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Janaina Mascarenhas
Sumá rio
INQUÉRITO POLICIAL E INVESTIGAÇÕES PRELIMINARES..............................................................3
AÇÃO PENAL...............................................................................................................................23
COMPETÊNCIA............................................................................................................................34
MEDIDAS CAUTELARES...............................................................................................................57
LIBERDADE PROVISÓRIA.............................................................................................................80
2023
INQUÉRITO POLICIAL E INVESTIGAÇÕES PRELIMINARES
1. Conceito
Quando alguém pratica um crime, em regra, surge uma pretensão punitiva para o Estado
(ius puniendi). Essa pretensão demanda uma persecução criminal (persecutio criminis)
que inicia com a investigação criminal pré-processual.
ATENÇÃO! A lei 13.964/2019 previu a figura do juiz de garantias, que tem como
função garantir a legalidade da investigação e garantir direitos fundamentais, decidindo
as questões extraprocessuais. Não pode ser o mesmo juiz da instrução.
Algumas alterações:
IPL com réu preso passa a poder ser prorrogado por 15 dias.
O juiz da instrução deve decidir sobre manutenção/revogação das medidas
cautelares em 10 dias após o recebimento dos autos.
JECRIM não tem juiz de garantias
Essa mudança tem como objetivo o fortalecimento do sistema acusatório, com maior
separação do juiz julgador do juiz que atua na investigação. Teoria da dissonância
cognitiva.
Esses artigos do juiz de garantias estão suspensos por decisão do STF em MC nas ADIS
6298, 6299, 6300 e 6305 bem como o artigo 157 §5º que trata da suspeição para o
processo do juiz que declara prova inadmissível e o artigo 28 do CPP. Essa presunção
de suspeição é muito criticada pela doutrina.
Fux trouxe discussão sobre possível inconstitucionalidade formal (diferença entre
normas processuais, competência da união, e normas de organização judiciária,
competência privativa do poder judiciario). Possíveis inconstitucionalidades materiais:
169, não teve analise de impacto orçamentário, eficiência do microssistema processual
penal.
Questões ainda em aberto: essa suspeição se aplica também nos processos originários
em tribunais? O juiz de garantias se aplica aos tribunais? Se aplica à Justiça Eleitoral?
3. Presidência do inquérito
A regra geral é que a investigação preliminar seja conduzida pelo delegado através do
inquérito policial. Exemplo de outras autoridades administrativas que tem função
investigativa: CVM, COAF, CGU (inquéritos extrapoliciais).
Lei Lavagem Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será
afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz
competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno.
4. Investigação pelo MP
Esse ato foi duramente criticado pelo MP, pois entende que essa norma não foi
recepcionada pela CR/88, que institui o sistema acusatório, no qual o juiz não pode
acumular funções de investigação e julgamento. Assim, caberia apenas ao MP, na figura
da PGR, requisitar abertura de inquérito para investigar fatos envolvendo autoridade
com foro no STF, podendo este unicamente enviar notícia sobre suposta infração.
Quanto ao requisito de ser infração na sede, o Tribunal entendeu que pelas ameaças
serem feitas na internet, estaria preenchido o requisito. Destacou ainda que a
investigação tem como objeto lesões ao Estado Democrático de Direito e às Instituições,
e não os indivíduos ministros do STF.
a) Caráter inquisitivo
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144
da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais,
inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art.
23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado
poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado
[atecnia!] da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor
no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.
Como o inquérito não é realizado com contraditório, a decisão condenatória não pode
ser fundamentada exclusivamente nos elementos informativos nele contidos. Mas
podem ser usadas como complementares às provas produzidas em juízo, bem como
quando não são infirmadas por outras provas.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.
STF, RHC 118516, 2014 - O livre convencimento do juiz pode decorrer das
informações colhidas durante o inquérito policial, nas hipóteses em que complementam
provas que passaram pelo crivo do contraditório na fase judicial, bem como quando
não são infirmadas por outras provas colhidas em juízo. [sofre críticas nessa ultima
parte, porque inverte o ônus da prova]
STJ, AgRg no AREsp 609.760/MG, 2017 - É certo que nos termos do art. 155 do
Código de Processo Penal, o decreto condenatório não pode se fundar exclusivamente
em elementos de prova colhidos apenas no inquérito policial e não repetidos em juízo,
podendo tais elementos serem utilizados para corroborar o convencimento baseado
em outras provas disponibilizadas durante a instrução processual.
O ARTIGO 155 SE APLICA AO JURI? Em regra, diz-se que no júri vige o sistema
da intima convicção, de modo que os jurados não precisam fundamentar sua decisão.
No entanto, há uma aparente incoerência no próprio sistema do júri, que é a
possibilidade de novo júri por condenação/absolvição contraria a prova dos autos. Essa
questão tem sido muito polemica e debatida, havendo divergência do STF e STJ
inclusive sobre a aplicabilidade dessa apelação, que gera novo júri, no caso de
absolvição. Para o STF, não caberia, seria um recurso apenas de defesa, para o STJ
caberia.
Recentemente, em 2021, o STJ em sua 3ª Seção discutiu sobre a aplicação do artigo 155
no Juri. Ambas as turmas tinham entendimento de que não se aplica o 155 ao júri,
porque é intima convicção. Mas mudou a 5 turma com base em recentes julgamentos da
Turma.
Assim, juntando esses dois entendimentos tem-se que: o tribunal em apelação defensiva
deve analisar as provas, e estas não podem ser apenas elementos informativos. Portanto,
se forem, gerarão novo júri, por ausência de provas. Assim, o 155 se aplica ao júri [so
para condenar...]
Discricionariedade do delegado
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial
negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento
da verdade.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
O exame de insanidade mental não pode ser requerido de ofício pelo delegado, pois
possui reserva de jurisdição.
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador,
do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame
médico-legal.
Suspeição do delegado
Incomunicabilidade
Não foi recepcionada pela Constituição, porque em seu art. 136, §3°, IV veda a
incomunicabilidade em estado de defesa. Portanto, em situação de normalidade não
poderia haver incomunicabilidade. Até mesmo o preso submetido ao RDD (regime
disciplinar diferenciado) possui direito a duas visitas quinzenais, e o art. 5º da CR/88
garante o direito de ter contato com advogado e família.
HC e inquérito policial
Em regra não cabe HC para trancar inquérito policial, porque este por si só não causa
constrangimento ilegal, pois é exercício de atribuições da autoridade policial. Exceções:
Atipicidade da conduta
Ausência de indícios mínimos de materialidade e autoria
Causa extintiva de punibilidade.
b) Sigiloso
Art. 20 (...) Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados,
a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a
instauração de inquérito contra os requerentes.
