS: Doutrina majoritária entende que rejeição é sinônimo de não recebimento,
de modo que tanto nas hipóteses do art. 395 qualquer dos termos pode ser utilizado. O
art. 397 é mérito, absolvição. Doutrina minoritária entende que rejeição é sentença de
mérito, baseada no art. 397, após a resposta do réu, impugnável por Apelação. Não
recebimento não resolve o mérito, baseia-se no art. 395 e é impugnável por RESE.
Assim, a inicial só seria de fato recebida após essas duas etapas, com a marcação da AIJ
(art. 399).

Tese do duplo recebimento: O STJ entende que o magistrado pode rever o


recebimento da inicial após a defesa do réu, no mesmo momento em que pode absolver
sumariamente. Fundamentos: matérias não precluem; o magistrado deve zelar pelo
regular desenvolvimento do processo; se pode absolver, pode rejeitar.

STJ, REsp 1318180/DF, 2013 - O fato de a denúncia já ter sido recebida não impede
o Juízo de primeiro grau de, logo após o oferecimento da resposta do acusado,
reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao constatar a presença de
uma das hipóteses elencadas nos incisos do art. 395 do Código de Processo Penal,
suscitada pela defesa.

STF, 2018 – No momento da denúncia prevalece o in dubio pro societate.

OBS: STF trouxe alguns questionamentos sobre o uso indiscriminado desse principio.

Critérios para a rejeição (art. 395) :

a) Inépcia (não segue o art. 41)


b) Ausência de condições da ação ou pressupostos processuais
Condições gerais: possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir
(necessidade -doutrina diz que sempre será presente pq o Estado tem o
monopólio da punição+ adequação + utilidade), legitimidade ad causam (ativa e
passiva)
Condições especiais: condições de procedibilidade (ex a representação do
ofendido.)
c) Ausência de justa causa (suporte probatório mínimo)

Justa causa é uma garantia contra o abuso do direito de acusar. O processo penal
exige existência de lastro probatório mínimo para que se inicie a persecutio criminis
em juízo, porque a ação penal por si só pode gerar efeitos negativos na esfera
individual do réu. Pode ser originária ou superveniente (ex: ilicitude das provas da
inicial reconhecida durante o processo).

Em sentido estrito é a materialidade do delito + indício minimo de autoria ou


participação.

Natureza jurídica da justa causa:

1ª corrente: condição genérica da ação ()


2º corrente : pressuposto de validade do processo.

A justa causa é exigência legal para o recebimento da denúncia, instauração e


processamento da ação penal, nos termos do artigo 395, III, do Código de Processo
Penal, e consubstancia-se pela somatória de três componentes essenciais:

(a) TIPICIDADE (adequação de uma conduta fática a um tipo penal);

(b) PUNIBILIDADE (além de típica, a conduta precisa ser punível, ou seja, não
existir quaisquer das causas extintivas da punibilidade); e

© VIABILIDADE (existência de fundados indícios de autoria).

Ótica retrospectiva – justa causa como os indícios mínimos já colhidos. Otica


prospectiva – justa causa como condições mínimas para que haja incremento
probatório na investigação no processo.

Justa causa duplicada: remete ao crime de lavagem de capitais, de receptação e


outros crimes parasitários, cuja inicial imprescinde de indícios da existência do
crime anterior, mesmo sendo crimes autônomos. Assim, o titular da ação deve
demonstrar justa causa do crime principal e indícios da existência do crime anterior.

A jurisprudência do STF e do STJ tem sido firme no sentido de que a denúncia é inepta
se indicar como acusado uma pessoa apenas pela sua posição dentro da hierarquia de
uma empresa (ex: dono da rádio denunciado por injuria cometida pela radialista; diretor
da empresa denunciado por corrupção cometida por empregado). Precisa demonstrar o
conhecimento do agente sobre o crime ou sua efetiva prática.

STF, HC 114093, 2018 – Não viola o princípio do promotor natural a denúncia


oferecida por Promotoria Criminal na Vara do Júri que segue a instrução pela
Promotoria do júri.
COMPETÊNCIA
A competência pode ser por critérios materiais: em razão da matéria, da pessoa, do
local; ou por critério funcional: pela fase do processo, pelo objeto do juízo, pelo grau de
jurisdição. Esses critérios não necessariamente se excluem.

STJ Súmula 192: compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das
penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimento sujeitos a administração estadual.

Em regra, as penas privativas de liberdade decretadas pelo juízo federal são cumpridas
em estabelecimento estadual (critério funcional e do local). A guia de recolhimento do
preso é encaminhada ao juízo da vara de execuções do estado. Nos casos de
transferência para presídio federal (Lei 11.671/08) a competência é do juízo de
execução federal, bem como na execução de penas restritivas de direito e multa.

Objeto do juízo: é a divisão de tarefas numa mesma decisão (exemplo: tribunal do júri,
o conselho responde aos quesitos e o juiz apenas elabora a sentença).

A competência em razão da matéria permite dividir a competência da justiça estadual e


da justiça federal. A competência estadual é residual.

O RECEBIMENTO da denúncia por juiz incompetente só interrompe o prazo


prescricional se a incompetência for relativa.

STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 156413-GO, 2022 - É aplicável a teoria do juízo aparente
para ratificar medidas cautelares no curso do inquérito policial quando autorizadas
por juízo aparentemente competente. Verba do SUS em regra é JF.

FUNDEB É JF PARA O CRIMINAL.

1. Competência da Justiça Federal

1.1 Juízes federais (art. 109 CR/88)

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;

Súmula 150 STJ – competência da Justiça Federal para determinar se há


interesse da União que faça ela atuar na causa.

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou


pessoa domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou


organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e
da Justiça Eleitoral;

 Crimes políticos são crimes contra a ordem democrática, como os crimes da Lei
de Segurança Nacional (Lei 7.170/83 revogada). Deles é competente a JF e o
recurso é ROC ao STF, não apelação. Não são considerados para reincidência.
o STF – critério subjetivo e objetivo – motivo e finalidade politica e deve
haver lesão ou potencialidade de lesão aos bens: soberania, estado
democrático, instituições democráticas!
 Crimes políticos puros x complexos – os primeiros afrontam
apenas os bens típicos, como o crime de sabotagem, espionagem.
Os últimos afrontam outros bens, como o sequestro, o homicídio.
o CUIDADO! È diferente para fins de extradição! O STF, apesar de
entender por exemplo o crime de terrorismo como um crime politico
complexo, entende que para fins de extradição não se considera politico,
ou seja, pode ser extraditado se investigado por terrorismo.
 Bens (patrimônio), serviços (funções), interesse (direito) da União atraem a
competência federal. Exemplo: fiscalização do manejo de OGM.
 Sociedade de economia mista não atrai competência da JF.
 É excluída a competência da JF se forem contravenções, ainda que sejam
conexas com crimes de competência da JF (ex: apreensão de caça-níqueis
contrabandeados e produzidos no Brasil). Atenção! Se tiver foro por
prerrogativa, este critério em razão da pessoa prevalece sobre o critério em
razão da matéria (ex: vias de fato por parte de juiz federal a competência é do
TRF).

STJ Súmula 42: Compete a justiça comum estadual processar e julgar as


causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes
praticados em seu detrimento

STJ Súmula 38: Compete à Justiça Estadual comum, na vigência da


Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.

STJ Súmula 147: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes


praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o
exercício da função. (ex: na audiência a parte faz juíza refém; policial federal é
rendido e roubam a arma; carteiro é roubado).

OBS: No caso de abuso de autoridade, se a vítima é Juiz federal, a competência


é da justiça federal ainda que fora do exercício da função, porque o juiz é órgão
da justiça federal, portanto sempre atrai a competência por interesse da União.
[muito polêmico]
TFR Súmula 254 - Compete à Justiça Federal processar e julgar os delitos
praticados por funcionário público federal no exercício de suas funções e
com estas relacionados

STJ Súmula 73: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado


configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

STJ Súmula 62: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa
anotação na carteira de trabalho e previdência social, atribuído a empresa
privada. (EX: pessoa faz anotação falsa na CTPS para conseguir emprego. Se for
para conseguir benefício previdenciário é contra a União.)

STJ Súmula 546 - A competência para processar e julgar o crime de USO de


documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi
apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão
expedidor. (exemplo: o uso (art. 293, §1º I) de CNH falsa apresentada à PRF é
da competência da JF. Se fosse falsificação (art. 293 caput) é da justiça estadual,
porque a consumação do crime se dá na falsificação, o uso é exaurimento).

STJ Súmula 165: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso
testemunho cometido no processo trabalhista.

STJ Súmula 200: O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado de
crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou
(lugar do uso).

STJ SÚMULA 208: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito


municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão
federal. [critério da preponderância do órgão fiscalizador - TCU]

No caso do SUS – Dec 1232/94 MS e TCU fiscalizam, competência da


JF.

Fundo de Apoio aos Municípios – Justiça Comum, não tem finalidade


específica, não presta contas no TCU.

STJ SÚMULA N. 209 Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito


por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.

STJ, CC 139.197/RS, 2017 - Compete à Justiça estadual o julgamento de


crime ambiental decorrente de construção de moradias de programa
habitacional popular, nas hipóteses em que a Caixa Econômica Federal atue,
tão somente, na qualidade de agente financiador da obra. Se a CEF for
executora, fiscalizando, a competência é da JF.

STJ, CC 129.804-PB, 2015 – Compete à Justiça Estadual julgar crimes contra


Banco Postal que funciona dentro de agência dos Correios mas é operado pelo
Banco do Brasil, que é sociedade de economia mista.
STJ CC 129.804/PB, 2015 – Se a agência dos Correios for franqueada a
competência para julgar crimes de roubo é da Justiça Estadual. No entanto, se
for agência social, ou seja, que recebe incentivos para que locais menos
assistidos recebam o serviço, a competência é da Justiça federal.

STJ RHC 59.502/SC, 2015 – Lotérica é permissionária da Caixa, competência


da justiça estadual para roubo contra lotérica.

STJ, 2015 - A destruição de título eleitoral da vítima, despida de qualquer


vinculação com pleitos eleitorais e com o intuito, tão somente, de impedir a
identificação pessoal, não atrai a competência da Justiça Eleitoral.

STF, Inq 4435, 2019 - competência Justiça eleitoral para crimes eleitorais e
conexos.

MPF 2 CCR - Enunciado nº 87: Exceto quando comprovado dano ao serviço


postal, não é de atribuição do Ministério Público Federal a persecução penal de
crime praticado nas dependências de agência dos Correios contra pessoa jurídica
de direito privado na condição de Banco Postal, tendo em vista que a instituição
financeira, sociedade de economia mista, responsabiliza-se por eventuais perdas,
danos, roubos, furtos ou destruição de bens cedidos pela empresa pública
federal.

MPF 2 CCR Enunciado 97 - É de atribuição do Ministério Público Federal a


persecução penal de crimes praticados contra o funcionamento de instituição
privada de ensino superior ou na emissão de certificado de conclusão de curso de
graduação/pós-graduação.

MPF 2 CCR Enunciado 27 - A persecução penal relativa aos crimes previstos


nos §§ 3º e 4º do art. 297 do Código Penal é de atribuição do Ministério Público
Federal, por ofenderem a Previdência Social.

MPF 2 CCR Enunciado 31 - O crime ambiental tipificado no art. 50 da Lei n.º


9.605/98, praticado em faixa de fronteira, é de atribuição do Ministério
Público Federal por afetar interesse direto da União.

