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DISCIPLINA: DIREITO PENAL MILITAR

PROFESSOR: GABRIEL SANTOS @professorgabrielsantos


ASSUNTO: APLICAÇÃO E ESPECIFICIDADES DA LEI PENAL MILITAR II

Art. 29. O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido.
§ 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando,
por si só, produziu o resultado. Os fatos anteriores, imputam-se, entretanto, a quem os
praticou.
§ 2º A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e a
quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de sua superveniência.

RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

• teoria da equivalência dos antecedentes (teoria da conditio sine qua non)

causa será todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido. Se formos analisar, é
como se o CPM tivesse adotado esta teoria, por força da parte final do caput do art. 29.

Porém existe algo preocupante em relação a esta teoria, pois a forma como é feito os estudos
impõe que você vá retirando do fato possíveis causas e verifique se o crime ainda ocorreria, e aí
a identificação de causas nunca acabar, nunca chega ao fim.

A teoria da imputação objetiva se contrapõe à equivalência dos antecedentes, dizendo que


apenas haverá a relação de causalidade quando o sujeito tiver agido de forma a assumir o risco de
produzir o resultado.

De acordo com a teoria da causalidade adequada, causa é o antecedente mais adequado, ou


mais eficaz, para a produção do resultado. Não basta qualquer conduta sem a qual o resultado não
teria ocorrido. A causa é o antecedente mais provável.

Concausa é a convergência de uma determinada conduta a uma causa inicial, contribuindo para a
consecução do resultado. Essas causas podem ser dependentes, absolutamente independentes ou
relativamente independentes da conduta do agente.

As causas dependentes estão previstas no caput do art. 29: uma pessoa amarrou a vítima, e outra
disparou a arma de fogo. Todos os agentes responderão pela mesma conduta, pois as causas são
dependentes. Sem as duas não teria ocorrido o crime.
Dizemos que uma causa é absolutamente independente de outra quando ela não se origina da
conduta do agente. É caso da pessoa que ingere veneno e posteriormente é alvejada por disparo de
arma de fogo, vindo a falecer em razão do envenenamento. Estas causas podem ser preexistentes,
concomitantes ou supervenientes, e rompem o nexo causal. O agente, portanto, apenas
responderá pelo resultado ao qual de causa.

Nas causas relativamente independentes, a que mais nos interessa é a superveniente. No caso
da superveniência, para saber se o agente responderá pelo resultado, é necessário saber se a causa
relativamente independente é suficiente para produzir, por si só, o resultado.

Imagine, por exemplo, que uma pessoa é alvejada por disparo de arma de fogo e é socorrida em
ambulância. No trajeto até o hospital, o veículo bate num muro, levando a vítima a óbito. Neste caso,
estamos diante de uma causa relativamente independente da conduta do agente.

De acordo com o §1º, diante de uma causa relativamente independente o agente apenas responderá
pela conduta adotada até a superveniência. No nosso exemplo o agente responderia por tentativa de
homicídio. Esta é uma manifestação da teoria da causalidade adequada.

Se a causa relativamente independente não produziu por si só o resultado, será aplicável a teoria
da equivalência dos antecedentes causais, de acordo com o caput do art. 29.

Art. 30. Diz-se o crime:


CRIME CONSUMADO
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
TENTATIVA
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente.
PENA DE TENTATIVA
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída de um
a dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do
crime consumado.

As regras quanto ao crime consumado e à tentativa são as mesmas do CP. Quero chamar sua atenção
para o parágrafo único, que trata da pena aplicável em caso de crime tentado.

A redução da pena em razão da sua não consumação deve ser, em regra, operada em função da
extensão do iter criminis, ou seja, do caminho percorrido pelo agente entre o início da execução e
a consumação. Esta é a teoria objetiva.

Se a pessoa estava apenas iniciando a sua conduta, o juiz pode aplicar a diminuição no seu grau
máximo, mas se a pessoa já estava “quase terminando”, a pena não deve ser tão diminuída assim.

Há também no parágrafo único uma manifestação da teoria subjetiva, pois o juiz pode,
considerando a gravidade da conduta, aplicar à tentativa a pena do crime consumado. Jorge César
de Assis entende que essa regra perdeu totalmente sua eficácia, não sendo mais aplicável hoje,
apesar de o dispositivo nunca ter sido declarado inconstitucional e nem revogado.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

A desistência voluntária ocorre quando o agente desiste de prosseguir com a execução. Aquele
que impede que o resultado seja produzido pratica o arrependimento eficaz.

Cuidado para não confundir estes dois institutos com a tentativa, que ocorre quando o agente não
consegue atingir o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade.

Na parte geral do CPM não existe a figura do arrependimento posterior. Na parte especial há
alguns dispositivos que preveem o arrependimento posterior de forma específica, a exemplo do crime
de furto (art. 240 do CPM).

bagatela não se aplica no Direito Penal Militar.

CRIME IMPOSSÍVEL
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é aplicável.

A ineficácia absoluta do meio ocorre, por exemplo, quando uma pessoa tenta cometer homicídio
utilizando arma de brinquedo, ou “simulacro”. A absoluta impropriedade do objeto ocorre quando
uma pessoa utiliza arma de fogo para atirar em alguém que já está morto, por exemplo.

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