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TETE
2016
4
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS E
MINERALOGIA
TETE
2016
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS E
MINERALOGIA
Tete,-----de ------------------------de-------------------------
Resultado:
Membro de Júri:
Presidente:
Examinador:
Estudante:
6
DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE
Juro por minha honra que o presente trabalho é da minha autoria e resultado de um esforço
sem precedentes, excepto nas citações, que foram devidamente referenciadas as fontes. O
respectivo trabalho nunca foi submetido a outra universidade.
A autora
____________________________________________
Edma Vilares Cavalete
7
DEDICATORIA
In memoria Valares Cavalete
Bernadete Vilares e Edma Mário Narciso
8
AGRADECIMENTO
Ao terminar este trabalho não posso deixar de agradecer os que directas ou indirectamente
contribuíram para sua realização.
A todo corpo docente da Universidade Católica de Moçambique, Curso de Direito, e aos meus
colegas do curso, em especial a Ester de Sousa pelo companheirismo e pelos anos convividos.
Meus votos vão para o meu supervisor Dr. Ernesto Camacho, pelo apoio e interesse
demostrado na elaboração desde trabalho.
Agradecer também aos meus irmãos, Leocardo, Judite, Osório, Márcio, Roberto, Ilda e
Etelvina Vilares, e demais familiares que de uma forma ou outra contribuíram para a
realização deste trabalho, e a todos os que aqui não estão referidos.
9
RESUMO
A presente monografia tem como tema “Incongruência dos requisitos para o cidadão
estrangeiro trabalhador em Moçambique: Visto de Trabalho ou Visto de residência”. Com
esta pesquisa, pretendemos debruçar-se sobre requisitos para o cidadão estrangeiro
trabalhador em Moçambique (de forma especifica o tipo de visto) no ordenamento jurídico
moçambicano. Tivemos como objectivo geral compreender o quadro legal aplicável ao visto
de trabalho no ordenamento jurídico moçambicano e as suas vicissitudes. São objectivos
específicos, analisar a legalidade do visto de trabalho; descortinar que tipo de visto devem
solicitar os estrangeiros para vir a Moçambique para efeitos de trabalho; propor as autoridades
laborais e de migração a harmonização das normas relativas à Contratação e Permanência de
Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira na República de Moçambique; fazer a destrinça entre
o visto de trabalho e visto de residência. Compulsado a pesquisa e atentos ao problema
levantado, tecemos a constatação que o único Visto que as autoridades podem aceitar no
processo de obtenção de comunicação/autorização de trabalho é o de residência, pela própria
natureza, são emitidos para o efeito de trabalho no âmbito da contratação no regime de quota.
10
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
Al. - Alínea
Art. - Artigo
CC – Código Civil
Cfr - Conferir
CLT – Consolação de Legislação do trabalho
CM - Conselho de Ministros
CPLP - Comunidade de Expressão da Língua Portuguesa
CRM - Constituição da República de Moçambique
CT - Código do Trabalho
Dec. – Decreto
EEE - Espaço Económico Europeu
EU – União Europeia
IRCT - Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho
LT – Lei do Trabalho
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
Nº - Número
p. – Pagina
Prof. Professor
Vd. – Vide
11
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 15
2.3. A categoria......................................................................................................................... 27
12
3.2.3. Tipos de Residência (DIRE) ........................................................................................... 40
4.1.Portugal ............................................................................................................................... 42
4.2.Brasil ................................................................................................................................... 47
4.2.1.Visto ................................................................................................................................ 47
13
5.1.3. Fiscalização e regime sancionatório ............................................................................... 56
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 58
RECOMENDAÇÃO ................................................................................................................ 60
APÊNDICE .............................................................................................................................. 63
Questionário ............................................................................................................................. 64
14
INTRODUÇÃO
Anote-se que as previsões da alínea h) do artigo 1 do Dec. nº 38/06 e do n.º 1 do art. 32 da Lei
nº 23/2007 de 01 de Agosto, parece sobrepor-se, pois que ao visto de trabalho entende-se
como abarcando a legalização da situação laboral e permanência em Moçambique do cidadão
estrangeiro, o que não é verdade.
A se entender assim, a que fazer a seguinte pergunta: Como é que o cidadão estrangeiro irá
efetivar a prorrogativa de iniciar as suas actividades laborais, se um dos requisitos para
obtenção do visto de trabalho é a autorização de trabalho? Como solução provisoria para o
problema levantado, somos da opinião que das autoridades laborais e de migração
harmonizarem as normas relativas à Contratação e Permanência de Cidadãos de
Nacionalidade Estrangeira na República de Moçambique, de modo a evitar a contradição que
tem-se verificado atualmente e os constrangimentos que daí advêm. Este tema enquadra-se na
cadeira de Direito de Trabalho.
O que nos levou a escolha do tema, é o facto de com a crescente descoberta dos recursos
minerais em Moçambique, tem-se verificado um aumento do fluxo de constituição de
15
empresas estrangeiras e de entrada de cidadãos de nacionalidade estrangeira no país, com o
propósito de trabalhar nos sectores mineiro e petrolífero.
Uma das questões com a qual muitos estrangeiros se têm confrontado, reside em saber que
tipo de visto devem solicitar para vir a Moçambique para efeitos de trabalho. Por isso, trata-se
de um tema actual e de grande importância na área laboral.
Por esta razão, nos propomos a debruçar-se sobre a problemática do visto de trabalho no
ordenamento jurídico moçambicano.
Temos como objectivo geral compreender o quadro legal aplicável ao visto de trabalho no
ordenamento jurídico moçambicano e as suas vicissitudes. São objectivos específicos, analisar
a legalidade do visto de trabalho; descortinar que tipo de visto devem solicitar os estrangeiros
para vir a Moçambique para efeitos de trabalho; propor as autoridades laborais e de migração
a harmonização das normas relativas à Contratação e Permanência de Cidadãos de
Nacionalidade Estrangeira na República de Moçambique; fazer a destrinça entre o visto de
trabalho e visto de residência.
16
CAPITULO I – A FORMAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Esta característica, relativa à questão da forma negocial, tem que ver com o modo por que
surge o contrato de trabalho. Na verdade, trata-se de saber que tipos de comportamento
declarativo são aptos a constituir esse contrato.