MPF 2 CCR Enunciado 39 - A persecução penal da conduta ilícita de transportar


madeira sem a devida guia (“ATPF”), tipificada no parágrafo único, do art. 46,
da Lei nº 9.605/98, não é da atribuição do Ministério Público Federal, exceto
quando o produto transportado for oriundo de área pertencente ou
protegida pela União.

MPF, 2 CCR - Enunciado nº 43 - A persecução penal dos crimes contra a flora,


previstos na Lei nº 9.605/98, é da atribuição do Ministério Público Federal
apenas quando o ilícito ocorrer em área pertencente ou protegida pela União.

MPF 2 CCR – Enunciado 44 - A persecução penal do crime previsto no artigo


29 da Lei nº 9.605/98 é da atribuição do Ministério Público Federal apenas
quando o espécime da fauna silvestre estiver ameaçado de extinção ou
quando oriundo de área pertencente ou protegida pela União.

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a


execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

Tratado + crime à distância.

STF RE 628624/MG, 2015 PEDOFILIA NA INTERNET – O tratado não


precisa tipificar criminalmente a conduta. A transnacionalidade se configura
com a potencialidade de acesso por qualquer pessoa que tenha acesso à internet.
Convenção sobre o Direito das Crianças da Assembleia Geral da ONU.

STJ, CC 150.564-MG, 2017 – A transnacionalidade não se configura na troca de


mensagens privadas (Whatssapp e chat do Facebook)

STJ, CC 150.629-SP, 2018 – Compete à Justiça Federal processar e julgar os


crimes de violação de direito autoral e contra a lei de software decorrentes do
compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura, via satélite ou cabo, por
meio de serviços de card sharing. Convenção de Berna.

STJ Súmula 528: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga


remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico
internacional.
STJ MUDOU ENTENDIMENTO - Na hipótese de importação da droga via
correio cumulada com o conhecimento do destinatário por meio do endereço
aposto na correspondência, a Súmula 528/STJ deve ser flexibilizada para se fixar
a competência no JUIZO DO DESTINO da droga, em favor da facilitação da
fase investigativa, da busca da verdade e da duração razoável do processo

MPF 2 CCR - Enunciado nº 85 : Não é de atribuição do Ministério Público


Federal a persecução penal do crime de injúria racial (CP, art. 140, § 3º), ainda
que praticado pela rede mundial de computadores, salvo se, no caso, incidir
hipótese especifica de competência federal ou tiver conexão com crime federal.

MPF 2 CCR - Enunciado nº 89: É de atribuição do Ministério Público Federal a


persecução penal do crime de racismo, previsto no art. 20, § 2º, da Lei nº
7.716/89, e na Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Racial, da qual o Brasil é signatário, se a infração penal,
caracterizada pelo evidente excesso no exercício da liberdade de expressão por
parte do investigado, for praticada pela rede mundial de computadores.

MPF 2 CCR - Enunciado nº 89: O fato de a conduta ter ocorrido por meio da
rede mundial de computadores não atrai, somente por este motivo, a atribuição
do Ministério Público Federal para a persecução penal.

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;


§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

O IDC é suscitado pelo PGR nos casos de graves violações aos direitos humanos
e quando houver uma inércia por parte das autoridades locais.

Pode no processo civil? Discussão, maioria entende que não, seria só processo
penal, mas a CF não limita, apenas fala em “inquérito ou processo” e “causas
relativas a direitos humanos”. Didier destaca essa possibilidade.

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei,


contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira.

Nos casos dos crimes contra o sistema financeiro (Lei 7.492/86) há uma
determinação legal, bem como nos casos de lavagem de capitais que envolvam o
sistema financeiro (art. 9.613/98 art. 2º, III).

No caso dos crimes contra a organização do trabalho, a competência da JF é


apenas nos casos em que houver lesão à organização geral do trabalho, que
atinjam os trabalhadores coletivamente (ex: crime de redução à condição análoga
a de escravo).

TFR Súmula 115: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes contra
a organização do trabalho, quando tenham por objeto a organização geral do
trabalho ou direitos dos trabalhadores considerados coletivamente.

STF, RE 459510/MT, 2015 – A tutela da organização do trabalho deveria


necessariamente englobar outro elemento: o homem, abarcados aspectos
atinentes à sua liberdade, autodeterminação e dignidade. A redução à condição
análoga a de escravo é crime que transcende o indivíduo.

MPF, 2 CCR - Enunciado nº 41 - Os crimes de redução a condição análoga à de


escravo são de atribuição do Ministério Público Federal

MPF, 2 CCR - Enunciado nº 83 - Não é de atribuição do Ministério Público


Federal a persecução penal do crime de frustração de direito assegurado por lei
trabalhista, previsto no art. 203 do Código Penal, se, após diligências, restar
demonstrado apenas lesão a um restrito número de trabalhadores.

MPF, 2 CCR - Enunciado nº 96 - Não é de atribuição do Ministério Público


Federal a persecução penal do crime de apropriação de contribuição sindical
(CP, art. 168), por não ofender diretamente bens, serviços ou interesse da União
ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas.
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
outra jurisdição;

OBS: No caso de punição disciplinar militar não cabe HC, exceto nos casos de
ilegalidades (não analisa o mérito). Havendo ilegalidade, portanto, a
competência é da justiça federal.

VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,


excetuados os casos de competência dos tribunais federais.

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da


Justiça Militar;

 Qualquer aeronave atrai a competência da JF. Não importa que esteja em solo.
 Navio, para fins de competência federal, é uma embarcação de grande porte
em deslocamento ou em situação de potencial deslocamento internacional,
possuindo, assim, autonomia para alcançar águas internacionais.

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de


carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação,
as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização.

São os casos dos art. 338 (reingresso de estrangeiro expulso), 309 (falsa
identidade para ingressar). A simples entrada irregular não gera crime, como no
caso dos refugiados. Precisa da expulsão.

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

Diz respeito ao que é coletivo (exemplo: porte de arma para caça – costume.
Ameaça em discussão politica sobre a função de cacique – interesse coletivo).

STJ Súmula 140 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime
em que o indígena figure como autor ou vítima.

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens.

2. Competência da justiça militar (art. 124)

Art. 124 à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em
lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência
da Justiça Militar.

 Esse artigo trata da Justiça Militar da União.


 É competência ratione legis e ratione materiae. [não importa a pessoa]
 Ainda que haja conexão há separação obrigatória dos crimes militares.
 Crimes militares são elencados pelo CPM, que aponta critérios de identificação
do crime militar em tempos de paz e em tempos de guerra.

Lei 13.491/2017 estabeleceu novos critérios, que aumentam a competência da JMU.

Crimes militares próprios Crimes militares improprios


Tipo previsto na lei militar Tipo previsto em leis penais comuns
Bem jurídico tutelado é exclusivo da vida Bem jurídico tutelado não é exclusivo
militar
Sujeito ativo é militar da ativa Sujeito ativo é qualquer pessoa
Ex: insubordinação Ex: homicídio, roubo.

As dúvidas quanto à competência ocorrem nos crimes militares impróprios.

O art. 9°, II determinava a competência da JMU em crimes militares impróprios,


previstos no CPM, praticados por militar da ativa. A Lei 13.491/2017 ampliou a
competência, para crimes previstos na legislação comum também. São os crimes
militares por extensão.

Isso expandiu muito a competência da JMU. Exemplo: crime de dispensa ilegal de


licitação passa a ser crime militar por extensão se for praticado por militar contra
administração militar.

 Homicídio praticado por militar contra civil.

Inicialmente o STM entendia que a competência era da JMU, sendo a ressalva da Lei
Castrense apenas referente à justiça militar Estadual. O STF discordou, e determinou
que a competência sempre seria do júri, federal ou estadual.

Com a EC 45/04 foi adicionado ao art. 125 da CR/88 uma ressalva à competência da
justiça militar dos estados, afirmando a competência do júri. Isso reacendeu a questão
porque a emenda parecia ter dado razão ao STM, pois manteve o art. 124 (referente à
JMU) e só ressalvou o art. 125 (referente à JME)

Com a Lei 13.491/2017, foi estabelecida textualmente no CPM a competência da JMU


para os homicídios praticados por militar das forças armadas contra civil, ficando a
competência do júri apenas quando homicídio for praticado por militares estaduais
(bombeiros, policia militar etc).

Art. 9º (...)

§1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada pela
Lei nº 13.491, de 2017)
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar
da União, se praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)

I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da


República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)

I – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo


que não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)

III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da


ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art.
142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela
Lei nº 13.491, de 2017)

a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica;


(Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)

b) Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de


2017)

c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar;


e (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)

d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491,
de 2017)

Código Brasileiro de Aeronáutica: prevê a Lei do Abate, ou Tiro de Destruição, que é a


situação em que o piloto abate a aeronave que não obedece o comando de pousar. Nesse
caso, se houver morte de civil a competência é da JMU.

LC 97/99: prevê a GLO.

CPPM: pode haver homicídio no decorrer de uma investigação militar, e a competência


será da JMU.

Código Eleitoral: As Forças Armadas tem atribuição subsidiária de reforço da segurança


nas eleições. Havendo homicídio de civil durante essa função a competência é da JMU.

OBS: O simples uso de arma de uso restrito das forças armadas não atrai a competência
da JMU, precisa que o crime seja praticado no exercício da função ou missão.

OBS: Se o homicídio é de um militar cometido por outro, mas ambos estão fora do
serviço e não atuando em razão dele, a competência é do Juri.

 Falsificação e uso de CHA e CIR falsos

STF Súmula Vinculante 36: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil
denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar
de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de
Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.

 Desacato de civil contra militar em serviço

STJ CC 130.996-PA, 2014 - Compete à Justiça Militar da União processar e julgar


ação penal promovida contra civil que tenha cometido crime de desacato contra militar
da Marinha do Brasil em atividade de patrulhamento naval.

2.1 Competência da Justiça Militar Estadual

Art. 124 (...)§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)

É competência da JME julgar crimes praticados por militares estaduais (policia militar,
bombeiro, policia rodoviária estadual), exceto dolosos contra a vida que são de
competência do júri.

Atos disciplinares: também cabe à JME julgar ações contra atos disciplinares militares.
A JMU não tem essa competência, pois só julga crimes, sendo competência da JF os
atos disciplinares.

§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os


crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito,
processar e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

3. Competência em razão da pessoa

CPP Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal


Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que
devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. (Redação
dada pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002)

STF Informativo 900, QO AP 937, 2018, Plenário - O foro por prerrogativa de função
aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados
às funções desempenhadas. Interpretação restritiva teve eficácia imediata, inclusive
sobre os processos em curso, exceto se já decidido com base na jurisprudência anterior.
As Constituições estaduais não podem criar hipóteses não contidas na CR/88.
(Procurador do Estado, Municipio, Delegado, defensor etc. Não pode vereador e vice
prefeito.)
STF. Plenário. Inq. 4342 QO/PR 2022 – mandatos cruzados. Mantém o foro se sai de
um cargo pro outro mas o foro é o mesmo, como Deputado e Senador. Não há solução
de continuidade.

Interpretação Restritiva do STF sobre foro por prerrogativa de função. O crime precisa
ser cometido durante o exercício (não adquire o foro com posterior exercício do cargo) e
ser relacionado às funções.

Uniu as ideias de atualidade (precisava estar no exercício do cargo, se saísse


perdia) com a contemporaneidade (bastava que tivesse cometido no exercício,
ainda que saísse mantinha) com um novo requisito que é a relação do crime com
a função.

