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Tipicidade:
—> Depois de aferir que temos uma ação penalmente relevante, tenho que falar:
“A ação penalmente relevante terá de ser ainda típica, significa dizer então
que será necessário aferir a imputação objetiva e subjectiva, exatamente nessa
ordem”
A imputação objetiva
—> A imputação objetiva significa dizer imputar um resultado a uma determinada
conduta do agente.
Surgiram varias correntes de como poderia ser efetuada a imputação nomeadamente:
1) teoria da condição equivalente ( conditio sine quo non); 2) teoria da causalidade adequada;
3) teoria do risco. Densificando cada uma das correntes
1) Teoria da condição equivalente: como é baseada na condito sine qua non, aqui
ter-se-á de fazer um raciocínio de supressão mental. Isto é sem aquele determinado
facto, sem a conduta do agente o resultado teria acontecido? Se a resposta for não o
resultado pode ser imputado à ação do agente, uma vez que ele foi causa o suficiente para
produzir o resultado. Deficiências dessa teoria: é demasiado abrangente, conduzindo
então a resultados não razoáveis. A partir disto foram surgindo outras teorias
3) Teoria do risco: protagonizada por ROXIN, esta desvencilha a ideia de uma causa
especifica para o resultado concreto, bastando que se cumpra 3 requisitos:
- houve a criação ou potencialização de um risco
- O risco que foi criado era proibido
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OBSERVAÇÃO: ter presente aqui a distinção entre os crimes, porque pode haver
crimes em que não é necessário haver o resultado e o dano, mas a mera atividade ou, então, a
colocação em perigo. Por isso é importante lembrar da distinção.
Crime de mera atividade: o evento não precisa se concretizar, se basta com a ação – exemplo: violação de
domicilio e omissão de auxílio.
Crime de resultado » o crime so acontece com o resultado da ação – um outro evento » exemplo: homicídio
Crime de dano – pressupõe a lesão efetiva do bem jurídico – ex: homocidio » lesão efetiva do bem jurídico
vida.
Crime de perigo – não pressupõe a lesão, mas mera colocação em perigo do bem jurídico – risco de lesão.
- Crime de perigo abstrato: o perigo não é o elemento tipo, mas sim o motivo da proibição. A conduta do
agente é punida independentemente de ter criado ou não um perigo efetivo - o perigo é presumido. Exemplo:
art. 292º - essa conduta já é suficientemente perigosa, por isso a mera conduta é punida.
- Crime de perigo concreto: o perigo faz parte do tipo – ou seja – o tipo criminal só é preenchido quando o
bem jurídico tenha sido efetivamente posto em perigo – ex.: art 138º - que se tem que provar é que pratiquei
ação E AINDA gerei perigo.
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mas sim na perna. Ora, para o professor roxin, nesses casos eu diminui/ atenuei um risco
anteriormente existente, não fazendo nenhum sentido punir o agente.
(HELENA MOURÃO + PAULO SOUSA MENDES:) discordam da situação, é
verdade que o agente diminuiu o risco, mas também é verdade que ele criou um risco, uma
vez que fez com que a pedra batesse na perna e não na cabeça, o agente criou esse risco.
Logo teria de imputar tal resultado a ação do agente e só iria resolver tal embate na causa de
justificação da ilicitude.
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resultado típico. Fundamento: o resultado é inevitável para o próprio agente, pelo que
concluir pela imputação objectiva nestes casos equivaleria a impor um dever cuja observância
seria, de certo modo, inútil, atendendo a que o resultado acabaria, de qualquer modo, por se
produzir.
MFP: Para ela punir ou não por um comportamento licito alternativo trata-se de um
problema de prova. Desta forma, ela vem invocar o principio do indubio pro reo, em que
havendo duvida de se cumprimento licito evitaria a produção do resultado, não posso
imputar a ação ao resultado. Em outras palavras, A professora vai mais por outra via: eu so
posso punir (imputar) se for demonstrado que o comportamento licito teria
ev i t ad o o re s u lt ad o, S E E U A I N DA T I V E R D U V I DA S S O B R E O
CUMPRIMENTO DO COMPORTAMENTO LICITO ALTERNATIVO EU VOU
EXCLUIR A IMPUTAÇÃO. Enquanto que o prof FD e ROXIN dizem o contrário: eu so
posso excluir a imputação se for demonstrado com toda a certeza que o comportamento licito
não evitaria o resultado. FALAR: “ para MFP com base no principio do indubio pro
reo, se eu tiver alguma margem de duvida se o comportamento licito
alternativo não evitaria o resultado, logo não vou imputar objetivamente o
resultado à ação do agente ”
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Causas cumulativas:
Situação em que sozinho os agentes não produziriam o resultado, mas com a
combinação das suas condutas, e especialmente as duas condutas têm de estarem juntas, o
resultado é produzido, há uma conjugação de comportamentos. A conduta isolada de
cada um não criou um risco digno de produzir o resultado. Nessas situações haverá aos dois
agentes uma situação de tentativa impossível no que diz respeito a inidoneidade relativa do
meio.
