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ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA

O presente Parecer abordará sobre o pagamento do Adicional de Transferência,


bem como assuntos relacionados à sua aplicação.

 PARECER

Devemos pontuar que o adicional de transferência vem regulamentado pelo Art.


469 da CLT.

“Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua


anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se
considerando transferência a que não acarretar necessariamente a
mudança do seu domicílio.
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados
que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como
condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de
real necessidade de serviço. (Redação dada pela Lei nº 6.203, de
17.4.1975)
§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento
em que trabalhar o empregado.
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir
o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não
obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado
a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por
cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade,
enquanto durar essa situação. (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.203, de
17.4.1975)”

Nos termos do referido artigo, bem como da posição majoritária do Tribunal


Superior do Trabalho, a primeira análise a ser feita é: O empregado está obrigado
a aceitar trabalhar em toda e qualquer região?

Isto porque, para que se afira a aplicação do tema, deve-se, primeiramente,


analisar o que cada um dos contratos de trabalho dispõe, de forma
individualizada.

Se um empregado foi contratado para trabalhar, por exemplo, no município de


São Paulo, e considerando que esta delimitação encontra-se no contrato de
trabalho, ele não estará obrigado a aceitar a determinação de sua empregadora
em prestar serviços em outra localidade.

Se o contrato não dispõe expressamente a “base de atuação” de seu trabalho,


entende-se que a base será aquela onde foi firmado o contrato.

Exemplificativamente: empregado contratado em Diadema, em hipótese na qual


o contrato é omisso em relação ao local da prestação de serviço. Nesse caso,
como o contrato foi firmado naquela localidade, subentende-se que o empregado
só está obrigado a laborar naquele município ou região metropolitana.

Feita essa consideração inicial e, analisando-a inversamente, para que o


empregado, seja “obrigado” a trabalhar em quaisquer outras localidades a
critério da Empresa, esta condição deve estar disposta em contrato individual de
trabalho ou ser implementada através de termo aditivo.

Exemplo de cláusula que dispõe a respeito dos serviços prestados em outras


localidades:

“Cláusula (...) - Fica acordado que o local de trabalho será no município


de subscrição do presente contrato.
No entanto, concorda o empregado que, se necessário, poderá também
desempenhar suas funções nas dependências da EMPREGADORA, bem
como em quaisquer outras localidades conforme determinações desta
última, em vista da necessidade do serviço.”

Reitere-se: se no contrato não há disposição regulamentando o trabalho em


outras “localidades”, o empregado poderá negar-se a assim proceder, bem como
pleitear “rescisão indireta do contrato de trabalho” caso seja forçado, com
fundamento no Art. 483 da CLT.

“Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e


pleitear a devida indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,
contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com
rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua
família, ato lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em
caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa,
de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou
rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais,
incompatíveis com a continuação do serviço.
§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa
individual, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a
rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas
indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do
processo.”

Isto porque, o § 1º do Artigo 469 da CLT prevê a existência da autorização ou


anuência do empregado em relação à transferência a ser efetivada, ou a
existência de cláusula contratual que especifique a possibilidade de transferência
do empregado para outra localidade a fim de ter-se como lícita.

“Art. 469 – (...)


§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados
que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como
condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de
real necessidade de serviço.”

Note que, pelo caput o Art. 469 da CLT, a regra é: a transferência é vedada.
“Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua
anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se
considerando transferência a que não acarretar necessariamente a
mudança do seu domicílio.”

Isto posto, o primeiro ponto a ser analisado pela empresa é a existência, ou não,
da previsão em contrato de trabalho.

TRANSFERÊNCIA

Mas o que seria efetivamente “transferência”?

Para uma correta compreensão, devemos diferenciar a “transferência” da


“remoção”.

A “remoção” é a mudança de local de prestação de serviços, desde que na


mesma base territorial para a qual foi contratado o empregado.

Isto porque, “alterações do local de trabalho” dentro do mesmo município ou


região metropolitana não são consideradas como transferência para os termos do
Art. 469 da CLT.

A doutrina especializada estabelece distinção entre remoção e transferência, na


medida em que, no caso da primeira, não subsiste a necessidade de mudança de
domicílio do empregado, embora possa haver mudança da localidade, o que
ocorre, com certa freqüência, em regiões metropolitanas de grandes cidades ou
cidades vizinhas.

Registre-se que, mesmo que não haja mudança de domicílio do empregado


removido por ato unilateral do empregador para local mais distante de sua
residência, terá direito a suplemento de valores correspondentes ao acréscimo
da despesa de transporte nos termos do que determina a Súmula 29 do C. TST,
que dispõe textualmente o que segue:

“29 – TRANSFERÊCIA – DESPESAS DE TRANSPORTE.


Empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para
local mais distante de sua residência, tem direito à suplemento
salarial correspondente ao acréscimo da despesa de transporte.”

Desta forma, subentende-se que a remoção do empregado possibilita o seu


retorno diário à sua residência, sem que haja qualquer necessidade de mudança
de residência ou domicílio, como ocorre nos casos de transferência de caráter
provisório ou definitivo.

Exemplificativamente:

1) Empregado contratado originariamente para trabalhar na Av. Paulista.