Histórico STF – Sumula 394 – requisito da contemporaneidade, ainda que saísse


se mantinha.  Sumula 451 – mudou, quando perdia o cargo perdia o foro. 
2018 mudou para precisar ter relação com a função e estar na função.

ATENÇÃO! CORTE IDH – CASO LEIVA X VENEZUELA – o foro por


prerrogativa é convencional, mas precisa respeitar o duplo grau previsto na
CADH ou seja precisa que os FATOS sejam revistos dentro da instancia
superior ou por outra.

TEDH tem visão diferente, entende que o foro é convencional e não


precisa passar por 2 instancias porque há previsão especifica na
convenção europeia de DH.

Caso Marcia barbosa x BRASIL – o foro por prerrogativa é convencional mas


precisa seguir parâmetros que não impliquem na violação de direitos humanos
das vitimas como: motivação do levantamento do foro ou manutenção;
procedimento célere; regras objetivas; proporcionalidade.

STJ, APN 857, 2018 – Governador também só é julgado pelo STJ se relacionado ao
exercício da função e após diplomação. Para desembargador (APN 878), no entanto,
SEMPRE é STJ, independentemente se relacionado à função ou não, por conta da
hierarquia.

[questões ainda pendentes: Vice governador e Secretários a CE pode criar foro? Em


simetria ao vice presidente? [tendencia é entender pelo silencio eloquente]
Desembargador federal pode ser julgado por juiz estadual já que não há hierarquia?] –

STF, Pet 7075 AgR/DF, 2017, Informativo 873 – Declínio de competência dos termos
de colaboração para o juízo de primeira instância onde os fatos ocorreram. Não cabe o
envio de cópias a dois juízos distintos para que eles decidam qual o juízo competente,
porque isso gera de antemão um conflito.
STF, AGRG Inq 4506 AgR/DF, 2017, Informativo 885 – DESMEMBRAMENTO. No
caso de fato único com conduta indissociável do corréu com o senador não há
conexão, mas concurso. Não cabe portanto, desmembramento do processo.

OBS: O STF afirmou que não há continência, mas tecnicamente isso está errado,
porque as condutas indissociáveis em fato único caracterizam continência por
cumulação subjetiva (concurso de pessoas).

STF SUMULA 704 - NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL,


DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO
POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO-RÉU AO
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS DENUNCIADOS.

STJ, Rcl 31.629-PR, 2017, Informativo 612 TEORIA DO JUIZO APARENTE - A


homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de primeiro grau de
jurisdição, que mencione autoridade com prerrogativa de foro no STJ, não traduz
em usurpação de competência desta Corte Superior. A colaboração é delatio
criminis, elemento informativo, e não prova. A homologação é mero juízo de
legalidade, regularidade e voluntariedade do acordo. Havendo encontro fortuito de
provas (serendipidade) em relação a indivíduos com prerrogativa não há usurpação de
competência na homologação, porque segundo a Teoria do Juízo Aparente é legítima
a obtenção de elementos por juízo que até aquele momento era competente.

Ocorrendo a serendipidade em relação a pessoa com prerrogativa, o juízo deve


homologar e encaminhar integralmente ao tribunal para que este decida acerca de
conexão ou continência e conveniência do desmembramento.

STF, HC-151605, 2018, Informativo 895 RESTRIÇÃO À TEORIA DO JUIZO


APARENTE – A homologação de acordo que envolve pessoa com prerrogativa de foro
deve ser feita pelo tribunal da prerrogativa. Assim, há usurpação de competência com
a homologação, pelo juízo de primeira instância, de acordo de colaboração que
envolve pessoa com foro por prerrogativa.

O delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo porque é mera delatio, não há
contraditório. Mesmo entendimento do STJ.

No entanto, para o STF, ainda que seja negada ao delatado a possibilidade de impugnar
o acordo, esse entendimento não se aplica em caso de homologação sem respeito à
prerrogativa de foro. Efeito: INEFICÁCIA da colaboração em relação ao delatado
com foro por prerrogativa de função, por usurpação de competência ao homologar.
As provas devem ser excluídas do inquérito e o inquérito trancado.

STF SÚMULA 702 - A competência do Tribunal de Justiça [do estado onde é prefeito]
para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual;
nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo
grau.

Crime comum estadual  TJ. Crime comum federal  TRF. Crime eleitoral 
TRE. Crime militar (ex: em local sujeito a administração militar contra militar)
 STM.

CUIDADO!!!! NO CASO DE MP ESTADUAL a competência é do TJ, AINDA


QUE SEJA CRIME FEDERAL. Isso porque a CF só ressalvou os crimes
eleitorais! Então ou é TJ ou TRE, nunca TRF. No caso de MP UNIAO
competência do TRF [da região que atua!] ou TRE, se é PRR que atua no TRF é
STJ. Se for MP Estadual que atua no TJ É TJ!!!! Ou seja, o crime do membro
do MP estadual nunca sobe pro STJ.

Cessação do foro por renúncia: o STF na AP 396/RO prorrogou sua competência


mesmo depois da renúncia do parlamentar, porque o processo já estava pautado e pronto
para julgamento, e havia risco de iminente prescrição pela pena em abstrato. A renúncia
foi um meio de fraude processual. Na AP 536/MG o STF não prorrogou, porque não
havia iminente risco de prescrição, mesmo o processo já estando em fase de alegações
finais.

Cessação do foro por aposentadoria: ocorre para MP, magistrados e


desembargadores.

Na QO da AP 937, que é o acórdão paradigma do novo entendimento sobre foro, o STF


entendeu que a publicação do despacho para alegações finais é o marco após o qual a
competência se prorroga ainda que renuncie por qualquer motivo.

4. Competência em razão do lugar

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.

Código Penal adota a teoria da ubiquidade para definir o lugar do crime. O CPP trata de
competência e usa a teoria da atividade para os crimes tentados e para os
consumados formais e teoria do resultado para crimes materiais consumados.

STJ, CC 125.023-DF, 2013 – ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO. A


competência é do juízo onde primeiro foi recebido o benefício, ainda que
posteriormente tenha passado a receber em outra localidade, com base no art. 70
do CPP.

Critica ao fundamento do julgado: o estelionato previdenciário é crime dual: há


o terceiro fraudador e o beneficiário. Para o primeiro o crime é instantâneo e se
consuma no local da fraude. Para o beneficiário é permanente, e sua consumação
se estende no tempo. Portanto, sendo crime permanente plurilocal (saque em
diversos lugares), a competência se fixa pela prevenção (art. 71), ou seja, o
competente será o primeiro juízo que se manifestar, independente de ser o local
do primeiro beneficio.

STJ, CC 119.819-DF, 2013 – PECULATO-DESVIO. A consumação se dá com


o desvio. A competência é do local do desvio, e não do local para onde é
destinado.

ATENÇÃO! Jurisprudência em Teses do STJ afirma que excepcionalmente a regra


geral do lugar do crime pode ser mitigada em razão da melhor forma de encontrar a
verdade real.

Teoria do esboço no resultado – aplicabilidade funcional do processo penal.


Eficiência da justiça criminal, interesse público. Geralmente em homicídios. (ex:
crime em teresina mas todos os indícios, suspeitos, elementos estão em timon).
O esboço do agente criminoso era cometer o crime naquele local, timon, não em
teresina. Construção doutrinária e STJ.

Para JUIZADOS LEI 9099/95  Teoria da atividade, competência pelos atos


executórios.

4.1 Crime à distância

Art. 70. (...)

§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele,


a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o
último ato de execução.

§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado.

Se iniciada no território nacional  teoria da atividade

Se tem resultado no território nacional  teoria do resultado

4.2 Prevenção

O juízo prevento é aquele que, mesmo antes do início do processo, se manifesta quanto
a qualquer medida.

 Quando incerto o limite entre jurisdições


 Infração continuada ou permanente em vários lugares (crime plurilocal)
 Critério residual (art. 91 CPP)

CPP Art. 70 (...)


§ 3° Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando
incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas
ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território


de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

STF Súmula 706 É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência


penal por prevenção. [preclui e precisa provar o prejuízo]

OBS: Distribuição não se confunde com prevenção! Distribuição é critério de


fixação de competência quando há vários juízes competentes. Pode gerar
prevenção ou não. Exemplo: plantão judiciário não gera prevenção.

Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma


circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.

4.3 Domicílio do réu

Não é caso de dúvida, é caso de não saber onde foi praticada a infração.

 Não conhece o lugar da infração


 Ação exclusiva privada (facultativo) – foro de eleição, o particular pode optar
entre este e o local da infração.

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo
domicílio ou residência do réu.

§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.

§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será
competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

4.4 Embarcações e aeronaves

Se a embarcação for navio, ou seja, embarcação de grande porte com potencialidade de


atingir aguas internacionais, a competência é da JF. Se não for navio, é competência da
justiça estadual. O foro competente é aquele que por ultimo tocou (saída) ou que
primeiro tocar (entrada).

Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da


República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações
nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto
brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País,
pela do último em que houver tocado.
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo
correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave
estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão
processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso
após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave.

STJ, CC 143.400/SP, 2019 - (art. 106 da Lei nº 7.565/86) balão não é aeronave,
competência é da Justiça Estadual.

4.5 Crime cometido no exterior

Conduta e resultado no exterior. Caso de extraterritorialidade. [ex: najla e neymar;


terrorista brasileiro foge pro brasil e nao pode ser extraditado]

Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado.
Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da
República.

Pode ser competência federal ou estadual.

STF, RE 1175638 AgR, 2019 – Homicídio cometido por brasileiro no exterior, cuja
extradição foi negada (brasileiro nato que foge para brasil). Condições de
extraterritorialidade presentes. A competência é da Justiça Estadual, não ofende
interesse da União. [qual comarca? Art. 88 do CPP, capital do estado onde ultimo tiver
residido OU na Capital da republica]

STJ, CC 154656/MG, 2018 – É competência da Justiça Federal o julgamento de


brasileiro com extradição negada, por conta do Acordo de Extradição existente entre
Estados do mercosul, que prevê que se a extradição não for feita deve haver o
julgamento no Estado que negou. Há interesse da União, art. 109, IV.

4.6 Jurisprudência

STJ, CC 116.926-SP, 2013 – Conteúdo racista em comunidade virtual. Conexão


probatória/intrumental (art. 76 III). No caso de comentários racistas em comunidade
virtual cada comentário é crime único, praticados em lugares diferentes, mas juntos se
unem por conexão probatória, porque os comentários se estimulam uns aos outros.
Assim, a competência é por prevenção (art. 78, II, c). JF.

Súmula 244, STJ - Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de
estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. [onde foi emitido o cheque]

Súmula 521, STF - O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é
do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Súmula 48, STJ - Compete ao juízo da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar
crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque. [cheque clonado,
falsificado, analogia com o comprovante falso de deposito]. Entende que o local da
vantagem é a agencia do sacado, pq o dinheiro sai da conta dele.

STJ, CC 139.800-MG, 2015 Tansferência bancária– Estelionato se consuma com o


recebimento da vantagem. Compete ao juízo do foro onde se encontra localizada a
agência bancária por meio da qual o suposto estelionatário recebeu o proveito do
crime - e não ao juízo do foro em que está situada a agência na qual a vítima possui
conta bancária.

Ex: vítima com conta em Teresina transfere para estelionatário em Imperatriz:


competência de Imperatriz.

TUDO ISSO MUDOU – Estelionato quando praticado mediante alguma fraude no


pagamento – cheque sem fundo, depósito sem recebimento do produto ou transferência
bancária, falso comprovante de pagamento etc. SEMPRE DOMICILIO DA VÍTIMA

Art. 70 (...)

