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1.

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS:

● DEVIDO PROCESSO LEGAL:

Derivado do Direito Anglo-Saxão, e do termo “due process of law”, chama-se devido


processo legal o princípio que garante a todos o direito a um processo com todas as
etapas previstas em lei, dotado de todas as garantias constitucionais, e respeitando
essencialmente os princípios do Contraditório e da Ampla Defesa, subprincípios do Devido
Processo Legal.

Art. 5º, LIV da CF/88 - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;

● CONTRADITÓRIO:

Implica na possibilidade de o Réu se defender em processo judicial ou


administrativo, contestando acusações, bem como, tomar conhecimento de todos os
atos processuais para assim fazê-lo.

● AMPLA DEFESA:

Utilização de todos os mecanismos necessários ao exercício do Contraditório. Significa


que são assegurados ao acusado todos os meios e recursos de defesa em direitos
admitidos para sua defesa.

Art. 5º, LV da CF/88 - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

● PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA:

Art. 5º, LVII da CF/88 - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória;

● NON BIS IN IDEM:

Vedação à dupla punição. Locução latina empregada para significar que não se deve
aplicar duas penas de mesma natureza para a mesma conduta.

● ALTERIDADE:

Institui que só há crime, e consequente pena prevista, se a conduta lesar bem


jurídico de terceiro. Por tal razão, não é punível a autolesão.

● CELERIDADE:

Art. 5º, LXXVIII CF/88- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

● RAZOABILIDADE:

Implica que toda e qualquer intercessão aos direitos do indivíduo deve ser regrada
pela razão, ou seja, tal princípio nos remete a ideia de adequação, lógica, bom senso,
admissibilidade.

● PROPORCIONALIDADE:

Designa que deve haver equilíbrio entre o crime e a pena, ou seja, a pena deve
estar de acordo com a gravidade do crime cometido.
● TEORIA DO RESULTADO/ PRINCÍPIO DA ATIVIDADE:

CPP Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último
ato de execução.

2. INQUÉRITO POLICIAL:

Trata-se de um procedimento administrativo investigativo que visa constituir


elementos de informação para subsidiar uma possível ação criminal. Em síntese, por
meio dele buscam-se provas da materialidade do crime, e indícios de autoria, para
fornecer ao titular da ação penal os elementos necessários quanto à existência ou não de
uma justa causa para a instauração do processo penal.

● CARACTERÍSTICAS:

- Inquisitório (Ele se desenvolve sem aplicação dos princípios constitucionais. Não há


contraditório nem ampla defesa, pois é uma mera busca de provas);

- Discricionário (o inquérito policial dá à Autoridade Policial a liberdade de selecionar, de


acordo com seu juízo de conveniência e oportunidade, as diligências que entender ser mais
eficientes, mas sempre nos limites da lei);

- Indisponível (O inquérito policial é indisponível, segundo o art. 17 do Código de Processo


Penal, que destaca a impossibilidade de arquivamento dos autos do inquérito por parte da
autoridade policial);

- Dispensável (O inquérito não é obrigatório, pois caso o titular da ação penal, em regra o
MP, já tenha os dados suficientes para o embasamento da denúncia, não haverá necessidade
de sua instauração);

- Escrito (O inquérito é escrito porque é destinado a fornecer elementos documentais e


formais ao titular da ação penal);

- Sigiloso (exceção ao sigilo: acesso aos autos já anexados pelo advogado do indiciado).

● PRAZOS DE DURAÇÃO:

Art. 10 CPP - O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso
em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança
ou sem ela.

- PRAZO IP INDICIADO PRESO: 10 dias - IMPRORROGÁVEL (decisão do STJ


prevendo prorrogação por mais 15 dias foi suspensa pela ADIN 6298 STF);

- PRAZO IP INDICIADO SOLTO: 30 dias - PRORROGÁVEL POR PRAZO


INDETERMINADO.

● PRAZOS DO INQUÉRITO NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR:

- PRAZO IPM INDICIADO PRESO: 20 dias - IMPRORROGÁVEL;

- PRAZO IPM INDICIADO SOLTO: 40 dias - PRORROGÁVEL POR MAIS 20 DIAS

3. MODALIDADES DE PRISÃO:

● PRISÃO EM FLAGRANTE:

Trata-se de uma prisão pré-processual/cautelar que serve para interromper a prática do


crime.
- FLAGRANTE PRÓPRIO (Art. 302, CPP): Quando o crime está sendo cometido/acabou
de se consumar;

- FLAGRANTE PRESUMIDO (Art. 302, IV CPP): Quando o autuado é encontrado logo


após da prática do crime, com instrumentos, armas e/ou objetos que façam presumir
que foi ele o responsável pelo cometimento do crime;

- FLAGRANTE IMPRÓPRIO (Art. 302, III CPP): Quando o criminoso é autuado, após
perseguição, em local diverso do que cometeu o crime.

● PRISÃO TEMPORÁRIA:

É cabível durante a fase de investigação do inquérito policial, e utilizada pela


polícia ou o Ministério Público para a coleta de provas. Poderá ser decretada (Art. 1° da
LEI Nº 7.960/1989):
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

● ROL DE CRIMES DE PRISÃO TEMPORÁRIA:


- Furto qualificado por uso de explosivos;
- Homicídio doloso;
- Seqüestro ou cárcere privado;
- Roubo;
- Extorsão;
- Extorsão mediante seqüestro;
- Estupro;
- Atentado violento ao pudor;
- Rapto violento;
- Epidemia com resultado morte;
- Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela
morte;
- Quadrilha ou bando;
- Geocídio;
- Tráfico de drogas;
- Crimes contra o sistema financeiro;
- Crimes previstos na Lei de Terrorismo.