Posteriormente, a empresa lhe comunica que o local de trabalho será na
Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini. Esta mudança de local de trabalho
não será considerada “transferência” para fins de pagamento de adicional
ou mesmo negativa do empregado em aceitá-la.
2) Empregado que labora em São Paulo, porém é remetido à Brasília com a
finalidade de participar de reuniões durante dois dias;
3) Empregado que labora em São Paulo, porém é remetido a Recife para
participar de um Congresso durante uma semana e posteriormente
retornar.
Nos casos acima, não houve mudança de domicílio.

Mas saliente-se: essa mudança (remoção) não pode ocorrer com finalidades
discriminatórias ou como forma de “forçar” o empregado a pedir demissão.

Ultrapassada a questão da “remoção”, e retomando a análise da “transferência”,


pontuamos que não há normas dispondo a definição do termo “transferência”,
“definitivo” ou “provisório”, para os fins do Art. 469 da CLT. Dada a omissão
legal, a matéria comporta controvérsia.

Assim sendo, a Jurisprudência, caso a caso, passou a tecer considerações e


interpretações diversas.

Devemos pontuar que não recomendamos o tratamento e análise dos casos de


“transferência” de forma genérica, como uma regra em que se aplica em todo e
qualquer caso. Aqui, neste tema, deve a empresa analisar a casuística conforme
presente Parecer, e, surgindo-se dúvidas, estaremos à disposição para colaborar
com a elucidação do caso concreto.

Notem que o Art. 469 da CLT menciona que “(...) não se considerando
transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio.”

Por isto, é necessário delimitar o que é “domicílio” e “residência”.

O Código Civil, em seu Art. 70, assim pontua:

“Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a


sua residência com ânimo definitivo.”

Notem que o “domicílio”, conforme artigo supra, é o local em que a pessoa


estabelece sua residência com ânimo definitivo. Porém, para as pessoas que
possuem profissão (empregados, no caso), deverá ser analisada em conjunto
com o Art. 72 do Código Civil.

“Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações


concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos,
cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe
corresponderem.”

Portanto, pela leitura conjugada dos Artigos 70 e 72 do Código Civil, verifica-se


que para fins do direito do trabalho, domicílio é o local em que a pessoa reside,
assim como, todos os demais onde a profissão (o trabalho) é exercida.

E é justamente neste ponto que a Jurisprudência passa a não ser pacífica.

Demonstraremos três posições:

1) Há posições no sentido de que domicílio é todo e qualquer lugar onde o


empregado preste serviços à empresa, desde que ali ele se transfira
(provisoriamente ou definitivamente).

Tribunal Superior do Trabalho. 7ª Turma


Título Acordão do Processo Nº 753794-2001-5555-9-0
Data 19/08/2008
Ementa (....) É QUE O FATO DETERMINANTE PARA O RECONHECIMENTO
DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA É A SUA PROVISORIEDADE, AINDA QUE
HAJA PREVISÃO CONTRATUAL. NO CASO CONCRETO, O TRIBUNAL
REGIONAL CONSIGNOU EXPRESSAMENTE QUE O AUTOR FOI
CONTRATADO EM PONTA GROSSA E QUE O SEU LOCAL DE
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO FOI TRANSFERIDO PARA
PRUDENTÓPOLIS, GUARAPUAVA E LARANJEIRAS DO SUL, EMBORA
CONTINUASSE RESIDINDO COM SUA FAMÍLIA EM PONTA GROSSA. O
ATUAL CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO ADMITE QUE, EM CASO DE PLURALIDADE
DE RESIDÊNCIAS, PARA EFEITOS PROFISSIONAIS, QUALQUER DELAS SERÁ
REPUTADA DOMICÍLIO DA PESSOA. CONCLUI-SE, DAÍ, QUE NO DIREITO
DO TRABALHO, O FATO GERADOR DO DIREITO AO ADICIONAL DE
TRANSFERÊNCIA, EM ÚLTIMA ANÁLISE, É A ALTERAÇÃO
TRANSITÓRIA DO CENTRO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL, QUE
PASSA DE UM MUNICÍPIO PARA OUTRO, QUER ISSO IMPLIQUE A
NECESSIDADE DE O EMPREGADO FAZER-SE ACOMPANHAR DA
FAMÍLIA, QUER NÃO. O ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA TRATA DE UMA
COMPENSAÇÃO FINANCEIRA DEVIDA AO EMPREGADO EM FACE DOS
TRANSTORNOS PESSOAIS, E ATÉ FAMILIARES, RESULTANTES DA INSERÇÃO
PROVISÓRIA NO PLANO DE OUTRA COMUNIDADE. NÃO PARECE
CORRETO, SOBRETUDO AGORA EM FACE DO NOVO CÓDIGO CIVIL,
QUE SE VINCULE O CONCEITO DE TRANSFERÊNCIA AO
DESLOCAMENTO TAMBÉM DA FAMÍLIA, ATÉ PORQUE SE O
ADICIONAL EM TELA ESTÁ CONDICIONADO À PROVISORIEDADE DA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, NATURAL QUE A FAMÍLIA PERSISTA
DEITANDO RAÍZES NA LOCALIDADE ELEITA AO TEMPO DA
CONTRATAÇÃO DO EMPREGADO. 2. RECURSO DE REVISTA CONHECIDO
E PROVIDO.