§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de


1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de
cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento
frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local
do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á
pela prevenção. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

STJ, 2018 – Crime ambiental praticado em UC federal tem interesse da União e é de


competência da JF. Mas o simples fato de ser crime praticado dentro da UC não atrai a
competência (ex: homicídio dentro de Parque nacional Federal).

5. Conexão

É a interligação entre várias infrações (obrigatoriedade de haver vários crimes) por


questões subjetivas, objetivas ou probatórias. É uma forma de modificação da
competência porque pode gerar a reunião dos processos que seriam julgados em juízos
separados.

5.1 Conexão intersubjetiva

CPP Art. 76. A competência será determinada pela conexão:

I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo,
por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o
tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;

Vários crimes e vários autores.

a) Conexão intersubjetiva por simultaneidade


“ao mesmo tempo por várias pessoas reunidas”. Apesar de elas estarem reunidas, não há
concurso entre elas, pois nesse caso seria crime único com vários autores. O vínculo
está nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar, sem que exista concurso de pessoas.
Exemplo: caminhão tomba com comida e várias pessoas vão furtar os produtos.

b) Conexão intersubjetiva concursal

“em concurso, embora diverso o tempo e o lugar”. Pessoas unidas em concurso mas não
praticam os crimes juntas. Exemplo: grupo organizado de roubo a caixas eletrônicos,
uma parte rouba em barras, outra parte rouba em batalha.

c) Conexão intersubjetiva por reciprocidade

“várias pessoas, umas contra as outras”. Briga entre duas pessoas, uma lesiona a outra.

5.2 Conexão objetiva/material/teleológica/finalista

II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;

Exemplo: agente estupra e quando a vítima vai denunciar ele mata para evitar ser
reconhecido.

Exemplo2: Crime de lavagem de capitais e crime anterior. Nesse caso, a Lei de


Lavagem de Capitais determina que o juízo da lavagem deve decidir sobre a
conveniência da reunião dos processos.

5.3 Conexão instrumental/probatória

III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias


elementares influir na prova de outra infração.

Exemplo: furto e receptação.

OBS: A mera simultaneidade não gera conexão. É preciso que os crimes estejam
relacionados de alguma forma. Exemplo: agente pratica descaminho portando arma de
fogo. Os crimes não se relacionam, podendo ser separados.

STJ, CC 153.306/RS, 2017 – Homicídio contra militar estadual durante perseguição de


contrabando. Competência da Justiça ESTADUAL do júri, separa do crime de
contrabando.

STJ, CC 165.117/RS, 2019 – Homicídio contra militar estadual durante ROUBO a


Correios. Há conexão objetiva porque o homicídio foi buscando a impunidade. Assim
há CONEXÃO na Justiça FEDERAL.

6. Continência

6.1 Continência por cumulação subjetiva [concurso de pessoas]


Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:

I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração

Diferente da conexão intersubjetiva, há apenas um delito e vários autores. É o caso de


concurso de pessoas para prática de um único crime.

6.2 Continência por cumulação objetiva [concurso de crimes]

II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53,
segunda parte, e 54 do Código Penal nos art. 70, 73,74 do CP.

É o caso de concurso formal de crimes, de aberratio ictus e aberratio criminis.

O agente com uma conduta pratica diversos resultados ou com uma conduta pratica
além do resultado pretendido, outro, por erro na execução.

7. Foro prevalente

É aquele competente nos casos em que há dois juízos competentes para os crimes
conexos ou continentes.

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão


observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,


prevalecerá a competência do júri;

Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº 263, de


23.2.1948)

a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;


b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações,
se as respectivas penas forem de igual gravidade
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos

III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior


graduação;

7.1 Tribunal do júri

A competência do júri prevalece sobre qualquer outra, exceto no caso de foro por
prerrogativa de função estabelecido pela CR/88.

STF Sumula 721 - A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o


foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.

7.2 Jurisdições de mesma categoria


Mesma categoria significa mesma hierarquia e que não seja justiça especial, já que a
justiça especial (militar, eleitoral) impede a reunião dos processos no juízo comum,
ainda que haja conexão ou continência.

Critérios:

 Infração mais grave


 Maior numero de infrações
 Prevenção.

STJ Súmula 122 - Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78,
II, "a", do Código de Processo Penal.

STJ, CC 165.117/RS, 2019 – Homicídio contra policial militar após descaminho há a


separação de processos, porque não há conexão. Diferente é a situação do homicídio de
policial militar ocorrido durante roubo a agência dos Correios, porque a violência do
roubo se relaciona com o homicídio, motivo pelo qual há conexão instrumental que
requer a união dos processos no Juízo Federal, em Juri.

 Crimes ELEITORAIS conexos a crimes comuns/federais.

STF, Inq 4435 AgR-quarto, 2019 - Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes
eleitorais e os comuns que lhe forem conexos – inteligência dos artigos 109, inciso IV, e
121 da Constituição Federal, 35, inciso II, do Código Eleitoral e 78, inciso IV, do
Código de Processo Penal.

Mas e quanto ao foro por prerrogativa? STF tem entendimento dizendo que o deputado
que comete crime eleitoral durante a campanha e é reeleito deve ser julgado no
STF, não na justiça eleitoral, por conta do foro por prerrogativa. O crime eleitoral se
relaciona com o mandato e a reeleição mantém a competência. E se não tivesse se
reeleito? Perde foro, justiça eleitoral.

7.3 Jurisdições de diversas categorias

Prevalece o foro da categoria superior. É o caso do foro por prerrogativa de função, que
por ser superior e constitucional, atrai o crime conexo ou continente.

STF Súmula 704 - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados.

OBS: coautor no júri e reu com prerrogativa: vai separar pois são jurisdições
constitucionais de mesmo peso.

8. Separação de processos

8.1 Separação obrigatória de processos


Em alguns casos a conexão e continência não gera reunião dos processos.

a) Entre jurisdição comum e militar


b) Entre jurisdição comum e juízo de menores
c) Superveniência de doença mental
d) Réu revel – 366 CPP
e) Recusas do júri

CPP Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento,


salvo:

I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar

II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.

§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu,


sobrevier o caso previsto no art. 152.

§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido


que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.

No caso de superveniência de doença mental há instauração do incidente de insanidade


(art. 152 CPP) e o processo é suspenso e o crime é desmembrado dos demais. Assim, o
crime conexo prossegue.

No caso de réu revel que não é localizado o processo é suspenso (art. 366 CPP). Assim,
havendo conexão, o processo do corréu revel é desmembrado, e o crime conexo segue
normalmente.

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no
art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

STJ Súmula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado


pelo máximo da pena cominada.

STF TEMA 438 - Em caso de inatividade processual decorrente de citação por


edital, ressalvados os crimes previstos na Constituição Federal como
imprescritíveis, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo
prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada
ao crime, a despeito de o processo permanecer suspenso

As recusas no júri podem gerar desmembramento no caso de não ser atingido o número
mínimo de 7 jurados para compor o Conselho de Sentença.

8.2 Separação facultativa


Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido
praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo
excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por
outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.

a) Infrações praticadas em tempo ou lugar diversos (ex: intersubjetiva concursal ou


conexão objetiva ou probatória)
b) Excessivo número de acusados com réus presos
c) Outro motivo relevante

8.3 Perpetuatio jurisdicionis

Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no
processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua
competência, continuará competente em relação aos demais processos.

Uma vez reunidos os processos por conexão ou continência, ainda que o juiz absolva ou
desclassifique em relação ao crime originariamente de sua competência, ele continua
competente para o processo atraído.

Não se aplica quando o juiz extingue a punibilidade (ex: prescrição)! Nesse caso deve
remeter ao juízo competente.

Parte da doutrina entende que só há perpetuatio se a questão for de incompetência


relativa. Sendo incompetência absoluta o juiz deveria declinar para o juízo competente.
No entanto, o STJ não tem entendido assim, aplicando a perpetuatio em qualquer
situação de absolvição ou desclassificação.

Exemplo: absolvição de tráfico internacional não torna incompetente para o juiz federal
julgar a lavagem decorrente.

Exemplo2: se a desclassificação gerar possibilidade de transação, sursis, a competência


continua sendo o juízo que desclassificou.

STF. 2ª Turma. Rcl 34805 AgR/DF 2020 - STF determina que Justiça Eleitoral de 1ª
instância apure crime eleitoral e também crime federal conexos; ao receber os autos,
Justiça Eleitoral arquiva a investigação do crime eleitoral e remete os autos à Justiça
Federal; isso afronta a decisão do STF. Perpetua a jurisdição.

OBS: Não há perpetuatio na primeira fase do tribunal do júri, no qual a


desclassificação impõe que seja remetido o processo ao juízo competente. (art. 81
§único CPP). No caso de desclassificação na segunda fase do júri a competência é do
juiz do júri de julgar o crime desclassificado e os conexos. Se o júri absolve, ele
continua com a competência para julgar os conexos (perpetuatio).
STJ, HC 293895 / RS, 2019 – Entende que a competência para julgar o conexo na
segunda fase é do CONSELHO DE SENTENÇA. O juiz só faz a dosimetria.

OBS: a pronuncia é o momento da admissibilidade no Juri, por isso o juiz pode admitir,
pronunciado pelo crime contra a vida mas inadimitir quanto aos crimes conexos quando
presentes as hipóteses legais de impronuncia.

8.4 Avocatória

Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que
corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste
caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de
unificação das penas.

O juiz do foro prevalente deverá zelar pela competência e avocar os processos conexos
ou continentes, salvo se já houver sentença definitiva (não é transitada em julgado).
MEDIDAS CAUTELARES
1. Introdução

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução


criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais;

II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições


pessoais do indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.

As medidas cautelares são medidas de privação da liberdade que buscam garantir a


aplicação da lei penal, a instrução criminal e evitar a pratica de infrações.

Devem seguir o princípio da proporcionalidade, observando a necessidade


(periculum libertatis) e adequação. (Ubermassverbot e Untermassverbot). A aplicação
das cautelares requer a observância do princípio da homogeneidade, ou seja, se não há
PPL cominada, não cabe medida cautelar de prisão, bem como os critérios de
individualização da pena são os mesmos de aplicação das medidas cautelares (gravidade
objetiva do fato, condições pessoais etc).

CPP Art. 283 (...)

1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não
for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.

O artigo 282 é mais atualizado do que o art. 312, que trata da prisão preventiva, porque
este fala em “conveniência” da prisão para a instrução. Hoje é mais correto falar em
“necessidade” de prisão para garantir a instrução e a aplicação da lei penal.

2. Legitimados para requerer

Art. 282 (...) MUDANÇA L.13.964/2019

§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou,
quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou
mediante requerimento do Ministério Público.

§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao


receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária,
para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento
e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de
perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do
caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.
Com a alteração da L. 13964/2019 não é mais possível medida cautelar de ofício
pelo juiz. No processo podem ser requeridas pelas partes, pelo MP. Na investigação
pela autoridade policial ou pelo MP.

OBS: Não existe poder geral de cautela do juiz no processo penal! Por ser ultima ratio,
o sistema penal não se coaduna com uma atuação de ofício do juiz, menos ainda para
privar o indivíduo de sua liberdade.

3. Descumprimento e modificação da medida

Art. 282 (...)§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o


juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante,
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar
a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.

§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou


substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. Única coisa que pode fazer de
oficio: voltar a decretar cautelar ou revogar.

