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DIREITO PENAL

 LEI PENAL NO TEMPO

- Princípios:

*abolitio criminis: lei posterior deixa de considerar tal ato como crime (ex: crime
de sedução) > é uma causa de extinção da punibilidade > cessam todos os
efeitos penais (ex: não será considerado reincidente se vier a cometer novo
crime - manda soltar se estiver preso) > efeitos extrapenais não cessam (ex:
indenização na esfera cível)

*novatio legis in mellius: fato continua sendo criminoso, mas lei nova dá
tratamento mais benéfico (ex: diminuição da pena) > essa é a lei que irá
prevalecer (em razão do princ. da retroatividade mais benéfica) > essa
lei deverá retroagir para alcançar os fatos praticados antes da sua vigência,
ainda que eles já tenham transitado em julgado > estando na fase de execução
da pena, o juiz competente será o juiz da execução penal

*novatio legis incriminadora: fato não era crime, mas lei posterior vem
considerar tal fato criminoso > não irá retroagir para alcançar fatos praticados
antes de sua vigência

*novatio legis in pejus: fato continua sendo criminosa, mas lei nova dá
tratamento mais severo > princ. da irretroatividade: não retroage para alcançar
fatos praticados antes de sua vigência > ultratividade: lei revogada continuará
gerando efeitos 

*crime permanente: a execução/consumação se prolonga no tempo > se


durante essa consumação advir lei penal mais severa, essa será aplicada (pois
o delito ainda estava sendo praticado)

*crime continuado: praticar crimes da mesma espécie nas mesmas condições


de tempo, local e modo de execução > lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação
da continuidade ou da permanência.

- Lei Temporária e Lei Excepcional:

1) temporária: são as editadas com período determinado de duração, portanto,


dotadas de autorrevogação > feita para vigorar em um período de tempo
previamente fixado pelo legislador (prevê data de início e de término da
vigência) > traz em seu bojo a data de cessação de sua vigência > é uma lei
que desde a sua entrada em vigor está marcada para morrer

2) excepcional: são feitas para durar enquanto um estado anormal/excepcional


ocorrer > cessam a sua vigência ao mesmo tempo em que a situação
excepcional também terminar > exemplo: promulgadas em caso de calamidade
pública, guerras, revoluções, epidemias, etc.

*embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias


que as determinaram, aplicam-se aos fatos praticados durante sua vigência

*ambas são autorrevogáveis > não é necessária lei posterior as revogando


> perdem sua vigência automaticamente, sem que outra lei as revogue.

*ambas são ultrativas > continuarão gerando efeitos em relação aos fatos


praticados durante sua vigência, mesmo após de revogadas.

- Tempo do crime: 

*considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que


outro seja o momento do resultado > teoria da atividade

- Lugar do Crime: 

*considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou


omissão, no todo ou em parte (pelo menos uma parte tem que ter ocorrido no
brasil), bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado >
aplica-se a lei brasileira > teoria da ubiquidade/mista 

- Lei Penal no Espaço:

*princ. da territorialidade: aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,


tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território
nacional > é a regra

*princ. da territorialidade por extensão: consideram-se como extensão do


território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública
ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar

obs: quando em pratica a bordo de embarcação/aeronave pública/serviço do


governo será considerado território brasileiro onde quer que esteja. > se for de
natureza privada/mercante será a lei penal de onde está registrado a
aeronave, se estiver em alto mar > se não estiver em alto mar, será território
estrangeiro e não se aplicará lei brasileira

*É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo


de aeronaves/embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil > se
for estrangeira e pública, não será aplicada a lei brasileira.
*princ. da extraterritorialidade: é possível lei penal brasileira incidir em fatos
praticados totalmente no exterior > existe modalidade condicionada e
incondicionada

 CONFLITO APARENTE DE NORMAS

*conflito que se estabelece entre duas ou mais normas aparentemente


aplicáveis ao mesmo fato. Há conflito porque mais de uma norma pretende
regular o fato, mas é aparente, porque apenas uma delas acaba sendo
aplicada à hipótese.

