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IJMV & ASSOCIADOS

EXMO SENHOR JUIZ DO


TRIBUNAL JUDICIAL DA
COMARCA DE PORTO
JUÍZO LOCAL CÍVEL DE PORTO

ANTÓNIO FELISMINO MOREIRA, solteiro, maior, residente na Rua de


Cedofeita, nº45, 4580-460 em Lousada, portador do cartão de cidadão nº 12714229 e NIF
201 947 839, vem intentar

AÇÃO DECLARATIVA DE CONDENAÇÃO EM PROCESSO COMUM

contra

OBRAS-PRIMAS DO MANEL E DO JOAQUIM, LDA, sociedade comercial


por quotas, Ré nos presentes autos, com sede na Avenida D. Manuel I, nº 1300, 4000-270
Porto, NIPC 566666666.

Nos termos e com os fundamentos seguintes:

I. DA MATÉRIA FACTUAL

1. O Autor é proprietário de uma moradia tipo V2 sito na Rua de Cedofeita, nº45, 4620-
031 Lousada, inscrita na respetiva matriz sob o artigo 8076, estando o mesmo imóvel
descrito na conservatória do registo predial de Lousada, sob o nº 5762 do livro C-19
(cfr. Docs. 1 a 3, que se juntam e se dão por integralmente reproduzidos para os efeitos
legais).

2. A morada supra descrita é a sua habitação própria e permanente.

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3. No pretérito dia 25 de Julho de 2023, o Autor celebrou com a Ré um contrato de
prestação de serviços, especificamente um contrato de empreitada, nos termos do art.
1207º CC.

4. Aquando da celebração do contrato, ficou acordado que a Ré se obrigava à reparação


do telhado da habitação própria e permanente do Autor, durante o mês de Agosto de
2023, mediante o pagamento de 4.800,00€ (quatro mil e oitocentos euros), de modo
a extinguir as humidades existentes nas três divisões norte da moradia.

5. A Ré iniciou as respetivas obras de reparação a 05 de Agosto de 2022, tendo


finalizado a 20 de Agosto do mesmo ano.

6. No mesmo dia, o Autor, após ter verificado o telhado e, aparentemente, estar


conforme o acordado, procedeu ao pagamento do montante fixado por transferência
bancária para a conta bancária da Ré, cujo NIB é PT50 0000 0000 0000 0000 – cfr.
Doc. 4, que se junta e se dá por integralmente reproduzido para os devidos efeitos
legais.

7. Durante o mês de Agosto e Setembro o Autor não detetou qualquer defeito ou


anomalia na obra realizada, uma vez que não se registou qualquer tipo de precipitação.

8. Todavia, no dia 05 de Outubro de 2023, perante as primeiras chuvas de outono, o


Autor constatou que o telhado não se encontrava suficientemente isolado, o que
permitiu a entrada de água em todas as divisões da casa.

9. Perante esta inusitada situação, o Autor contactou via telefone o responsável pela
realização da obra, também gerente da sociedade Ré, o Sr. Manel Pinto.

10. Tendo-o informado do cenário com que se deparava na sua habitação, o Autor não
obteve qualquer resolução imediata do problema.

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11. Não obstante, a Ré comprometeu-se a encontrar uma solução no prazo máximo de 5
dias.

12. No dia 08 de Outubro do mesmo ano, o engenheiro civil Serôdio Silva, funcionário
da Ré, dirigiu-se ao imóvel do Autor, e, após verificação do telhado, alegou que os
danos não seriam da responsabilidade da sociedade, mas antes de Eustáquio Silva,
jardineiro do Autor, que havia procedido à limpeza das caleiras.

13. Facto esse curioso, já que Eustáquio Silva não havia prestado qualquer tipo de serviço
na moradia do Autor, desde a data de celebração do contrato de empreitada.

14. Não tendo mais notícias da Ré, o autor efetuou várias chamadas telefónicas para o
número do Sr. Manel Pinto, 910 000 000, bem como para o número da sociedade
222 222 222, não tendo obtido qualquer resposta.