§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não
cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada)

Com a alteração da L. 13964/2019 no caso de descumprimento o juiz NÃO PODE


MAIS de ofício substituir a medida, cumular ou decretar a prisão. Precisa de pedido
do MP ou das partes. A prisão é sempre a última medida. A medida cautelar é rebus sic
stantibus, ou seja, se mantém enquanto se mantiverem os motivos, podendo ser
modificada ou revogada (a revogação da medida pode ser de ofício).

4. Prisão

Prisão é o cerceamento da liberdade de locomoção, que pode decorrer do trânsito


em julgado da sentença penal condenatória (prisão pena) ou da necessidade
justificada antes do trânsito em julgado, nas hipóteses estritamente previstas em lei
(prisão cautelar, provisória ou processual).

Art. 5º (...)

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

A regra é a liberdade, podendo haver prisão apenas em flagrante ou por ordem escrita de
autoridade judiciária. Exceções: prisão como sanção por transgressão militar e prisão
processual militar durante o inquérito militar de crimes militares próprios, que pode ser
decretada pela autoridade que preside o inquérito.
Prisão em flagrante Transitada em julgado
Sentença
Prisão por ordem Sem trânsito em Execução provisória
fundamentada de julgado da pena
autoridade judiciária
Decisões
Prisões cautelares
interlocutórias

Execução provisória sempre existiu, quando a sentença mantinha a prisão preventiva, o


CPP determina que seja contabilizado o tempo de preventiva na execução. Na última
decisão, O STF afirmou que é constitucional o CPP determinar que a prisão será apenas
após o trânsito em julgado, ou em flagrante ou cautelar. Assim, hoje não é possível a
execução provisória da pena como consequência do acórdão condenatório. (ADCs 43,
44, 54)

Se o réu foi condenado e preso na vigência do entendimento anterior, ao impetrar HC


não há a liberação imediata, mas sim a análise pelo TJ respectivo para ver se estão
presentes os requisitos de prisão preventiva.

ATENÇÃO! A L. 13964/2019 trouxe hipótese de execução provisória da pena no JÚRI:

Art. 492 (...)

I (...)

e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se


encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de
condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão,
determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado de
prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a
ser interpostos;

Se a pena for igual ou maior que 15 anos o condenado será automaticamente preso, e o
recurso não terá efeito suspensivo (§4º). Poderá o Tribunal atribuir efeito suspensivo se
o recurso:

 Não tem propósito protelatório e


 Levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da
sentença, novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15
(quinze) anos de reclusão.
OBS: (STF, Medida Cautelar (Celso) no HC n. 174.759, 2019) – inconstitucionalidade
da execução provisória do Juri. (antes da mudança da lei)

Pendente de julgamento no STF o Tema n. 1.068, em que se discute a


constitucionalidade do art. 492, I, do CPP, deve ser reafirmado o entendimento do STJ
de impossibilidade de execução provisória da pena mesmo em caso de condenação pelo
tribunal do júri com reprimenda igual ou superior a 15 anos de reclusão. STJ. 5ª Turma.
AgRg no HC 714884-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do
TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 15/03/2022 (Info 730).

 Condução coercitiva

STF, ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, INFO 906, 2018 – Não recepção da expressão
“para o interrogatório” constante no artigo 260 do CPP, porque priva o réu da liberdade
de locomoção violando a presunção de inocência, a dignidade da pessoa humana. O
interrogatório é meio de defesa do réu. Inexiste o poder geral de cautela no processo
penal, as modalidades de prisão seguem uma legalidade estrita, não pode o juiz criar
medidas cautelares.

Não foi analisada a condução de outras pessoas, como ofendido, testemunha, ou até
mesmo do investigado ou réu para outros fins que não sejam o interrogatório, como o
reconhecimento.

A autodefesa engloba: o direito de presença (ser citado) e o direito de audiência (ser


ouvido). Esses direitos são disponíveis por parte do réu. O réu deve ser citado, ainda
que fictamente, mas pode se ausentar. Da mesma forma, o réu pode comparecer mas
manter-se em silêncio.

A defesa técnica, por sua vez, é indisponível, por isso ao réu revel é nomeador defensor
dativo.

4.1 Execução provisória da pena após acórdão confirmatório de condenação.

Histórico de decisões do STF:

Em um primeiro momento entendia-se que a execução provisória da pena era a regra.


O CPP originalmente inclusive previa que o réu somente poderia recorrer se fosse
recolhido à prisão. Esse entendimento foi mudado com a Lei Fleury (1973), que
permitiu que o condenado recorresse em liberdade, e que a prisão seria apenas para
casos necessários. (lei possuía esse nome porque foi promulgada após o caso do
delegado Fleury, condenado por participar do Esquadrão da Morte).

Em 2009, no julgamento do HC 84078, o STF passou a entender que não seria


possível a execução provisória, apenas se for decretada a prisão preventiva, havendo os
requisitos.

Em 2016, no julgamento do HC 126292, o STF mais uma vez mudou o entendimento, e


determinou que a execução provisória não feria a constituição, porque RE e RESP
não possuem efeito suspensivo, não analisam fatos, além de ser necessária uma
ponderação entre presunção de inocência e a efetividade do sistema de justiça.

Por fim, no julgamento das ADCs 43,44 e 54, em 2019, o STF decidiu que não é
possível a execução provisória da pena, declarando constitucional o art. 283 que só
prevê prisão em flagrante, após o trânsito ou cautelar.

CPP, Art. 283. Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de
prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado

ATENÇÃO! O STF não se pronunciou ainda sobre a constitucionalidade do novo


art. 492 que permite a execução provisória da pena na condenação do júri. (l.
13964/2019), mas tem decisão monocrática em MC anterior à mudança legislativa
dizendo que é inconstitucional. [RE 1235340 pendente]

4.2 Prisão em flagrante

Natureza jurídica: ato complexo com duas etapas:

(i) Prisão: da captura até a lavratura do auto de prisão em flagrante


(ii) Comunicação ao juiz: que culmina na homologação, manutenção ou
convolação na audiência de custódia.

Art. 301. Qualquer do povo poderá (facultativo) e as autoridades policiais e seus


agentes deverão (obrigatório) prender quem quer que seja encontrado em flagrante
delito.

4.2.1 Espécies de prisão em flagrante

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.

a) Flagrante próprio: As hipóteses dos incisos I e II são de flagrante próprio


(propriamente dito ou verdadeiro). O flagrante ocorre no momento (o que pode
levar a uma tentativa) ou logo após a consumação.
b) Flagrante impróprio (irreal ou quase flagrante): Hipótese do inciso III. Há
perseguição logo após, ainda que o suspeito não esteja no campo e visão. Não há
tempo máximo de perseguição, pode durar horas, dias.
c) Flagrante presumido: Hipótese do inciso IV. Não há perseguição, apenas um
encontro com instrumentos.

A perseguição deve ser por situação que faça presumir ser autor de infração. A mera
intuição não é suficiente para presumir haver infração.

STJ, Resp 1.574.681-RS, 2017 - Não configura justa causa apta a autorizar a
invasão domiciliar a mera intuição da autoridade policial de eventual
traficância praticada por indivíduo, fundada unicamente em sua fuga de local
supostamente conhecido como ponto de venda de drogas ante iminente
abordagem policial.

Não é serendipidade porque esta pressupõe uma investigação regular que


encontra provas de outro ilícito. No caso, não há qualquer investigação.

STJ , RHC 83.501-SP, 2018 - A existência de denúncia anônima somada à fuga


do acusado, por si só, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso
policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação
judicial. A flagrância posterior ao ingresso não justifica a medida, deve haver
anteriormente indício de infração.

STF, RE 603616 – A entrada forçada em domicílio sem mandado só é licita


quando amparada em fundadas razões devidamente justificadas a posteriori,
que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
responsabilidade do agente e nulidade dos atos.

STJ, 2020 - A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o


ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e
deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso
domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo
caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada a prova
enquanto durar o processo.

Principais conclusões do STJ:

1) Na hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos de


standard probatório para ingresso no domicílio do suspeito sem mandado
judicial, a existência de fundadas razões (justa causa), aferidas de modo
objetivo e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa
ocorre situação de flagrante delito.

2) O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime


de natureza permanente, nem sempre autoriza a entrada sem mandado no
domicílio onde supostamente se encontra a droga. Apenas será permitido o
ingresso em situações de urgência, quando se concluir que do atraso decorrente
da obtenção de mandado judicial se possa objetiva e concretamente inferir que a
prova do crime (ou a própria droga) será destruída ou ocultada.
3) O consentimento do morador, para validar o ingresso de agentes estatais em
sua casa e a busca e apreensão de objetos relacionados ao crime, precisa ser
voluntário e livre de qualquer tipo de constrangimento ou coação.

4) A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o


ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e
deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso
domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo
caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada tal prova
enquanto durar o processo.

5) A violação a essas regras e condições legais e constitucionais para o ingresso


no domicílio alheio resulta na ilicitude das provas obtidas em decorrência da
medida, bem como das demais provas que dela decorrerem em relação de
causalidade, sem prejuízo de eventual responsabilização penal do(s) agente(s)
público(s) que tenha(m) realizado a diligência.

d) Flagrante Esperado: é espécie de flagrante próprio. A polícia sabe que o crime


irá ocorrer e espera para fazer o flagrante no momento da consumação ou em
que ele está sendo praticado.
e) Flagrante preparado ou provocado: não é admitido. A prisão é nula.

STF Súmula 145 - Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação.

OBS: No tráfico de drogas a venda pode ser provocada, mas a manutenção em


depósito ou o transporte é voluntário pelo agente, o que afasta o crime impossível
quanto a essas condutas e permite a prisão em flagrante. Esse entendimento, que já
existia nos tribunais, foi positivado com a L. 13964/19

L. Drogas Art. 33. (...) IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou


produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente.

Enunciado 4 I Jornada Direito Penal e Processual Penal - Não fica caracterizado o


crime do inciso IV do § 1º do artigo 33 da Lei 11.343/2006, incluído pela Lei
Anticrime, quando o policial disfarçado provoca, induz, estimula ou incita alguém a
vender ou a entregar drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico
destinado à sua preparação (flagrante preparado), sob pena de violação do art. 17 do
Código Penal e da Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal.

f) Flagrante Prorrogado, Protelado, Retardado, Postergado ou Diferido ou de


Ação Controlada: é admitido em alguns casos legalmente previstos [ver tabela].
Há a flagrância, que pelo princípio da obrigatoriedade deve ser decretada, mas
por questões de conveniência da investigação a prisão é protelada para que
sejam recolhidas mais informações.

Lei 12.850/2013 art. 8º – Lei 11.343/2006 art. 43 – Lei 9.613/98, art. 4º-B – Lavagem
Organizações criminosas. Lei de drogas de capitais

Não precisa de Precisa de autorização O juiz pode suspender a prisão ou


autorização judicial, judicial. outras medidas cautelares, ouvido
apenas a comunicação a o MP, quando elas puderem
este, que pode impor comprometer as investigações
limitações.
O objetivo é obter mais O objetivo é
informações; responsabilizar mais
agentes.
STJ, RHC 60.251-SC,
2015 - investigação
policial que tem como
única finalidade obter
informações mais
concretas acerca da
conduta e de paradeiro de
determinado traficante,
sem pretensão de
identificar outros
suspeitos, não configura a
ação controlada do art. 53,
II, da Lei 11.343/2006,
sendo dispensável a
autorização judicial para a
sua realização.