Antecedentes são condenações transitadas em julgado que não servem para reincidência
(ex: porque são fatos anteriores ou porque já passaram os 5 anos). Inquéritos policiais
não podem ser usados como maus antecedentes.
STF TEM 150 RG, 2020 – 5 anos NÃO AFASTA os maus antecedentes.
EXCEPCIONALMENTE PODE AFASTAR se a condenação não tem anda a ver ou é
muito antiga.
Direitos do advogado
c) Dispensabilidade
O inquérito não é obrigatório. Pode ser dispensado quando já houver indícios de autoria
e estiver comprovada a materialidade.
Exemplo: o art. 27 do CPP afirma que qualquer pessoa do povo pode submeter ao MP
informações sobre crime para que seja instaurada ação penal publica incondicionada. É
a delatio criminis que, quando acompanhada de informações e elementos suficientes,
dispensa qualquer outra investigação.
d) Escrito
7. Formas de instauração
Pode ser por cognição imediata da autoridade policial durante sua atividade, por
cognição mediata, quando alguém leva a informação até a autoridade e cognição
coercitiva, com o auto de prisão em flagrante.
I - de ofício;
Art. 5º (...)
Art. 5º (...)
8. Diligências do inquérito
Preservar o local
Apreender objetos relacionados com o crime
Realizar exame de corpo de delito (obrigatório quando deixa vestígios)
Ouvir o ofendido
Ouvir o indiciado
Colher informações sobre existência de filhos
STJ RHC 67.379-RN, Informativo 593, 2016 - Embora seja despicienda ordem
judicial para a apreensão dos celulares, ainda que verificada a situação de
flagrância, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo
telefônico.
STJ RHC 75.800-PR, Informativo 590, 2016 – A medida de busca e apreensão
engloba autorização para acessar os dados nos aparelhos apreendidos.
OBS: olhar o REGISTRO TELEFONICO pode, não pode é ler as mensagens. Também
não pode apreender celular e ficar monitorando pelo WhatsappWeb, nem mesmo com
autorização judicial porque essa ferramenta não se equipara à interceptação telefônica
(STJ).
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art.
159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239
da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de
quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
STF, RHC 121429, 2016 (Rel Toffoli) - Não é nula a condenação criminal
lastreada em prova produzida no âmbito da Receita Federal do Brasil por meio
da obtenção de informações de instituições financeiras sem prévia autorização
judicial de quebra do sigilo bancário. Isso porque o STF decidiu que são
constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o acesso direto da
Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes.
9. Conclusão do inquérito
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese,
a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando
estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos
ao juiz competente.
SUSPENSO PELO STF Art. 3º-B (...) § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das
garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o
Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão
será imediatamente relaxada.
O art. 10 estabelece como prazo geral para conclusão do inquérito 30 dias para
réu solto, podendo ser prorrogado, e 10 dias para réu preso (podendo ser
prorrogado por mais 15 sempre ouvido o MP). Em aberto questão da prisão
temporária, que é pelo prazo máximo do inquérito, 10d, agora poderá prorrogar
por 15?
Na justiça federal, no entanto, prazo é de 15 dias para réu preso, prorrogável por igual
prazo, e 30 dias para réu solto (art. 66 L. 5.010).
Para a lei de drogas (art. 51 L. 11.343/06) o prazo é de 30 dias para réu preso,
prorrogável pelo mesmo período e 90 dias para réu solto, prorrogável pelo mesmo
período.
O CPP determina que o relatório seja encaminhado para o juiz mas na prática e pelo
sistema acusatório é encaminhado ao MP. Na JF com base na Resolução 63/2009, os
juízes determinam a tramitação direta entre MP e polícia dos inquéritos policiais da
esfera federal.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Motivos de arquivamento:
As ações penais privadas não podem ser arquivadas pelo MP, porque é direito do
ofendido decidir se segue com o processo ou não. Portanto, espera-se o prazo
decadencial de 6 meses para apresentar queixa.
No caso do MPF a divergência é resolvida pela 2 CCR que pode: oferecer denúncia;
designar outro procurador para oferecer; arquivar.
Após, remetido à JF para baixa dos autos e arquivamento físico, notificando a DPF
(Orientação conjunta n° 03/2016).
STJ Inq 967, 2015 – Membro do MPF que atua originariamente no STJ ao requerer o
arquivamento está fazendo por delegação do PGR, de modo que o Tribunal superior
deve aceitá-lo, não cabe aplicação do art. 28 do CPP.
STF, MS 34730, 2020 – PGJ que arquiva na sua atribuição originária não precisa que o
juiz homologue, mesma lógica do PGR no STJ, exceto se for por motivo que forme
coisa julgada material (atipicidade e extinção de punibilidade). Ex: PGJ arquiva por
ausência de provas de autoria – arquivamento nem precisa ir pro Tribunal.
STF, Inq 4244/DF, 2018 – PGR ao declinar atribuição para MP na 1ª instância (perda
do foro) deve antes analisar diligências pendentes e concluir pelo arquivamento ou não.
Se não for caso de arquivamento, remete-se ao MP.
STF, Inq 4420, 2018 – É possível que STF arquive de ofício o inquérito quando não
forem reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade e já tiver sido
descumprido os prazos máximos de investigação e exauridas as diligências de
investigação possíveis. Baseou num dispositivo do RISTF. Muito criticado pelo MP. [se
aproxima de um controle de legalidade, um HC de ofício trancando o inquérito por
excesso de prazo, mas o tribunal chamou de arquivamento. STF citou esse precedente
no inquérito das fake News para demonstrar jurisprudência no sentido de atuação de
oficio]
Arquivamento implícito
Arquivamento indireto
Impugnação de arquivamento
Para crimes contra a economia popular (Lei 1.521/1951) há remessa necessária nos
casos de absolvição OU quando determinarem o arquivamento. Essa previsão é criticada
porque (i) a remessa necessária viola o princípio da voluntariedade do recurso; (ii) a
remessa necessária serve como condição para que se forme coisa julgada, mas o
arquivamento de inquérito não forma coisa julgada.
11. Desarquivamento
Pode ser feito de ofício pela autoridade policial quando sobrevierem novas provas. A
prova deve ser substancialmente nova, ou seja, permitir novas investigações.
