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CÓDIGO DE PROCESSO PENAL COMENTADO

Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I - Os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - As prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos
crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100);
Comentário
Os cargos de Presidente da República, ministros de Estado (em crimes relacionados ao
Presidente) e ministros do Supremo Tribunal Federal (em crimes de responsabilidade) têm
prerrogativas especiais, e em casos que envolvem essas autoridades, o Código pode não ser
aplicado da mesma forma que em casos comuns. Exemplo: processo de impeachment.
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - Os processos da competência do tribunal especial
Comentário
Exemplo: julgamento de parlamentares por crime cometido no exercício de suas funções, a
competência de julgamento é do congresso nacional e possui normas constitucionais
especificas.
V - Os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130)
Comentário
O Código de Processo Penal reconhece que, em alguns casos, leis específicas podem ser criadas
para regular esses crimes de imprensa. No entanto, é fundamental observar que, com base na
histórica decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na ADPF nº 130, as leis que
regulamentavam os "crimes de imprensa" foram declaradas inconstitucionais. O STF
argumentou que essas leis feriam a liberdade de expressão e de imprensa, princípios
fundamentais da Constituição Federal de 1988.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V,
quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
Comentário
Isso significa que, se as leis especiais não forem detalhadas o suficiente, as regras do Código de
Processo Penal podem ser aplicadas por analogia.
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos
realizados sob a vigência da lei anterior.
Comentário
O Artigo 2o do Código de Processo Penal estabelece que as novas leis processuais penais
entram em vigor imediatamente, aplicando-se a novos casos, mas sem prejudicar a validade dos
atos processuais realizados sob a lei anterior. Isso garante que os atos passados não se tornem
inválidos devido a mudanças na lei, proporcionando estabilidade e segurança jurídica no sistema
legal penal.
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como
o suplemento dos princípios gerais de direito.
JUIZ DAS GARANTIAS
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
Comentário
Estrutura Acusatória: O termo "estrutura acusatória" refere-se a um sistema no qual as funções
no processo penal são divididas de forma clara entre as partes envolvidas: acusação, defesa e
juiz. Nesse sistema, a acusação e a defesa têm a responsabilidade de apresentar provas e
argumentos para sustentar suas posições, enquanto o juiz deve atuar de forma imparcial e não
participar ativamente da produção de provas ou da investigação.
Vedação à Iniciativa do Juiz na Investigação: Isso significa que o juiz não pode tomar a
iniciativa de iniciar investigações ou coletar provas por conta própria. A função de investigação
é atribuída à polícia e ao Ministério Público. O juiz desempenha um papel mais passivo nessa
fase, atuando como um árbitro imparcial.
Vedação à Substituição da Atuação Probatória pelo Órgão de Acusação: O órgão de acusação,
geralmente representado pelo Ministério Público, é responsável por apresentar as acusações e
coletar provas que sustentem essas acusações. A lei proíbe que o juiz substitua o órgão de
acusação na coleta de provas. Isso significa que o juiz não pode agir como um promotor,
reunindo evidências para sustentar a acusação.

Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à
autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:

Comentário

O juiz das garantias tem a função de supervisionar a legalidade das investigações criminais e
garantir os direitos individuais que exigem autorização prévia do Poder Judiciário, com
responsabilidades que incluem decidir sobre prisões provisórias, interceptações telefônicas,
entre outros aspectos, para assegurar a justiça e a proteção dos direitos dos envolvidos.

I - Receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da
Constituição Federal;

Comentário

LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente
ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada

II - Receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o


disposto no art. 310 deste Código;

Comentário

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a
realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado
constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá,
fundamentadamente:
I - Relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das
condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação.
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou
que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo
estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão.
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não
realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.