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A tentativa:
Já foi dito imensas vezes que não havendo concretização do risco no resultado, teria de
ir para o âmbito da tentativa. Quando chegar nesse ponto eu ja vou ter falado de ação e
imputação objetiva. Mas vou ter parado no terceiro requisito!
Então vou falar assim: “como o risco não se concretizou no resultado, será
preciso analisar se temos uma forma de infração especial através do crime
tentado”
1) A definição: segundo a teoria finalista-objetiva, existiu uma potencialidade objetiva
de concretização do resultado e o ilícito da tentativa colocou em perigo o BJ. Ou seja, a
tentativa são as situações em que houve a realização incompleta do facto típico doloso.
2) Requisitos para termos uma situação de tentativa:
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- subjectivo: o agente terá de ter praticado o facto em causa com dolo! Não há
tentativas negligentes. OBS: quando eu falo do elemento subjectivo se tiver qualquer
questão problemática no elemento intelectual do dolo eu teria de remeter aqui! Por ex:
error in persona, erro na execução etc.
- Objectivo: 1) eu falhei na imputação objetiva; 2) o agente ja ter praticado actos de
execução. Basicamente eu terei de ver se cabe em alguma das alíneas do art 22/2
Requisitos para ter um acto de execução
—> prof ROXIN: 1) há um perigo concreto para o BJ, havendo uma conexão
temporal com a lesão efetiva do bj (uma proximidade entre o ato e a lesão do BJ) 2)
existe uma relação direta do agente com a esfera da vitima.
—> MFP: execução parcial, ou pelo menos o inicio da execução do tipo do ilícito.
Sendo a situação caracterizada 1) pela perda de segurança do BJ que a norma
incriminadora protege e 2) um desequilíbrio entre a liberdade do agente e a
proteção do BJ, tendo que o direito intervir e proteger o BJ em causa
ACTOS DE EXECUÇÃO DO ART 22/2
ALINEA A) actos de execução são aqueles que preencherem um elemento constitutivo
de um tipo de crime e ainda tem se ser um crime de EXECUÇÃO VINCULADA ( o meio
pelo qual se age faz parte do tipo)
ALINEA B: actos de execução são aqueles que preencherem um elemento constitutivo
de um tipo de crime, que é idóneo a produzir o resultado.
ALINEA C: o próximo acto será um dos actos de execução das alíneas a ou b. Ex:
“apontar a arma não mata ninguem, mas o acto a seguir é disparar”;
—> ATENÇÃO: se for um mero acto preparatório do 21º não punimos! Salvo
disposição em contrario: art 154/c; 271; 275; 344.
—> OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: ao averiguar os actos de execução o raciocínio
que faço é ex ante, ou seja coloco na situação em que o agente irá atuar. Coisa diferente será
na tentativa impossível, uma vez que o raciocínio é ex post, depois de o agente ter atuado é
que eu vejo se o objeto era inexistente ou se havia uma inaptidão do meio. Mas para chegar
na tentativa impossível eu ja tenho de ter passado pelo criterio objetivo! A grande diferença
de um raciocínio para outro é o momento em que eu faço o juízo!
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O quarto passo: Eu vou aferir a punibilidade da tentativa! E isso irá ser diferente caso
estejamos diante uma tentativa possível ou impossível.
—> punibilidade da tentativa possível: “ concluída que estamos perante uma situação
de tentativa possível, é preciso averiguar a sua punibilidade. Para isto, é preciso ver se esta
cumprido o critério do art 23/1, ou seja que a punibilidade do crime consumado seja punível
com pena superior a 3 anos. É este o único requisito”
—> punibilidade da tentativa impossível: aqui vou ter de aferir o artigo 23/3. Nele é
colocado o critério da impressão do destinatário, ou seja se é manifesto que há uma situação
de inaptidão do meio ou se é manifesto que o objeto é inexistente. Para realizar este teste eu
coloco na situação um homem médio e se este perceber que é manifesta a falta de
objeto ou que não é idóneo EU NÃO PUNO! Mas se o o homem medio face àquela
situação em concreto não perceber situação manifesta: EU PUNO!.