15. Nestes termos, e perante o aumento significativo de chuvas que agonizavam os


estragos na mobília do imóvel, a 15 de Outubro de 2022, o Autor interpelou a Ré para
a reparação da obra, no prazo razoável de 10 dias, por carta registada com aviso de
receção (cfr. Doc. 5, que se junta e se dá por integralmente reproduzido para os
devidos efeitos legais).

16. A missiva RU23422442PT foi entregue a Manel Pinto no dia 16 de Outubro de 2022.

17. Agindo cautelosamente, o Autor procedeu à retirada dos móveis que estariam a ser
danificados da sua habitação, transferindo-os para a garagem da mesma habitação,
evitando o seu deterioramento.

18. A inércia por parte da Ré manteve-se, obrigando o Autor a recorrer a uma outra
empresa de construção, “Júlio Constrói, Lda”, no dia 27/10/2022, de modo a proceder
à reparação efetiva e integral do telhado (cfr. Doc. 6, que se junta e se dá por
integralmente reproduzido para os devidos efeitos legais).

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19. A tarefa implicou a remoção de todo o trabalho efetuado pela sociedade Ré, bem como
a colocação de materiais mais resistente, já que se constatou que os que haviam sido
utilizados não seriam os mais adequados à finalidade da obra.

20. Tal consubstanciou-se num montante total de 5.000,00€ (cinco mil euros).

21. O Autor, no período de tempo compreendido entre o dia em que se verificaram os


primeiros danos, i.e., 05 de outubro de 2022, e o dia em que terminaram efetivamente
as obras de reparação, 07 de novembro de 2022, passou a habitar com o seu irmão
Rui Moreira.

22. A habitação de Rui Moreira, irmão do Autor, situa-se na Rua Nossa Sr. De Fátima, nº
68, 4585-020 Paredes.

23. Tratando-se de conselho diferente do qual o Autor habitava e trabalhava, os custos de


deslocação, bem como o tempo despendido entre viagens, aumentaram
significativamente, já que toda a sua rotina se encontrava no conselho de Lousada.

1. DA MATÉRIA DE DIREITO:

A- DO CONTRATO DE EMPREITADA

24. O Autor e a Ré celebraram um contrato de empreitada, previsto nos arts. 1207.º e ss


do CC, que através do qual o segundo se obriga em relação à primeira a realizar uma
certa obra - a reparação do telhado, mediante um preço, conforme descrito nos pontos
3 e 4.

25. Nos termos do art. 1218.º do CC, “O dono da obra deve verificar, antes de a aceitar,
se ela se encontra nas condições convencionadas e sem vícios”.

26. De facto, o Autor, em agosto de 2022, momento em que a obra foi realizada, verificou
que se encontrava nas condições convencionadas,

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27. no entanto, tratando-se da reparação de um telhado parece válido que as condições
convencionadas apenas possam ser realmente verificadas aquando do início da
precipitação, o que se verificou em outubro do mesmo ano.

28. No mesmo dia da ocorrência, dia 5 de outubro de 2022, o Autor denunciou à Ré os


defeitos da obra, tendo sido respeitado o prazo legal previsto no art. 1220.º, n. º1 do
CC, que obriga o dano da obra a denunciar os defeitos ao empreiteiro nos 30 dias
seguintes ao seu descobrimento.

29. Assim, de acordo com os arts. 1221.º do CC, o Autor, como dono de obra, pode exigir
que os defeitos sejam eliminados e, caso tal eliminação não seja possível, pode exigir
nova construção.

30. Não sendo eliminados os defeitos ou construída de novo a obra, à luz do art. 1222.º
do CC, pode o Autor exigir a redução do preço ou a resolução do contrato, na medida
em que os defeitos tornem a obra inadequada ao fim a que se destina.

A este propósito,

31. O Tribunal da Relação do Porto, em Acórdão de 8 de junho de 2022, Processo n.º


7859/21.6YIPRT.P1, Relator Judite Pires, disponível em www.dgsi.pt, considerou
que “O empreiteiro deve realizar a obra em conformidade com o que foi
convencionado ou projetado e sem vícios que excluam ou reduzam o seu valor, ou a
sua aptidão para o uso ordinário ou contratualmente previsto”.