“Tribunal Superior do Trabalho. 4ª Turma


Título Acordão do Processo Nº 159600-2006-14-17-0
Data 12/08/2009
ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. I - VERIFICA-SE DA DECISÃO RECORRIDA
QUE O RECORRENTE TRABALHAVA NA CIDADE DE VITÓRIA, NO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO, E PASSOU A TRABALHAR NA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO. ASSINALADA A ALTERAÇÃO DO LOCAL DE TRABALHO PARA
OUTRO ESTADO, NÃO É RAZOÁVEL NEGAR A TRANSFERÊNCIA, ATÉ
PORQUE A NECESSIDADE DE MUDANÇA DA RESIDÊNCIA DO EMPREGADO
É ÓBVIA. É IRRELEVANTE O FATO DE QUE A FAMÍLIA TENHA
PERMANECIDO NA CIDADE DE ORIGEM PARA A QUAL ELE
RETORNAVA NOS FINAIS DE SEMANA.(...)”

2) Por outro lado, há posições no sentido de que somente a transferência da


efetiva residência acarretaria a mudança de domicílio para fins do Art. 469
da CLT.

Tribunal Superior do Trabalho. 3ª Turma


Título Acordão do Processo Nº 36100-1998-7-5-0
Data 01/06/2005
(...) O ART. 469 DA CLT PRESCREVE QUE NÃO SE CONFIGURA
TRANSFERÊNCIA A QUE NÃO IMPORTAR NECESSARIAMENTE NA MUDANÇA
DE DOMICÍLIO, E O REGIONAL ASSEGUROU QUE NÃO HOUVE
TRANSFERÊNCIA DE DOMICÍLIO, JÁ QUE O OBREIRO VIAJAVA PARA
A MICROREGIÃO DE JEQUIÉ, E LÁ EXECUTAVA O LABOR DE
SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, PASSANDO OS SÁBADOS E DOMINGOS
NA SUA RESIDÊNCIA EM SALVADOR. NÃO OBSTANTE, O REGIONAL
DEIXA EVIDENCIADO QUE A EMPRESA CUSTEAVA AS DESPESAS DE
HOSPEDAGEM, ALIMENTAÇÃO E TRANSPORTE, O QUE REFORÇA A
TESE DA INEXISTÊNCIA DE MUDANÇA DE DOMICÍLIO.AGRAVO
DESPROVIDO(...)”

Tribunal Superior do Trabalho. 3ª Turma


Título Acordão do Processo Nº 57600-2003-70-1-0
Data 03/09/2008
Ementa RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA.
MUDANÇA DE DOMICÍLIO. NECESSIDADE. 1. A TEOR DO ART. 469,
“CAPUT”, DA CLT, A MUDANÇA DE DOMICÍLIO É ELEMENTO
ESSENCIAL PARA CARACTERIZAR A TRANSFERÊNCIA DO
EMPREGADO PARA LOCALIDADE DIVERSA DA QUAL RESULTAR DO
CONTRATO. 2. EVIDENCIADO, NOS AUTOS, QUE O RECLAMANTE
MANTEVE SUA RESIDÊNCIA EM SÃO PAULO, ENQUANTO PRESTOU
SERVIÇOS EM OUTROS ESTADOS, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM
PAGAMENTO DE ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA, JÁ QUE ESTA
SEQUER SE CONCRETIZOU. RECURSO DE REVISTA CONHECIDO E
PROVIDO.

“Título Acordão do Processo Nº 669384-2000-5555-3-0


Data 20/10/2008
(...) 2) TRANSFERÊNCIA SEM MUDANÇA DE RESIDÊNCIA. DOMICÍLIO.
CÓDIGO CIVIL DE 2002. ATO LÍCITO DO EMPREGADOR. ADICIONAL
INDEVIDO. NÃO SE PODE MIGRAR O CONCEITO DE DOMICÍLIO,
PRECONIZADO NO ART. 72 DO NOVO CÓDIGO CIVIL, PARA O CAMPO DE
DIREITO DO TRABALHO, SEM SE ATENTAR PARA A MENS LEGIS DOS
DISPOSITIVOS QUE COM ELE GUARDAM RELAÇÃO. O ART. 469 DA CLT
NÃO SE REVESTE APENAS DO CARÁTER TUTELAR AO OBREIRO. TAL
PRECEITO CONFERE LEGITIMIDADE AO JUS VARIANDI DO EMPREGADOR,
ASSEGURANDO-LHE A POSSIBILIDADE DE TRANSFERIR OU REMOVER O
EMPREGADO PARA OUTRA LOCALIDADE, DESDE QUE NÃO IMPLIQUE
EFETIVA ALTERAÇÃO DE SUA RESIDÊNCIA. O CRITÉRIO DE
RESIDÊNCIA, CONQUANTO A LEI SE REFIRA A DOMICÍLIO, CONSISTE NO
SUBSTRATO FÁTICO INDISPENSÁVEL À CARACTERIZAÇÃO DA HIPÓTESE, A
PONTO DE ENTENDER-SE QUE, NÃO HAVENDO MUDANÇA DE
RESIDÊNCIA, NÃO HÁ DE SE FALAR EM TRANSFERÊNCIA. ABSTRAIR
A IDÉIA DE RESIDÊNCIA, A FIM DE ADOTAR O CONCEITO DE DOMICÍLIO
COMO O LOCAL ONDE O EMPREGADO EXERCE A SUA PROFISSÃO, PARA
EFEITOS DO ART. 469 DA CLT, TEM POR CONDÃO RECONHECER ILÍCITA
DETERMINADA CONDUTA DO EMPREGADOR, PARA A QUAL A LEI
ASSEGUROU PLENA LEGITIMIDADE. NO CASO CONCRETO FICOU
DEMONSTRADO QUE A RECLAMANTE RETORNAVA AO FIM DO
EXPEDIENTE PARA A SUA RESIDÊNCIA, O QUE EVIDENCIA MAIS UM
DISTANCIAMENTO DO LOCAL DE TRABALHO, DO QUE EFETIVA
TRANSFERÊNCIA, SEGUNDO A DICÇÃO DO ART. 469 DA CLT. (...)”