A proposta e a aceitação por escrito têm lugar, em princípio, nos casos em que (de harmonia
com a ressalva do nº 3 do 38º LT) a lei expressamente impuser essa forma. A Lei de Trabalho
prevê expressamente (art. 36º) a hipótese de promessa de contrato de trabalho, exigindo
1
RAMALHO, Palma Maria do Rosário, Direito do trabalho, parte I dogmática geral, 2009, p. 111
2
PINTO, Carlos Alberto da Mota, Teoria Geral do Direito Civil, 2005, p. 308
3
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p. 105
17
documento assinado pelo promitente ou promitentes, mas especificando (em razão da
peculiaridade do vínculo laboral) que não lhe é aplicável o mecanismo de suprimento judicial,
configurado pelo art. 830º CC, para o caso de incumprimento da promessa (impossibilidade
de eficácia real) - vd. também o nº 3 do art. 36 LT.
Pode ser, visto que, não raro, fica entendido entre os contraentes que só em momento posterior ao da celebração
do contrato começarão a produzir-se os seus efeitos. Existem, com efeito, situações em que, após o
estabelecimento do consenso acerca da futura admissão do trabalhador ao serviço de um empregador, uma das
partes aparece a denunciar tal consenso, pretendendo que, assim, se opera a frustração de uma promessa de
contrato e não a rescisão de um contrato já celebrado.
LT). A condição e o termo suspensivos implicam documento assinado por ambas as partes.
A lei articula a aquisição da capacidade jurídico-laboral com as regras gerais do direito e pelas
normas especiais constantes da Lei de trabalho. Assim, a idade mínima de admissão para
prestar trabalho situa-se nos 15 anos, embora se admita essa admissão para trabalhos leves,
4
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p. 107
5
CORDEIRO, António Menezes, Manual de Direito do Trabalho, 2007, p. 164
18
em atividade e condições a determinarem, a partir dos 12 anos – vd. nº 1 do art. 26º, nº 1 do
art. 27º, ambos da LT).
Quanto à possibilidade de uma pessoa exercer por si própria os direitos de que é titular, a
regra é, a de que ela se adquire com a maioridade, isto é, ao completarem-se 21 anos (arts.
122º e 130º CC).
Ora, no que respeita aos direitos e deveres próprios do trabalhador subordinado, a capacidade
de exercício adquire-se aos 15 anos, embora com ressalva da possibilidade de oposição dos
representantes legais do menor (nº 1 do art. 26º da LT). Esse regime é extensivo à capacidade
para receber pessoalmente a retribuição (nº 4 do art. 27º da LT). Antes dessa idade, isto é, a
partir dos 14 anos, o menor só pode assumir a qualidade de trabalhador, nos casos permitidos,
se o correspondente contrato for celebrado com a assistência do seu representante legal (art. nº
1 do art. 27º da LT).
São também incapazes para o exercício de direitos os interditos (art. 138º segs. CC), os
inabilitados (art. 152º segs. CC), os insolventes (art. 1313º CC).
Acresce CORDEIRO7 que “se, em vez disso, faltar a capacidade para o exercício de direitos
que se requer para a conclusão do contrato, a sanção é, em regra, a anulabilidade contrato”.
1.2.2 Determinabilidade
De harmonia com o art. 280º CC, são só os seguintes requisitos gerais do objecto do negócio:
“possibilidade física e legal, não contrariedade à lei, determinabilidade, não contrariedade à
ordem pública, e conformidade aos bons costumes”. A possibilidade legal propriamente dita
tem escasso interesse como requisito a que deve obedecer o objecto do contrato de trabalho.
6
CORDEIRO, António Menezes, Manual de Direito do Trabalho, 2007, p. 167
7
Ibidem, p. 167
19
Seja determinado para que as obrigações sobre ele incidentes possam ser cumpridas; mas isso é obviamente
compatível com a indeterminação inicial do mesmo objecto, no momento da celebração do contrato, bastará uma
referência genérica ou alternativa ao conteúdo concreto da prestação a realizar; tudo está em que, mais tarde, seja
viável a determinação, segundo um critério legal ou consoante do próprio contrato: basta, em suma, que o
objecto deste seja determinável.
Significa que é necessário que o trabalho subordinado ocupe, na vida do devedor, um espaço
limitado, de modo que o crédito laboral se não apresente como algo de semelhante a um
direito sobre a sua pessoa.
“A conformação da prestação concreta pelo devedor de trabalho pode não ocorrer, nem ter
cabimento sem que haja lugar para a suposição de que o objecto do contrato fica por
determinar e de que o cumprimento da obrigação correspondente não pode ser exigido”,
segundo FERNANDES9.
O contrato de trabalho seja válido, exige-se que seja fisicamente possível a actividade estipulada. Este requisito
entende-se em termos de abranger condições bastante diversas, materiais ou naturais, isto é, derivadas da
“natureza das coisas”, cuja falta implica a inexequibilidade da prestação.
Tal que aduz Prof. PINTO11 que “é a regra geral de que só a impossibilidade objectiva da
prestação poderá afectar a validade do negócio. Tal regra deixa à margem os casos em que a
prestação só seja possível para o devedor concreto, isto é, subjectivamente”.
8
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p.109
9
Ibidem, p. 109
10
Ibidem, p. 110
11
PINTO, Carlos Alberto da Mota, Teoria Geral do Direito Civil, 2005, p. 315
20
1.2.4. Licitude
O objecto do contrato não deve ser contrário à lei, diz o nº 1 do art. 280º CC. Segundo Prof.
MOTA PINTO12 em termos gerais, está nessas condições o objecto de um negócio jurídico
“quando viola uma disposição da lei, isto é, quando a lei não permite uma combinação
negocial com aqueles efeitos ou sobre aquele objecto mediato”. Trata-se de contratos nulos
por ilicitude do objecto (nº 1 do art. 51º LT).
No entanto, a actividade prometida pode ser lícita em si mesma, e, todavia, ter que se
considerar ilícita por virtude de certos elementos conexos ou concomitantes. Tal é, em
primeiro lugar, o caso em que a actividade é atingida pela ilicitude do fim a que se destina.
“Outros casos em que a licitude do trabalho em si mesmo não obsta a que se considere ilícito o objecto do
contrato relacionam-se com certas actividades perante as quais a lei estabelece proibições ou limitações fundadas
em elementos conexos à pessoa do trabalhador. Trata-se, nomeadamente, de casos em que relevam a idade e o
sexo. Assim, envolvem a possibilidade do condicionamento, limitação ou proibição do exercício de certos tipos
de actividade, respectivamente, por menores e por mulheres”.
Neste contexto, há determinadas actividades cuja realização está vedada aos menores, por
serem perigosas para o seu desenvolvimento físico, espiritual ou moral. Identicamente, a
mulher está impedida de exercer certos trabalhos susceptíveis de implicarem riscos efectivos
ou potenciais para a função genética.