32. Neste sentido, a finalidade do Autor, como descrito nos pontos 4 e 24, não foi
cumprida, não tendo a Ré realizado a obra em conformidade com o que as partes
tinham convencionado, já que não isolou o telhado da forma como tinha sido
acordado.

33. Contudo, com a realização da obra não só o seu objetivo se viu completamente
frustrado, como se verificou um cenário muito mais degradante do que aquele em que
a habitação se encontrava antes da obra.

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34. O douto Acórdão continua “Apresentando a obra vícios que a afetem, o dono da obra
poderá exigir do empreiteiro a reparação dos defeitos, ou a realização de uma obra
nova no caso de não ser possível eliminá-los, e caso não seja possível uma ou outra
solução, ou recusando-as o empreiteiro, poderá obter a edução do preço ou a
resolução do contrato”.

35. Todavia, o exercício destes direitos não pode fazer-se de forma aleatória ou
discricionário.

36. Com efeito, o Autor terá o direito a exigir a reparação da obra pela Ré, e, no caso de
recusa por parte desta, a título subsidiário, a restituição do valor já pago, acrescido de
juros, contados desde a data de 10 de outubro de 2022.

37. Na verdade, não obstante o primeiro contacto telefónico do Autor à Ré ter sido
efetuado com sucesso, como descrito supra no ponto 9, os contactos posteriores não
foram bem-sucedido, não tendo o Autor conseguido obter qualquer tipo de resposta
da Ré.

38. Tal significa que o Autor respeitou a ordem que o legislador estabeleceu, uma vez que
exigiu, no dia da ocorrência, a reparação do telhado, vindo, no presente, exigir a
restituição do valor já pago.

39. Posto isto, a jurisprudência tem entendido que “não será necessário estabelecer
qualquer prazo para o cumprimento da obrigação de eliminação de defeitos, se o
empreiteiro desde logo se recusar perentoriamente a efetuar os respetivos trabalhos,
considerando-se então definitivamente incumprida a obrigação” (cfr. Ac. do
Tribunal da Relação do Porto, de 8 de junho de 2022, Processo n.º
7859/21.6YIPRT.P1, Relator Judite Pires, disponível em www.dgsi.pt).

40. A não obtenção de resposta, de forma deliberada e irresponsável, por parte da Ré


permite-nos concluir que recusou, de forma clara, a reparação da obra,

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41. uma vez que, no decorrer do primeiro contacto telefónico, a Ré obrigou-se a
encontrar uma solução no prazo de 5 dias, o que não o fez e, além disso, recusou-se a
manter qualquer tipo de contacto com o Autor.

42. Não obstante a falta de necessidade de estabelecer um prazo razoável para a reparação
por parte do empreiteiro, no dia 15 de Outubro de 2023, a Autora interpelou-o,
mediante carta registada com aviso de receção, de que teria 10 dias para reparar a
obra.

43. Este é um prazo razoável, visto ser o estabelecido pelo legislador como o prazo geral
supletivo, nos termos do art. 29.º do CPC.

44. Além disso, em conformidade com o descrito no ponto 5, a primeira reparação do


telhado pela Ré foi feita no prazo de 15 dias (do dia 5 ao dia 20 de Outubro),
considerando-se razoável que a eliminação dos defeitos desta reparação possa ser feita
em prazo inferior a esse, sendo suficiente 10 dias para o efeito.

45. Em consequência do insucesso dos contactos, o Autor contratou, no dia 27 de outubro,


outra empresa, a “Júlio Constrói, Lda”, para realizar uma nova reparação do telhado,
para que fosse possível habitar na casa que sofreu os danos.

46. À luz do Ac. do Supremo Tribunal de Justiça, de 7 de dezembro de 2005, Processo


n.º 05ª3423, Relator Azevedo Ramos, disponível em www.dgsi.pt, “Em casos de
manifesta urgência, é admissível que o credor, diretamente e sem intervenção dos
tribunais, proceda à eliminação dos defeitos, exigindo depois as respetivas despesas
ao devedor”.

47. Estando em causa a habitação permanente do Autor, parece-nos que a situação reveste
a manifesta urgência exigida, ficando este possibilitado a recorrer a outro empreiteiro,
de modo a reparar o telhado.