3) Há posições no sentido de que, se o empregado manteve a residência em


uma localidade, trabalhava em dias de semana em outra localidade, mas
retornava à originária aos finais de semana, não será considerado o local
de trabalho como domicílio, e, portanto, incabível tratar de transferência.

“Tribunal Superior do Trabalho. 1ª Turma


Título Acordão do Processo Nº 12400-2002-4-3-0
Data 20/04/2010
Ementa (...) ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. AUSÊNCIA DE MUDANÇA
DE DOMICÍLIO. DISPÕE EXPRESSAMENTE O ARTIGO 469, CABEÇA, DA
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO QUE NÃO HÁ TRANSFERÊNCIA
SE NÃO HOUVER NECESSARIAMENTE A MUDANÇA DE DOMICÍLIO.
RESULTA DAÍ QUE O FATO DE A RECLAMANTE PRESTAR SERVIÇOS
NOS DIAS ÚTEIS EM UMA CIDADE E NOS FINAIS DE SEMANA
RETORNAR À CIDADE DE SUA RESIDÊNCIA NÃO CONFIGURA
TRANSFERÊNCIA PARA EFEITOS DE PAGAMENTO DO RESPECTIVO
ADICIONAL. PRECEDENTES DESTA CORTE SUPERIOR. RECURSO DE
REVISTA CONHECIDO E NÃO PROVIDO.”

Portanto, diante de tamanha divergência Jurisprudencial e ausência de previsão


legal, posicionamo-nos no sentido de que o domicílio do empregado é o local
onde ele efetivamente resida e, caso “habite” outra localidade para fins de
prestação de serviços, esta última também será assim considerada. No entanto,
esta não é regra absoluta, sendo necessária a análise do caso concreto.

Porém, devemos ressaltar que nossa posição implica a adoção de uma das
correntes aplicáveis, de modo a tratarmos o tema preventivamente, impedindo a
geração de passivo trabalhista.

ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA

Vale pontuar, inicialmente, que conforme Súmula nº 43 do Tribunal Superior do


Trabalho, para que possa ocorrer a transferência, deve existir uma efetiva
necessidade de serviço na localidade para onde o empregado está sendo
transferido.

“Súmula nº 43 – Transferência de empregado – Presume-se abusiva a


transferência de que trata o parágrafo primeiro do artigo 469 da CLT,
sem comprovação da necessidade de serviço.”

Qual a razão da “necessidade de serviço”? A Jurisprudência exige a “necessidade


de serviço” somente para evitar que a “mudança do local de trabalho” ocorra
com fins punitivos ou discriminatórios, de modo a forçar o empregado a pedir
demissão.

Feitas as considerações acima, importante pontuar que o Artigo 469 da CLT


dispõe que somente é cabível o “adicional de transferência” esta seja de forma
provisória.

Em outras palavras: Caso a transferência do empregado ocorra de modo


definitivo, inexistirá o dever de pagamento do adicional de transferência.
O que é devido no caso de transferência definitiva por solicitação da empresa
(excetua-se aqui, portanto, a situação em que o empregado solicite a sua
transferência por razões pessoais) é o pagamento de ajuda de custo, conforme
Artigo 470 da CLT.

“Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta


do empregador.”

Saliente-se que o empregado não está obrigado a aceitar a transferência


definitiva, de modo que, deve ser formalizada através de termo aditivo.

No que pertine a transferência provisória, superada a questão se o caso


envolve transferência ou remoção conforme pontuamos acima, devemos
analisar:

a) Qual o lapso temporal necessário para caracterizar uma transferência


como provisória?
b) Pagamento do Adicional de Transferência.

A) Lapso Temporal

Em relação ao tempo de permanência do empregado na localidade, a fim de


configurá-la como “transferência provisória”, inexiste previsão legal.

Inexistindo previsão legal, mais uma vez, a Jurisprudência não tem posição
majoritária a respeito de delimitar: A partir de quanto tempo é considerada
transferência provisória? A partir de quanto tempo é considerada transferência
definitiva?

Nesse sentido, teremos de nos basear caso a caso para chegarmos a uma
conclusão.

Tanto assim que apresentamos, abaixo, Acórdão prolatado em 17.03.2010 pelo


Tribunal Superior do Trabalho, reiterando nossa posição a respeito da
impossibilidade de se aferir um tempo mínimo ou máximo para tratar a
transferência como provisória ou definitiva, mas que, no caso concreto no qual o
empregado permaneceu por três anos em outra localidade, entendeu que não
caberia o pagamento do adicional de transferência por configurá-la como
definitiva.