“É só esta maior intensidade dos riscos envolvidos em certos tipos de trabalho que conduz o
legislador a proibi-los ou condicioná-los expressamente; a defesa dos referidos a valores
impõe-se, em geral, para quaisquer trabalhadores e seja qual for o género de actividade
estipulado”, segundo afirma Prof. FERNANDES14.
1.2.5. O termo
“Se for estipulado que os efeitos do negócio jurídico comecem ou cessem a partir de certo
momento” seguindo a formulação do art. 278º CC, diz-se que ao mesmo negócio foi posto um
termo, respectivamente, suspensivo (inicial) ou resolutivo (final).
12
PINTO, Carlos Alberto da Mota, Teoria Geral do Direito Civil, 2005, p. 316
13
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p. 114
14
Ibidem, p.114-115
21
Expende o Prof. FERNANDES 15 que “O termo suspensivo ou inicial, é admitido com a
exigência de que conste de documento escrito e assinado por ambas as partes. O termo
resolutivo ou final, trata-se aí, com efeito, somente da oposição de termo resolutivo (prazo de
duração) ao contrato de trabalho”.
Segundo Prof. CORDEIRO16 são três as ideias mestras deste regime, abstraindo dos aspectos
que especificamente respeitam à cessação dos vínculos em causa:
Segundo ALFREDO17:
“A Lei de trabalho fez reentrar no campo da legalidade a contratação de trabalho incerto. Fê-lo, todavia, numa
postura restritiva e cautelar: são tipificadas, dentro da lista de hipóteses a que, em geral, se liga a possibilidade de
celebração do contrato de trabalho a termo, aquelas, em reduzido número, que justifiquem a aposição de termo
incerto.”
Se a situação concreta não preencher nenhuma das hipóteses enumeradas no nº 2 do art. 40º
da LT ou se não constar no contrato a indicação do motivo justificativo, a consequência é a
mesma: tem-se por inválida a estipulação do termo, o vínculo é considerado de duração
indeterminada (nº 2 do arts. 41º e nº 2 do 42º, ambos da LT).
15
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p. 116
16
CORDEIRO, António Menezes, Manual de Direito do Trabalho, 2007, p. 173
17
ALFREDO, Bonifácio, Noções Gerais do Regime Jurídico do Processo Disciplinar, Despedimento e outras
formas de Cessação do Contrato de Trabalho, 200?, p. 28
22
O contrato a termo é, um negócio formal. Pela al. b) do n 4 do art. 38 da LT, é exigida a forma
escrita, cuja inobservância tem a consequência restrita de invalidar a aposição de termo,
mantendo-se, portanto o contrato válido, mas passando a ter duração indeterminada (nº 2 do
arts. 41º da Lt). Segundo Prof. CORDEIRO18 trata-se, pois, de “uma exigência de forma ad
substantiam ou ad essentiam, mas apenas no tocante à cláusula de duração”.
1.2.6. Condição
De harmonia com a formulação do art. 270º CC, designa-se por condição “um acontecimento
futuro e incerto ao qual as partes subordinem a produção dos efeitos do negócio jurídico ou a
sua resolução”. Segundo o Prof. PINTO 19 ter-se-á assim, respectivamente “uma condição
suspensiva ou uma condição resolutiva”.
Afirma Prof. CORDEIRO que quanto à condição suspensiva “ao contrato de trabalho pode
ser aposta condição ou termo suspensivo, mas a correspondente clausula deve constar de
documento assinado por ambas as partes. No que toca à condição resolutiva, a lei é omissa e
há que preencher a lacuna pelos meios usuais”.
A diferença entre as duas sanções consiste em que a primeira (nulidade) é “invocável a todo o
tempo por qualquer interessado e pode ser declarada oficiosamente pelo Tribunal” (art. 286º
CC), ao passo que a segunda só pode ser arguida pelas “pessoas em cujo interesse a lei a
estabelece e só dentro do ano subsequente à cessação do vício que lhe serve de fundamento”
(nº 1 do art. 287º do CC).
18
CORDEIRO, António Menezes, Manual de Direito do Trabalho, 2007, p. 177
19
PINTO, Carlos Alberto da Mota, Teoria Geral do Direito Civil, 2005, p. 319
23
De resto, “tanto a declaração de nulidade como a anulação têm efeito retroactivo, devendo
ser restituído tudo o que tiver sido prestado ou, se a restituição em espécie não for possível, o
valor correspondente” (nº 1 do art. 289º do CC).
Ele produz efeitos como se fosse válido em relação ao tempo durante o qual esteve em
execução;
A lei considera, experimental o tempo inicial de execução do contrato de trabalho (art. 46º
LT).
20
WATY, Maria, Direito do Trabalho, 2008, p. 45
21
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p. 125
22
Ibidem, pp.125-126
24
Não é, porem assim no actual regime do contrato de trabalho moçambicano. O período de
experiência constitui, regra (art. 47º da LT), embora admitindo-se o seu afastamento por
estipulação expressa.
25
CAPITULO II – TRABALHADOR NA RELAÇÃO LABORAL - O TRABALHADOR
ESTRANGEIRO
O contrato de trabalho poderia, mais sinteticamente, definir-se como aquele pelo qual se
adquire a posição de trabalhador subordinado. A lei actual cobre com o rótulo de trabalhador
a generalidade das pessoas que exercem uma actividade por conta de outrem em regime de
subordinação jurídica.
“Na verdade, desde logo o sugere fortemente: primeiro, ao mencionar a sua actividade (do trabalhador), sendo
óbvio que as pessoas colectivas não têm, no plano naturalístico (mas tão só sob o ponto de vista jurídico),
actividade própria; segundo, ao referir a autoridade e direcção do dador de trabalho, e portanto a subordinação
jurídica do trabalhador, coloca-nos perante uma situação em que só uma pessoa física pode encontrar-se: a de
obediência e submissão à mesma autoridade”.
Atesta Prof. FERNANDES25 que esses grupos não são verdadeiras pessoas colectivas, pois
deve entender-se que:
“Sob o ponto de vista jurídico, cada um dos seus membros fica individualmente vinculado ao dador de trabalho;
o chefe do grupo limita-se a actuar como um representante dos outros membros, quer na celebração do contrato,
quer na cobrança do salário quer noutras relações de ordem organizativa ou disciplinar.”
23
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p. 139
24
Ibidem, pp. 139 - 140
25
Ibidem, p. 140
26
É certo, porém, que a posição jurídica do trabalhador envolve alguns elementos comuns,
condicionantes de certos direitos e deveres típicos. Refere-se além da subordinação jurídica, a
categoria e a antiguidade.
