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Art. 29. O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido.
§ 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando,
por si só, produziu o resultado. Os fatos anteriores, imputam-se, entretanto, a quem os
praticou.
§ 2º A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e a
quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de sua superveniência.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
causa será todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido. Se formos analisar, é
como se o CPM tivesse adotado esta teoria, por força da parte final do caput do art. 29.
Porém existe algo preocupante em relação a esta teoria, pois a forma como é feito os estudos
impõe que você vá retirando do fato possíveis causas e verifique se o crime ainda ocorreria, e aí
a identificação de causas nunca acabar, nunca chega ao fim.
Concausa é a convergência de uma determinada conduta a uma causa inicial, contribuindo para a
consecução do resultado. Essas causas podem ser dependentes, absolutamente independentes ou
relativamente independentes da conduta do agente.
As causas dependentes estão previstas no caput do art. 29: uma pessoa amarrou a vítima, e outra
disparou a arma de fogo. Todos os agentes responderão pela mesma conduta, pois as causas são
dependentes. Sem as duas não teria ocorrido o crime.
Dizemos que uma causa é absolutamente independente de outra quando ela não se origina da
conduta do agente. É caso da pessoa que ingere veneno e posteriormente é alvejada por disparo de
arma de fogo, vindo a falecer em razão do envenenamento. Estas causas podem ser preexistentes,
concomitantes ou supervenientes, e rompem o nexo causal. O agente, portanto, apenas
responderá pelo resultado ao qual de causa.
Nas causas relativamente independentes, a que mais nos interessa é a superveniente. No caso
da superveniência, para saber se o agente responderá pelo resultado, é necessário saber se a causa
relativamente independente é suficiente para produzir, por si só, o resultado.
Imagine, por exemplo, que uma pessoa é alvejada por disparo de arma de fogo e é socorrida em
ambulância. No trajeto até o hospital, o veículo bate num muro, levando a vítima a óbito. Neste caso,
estamos diante de uma causa relativamente independente da conduta do agente.
De acordo com o §1º, diante de uma causa relativamente independente o agente apenas responderá
pela conduta adotada até a superveniência. No nosso exemplo o agente responderia por tentativa de
homicídio. Esta é uma manifestação da teoria da causalidade adequada.
Se a causa relativamente independente não produziu por si só o resultado, será aplicável a teoria
da equivalência dos antecedentes causais, de acordo com o caput do art. 29.
As regras quanto ao crime consumado e à tentativa são as mesmas do CP. Quero chamar sua atenção
para o parágrafo único, que trata da pena aplicável em caso de crime tentado.
A redução da pena em razão da sua não consumação deve ser, em regra, operada em função da
extensão do iter criminis, ou seja, do caminho percorrido pelo agente entre o início da execução e
a consumação. Esta é a teoria objetiva.
Se a pessoa estava apenas iniciando a sua conduta, o juiz pode aplicar a diminuição no seu grau
máximo, mas se a pessoa já estava “quase terminando”, a pena não deve ser tão diminuída assim.
Há também no parágrafo único uma manifestação da teoria subjetiva, pois o juiz pode,
considerando a gravidade da conduta, aplicar à tentativa a pena do crime consumado. Jorge César
de Assis entende que essa regra perdeu totalmente sua eficácia, não sendo mais aplicável hoje,
apesar de o dispositivo nunca ter sido declarado inconstitucional e nem revogado.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
A desistência voluntária ocorre quando o agente desiste de prosseguir com a execução. Aquele
que impede que o resultado seja produzido pratica o arrependimento eficaz.
Cuidado para não confundir estes dois institutos com a tentativa, que ocorre quando o agente não
consegue atingir o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade.
Na parte geral do CPM não existe a figura do arrependimento posterior. Na parte especial há
alguns dispositivos que preveem o arrependimento posterior de forma específica, a exemplo do crime
de furto (art. 240 do CPM).
CRIME IMPOSSÍVEL
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é aplicável.
A ineficácia absoluta do meio ocorre, por exemplo, quando uma pessoa tenta cometer homicídio
utilizando arma de brinquedo, ou “simulacro”. A absoluta impropriedade do objeto ocorre quando
uma pessoa utiliza arma de fogo para atirar em alguém que já está morto, por exemplo.