● PRAZO DA PRISÃO TEMPORÁRIA:

PRAZO DE 5 dias PRORROGÁVEIS por mais 5, conforme Art. 2° da LEI Nº


7.960/1989.

NOS CASOS DE CRIMES HEDIONDOS, O PRAZO SERÁ DE 30 DIAS,


PRORROGÁVEIS POR MAIS 30, conforme Art. 2º, inciso II, § 4o da Lei de Crimes Hediondos
(LEI Nº 8.072/1990).

● PRAZO DA PRISÃO TEMPORÁRIA NO CPPM:


Prazo de 30 dias PRORROGÁVEIS por mais 20 dias, conforme Art. 18 Parágrafo único do
CPPM.

● PRISÃO PREVENTIVA:

Conforme previsão dos Artigos 311 e 312 do CPP, é cabível em qualquer fase da
investigação policial ou do processo penal, e poderá ser decretada A REQUERIMENTO do
MP, da Autoridade Policial, ou do querelante, nos seguintes casos:
I- como garantia da ordem pública e/ou da ordem econômica,

II- por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal

III- quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo
gerado pelo estado de liberdade do imputado;

IV- quando o imputado houver descumprido outras medidas cautelares;

V- casos de violência doméstica familiar (criança/idoso/mulher/enfermo/deficiente);

VI- quando houver dúvidas sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la

*JUIZ NÃO PODERÁ DECRETÁ-LA DE OFÍCIO, CONFORME PRECEDENTES


JURISPRUDENCIAIS.

● PRAZO DA PRISÃO PREVENTIVA (Art. 316 Parágrafo Único CPP):


Não possui prazo, mas deverá ser revista a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.

● PRAZO DA PRISÃO PREVENTIVA NO CPPM:


Prazo de 30 dias PRORROGÁVEIS por mais 20 dias, conforme Art. 18 Parágrafo único do
CPPM.

4. AÇÕES PENAIS:

● AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA:

A ação penal pública incondicionada é promovida pelo Ministério Público, e independe


de representação da vítima. A regra é que a Ação Penal é pública incondicionada, salvo
quando expressamente a lei declara de modo diverso (CP, art. 100). Exemplos: Homicídio e
violência doméstica contra mulher.

● AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA:

Envolve o interesse comum de punição pelo Estado, mas, para sua propositura pelo MP,
necessita da representação pelo ofendido.

● AÇÃO PENAL PRIVADA:

A titularidade para a propositura da ação é apenas do ofendido ou de seu


representante legal. Trata-se da Ação Penal em que o Estado, titular exclusivo do direito de
punir, concede a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu
representante legal, conforme Art. 100, § 2º do CP. Tem-se como exemplos os crimes
contra a honra (calúnia, difamação e injúria não discriminatória).

● AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA:

Só pode ser proposta pela vítima (não pode ser proposta pelo MP ou representante
legal). Exemplo: ERRO ESSENCIAL SOBRE O CASAMENTO. Configura-se o erro essencial
em relação à pessoa o engano sobre sua identidade, honra e boa fama; ignorância de crime
anterior ao casamento; ou ignorância quanto a defeito físico irremediável, ou doença grave e
transmissível.

● AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA:

Pode ser proposta nos casos em que o Ministério Público é omisso ou inerte, deixando
correr o prazo para fazer a denúncia.
● PRAZOS DECADENCIAL PARA PROPOSITURA DAS AÇÕES PENAIS PRIVADAS:

6 Meses a contar da data de conhecimento do autor do delito.

● PRESCRIÇÃO:

Extinção da pretensão punitiva do Estado. É a perda do direito do Estado de aplicar


a pena ou de executá- la, em virtude da inércia ao longo de determinado tempo. No

● DECADÊNCIA:

Decadência é a perda efetiva de um direito que não foi não requerido no prazo
legal. No presente caso, perda do direito de propositura de ação.

5. SÚMULA VINCULANTE N. 11 DO STF:

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de


perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo
da responsabilidade civil do Estado.

IMPORTANTE: O uso de algemas em adolescentes infratores é permitido somente


em casos excepcionais em que apresente risco de fuga ou perigo a sua integridade
física ou de terceiros.

6. ADENTRAMENTO DE RESIDÊNCIA:
- Cumprimento de mandado judicial (das 05h às 21h)
- Flagrante Delito
- Prestação de Socorro
- Desastres Naturais

7. DEMAIS NOMENCLATURAS E TERMOS:

● CONTINÊNCIA:

Quando duas ou mais pessoas praticam o mesmo crime (Art. 77 CPP).

● CONEXÃO:

Quando duas ou mais pessoas praticam diferentes crimes (Art. 76 do CPP).

● PERICULUM LIBERTATIS:

Trata-se do perigo decorrente do estado de liberdade do imputado.

● FUMUS COMMISSI DELICTI:

Fumaça do cometimento do crime. Trata-se da existência de um crime e indícios


suficientes de autoria.

8. SUJEITOS DO PROCESSO:

- Vítima
- Juiz
- Acusação (Ministério Público)
- Réu/Acusado
- Testemunhas
- Defesa/Advogado
- Peritos

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