2.2.Trabalhador estrangeiro
Para todos efeitos, considera Prof. CORDEIRO26 que “trabalhador estrangeiro é toda aquela
pessoa sem nacionalidade moçambicana que se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua
actividade intelectual ou manual a outra pessoa, sob a autoridade e direcção desta, dentro
dos limites do país.
2.3. A categoria
“A posição do trabalhador na organização em que se integra pelo contrato define-se a partir daquilo que lhe cabe
fazer, isto é, pelo conjunto de serviços e tarefas que formam o objecto da prestação de trabalho e ao qual
corresponde, normalmente uma designação sintética ou abreviada: contínuo, operador de consola, pintor de
automóveis, encarregado”, etc.
Acresce Prof. CORDEIRO28 que a categoria exprime “um género de actividade contratada.
Há-de caber nesse género a função principal que ao trabalhador estará atribuída na
organização, embora possam ser-lhe determinadas tarefas anexas ou acessórias, não
enquadráveis no conteúdo funcional caracterizador da categoria”.
26
CORDEIRO, António Menezes, Manual de Direito do Trabalho, Coimbra: livraria Almedina, 2007, p. 181
27
Ibidem, p. 203
28
Ibidem, pp. 203-204
27
É este conjunto formado pelas actividades compreendidas na categoria e pelas tarefas afins ou
conexas que constitui, na sua actual configuração legal, o objecto do contrato de trabalho.
“A categoria constitui um fundamental meio de determinação de direitos e garantias do trabalhador. É ela que
define o posicionamento do trabalhador na hierarquia salarial, é ela que o situa no sistema de carreiras
profissionais, é também ela que funciona como o referencial básico para se saber o que pode e o que não pode a
entidade empregadora exigir ao trabalhador”.
Assim, afirma CORDEIRO30 que por via de regra, “o dador de trabalho não pode baixar a
categoria do trabalhador, a qual não ser que este aceite e haja autorização da administração
estatal do trabalho mas, mesmo assim, só quando a baixa seja imposta por necessidades
prementes da empresa ou por estrita necessidade do trabalhador”.
“O problema da determinação da categoria profissional adequada a um certo feixe de tarefas ou funções carece
de abordagens diferenciadas consoante o enquadramento de cada trabalhador na estrutura da empresa. Se, com
efeito, é possível proceder a uma identificação e valorização objectiva de tarefas quando se trata dos
concorrentes designados executantes, já essa qualificação se torna muito menos líquida e, principalmente, menos
objectiva quando, ao invés, se cuida daquelas funções que constituem os pontos de amarração da estrutura da
empresa”.
29
CORDEIRO, António Menezes, Manual de Direito do Trabalho, 2007, p. 205
30
Ibidem, p. 205
31
Ibidem, pp. 205-206
28
2.3.1. A categoria e a função
“A convenção colectiva de trabalho não é um meio de padronização da estrutura das empresas nem um modelo
imperativo de organização do trabalho. É sim, uma norma reguladora das relações de trabalho, definidora de
direitos e obrigações que se inscrevem nos contratos individuais de trabalho, e a cuja efectividade se acha
instrumentalizado um certo sistema de classificação profissional”.
Portanto, o papel de um tal sistema esgota-se aí; desde que o estatuto profissional decorrente
da categoria convencionalmente aplicável esteja salvaguardado, nada impede que a situação
funcional do trabalhador, na concreta organização em que está integrado, seja qualificada e
tratada de acordo com um diferente critério e segundo uma lógica diversa.
Aduz Prof. FERNANDES34 que “o trabalhador deve, em princípio, exercer uma actividade
correspondente à categoria para que foi contratado”.
Neste sentido, acolhe Prof. FERNANDES35 que “a actividade exercida deve corresponder à
categoria atribuída. A entidade empregadora não pode, em suma, obrigar o trabalhador a
32
MARTINEZ, Pedro Rodriguez, Direito do Trabalho, 2005, p. 457
33
Ibidem, p. 457
34
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p. 165
29
dedicar-se, exclusivamente ou principalmente, à execução de tarefas sem cabimento na sua
qualificação profissional”.
Se não houver oposição do trabalhador, poderá verificar-se, frequentemente, uma de duas alternativas: ou essas
tarefas caracterizam uma categoria superior, e esta deverá então ser reconhecida; ou correspondem a uma
categoria inferior, e estar-se-á perante uma (encapotada) baixa de categoria, que a lei proíbe fora do apertado
condicionamento.
Aborda Prof. FERNANDES 37 que “o objecto do contrato não é, afectado pela decisão
patronal, mantendo-se a prestação exigida dentro do círculo das aplicações juridicamente
admissíveis da disponibilidade do trabalhador”.
Todavia, é necessário ter em conta que a tutela da categoria visa, entre outros objectivos,
salvaguardar o estatuto profissional do trabalhador.
35
Ibidem, p.166
36
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, pp. 166-167
37
Ibidem, p. 167
30
categoria como núcleo central da posição contratual do trabalhador, sem que fiquem excluídas
outras aplicações da sua força de trabalho, dentro de certos limites e mediante determinadas
condições
38
Afirma Prof. PEDRO MARTINEZ que atualmente, existem dois instrumentos de
flexibilidade funcional: “polivalência, e o ius variandi da atividade”.
“A função normal, corresponde à categoria, continuará a ser elemento central e nuclear da situação do
trabalhador. A lei admite que sejam exigidas ao trabalhador outras tarefas, fora da categoria, mas como
actividades acessórias, o que, antes do mais, implica que elas ocupem, no horário de trabalho, menos tempo do
que a principal”.
De qualquer modo, decorre do nº 2 do art. 72º LT, que o empregador pode utilizar a força de
trabalho do trabalhador para além dos limites da categoria, embora em actividades ainda
delimitáveis em função dela. Essas actividades devem ser afins ou conexas às que definem a
categoria.
É ainda, requerido que “o trabalhador tenha qualificação e capacidade para o exercício das
actividades adicionais. O elemento qualificação aponta para a existência da formação
profissional necessária ao adequado exercício da actividade adicional”, segundo
MARTINEZ41.
38
MARTINEZ, Pedro Rodriguez, Direito do Trabalho, 2005, p. 460
39
Ibidem, p. 460
40
Ibidem, p. 460
41
Ibidem, p.461
31
O quadro de valorações é ainda o que se exprime nos arts. 60º e 72º LT. Por outras palavras, o
poder de direcção não é legitimamente exercido quanto, embora dentro do objecto do contrato
de trabalho, ultrapassa o exigível ao trabalhador, nas condições de formação e aptidão
psicofísica em que ele se encontra.