4.2.2 Flagrante em crime permanente

Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante


delito enquanto não cessar a permanência

4.2.3 Flagrante em crime continuado – ocorre individualmente em cada delito


4.2.4 Flagrante em crime habitual – parte da doutrina não admite, porque a
constatação do ato isolado não satisfaz a tipicidade. Damásio, no entanto,
destaca que a habitualidade se encontra no animus do agente, a reiteração é
apenas consequência, podendo haver flagrante.
4.2.5 Flagrante em crime de ação penal privada ou pública condicionada – a
lavratura do APF só ocorre com a queixa ou representação.
4.2.6 Flagrante em crime de menor potencial ofensivo – não há prisão em
flagrante no JECRIM, o TCO substitui o APF e o inquérito policial.
4.2.7 Flagrante na lei de drogas – não se impõe prisão em flagrante para o crime
do art. 28.
4.2.8 Flagrante e crime de transito – não pode ser preso se prestou socorro. CTB
301.
4.2.9 Procedimento do flagrante
 Lavratura do APF:

Apresentação à
Condução
Captura autoridade Lavratura do APF
coercitiva
policial

Encaminhamento
Comunicação à Recolhimento ao
do APF ao juiz em
família cárcere
24h

O condutor é ouvido, as testemunhas e o conduzido.

A falta de testemunhas não impede a prisão, mas devem assinar testemunhas


instrumentais, que viram a apresentação do preso à autoridade.

Pode, após a lavratura do APF, haver a liberação por pagamento de fiança (se a pena for
até 4 anos o próprio delegado estabelece a fiança).

O delegado pode ainda remeter os autos para a autoridade competente, se não for de sua
competência.

 Comunicação e remessa à autoridade judicial:

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada.

§1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao
juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de
seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.

2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa,


assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
testemunhas.

Imediato: juiz, MP, família.

Até 24h – encaminha o auto ao juiz e ao defensor.

Falta de nota de culpa e ausência de remessa à Defensoria Pública é mera


irregularidade.

 Audiência de custódia:

Com a Lei 13.964/2019 passou a ser prevista no CPP, no art. 310. Originariamente
prevista no Pacto de San José da Costa Rica: “toda pessoa detida ou retida deve ser
conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a
exercer funções”. No ordenamento brasileiro foi regulada pela resolução 213/2015 do
CNJ.

Tem como finalidade verificar a legalidade e a necessidade da prisão ou de outras


medidas cautelares, bem como verificar maus-tratos ou abuso de autoridade. Se não for
feita em 24h acarreta o relaxamento da prisão, mantida a possibilidade de se decretar a
prisão preventiva, se presentes os requisitos (art. 310 §4º)

STJ, RHC 103097/MG, 2018 - Realizada a conversão da prisão em flagrante em


preventiva, fica superada a alegação de nulidade porventura existente em relação à
ausência de audiência de custódia. Postura predominando

STF, 2020 – No julgamento sobre conversão de flagrante em provisória, que decidiu


pela impossibilidade de realizar de ofício, o STF, 2 Turma entendeu que a audiência de
custodia é direito fundamental garantido ao preso pela CF e CADH, sendo que sua
ausência consiste em ilegalidade.

OBS: A lei 13964/2019 prevê no art. 310 §4º que a não realização da audiência
de custódia de modo injustificado implica no relaxamento da prisão. Esse artigo
está suspenso por decisão liminar do STF. [suspensos: 28, juiz garantias, suspeição, aud. custodia]

STJ, CC 168.522/PR, 2019 – Não é cabível audiência de custódia por


videoconferência.

Enunciado 16 I Jornada DPPP: Excepcionalmente e de forma fundamentada, nos


casos em que se faça inviável a realização presencial do ato, é possível a
realização de audiência de custódia por sistema de videoconferência.

STJ Jurisprudência em Teses – A decretação da preventiva supera eventual excesso de


prazo da prisão em flagrante.

Atitudes do juiz (art. 310 CPP):

 Relaxar a prisão ilegal


 Converter em preventiva - requerimento
 Determinar medidas cautelares diversas da prisão
 Conceder liberdade provisória com ou sem fiança.
o ATENÇÃO! Art. 310 §2º não permite mais liberdade provisória se: (i)
reincidente [não fala de crime doloso] (ii) organização criminosa armada
ou milicia (iii) porte de arma de uso restrito [possível inconst?]

Conversão da prisão de ofício: 1º corrente: entende que não é possível a conversão de


ofício da prisão em flagrante em preventiva, porque a fase é pré-processual, o que gera
violação ao sistema acusatório. Além disso, não há poder geral de cautela no processo
penal, segundo entendimento do STF.
STJ 3 SEÇÃO: Afirma NÃO ser possível a atuação de ofício, por conta da alteração do
Pacote Anticrime. Mas entende que se houver e depois o MP pedir, se convalida.

STF 2 TURMA: Idem

NOVA REDAÇÃO 2019 Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo
máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá
promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído
ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:

I - relaxar a prisão ilegal; ou

II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos


constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou

III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato
em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação.

§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização


criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, DEVERÁ
DENEGAR a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.

§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência
de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa,
civil e penalmente pela omissão.

§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no


caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea
ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente,
sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.

STF, 1 TURMA, HC 157306, 2019 - O juiz da audiência de custódia não deve se


pronunciar sobre mérito. Por se tratar de mero juízo de garantia, deve se limitar à
regularidade da prisão e mais nada, porquanto absolutamente incompetente para o
mérito da causa. Em função disso, toda e qualquer consideração feita a tal respeito –
mérito da infração penal em tese cometida – não produz os efeitos da coisa julgada,
mesmo porque de sentença sequer se trata. Se relaxou a prisão por conta de
atipicidade, não faz coisa julgada.

4.3 Prisão preventiva (arts 311 a 313)


L. 13.964/2019 Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo
penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério
Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial

É a prisão mais abrangente, pode ser decretada em qualquer estágio do processo ou do


procedimento investigatório, desde que presentes o suporte probatório mínimo (indício
de autoria e materialidade) e os requisitos dos artigos 312 e 313.

De ofício só se for no curso do processo (corrente mais garantista e alinhada ao sistema


acusatório)

L. 13.964/2019 Não permite mais prisão preventiva de ofício pelo juiz!

4.3.1 Requisitos

Cumulativamente deve obedecer aos requisitos dos artigos 312 e 313

Art. 312 Art. 313


- Indícios de autoria e prova da - Doloso pena max > 4 anos OU
existência de crime + - Reincidente em crime doloso com
- Garantia da ordem Pública OU transito em julgado OU
- Garantia da ordem econômica OU - Violência doméstica contra vulnerável
- Necessidade da instrução OU com violação de medida protetiva OU
- Aplicação da lei penal - Identificação criminal

 Art. 312

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.

§1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de


qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, §
4o).

§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em


receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que
justifiquem a aplicação da medida adotada.

STJ, HC 214921/PA, 2015 – Os fatos que justificam a prisão preventiva devem


ser contemporâneos à decisão que decreta.

Enunciado 6 I Jornada DPPP: Na observância dos pressupostos e requisitos à


segregação cautelar, é incabível a decretação da prisão preventiva pelo crime de
receptação exclusivamente em razão da suposta conduta ter ocorrido em área de
fronteira.
Justa causa: Indício de autoria e prova da materialidade (art. 311) = fumus comissi
delicti.

Perigo da liberdade (art. 282 e 312) = periculum libertatis.

a) Garantia da ordem pública:

Deve haver a demonstração de que o infrator continuará delinquindo no decorrer da


persecução criminal. A gravidade em abstrato do crime, os maus antecedentes não são,
por si sós, suficientes.

STJ, RHC 055365/CE, 2015 - Inquéritos policiais e processos em andamento,


embora não tenham o condão de exasperar a pena-base no momento da dosimetria
da pena, são elementos aptos a demonstrar eventual reiteração delitiva, fundamento
suficiente para a decretação da prisão preventiva.

OBS: ato infracional anterior também serve como fundamento para prisão
preventiva. Deve observar: (i) a gravidade específica do ato infracional; (ii) tempo
decorrido entre o crime e o ato (iii) efetiva ocorrência do ato infracional.

Enunciado 18 I Jornada DPPP: A decretação ou a manutenção da prisão


preventiva, para a garantia da ordem pública, pode ser fundamentada com base
no risco de reiteração delitiva do agente em crimes com gravidade concreta,
justificada por meio da existência de processos criminais em andamento.

b) Garantia da ordem econômica


c) Necessidade da instrução (livre produção da prova)
d) Garantia da aplicação da lei penal

Fundada possibilidade de fuga do agente, que deseja eximir-se de eventual cumprimento


de pena (fuga do distrito da culpa). O fato de o réu possuir dinheiro para fugir do país
não é suficiente por si só, deve demonstrar o desfazimento de patrimônio, a situação
concreta de fuga.

A mera citação por edital não presume fuga.

 Art. 313

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão
preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4
(quatro) anos;

 Crimes culposos: não é possível a prisão preventiva. São apontadas, porém,


duas exceções:
o Art. 313 CPP determina prisão preventiva para identificação criminal, não
faz ressalva ao crime culposo.
o Art. 366 CPP – réu revel citado por edital tem processo suspenso e o juiz
pode decretar prisão preventiva, devendo seguir apenas os requisitos do art.
312. [parte da doutrina discorda, porque o próprio 312 faz menção ao 313]
 Contravenção: não cabe prisão preventiva.

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em


julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.

Faz-se paralelo com o art. 44, II, seguindo o princípio da homogeneidade. Ao


reincidente doloso não é aplicada a substituição de pena por PRD, por isso seria
possível a prisão preventiva.

No entanto, o art. 44 § 3° permite a flexibilização dessa regra ao reincidente não


específico. Portanto, esse não é um critério absoluto, deve ser observado em
consonância com o 313, I e com a circunstância concreta. Pode ser que o
reincidente responda em liberdade, quando for coerente a substituição da PPL
por PRD, ou não, ainda que por crime cuja pena máxima é menor que 4 anos.

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,


adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das
medidas protetivas de urgência; [VVV]

Violência contra vulnerável e violação de medidas protetivas de urgência.


Admite-se a prisão no caso de descumprimento das medidas de urgência.

STJ, HC 437.535/SP, 2018 - Em se tratando de aplicação da cautela extrema,


não há campo para interpretação diversa da literal, de modo que não existe
previsão legal autorizadora da prisão preventiva contra autor de uma
contravenção, mesmo na hipótese específica de transgressão das cautelas de
urgência diversas já aplicadas.

Parágrafo único. Também será admitida a prisão Lei 12.037/2009 – identificação criminal
preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil
Art. 3º:
da pessoa ou quando esta não fornecer elementos I – o documento apresentar rasura ou tiver
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser indício de falsificação;
colocado imediatamente em liberdade após a II – o documento apresentado for insuficiente
para identificar cabalmente o indiciado;
identificação, salvo se outra hipótese recomendar (art. III – o indiciado portar documentos de
312 do CPP) a manutenção da medida. identidade distintos, com informações
conflitantes entre si;
Essa hipótese de prisão preventiva é para a IV – a identificação criminal for essencial às
investigações policiais MEIO INDIRETO
identificação civil da pessoa, e pode ocorrer ainda V – constar de registros policiais o uso de
que o crime seja culposo. Exige autorização outros nomes ou diferentes qualificações;
judicial, claro. VI – o estado de conservação ou a distância
temporal ou da localidade da expedição do
documento apresentado impossibilite a
4.3.2 Prazo (ATENÇÃO! L. 13964/2019) completa identificação dos caracteres
essenciais
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva
se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela
subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão


revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal

Torna-se obrigatória a revisão da prisão preventiva, de ofício, a cada 90 dias, sob pena
de relaxamento da prisão.