48. Se assim não se entendesse, os danos patrimoniais sofridos pelo Autor teriam um
valor muito superior àquele que, efetivamente, se verificaram.

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B – DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL

49. Além disso, de acordo com Ac. do Supremo Tribunal de Justiça, de 7 de dezembro de
2005, Processo n.º 05ª3423, Relator Azevedo Ramos, disponível em www.dgsi.pt, “O
exercício dos direitos conferidos pelos arts. 1221.º e 122.º do CC não exclui o direito
a ser indemnizado nos termos gerais”.

Destarte,

50. A sociedade contratada incorreu em responsabilidade civil contratual, que resulta do


não cumprimento, lato sensu, dos deveres relativos próprios das obrigações
contratuais.

51. Para efeito de imputação de responsabilidade civil contratual à Ré, esta


responsabilidade pressupõe a existência de uma relação inter-subjetiva, que atribui ao
Autor um direito à prestação, surgindo como consequência da violação de um dever
decorrente dessa mesma relação.

52. A celebração do contrato de empreitada revela a existência de uma relação contratual


entre as partes, incorrendo em responsabilidade civil contratual aquela que incumprir
com aquilo a que se obrigou.

53. O direito de indemnização fundada na responsabilidade civil contratual tem como


pressupostos (1) a verificação de um facto voluntário, (2) da ilicitude, (3) da culpa,
que se presume, (4) de um dano e (5) de um nexo de causalidade entre facto e dano.

54. Desde logo é necessária a verificação de um facto voluntário do agente, que não se
revela num mero facto natural causador de danos, significando, objetivamente, que o
facto voluntário corresponde a um ato controlável ou dominável pela vontade do
agente.

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55. Após denúncia dos dados por parte da Autora à Ré e o comprometimento desta em
arranjar uma solução, a sociedade não voltou a restabelecer qualquer tipo de contacto,
para além de ter imputado a responsabilidade e os danos ao jardineiro, Eustáquio
Silva,

56. o que revela uma má-fé por parte da Ré, na medida em que, como explicado no ponto
13, o jardineiro não prestou serviços na moradia do Autor desde a data de celebração
do contrato de empreitada.

57. O incumprimento decorre de omissões da Ré, na medida em que existia o dever de


realizar a obra em conformidade com aquilo que tinha sido acordado e, em caso de
obra defeituosa, como é a que se verifica, o dever de a reparar.

58. Foram exatamente essas omissões que provocaram os danos sofridos na habitação,

59. pois, no caso de a obra ter sido, desde logo, realizada em conformidade com aquilo
que tinha sido acordado pelas partes, nomeadamente no que as materiais a ser
utilizados diz respeito, o isolamento do telhado não teria permitido a infiltração da
água, tendo os danos sido evitados.

C - DOS DANOS PATRIMONIAIS

60. O Ac. do Supremo Tribunal de Justiça, de 4 de dezembro de 2003, Processo n.º


03B3030, Relator Oliveira Barros, disponível em www.dgsi.pt, determina que
“Constitui dano indemnizável toda a perda, prejuízo ou desvantagem resultante da
ofensa de bens ou interesses alheios protegidos pela ordem jurídica”.

Assim,

61. O Autor, como explicado no ponto 18, viu-se obrigado a contratar com um outro
empreiteiro, “Júlio Constrói, Lda”, contrato esse que foi celebrado sob o preço de
5.000€ (cinco mil euros).

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62. Tal valor não é desproporcionado, uma vez que o empreiteiro se viu obrigado a retirar
todo o telhado, uma vez que verificou danos irreparáveis, fazendo uma nova
colocação, de modo a reparar totalmente o telhado e a evitar que tais danos se
voltassem a verificar.

63. Além disso, conforme descrito supra no ponto 23, o Autor passou a residir na
habitação pertencente ao irmão, em Paredes, Conselho do Porto.

64. No entanto, o seu local de trabalho manteve-se em Lousada, verificando-se, nessa


medida, um aumento significativo dos custos de deslocação para o local de trabalho,
no valor de 200€ (duzentos euros) (cfr. Doc. 7, que aqui se junta e se dá por
integralmente reproduzido para os devidos efeitos legais).