Mas, afirma MARTINEZ42 que para além disso, “a lei quer também evitar que o uso da
polivalência se traduza em direto prejuízo do estatuto profissional e da situação económica
do trabalhador”. O exercício de actividades acessórias não pode “determinar a sua
desvalorização profissional ou a diminuição da sua retribuição” (nº 2 do art. 72º LT).
O corolário mais importante da introdução deste regime na nossa lei está na reconfiguração do
objecto de trabalho, ou seja, da actividade a que o trabalhador se obriga.
“Este poder modificativo, que funciona não só para além da categoria, mas também fora do próprio objecto do
contrato surge como uma derrogação ao princípio segundo o qual os contratos não são alteráveis unilateralmente.
A derrogação é legitimada pela necessidade de ajustar a gestão de trabalho ao dinamismo da realidade técnico-
organizativa da empresa, e portanto, como uma emanação da liberdade de iniciativa e de organização
empresarial”.
Por outras palavras, é da flexibilidade funcional que também aqui se trata, com reflexo directo
na estrutura e no conteúdo da posição de poder do empregador.
42
MARTINEZ, Pedro Rodriguez, Direito do Trabalho, 2005, p. 462
43
Ibidem, p. 463
44
Ibidem, pp. 463-464
32
A chamada polivalência traduz possibilidades que se contêm no objecto do contrato; o ius
variandi extravasa o objecto do contrato. O recurso ao ius variandi é, mais fortemente
condicionado. E, desde logo, só pode ser transitório, ao contrário da polivalência.
A polivalência pode conduzir à reclassificação, o que não consta de previsão quanto ao direito
de variação.
Segundo MARTINEZ45, os requisitos específicos que se estabelece para o ius variandi são:
No que respeita à exigência de que a alteração não implique diminuição da retribuição, afirma
MARTINEZ46 a dúvida possível respeita à sua consistência lógico-contextual. É evidente que,
manifesta imunidade da categoria de que o trabalhador é titular perante o fenómeno da
alteração temporária de funções (art. 72º LT), estaria sempre fora de causa a diminuição da
retribuição, mesmo que a lei se lhe não referisse.
O exercício deste direito de variação não afecta a categoria assumida pelo trabalhador, nem
tem qualquer reflexo desfavorável sobre o seu estatuto laboral, isto é, as prerrogativas
correspondentes à categoria que lhe pertence mantêm-se íntegras; somente poderão melhorar
45
MARTINEZ, Pedro Rodriguez, Direito do Trabalho, 2005, p.466
46
Ibidem, p. 466
33
se a função transitória corresponder a uma qualificação superior ou que, em aspectos isolados,
se mostre mais vantajosa.
2.4. A antiguidade
“Ressalta aqui a ideia de continuidade, que caracteriza a relação laboral, e que consiste num estado de facto que
indica a mais ou menos prolongada inserção de um trabalhador num organismo empresarial: melhor, a
possibilidade dessa prolongada inserção, que faz de um prestador de trabalho um elemento normal da empresa”.
“Ela relaciona-se intimamente com o risco de ruptura: quanto maior a duração do contrato, mais profunda a
integração psicológica do trabalhador na empresa, mais indesejável ou perturbadora, portanto, a possibilidade de
cessação do contrato. Assim, a antiguidade cria e vai acrescentando uma expectativa de segurança no
trabalhador”.
Pelo que diz respeito aos interesses da entidade patronal, ela significa que a empresa pôde
concretizar, ao longo de certo período, as disponibilidades de trabalho de que carecia,
mantendo-se incorporado um elemento de cuja integração nos objectivos da empresa é
garantia desse mesmo tempo de vinculação.
“Trata-se de averiguar se a antiguidade é computada a partir do momento da celebração do contrato ou com base
na duração efectiva do serviço, isto é, a partir do início da execução do mesmo contrato. Estes dois momentos
47
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p. 199
48
Ibidem, p. 199
49
Ibidem, pp. 199-200
34
podem achar-se mais ou menos distanciados, e não é por isso indiferente, mesmo na prática, a opção por
qualquer deles”.
Para o caso de cessação do contrato numa altura do ano em que o trabalhador ainda não tenha
gozado as férias devidas, esse período de férias será adicionado à antiguidade.
Verdadeiramente, apenas fogem a esta linha geral os casos de faltas não justificadas, que,
pelos mesmos motivos que podem conduzir à integração de um tipo de infracção disciplinar,
se presume constituírem manifestações de uma actitude de desconformidade com o
ordenamento interno da empresa, ou seja, quebras culposas da disponibilidade do trabalhador.
50
FERNANDES, António Monteiro, Noções Fundamentais de Direito do Trabalho, 2005, p. 200
51
Ibidem, p. 200
35
Daí a necessidade de uma específica protecção da antiguidade enquanto expressão da
continuidade prática (não jurídica) da integração do trabalhador no serviço da entidade
patronal. Essa protecção segundo FERNANDES52 “proíbe o mencionado expediente, mesmo
no caso de o trabalhador ser contratado a prazo, e ainda que ele tenha dado o seu acordo. A
inobservância da proibição legal expõe o infrator a multa, além de constituir possível justa
causa de rescisão por parte do trabalhador”.
52
Ibidem, p.201
36
CAPITULO III - VISTO DE TRABALHO E DE RESIDÊNCIA NO ORDENAMENTO
JURÍDICO MOÇAMBICANO
3.1.Visto de trabalho
O visto é emitido para uma única entrada e permanência por trinta (30) dias prorrogáveis até
sessenta (60) dias. Todavia, se o contrato de trabalho for válido por mais de 60 dias, deve-se
solicitar a Autorização de Residência Precária aos Serviços de Migração em Moçambique.
Este visto também é adequado ao empresário que queira fixar residência na República de
Moçambique.
Atestado de saúde;
Garantia de condições de estadia e alimentação em Moçambique (geralmente na forma
de uma carta proporcionada pelo empregador);
Documentos comprovativos de rendimentos se o requerente pretender viver dos seus
rendimentos privados;
Contrato;
Documento comprovativo de permissão de trabalho passada pelo Ministério do
Trabalho;
Autorização do Ministério da Justiça da República de Moçambique e termo de
responsabilidade da organização a que o requerente pertence, se o peticionário
pretender desenvolver uma actividade enquadrada numa organização religiosa;
53
Regulamento da Migração, Artigo 1
54
Regulamento da Migração, Artigo 11
55
Regulamento da Migração, Artigo 15
37
Uma condição adicional que geralmente é exigida é a presença do requerente no escritório da
autoridade emissora do visto.