O ponto importante é que o fator tempo não foi o principal ponto de análise para
a configuração da transferência como definitiva. Foi, sim, as circunstâncias do
caso concreto, pois o empregado ficava 03 (três) anos em cada uma das diversas
localidades.

Tribunal Superior do Trabalho. 4ª Turma


Título Acordão do Processo Nº 1285400-2004-4-9-0
Data 17/03/2010
Ementa ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA – TRANSFERÊNCIA PARA
LOCALIDADE ONDE OCORREU A RESCISÃO CONTRATUAL –
DEFINITIVIDADE CONSTATADA – APLICAÇÃO DA ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL Nº 113/SBDI-I DO TST. I – DA INTERPRETAÇÃO
SISTEMÁTICA E TELEOLÓGICA DO CAPUT E DO § 3º DO ARTIGO 469 DA
CLT SOBRESSAEM DUAS SITUAÇÕES DISTINTAS, A DA VEDAÇÃO
DE TRANSFERÊNCIA DO EMPREGADO, SEM A SUA ANUÊNCIA, E A
DA LICITUDE DA TRANSFERÊNCIA POR DETERMINAÇÃO DO
EMPREGADOR, EM CASO DE NECESSIDADE DE SERVIÇO, HIPÓTESE
EM QUE É ASSEGURADO AO EMPREGADO O DIREITO A UM
PAGAMENTO SUPLEMENTAR NUNCA INFERIOR A 25% DOS SEUS
SALÁRIOS. II - TENDO POR NORTE O ENTENDIMENTO DO REGIONAL DE
QUE O ADICIONAL NÃO SERÁ DEVIDO APENAS NO CASO EM QUE A
REMOÇÃO OCORRA A PEDIDO DO EMPREGADO, RESULTA
INCONTROVERSO O FATO DE A REMOÇÃO DO RECORRIDO DE SANTA
ISABEL DO IVAÍ PARA CURITIBA O TER SIDO POR NECESSIDADE DE
SERVIÇO, CABENDO ENTÃO INDAGAR SOBRE A SUA DEFINITIVIDADE OU
PROVISORIEDADE, A FIM DE BEM SE POSICIONAR SOBRE O DIREITO OU
NÃO ÀQUELE ADICIONAL. III - PARA TANTO, É PRECISO ALERTAR
PARA EVIDÊNCIA DE O § 3º DO ARTIGO 469 DA CLT NÃO
CONCEITUAR O QUE SEJA TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA OU
DEFINITIVA, REVELANDO-SE POR ISSO MESMO IMPRESCINDÍVEL A
UTILIZAÇÃO DO FATOR TEMPORAL PARA SE IDENTIFICAR UMA E OUTRA
DESSAS MODALIDADES DE REMOÇÃO. IV - EMBORA ESSE
POSICIONAMENTO REFLITA AMPLA SUBJETIVIDADE DO INTÉRPRETE, NÃO
SE PODE CONSIDERAR DEFINITIVA TRANSFERÊNCIA QUE DURE
MENOS DE TRÊS ANOS, NA ESTEIRA DO QUE MINISTRA A
EXPERIÊNCIA DO DIA A DIA DE QUE NESSA HIPÓTESE SÃO FORTES
OS VÍNCULOS DO EMPREGADO COM O MUNICÍPIO ONDE INICIARA
O TRABALHO. V - MAS SE NÃO É CONCEBÍVEL REPUTAR
DEFINITIVA TRANSFERÊNCIA COM DURAÇÃO INFERIOR A TRÊS
ANOS, HÁ CASOS DE TRANSFERÊNCIA DE PEQUENA DURAÇÃO EM
QUE É INCONTRASTÁVEL A SUA DEFINITIVIDADE. É O QUE SE
VERIFICA EM RELAÇÃO À TRANSFERÊNCIA PARA A CIDADE ONDE
O EMPREGADO, MALGRADO TENHA TRABALHADO POR POUCO
TEMPO, HAJA SIDO DISPENSADO, DIANTE DA INEXISTÊNCIA DE
POSSIBILIDADE DE OUTRA TRANSFERÊNCIA NO COTEJO COM A
QUAL SE PUDESSE INDAGAR DE SUA PROVISORIEDADE,
CORRENDO A CERTEZA DE ELA O SER DEFINITIVA. VI - SALIENTADA
A CIRCUNSTÂNCIA DE O RECORRIDO TER SIDO REMOVIDO DE SANTA
ISABEL DO IVAÍ PARA CURITIBA, TANTO QUANTO A DE QUE EM CURITIBA
OPERARA-SE A DISSOLUÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO, INDIFERENTE
AO TEMPO DE DURAÇÃO DA REMOÇÃO, AGIGANTA-SE A CONVICÇÃO
SOBRE A SUA DEFINITIVIDADE, O INABILITANDO À PERCEPEÇÃO
DO ADICIONAL DE 25% À LUZ DA OJ 113 DA SBDI-I. VII - ACRESÇA-
SE, DE RESTO, O DADO ELUCIDADO PELA CORTE DE ORIGEM DE TER
HAVIDO UMA SÓ TRANSFERÊNCIA, DA QUAL DECORRE A CONSTATAÇÃO
DA INEXISTÊNCIA DE SUCESSÃO DE TRANSFERÊNCIAS, DURANTE O
INTERREGNO CONTRATUAL, INDICATIVA DA SUA DEFINITIVIDADE, A
CAVALEIRO DE TENDÊNCIA JURISPRUDENCIAL DE CONSIDERAR
PROVISÓRIAS AS TRANSFERÊNCIAS QUE HAJAM SE SUCEDIDO UMAS ÀS
OUTRAS, INDEPENDENTEMENTE DO TEMPO QUE TENHA DURADO CADA
UMA DELAS. RECURSO PROVIDO. (...)”