Enunciado 19 I Jornada DPPP: A decisão de revisão periódica da prisão preventiva


deve analisar de modo motivado, ainda que sucinto, se as razões que a
fundamentaram se mantêm e se não há excesso de prazo, sendo vedada a mera
alusão genérica à não alteração do quadro fático.

STF HC 191836, 2020 – a ausência de reavaliação no prazo de 90 dias não indica a


imediata soltura do agente. Basta apenas que o juízo seja instado a reavaliar.

STJ. 5ª Turma. RHC 153.528-SP, 2022 - Quando o acusado encontrar-se foragido,


não há o dever de revisão ex officio da prisão preventiva, a cada 90 dias, exigida
pelo art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal.

STF. Plenário. ADI 6581/DF e ADI 6582/DF, 2022 A obrigação de reavaliar é para
todos os juízes do processo de conhecimento, exceto STF e STJ, a não ser que o
processo seja originário desses tribunais superiores.

COVID-19 RES 62/2020 E 91/2021 –

Prevê a reavaliação das preventivas no contexto da pandemia, especialmente: mulheres


gestantes, responsáveis por crianças ate 12 anos, idosos, pcd; pessoas presas em
estabelecimento superlotado, que não tenha equipe de saúde lotada; prisões com mais de
90 dias que não envolvam violência ou grave ameaça.

No caso de execução penal prevê também avaliações para saída antecipada de regime
fechado e semi, dando preferencia para os mesmos casos; também previu domiciliar
para presos do semi e aberto.

Arts. 4º e 5º da Recomendação nº 62/2020 não se aplicam às pessoas condenadas por


crimes previstos na Lei nº 12.850/2013 (organização criminosa), na Lei nº 9.613/1998
(lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores), contra a administração pública
(corrupção, concussão, prevaricação etc.), por crimes hediondos ou por crimes de
violência doméstica contra a mulher.

4.3.3 Recurso contra decisão

Indefere, substitui ou revoga  RESE

Decreta ou indefere pedido de revogação  Irrecorrível/HC


OBS: Se a decretação for na sentença condenatória, cabe apelação.

OBS2: Pode ser impugnada a decisão interlocutória que decreta prisão por HC.

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:

V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir


requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
relaxar a prisão em flagrante

STJ, HC 309740/RJ, 2015 - Não pode o tribunal de segundo grau, em sede de habeas
corpus, inovar ou suprir a falta de fundamentação da decisão de prisão preventiva do
juízo singular.

4.3.4 Manutenção da preventiva em condenação a regime diferente do


fechado

STJ, RHC 98.469/MG, 2018 - Tendo a sentença condenatória fixado o regime prisional
semiaberto para o início do cumprimento da pena do recorrente, deve a sua prisão
provisória ser compatibilizada ao regime imposto, sob pena de tornar mais gravosa a
situação daquele que opta por recorrer do decisum. Assim, pode ficar preso
preventivamente, mas em estabelecimento adequado ao regime imposto.

STF, HC 138122, 2017 - Fixado o regime inicial semiaberto para cumprimento da pena,
incompatível a manutenção da prisão preventiva nas condições de regime mais
gravoso. Não pode ficar preso, mas pode aplicar outras cautelares do 319 do CPP.

4.4 Prisão domiciliar

Prisão domiciliar consiste no recolhimento do acusado ou indiciado em sua residência,


só podendo dela sair mediante autorização judicial. Não se confunde com recolhimento
domiciliar, que é pena restritiva de direitos na qual o réu pode sair de casa mas no
período noturno deve ficar em casa.

Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua


residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial.

 É uma substituição da prisão preventiva por motivos humanitários.


 O juiz decreta a preventiva e substitui pela domiciliar.
 Pode ser decretada na investigação ou no processo.

4.4.1 Hipóteses (art. 318 CPP)


 Agente maior de 80 anos’
 Agente extremamente debilitado por motivo de doença grave’ (demonstrar que
não há como tratar no presídio).
 Imprescindível aos cuidados especiais de criança menor de 6 anos ou pessoa
com deficiência.’
 Gestante’
 Mulher com filho até 12 anos incompletos [criança]
o OBS: ART. 318-A: para gestantes e mulheres não pode ser crime com
violência ou grave ameaça nem crime contra o filho/dependente.
 Homem, caso seja o único responsável pelo filho de até 12 anos incompletos.

OBS: Na LEP a idade é de 70 anos. É menos rígida. Só para aberto.

STF, 2020 – Se já há condenação transitada em julgado não há que se falar em


aplicação do artigo 318, que trata apenas de substitutiva da preventiva, precisa atender
os requisitos do artigo 117 da LEP, que só se aplica para regime ABERTO.

OBS2: No caso de mulher ou homem condenados por crime contra o filho, não é
cabível prisão domiciliar com base nos incisos V e VI.

STF HC 143641/SP, 2018 GESTANTES e LEP Art. 117. Somente se admitirá o


PUERPERAS PRESAS – A reincidência por si só recolhimento do beneficiário de regime
não afasta a prisão domiciliar. Quando for inviável, o aberto em residência particular quando se
tratar de:
juiz deve buscar medidas cautelares alternativas do I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
art. 319. O juiz deve analisar o caso concreto e pode II - condenado acometido de doença grave;
decidir pela manutenção da prisão preventiva. O juiz III - condenada com filho menor ou deficiente
pode agir de ofício para determinar a prisão físico ou mental;
IV - condenada gestante.
domiciliar. Caso de habeas corpus coletivo. Não cabe Os casos são menos restritivos.
reclamação contra esse julgado.

318-A CPP A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão
domiciliar, desde que:

I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

Pode aplicar o 318-A do CPP para gestantes cumprindo pena DEFINITIVA quando não
estão no regime aberto (e por tanto não satisfazendo os requisitos do 117 LEP)?

STJ, 3 Seção, 2022 – pode aplicar em situações excepcionais, principio da


proporcionalidade, necessidade e adequação

STF, 2020 – NÃO PODE APLICAR O 318-A NA EXECUÇÃO DEFINITIVA.

Enunciado 26 I Jornada DPPP: É possível, em situações excepcionais, a aplicação da


prisão domiciliar humanitária, prevista no art. 117 da Lei nº 7.210/1984, também aos
condenados em cumprimento de regime fechado e semiaberto.
4.5 Prisão temporária (Lei 7.960/89)

Só é cabível na fase pré-processual, por tempo definido. Há um rol taxativo de situações


que permitem a prisão temporária.

Enunciado 15 I Jornada DPPP: Para a decretação da Prisão Temporária é necessária a


aplicação cumulativa do inc. III com o inc. I do artigo 1º da Lei n. 7.960/1989.

4.5.1 Hipóteses

Periculum libertatis (necessidade)  O artigo 1º da lei elenca que cabe prisão


temporária quando houver necessidade, em caso de ausência de residência fixa e
necessidade de identificação criminal.

STF: PRECISA CUMULAR: 5

1) For imprescindível para as investigações do inquérito policial), constatada a partir de


elementos concretos, e não meras conjecturas, vedada a sua utilização como prisão
para averiguações, ou quando fundada no mero fato de o representado não possuir
residência fixa;

2) Houver fundadas razões de autoria nos crimes ou participação do indiciado,


vedada a analogia ou a interpretação;

3) For justificada em fatos novos ou contemporâneos que fundamentem a medida;

4) A medida for adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às


condições pessoais do indiciado;

5) Não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas.

Fumus comissi delicti  no rol taxativo de crimes (inciso III).

a) homicídio doloso
b) sequestro ou cárcere privado
c) roubo
d) extorsão
e) extorsão mediante sequestro
f) estupro
g) atentado violento ao pudor
h) rapto
i) epidemia com resultado de morte
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal
qualificado pela morte
l) Associação criminosa NÃO PREVE ORGCRIM
m) genocídio, em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas
o) crimes contra o sistema financeiro
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.

4.5.2 Prazo

Em regra, 5 dias prorrogáveis por mais 5. [obs pacote anticrime prevê possibilidade de
estender para +15 dias o inquérito. Influenciaria na prisão temporária? Artigo esta
suspenso – juiz de garantias]

Em caso de crimes hediondos, 30d + 30d.

Art. 2º A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da


autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5
(cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade (...)

§ 7º Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto


imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.

No caso dos crimes hediondos, o prazo para a conclusão do inquérito passa a ser o
mesmo prazo da prisão. Se esta for prorrogada para 60 dias, o inquérito deve ser
concluído em 60 dias.

Há doutrina que entende que deve continuar seguindo o prazo de 10 dias do


inquérito, remeter ao MP, e este, se quiser, pode requerer novas diligencias,
mantendo o indiciado preso ate o max de 30+30

Nos crimes comuns, o investigado após os 10 dias de temporária pode continuar


preso durante o inquérito, mas a título de PREVENTIVA. Ou seja, a temporária
acaba e é decretada a preventiva.

Após o prazo, o preso deve ser posto em liberdade independentemente de alvará de


soltura.

STJ, 2016 – Não fere a inercia da jurisdição o magistrado decretar prisão preventiva no
curso do inquérito quando o MP requerer a prisão temporária, cabe ao juiz aplicar o
melhor direito, deve fundamentar nos requisitos do 312 e 313.

4.5.3 Procedimento

O juiz deve sempre ouvir o MP para decretar a temporária, ainda que o requerimento
seja da autoridade policial. Na preventiva, não há necessidade dessa oitiva.

Pedido do MP ou autoridade policial  juiz decide em 24h  mandado em duas vias


 execução da prisão  audiência de custódia
Art. 2º A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da
autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5
(cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade.

§ 1º Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir,


ouvirá o Ministério Público.

§ 2º O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e


prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do
recebimento da representação ou do requerimento

Art. 2º (...)

§ 4º Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias,


uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.

§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão


temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá
ser libertado. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)

Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos


demais detentos.

5. Medidas diversas da prisão

É o rol taxativo do art. 319.

ADI 5526, 2017 – Podem ser impostas medidas cautelares (o Judiciário tem
competência) mas se estas impedirem direta ou indiretamente o exercício do mandato a
Casa respectiva pode determinar que não sejam aplicadas. Foi o que aconteceu com
Aécio Neves, que teve afastadas 4 cautelares impostas pelo STF.

OBS: vereador não precisa passar pela câmara, não segue a simetria da CF/88, o juiz de
primeiro grau pode impor medidas direto, é o que entende o STJ. Deputado Estadual
segue a simetria.

5.1 Comparecimento em juízo

Serve para monitorar o acusado e suas atividades, bem como tem função de evitar a
reincidência.

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011). (Vide ADIN nº 5.526)

I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz,


para informar e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
(Vide ADIN nº 5.526)
5.2 Proibição de acessar ou frequentar determinados lugares

II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por


circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante
desses locais para evitar o risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011).

5.3 Proibição de manter contato com determinadas pessoas

A pessoa pode ser vítima, coautor ou partícipe.

III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). (Vide ADIN nº 5.526)

STJ, HC 380.734/MS, 2017 – Sendo corréus pai e filho, não pode haver medida cautelar
de não manter contato entre eles, por conta da proteção à família.

5.4 Proibição de ausentar-se

IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou


necessária para a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
(Vide ADIN nº 5.526)

Há uma crítica à expressão “conveniência”, pois medida cautelares devem ser impostas
observando a necessidade, não a mera conveniência.