Basicamente tenho que ver o 23/1 e o 23/3!
NOTAS: Qual é a situação inversa da tentativa impossível? Se pensarmos, é quando há erro sobre
a factualidade típica, i.e., erro sobre os elementos do facto típico que leva à exclusão do dolo.
Imagine-se que A pensa que está grávida e já está na 13ª semana, e toma um produto abortivo.
Como é que punimos A? E imagine-se, na situação contrária, que A acha que não está grávida e
toma um produto abortivo. Nesta última situação, há um erro sobre um elemento de facto (16º, 1.):
A não representa o facto. Temos um erro sobre os elementos do facto típico, que não é punível
porque não há aborto negligente. Na tentativa impossível, A acha que vai cometer o crime e
afinal não vai porque o objeto não está lá, enquanto que, no erro sobre a factualidade típica, é o
contrário: a pessoa representa que não vai cometer um crime, e afinal comete um crime negligente.
Nota: a pessoa não é punível se não for manifesto que o objeto não existe. A tentativa impossível é
uma figura muito particular. Só em termos abstratos é que se fala no bem jurídico.
O quinto passo (nem sempre ele vai ocorrer) Aqui serão as situações de
DESISTÊNCIA: atenção tanto o 24 como o 25 falam de desistência, mas o 25 é desistência
de um crime em comparticipação em que os requisitos são mais apertados.
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A imputação subjetiva:
Definição: Entende-se por imputação subjetiva o conhecimento das circunstâncias
de facto e a vontade de realização do tipo ilícito. Desta forma, a imputação objetiva é
dividida em duas partes, o elemento intelectual (conhecimento dos factos) e elemento
volutivo (é a vontade do agente na realização do ilícito, servirá para indicar os vários níveis
de vontade inerentes à prática do facto). Nos casos práticos eu tenho de focar em cada
elemento e perceber se tem algum problema neles!
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3) O dolo generalis
“ São os casos em que o agente erra sobre qual dos diversos atos de uma
conexão da ação produzirá o resultado almejado ”
Cronologicamente os factos acontece em dois tempos. Num primeiro momento, o
agente pensa, erroneamente, já ter produzido o resultado típico. Num segundo momento,
fruto de uma nova atuação do agente (quase sempre com fins de encobrimento), o resultado
vem efetivamente a se concretizar só nesta segunda fase.
O grande problema é que “A ação suportada pelo dolo do facto não determina
imediatamente o resultado, enquanto a ação que causa o resultado não é
suportada pelo dolo do facto”.
Parte da doutrina então entende que a punibilidade deveria ser:
- Só uma tentativa em concurso com o crime negligente do facto;
- Ou a aceitação de um crime consumado, desde que o risco que se concretiza no
resultado pode ainda ser reconduzido ao quadro dos riscos criados pela primeira ação.
EX: o agente joga uma pedra na cabeça da sua vitima, pensando ter então a matado
com esta pancada e logo depois tenta forjar um suicídio e para isto a enforca, tendo a morte
só ocorrido com o enforcamento; Ou a vitima supostamente ja assassinada ter sido jogada à
agua para o corpo desaparecer, tendo acabado por morrer afogada.
OBSERVAÇÃO: CASOS EM QUE HAJA A INVERSÃO TEMPORAL DOS
ACONTECIMENTOS: alguém atira sobre outrem com uma pistola especial que deveria o anestesiar, mas
acaba por matar a pessoa com a anestesia. Trata-se de um afastamento irrelevante do decurso do acontecimento
se o agente ainda executa o ato posterior destinado efetivamente a matá-lo. Se não acontecer essa segunda fase
ou estamos no âmbito de atos preparatórios não puníveis, ou diante de uma situação de actos de execução,
considerando então o crime como doloso consumado.
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isso que confundir B com A é irrelevante, ele terá dolo na mesma, mesmo possuindo um erro
na formação da vontade isto não excluirá o dolo!
EU SÓ TENHO QUE TOMAR CUIDADO QUANDO OS OBJETOS EM CAUSA
SEJAM DIFERENTES! EX: quero matar um cao e acaba matando uma pessoa! Ou quero
matar uma pessoa e acabo matando um cão. Nestes cenários, não se verifica uma identidade
típica de objectos: sugere-se a lesão típica de dois crimes distintos. Em relação ao cao (no
primeiro cenário) eu teria uma tentativa do crime de dano. Em relação ao outro eu tira uma
situação de violação da integridade física através de um crime negligente.