Atipicidade
Causa extintiva de punibilidade
STJ REsp 791.471-RJ, Informativo 554, 2015 – Entende que o arquivamento com base
em excludente de ilicitude também faz coisa julgada material porque define o mérito do
caso com grau de certeza jurídica.
Outra corrente entende que seria possível revisão criminal nesse caso com base nos
seguintes argumentos: a) se não houve morte, estava ausente o pressuposto da
declaração de extinção da punibilidade, não podendo haver coisa julgada; decisão
inexistente b) a decisão de extinção da punibilidade é apenas interlocutória, não gerando
coisa julgada material. O réu não pode se valer de ilícito para ludibriar a justiça.
Precisa ser homologado pelo juiz de garantias. Com o cumprimento das condições é
extinta a punibilidade. Durante o cumprimento não corre a prescrição. A execução do
acordo se dá no juízo da execução.
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público,
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste
artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso
concreto.
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado
pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência
na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado
na presença do seu defensor, e sua legalidade.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos
legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não
persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão
superior, na forma do art. 28 deste Código.
AÇÃO PENAL
CP Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público (...)
Exemplo: crimes contra o sistema financeiro (L. 7.492/86) são todos de ação publica
incondicionada com competência da JF; crimes ambientais (L. 9.605/98);
1.1.1 Princípios
A) Princípio da obrigatoriedade
Exceções:
B) Princípio da indisponibilidade
CPP Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal
Uma vez iniciada a persecução penal no processo o MP não pode desistir. Isso não
significa que não possa se manifestar pela absolvição, nem que não possa renunciar ao
direito de recorrer, porque o MP é o titular da ação penal e fiscal da ordem jurídica, de
modo que se não estiverem presentes os requisitos para condenação, deve respeitar o
ordenamento (crítica ao art. 385 do CPP).
L. 9.099/95 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro
anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a
suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
C) Divisibilidade
STJ, RHC 96.738/RS, 2018 - não se pode confundir a denúncia genérica com a
denúncia geral, pois o direito pátrio não admite denúncia genérica, sendo
possível, entretanto, nos casos de crimes societários e de autoria coletiva, a
denúncia geral, ou seja, aquela que, apesar de não detalhar minudentemente as
ações imputadas aos denunciados, demonstra, ainda que de maneira sutil, a
ligação entre sua conduta e o fato delitivo.
a) Obrigatoriedade
b) Indisponibilidade
c) Divisibilidade
Tem como titular o Ministério Público.
CPP Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
Representação
Pode ser dirigida ao MP ou ao delegado.
Não precisa obedecer a nenhum rigor formal, basta a manifestação inequívoca
de vontade.
CPP Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por
procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz,
ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial
ATENÇÃO! Lei 13.718/2018 mudou a ação para crimes contra a liberdade sexual.
Antes apenas o estupro de vulnerável era incondicionada. Agora TODOS são
incondicionada. Portanto, não faz mais sentido a discussão jurisprudencial antiga sobre
se a vulnerabilidade seria permanente ou momentânea, porque sempre vai ser
incondicionada. No entanto, para crimes anteriores, continua sendo condicionada,
porque mais benéfico ao réu.
O STJ divergia, havendo decisão no sentido de que “vulnerável” não é qualquer pessoa
que não ofereça resistência, mas apenas aqueles que tem uma vulnerabilidade
PERMANENTE.
STF Súmula 608: No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação
penal é pública incondicionada.
Requisição
Dirigida ao PGR ou PGJ a depender da competência.
Tem eficácia objetiva, não vincula o MP.
Maioria da doutrina entende que é IRRETRATÁVEL.
Não se submete ao prazo de 6 meses.
Hipóteses:
OBS: ação penal publica subsidiaria da publica – DL 201 preve que omisso o MPE o
MPF deve agir. Mas a doutrina entende que não foi recepcionada. Outros entendem se o
caso de IDC para o STJ.
Ação penal secundária – quando o tipo penal prevê uma hipótese em que a ação penal
muda conforme a situação. Ex: injuria contra PR é publica incondicionada.
Exemplo: crime de dano. Se for dano qualificado contra bens da administração direta,
autarquia e fundações, empresa publica (mudança em 2017) ou sociedade de economia
mista ou concessionárias de serviço público, é ação publica incondicionada.
Ação penal adesiva – quando há conexão entre uma ação penal privada e uma publica.
Ex: ação de injuria e também privada subsidiaria da publica no mesmo contexto de
lesão leve.
2. Ação privada
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a
ação privada.
Titularidade: do ofendido.
2.1 Princípios
a) Oportunidade e conveniência
O ofendido não é obrigado a oferecer queixa. Se quiser oferecer, deve respeitar prazo
decadencial de 6 meses a partir do conhecimento do autor do fato.
OBS: crimes contra propriedade imaterial: podem ser de ação penal privada,
publica incondicionada ou condicionada, a depender do tipo. Se forem de ação
penal privada (art. 184 caput, CP), havendo apreensão do material e sendo a
queixa fundada em perícia, o prazo é de 30 dias a partir da homologação do
laudo.
CPP Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida
queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30
dias, após a homologação do laudo.
CP Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa
ou tacitamente
b) Disponibilidade
O querelante pode desistir da ação penal já instaurada, através do perdão.
Perdão é bilateral e processual ou extraprocessual e tem como efeito a extinção
da punibilidade.
Não cabe perdão na ação privada subsidiária da pública (art. 105 CP)
Se oferecido apenas por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros.
Se oferecido a um dos querelados, a todos aproveita (indivisibilidade)
Somente até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
O silêncio do querelado significa aceitação.
CPP Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado
será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
É a desídia do querelante:
c) Indivisibilidade
CPP Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser
aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
subseqüentes do processo.
Busca fazer com que a ação privada não seja um instrumento de vingança do
particular.
O MP é o custos iuris e deve zelar pela indivisibilidade, podendo aditar a queixa
objetivamente ou subjetivamente (Tourinho Filho).
o Há uma corrente mais moderna que entende que o MP deve apenas pedir
que notifique o querelante para que este adite a inicial acusatória. Caso
se mantenha inerte, deve entender pela renúncia, que se estende a todos.
É a que pode ser ajuizada pelo ofendido e no caso de morte ou ausência, pelos
legitimados do art. 31 do CPP (cônjuge, ascendente, descendente, irmão). MP atua
como custos iuris, interveniente adesivo.
STJ, 2019 – No caso de não recebimento ou improcedência de ação penal privada cabe
condenação do querelante em honorários de sucumbência, por aplicação subsidiária do
CPC. (princípios gerais do direito, art. 3º CPP). O que não cabe é litigância de má-fé no
Processo Penal.
