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DIREITO DO TRABALHO

Trabalho do Menor, da Mulher e Doméstico III


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TRABALHO DO MENOR, DA MULHER E DOMÉSTICO III

ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

O art. 468 da CLT proíbe qualquer alteração contratual que seja prejudicial ao empre-
gado, ainda que haja concordância do empregado.
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Qualquer alteração contratual que gere prejuízo para o empregado é nula.

Exemplo:
Rafael foi contratado para ganhar R$ 5.000,00. Posteriormente, o empregador passou
a disponibilizar para Rafael um ticket alimentação no valor R$ 800,00. Esse ticket alimenta-
ção não constava no contrato, mas era uma forma de recompensar o empregado pelo seu
desempenho. O ticket alimentação, portanto, foi dado de forma voluntária e facultativa.
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Entretanto, dois anos depois, Rafael se nega a ir buscar uma pasta para o patrão e este
ameaça cortar o ticket alimentação, sob alegação de que o contrato de Rafael prevê o rece-
bimento de R$ 5.000,00. Rafael argumenta que o chefe não poderá tirar o ticket alimentação,
pois o fornecimento de maneira habitual promoveu alteração tácita no contrato. Trata-se de
alteração lícita, porque é benéfica. A retirada do ticket geraria nova alteração contratual, a
qual seria prejudicial, logo é vedada pelo art. 468 da CLT.
Por outro lado, quando o empregador fornece benefícios por meio de acordos e conven-
ções coletivas, os benefícios não se incorporam ao contrato, logo deixam de existir ao tér-
mino do acordo.

A letra da lei não institui o tempo necessário para que o benefício se torne habitual.
Assim, isso dependerá do julgador do processo.
§ 1º Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de
confiança.

Retirar alguém do cargo de chefia, por exemplo, não é uma alteração unilateral.
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Exemplo:
Rafael é contratado para ser professor de uma faculdade. Passado um tempo, o reitor o
convida para ser o coordenador do curso de Direito, função que lhe dá uma gratificação de
R$ 5.000,00. Após 15 anos, o dono da faculdade deseja colocar seu sobrinho como coorde-
nador do curso de Direito. Não há ilegalidade nessa situação. Além disso, Rafael deixará de
receber a gratificação de R$ 5.000,00.
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§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empre-
gado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorpo-
rada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.

Se o próprio contrato (principal) pode ser tácito, o acessório (alteração)


RELEMBRANDO também pode ser.

O próprio contrato pode ser tácito (arts. 442 e 443 da CLT). O art. 442 dispõe que o contrato
de trabalho pode ser escrito ou verbal, tácito ou expresso. Portanto, a alteração contratual
também pode ser tácita.
Empregado só pode ser transferido sem anuência se
transferência não acarretar mudança de domicílio.
Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade
diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar neces-
sariamente a mudança do seu domicílio.

O empregador detém o jus variandi, isto é, o poder de controle. O empregado é detentor


do jus resistentiae, que é o direito de resistir a ordens ilegais, isto é, o empregado tem de
cumprir ordens lícitas, mas ordens ilegais não.
Dentro do poder de controle que o empregador tem, ele só pode transferir o funcionário
se não acarretar mudança de domicílio. Portanto, é possível uma mera remoção que não
acarreta mudança. Por outro lado, quando o empregador transfere o empregado de forma a
acarretar mudança do domicílio, essa alteração é abusiva, logo não pode ser feita.
Exemplo:
Uma empresa deseja demitir um funcionário, mas o cálculo das suas verbas rescisórias
teve como resultado o valor de R$ 80.000,00. Para fazer com que o empregado pedisse
demissão, a empresa o transferiu do Rio de Janeiro para Minas Gerais. Depois de o empre-
gado fazer a mudança, ele é transferido para Brasília. Isso causa grande desgaste emocional
para seus filhos e sua esposa. Meses depois, ele é transferido para o Rio Grande do Norte.
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Essa transferência só pode se
dar se for cargo de confiança,
se houver previsão contrato de
DIREITO DO TRABALHO forma implícita ou explícita ou
Trabalho do Menor, da Mulher e Doméstico III se a filial fechar.
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Essas alterações de domicílio não são possíveis, exceto se o funcionário ocupar cargo
de confiança, se tais alterações constarem em seu contrato de trabalho ou se a filial fechar.
Além disso, deve-se comprovar a real necessidade de serviço.
§ 1º Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de
confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência,
quando esta decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o
empregado.
§ 3º Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para locali-
dade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse
caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento)
dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação.

Na transferência definitiva, o trabalhador se muda definitivamente para a nova localidade,


levando família, pertences etc. Na transferência provisória, o trabalhador passa um tempo
pré-definido em um local distinto daquele do seu domicílio, mas retorna.
Na transferência provisória do trabalhador, a empresa é obrigada a pagar o adicional de
transferência de, no mínimo, 25% do salário do funcionário. Esse adicional é dado para cobrir
os gastos que o funcionário terá na nova localidade. Na transferência definitiva, não tem
pagamento do adicional.

Obs.: Na prática, apesar de não haver previsão legal, a empresa paga a hospedagem do
empregado, além de dar o adicional de 25%.
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O PULO DO GATO
Só é devido o adicional de transferência quando há transferência provisória. Na transferên-
cia definitiva, o funcionário leva toda sua estrutura e não tem direito ao adicional.

Exemplo:
O empregado ganha R$ 10.000,00 e é transferido provisoriamente. Enquanto ele estiver
fora, ele ganhará R$ 12.500,00. O empregador deverá recolher a previdência e o FGTS e
pagar o 13º salário sobre o valor do salário com o adicional. Tem natureza salarial.
O adicional de transferência, assim como os adicionais de hora extra, de periculosidade
e de insalubridade, tem natureza salarial e causa reflexo no contrato de trabalho.
Art. 470. As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador.
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Exemplo:
Rafael será transferido de Curitiba para Belo Horizonte. Rafael ocupa cargo de confiança
e foi comprovada a necessidade do serviço. O empregador, portanto, pode transferir Rafael
e deve pagar as despesas resultantes da transferência.

Obs.: A lei complementar n. 150 (dos empregados domésticos) define quem é o trabalha-
dor doméstico e as peculiaridades dessa categoria.

RELEMBRANDO
A mulher tem um capítulo peculiar a ela, o qual foi recepcionado pela Constituição Federal
de 1988 e pode ser encontrado na CLT do art. 372 ao art. 400.
25m
Sobre a alteração do contrato de trabalho, o art. 468 explica porque determinado benefício
dado de maneira espontânea e habitual não pode ser suprimido, haja vista a alteração do
contrato de trabalho, o qual não pode ser alterado para prejudicar o trabalhador.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Rafael Tonassi.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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