III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à
sua presença, a qualquer tempo;

IV - Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;

V - Decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o


disposto no § 1º deste artigo;

VI - Prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-
las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na
forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente;

Comentário

Em resumo, esse ponto assegura que o juiz das garantias tenha a responsabilidade de avaliar se a
prisão provisória ou outras medidas cautelares ainda são necessárias, proporcionais e legais, e,
ao fazê-lo, deve permitir que as partes envolvidas se manifestem publicamente durante uma
audiência. Esse processo visa garantir a transparência e o devido processo legal na tomada de
decisões que envolvem a privação da liberdade de um indivíduo ou outras medidas restritivas

VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e


não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral;

VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das
razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo;

IX - Determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável


para sua instauração ou prosseguimento;

X - Requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da


investigação;

XI - decidir sobre os requerimentos de:

a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática


ou de outras formas de comunicação;

b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;


c) busca e apreensão domiciliar;

d) acesso a informações sigilosas;

e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado;

XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;

XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental;

XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código;

Comentário

Em termos simples, quando uma denúncia (no caso de ação penal pública) ou uma queixa (no
caso de ação penal privada) é apresentada ao juiz das garantias, ele deve avaliar se os elementos
apresentados são suficientes para dar início ao processo criminal. Isso envolve verificar se
existem indícios de que o crime foi cometido e se existem evidências suficientes para justificar a
abertura de um processo judicial.

O juiz das garantias desempenha um papel fundamental nesse processo, pois ele decide se o
caso avança para julgamento ou se é rejeitado no estágio inicial com base nas informações
apresentadas na denúncia ou queixa. Essa decisão é crucial para determinar se o acusado será
julgado em um processo criminal ou se o caso será arquivado

XV - Assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e


ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da
investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento;

Comentário

Em resumo, o juiz das garantias deve assegurar que o investigado e seu advogado tenham
acesso a todas as informações e evidências coletadas durante a investigação, permitindo que
eles conheçam os elementos que podem ser usados contra o investigado no processo. Isso é
fundamental para garantir o devido processo legal e a possibilidade de defesa adequada.

No entanto, é importante notar que o acesso não inclui informações sobre diligências em
andamento, que são atividades de investigação ainda em curso, como buscas, apreensões ou
interrogatórios em andamento. Essas informações podem ser mantidas em sigilo para proteger a
eficácia da investigação, mas uma vez concluídas, devem ser disponibilizadas para a defesa,
garantindo a transparência e a justiça no processo penal.

XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da


perícia;

XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração


premiada, quando formalizados durante a investigação;

XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo.

§ 1º O preso em flagrante ou por força de mandado de prisão provisória será encaminhado à


presença do juiz de garantias no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, momento em que se
realizará audiência com a presença do Ministério Público e da Defensoria Pública ou de
advogado constituído, vedado o emprego de videoconferência.

§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da


autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do
inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a
prisão será imediatamente relaxada.
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de
menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art.
399 deste Código.
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da
instrução e julgamento.
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e
julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade
das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão
acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não
serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados
os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de
antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado.
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das
garantias
Comentário
O Artigo 3º-C e seus parágrafos estabelecem as regras e limitações para a competência do juiz
das garantias no sistema de justiça criminal. Eis uma explicação detalhada:

Competência do Juiz das Garantias: O juiz das garantias é competente para lidar com todos os
tipos de infrações penais, exceto as infrações de menor potencial ofensivo. Isso significa que ele
é responsável por conduzir os procedimentos relacionados a crimes mais graves, enquanto as
infrações menores são tratadas de forma diferente no sistema legal.

Cessação da Competência: A competência do juiz das garantias cessa quando ocorre o


recebimento da denúncia ou queixa, de acordo com o Artigo 399 deste Código. Em outras
palavras, após o recebimento da denúncia ou queixa (um ato que formaliza a acusação), a
competência para conduzir o processo passa para o juiz da instrução e julgamento.

Questões Pendentes: Quando a competência do juiz das garantias cessa, as questões pendentes,
ou seja, aquelas que ainda não foram resolvidas, passam a ser decididas pelo juiz da instrução e
julgamento. Essa mudança de competência ocorre porque o processo entra em uma fase mais
avançada, na qual o mérito da acusação é discutido.