6) Dolo Alternativo:
O agente representa e deseja lesar ou o BJ X ou o BJ Y, sendo indiferente atingir um ou
o outro resultado.
A este propósito, sublinha FIGUEIREDO DIAS que o agente conta com ambas as
possibilidades, e conforma-se com elas. Por esse motivo, o seu dolo deve ser afirmado quanto
ao tipo objectivo realmente preenchido pela conduta. Ou seja, se for consumado o crime do
bem X respondo por este, se for consumado o bem Y respondo por ele.
De acordo com MARIA FERNANDA PALMA, poderia ainda defender-se a solução
de punibilidade por dois crimes dolosos: um na forma tentada (dano – 212.o do Código
Penal) e outro na forma consumada (ofensa à integridade física do cavaleiro – 143.o do
Código Penal).
Ex: M quer afastar de uma competição hípica o seu rival desportivo N. Assim, dispara
para atingir N ou o cavalo deste.
7) Erro suposição
O agente atribuiu uma qualidade INEXISTENTE ao objeto e que é elemento essencial
ao fato típico. Regime da tentativa impossível, para ver se era punível – art. 23º/3 – a ação do
agente dirige-se a um objeto inexistente para efeitos do crime em causa.
- Ex: 203° - só é furto se for coisa móvel “alheia”; se A leva o seu próprio computador
ao invés do computador de B, não há furto.
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classes e consubstanciar diferentes tipos de dolos: 1) dolo direto; 2) dolo necessário; 3) dolo
eventual.
1) Dolo direto:
É a forma mais clara do dolo. Isto significa dizer que são as situações em que o agente
queria o resultado, possuía o fim intencional, intenção direta. Ele representou
corretamente e quer atingir determinado resultado naquela especifica conduta.
2) Dolo necessário:
Nestes casos de dolo são construídas duas condutas. A realização do facto surge não
como pressuposto para alcançar a finalidade da conduta, mas como uma consequência
necessária. Ou seja, eu realizo determinado facto e como consequência inevitável ou lateral
vai surgir um resultado típico. EX: coloco uma bomba no avião para matar o meu inimigo.
Em relação ao meu inimigo eu tenho dolo direto, mas em relação a todos os outros
passageiros eu tenho dolo necessário! Atingir os outros passageiros é consequência necessária
de poder matar o meu inimigo.
3) Dolo eventual vs negligencia consciente
Muito é discutida tal diferenciação! O Nosso CP consagrou a teoria da
conformação. Neste contexto foram sugeridas várias fórmulas: hipotética e positiva de
FRANK.
—> Fórmula positiva de frank: temos de perguntar se a opção pelo resultado
típico permite explicar a atuação do agente. O agente quando actuou quis e aceitou o
resultado? Se ele soubesse que o resultado típico produziria ele continuaria atuando? Se ele
aceitou o resultado ao atuar, então há dolo eventual, caso ao atuar, ele não aceite o
resultado há negligencia consciente.
—> Fórmula hipotética de Frank: Aqui vamos ter de perguntar: “ O agente
teria praticado a ação se soubesse que a morte de B ocorreria?” Se a resposta for
positiva teremos dolo eventual, se a resposta for negativa, teremos negligencia consciente. Ou
seja, no fundo é saber se o agente atuaria tendo a noção de que o resultado se
produziria.
Estas fórmulas não tiveram muito sucesso porque não eram muito operativas e é difícil
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demonstrar no caso concreto se eles tendo noção que o resultado se produziam atuavam ou
não. Sendo criadas então outras posições:
—> PROFESSOR FD: Será analisada a seriedade do risco, se o risco for
sério, considerado como um risco elevado e for incluido na decisão do agente
haverá dolo eventual. No fundo a posição do professor está vinculada à seriedade do
risco, não havendo risco sério há apenas uma situação de negligencia consciente. O
PROFESSOR FD NÃO COLOCA A IDEIA DA CONFIANÇA
—> PROFESSOR ROXIN: O autor vem dizer que o agente é em principio livre para
atuar ou não. A ideia principal tem relação com o agente confiar na base
normativa na não produção do resultado, ou se, pelo contrário, ele decide pela
lesão do BJ. Ele tem a opção de atuar ou não e de lesar o bem jurídico ou não. Quando ele
representa esta possibilidade de lesar e atua, estamos diante de uma situação de DOLO
EVENTUAL, por outro lado se o agente atua mas não inclui a possibilidade de lesar o bem
jurídico há negligencia consciente. No fundo, eu vou ter que falar “ se o agente confiou na
não produção do resultado, através da base normativa, eu teria uma situação
de negligência consciente. Por outro lado, se o agente confiou e representou a
lesão do BJ eu terei uma situação de dolo eventual”
—> PROFESSORA MFP: A professora fala no critério da sobrevalorização dos
interesses do agente em detrimento da proteção do bem jurídico significa dizer
que o agente realizou uma ponderação entre praticar a ação ou não e sabia que ao praticar
tal ação iria por em causa o BJ. Contudo, mesmo sabendo disso, preferiu dar primazia à
realização do facto, sobrepondo então o seu interesse à valorização do BJ.
