Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
POLICIAL
NATUREZA JURÍDICA
Por isso criou-se o juiz das garantias, nos termos do art.3º-C do CPP
(lembrar que está suspenso)- ADIn's n. 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305.
O juiz das garantias (nomenclatura utilizada também, por exemplo, pelo CPP do
Chile, mas igualmente consagrada ainda que com outro nome em Portugal,
Paraguai, Uruguai, e tantos outros países) ou “il giudice per le indagini” dos
italianos, não tem uma postura inquisitória, não investiga e não produz prova de
ofício. Também conhecido como sistema “doble juez”, como define a doutrina
chilena e uruguaia em representativa denominação, na medida em que estabelece
a necessidade de dois juízes diferentes, ou seja, modelo “duplo juiz”, em que dois
juízes distintos atuam no feito. O primeiro intervém – quando invocado – na fase
pré-processual até o recebimento da denúncia, encaminhando os autos para outro
juiz que irá instruir e julgar, sem estar contaminado, sem pré-julgamentos e com a
máxima originalidade cognitiva
POR QUE DO JUIZ DAS GARANTIAS?
• O Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), especialmente nos casos
Piersack, de 1º/10/1982, e De Cubber, de 26/10/1984, consagrou o
entendimento de que o juiz com poderes investigatórios é incompatível com
a função de julgador. Ou seja, se o juiz lançou mão de seu poder
investigatório na fase pré-processual, não poderá, na fase processual, ser o
julgador. É uma violação do direito ao juiz imparcial consagrado no art. 6.1
do Convênio para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades
Fundamentais, de 1950. Segundo o TEDH, a contaminação resultante dos
“pré-juízos” conduzem à falta de imparcialidade subjetiva ou objetiva. Desde
o caso Piersack, de 1982, entende-se que a subjetiva alude à convicção
pessoal do juiz concreto, que conhece de um determinado assunto e, desse
modo, a sua falta de “pré-juízos”.
“A garantia da “originalidade cognitiva” exige que o juiz criminal — para
efetivamente ser juiz e, portanto, imparcial — conheça do caso penal
originariamente no processo (na fase processual, na instrução). Deve formar
sua convicção pela prova colhida originariamente no contraditório judicial,
sem pré-juízos e pré-cognições acerca do objeto do processo. Do contrário, o
modelo brasileiro que se quer abandonar faz com que o juiz já entre na fase
processual “sabendo demais”, excessivamente contaminado, já “sabedor” e,
portanto, jamais haverá a mesma qualidade cognitiva com a versão
antagônica (da defesa, por elementar). Não existe igualdade de condições
cognitivas, não existe contraditório real (pois impossível o mesmo
tratamento) e, portanto, jamais haverá um devido processo frente a um juiz
verdadeiramente imparcial.” (AURY LOPES, p. 190, 2020)
Por fim, chama-se atenção para uma questão que não está expressa na Lei n.
13.964/2019, mas que exigirá ampla discussão: como ficam os processos de
competência originária dos tribunais? Em que um desembargador ou ministro
é chamado a atuar na investigação preliminar, para autorizar medidas
restritivas de direitos fundamentais submetidas à reserva de jurisdição, e
depois participa da instrução e julgamento do futuro processo penal?
Assim, como regra geral, o inquérito policial deve ser concluído no prazo de
10 dias – indiciado preso – ou 30 dias no caso de não existir prisão cautelar
(art. 10 do CPP). Esse prazo de 10 dias será computado a partir do
momento do ingresso em prisão, pois o que se pretende limitar é que a
prisão se prolongue além dos 10 dias
Quando o sujeito passivo estiver em liberdade, atendendo à complexidade
do caso (difícil elucidação), o prazo de 30 dias poderá ser prorrogado a
critério do juiz competente para o processo (art. 10, § 3º, do CPP), desde que
existam motivos razoáveis para isso.