Por sua vez, o caso abaixo vale ser transcrito em partes para melhor
interpretação.

Neste segundo caso, também julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho, o


Ministro reitera que, em regra, não há como se configurar uma transferência
como definitiva se perdurou por menos de 03 (três) anos.
“Tribunal Superior do Trabalho. 4ª Turma
Título Acordão do Processo Nº 33200-2005-22-9-0
Data 19/11/2008
(...)
II - É DE SE INDAGAR, PORTANTO, SE TERIA SIDO DEFINITIVA OU
PROVISÓRIA A TRANSFERÊNCIA DE CURITIBA PARA PARANAGUÁ, ONDE
OCORREU A EXTINÇÃO DO CONTRATO. III - PARA TANTO É PRECISO
ALERTAR PARA EVIDÊNCIA DE O § 3º DO ARTIGO 469 DA CLT NÃO
CONCEITUAR O QUE SEJA TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA OU DEFINITIVA.
MESMO ASSIM, PARA SE IDENTIFICAR UMA E OUTRA DESSAS
MODALIDADES DE TRANSFERÊNCIA É IMPRESCINDÍVEL A UTILIZAÇÃO DO
FATOR TEMPO. EMBORA ESSE POSICIONAMENTO REFLITA AMPLA
SUBJETIVIDADE DO INTÉRPRETE, NÃO SE PODE CONSIDERAR
DEFINITIVA TRANSFERÊNCIA QUE DURE MENOS DE TRÊS ANOS, NA
ESTEIRA DO QUE MINISTRA A EXPERIÊNCIA DO DIA-A-DIA DE QUE NESSA
HIPÓTESE SÃO FORTES OS VÍNCULOS DO EMPREGADO COM O MUNICÍPIO
ONDE INICIARA O TRABALHO.(...)”

Mas, deixa claro que há casos de transferência de pequena duração que são
definitivas, de modo que não seria cabível o adicional de transferência.

“Tribunal Superior do Trabalho. 4ª Turma


Título Acordão do Processo Nº 33200-2005-22-9-0
Data 19/11/2008
(...)
IV - SE NÃO É CONCEBÍVEL REPUTAR DEFINITIVA TRANSFERÊNCIA COM
DURAÇÃO INFERIOR A TRÊS ANOS, HÁ CASO DE TRANSFERÊNCIA DE
PEQUENA DURAÇÃO EM QUE É INCONTRASTÁVEL A SUA
DEFINITIVIDADE. É O QUE SE VERIFICA EM RELAÇÃO À TRANSFERÊNCIA
PARA A CIDADE ONDE O EMPREGADO, EMBORA TENHA TRABALHADO POR
POUCO TEMPO, HAJA SIDO DISPENSADO, DIANTE DA INEXISTÊNCIA DE
POSSIBILIDADE DE OUTRA TRANSFERÊNCIA NO COTEJO COM A QUAL SE
PUDESSE INDAGAR DA SUA PROVISORIEDADE, CORRENDO PRESUNÇÃO
DE ELA O SER DEFINITIVA.(...)”

Para tanto, analisou o caso concreto e vislumbrou que, em que pese a pequena
duração do empregado naquela última localidade, somente houve esse curto
espaço de tempo em vista de demissão sem justa causa, bem como que o
“animus” das Partes desde o princípio da transferência envolvia a definitividade
dessa mudança de local de trabalho.

Demonstramos os casos acima para aclarar uma questão bastante simples: o


simples “fator tempo” não é suficiente para configurar uma transferência como
provisória, com o respectivo pagamento de adicional, ou definitiva, sem o
correspondente pagamento de adicional.

Recomendamos, sempre, que a empresa vislumbre se o empregado:

a) Está sendo transferido para permanecer na localidade de modo


definitivo;
b) Com mudança de base de folha de pagamento;
c) Aplicação de Convenção Coletiva de Trabalho local;
d) Aquisição de imóvel ou aluguel de imóvel para ali permanecer;
e) Sem qualquer interesse ou visualização de prazo para seu retorno;
f) Mudança para a localidade em conjunto com sua família, e etc.

Os indícios acima somados, levam a configurar a transferência como


definitiva, de modo que inexistirá pagamento de adicional de transferência.

Por outro lado, se a Empregadora verificar que essa transferência é:

a) Por certo “tempo”, de modo, por exemplo, que o empregado fique em


hotel custeado pela empresa;
b) Para viabilizar um projeto e retornar ao estabelecimento anterior;
c) Participar da implantação de novas unidades e retornar ao
estabelecimento anterior;
d) Manutenção de sua família na localidade onde encontra-se o
estabelecimento originário, e etc.