- 3 indícios que ajudam ( só vejo esses indícios depois de falar das posições dos prof)
1) O grau da probabilidade de produção do risco. Quanto mais elevado for o
risco, maior a probabilidade!
2) Se o agente tomou medidas para evitar a produção do resultado típico. Aqui
basta falar de medidas preventivas ou não
3) Contexto motivacional do agente.
—> Chegando aqui, devo dizer: “ponderado todas as posições doutrinárias e os 3
indícios, podemos concluir que estamos perante uma negligencia consciente/ dolo eventual”
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Esquema ilicitude
Causa de exclusão da ilicitude:
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combinar, não ha uma agressao ilicita ou actual – mas já há um certo movimento, uma
preparação avançada – e portanto, é necessario fazer algo, supondo que nao é possivel
recorrer à polícia. E nessa situação, o dono do hostel tranca o quarto dos membros do bando.
É uma situação de legitima defesa preventiva.
- FD e maioria da doutrina: não deve ser entendida a possibilidade de LD nesses
casos, porque alarga em demasia o conceito de atualidade e pode trazer consequências
nefastas de legitimar formas privadas de defesa em substituição da atuação das autoridades
competentes.
» Pode se exercer LD contra condutas perigosas levadas a cabo com a
diligência e o cuidado devidos, mas de onde resulta todavia uma lesão ou um risco
iminente de lesão de bens jurídicos?
FD: Não! Estamos a falar de casos em que o autor não ultrapassou o limite do risco
juridicamente permitido de interesses juridicamente (não necessariamente jurídico-
penalmente) protegidos do agente OU terceiro.
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II. Agente pensa que a LD se configura de um modo diverso ou com limites diversos
dos estabelecidos legalmente. É um erro sobre as valorações vigentes, é um erro moral
no Direito e não um erro intelectual. Aqui o que é afetado é a culpa, podendo ser excluída,
caso não seja censurável – art. 17° CP. Nessas situações vamos estar diante de uma conduta
axiologicamente relevante.
Os resultado da aplicação dos art. 16/2º e 17º do CP, como já se referiu assim
bem diversos, no primeiro erro (correspondente à chamada legítima defesa putativa) é logo à
partida excluída a possibilidade de punição por crime doloso. No segundo erro essa
possibilidade mantém-se, o facto doloso verifica-se (isto é verifica-se o objeto da
proibição correspondente ao crime doloso) mas a censura da pessoa do agente pelo facto
legalmente proibido pode ser excluída ou atenuada em função de considerações de
censurabilidade pessoal.
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termos análogos aos do excesso previsto no art. 33/1 e 2 do CP, podendo ser
excluída ou atenuada a sua responsabilidade. Quando tiver os dois (excesso e erro) eu vou ter
que analisar separadamente cada um e chegar a uma conclusão.
Regime do erro: exclui se o dolo da culpa (16/2)
Regime do excesso:
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PROFESSORA: MFP
A linha é muito tenue e não é suficiente definir a conduta como neutra ou relevante. Se
eu sou um técnico, por exemplo: tenho várias boates e tenho de ter uma licença que não
obtive e isto configura como um crime, a minha pessoa em si tem um dever de informação,
sobre aquela licença. Não posso dizer que é um erro do 16, mas sim do 17. Não é só ser
axiologicamente neutra/ relevante, a MFP acrescenta requisitos, como critérios técnicos e
específicos em que o agente teria de saber, a partir destes minha conduta não pode ser
simplesmente neutra.
