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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 2ª VARA

DO TRABALHO DA CIDADE DE ARAPIRACA

Josué, devidamente qualificado no processo em epígrafe, por seu


advogado que esta subscreve, na Reclamação Trabalhista proposta por Ivan,
inconformado com a respeitável decisão de fls 26/29, vem tempestiva e
respeitosamente perante Vossa Excelência interpor:

RECURSO ORDINÁRIO

Em face da R. Sentença prolatada nos autos em epigrafe sob ID xxxxx

Informa-se que todos os pressupostos de admissibilidades foram


observados.

Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a


intimação da parte contraria para, querendo, apresentar contrarrazões, e após
seja o presente recurso remetido ao Egrégio Tribunal do Trabalho da xx
Região.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Arapiraca/Al, xx de xxxx de 2022.

Advogado

OAB
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA XX REGIÃO

Recorrente: Josué

Recorrido: Ivan

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

Processo nº. xxxxxxxxxxxxxxxx

Eméritos julgadores,

Nos autos do processo em epigrafe foi prolatada a R. Sentença que


julgou procedente os pedidos autorais, porém a R. Sentença não merece ser
mantida pelas razões, que passa a expor:

I – DOS FATOS

O reclamante foi contratado pelo reclamado para exercer a função de


receber e coordenar os trabalhadores contratados para plantio, colheita e
curação do fumo e, após o período da safra (06 meses), passava outros 06
meses sem atividades laborativas. Desse modo, trabalhava sob regime
sazonal, eventual.

Em análise dos controles de jornada apresentados pelo reclamante,


nota-se que os mesmos são apresentados sem constar qualquer prova de
atividade laboral nos períodos descritos pelo mesmo.
A jornada de trabalho do autor era das 07h00 às 11h30 e das 13h00 às
16h30, de segunda a sexta-feira, e das 07h30 às 12h00, nos sábados, sem
labor nos domingos, diferentemente do que afirma: que laborava das 06h00 às
20h00, com intervalo intrajornada de 60 (sessenta) minutos para refeição e 60
(sessenta) minutos para jantar, de segunda-feira a sábado e aos domingos.

Importante observar que, o reclamante invoca em seu favor a retenção


dolosa de documento CTPS, contudo o reclamado afirma que jamais esteve de
posse da CTPS do reclamante.

Vejam que se trata de acordo tácito contrato de trabalho estabelecido


de forma verbal, sem nenhuma documentação para comprovar o vínculo
empregatício. Desse modo, a base desse tipo de acordo é a confiança entre
ambas as partes.  

No Código Civil, o acordo tácito está inscrito no Artigo 107, que diz:
“A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir”.

Na CLT, por sua vez, o acordo verbal aparece no Artigo 442, em que se
lê: 

“Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,


correspondente à relação de emprego”.

Ou seja, a própria Consolidação das Leis do Trabalho oficializa a forma


de contrato não-expressa como uma possibilidade para as relações de
emprego. Na sequência, no Artigo 443, o documento complementa: 

“O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou


expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou
indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente”.

Dessa forma, fica claro que o acordo tácito tem validade perante a lei.
Assim, ele pode ser utilizado pelos empregadores com a mesma validade de
um contrato escrito. 
LEI Nº 5.889, DE 8 DE JUNHO DE 1973.

Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou


prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a
dependência deste e mediante salário.

Na reclamação proposta, o reclamante apresentou falsa alegação de ser


dispensado sem justa causa em 11.02.2017, quando se mostram os fatos, ter o
proponente pedido demissão em razão de outro emprego.

Na audiência realizada em xx/xx/xxxx (fls. xxx/xxx), foi colhido o


depoimento pessoal do Reclamante e Reclamado.

Encerrou-se, em seguida, a instrução processual.

Tentativas de conciliação frustradas.

Prolatada sentença id xxxxxx

II – DA REFORMA DA SENTENÇA

1 –CARACTERIZAÇÃO DE CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE.

O artigo 443 da CLT: “Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá


ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo
determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente.”

A alternância entre períodos de efetiva prestação de serviços e períodos


de inatividade é o cerne do contrato de trabalho intermitente, diante do que se
faz indispensável analisar as singularidades desses períodos em que os
empregados não prestam serviços ao empregador.

Não há se falar, portanto, em horas extraordinárias ao empregado


intermitente, por trabalhar aos domingos ou feriados, isso porque ao proceder o
aceite da convocação, o empregado teve ciência de que trabalharia nos dias ali
designados e que receberia um valor determinado por aquela prestação de
serviços.
§ 8º, art. 457-A: “§ 8° O empregador efetuará o recolhimento da
contribuição previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e
fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações.

A legislação que regulamenta o contrato de trabalho intermitente não


detém regras específicas relacionadas ao cálculo e pagamento das verbas
rescisórias, restando ao Ministério do Trabalho tratar do tema no art. 5º da
Portaria MTB 349/2018: 

“Art. 5º As verbas rescisórias e o aviso prévio serão calculados com


base na média dos valores recebidos pelo empregado no curso do contrato de
trabalho intermitente.

Da R. sentença o MM. Magistrado a quo, entendeu por deferir:

1) o reconhecimento do vínculo de emprego no período de 10.01.2006 a


11.02.2017; com a respectiva anotação/retificação da CTPS, na função de
trabalhador rural / gerente da fazenda;

2) aviso prévio indenizado;

3) 13º salário de todo o período, incluída a integração do período do aviso


prévio;

4) férias vencidas simples e proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional


e da integração do período de aviso prévio indenizado;

5) FGTS de todo o período acrescido da multa de 40%;

6) contribuições previdenciárias;

7) adicional de horas extras (50%) e reflexos nas férias vencidas simples e


proporcionais acrescidas de 1/3;

8) multa do art. 477, § 8º, da CLT;

9) multa do art. 467 da CLT;


10) indenização por danos morais em razão da retenção indevida da CTPS;
11) liberação das guias do seguro-desemprego ou indenização substitutiva
equivalente;

Vejam Excelências, o que se pede é a descaracterização do vínculo


empregatício. O pagamento das férias nos contratos de trabalho intermitentes,
devem ser efetuados de forma proporcional acrescido de um terço, ao término
de cada período trabalhado pelo empregado (§ 6º do art. 452-A), o que implica
dizer que não haverá qualquer pagamento quando do gozo das férias anuais. 

A habitualidade talvez seja um dos critérios mais importantes para a


existência de um vínculo empregatício. É preciso que haja uma relação
contínua de trabalho.

O caso em analise Excelências se refere a um trabalho sazonal,


esporádico e, por conseguinte, nos períodos de ócio da terra, prevalece um
regime de comodato entre as partes.

III – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o conhecimento e provimento do presente recurso


para;

1) Conhecer o pedido preliminar;

2) Reformar a R. Sentença nos termos da fundamentação:

a) Deferir a caracterização de contrato de trabalho intermitente.

b) indeferir aviso prévio indenizado; 13º salário de todo o período, incluída a


integração do período do aviso prévio; férias vencidas simples e proporcionais
acrescidas do 1/3 constitucional e da integração do período de aviso prévio
indenizado; FGTS de todo o período acrescido da multa de 40%; ; danos
morais em razão da retenção indevida da CTPS

c) Condenar o reclamado aos honorários de sucumbência em favor do


advogado do reclamante.
Nestes termos, pede e espera deferimento.

Xxxx Xxxxxxxxx, xx de março de xxxx.

Advogado

OAB

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