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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABALHO DA COMARCA

DE PARÁ DE MINAS

HUGO NUNES MOURA, brasileiro, solteiro, desempregado, filho


de Tibúrcio Nunes e Geralda Moura, inscrito no CPF sob o nº
234.466.126-02, RG nº MG-13.984.296, residente e domiciliado
na rua Três Corações, n° 99, bairro Nossa Senhora de Fátima,
cidade Pará de Minas, endereço eletrônico xxxxx@xxxxxx, por
seus advogados e bastante procuradores que esta subscreve,
constituído na forma de instrumento Público de Procuração
(anexo), vem, respeitosamente à presença de vossa Excelência,
com fulcro no artigo 840 da CLT, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, em face de MHG
ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS S/A, CNPJ xxxxxxxxxxx, com
sede na rua xxxxxx, n° xxxx, bairro xxxx, Local Pará de Minas,
pelas razões que passa a expor.

I – DOS FATOS

O Reclamante foi admitido no dia 08/08/2020 na função de Auxiliar


Técnico na ocupação de PORTEIRO/VIGIA – SERVIÇO DE PORTARIA E VIGILÂNCIA
DESARMADA, com uma carga horária de 44 horas semanais, em regime de
cumprimento estabelecido em 12 horas de trabalho x 36 horas de descanso com um
intervalo intrajornada de 1 hora, horário esse que era definido mês a mês e
comunicado via e-mail pela Reclamada. Além disso, no período diurno, trabalhava em
regime de substituição de outros colegas que estavam de férias e, quando não havia
férias para serem cobertas, ficava Hugo “à disposição” em sua residência.
Em 13/03/2022 foi demitido por justa causa, sem aviso prévio e sem
nenhum dos motivos previstos no artigo 482 da CLT, além da não realização do
processo administrativo disciplinar previsto no artigo 143 da Lei 8.112/90. A justificativa
da Reclamada seria em decorrência de um abandono de serviço em determinado dia,
tal fato improcedente uma vez que na ocasião citada há a justificativa comprovada
mediante atestado médico devidamente apresentado dentro do prazo legal. Ainda,
alega a Reclamada que supostamente existia mensagens que desrespeitavam e
desacatavam o superior do Reclamante, sendo isso inverídico.
Por tais circunstâncias fáticas e pelos acontecimentos que serão
demonstrados a seguir, motivada pela ilegalidade na dispensa, assim, outra saída não
há, senão buscar pelo amparo judicial para garantir todos os seus direitos.

II – DO DIREITO

• DA NÃO REALIZAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINAR

Nos termos da lei 8.112/90, a apuração de supostas infrações, fatos


e/ou condutas irregulares por parte dos servidores é realizada mediante processo
administrativo disciplinar. No presente caso, o Reclamante foi demitido por justa causa
repentinamente sem nenhuma apuração legal. O artigo 143 da Lei 8.112/90 é expresso
no sentido que:

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no


serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar,
assegurada ao acusado ampla defesa.

Além disso, a atitude da Reclamada ofende, também, o artigo 7°, inciso


I da Constituição Federal que visa proteger a relação de emprego, no qual dispõe que:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou
sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
indenização compensatória, dentre outros direitos;

Não resta dúvida, que o Reclamante foi demitido injustamente e que


teve seu direito de defesa previstos na legislação menosprezado. Não houve apuração
por processo administrativo disciplinar, não se buscou o esclarecimento dos fatos nem
tão pouco o direito do servido se manifestar, além do mais o rito não foi seguido para
que chegasse a uma conclusão plausível de desligamento por justa causa.
Por tudo que aduziu, requer que seja considerada nula a dispensa por
justa causa, devendo a mesma ser revertida para ser o Reclamante reintegrado ao
emprego.

2) DO DESVIO DE FUNÇÃO

Conforme informado dos fatos, o reclamante fora contratado para


exercer a função de porteiro, contudo exerceu atividade distinta, sendo substituto de
outros colegas quando estavam de férias, ficando em casa “a disposição” quando não
havia férias a serem cobertas. Ou seja: nunca fora colocado em vaga definitiva,
conforme previa o Edital.
O desvio de função trata-se de conduta ilícita que deve ser combatida
pelo Judiciário, pois retrata uma determinação unilateral e autoritária do empregador
sem a justa remuneração devida, causando inequívoca lesão ao trabalhador.
RECURSO ORDINÁRIO. COMPANHIA ESTADUAL
DE ÁGUAS E ESGOTOS. DESVIO DE FUNÇÃO.
CONFIGURAÇÃO. DIFERENÇAS SALARIAIS. DEVIDAS. O desvio
de função consiste no exercício de função diversa daquela para a
qual o trabalhador foi contratado, sem que haja alteração no seu
salário. Assim, o desvio de função envolve a hipótese em que um
empregado exerce a mesma função de outro, embora não esteja
registrado como tal e perceba salário diferente, nos termos do art.
460 da CLT. Comprovado nos autos que o autor trabalhava
desviado de função, impõe-se o pagamento de diferenças salariais
e reflexos pertinentes. Recurso da reclamada a que se nega
provimento. (TRT-1, 00114494120145010541, Relator
Desembargador/Juiz do Trabalho: PAULO MARCELO DE
MIRANDA SERRANO, Gabinete do Desembargador Paulo Marcelo
de Miranda Serrano, Publicação: DEJT 11-05-2018)

As atividades delegadas ao trabalhador, por não serem compreendidas no


cargo a que fora contratado o Reclamante, deve terem contrapartida a
justa remuneração atinente ao cargo.