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Os seus requisitos: ( aqui vamos olhar para cada alínea do 34 + o meio adequado )
- Alinea A: “a provocação do perigo” aqui vamos analisar se a situação foi
intencionalmente provocada pelo agente. Caso tenha sito intencionalmente provocada pelo
agente ele não poderá se aproveitar do Estado de necessidade (tenha sido premetidatamente
criou a situação para poder usar o EN). Exceção: quando se tratar de uma situação de
proteção de terceiros, mesmo que tenha sido criado intencionalmente pelo agente, porque
seria inadmissível terceiros suportarem tais situações!
- Alinea B: Sensível superioridade de interesse: aqui vai estar em causa o
principio do interesse preponderante, tem que ter em conta a coerência global das
expectativas da ordem jurídica. Estamos diante de um critério qualitativo e tem de
ser apreensivo por qualquer destinatário, sendo evidente que um homem medio
colocado naquela situação entenderia qual bem jurídico prevalece!
- Alinea C: Ser um sacrificio razoável: não posso impor a um terceiro um
sacrifício desproporcional, que não seria expectável que a comunidade teria de suportar. Se
é exigível que o lesado sofra tal privação face o interesse jurídico a ser protegido.
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- Adequação do meio: tenho que aferir se o meio utilizado era o menos lesivo, menos
gravoso e ainda assim conseguir cumprir afastar o perigo. Não pode ser um meio
totalmente nefasto e desproporcional.
(JCL)
§ Conflito de deveres;
Prof. MFP: quanto ao art. 36º CP : existe o regime jurídico do conflito de deveres:
existem situações em que existe um conflito de interesses de igual valor se põe: e se forem
de igual importância os valores: quando uma pessoa tem o dever de salvar 2 pessoas o
dever que recai sobre o médico relativamente ao agente é o mesmo: o conflito de deveres
que são de igual valor: como aplicamos a fórmula de ponderação de valores neste caso?
—> O que torna justificável esta situação é a inexigbilidade absoluta. O direito procura que
pelo menos um seja protegido – isto é uma ponderação de valores.
Há uma boa solução do caso que o Direito propõe: perante situação de conflito de bens de
principal de valor: o médico decide cumprir um deles: é uma ideia da diminuição do mal:
desde que um dos deveres seja cumprido: está resolvido o problema?
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O art. 36º CP manifesta-se como causa de exclusão da ilicitude se um dos deveres foi
satisfeito: a escolha não é tida pelo Direito: a pessoa decidirá qual das vítimas ou deveres
cumpre: o que é ditado pelo Direito e nomeadamente por este regime é o seguinte: tão só a
minimização da lesão de bens jurídicos: um deles tem de ser cumprido ou protegido para
o mau maior não se cumprir e nenhum dos deveres seja evitado: é uma ponderação entre a
possibilidade de um dos deveres ser satisfeito e um outro não: este regime pressupõe
que o agente não consiga satisfazer os dois deveres. O direito procura que um dos bens seja
protegido: e isto é uma ponderação de valores: neste caso não há ilícito.
§ Situação entre o dever de ação ou omissão: saber se ele pode para evitar que um dos
comboios colida – ele pode mudar a linha de comboio para minimizar os danos? Neste
ponto o art. 36º CP IMPEDE ( e a lógica subjacente) -nos , este argumento não é
aceitável no direito português: se fosse consagrado uma lógica deste tipo: esta decisão
estaria em confronto com a CRP: por causa da DPH: o problema é provocar a lesão da
vida de alguém: este dever de omitir é um dever mais vinculativo, mais forte do que o
dever de agir: porque não se entendendo assim: admitindo a instrumentalização de vidas
em detrimento de outras: isto não é uma situação de conflitos de deveres de igual valor:
enquanto deveres, estes deveres não são de igual valor: é sempre superior ao dever de agir,
o dever de omissão neste caso: no Direito de necessidade resolvia-se pela alínea b).
COFLITO DE DEVERES: ou são os dois de ação, ou são os dois de omissão – impedindo a
instrumentalização da PESSOA humana: também há uma outra questão: dever de
obediência – art. 36/2º CRP.