Decisões do Juiz das Garantias: As decisões proferidas pelo juiz das garantias não são
vinculativas para o juiz da instrução e julgamento. Isso significa que o juiz da instrução e
julgamento pode revisar as decisões anteriores do juiz das garantias, incluindo aquelas
relacionadas a medidas cautelares (como prisão preventiva), após o recebimento da denúncia ou
queixa. Isso permite uma avaliação contínua da necessidade das medidas cautelares durante o
processo.
Guarda dos Autos: Os autos (documentos, evidências, registros do caso) que compõem as
matérias de competência do juiz das garantias são mantidos na secretaria desse juízo. Eles estão
disponíveis para o Ministério Público e a defesa, mas não são apensados (anexados) aos autos
do processo que são enviados ao juiz da instrução e julgamento. No entanto, documentos
relativos a provas irrepetíveis e medidas de obtenção de provas ou antecipação de provas são
remetidos para serem anexados separadamente.

Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências
dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo.

Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um
sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo.

Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da
União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente
divulgados pelo respectivo tribunal.

Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento
dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para
explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil,
administrativa e penal.

Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e
oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do
preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste
artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à
informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.

Comentário
O Artigo 3º-F trata de responsabilidades e regulamentações relacionadas ao juiz das garantias,
com ênfase na proteção da imagem das pessoas submetidas à prisão. Vou explicar este artigo,
incluindo seu parágrafo único:

Assegurando o Cumprimento das Regras para o Tratamento dos Presos: O juiz das garantias
tem a responsabilidade de garantir que as regras estabelecidas para o tratamento dos presos
sejam cumpridas. Isso significa que ele deve zelar pelo respeito aos direitos e à dignidade das
pessoas detidas, garantindo que não sejam submetidas a tratamento desumano ou degradante.

Impedindo Acordos ou Ajustes com a Imprensa: Este artigo proíbe explicitamente que qualquer
autoridade, incluindo as que lidam com prisões, faça acordos ou ajustes com órgãos da imprensa
para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão. Isso visa evitar que as prisões sejam
usadas para fins sensacionalistas ou de exploração midiática.

Pena de Responsabilidade Civil, Administrativa e Penal: Caso seja constatado que uma
autoridade tenha feito tais acordos ou ajustes com a imprensa para explorar a imagem de uma
pessoa presa, ela estará sujeita a responsabilização nas esferas civil, administrativa e penal. Isso
significa que podem ser aplicadas sanções, incluindo indenizações por danos, medidas
administrativas disciplinares e até mesmo ação penal, se for o caso.
Regulamentação sobre a Transmissão de Informações à Imprensa: O parágrafo único estabelece
a necessidade de que as autoridades regulamentem, por meio de um regulamento específico, o
modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão
transmitidas à imprensa. Esse regulamento deve ser elaborado dentro de um prazo de 180 dias a
partir da entrada em vigor da lei.

O objetivo dessas regras é garantir o respeito pelos direitos dos presos, a dignidade das pessoas
submetidas à prisão e evitar qualquer exploração indevida de sua imagem, ao mesmo tempo em
que se assegura o direito à informação e a efetividade do processo penal. Isso contribui para
manter a integridade do sistema de justiça criminal.

DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades


administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - De ofício;

II - Mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento


do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;

b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de


presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;

c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o


chefe de Polícia.

Comentário

Em termos simples, se alguém ou o Ministério Público solicitar a abertura de um inquérito e


essa solicitação for negada pela autoridade policial responsável por tomar essa decisão, a parte
interessada pode recorrer dessa decisão ao chefe de Polícia. O chefe de Polícia é uma autoridade
hierarquicamente superior na estrutura da polícia.

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,
verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem
ela ser iniciado.

§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:

I - Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;

II - Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

IV - Ouvir o ofendido;

V - Ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do
Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ilhe
tenham ouvido a leitura;

VI - Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer


juntar aos autos sua folha de antecedentes;

IX - Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.

X - Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma


deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.

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