“As cartas apresentadas em apoio de pedidos devem geralmente ter assinaturas reconhecidas, e no caso de cartas
facultadas por uma empresa ou outra organização, uma fotocópia da procuração ou outro documento concedendo
ao signatário o direito de assinar a carta pode também ser exigido. Estes requisitos não se encontram fixados na
lei, mas na prática são muitas vezes exigidos pelas embaixadas e consulados 56”.
O visto é válido por 30 dias, e pode ser prorrogado uma vez pelo mesmo período, quer dizer,
uma permanência total de 60 dias. A prorrogação pode ser efectuada no país, nos Serviços de
Migração, e deve ocorrer antes do visto expirar.
O visto é inserido no passaporte e as datas de validade escritas nele. Os requerentes devm ser
aconselhados a verificar as datas no visto concedido antes de deixar a presença do Oficial de
Migração. Os requerentes devem também verificar que a data da sua entrada foi carimbada no
seu passaporte, e que está correcta. Um visto de entrada deve ser usado para entrar no país no
prazo de 60 dias a contar da data da sua concessão, e depois é válido pelo período escrito
nele57.
O Regulamento da Migração foi introduzido antes da introdução da Lei do Trabalho e por isso
faz referência ao requisito, que existiu ao abrigo do Decreto anterior regulando o emprego de
cidadãos estrangeiros, de apresentar ou uma Permissão ou uma Autorização de Trabalho,
como parte do processo de pedido dum visto de trabalho.
Na prática, o procedimento do pedido dum visto de trabalho pode ser moroso e complicado, e
os requerentes são aconselhados a deixar tempo suficiente entre a apresentação do seu pedido
e a data planeada da sua viagem, para garantir que todas as condições possam ser satisfeitas. É
fundamental que qualquer pessoa que pretende vir trabalhar em Moçambique entre no país
com o visto correto. Não fazer isso implica uma infracção da Lei da Migração bem como da
Lei do Trabalho.
56
Disponível em www.gov.mz.org acesso em: 30.07.2016
57
Regulamento da Migração, Artigo 17
38
Tendo entrado com um visto dum tipo diferente, um visto de trabalho apenas pode ser
concedido se o requerente abandonar o país e levar os documentos referidos acima à
embaixada ou consulado de Moçambique mais próximo.
O contrato de trabalho devidamente aprovado pelas autoridades laborais é uma das condições primordiais para a
emissão do visto de trabalho, que actualmente é também condição sine qua non para a emissão do DIRE, pelo
que, é recomendável que o contrato de trabalho com o cidadão estrangeiro, nos termos acima referidos, seja
celebrado antes da entrada do mesmo em Moçambique 59.
O cidadão estrangeiro que resida ou se encontre em território nacional goza dos mesmos
direitos e garantias e está sujeito aos mesmos deveres que o cidadão moçambicano, conforme
dispõe o nº 1 do artigo 4º da Lei 5/93.
Os requisitos para obtenção do DIRE, conforme estabelecidos no nº1 do artigo 3.º do Decreto
108/2014, que aprova o Regulamento que Estabelece o Regime Jurídico Aplicável aos
Cidadãos Estrangeiros Relativo a Entrada, Permanência e Saída do País, são:
58
SITOE, Juliana, O DIRE no sistema jurídico Moçambicano, 2014, p. 3
59
Ibidem, p. 3
39
Outros documentos que o requerente julgue pertinentes.
60
SITOE, Juliana, O DIRE no sistema jurídico Moçambicano, 2014, p. 4
61
Ibidem, p. 4
40
Residência Temporária – concedida a pedido a um cidadão estrangeiro que tenha
residência precária há mais de 5 anos; e
Tanto a residência precária como temporária é válida por um ano prorrogável por igual
período. A diferença é que a residência temporária possibilita o pedido de uma autorização
permanente. A autorização de residência permanente é válida por cinco anos prorrogáveis
enquanto perdurarem as razões da sua concessão. No entanto, há a possibilidade de obtenção
de residência permanente por período vitalício, se estiverem reunidas as condições para tal.
Segundo SITOE62 A autorização de residência dá-se por cancelada nos seguintes casos:
Se a ausência do País for por período superior ao estabelecido na lei para cada tipo de
DIRE;
Sempre que se constatarem factos que teriam impedido a sua concessão caso fossem
conhecidos pelas autoridades competentes.
Se o cidadão estrangeiro portador do DIRE, seja qual for o seu tipo de DIRE, pretender sair
do país por um período acima do fixado na lei, deve pedir aconselhamento por forma a
salvaguardar que o seu documento não seja cancelado em virtude de ter permanecido fora de
Moçambique por período superior ao estipulado na lei
Há ainda a referir que, por força do nº 2 do artigo 32º da Lei do Trabalho em vigor em
Moçambique, entende-se que havendo cessação do contrato de trabalho o trabalhador com
residência temporária (isto é portador de DIRE precário e temporário) não deve permanecer
em Moçambique, excepto se o contrato tiver cessado por decurso do prazo e a mesma
entidade empregadora que requereu o DIRE a favor do trabalhador pretenda renovar o
mesmo.
62
SITOE, Juliana, O DIRE no sistema jurídico Moçambicano, 2014, p. 5
41
CAPITULO IV – DIREITO COMPARADO
4.1.Portugal
Ao exemplar do contrato que ficar na posse do empregador devem ser apensos os documentos
comprovativos do cumprimento das obrigações legais relativas à entrada e à permanência ou
residência do cidadão estrangeiro em Portugal, cópias dos quais devem ser igualmente
apensos às restantes vias.
O contrato deverá ser celebrado em duas vias originais, destinando-se uma para cada parte. O
empregador deve comunicar à Autoridade para as Condições do Trabalho64:
O trabalhador, contratado por uma empresa estabelecida noutro Estado, vem prestar a
sua actividade para território nacional, ao serviço de um utilizador, à disposição do
qual foi colocado por empresa de trabalho temporário ou outra.
Segurança no emprego;
Duração máxima do tempo de trabalho;
Períodos mínimos de descanso;
Férias retribuídas;
65
Disponível em: http://emprego.sapo.pt/guia-carreira/artigo/149/artigo.htm , acesso em 5/072016
66
Ibidem.
