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FDUL – 2022-2023 – DIREITO DO TRABALHO II – 4.

º ANO – TAN – SUBTURMAS 2 e 3 – Isabel Vieira Borges – 03-2023

Hipóteses 5
(Local de Trabalho: determinação; o princípio da inamovibilidade; mobilidade geográfica do trabalhador)

1) A empresa MM, de construção civil, com escritórios no centro de Lisboa e várias obras no território nacional (com
estaleiros temporários sem secretariado), contratou Cátia como secretária, acordando, v.g, no seguinte.:
a) “O local de trabalho corresponde a Portugal, incluindo todas as instalações da empresa, atuais e futuras.”

b) “O local de trabalho pode ser alterado, mesmo com prejuízo sério da trabalhadora, desde que exista necessidade
de serviço, a alteração dure até 6 meses e até 60km da residência da trabalhadora”.

2. Apesar do teor do seu contrato, durante os 5 anos de vigência deste, Cátia, que recusou ser delegada sindical, sempre
trabalhou nos escritórios de Lisboa, únicas instalações de MM onde existe secretariado.

3. Com a mudança dos escritórios para o Porto, MM deu ordens para Cátia se apresentar no Porto daí a 3 meses.

4. Tal como constava da fundamentação da ordem escrita, a mudança era um projeto de MM que seria experimentado
durante um ano, findo o qual, caso não funcionasse, os escritórios regressariam a Lisboa.

5. Cátia invocou e comprovou as consequências negativas da sua ida para o Porto (era estudante da FDUL; vivia com
família; o custo de vida iria aumentar muito) e pretendeu opor-se à mudança dos escritórios para o Porto.

6. MM invocou existir uma CCT aplicável que permitia qualquer alteração do local de trabalho desde que a empresa
pagasse o acréscimo de despesas.
FDUL – 2022-2023 – DIREITO DO TRABALHO II – 4.º ANO – TAN – SUBTURMAS 2 e 3 – Isabel Vieira Borges – 03-2023

7. Aconselhada pelo advogado, MM revogou a ordem anterior e emitiu uma nova ordem de mudança, esta motivada
pelo projeto de 6 meses e incluindo o pagamento da renda de um apartamento perto do novo local de trabalho.

8. Antes da mudança para o Porto, MM mudou Cátia e todas as secretárias dos escritórios de Lisboa, do piso 7.º onde
tinham uma ótima vista para a cidade, para o piso 0, onde as janelas davam para uma rua estreita e ruidosa.

9. MM exigiu que Cátia viajasse para o Funchal durante 1 mês, para participar numa conferência em representação da
empresa, com tudo pago, mas Cátia recusou invocando não ter mais ninguém para cuidar do pai doente.

10. Entretanto, Nora, vítima de violência doméstica por parte do marido, colega de trabalho, pede a MM para ser
transferida para o Porto, mas MM não tem um posto de trabalho compatível para Nora naquela cidade.

A resolver em aula.
Abrange a seguinte matéria do programa:
§ 4º - O local de trabalho
1. Determinação e relevância do local de trabalho; o princípio da inamovibilidade
2. A mobilidade geográfica do trabalhador
2.1. Mudança transitória e a mudança definitiva do local de trabalho
2.2. Mudança do estabelecimento

Não esquecer as seguintes situações e figuras jurídicas:


• Definição do local de trabalho do trabalhador (artigo 193.º).
• Poderes unilaterais de o empregador mudar o local de trabalho (artigos 194.º e 196.º), ou transferências.
• Transferências coletivas (artigo 194.º, n.º 1, al. a))
• Transferências individuais (artigo 194.º, n.º 1, al. b))
• Transferências definitivas (artigo 194.º, n.º 3, a contrario, n.º 4, início; n.º 5)
• Transferências temporárias (artigo 194.º, n.º 3, n.º 4, in fine)
• Direito de o trabalhador mudar de local de trabalho (artigo 195.º).
• Cláusulas de alargamento dos poderes de o empregador mudar o local de trabalho (artigo 194.º, n.º 2, n.º 6).
• Acordo de alteração do local de trabalho (nos termos gerais)

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