Somente pode ser ajuizada pelo ofendido (ex: art. 236 do CP induzimento a erro
essencial no casamento). No caso de morte a ação penal é extinta sem julgamento de
mérito. Não há a extinção da punibilidade, mas apenas a extinção do processo sem
resolução do mérito por ausência de requisito de procedibilidade da ação, que é o
legitimado.
Para alguns o fundamento da APPRIVADA é o streptus judicii, ou seja, evitar o
escândalo do processo, devendo ficar na esfera privada essa escolha. No entanto outra
parte entende que o fundamento é reservar à vítima a opinio delicti, pois após a inicial
ela ainda tem o direito potestativo de desistir da ação.
CPP Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
CF, art 5º
(...)
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada
no prazo legal;
OBS: STF já julgou caso em que considerou ilegítimo conselho indigenista propor ação
privada subsidiária da púbica, porque apenas os ofendidos podem opor.
3. Inicial acusatória
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
A qualificação do acusado deve ser suficiente para sua identificação, ainda que não
existam elementos suficientes para uma qualificação civil exata.
STJ, HC 136.250, 2017 – O domínio do fato não pode ser alegado pura e
simplesmente por conta do cargo hierárquico. É necessária a individualização da
conduta dos sócios.
O recebimento da inicial acusatória é feito por despacho, portanto não tem caráter
decisório nem pode ser impugnado por recurso. Em casos teratológicos de manifesta
ilegalidade pode ser impetrado HC ou MS a depender da pena em abstrato do crime, se
privativa de liberdade ou não.
Doutrina minoritária entende que o recebimento deve ser por decisão fundamentada.
(Nesse sentido: Enunciado 23 a I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ)
Da rejeição da inicial cabe recurso em sentido estrito (art. 581, I CPP); Rejeição
pode ser parcial ou total e em regra não faz coisa julgada material (exceto quando for
por atipicidade ou extinção de punibilidade).
STJ, REsp 1318180/DF, 2013 - O fato de a denúncia já ter sido recebida não impede
o Juízo de primeiro grau de, logo após o oferecimento da resposta do acusado,
reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao constatar a presença de
uma das hipóteses elencadas nos incisos do art. 395 do Código de Processo Penal,
suscitada pela defesa.
OBS: STF trouxe alguns questionamentos sobre o uso indiscriminado desse principio.
Justa causa é uma garantia contra o abuso do direito de acusar. O processo penal
exige existência de lastro probatório mínimo para que se inicie a persecutio criminis
em juízo, porque a ação penal por si só pode gerar efeitos negativos na esfera
individual do réu. Pode ser originária ou superveniente (ex: ilicitude das provas da
inicial reconhecida durante o processo).
(b) PUNIBILIDADE (além de típica, a conduta precisa ser punível, ou seja, não
existir quaisquer das causas extintivas da punibilidade); e
A jurisprudência do STF e do STJ tem sido firme no sentido de que a denúncia é inepta
se indicar como acusado uma pessoa apenas pela sua posição dentro da hierarquia de
uma empresa (ex: dono da rádio denunciado por injuria cometida pela radialista; diretor
da empresa denunciado por corrupção cometida por empregado). Precisa demonstrar o
conhecimento do agente sobre o crime ou sua efetiva prática.
STJ Súmula 192: compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das
penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimento sujeitos a administração estadual.
Em regra, as penas privativas de liberdade decretadas pelo juízo federal são cumpridas
em estabelecimento estadual (critério funcional e do local). A guia de recolhimento do
preso é encaminhada ao juízo da vara de execuções do estado. Nos casos de
transferência para presídio federal (Lei 11.671/08) a competência é do juízo de
execução federal, bem como na execução de penas restritivas de direito e multa.
Objeto do juízo: é a divisão de tarefas numa mesma decisão (exemplo: tribunal do júri,
o conselho responde aos quesitos e o juiz apenas elabora a sentença).
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 156413-GO, 2022 - É aplicável a teoria do juízo aparente
para ratificar medidas cautelares no curso do inquérito policial quando autorizadas
por juízo aparentemente competente. Verba do SUS em regra é JF.
Crimes políticos são crimes contra a ordem democrática, como os crimes da Lei
de Segurança Nacional (Lei 7.170/83 revogada). Deles é competente a JF e o
recurso é ROC ao STF, não apelação. Não são considerados para reincidência.
o STF – critério subjetivo e objetivo – motivo e finalidade politica e deve
haver lesão ou potencialidade de lesão aos bens: soberania, estado
democrático, instituições democráticas!
Crimes políticos puros x complexos – os primeiros afrontam
apenas os bens típicos, como o crime de sabotagem, espionagem.
Os últimos afrontam outros bens, como o sequestro, o homicídio.
o CUIDADO! È diferente para fins de extradição! O STF, apesar de
entender por exemplo o crime de terrorismo como um crime politico
complexo, entende que para fins de extradição não se considera politico,
ou seja, pode ser extraditado se investigado por terrorismo.
Bens (patrimônio), serviços (funções), interesse (direito) da União atraem a
competência federal. Exemplo: fiscalização do manejo de OGM.
Sociedade de economia mista não atrai competência da JF.
É excluída a competência da JF se forem contravenções, ainda que sejam
conexas com crimes de competência da JF (ex: apreensão de caça-níqueis
contrabandeados e produzidos no Brasil). Atenção! Se tiver foro por
prerrogativa, este critério em razão da pessoa prevalece sobre o critério em
razão da matéria (ex: vias de fato por parte de juiz federal a competência é do
TRF).
STJ Súmula 62: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa
anotação na carteira de trabalho e previdência social, atribuído a empresa
privada. (EX: pessoa faz anotação falsa na CTPS para conseguir emprego. Se for
para conseguir benefício previdenciário é contra a União.)
STJ Súmula 165: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso
testemunho cometido no processo trabalhista.
STJ Súmula 200: O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado de
crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou
(lugar do uso).
STF, Inq 4435, 2019 - competência Justiça eleitoral para crimes eleitorais e
conexos.
MPF 2 CCR - Enunciado nº 89: O fato de a conduta ter ocorrido por meio da
rede mundial de computadores não atrai, somente por este motivo, a atribuição
do Ministério Público Federal para a persecução penal.
O IDC é suscitado pelo PGR nos casos de graves violações aos direitos humanos
e quando houver uma inércia por parte das autoridades locais.
