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PROCESSO PENAL

 Princípios:
*princ. do devido processo legal: ninguém será privado de sua liberdade ou de
seus bens sem o devido processo legal > determina que ninguém possa ser
privado de bens ou liberdade sem que haja um processo judicial > o devido
processo legal é o justo processo, a observância das normas processuais > os
atos do processo são realizados conforme o previsto na lei processual;
presunção de legitimidade dos atos praticados; toda atividade do Estado deve
ser feita conforme o que está expresso em lei; necessidade de observâncias de
todas as formalidades processuais (mas sem excesso de formalismos);
contraditório, ampla defesa e fundamentação das decisões; e recorribilidade
das decisões de mérito.
*princ. do juízo natural: ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente > não haverá juízo ou tribunal de exceção, ou seja, a
regra de competência deve ser anterior > a competência do juízo ou tribunal
deve encontrar-se estabelecida previamente.
*princ. do contraditório e ampla defesa: aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes > nenhum acusado,
ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor >
defesa técnica: quando realizada por defensor púbico/dativo, será exercida
através de manifestação fundamentada (defensor público não está isento de
fundamentar as suas manifestações > deve realizar uma defesa efetiva, e não
uma defesa burocrática/formal) > autodefesa: acusado que comparecer perante
a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
*princ. da publicidade: regra geral - todo o processo penal é público, contudo,
se o juiz entender que há a necessidade de resguardar o sigilo de algum
processo, este poderá fazê-lo de forma fundamentada > só poderá restringir a
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
social o exigirem
*princ. da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: são
inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais >
a ilicitude está nos meios de obtenção da prova > quando se utilizam meios de
obtenção que violam regras de direito material, violam a privacidade, violam o
sigilo telefônico ou telemático, invasão de domicílio, tortura, dentre outros
meios ilícitos.
*princ. da presunção de inocência: ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória > em regra, todos são
inocentes, a atribuição de uma culpabilidade penal é uma exceção > a lei
processual penal cria o princípio da excepcionalidade das prisões cautelares:
em regra, o réu tem o direito de responder ao processo em liberdade,
excepcionalmente, por razão de algumas garantias, ou mesmo para evitar que
o réu fique foragido, o juiz poderá decretar a prisão preventiva > a prisão deve
ser fundamentada e apenas por ordem judicial.
*direito ao silêncio: ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo > o
acusado tem o direito de permanecer calado no interrogatório policial e também
no interrogatório judicial > sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado.
- Aplicação da lei penal no tempo, no espaço e em relação às pessoas:
1) no tempo: adotou-se o princípio da aplicação imediata das normas
processuais > lei processual penal não retroage > lei processual
penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos
realizados sob a vigência da lei anterior.
2) no espaço: atendem ao princípio da territorialidade > aplica-se a lei
brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional
3) em relação às pessoas: em regra, em todos os brasileiros > exceções:
aquelas imunidades parlamentares/diplomáticas

 Fontes do Direito Processual Penal


*conceito: são as origens dos preceitos jurídicos > é de onde nasce o direito >
classificação: fonte de produção/material e fonte formal/de cognição
1) fonte material: corresponde a fonte de produção geradora de normas
processuais penais, ou seja, entidade responsável pela elaboração de leis
processuais penais > compete privativamente a União legislar sobre leis
processuais penais, todavia, lei complementar poderá autorizar os Estados a
legislar sobre questões específicas
*poder executivo possui atribuição para celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, os quais, depois de referendados pelo Congresso, terão força
de lei
*em relação a procedimentos e ao direito penitenciário a competência é
concorrente da União, Estados e DF
*para a concessão de indultos, a competência é do Presidente da República,
por meio de decreto
2) fonte formal: é a que traz a norma ao mundo, isto é, que possibilita que o
direito se exteriorize > são também chamadas de fonte de revelação, de
conhecimento ou de cognição > classificadas em: imediata/direta ou
mediatas/indiretas
*imediatas: CF, tratados de direitos humanos e a legislação infraconstitucional
*mediatas: costumes, princípios gerais de direito e a analogia
 Inquérito Policial

*conceito: procedimento administrativo (conjunto ordenado de


atos), preparatório (é instrumental -prepara futura ação
penal), inquisitivo (não há contraditório- fica postergado para o processo)
e sigiloso (não se aplica ao juiz, ao MP e aos advogados), presidido pelo
delegado de polícia que possui finalidade de buscar elementos de autoria e
materialidade a fim de que uma futura ação penal possa ser efetivamente
proposta

*eventuais nulidades no inquérito não anulam a ação penal (o processo em si)


> a irregularidade poderá, entretanto, acarretar a invalidade de um ato

*é possível outras espécies de investigação? > sim, o MP pode investigar por


sua própria autoridade sozinho, através do procedimento investigatório criminal
(PIC), pois possui poderes implícitos > presidido pelo promotor de justiça >
condições: desde que haja respeitos aos direitos fundamentais, às
prerrogativas dos advogados, respeito às cláusulas de reserva de jurisdição,
feitas por membros do MP e controle no arquivamento do inquérito.