*princ. da especialidade: norma especial afasta a aplicação da lei geral

*princ. da subsidiariedade: uma norma é considerada subsidiária à outra,


quando a conduta nela prevista integra o núcleo de tipo da principal,
significando que a lei principal afasta a aplicação da lei secundária > a infração
definida pela subsidiária, de menor gravidade que a da principal é absorvida
por esta (maior gravidade) > exemplo: disparo de arma de fogo cabe no de
homicídio cometido mediante disparos de arma de fogo

*princ. da consunção: o fato mais abrangente e grave consome/absorve, o fato


menos abrangente e grave que figuram como meio necessário ou normal fase
de preparação/ execução de outro crime, bem como quando constitui conduta
anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática
atinente àquele crime > prevalece a norma penal que define o crime mais
abrangente > crime fim absorve o crime meio > exemplo: para furtar preciso
praticar invasão de domicílio, mas respondo apenas pelo furto

*princ. da alternatividade: nos crimes de ação múltipla (vários verbos


nucleares), se o agente praticar mais de uma ação, descrita no tipo misto, no
mesmo contexto fático, responde por crime único

 CONDUTA E RESULTADO

*crime: fato típico, ilícito e culpável

*elementos do fato típico: conduta, resultados, nexo de causalidade e tipicidade


> falta de qualquer um exclui a tipicidade (fato atípico)

1) conduta: ação ou omissão com consciência e vontade, voltada para


determinada finalidade > exclusão da conduta: caso fortuito evento imprevisível
decorrente de ação humana) e força maior (evento imprevisível decorrente da
natureza), movimentos reflexos (ex: espirrar no volante),
coação física irresistível e estados de inconsciência (ex: sonambulismo)

2) resultado: naturalístico: alteração no mundo exterior (crimes materiais -


deixam vestígios) e normativo: não a necessidade de alteração no mundo
exterior (crimes formais e de mera conduta)
3) nexo de causalidade: é o vínculo estabelecido entre a conduta do agente e o
resultado por ele produzido > relação de causa e efeito entre a conduta e o
resultado > teoria da equivalência dos antecedentes causais: considera-se
causa todos os fatos que antecederam o resultado produzido, toda e qualquer
conduta que, de algum modo, ainda que de forma menos relevante, tenha
contribuído para a produção do resultado deve ser considerada sua causa >
responde pelos atos até em então praticados

obs: fulano dá uma facada em ciclano, porém ciclano havia tomado veneno
antes e vem a falecer unicamente por conta do veneno > fulano responde só
pelo que praticou > tentativa de homicídio > resultado independe da conduta

obs 2: fulano, sabendo que ciclano é hemofílico, dá uma facada nele e este
vem a falecer > fulano responde pelo homicídio

fulano atira em ciclano, que ao tentar fugir, é atropelado por uma caminhão e
morre > fulano responde pelo homicídio                                                                                   
fulano dispara contra ciclano, e ocorre um acidente coma ambulância e vem a
falecer >  fulano responde apenas pela tentativa                                                                           
fulano da facada em ciclano que vai para o hospital e lá contrai forte infecção,
vindo a falecer > fulano responde por homicídio consumado > há um
desdobramento natural da conduta do agente                                               
fulano da facada em ciclano que vai para o hospital e lá ocorre um incêndio,
vindo a falecer por causa deste > responde por tentativa de homicídio > não é
um desdobramento natural da conduta do agente

- Relevância da omissão:

*crimes omissivos próprios; há um tipo penal específico descrevendo a conduta


omissiva > não admitem tentativa > abrange qualquer cidadão 

*crimes omissivos impróprios: quando o agente podia e devia agir para evitar


o resultado > admitem tentativa > se deixar de agir, responderá pelo
resultado > abrange os cidadãos que por lei tem o dever de cuidado, dever e
vigilância (mãe que deixa de amamentar recém-nascido), que assumir a
responsabilidade de impedir o resultado (salva-vidas, vizinha que cuida do filho
de alguém) e quem com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado > se o agente não podia agir, não responderá por
crime nenhum

- Iter Criminis:

*cogitação > atos preparatórios > execução > consumação

*atos preparatórios serão crimes quando um tipo penal prevê de forma


autônoma um ato preparatório como criminoso (exemplo: ter maquinário para
falsificação de moeda)

*exaurimento (proveito do crime) não integra o iter criminis


- Tentativa:

*ocorre quando o sujeito dá início a execução do delito, mas este não se


consuma por circunstâncias alheias a sua vontade > pune-se a tentativa com a
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços
(quanto mais próximo da consumação, menor será a diminuição)

*tentativa perfeita: sujeito esgota sua potencialidade lesiva (faz tudo que está
em seu alcance, mas não atinge o resultado final)