Pode no processo civil? Discussão, maioria entende que não, seria só processo
penal, mas a CF não limita, apenas fala em “inquérito ou processo” e “causas
relativas a direitos humanos”. Didier destaca essa possibilidade.
Nos casos dos crimes contra o sistema financeiro (Lei 7.492/86) há uma
determinação legal, bem como nos casos de lavagem de capitais que envolvam o
sistema financeiro (art. 9.613/98 art. 2º, III).
TFR Súmula 115: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes contra
a organização do trabalho, quando tenham por objeto a organização geral do
trabalho ou direitos dos trabalhadores considerados coletivamente.
OBS: No caso de punição disciplinar militar não cabe HC, exceto nos casos de
ilegalidades (não analisa o mérito). Havendo ilegalidade, portanto, a
competência é da justiça federal.
Qualquer aeronave atrai a competência da JF. Não importa que esteja em solo.
Navio, para fins de competência federal, é uma embarcação de grande porte
em deslocamento ou em situação de potencial deslocamento internacional,
possuindo, assim, autonomia para alcançar águas internacionais.
São os casos dos art. 338 (reingresso de estrangeiro expulso), 309 (falsa
identidade para ingressar). A simples entrada irregular não gera crime, como no
caso dos refugiados. Precisa da expulsão.
Diz respeito ao que é coletivo (exemplo: porte de arma para caça – costume.
Ameaça em discussão politica sobre a função de cacique – interesse coletivo).
STJ Súmula 140 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime
em que o indígena figure como autor ou vítima.
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens.
Art. 124 à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em
lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência
da Justiça Militar.
Inicialmente o STM entendia que a competência era da JMU, sendo a ressalva da Lei
Castrense apenas referente à justiça militar Estadual. O STF discordou, e determinou
que a competência sempre seria do júri, federal ou estadual.
Com a EC 45/04 foi adicionado ao art. 125 da CR/88 uma ressalva à competência da
justiça militar dos estados, afirmando a competência do júri. Isso reacendeu a questão
porque a emenda parecia ter dado razão ao STM, pois manteve o art. 124 (referente à
JMU) e só ressalvou o art. 125 (referente à JME)
Art. 9º (...)
§1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada pela
Lei nº 13.491, de 2017)
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar
da União, se praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491,
de 2017)
OBS: O simples uso de arma de uso restrito das forças armadas não atrai a competência
da JMU, precisa que o crime seja praticado no exercício da função ou missão.
OBS: Se o homicídio é de um militar cometido por outro, mas ambos estão fora do
serviço e não atuando em razão dele, a competência é do Juri.
STF Súmula Vinculante 36: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil
denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar
de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de
Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
Art. 124 (...)§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)
É competência da JME julgar crimes praticados por militares estaduais (policia militar,
bombeiro, policia rodoviária estadual), exceto dolosos contra a vida que são de
competência do júri.
Atos disciplinares: também cabe à JME julgar ações contra atos disciplinares militares.
A JMU não tem essa competência, pois só julga crimes, sendo competência da JF os
atos disciplinares.
STF Informativo 900, QO AP 937, 2018, Plenário - O foro por prerrogativa de função
aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados
às funções desempenhadas. Interpretação restritiva teve eficácia imediata, inclusive
sobre os processos em curso, exceto se já decidido com base na jurisprudência anterior.
As Constituições estaduais não podem criar hipóteses não contidas na CR/88.
(Procurador do Estado, Municipio, Delegado, defensor etc. Não pode vereador e vice
prefeito.)
STF. Plenário. Inq. 4342 QO/PR 2022 – mandatos cruzados. Mantém o foro se sai de
um cargo pro outro mas o foro é o mesmo, como Deputado e Senador. Não há solução
de continuidade.
Interpretação Restritiva do STF sobre foro por prerrogativa de função. O crime precisa
ser cometido durante o exercício (não adquire o foro com posterior exercício do cargo) e
ser relacionado às funções.
STJ, APN 857, 2018 – Governador também só é julgado pelo STJ se relacionado ao
exercício da função e após diplomação. Para desembargador (APN 878), no entanto,
SEMPRE é STJ, independentemente se relacionado à função ou não, por conta da
hierarquia.
STF, Pet 7075 AgR/DF, 2017, Informativo 873 – Declínio de competência dos termos
de colaboração para o juízo de primeira instância onde os fatos ocorreram. Não cabe o
envio de cópias a dois juízos distintos para que eles decidam qual o juízo competente,
porque isso gera de antemão um conflito.
STF, AGRG Inq 4506 AgR/DF, 2017, Informativo 885 – DESMEMBRAMENTO. No
caso de fato único com conduta indissociável do corréu com o senador não há
conexão, mas concurso. Não cabe portanto, desmembramento do processo.
OBS: O STF afirmou que não há continência, mas tecnicamente isso está errado,
porque as condutas indissociáveis em fato único caracterizam continência por
cumulação subjetiva (concurso de pessoas).
O delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo porque é mera delatio, não há
contraditório. Mesmo entendimento do STJ.
No entanto, para o STF, ainda que seja negada ao delatado a possibilidade de impugnar
o acordo, esse entendimento não se aplica em caso de homologação sem respeito à
prerrogativa de foro. Efeito: INEFICÁCIA da colaboração em relação ao delatado
com foro por prerrogativa de função, por usurpação de competência ao homologar.
As provas devem ser excluídas do inquérito e o inquérito trancado.
STF SÚMULA 702 - A competência do Tribunal de Justiça [do estado onde é prefeito]
para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual;
nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo
grau.
Crime comum estadual TJ. Crime comum federal TRF. Crime eleitoral
TRE. Crime militar (ex: em local sujeito a administração militar contra militar)
STM.
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.
Código Penal adota a teoria da ubiquidade para definir o lugar do crime. O CPP trata de
competência e usa a teoria da atividade para os crimes tentados e para os
consumados formais e teoria do resultado para crimes materiais consumados.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado.
4.2 Prevenção
O juízo prevento é aquele que, mesmo antes do início do processo, se manifesta quanto
a qualquer medida.
Não é caso de dúvida, é caso de não saber onde foi praticada a infração.
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo
domicílio ou residência do réu.
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será
competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
STJ, CC 143.400/SP, 2019 - (art. 106 da Lei nº 7.565/86) balão não é aeronave,
competência é da Justiça Estadual.
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado.
Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da
República.