(DNB)
O fundamento
- Está em causa a impossibilidade fáctica de ser exigível a realização
simultânea de 2 deveres de igual valor . O próprio Direito não pode dar a indicação
ao agente sobre qual o dever que deve cumprir, pois reconhece igual valor aos deveres,
deixando assim um espaço de livre decisão do agente na escolha do dever que deve cumprir
É parecido com o estado de necessidade, então por que eu autonomizo? É que no
conflito de deveres não vamos estar a falar de direitos, mas sim de deveres específicos, o que
justifica tal formulação
Diferencia-se do estado de necessidade em 2 aspectos:
—> estar em causa o confronto entre deveres e não diretamente entre interesses, bens
ou valores
—> a possibilidade de existir igualdade de valor entre os deveres conflitantes, em
contrastante com a sensível superioridade exigida ao estado de necessidade. A solução de
um conflito de deveres não poderá ser baseada num mero critério de importância dos BJ
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O consentimento do ofendido é uma figura que pode surgir com três formas:
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Pressupostos:
(i) Existência de bens jurídicos livremente disponíveis -
(ii) Idade superior a 16 anos e discernimento necessário de quem consente;
(iii) Não ofensa aos bons costumes pelo facto consentido (não pelo próprio
consentimento) – para a ofensa à integridade física » 149º CP
Requisitos:
1. Consentimento expresso, por qualquer meio que traduza vontade séria, livre e
esclarecida;
2. Elemento subjetivo » Conhecimento do Consentimento – art. 38º/4. Só
explicitamente neste casos é que o legislador previu as consequências de um comportamento
objetivamente congruente com a conduta descrita como causa de justificação, mas
subjetivamente compreendido pelo agente como sendo uma conduta típica. ➢ Ex: agente
subtrai vestido à suposta vítima, sua colega de quarto, desconhecendo que a vítima teria
comunicado à empregada doméstica de ambos que a agente poderia ficar com ele para si.
. Punição a título de tentativa significa que a lei penal entende que, apesar da
autonomia e liberdade de disposição dos interesses da vítima não ter sido posta em causa, o
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agente revelou com objetividade uma vontade de interferir na esfera de liberdade da vítima
que consubstancia já um ilícito penal.
• Punição por tentativa significa o reconhecimento de desvalor de ação, na perspetiva de
uma ação objetiva orientada para a violação de normas e deveres de não interferência nos
bens alheios que não se concretiza numa lesão efetiva, apenas, por força do consentimento
prestado pela vítima, mas não conhecido do agente.
o É difícil afirmar que houve perigo para o bem jurídico pois a autonomia da vítima
não foi afetada de todo.
o É ainda, no entanto, a proteção assegurada pelo Direito ao bem jurídico afetado que
justifica a manutenção do ilícito e respetiva punibilidade.
OBS.: Quando não for expresso o consentimento » Há aqui uma figura que
vem do 39º - o consentimento presumido. » Esta figura aplica-se quando, no momento
em que o agente atua, era de considerar que, caso a vítima tivesse conhecimento do facto,
daria o seu consentimento.
Exemplo: imagine-se que uma pessoa entra de urgência no hospital e, para lhe salvar a
vida, é preciso cortar-lhe a perna. Em princípio, podemos aqui falar em consentimento
presumido. Se a pessoa estivesse ciente do que se estava a passar, daria o seu consentimento (a
não ser que o médico soubesse que não daria).
Nota: e se a pessoa depois vem dizer que não daria o seu consentimento? O que
interessa é a vontade hipotética no momento. E se o paciente fosse uma bailarina profissional
que disse que prefere morrer a deixar de dançar? Há um problema de conflito de deveres.
Qual é o dever de valor superior? Como é que respeitamos mais a dignidade da pessoa? É
discutível. E se, por questões religiosas, a pessoa não faz transfusões? O médico não pode
presumir o consentimento se a pessoa for uma testemunha de Jeová. O médico tem de
respeitar a vontade presumida. Se não souber que a pessoa é uma testemunha de Jeová, então
está em erro.