65. Finalmente, devido aos defeitos verificados no telhado e em consequência das


condições meteorológicas no dia 5 de outubro, a mobília de todas as divisões da casa
sofreu danos, no valor de 20.000€ (vinte mil euros).

66. Em virtude desta ocorrência, de forma cautelosa, o Autor decidiu reunir toda a mobília
na sua garagem, de modo que os danos não fossem superiores àqueles que se
verificaram.

67. O Autor atuou, assim, de forma prudente, com vista a minimizar os danos sofridos.

D - DOS DANOS NÃO PATRIMONIAIS

68. No que concerne à indemnização, deve atender-se aos danos não patrimoniais que, de
acordo com a gravidade verificada, mereçam tutela do direito, nos termos do art. 496º
CC.

69. Recorrendo ao princípio da equidade e a todos os factos supra alegados, verifica-se


que a vida do autor sofreu grandes alterações em virtude da conduta dolosa levada a
cabo pela Ré.

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70. Como exposto nos pontos 21 a 23, o Autor viu a sua intimidade e liberdade serem
reprimidas, tendo sempre de conciliar a sua rotina com outra pessoa, com qual não
estava habituado a conviver.

71. Neste sentido, o Autor viveu grandes momentos de ansiedade e angústia, em virtude
da incerteza que se instaurou na sua vida.

72. O Autor, que outrora era uma pessoa bem-disposta e extrovertida, passou a ser uma
pessoa mal-disposta e introvertida.

73. A sua habitação própria e permanente que deveria ser um local de refúgio e conforto,
com boas memórias, acabou por se tornar num local de agonia.

74. Os móveis que outrora havia escolhido ou que lhe haviam sido oferecidos, alguns
deles com elevado valor sentimental e insubstituíveis, nomeadamente por se tratar de
prendas de entes já falecidos, foram destruídos.

75. Nestes termos, havendo uma ofensa a bens de caráter imaterial, insuscetíveis de
avaliação pecuniária, porque atinge bens que não integram efetivamente o património
do Autor lesado, temos de atender a uma valoração casuística, orientada por critérios
de equidade (art. 494º ex vi art. 496º, 1º parte do CC).

76. “A indemnização por danos não patrimoniais, a fixar por equidade, visa, além
compensar o dano sofrido, reprovar a conduta culposa do autor da lesão. Tal
compensação deve traduzir a ponderação da extensão e gravidade dos danos
causados, do grau de culpa do lesante, da situação económica deste e a do lesado e
das demais circunstâncias relevantes do caso (...)”, cfr Ac. Tribunal da Relação do
Porto, proc. nº 3924/18.5T8AVR.P1, cujo relator foi Eugénia Cunha, disponível em
http://www.dgsi.pt.

77. Assim, mostra-se adequada, necessária e proporcional a importância de 1.000,00€


(mil euros) para compensar os danos não patrimoniais sofridos pelo referido lesado,

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que, em consequência da defeituosa obra no telhado da sua habitação própria
permanente, viu-se dependente de outrem, com a liberdade restringida, e a intimidade
suprida, sofrendo um forte abalo mental.

Nestes termos e nos melhores de Direito que V.


Exª., doutamente suprirá, deve a presente ação
ser julgada procedente e ser a Ré, condenada no
pedido deduzido pelo Autor, correspondente ao
valor de € 31.200,00, a título de danos
patrimoniais, nos termos dos artigos 562.º e 566.º,
ambos do Código Civil e, acrescidos de juros de
mora no valor de € € 1234,32, bem como juros
vincendos desde a citação até integral e efetivo
pagamento e ao valor de € 1000, a título de danos
não patrimoniais sofridos pelo Autor, nos termos
do art. 496.º do Código Civil.

REQUERIMENTO PROBATÓRIO:

I. PROVA TESTEMUNHAL
António Felismino (a notificar)
Eustáquio Silva (a notificar)

II. PROVA DOCUMENTAL: 7 (sete) documentos.

VALOR: €33.500 (trinta e três mil euros e quinhentos euros)

JUNTA: Procuração Forense, DUC e comprovativo de pagamento.

As Advogadas,

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Inês Castro
Joana Campos
Márcia Durães
Vera Vale

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