STF, RE 1175638 AgR, 2019 – Homicídio cometido por brasileiro no exterior, cuja
extradição foi negada (brasileiro nato que foge para brasil). Condições de
extraterritorialidade presentes. A competência é da Justiça Estadual, não ofende
interesse da União. [qual comarca? Art. 88 do CPP, capital do estado onde ultimo tiver
residido OU na Capital da republica]
4.6 Jurisprudência
Súmula 244, STJ - Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de
estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. [onde foi emitido o cheque]
Súmula 521, STF - O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é
do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Súmula 48, STJ - Compete ao juízo da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar
crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque. [cheque clonado,
falsificado, analogia com o comprovante falso de deposito]. Entende que o local da
vantagem é a agencia do sacado, pq o dinheiro sai da conta dele.
Art. 70 (...)
5. Conexão
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo,
por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o
tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
“em concurso, embora diverso o tempo e o lugar”. Pessoas unidas em concurso mas não
praticam os crimes juntas. Exemplo: grupo organizado de roubo a caixas eletrônicos,
uma parte rouba em barras, outra parte rouba em batalha.
“várias pessoas, umas contra as outras”. Briga entre duas pessoas, uma lesiona a outra.
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
Exemplo: agente estupra e quando a vítima vai denunciar ele mata para evitar ser
reconhecido.
OBS: A mera simultaneidade não gera conexão. É preciso que os crimes estejam
relacionados de alguma forma. Exemplo: agente pratica descaminho portando arma de
fogo. Os crimes não se relacionam, podendo ser separados.
6. Continência
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53,
segunda parte, e 54 do Código Penal nos art. 70, 73,74 do CP.
O agente com uma conduta pratica diversos resultados ou com uma conduta pratica
além do resultado pretendido, outro, por erro na execução.
7. Foro prevalente
É aquele competente nos casos em que há dois juízos competentes para os crimes
conexos ou continentes.
A competência do júri prevalece sobre qualquer outra, exceto no caso de foro por
prerrogativa de função estabelecido pela CR/88.
Critérios:
STJ Súmula 122 - Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78,
II, "a", do Código de Processo Penal.
STF, Inq 4435 AgR-quarto, 2019 - Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes
eleitorais e os comuns que lhe forem conexos – inteligência dos artigos 109, inciso IV, e
121 da Constituição Federal, 35, inciso II, do Código Eleitoral e 78, inciso IV, do
Código de Processo Penal.
Mas e quanto ao foro por prerrogativa? STF tem entendimento dizendo que o deputado
que comete crime eleitoral durante a campanha e é reeleito deve ser julgado no
STF, não na justiça eleitoral, por conta do foro por prerrogativa. O crime eleitoral se
relaciona com o mandato e a reeleição mantém a competência. E se não tivesse se
reeleito? Perde foro, justiça eleitoral.
Prevalece o foro da categoria superior. É o caso do foro por prerrogativa de função, que
por ser superior e constitucional, atrai o crime conexo ou continente.
STF Súmula 704 - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados.
OBS: coautor no júri e reu com prerrogativa: vai separar pois são jurisdições
constitucionais de mesmo peso.
8. Separação de processos
No caso de réu revel que não é localizado o processo é suspenso (art. 366 CPP). Assim,
havendo conexão, o processo do corréu revel é desmembrado, e o crime conexo segue
normalmente.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no
art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
As recusas no júri podem gerar desmembramento no caso de não ser atingido o número
mínimo de 7 jurados para compor o Conselho de Sentença.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no
processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua
competência, continuará competente em relação aos demais processos.
Uma vez reunidos os processos por conexão ou continência, ainda que o juiz absolva ou
desclassifique em relação ao crime originariamente de sua competência, ele continua
competente para o processo atraído.
Não se aplica quando o juiz extingue a punibilidade (ex: prescrição)! Nesse caso deve
remeter ao juízo competente.
Exemplo: absolvição de tráfico internacional não torna incompetente para o juiz federal
julgar a lavagem decorrente.
STF. 2ª Turma. Rcl 34805 AgR/DF 2020 - STF determina que Justiça Eleitoral de 1ª
instância apure crime eleitoral e também crime federal conexos; ao receber os autos,
Justiça Eleitoral arquiva a investigação do crime eleitoral e remete os autos à Justiça
Federal; isso afronta a decisão do STF. Perpetua a jurisdição.
OBS: a pronuncia é o momento da admissibilidade no Juri, por isso o juiz pode admitir,
pronunciado pelo crime contra a vida mas inadimitir quanto aos crimes conexos quando
presentes as hipóteses legais de impronuncia.
8.4 Avocatória
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que
corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste
caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de
unificação das penas.
O juiz do foro prevalente deverá zelar pela competência e avocar os processos conexos
ou continentes, salvo se já houver sentença definitiva (não é transitada em julgado).
MEDIDAS CAUTELARES
1. Introdução
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não
for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.
O artigo 282 é mais atualizado do que o art. 312, que trata da prisão preventiva, porque
este fala em “conveniência” da prisão para a instrução. Hoje é mais correto falar em
“necessidade” de prisão para garantir a instrução e a aplicação da lei penal.
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou,
quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou
mediante requerimento do Ministério Público.
OBS: Não existe poder geral de cautela do juiz no processo penal! Por ser ultima ratio,
o sistema penal não se coaduna com uma atuação de ofício do juiz, menos ainda para
privar o indivíduo de sua liberdade.
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não
cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada)
4. Prisão
Art. 5º (...)
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
A regra é a liberdade, podendo haver prisão apenas em flagrante ou por ordem escrita de
autoridade judiciária. Exceções: prisão como sanção por transgressão militar e prisão
processual militar durante o inquérito militar de crimes militares próprios, que pode ser
decretada pela autoridade que preside o inquérito.
Prisão em flagrante Transitada em julgado
Sentença
Prisão por ordem Sem trânsito em Execução provisória
fundamentada de julgado da pena
autoridade judiciária
Decisões
Prisões cautelares
interlocutórias
I (...)
Se a pena for igual ou maior que 15 anos o condenado será automaticamente preso, e o
recurso não terá efeito suspensivo (§4º). Poderá o Tribunal atribuir efeito suspensivo se
o recurso:
Condução coercitiva
STF, ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, INFO 906, 2018 – Não recepção da expressão
“para o interrogatório” constante no artigo 260 do CPP, porque priva o réu da liberdade
de locomoção violando a presunção de inocência, a dignidade da pessoa humana. O
interrogatório é meio de defesa do réu. Inexiste o poder geral de cautela no processo
penal, as modalidades de prisão seguem uma legalidade estrita, não pode o juiz criar
medidas cautelares.