Fato que fica claro com a descrição da classificação do cargo que fora
contratado e do cargo adequado às atividades que exerce, conforme
determinação de cargos e salários da empresa:

CARGO DE PORTEIRO – Os porteiros, vigias CBO 5174-10 recepcionam


e orientam visitantes e hóspedes. Zelam pela guarda do patrimônio observando o
comportamento e movimentação de pessoas para prevenir perdas, evitar incêndios,
acidentes e outras anormalidades. Controlam o fluxo de pessoas e veículos
identificando- os e encaminhando-os aos locais desejados. Recebem mercadorias,
volumes diversos e correspondências. Fazem manutenções simples nos locais de
trabalho.
A substituição temporária do empregado é um procedimento que ocorre
quando a empresa convoca um funcionário para assumir temporariamente as funções
e responsabilidades de outro colaborador.

Art. 450 - Ao empregado chamado a ocupar, em comissão,


interinamente, ou em substituição eventual ou temporária,
cargo diverso do que exercer na empresa, serão garantidas
a contagem do tempo naquele serviço, bem como volta ao
cargo anterior.

Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual


valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo
estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário,
sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.

Nos termos da Súmula nº 275, I do TST, havendo desvio funcional, o empregado fará
jus às diferenças salariais daí decorrentes, ainda que iniciado há mais de cinco anos da
propositura da ação.
O caráter da substituição temporária deve ser provisório, ou seja, esta
não pode ser definitiva e deve ter prazo para acabar.
Além disso, a substituição deve ser não eventual, isto é, não pode ser
realizada para substituir um funcionário doente ou afastado por motivos pessoais
durante alguns dias. O que vai em confronto com a função exercida pelo reclamante,
considerando que ficava “a disposição” em sua residência no período diurno.
Desse modo, o cargo ocupado não contempla atividades exercidas
pelo Reclamante, devendo ter a justa remuneração pelo desvio de função demonstrado
serviço prestado.
Assim, a empresa se locupletou à custa do trabalho do obreiro,
caracterizando flagrante desvio de função.
Diante o exposto, requer que seja declarado o desvio de função,
fazendo jus a Reclamante a diferença das seguintes verbas trabalhistas: A) Diferença
de Saldo de Salários correspondentes a todo o período contratual, tendo em vista a
diferença salarial do período em decorrência do desvio de função; B) Diferença de
depósitos de FGTS realizados durante o período laborativo, tendo em vista a diferença
salarial do período em decorrência do reenquadramento de função.

• DA CARGA HORÁRIA

Concernente à carga horária, fica evidente que os horários que o


empregado realizava para o empregador, estava além de seu contrato, trabalhando ele,
por inúmeras vezes, em horários de descanso, ultrapassando o Limite de 220 horas
mensais para cobrir férias de colegas e afins.
Ora Nobre Julgador, isso é um desapreço com o autor, sendo
extremante abusivo para com ele.
De fato, é viável o pagamento em dobro dos dias trabalhados que
seriam dias de folgas, uma vez que a súmula 146 do TST, assegura o trabalhador
desse benefício.
Cumpre ressaltar que o autor, ora empregado, deveria ter sido
estabelecido em cargo definitivo, uma vez que foi aprovado em processo seletivo e o
empregador o manteve em regime de substituição.
Para além disso o empregador ainda ficava sobreaviso, a disposição da
empresa em seus momentos de descanso.
Conforme diz o artigo 244, § 2º da CLT, o funcionário que atua no
regime à disposição da empresa deve receber um adicional de um terço do valor da
hora normal de trabalho.
No regime de sobreaviso a remuneração equivale a ⅓ do valor de sua
hora normal.
“Súmula nº 428 do TST
II – Considera-se em sobreaviso o empregado que,
à distância e submetido a controle patronal por instrumentos
telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão
ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para
o serviço durante o período de descanso”.

III – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) A concessão da gratuidade de justiça para isentar o Reclamante do


pagamento de despesas processuais e honorários advocatícios, na forma do § 3° do
art. 790 da Consolidação das Leis do Trabalho;
b) A total procedência da ação para condenar o Réu ao pagamento das
diferenças remuneratórias relativa a todo o período em que esteve DESVIADO DE
FUNÇÃO (08/08/2020 a 13/03/2022), a ser apurado entre o cargo de porteiro e o
regime de substituição dos cargos em que exercia de forma habitual, respeitadas as
progressões supervenientes;
c) Condenação das Reclamadas em Honorários advocatícios na base
de 20% sobre o valor da condenação com base no art. 133 da CRFB/88 c/c art. 20 do
CPC;
d) Que todas as parcelas sejam apuradas em liquidação de sentença;
e) Seja citada a Reclamada, para que se desejar apresente defesa no
prazo legal, sob pena, de serem tidos como verdadeiros os fatos alegados;
f) Seja determinado a Reclamada apresentar todos os contracheques
da Reclamante do período de 2020 até a presente data de sua despensa (13/03/2022),
bem como contracheques dos servidores que a reclamada fez a substituição, a fim de
auferir as diferenças salariais existentes entre os cargos.

IV – DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidas, em especial: prova documental, testemunhal e depoimento pessoal do
Reclamado.

V – ROL DE TESTEMUNHAS

Carla Junia, residente e domiciliado na Rua Getulio Lara Amorim, 22,,


bairro Santos Dumont, Papagaios/MG
Letícia Silva Gomes, residente e domiciliado na Rua Jose Marcelino,
181, bairro São Paulo, Pará de Minas/MG.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Pará de Minas, 15 de março de 2023.

Mateus V. Oliveira
Mateus Vasconcelos de Oliveira
Advogado - OAB/MG 396.546

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