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MERITÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO

TRIBUNAL JUDICIAL DA CIDADE DE MAPUTO

MAPUTO

ALICE ARMANDO MATSINHE, residente no Bairro


do Jardim, Quarteirão, 06 casa nº 78, celular 845507722,
vem propor e fazer seguir a presente Acção de
Impugnação de Despedimento nos ternos do artigo 69 da
Lei n. ° 23/2007 de 01 de Agosto – Lei do Trabalho,

contra

CLEAN AFRICA, alinhando o seguinte somatório e


razões de facto e de iure:

Dos factos

A requerente fora admitida ao serviço de Ré a 15 de outubro de 2017 considerando-se celebrado
com efeitos de antiguidade na data de 15 de outubro de 2016. (vide. Anexo 1)

O contrato retro mencionado foi celebrado sob a forma de contrato a prazo cujo limite é de dois
anos, podendo ser renovados conforme o estabelecido no n. ° 2 da cláusula terceira do contrato
de trabalho.

Tendo a A celebrado o contrato de trabalho a prazo em 2016, a mesma prestou serviços a R
durante mais de seis anos ininterruptos, ou seja, renovando o contrato nos precisos termos
estabelecidos pelo contrato e na Lei do Trabalho. (Cfr. n.º 1 art. 43 da LT).

Sucede, porém, que,



Ao arrepio da lei e do propalado pelo próprio contrato de trabalho na cláusula oitava, a A durante
todo o período em que prestou as suas actividades nunca gozou de férias, sendo este um direito
irrenunciável de acordo com o n.º 1 do artigo 98 da LT.

Mais ainda, a A vendo que o seu direito já a muito estava a ser violado, apresentou um pedido de
férias por necessitar do merecido descanso após longos anos de exercício laboral ininterruptos.

No entanto,

Este direito lhe foi negado, facto este que levou com que a A ficasse em desespero e suplicasse,
pois, necessitava de gozar do seu direito a férias.

Contudo, o seu pedido foi atendido de forma arrogante, pois lhe foi dito que ao terminar as suas
férias o seu contrato rescindia porque o prazo havia findado, e assim foi entregue a A uma guia
de ferias datada de 14 de Agosto de 2016. (cfr. anexo 2)

A A ao receber a notícia de que ao terminar as suas férias o seu contrato cessava, recorreu ao
CEMAL (Centro de Mediação e Arbitragem Laboral), onde decorreu no dia 16 de Agosto de
2023 a mediação.

Contudo, estranhamente ao que se espera de uma mediação, nos parece que não houve
imparcialidade por parte da mediadora, que ao invés de fazer uma análise jurídica da situação,
pautou por pedir a representante da R que desse uma compensação “não obrigatória” a A. (cfr.
anexo 3).

De Direito

Ora vejamos,
10°
Nos termos do n. ° 3 da cláusula terceira do contrato celebrado entre a A e a R, a rescisão do
contrato de trabalho por qualquer das partes durante a sua validade está sujeita as formalidades
legais estabelecidas pela legislação vigente na República de Moçambique relactiva a matéria, ou
seja, Lei n. ° 23/2007 de 1 de Agosto – Lei do Trabalho.
11°
Contudo, a entidade empregadora (R) não observou os requisitos legais estabelecidos na
legislação vigente na República de Moçambique relactiva a matéria como demostraremos a
seguir.
12°
O contrato de trabalho a prazo é celebrado por um período não superior a dois anos, podendo ser
renovado por duas vezes, mediante acordo das partes, sem prejuízo do regime das pequenas e
médias empresas (cfr. n. ° 1 do art. 42 da LT).
13°
Assim sendo, uma vez que o contrato foi celebrado em 15 de outubro de 2016, significa que o
mesmo é considerado um contrato a tempo indeterminado pois de acordo com o n. ° 2 do artigo
supramencionado, “considera-se celebrado por tempo indeterminado o contrato de trabalho a
prazo certo em que sejam excedidos os períodos da sua duração máxima ou o número de
renovações”. O sublinhado é nosso.
14°
Mais agravante ainda é que a R, ao decidir despedir a A não observou os requisitos legais
estabelecidos na legislação vigente na República de Moçambique, pois de acordo com o n. ° 1 do
artigo 124 da LT o contrato de trabalho pode cessar por: a) caducidade; b) acordo revogatório; c)
denúncia por qualquer das partes; d) rescisão por qualquer das partes contratantes com justa
causa.
15°
De acordo com o artigo 98 da LT o direito do trabalhador a férias remuneradas é irrenunciável e
em nenhum caso lhe pode ser negado, e cabe ao empregador, em coordenação como o órgão
sindical, elaborar o plano de férias (Cfr. n. ° 1 do art. 100 da LT).
16°
Mais ainda, o n. ° 3 do artigo retro mencionado dispõe que “não é permitida a antecipação de
mais do que trinta dias de férias, nem a acumulação, no mesmo ano, de mais de sessenta dias de
férias, sob pena de caducidade”.
17°
Assim sendo, uma vez que houve a violação do contrato, a violação do direito a férias, e
consequentemente a violação dos limites do contrato a prazo certo, a trabalhadora tem direito a
indemnização nos termos do art. 128 da LT (Cfr. n. ° 4 do art. 42 da LT).

18°
Pelo acima exposto, dúvidas não restam que o despedimento ordenado pela Ré é ilegal, por não
existir justa causa para tomada daquela medida (capital), sendo, por isso, passível de pagamento
de correspectiva indemnização, como abaixo se indica:
19°
Na altura do despedimento a A auferia o salário mensal de 8.300,00 MT (Oito mil e trezentos
meticais); e por força do n. ° 2 do artigo 128 da Lei nº 23/2007, de 1 de Agosto, o valor de
indemnização é o seguinte:
Salário: quarenta e cinco dias de salário por cada ano de serviço, sendo que a A auferia o salario
de 8.300,00 MT (Oito mil e trezentos meticais).

a) Tempo de serviço - 08 anos


12450 × 8 = 99.600
b) Férias - Trinta dias de férias por cada ano de trabalho.
8.300 × 8 = 66.400
99.600 + 66.400 = 166.400,00 MT

Do Pedido

Termos em que nos melhores do direito ao caso aplicáveis deve, a presente Acção ser julgada
procedente, provada e por via disso condenar-se a ré a:

a) Pagar a A uma indemnização nos termos da lei acima mencionada no articulado 19º, no
valor de 166.400,00 MT (Sento e sessenta e seis mil e quatrocentos meticais).
b) Condenar-se a ré no pagamento de preparos e custas por ser quem deu azo a que a
A intentasse o presente processo;
c) Condenar-se a Ré no pagamento dos honorários ao Advogado de A pelas mesmas
razões plasmadas na alínea b) desta pi e pelo facto de a A ser agora indigente.
Por virtude de, a A encontrar-se desempregada requer a V. Exa que lhe seja concedida o
benefício judicial na modalidade de isenção de pagamento de preparos e custas judiciais, ou em
alternativa aguardar boa fortuna.

Valor de Acção: 166.400,00 MT


Junta: Procuração forense, documentos legais

Maputo, 22 de Setembro de 2023

A Advogada estagiaria
Rosmina Maulid Nuro Ussi
C. P nº 2012/23

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