Os indícios acima somados, levam a configurar a transferência como


provisória, de modo que caberá o pagamento de adicional de transferência.

Outros defendem que, ocorrendo a permanência do trabalhador por mais de 2


anos no local para o qual foi transferido, estaria configurado o caráter
permanente da transferência. Portanto, segundo essa corrente de entendimento,
provisória seria a transferência com tempo de duração inferior ou de até 2 anos.
Outros elastecem esse tempo para até 3 ou 5 anos. Mas, reitere-se à exaustão: o
fator tempo não é o divisor de águas para a delimitação do direito ao adicional de
transferência.

Para maior compreensão da questão, reproduzimos a seguir outras decisões


judiciais.

"Adicional de transferência - É preciso alertar para a evidência de o § 3º


do artigo 468 da CLT não conceituar o que seja transferência provisória
ou definitiva. Mesmo assim, para se identificar uma e outra dessas
modalidades de transferência, é imprescindível a utilização do fator
tempo. Embora esse posicionamento reflita ampla subjetividade do
intérprete, não se pode considerar definitiva transferência que
dure menos de três anos, na esteira do que ministra a
experiência do dia a dia de que nessa hipótese são fortes os
vínculos do empregado com o município onde iniciara o trabalho.
Tendo por norte o fato de a transferência para Mariópolis ter durado
menos de três anos e a de Palmas mais de três anos, não pairam dúvidas
de a primeira se identificar pela provisoriedade e a segunda, pela
definitividade. Desse modo, resta evidenciado que a segunda
transferência se distingue da primeira pela sua definitividade, implicando
no descabimento do adicional, por conta do que preconiza a OJ 115 da
SBDI-I. Recurso parcialmente provido..." (TST - RR 31/2002-072-09-00.5 -
4a Turma - Rel. Min. Barros Levenhagen - DJU 03.02.2006);

Adicional de transferência - Alteração do local da prestação de serviços -


Condição para a execução do contrato - Definitividade - Não cabimento.
O toque de pedra para se verificar o direito ou não ao adicional
de transferência, reside em saber se a alteração promovida é
precária ou definitiva. Para tanto, irrelevante o tempo que o
empregado permaneça na nova localidade. O que efetivamente importa
é se a alteração foi feita com o escopo de se estender ao longo do tempo,
ou se teve um objetivo certo e determinado, ainda que o seu termo final
não estivesse previamente previsto. Ademais, sendo que a alteração é
condição ínsita da nova função que o laborista passou a exercer por força
de promoção, tendo sido respeitadas as vantagens pecuniárias, agiganta-
se ainda mais a impertinência do adicional diante da definitividade do
novo quadro fático delineado." (Acórdão unânime da 2a Turma do TRT da
15a Região - RO 11.673/1999 - Rel. Juiz Luís Carlos Cândido Martins
Sotero da Silva - DJ SP II 06.11.2000, pág. 3);

Adicional de transferência - Duração temporal do deslocamento - Análise


da provisoriedade. A transferência, que atrai o pagamento do
adicional não inferior a 25% do salário, como prescreve a norma
legal, há de trazer ínsita a provisoriedade, que não há de
perdurar além de um período razoável. No prisma vernacular,
provisório é o passageiro, transitório. Abeberando-se ao conceito da
relação de emprego com a ótica voltada ao princípio do Direito do
Trabalho da presunção de continuidade do contrato, tem-se que
provisoriedade significa curta duração, episódico, fugaz. Este elemento,
imprescindível para o acolhimento da pretensão, mostra-se ausente nos
autos, ante a própria afirmação inicial, quanto à permanência na
localidade diversa da contratação (f. 4)." (Acórdão da 5a Turma do TRT
da 3a Região - RO 1.524/2001 - Rel. Juiz Ricardo Antônio Mohallem - DJ
MG 08.06.2001, pág. 9);

B) Pagamento de adicional

A princípio, devemos pontuar que o § 3º do Art. 469 da CLT é límpido a dispor


sobre o adicional de 25% (vinte e cinco por cento) incidente sobre o salário do
empregado transferido provisoriamente, e somente enquanto perdurar essa
provisoriedade, resguardando-se o fato já informado neste Parecer de que deva
existir a efetiva “necessidade do serviço”.

“Art. 469 – (...)


(...)
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir
o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não
obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado
a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por
cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade,
enquanto durar essa situação.”

Ademais, tem tópico anterior mencionamos que para que a transferência seja
possível, deve existir previsão em contrato de trabalho ou aditamento contratual.

Nesse quesito, cumpre agora informar que anteriormente havia posições no


Tribunal Superior do Trabalho de que a previsão de possibilidade de transferência
em contrato de trabalho desoneraria a empresa do pagamento do adicional.

Pois bem. A questão foi pacificada através da Súmula nº 113 do Tribunal Superior
do Trabalho, a qual pontua que mesmo com previsão em contrato de trabalho (a
qual serve somente para não caracterizar a transferência com ilícita), será
cabível o pagamento do respectivo adicional de transferência de 25% (vinte e
cinco por cento), caso seja provisória. E ainda, mesmo que o empregado possua
cargo de confiança.