43
Retribuição mínima e pagamento de trabalho suplementar;
Cedência de trabalhadores por parte de empresas de trabalho temporário;
Cedência ocasional de trabalhadores;
Segurança e saúde no trabalho;
Proteção da parentalidade;
Protecção do trabalho de menores;
Igualdade de tratamento e não discriminação.
Para efeitos da retribuição mínima integra os subsídios ou abonos atribuídos aos trabalhadores
por causa do destacamento, que não constituam reembolso de despesas efectivamente
efectuadas, nomeadamente viagens, alojamento e alimentação.
Esta regra não abrange o destacamento em actividades de construção que visem a realização,
reparação, manutenção, alteração ou eliminação de construções, nomeadamente escavações,
aterros, construção, montagem e desmontagem de elementos prefabricados, arranjo ou
instalação de equipamentos, transformação, renovação, reparação, conservação ou
manutenção, designadamente pintura e limpeza, desmantelamento, demolição e saneamento.
Em Portugal, assim como nos demais Estados-Membros da União Europeia (EU) e do Espaço
Económico Europeu (EEE), vigora um princípio segundo o qual, no preenchimento de postos
de trabalho, deverá ser dada prioridade a nacionais do próprio Estado, nacionais de outros
Estados membros da UE, do EEE, de Estado terceiro com o qual a União Europeia tenha
67
Disponível em: http://emprego.sapo.pt/guia-carreira/artigo/149/artigo.htm , acesso em 5/072016
44
celebrado acordo de livre circulação de pessoas, bem como a trabalhadores nacionais de
Estados terceiros legalmente residentes em Portugal.
O Conselho de Ministros aprova anualmente uma resolução que define um número indicativo
de oportunidades de emprego expectáveis de serem preenchidas por trabalhadores imigrantes
o qual, para o ano corrente, foi fixado em 3800, com efeitos a partir 16 de Junho de 2009
(conforme Resolução do CM n.º 50/2009, que regula esta matéria), não tendo ainda sido
fixado o número para o corrente ano de 2016.
Assim, qualquer candidato a emprego, que não se encontre num dos grupos anteriormente
mencionados e que pretenda vir para Portugal exercer uma actividade profissional
subordinada, apenas o poderá fazer na medida em que o número indicativo de oportunidades
de emprego ainda o permita, ou seja, até que o mesmo se tenha esgotado.
Será com esta Declaração, bem como com toda a documentação adicional necessária para
efeito, que o cidadão estrangeiro se deverá dirigir ao Consulado português da sua área de
residência, de modo a instruir o respectivo pedido de visto de trabalho para o exercício de
actividade profissional subordinada.
O visto é emitido no prazo de 60 dias, sendo válido, nos termos da lei, para 2 entradas por um
período de 4 meses.
45
Após a entrada do cidadão estrangeiro em Portugal e o cumprimento das formalidades
necessárias junto das autoridades fiscais (pedido de número de contribuinte), Segurança
Social (inscrição como beneficiário), ACT (comunicação, pelo empregador, da celebração de
contrato com cidadão estrangeiro) e Serviço Nacional de Saúde (inscrição como beneficiário)
o interessado deverá, junto da Delegação do SEF da sua área de residência em Portugal,
instruir o pedido para a concessão da adequada autorização de residência.
68
Disponível em: http://emprego.sapo.pt/guia-carreira/artigo/149/artigo.htm , acesso em 5/072016
46
O visto de estada temporária é válido inicialmente por três meses e para múltiplas entradas em
território nacional, podendo ser renovado por novos períodos de 1 ano, até ao máximo de 2
anos.
Esgotado o período máximo, o cidadão deverá regressar ao seu país de origem.
4.2.Brasil
4.2.1.Visto
Estabelece o art. 4º da Lei nº 6.815/80, que ao estrangeiro que pretenda entrar no território
nacional poderá ser concedido visto:
De trânsito;
De turista;
Temporário;
Permanente;
De cortesia;
Oficial; e
Diplomático.
O visto é individual e sua concessão poderá estender-se a dependentes legais, observado os
requisitos a seguir. Não se concederá visto ao estrangeiro69:
A posse ou a propriedade de bens no Brasil não confere ao estrangeiro o direito de obter visto
de qualquer natureza ou autorização de permanência no território nacional.
O visto temporário poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda vir ao Brasil:
69
Vd. art. 5º da Lei nº 6.815/80
47
a) Em viagem cultural ou em missão de estudos;
b) Em viagem de negócios;
d) Na condição de estudante;
O prazo de estada no Brasil, nos casos das alíneas “b” e “c”, será de até 90 dias; no caso da
alínea “g”, de até um ano; e nos demais, salvo o disposto a seguir, o correspondente à duração
da missão, do contrato ou da prestação de serviços, comprovada perante a autoridade
consular, observado o disposto na legislação trabalhista70.
No caso da alínea “d” o prazo será de até um ano, prorrogável, quando for o caso, mediante
prova do aproveitamento escolar e da matrícula.
Ao estrangeiro referido nas alíneas “c” ou “e” só será concedido visto se satisfizer às
exigências especiais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Imigração e for parte em
contrato de trabalho visado pelo Ministério do Trabalho, salvo no caso de comprovada
prestação de serviço ao governo brasileiro71.
O visto permanente poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda se fixar definitivamente
no Brasil.
70
Vd. art. 7º da Lei nº 6.815/80
71
Vd. art. 9º da Lei nº 6.815/80
48
aspectos e, em especial, ao aumento da produtividade, à assimilação de tecnologia e à
captação de recursos para setores específicos.
Para obter visto permanente o estrangeiro deverá satisfazer, além dos requisitos referidos no
art. 5º da Lei nº 6.815/80, as exigências de caráter especial previstas nas normas de seleção de
imigrantes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Imigração.
Pessoa Jurídica:
49
Outros documentos previstos em Resoluções do Conselho Nacional de
Imigração.
Do candidato:
Poderá ser concedida autorização de trabalho ao estrangeiro quando a remuneração a lhe ser
paga não for inferior a maior remuneração paga pela empresa, na mesma função/atividade a
ser desenvolvida pelo estrangeiro chamado no Brasil.
Se a autoridade não reconsiderar a decisão no prazo legal, o pedido será recebido como
recurso e será encaminhado de ofício à autoridade superior para decisão.
50
4.2.4.Contrato de trabalho
A rescisão dos referidos contratos reger-se-á pelas normas estabelecidas nos arts. nºs 479, §
1º, 480 e 481 da CLT.