*tentativa imperfeita: sujeito não esgota sua potencialidade lesiva

*tentativa cruenta/vermelha: gera lesão da vítima

*tentativa incruenta/branca: não gera lesão na vítima

*via de regra, crimes culposos não admitem tentativa 

*crime preterdoloso > sujeito tem dolo na conduta e culpa no resultado, ou seja,
não deseja o resultado > não se pune tentativa

*não é punível a tentativa de contravenção

*crimes omissivos próprios, crimes habituais e crimes de atentado (aqueles que


a pena da modalidade consumada e tentada é igual) não admitem tentativa 

- Desistência voluntária e Arrependimento eficaz:

*início da execução do delito, mas não há consumação, em ambos, por


vontade própria

*em ambos, responderá apenas pelos atos até então praticados (esquecer


a alternativa que traga "tentativa...")

*desistência voluntária: agente irá interromper, voluntariamente (ainda que seja


a pedido de alguém), os atos executórios, deixar de prosseguir, não esgota sua
potencialidade lesiva > ele pode continuar, mas escolhe parar

*arrependimento eficaz: sujeito esgota sua potencialidade lesiva, esgota os


atos executórios, mas antes da consumação pratica ato para evitar o resultado
(dispara contra a vítima, mas se arrepende e a leva para o hospital e ela
sobrevive) > precisa ser realmente eficaz

- Arrependimento posterior:

*nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o


dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou queixa, por ato
voluntário (livre de pressão/coação, pode ser a pedido de alguém) do agente >
a pena será reduzida de um a dois terços (causa de diminuição)
*esse instituto incide depois da consumação e para qualquer crime sem
violência e grave ameaça 

*diante de concurso de pessoas: se um se arrepende, irá comunicar aos outros


e todos receberão a diminuição da pena

*no crime de peculato culposo, se o sujeito reparar o dano até a sentença


irrecorrível ele terá a extinção da sua punibilidade > se for depois da
sentença irrecorrível, terá redução da pena pela metade

- Crime impossível:

*exclui a tipicidade

*sujeito desenvolve a conduta, mas por ineficácia absoluta do


meio (defeito) ou por absoluta impropriedade do objeto (pessoa ou coisa
sobre a qual recai a conduta do sujeito), é impossível consumar-se o crime.

*conduta precisa estar apta a produzir resultado

*se a ineficácia e a impropriedade do objeto forem relativas, terá crime, pelo


menos na modalidade tentada

*estabelecimento dotado de sistema de monitoramento de vigilância não torna


impossível a configuração do crime de furto

*não há crime quando a preparação do flagrante (flagrante provocado) pela


polícia torna impossível sua consumação > polícia provoca alguém a praticar
crime e já prepara aparato para torna impossível sua consumação e prender
agente antes da pratica: crime impossível

- Teoria do Dolo:

*dolo direto: quando o agente quis o resultado > teoria da vontade

*dolo eventual: sujeito não deseja diretamente o resultado, mas tem a previsão
do resultado e segue em diante, assumindo o risco e aceitando o resultado >
teoria do consentimento/assentimento

*dolo de 1º grau: age com vontade e consciência para produzir resultado


determinado

*dolo de 2º grau: sujeito age com vontade e consciência para produzir


resultado determinado, mas sua conduta produz também outros resultados
de consequência inevitável (a pessoa sabe que essa consequência
acontecerá)

- Crime culposo:
*crime culposo só existe quando expressamente previsto em lei (exemplo: só
existe modalidade dolosa)

*na culpa o agente não aceita o risco de produzir o resultado

*necessidade de previsibilidade objetiva > se for imprevisível não há


responsabilização, é absolvido

*elementos do tipo culposo; conduta voluntária, resultado involuntário (não


desejado), nexo de causalidade, violação do dever de cuidado objetivo
(imprudência, negligência e imperícia), previsibilidade objetiva e tipicidade

*na imperícia tem postura ativa > age com precipitação, de forma descuidada >
há uma ação

*na negligência tem postura negativa > ausência de cautela e precaução

*na imperícia deixa de observar as regras de seu ofício, arte ou profissão >
culpa profissional

*espécies de culpa: culpa inconsciente, consciente, própria e imprópria

1) culpa inconsciente: é aquela em que o resultado não é previsto pelo agente,


embora objetivamente previsível > é a culpa comum, aquela que se caracteriza
pela ausência de previsão do resultado (culpa sem previsão)