*destinatários:

- MP > na ação penal pública

-ofendido/vítima > na ação penal privada

-juiz > chamado de "mediato" > para decidir sobre cautelares durante o


inquérito policial

- Instauração:

*quando o crime for de ação penal pública condicionada a representação e de


ação penal priva, a vítima deve requerer a instauração

*quando o crime for de ação penal pública incondicionada, a instauração


poderá ser 1) por ofício pelo delegado; 2) por requisição (ordem) ao delegado
pelo MP ou juiz; 3) requerimento da vítima (b.o > se for indeferido, pode
interpor recurso inominado ao chefe do delegado); 4) delatio criminis: pessoa
alheia dá notícia do crime através de b.o; 5) auto de prisão em flagrante

obs: a denúncia anônima (apócrifa) não pode, de pronto, dar início a


instauração de inquérito, pois é necessário uma investigação prévia para
assegurar a viabilidade da instauração do inquérito

- Características:

*instrumental: finalidade de buscar elementos de autoria e materialidade a fim


de que uma futura ação penal possa ser efetivamente proposta
*é obrigatório para o delegado e dispensável para o promotor (se o titular da
ação tiver provas de autoria e materialidade)

*discricionário: quem decide se vai ser realizada ou não tal diligência é o


delegado, pois o inquérito é discricionário para ele

*informativo: não pode condenar alguém, exclusivamente, com base


em elementos informativos colhidos no inquérito > elementos informativos ≠
provas: provas são aquelas produzidas em juízo e com direito ao contraditório
> exceção: provas cautelares, irreptíveis e antecipadas (podem ser obtidas no
inquérito)

*é possível alegar suspeição do Delegado que preside um IP? não, não se


poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas
deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal

*indisponível: delegado NUNCA poderá mandar arquivar autos de inquérito


(somente juiz ou promotor podem)

*prazos:

1) inquérito comum: deve terminar em 10 dias improrrogáveis, se o réu estiver


preso e 30 dias, prorrogáveis pelo tempo que o juiz determinar, se o réu estiver
solto

2) justiça federal: 15 dias prorrogável por mais 15 se estiver preso e 30 dias,


prorrogáveis pelo tempo que o juiz determinar, se o réu estiver solto

3)lei de drogas: 30 dias prorrogável por mais 30 se estiver preso e 30 dias e 90


dias prorrogáveis por mais 90

*reprodução simulada dos fatos (reconstituição): poderá ocorrer desde que não
contrarie a moral e ordem pública> suspeito NÃO é obrigado a participar, pois
poderia estar produzindo prova contra si

*servidores que trabalham na segurança pública estiverem sendo investigados


por terem praticados atos com força letal e alegando estado de
necessidade/legítima defesa/exercício regular do direito/cumprimento de dever
legal > deverá ser citado para instaurar inquérito e deve constituir defensor em
até 48h > esgotado o prazo com ausência de nomeação de defensor pelo
investigado, deverá a instituição a que estava vinculado o investigado à época
da ocorrência dos fatos, no prazo de 48h, indicar defensor público

*indiciamento: é o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma


infração penal, baseado em indícios da autoria e prova da materialidade
> somente delegado pode indiciar (ato privativo - juiz não pode determinar)

*encerramento do inquérito: primeiro será feito pelo delegado um relatório (a


falta de relatório é mera irregularidade, não gera nulidade) e o encaminhará ao
juiz
*arquivamento: conforme artigo suspenso, será realizado pelo MP > se for
pedido conforme o artigo utilizado na pratica, é feito mediante decisão judicial
requerida pelo MP

*obs: se o MP promover o arquivamento e o Juiz não concordar? > juiz envia o


inquérito para o chefe do promotor, se ele concordar com o promotor o
inquérito será arquivado e se concordar com o juiz poderá denunciar ou
delegar a outro promotor o arquivamento

*é possível desarquivar o inquérito, se de outras provas tiver notícia

*se o inquérito for arquivado por causa de extinção da punibilidade, em face da


morte do autor, mas a certidão de óbito era falsa > inquérito será desarquivado
e será investigado novamente

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