“113. Adicional de transferência. Cargo de confiança ou previsão


legal de transferência. Devido. Desde que a transferência seja
provisória. O fato do empregado exercer cargo de confiança ou a
existência de previsão de transferência no contrato de trabalho
não exclui o direito ao adicional. O pressuposto legal apto a
legitimar a percepção do mencionado adicional é a transferência
provisória.”

Isto posto, nossa posição inclina-se no mesmo sentido da aplicação da Súmula,


até mesmo diante dos inúmeros julgamentos aplicando-a.

“Tribunal Superior do Trabalho. Subseção Especializada em Dissídios


Individuais 1
Acordão do Processo Nº 1415500-2001-13-9-0
Data : 13/08/2007
Ementa : EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE
TRANSFERÊNCIA. TRANSFERÊNCIA EM CARÁTER DEFINITIVO.
IMPOSSIBILIDADE DEFERIMENTO. ADICIONAL. O ENTENDIMENTO
DESTA CORTE, CONSUBSTANCIADO NO ITEM Nº 113 DA
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DESTA SBDI-1, CONSAGRA QUE
APENAS A TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA GERA DIREITO AO
ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. RECURSO DE EMBARGOS NÃO
CONHECIDO;

Acordão do Processo Nº 799831-2001-5555-9-0


Data 17/09/2007
Ementa : CARGO DE CONFIANÇA – HORAS EXTRAS – GERENTE BANCÁRIO
- APLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 126 DO TST - VIOLAÇÃO DO ART. 896
DA CLT - O IMPORTANTE PARA O ENQUADRAMENTO DO RECLAMANTENO
CARGO DE CONFIANÇA SÃO AS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS
DEMONSTRADAS QUE COMPROVAM, OU NÃO AFIDÚCIA ESPECIAL
DEPOSITADA NO EMPREGADO. RECURSO DE EMBARGOS NÃO
CONHECIDO. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA – OFENSA AO ART. 896 DA
CLT. EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA.
TRANSFERÊNCIA EM CARÁTER DEFINITIVO. IMPOSSIBILIDADE
DEFERIMENTO. ADICIONAL - O ENTENDIMENTO DESTA CORTE,
CONSUBSTANCIADO NO ITEM Nº 113 DA ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL DESTA SBDI-1, CONSAGRA QUE APENAS A
TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA GERA DIREITO AO ADICIONAL DE
TRANSFERÊNCIA. RECURSO DE EMBARGOS CONHECIDO E
PROVIDO.;

Acordão do Processo Nº 654047-2000-5555-9-0


Data : 14/05/2007
Ementa : RECURSO DE EMBARGOS – ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA -
IMPOSSIBILIDADE DEFERIMENTO – ADICIONAL. O ENTENDIMENTO
DESTA CORTE, CONSUBSTANCIADO NO ITEM Nº 113 DA
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DESTA SBDI-1, CONSAGRA QUE
APENAS A TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA GERA DIREITO AO
ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. RECURSO DE EMBARGOS NÃO
CONHECIDO.
Acordão do Processo Nº 360100-2007-24-9-0
Data : 10/02/2010
Ementa : PRESCRIÇÃO. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. O DIREITO AO
ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA ESTÁ EXPRESSAMENTE PREVISTO EM
DISPOSITIVO DE LEI FEDERAL, QUAL SEJA O ARTIGO 469, § 3º, DA CLT,
SENDO APLICÁVEL, ENTÃO, A PARTE FINAL DA SÚMULA Nº 294 DO TST.
PRECEDENTES. NÃO CONHECIDO. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. O
PRESSUPOSTO LEGAL APTO A LEGITIMAR A PERCEPÇÃO DO
ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA É A TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA.
DESSE MODO, CASO A TRANSFERÊNCIA SEJA DEFINITIVA, NÃO É
DEVIDO O REFERIDO ADICIONAL (INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 469, §
3º, DA CLT E DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 113 DA SBDI-
1). INCONTROVERSO NOS AUTOS QUE O RECLAMANTE FOI TRANSFERIDO
EM 2000 E PERMANECEU NO LOCAL ATÉ A RESCISÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO (2005). NESSE PASSO, NO PARTICULAR, HOUVE
DEFINITIVIDADE NA TRANSFERÊNCIA. CONHECIDO E PROVIDO, NO
PARTICULAR.

Em situações similares, encontram-se posições no sentido de que o adicional de


transferência é devido mesmo que hospedado em hotéis e com despesas
pagas pela empresa.

“ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. A mudança de domicílio aludida no


caput do art. 469 da CLT refere-se à residência do próprio trabalhador,
independente de ensejar o deslocamento de sua família. O conjunto
probatório revela que a transferência do obreiro acarretou alteração de
domicílio, ainda que hospedado em hotéis. O fato de o Autor receber
alimentação, transporte e alojamento, por si só, não obsta a percepção
do adicional sub judice.”
(TRT 2ª Região / PROCESSO Nº: 00363-2008-445-02-00-3/ ANO: 2008
TURMA: 4ª / DATA DE PUBLICAÇÃO: 26/09/2008)”

Como demonstrado ao longo deste Parecer, o tema não possui uma resposta
pacífica por parte da doutrina e dos julgadores.

Diante deste panorama, colocamo-nos à inteira disposição para análise de casos


concretos e colaboração com a definição de enquadramento das hipóteses como
“transferência provisória” ou “transferência definitiva”.

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