ESQUEMAS- PENAL II 28
GIOVANNA LACERDA
Culpa
A tipicidade e ilicitude do facto, é necessário poder se afirmar a culpabilidade do agente
(juízo de censurabilidade pessoal dirigida ao agente )para que determinado facto
seja qualificado como crime
Concessões normativistas de culpa:
A forma como os diferentes autores constroem as suas argumentações é decisiva sob o
ponto de vista da verificação em face dos comportamentos concretos, da liberdade e da
capacidade efetivas de motivação pela norma:
Maioria da doutrina penal ( incluindo FD): a culpa exprime as qualidades juridicamente
desvaliosas da personalidade e que são manifestadas no facto típico e ilícito. Deste modo, os
autor dispensa a produção da prova acerca da liberdade concreta do agente , dado que a
liberdade é algo pressuposto ao ser humano, algo constitutivo do ser humano que se
manifesta no seu comportamento. A esta possibilidade do Homem construir a sua própria
obra, fruto da liberdade, nos revela que o homem é responsável pelas suas ações e tem a
liberdade por natureza inerente às suas tomadas de decisões. Neste sentido não teremos que
discutir em face dos comportamentos concretos , se as pessoas são livres no momento da
prática do facto, antes devendo esta culpa ser pressuposto com base na ideia de liberdade-
responsabilidade, apenas sendo excluída em face da verificação de circunstâncias exteriores
que realçam o conceito de inexigibilidade
MFP: estas argumentações não são aceitáveis, pois ao momento das possibilidades em
abstrato do agente, enquanto ser em desenvolvimento, deve se distinguir um outro momento
das possibilidades efetivas e concretas. Isto é, o facto da liberdade ser inerente ao conceito de
pessoa, não quer dizer que em certas circunstâncias não tenham existidos obstáculos
inultrapassáveis a que essas possibilidades de motivação da norma não se tenham
desenvolvido
Por isso a motivabilidade pela norma resulta de uma triple conformação da
liberdade
1. Liberdade da vontade experimentada na açao . Significa dizer que eu quero e
desejo aquilo). Tenho que ter uma experiência psicológica da vontade.
2. Liberdade de se ser quem se é ( reconhecimento e consciência de si mesmo,
da identidade pessoal, expressão do domínio da pessoa sobre o mundo)
ESQUEMAS- PENAL II 29
GIOVANNA LACERDA
1. Relevância de um sistema ético- afetivo para alem dos valores jurídicos abstratos,
que privilegia as ligações imediatas ao projeto existencial ( sentimentos de protecção dos
próximos e de si mesmo perante ameaças à sobrevivência, mas que ainda são próprias de
uma pessoa eticamente dialogante e cooperante).
2. Relevância de razoes de oportunidade no acesso a valores na situação concreta e
no desenvolvimento da identidade pessoal. Ex: quem realmente esta afastado da rede
social, ou numa cultura conflituante com a do direito, e se não tiver razoes de acesso
objetivas nem emocionais para desenvolver em si o reconhecimento e a motivação pelos
valores do direito, pode em certas circunstâncias ver a sua responsabilidade por culpa
atenuada ou em situações extremas eliminada
Dito isto, a professora aceita um princípio geral de desculpa tendo por base este duplo
fundamento
ESQUEMAS- PENAL II 30
GIOVANNA LACERDA
Situação do erro sobre a ilicitude – artigo 17º erro sobre as valorações vigentes no
Direito
Critério da retitude da consciência errónea como critério da não censurabilidade pela
falta de consciência do ilícito : cumpre perceber se o erro em que incorre o agente e que esta
na base da ação fundamenta ou não uma atitude juridicamente desvaliosa. Consciência é
errónea porque está em erro sobre a ilicitude do facto, mas é reta porque ainda
tem produção no nosso sistema
Critérios:
1. A questão da ilicitude não pode ser evidente( ou , seja há de ter duvidas sobre a
ilicitude do facto)
2.O que motiva o agente na sua consciência, tem ainda relevância jurídica, na medida
em que visa a proteção de bens jurídicos tutelados ou a sua conduta ainda revela alguma
coincidência com os valores do direito penal
3.O agente tem que se ter motivado pelo ponto de vista anterior
—> Cumprido, os sus requisitos, esse erro não é censurável , excluindo se a culpa (17
nº1). Caso contrario 17 nº2 o agente é punido com a pena aplicável ao crime doloso respetivo
, a qual pode ou não ser especialmente atenuado
ESQUEMAS- PENAL II 31
GIOVANNA LACERDA
Artigo 20 nº1- situações em que o agente não tem compreensão do facto ou tem
conhecimento bastante de facto mas não tem a liberdade devida para se determinar pelo
facto( cabendo no artigo 33 nº2, 35 ou 37º)
20 nº2- casos de imputabilidade diminuída. Consequências:
• MFP- a uma diminuição da capacidade corresponde uma diminuição da culpa e
portanto a uma obrigatória atenuação da pena;
• FD- a sua não capacidade de compreensão e culpa diminuída faz precisamente com
que este agente seja algo perigoso para a comunidade e exige por isso uma reação criminal
mais forte e em regra mais longa. Solução: aplicar-se-ia uma pena atenuada à culpa do
facto mas acompanhada de uma medida de segurança que obviasse à sua especial
perigosidade
• 20 nº3- remete para o 20 nº2
• 20 nº4- actio libera in causa, o agente colocou w culposamente no estado de
inimputabilidade, logo não deve ser excluída a imputabilidade
ESQUEMAS- PENAL II 32