2) culpa consciente: há previsão do resultado, mas o agente realiza a conduta


considerando, sinceramente, que nenhum resultado se produzirá ou, ainda,
que reúne habilidade suficiente para evitá-lo > culpa com previsão > o agente
prevê o resultado, mas não aceita sua produção > embora previsível, confia
sinceramente que o resultado não ocorrerá ou que, por conta da sua
habilidade, conseguirá impedir que o evento se produza

obs: culpa consciente ≠ dolo eventual > no dolo eventual o agente prevê o
resultado como possível, mas segue em diante com a sua conduta assumindo
o risco de produzi-lo, aceitando a incidência de eventual evento lesivo. Na
culpa consciente, o agente, embora tenha previsto o resultado, não o aceita,
pois considera, sinceramente, que não ocorrerá ou que terá habilidade
suficiente para evitar o evento lesivo.

*culpa própria: é a comum, na qual o agente não quer o resultado nem


tampouco assume o risco de produzi-lo > o resultado não é previsto pelo
agente, embora previsível

*culpa imprópria: agente prevê o resultado e deseja a sua produção, agindo, no


entanto, em erro inescusável quanto à ilicitude do fato, ou seja, no contexto das
chamadas descriminantes putativas (ex: acho que tinha um ladrão em seu
jardim e dispara contra ele, mas verdade era o vigia da rua)
- Erro de Tipo Essencial: 
*é o erro sobre o elemento constitutivo do tipo legal que define o crime

*sujeito tem que agir com consciência e vontade em relação a todos os


elementos do tipo, para fins de responsabilização > agente desenvolve conduta
com falsa percepção da realidade > não sabe que está praticando tipo penal >
exemplo: confundir alguém com um animal e atirar, confundir coisa alheia com
coisa própria, conjunção carnal com menor de 14 que esteja em boate +18

*se o erro for invencível (qualquer pessoa também erraria naquela


circunstância) > exclusão do dolo e da culpa > fato atípico

*se o erro for vencível (podia ser evitado) > exclusão do dolo, mas reponde
pela modalidade culposa, dede que prevista em lei (se não houver = fato
atípico)

- Erro de Tipo Acidental:

*não há exclusão de crime 

1) erro sobre a pessoa: erro na identificação > atinge pessoa diversa >
considera condições e qualidade da vítima pretendida

2) erro na execução (aberratio ictus): por erro no uso dos meios de execução
ou acidente (ex: erro na pontaria), atinge pessoa diversa > considera-se
a pessoa pretendida > se atingir a pessoa pretendida E pessoa diversa há
concurso formal (pega a pena do crime mais grave e aumenta de um sexto até
metade)

- Resultado Diverso do Pretendido (aberratio criminis):

*sujeito queria determinado resultado pretendido e por erro na execução ou


acidente, produz resultado diverso do pretendido > quer praticar crime X mas
por erro acaba praticando o crime Y 

*responde pelo crime que de fato praticou na modalidade culposa (se houver
previsão) > se praticar o pretendido e o diverso, há concurso formal

*se o crime pretendido for mais grave do que o que foi efetivamente praticado,
responderá pela tentativa do mais grave (ex: quero atirar em alguém mas
acerto em um carro > crime de homicídio é mais grave que crime de dano >
responde por crime de tentativa de homicídio)

- Erro Determinado por Terceiro:

*erro induzido, figurando dois personagens: o agente provocador e o agente


provocado > trata-se de erro não espontâneo que leva o provocado à pratica
do delito > ex: um médico, com intenção de matar seu paciente, induz
dolosamente a enfermeira a ministrar dose letal ao enfermo (médico responde
por homicídio doloso e a enfermeira fica isenta de pena, salvo se demonstrada
a sua negligência, hipótese em que será responsabilizada a título de culpa

- Erro de Proibição:

*é o erro do agente que recai sobre a ilicitude do fato, isto é, o agente que
supõe que sua conduta é permitida quando, na verdade, é proibida > agente
sabe exatamente o que faz, mas acredita que age licitamente > autor carece de
consciência da ilicitude do fato

- Descriminante Putativa:

*erro sobre o elemento do tipo penal permissivo > ou seja, o sujeito supõe estar


diante de uma causa de exclusão de ilicitude, mas ela é imaginária (ex: soa
alarme de incêndio falso, a pessoa acreditando estar em estado de
necessidade acaba praticando fato típico para se salvar)

*isento de pena quando o erro for plenamente justificado pelas circunstâncias >
não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
crime culposo > teoria limitada

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