5.5 Recolhimento domiciliar

Requisitos: residência e trabalho fixos.

Não precisa ser carteira assinada, pode ser uma atividade fixa e lícita. O recolhimento é
no período noturno e nos dias de folga. Pode ser flexibilizado nos casos em que trabalhe
ou estude a noite.

V – recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o


investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011). (Vide ADIN nº 5.526)

5.6 Suspensão da função pública ou atividade econômica

VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica


ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações
penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). (Vide ADIN nº 5.526)

A remuneração continua sendo recebida? A Lei 12.850/13 afirma que a suspensão da


atividade não suspende a remuneração, e como o CPP não diz, uma solução poderia ser
aplicar analogamente aos outros crimes.

5.7 Internação provisória


Para os inimputáveis e semi-imputáveis. Não é imposição antecipada de medida de
segurança, pois essa é sanção pena. A internação provisória é cautelar.

Requisitos:

 Crime com violência/grave ameaça


 Inimuputabilidade ou semi-imputabilidade
 Risco de reiteração.

VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com


violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011). (Vide ADIN nº 5.526)

5.8 Fiança

Finalidade imediata: assegurar o comparecimento e evitar obstrução do processo

Finalidade mediata: pagamento de custas, dano, multa etc.

VIII - fiança, nas infrações que a admitem , para assegurar o comparecimento a atos
do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência
injustificada à ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). (Vide ADIN nº
5.526)

5.9 Monitoração eletrônica

Modo de vigilância indireta. É prevista na LEP, art. 146-B a 146-D, que determina as
hipóteses permitidas de uso da monitoração eletrônica no curso da EXECUÇÃO penal.
Não se trata de cautelar, nesse caso.

IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). (Vide ADIN nº


5.526)

OBS: Ceara tem lei que prevê pagamento pelo preso de diária por aparelho de
monitoração. Está sendo questionada a constitucionalidade.

5.10 Proibição de ausentar-se do país e retenção de passaporte

Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades
encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou
acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.

Entrega de passaporte é simbólica, porque é possível transposição e fronteiras do


Mercosul apenas com a carteira de identidade.

STJ, RHC 87.825/ES, Info 618, 2018 - A cautelar fixada de proibição para que
agente diplomático acusado de homicídio se ausente do país sem autorização
judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de origem do réu tenha
renunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência
para o cumprimento de eventual pena criminal a ele imposta.

Se o Estado acreditante abre mão apenas da jurisdição cognitiva, mas mantém a


imunidade quanto à execução da pena, não é cabível a cautelar de proibição de
saída do território, porque o réu não vai cumprir pena no território. Ademais, o
réu não é obrigado a comparecer aos atos processuais (autodefesa). Relaciona-se
com o princípio da homogeneidade.
LIBERDADE PROVISÓRIA
É um estado de liberdade circunscrito em condições e reservas, que impede ou substitui
a imposição de prisão cautelar. A prisão é exceção, mas a liberdade se mantém impondo
certas restrições.

Art. 5º LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;

1. Requisitos

Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares
previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282
deste Código.

A liberdade provisória é oposta à prisão preventiva. Quando não cabe a prisão


preventiva, observando a necessidade e adequação, DEVE ser decretada a
liberdade provisória.

Ao receber o flagrante, o juiz na audiência de custódia pode relaxar a prisão ilegal,


converter em preventiva ou, não sendo o caso, decretar a liberdade provisória, podendo
ser combinada com outras cautelares do art. 319 do CPP (art. 310 CPP).

STJ, AgRg no RHC 145.936/MG, 2021 - As circunstâncias pessoais favoráveis, ainda


que comprovadas, não são suficientes à concessão de liberdade provisória se presentes
os requisitos autorizadores da custódia cautelar.

No curso do processo, estando o réu preso preventivamente, não se fala em liberdade


provisória, pois essa se relaciona com o flagrante. O correto é pedir a revogação da
prisão preventiva.

ATENÇÃO! Art. 310 §2º não permite mais liberdade provisória se:

(i) reincidente [não fala de crime doloso]


(ii) organização criminosa armada ou milicia
(iii) porte de arma de uso restrito

2. Espécies de liberdade provisória

2.1 Sem fiança e sem vinculação

Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o
auto de prisão em flagrante.

Principio da homogeneidade: se o réu “se livrar solto”, ou seja, não for aplicável pena
privativa de liberdade, não cabe prisão preventiva nem qualquer medida cautelar, por
isso deve ser posto em liberdade provisória, sem fiança e sem cautelares.
Exemplos: Art. 28 da Lei de drogas, art. 301 do CTB, que afirma que se prestar socorro
à vítima o acusado não pode ser preso em flagrante nem paga fiança.

OBS: O art. 321 preve que a regra é a liberdade PODENDO o juiz aplicar cautelares, ou
seja, a regra é a liberdade provisória sem vinculações.

2.2 Sem fiança e com vinculação

No caso de o juiz verificar, após o flagrante, indícios de que o agente realizou a conduta
albergado por causas de justificação que excluem a ilicitude OU no caso da condição
econômica do acusado (art. 350 §unico)

Nesse caso, fica vinculado ao comparecimento ao juízo.

Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas
provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos
incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal

Crítica da doutrina: o pobre e o que tem causa de justificação ficariam vinculados, sob
pena de revogação da liberdade, enquanto os outros teriam como regra a não
vinculação.

2.3 Com fiança

No caso dos hipossuficientes, o agente precisa cumprir as obrigações de afiançado (art.


327 e 328, comparecer, não mudar de residência sem avisar etc) e outras medidas
cautelares, que se descumpridas importam na conversão em preventiva.

Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do
preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes
dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso.

Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qualquer das


obrigações ou medidas impostas, aplicar-se-á o disposto no § 4o do art. 282 deste
Código.

2.3.1 Natureza jurídica da fiança

Numa visão civilista, a fiança é uma garantia fidejussória. No direito penal, a natureza é
de garantia real de cumprimento de obrigações do beneficiário, por conta da
intranscendência da pena.

É uma medida cautelar diversa da prisão. (art. 319, VII), contracautela.

A liberdade provisória mediante fiança é o direito subjetivo do beneficiário que atenda


aos requisitos legais e assuma as respectivas obrigações de permanecer em liberdade
durante a persecução.
2.3.2 Finalidades

Finalidade imediata: assegurar o comparecimento e evitar obstrução do processo

Finalidade mediata: pagamento de custas, dano, multa etc (art. 336 CPP).

OBS: Art. 336 §único determina que mesmo com a prescrição da pretensão executória a
fiança supre as despesas, não atinge os efeitos extrapenais.

2.3.3 Critérios

Não pode ser cabível prisão preventiva.

Art. 322.A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.

Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48
(quarenta e oito) horas.

Pena máxima (consideradas as causas de aumento e redução) até 4 – delegado pode


estabelecer

Pena máxima maior que 4 anos – somente juiz pode decretar.

OBS: crime de descumprimento de medida de urgência da Lei Maria da Penha (art. 24-
A): apesar de pena máxima ser menor que 4 anos, a lei diz que só o juiz pode decretar
fiança.

2.3.4 Crimes inafiançáveis

Art. 323.Não será concedida fiança:

I -nos crimes de racismo;

II -nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e


nos definidos como crimes hediondos; [RAÇÃO, hediondo e TTT]

III -nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;

Art. 324 Não será, igualmente, concedida fiança:

I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou


infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e
328 deste Código;

II - em caso de prisão civil ou militar;

IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art.


312). [caso Delcídio para entender que o crime foi inafiançável]
A cautelar militar é a menagem, quando o acusado fica contido no quartel, sem o
encarceramento.

Os crimes de racismo englobam a injuria racial, segundo entendimento do STF e do


STJ.

2.3.5 Valor da fiança (art. 325 e 326)

Leva em conta a pena máxima cominada (objetivo) e a situação econômica e pessoal do


agente (subjetivo).

Art.326 Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a


natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado,
as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável
das custas do processo, até final julgamento.

Pena máx até 4 anos (conta causa de aumento ou diminuição)  1 a 100 SM

Maior que 4 anos  10 a 200 SM

Hipossuficiente - pode ser

 Dispensada a fiança, seguindo art. 350 do CPP, que impõe outras medidas
cautelares além das obrigações dos arts. 327 e 328.
 Reduzida em até 2/3

No caso de ser muito rico pode ser aumentada até mil vezes.

Enunciado 20 I Jornada DPPP: Em caso de hipossuficiência, o não pagamento da fiança


não pode ser motivo legítimo a impedir a concessão da liberdade provisória

2.3.6 Condições da fiança


 Comparecimento a todos os autos processuais quando intimado.
 Não mudar de residência sem prévia comunicação da autoridade
 Não ausentar-se por mais de 8 dias sem comunicação.

O não cumprimento dessas condições gera quebra da fiança, que pode levar a prisão
preventiva ou outras cautelares e gera perda da metade do valor.

Art.327 A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a


autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução
criminal e para o julgamento.

Art.328 O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de
residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais
de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será
encontrado.

2.3.7 Procedimento
Pode ser decretada pelo delegado, nos crimes com pena máxima até 4 anos, ou pelo juiz
nos demais casos, sem ouvir o MP.

Art.333 Depois de prestada a fiança, que será concedida independentemente de


audiência do Ministério Público, este terá vista do processo a fim de requerer o que
julgar conveniente.

Art.334 A fiança poderá ser prestada em qualquer termo do processo, enquanto não
transitar em julgado a sentença condenatória.

2.3.8 Espécies de fiança

Pode ser em depósito (dinheiro ou bens) ou mediante hipoteca.

Art.330 A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro,


pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou
municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.

A prescrição da pretensão executória não impede o uso da fiança para arcar com as
custas, indenização (art. 336 )

2.3.9 Restituição, perda e quebra da fiança


 Restituição

Ocorre quando:

 Fiança sem efeito


 Absolvição
 Sentença que extingue a punibilidade (ex: morte do acusado, prescrição da
pretensão punitiva)
 Sobras no caso de condenação, depois de pagos os encargos, multas,
indenizações.

 Perda da fiança

Quando o réu não se apresenta, após o trânsito em julgado, para o cumprimento da


pena.

Perda total em favor do fundo penitenciário. Antes, retira os valores dos encargos,
indenizações etc.

Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as custas e mais encargos
a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da
lei.

 Cassação da fiança
 Fiança não era cabível
 Houve desclassificação para delito inafiançável
 Não for reforçada

Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em
qualquer fase do processo

Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito
inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito

 Reforço da fiança
 Quando a fiança for insuficiente por engano da autoridade
 Depreciação do bem afiançado
 Nova classificação que precisa de fiança maior

Se não for reforçada, ela será considerada sem efeito e será CASSADA.

Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:

I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;

II - quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou


caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas;

III - quando for inovada a classificação do delito.

Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na
conformidade deste artigo, não for reforçada.

 Quebra da fiança

Ocorre quanto:

 Descumprimento das condições do art. 327, 328 e 319, VIII


 Nova infração dolosa (crime ou contravenção) – basta cometer, não precisa
sentença condenatória.

Gera a perda da metade do valor e o juiz PODE impor prisão preventiva ou novas
cautelares.

Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).

I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo


justo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; (Incluído


pela Lei nº 12.403, de 2011).

III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; (Incluído


pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;

V - praticar nova infração penal dolosa.

No caso de quebra da fiança pode haver restituição se, retirado os 50% para o FUNPEN
e os encargos, algo sobrar.

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