Não foi analisada a condução de outras pessoas, como ofendido, testemunha, ou até
mesmo do investigado ou réu para outros fins que não sejam o interrogatório, como o
reconhecimento.
A defesa técnica, por sua vez, é indisponível, por isso ao réu revel é nomeador defensor
dativo.
Por fim, no julgamento das ADCs 43,44 e 54, em 2019, o STF decidiu que não é
possível a execução provisória da pena, declarando constitucional o art. 283 que só
prevê prisão em flagrante, após o trânsito ou cautelar.
CPP, Art. 283. Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de
prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.
A perseguição deve ser por situação que faça presumir ser autor de infração. A mera
intuição não é suficiente para presumir haver infração.
STJ, Resp 1.574.681-RS, 2017 - Não configura justa causa apta a autorizar a
invasão domiciliar a mera intuição da autoridade policial de eventual
traficância praticada por indivíduo, fundada unicamente em sua fuga de local
supostamente conhecido como ponto de venda de drogas ante iminente
abordagem policial.
STF Súmula 145 - Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação.
Lei 12.850/2013 art. 8º – Lei 11.343/2006 art. 43 – Lei 9.613/98, art. 4º-B – Lavagem
Organizações criminosas. Lei de drogas de capitais
Apresentação à
Condução
Captura autoridade Lavratura do APF
coercitiva
policial
Encaminhamento
Comunicação à Recolhimento ao
do APF ao juiz em
família cárcere
24h
Pode, após a lavratura do APF, haver a liberação por pagamento de fiança (se a pena for
até 4 anos o próprio delegado estabelece a fiança).
O delegado pode ainda remeter os autos para a autoridade competente, se não for de sua
competência.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada.
§1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao
juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de
seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
Audiência de custódia:
Com a Lei 13.964/2019 passou a ser prevista no CPP, no art. 310. Originariamente
prevista no Pacto de San José da Costa Rica: “toda pessoa detida ou retida deve ser
conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a
exercer funções”. No ordenamento brasileiro foi regulada pela resolução 213/2015 do
CNJ.
OBS: A lei 13964/2019 prevê no art. 310 §4º que a não realização da audiência
de custódia de modo injustificado implica no relaxamento da prisão. Esse artigo
está suspenso por decisão liminar do STF. [suspensos: 28, juiz garantias, suspeição, aud. custodia]
NOVA REDAÇÃO 2019 Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo
máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá
promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído
ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato
em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação.
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência
de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa,
civil e penalmente pela omissão.
4.3.1 Requisitos
Art. 312
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
OBS: ato infracional anterior também serve como fundamento para prisão
preventiva. Deve observar: (i) a gravidade específica do ato infracional; (ii) tempo
decorrido entre o crime e o ato (iii) efetiva ocorrência do ato infracional.
Art. 313
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão
preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4
(quatro) anos;
Parágrafo único. Também será admitida a prisão Lei 12.037/2009 – identificação criminal
preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil
Art. 3º:
da pessoa ou quando esta não fornecer elementos I – o documento apresentar rasura ou tiver
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser indício de falsificação;
colocado imediatamente em liberdade após a II – o documento apresentado for insuficiente
para identificar cabalmente o indiciado;
identificação, salvo se outra hipótese recomendar (art. III – o indiciado portar documentos de
312 do CPP) a manutenção da medida. identidade distintos, com informações
conflitantes entre si;
Essa hipótese de prisão preventiva é para a IV – a identificação criminal for essencial às
investigações policiais MEIO INDIRETO
identificação civil da pessoa, e pode ocorrer ainda V – constar de registros policiais o uso de
que o crime seja culposo. Exige autorização outros nomes ou diferentes qualificações;
judicial, claro. VI – o estado de conservação ou a distância
temporal ou da localidade da expedição do
documento apresentado impossibilite a
4.3.2 Prazo (ATENÇÃO! L. 13964/2019) completa identificação dos caracteres
essenciais
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva
se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela
subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Torna-se obrigatória a revisão da prisão preventiva, de ofício, a cada 90 dias, sob pena
de relaxamento da prisão.
STF. Plenário. ADI 6581/DF e ADI 6582/DF, 2022 A obrigação de reavaliar é para
todos os juízes do processo de conhecimento, exceto STF e STJ, a não ser que o
processo seja originário desses tribunais superiores.
No caso de execução penal prevê também avaliações para saída antecipada de regime
fechado e semi, dando preferencia para os mesmos casos; também previu domiciliar
para presos do semi e aberto.
OBS2: Pode ser impugnada a decisão interlocutória que decreta prisão por HC.
STJ, HC 309740/RJ, 2015 - Não pode o tribunal de segundo grau, em sede de habeas
corpus, inovar ou suprir a falta de fundamentação da decisão de prisão preventiva do
juízo singular.
STJ, RHC 98.469/MG, 2018 - Tendo a sentença condenatória fixado o regime prisional
semiaberto para o início do cumprimento da pena do recorrente, deve a sua prisão
provisória ser compatibilizada ao regime imposto, sob pena de tornar mais gravosa a
situação daquele que opta por recorrer do decisum. Assim, pode ficar preso
preventivamente, mas em estabelecimento adequado ao regime imposto.
STF, HC 138122, 2017 - Fixado o regime inicial semiaberto para cumprimento da pena,
incompatível a manutenção da prisão preventiva nas condições de regime mais
gravoso. Não pode ficar preso, mas pode aplicar outras cautelares do 319 do CPP.
OBS2: No caso de mulher ou homem condenados por crime contra o filho, não é
cabível prisão domiciliar com base nos incisos V e VI.
318-A CPP A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão
domiciliar, desde que:
Pode aplicar o 318-A do CPP para gestantes cumprindo pena DEFINITIVA quando não
estão no regime aberto (e por tanto não satisfazendo os requisitos do 117 LEP)?
4.5.1 Hipóteses
a) homicídio doloso
b) sequestro ou cárcere privado
c) roubo
d) extorsão
e) extorsão mediante sequestro
f) estupro
g) atentado violento ao pudor
h) rapto
i) epidemia com resultado de morte
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal
qualificado pela morte
l) Associação criminosa NÃO PREVE ORGCRIM
m) genocídio, em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas
o) crimes contra o sistema financeiro
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.
4.5.2 Prazo
Em regra, 5 dias prorrogáveis por mais 5. [obs pacote anticrime prevê possibilidade de
estender para +15 dias o inquérito. Influenciaria na prisão temporária? Artigo esta
suspenso – juiz de garantias]
No caso dos crimes hediondos, o prazo para a conclusão do inquérito passa a ser o
mesmo prazo da prisão. Se esta for prorrogada para 60 dias, o inquérito deve ser
concluído em 60 dias.