Aos técnicos estrangeiros contratados nos termos do Decreto-Lei nº 691/69 serão assegurados,
além das vantagens previstas no contrato, apenas as garantias relativas ao salário-mínimo,
repouso semanal remunerado, férias anuais, duração, higiene e segurança do trabalho, seguro
contra acidente do trabalho e Previdência Social deferidas ao trabalhador que perceba salário
exclusivamente em moeda nacional.
A taxa de conversão da moeda estrangeira será, para todos os efeitos, a data do vencimento da
obrigação.
A competência para dirimir as controvérsias oriundas das relações estabelecidas neste item
será da Justiça do Trabalho.
O art. 1º da Resolução Normativa CNI nº 80/08 estabelece que o MTE poderá conceder
autorização de trabalho para obtenção de visto temporário na condição de cientista, professor,
técnico ou profissional de outra categoria, sob regime de contrato ou a serviço do governo
brasileiro, ao estrangeiro que venha ao Brasil com vínculo empregatício em entidade
empregadora estabelecida no Brasil, respeitado o interesse do trabalhador brasileiro.
Escolaridade mínima de nove anos e experiência de dois anos em ocupação que não
exija nível superior; ou
52
CAPITULO V - INCONGRUÊNCIA DOS REQUISITOS PARA O CIDADÃO
ESTRANGEIRO TRABALHADOR EM MOÇAMBIQUE VISTO DE TRABALHO OU
VISTO DE RESIDÊNCIA
De acordo com o disposto no n.º 3 do art. 33.º da Lei do Trabalho, o regime jurídico da
contratação de trabalhadores de nacionalidade estrangeira constante da Lei do Trabalho é
regulado por legislação específica, sendo que o regime regra é disciplinado pelo Regulamento
aprovado pelo Decreto n.º 55/2008, de 30 de Dezembro (Regulamento Relativo aos
Mecanismos para a Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira), doravante
designado apenas por Regulamento, enquanto os regimes especiais são regulados pelo
Decreto nº 63/2011, de 7 de Dezembro (petróleo e minas) e o Decreto-Lei n.º 2/2011, de 19
de Outubro (função pública).
53
5.1.1.As modalidades de contratação
Segundo entrevistado VV afirma que “para uma melhor compreensão deste regime de
contratação, há que ter em conta o lugar que o empregador em concreto ocupa na
classificação atribuída às empresas pela Lei do Trabalho, em razão da respectiva dimensão”.
Neste sentido, na Lei do Trabalho e no Regulamento distingue-se entre pequena, média e
grande empresa, sendo o critério de distinção baseado no número total de trabalhadores que a
empresa tenha no seu quadro de pessoal.
Neste sentido segundo o artigo 34 da Lei de Trabalhos, são consideradas “pequenas empresas
as que tenham um número máximo de dez trabalhadores; por médias empresas aquelas que
tenham um mínimo de onze e um máximo de cem trabalhadores; por fim, consideram-se
grandes empresas as que tenham mais de cem trabalhadores”.
Por outro lado, afirma o entrevistado AB que “na determinação do número exacto de
trabalhadores de nacionalidade estrangeira a contratar, o número de trabalhadores a
considerar corresponde à média dos existentes na empresa, ao longo do ano civil anterior”.
54
Dez por cento da totalidade de trabalhadores nas pequenas empresas.
Note-se que, mesmo que o número total de trabalhadores de nacionalidade moçambicana seja
inferior a dez, as pequenas empresas podem ter ao seu serviço um cidadão estrangeiro, o que
se compreende, dada a impraticabilidade do critério aritmético para este tipo de casos.
Pode suceder que os empregadores pretendam admitir trabalhadores para exercerem funções
durante um período de tempo inferior a trinta dias. Este tipo de situações é previsto pelo
Regulamento e a elas é aplicável um regime especial.
Com efeito, nos termos do n.º 1 do art. 12.º do Regulamento, considera-se trabalho de curta
duração “o que não excede trinta dias, seguidos ou interpolados, quando prestado por
cidadãos estrangeiros ainda que estejam vinculados por contrato com a empresa sede ou
suas representadas sedeadas noutro país”. O trabalho de curta duração não carece de
autorização de trabalho, o que significa que o exercício de funções por trabalhadores de
nacionalidade estrangeira em Moçambique, por períodos inferiores a trinta dias é livre.
55
Em caso de absoluta necessidade, o período de duração do trabalho de curta duração pode ser
prorrogado, desde que a sua duração não exceda nunca noventa dias por ano, bastando para tal
a demonstração da existência dos motivos que justificam tal prorrogação.
Local de trabalho;
Duração;
Acresce entrevistado JJ que “qualquer alteração das condições de trabalho deve ser
comunicada à entidade que superintende a área do trabalho na província onde o cidadão
estrangeiro esteja a prestar actividade, devendo a respectiva apostila ser assinada pelo
empregador e pelo trabalhador abrangido”.
Acresce ao facto de “a renovação dos contratos celebrados dentro do regime de quotas não
carece naturalmente de nenhum pedido, podendo efectuar-se automaticamente. Nota
importante é a inconvertibilidade dos contratos de trabalho celebrados com estrangeiros em
contrato por tempo indeterminado”.
72
EGÍDIO, Baltazar, Noções Gerais de Direito de Trabalho, 2015, p. 21
56
Tais sanções deverão variar em função da gravidade da infracção. Os critérios para a
aplicação das sanções estão fixados na Lei do Trabalho e no Regulamento.
Neste âmbito cabe destacar o regime para a contratação de cidadãos estrangeiros para o
trabalho nos sectores de petróleo e minas, cujo regime se encontra disciplinado pelo
regulamento aprovado pelo Decreto n.º 63/2011, de 07 de Dezembro e pelo regime jurídico de
contratação de cidadãos estrangeiros para a prestação de serviços na função pública (regulado
pelo Decreto-Lei n.º 2/2011, de 19 de Outubro).
57
CONCLUSÃO
73
Regulamento Relativo aos Mecanismos para Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira
58
estrangeiro a prerrogativa de iniciar as suas actividades laborais, antes da
emissão da respectiva comunicação de trabalho.
59
RECOMENDAÇÃO
Que o visto de residência seja requisito geral, para obtenção de autorização para
trabalhar em moçambique, pois, só assim, se mostrara congruentes as diversas
legislações laboral, atinente a contratação de trabalhadores estrangeiros.
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Obras:
A
Legislação nacional:
61
5. MOÇAMBIQUE, Decreto 108/2014, que aprova o Regulamento que
Estabelece o Regime Jurídico Aplicável aos Cidadãos Estrangeiros Relativo a
Entrada, Permanência e Saída do País.
Legislação estrangeira:
Portal electrónico:
62
APÊNDICE
63
Questionário
64