STJ, 2016 – Não fere a inercia da jurisdição o magistrado decretar prisão preventiva no
curso do inquérito quando o MP requerer a prisão temporária, cabe ao juiz aplicar o
melhor direito, deve fundamentar nos requisitos do 312 e 313.
4.5.3 Procedimento
O juiz deve sempre ouvir o MP para decretar a temporária, ainda que o requerimento
seja da autoridade policial. Na preventiva, não há necessidade dessa oitiva.
Art. 2º (...)
ADI 5526, 2017 – Podem ser impostas medidas cautelares (o Judiciário tem
competência) mas se estas impedirem direta ou indiretamente o exercício do mandato a
Casa respectiva pode determinar que não sejam aplicadas. Foi o que aconteceu com
Aécio Neves, que teve afastadas 4 cautelares impostas pelo STF.
OBS: vereador não precisa passar pela câmara, não segue a simetria da CF/88, o juiz de
primeiro grau pode impor medidas direto, é o que entende o STJ. Deputado Estadual
segue a simetria.
Serve para monitorar o acusado e suas atividades, bem como tem função de evitar a
reincidência.
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011). (Vide ADIN nº 5.526)
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). (Vide ADIN nº 5.526)
STJ, HC 380.734/MS, 2017 – Sendo corréus pai e filho, não pode haver medida cautelar
de não manter contato entre eles, por conta da proteção à família.
Há uma crítica à expressão “conveniência”, pois medida cautelares devem ser impostas
observando a necessidade, não a mera conveniência.
Não precisa ser carteira assinada, pode ser uma atividade fixa e lícita. O recolhimento é
no período noturno e nos dias de folga. Pode ser flexibilizado nos casos em que trabalhe
ou estude a noite.
Requisitos:
5.8 Fiança
VIII - fiança, nas infrações que a admitem , para assegurar o comparecimento a atos
do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência
injustificada à ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). (Vide ADIN nº
5.526)
Modo de vigilância indireta. É prevista na LEP, art. 146-B a 146-D, que determina as
hipóteses permitidas de uso da monitoração eletrônica no curso da EXECUÇÃO penal.
Não se trata de cautelar, nesse caso.
OBS: Ceara tem lei que prevê pagamento pelo preso de diária por aparelho de
monitoração. Está sendo questionada a constitucionalidade.
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades
encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou
acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
STJ, RHC 87.825/ES, Info 618, 2018 - A cautelar fixada de proibição para que
agente diplomático acusado de homicídio se ausente do país sem autorização
judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de origem do réu tenha
renunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência
para o cumprimento de eventual pena criminal a ele imposta.
Art. 5º LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
1. Requisitos
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares
previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282
deste Código.
ATENÇÃO! Art. 310 §2º não permite mais liberdade provisória se:
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o
auto de prisão em flagrante.
Principio da homogeneidade: se o réu “se livrar solto”, ou seja, não for aplicável pena
privativa de liberdade, não cabe prisão preventiva nem qualquer medida cautelar, por
isso deve ser posto em liberdade provisória, sem fiança e sem cautelares.
Exemplos: Art. 28 da Lei de drogas, art. 301 do CTB, que afirma que se prestar socorro
à vítima o acusado não pode ser preso em flagrante nem paga fiança.
OBS: O art. 321 preve que a regra é a liberdade PODENDO o juiz aplicar cautelares, ou
seja, a regra é a liberdade provisória sem vinculações.
No caso de o juiz verificar, após o flagrante, indícios de que o agente realizou a conduta
albergado por causas de justificação que excluem a ilicitude OU no caso da condição
econômica do acusado (art. 350 §unico)
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas
provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos
incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal
Crítica da doutrina: o pobre e o que tem causa de justificação ficariam vinculados, sob
pena de revogação da liberdade, enquanto os outros teriam como regra a não
vinculação.
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do
preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes
dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso.
Numa visão civilista, a fiança é uma garantia fidejussória. No direito penal, a natureza é
de garantia real de cumprimento de obrigações do beneficiário, por conta da
intranscendência da pena.
Finalidade mediata: pagamento de custas, dano, multa etc (art. 336 CPP).
OBS: Art. 336 §único determina que mesmo com a prescrição da pretensão executória a
fiança supre as despesas, não atinge os efeitos extrapenais.
2.3.3 Critérios
Art. 322.A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48
(quarenta e oito) horas.
OBS: crime de descumprimento de medida de urgência da Lei Maria da Penha (art. 24-
A): apesar de pena máxima ser menor que 4 anos, a lei diz que só o juiz pode decretar
fiança.
III -nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;
Dispensada a fiança, seguindo art. 350 do CPP, que impõe outras medidas
cautelares além das obrigações dos arts. 327 e 328.
Reduzida em até 2/3
No caso de ser muito rico pode ser aumentada até mil vezes.
O não cumprimento dessas condições gera quebra da fiança, que pode levar a prisão
preventiva ou outras cautelares e gera perda da metade do valor.
Art.328 O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de
residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais
de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será
encontrado.
2.3.7 Procedimento
Pode ser decretada pelo delegado, nos crimes com pena máxima até 4 anos, ou pelo juiz
nos demais casos, sem ouvir o MP.
Art.334 A fiança poderá ser prestada em qualquer termo do processo, enquanto não
transitar em julgado a sentença condenatória.
A prescrição da pretensão executória não impede o uso da fiança para arcar com as
custas, indenização (art. 336 )
Ocorre quando:
Perda da fiança
Perda total em favor do fundo penitenciário. Antes, retira os valores dos encargos,
indenizações etc.
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as custas e mais encargos
a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da
lei.
Cassação da fiança
Fiança não era cabível
Houve desclassificação para delito inafiançável
Não for reforçada
Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em
qualquer fase do processo
Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito
inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito
Reforço da fiança
Quando a fiança for insuficiente por engano da autoridade
Depreciação do bem afiançado
Nova classificação que precisa de fiança maior
Se não for reforçada, ela será considerada sem efeito e será CASSADA.
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na
conformidade deste artigo, não for reforçada.
Quebra da fiança
Ocorre quanto:
Gera a perda da metade do valor e o juiz PODE impor prisão preventiva ou novas
cautelares.
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
No caso de quebra da fiança pode haver restituição se, retirado os 50% para o FUNPEN
e os encargos, algo sobrar.