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Tete
Julho de 2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
Tete
Julho de 2020
DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE
Eu, Hélio Samuel Hoguane declaro por minha honra, que a presente monografia é o
resultado do trabalho por mim realizado, e fruto de investigação pessoal com a ajuda e a
orientação do supervisor. Declaro ainda que este trabalho é original e obedece todas as
regras metodológicas universais e específicas em vigor na Faculdade de Gestão de
Recursos Naturais e Mineralogia da Universidade Católica de Moçambique.
Declaro também que todas as fontes consultadas estão devidamente citadas no texto e
mencionadas nas referências bibliográficas. Declaro, por fim, que este trabalho nunca foi
apresentado em alguma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico e,
por isso, nenhuma parte deste trabalho pode ou poderá ser reproduzida sem a autorização
do autor ou da Universidade Católica de Moçambique.
_______________________________________________
Supervisor
______________________________________________
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, Sr. Samuel Sebastião Hoguane Deus o tenha, e Minha Mãe
Filomena Basilio Langa, eles que sempre lutaram para que nada falte a Família.
4
AGRADECIMENTOS
À Deus, por ser tão abençoado e pela graça de estar vivo e com saúde para realização
deste trabalho.
A minha mãe Filomena Basílio Langa por ter me dado a oportunidade de estudar e me
proporcionar uma boa educação (espero ter correspondido às expectativas), agradecer
minha irmã Clésia Hoguane pelos ensinamentos e conselhos e a minha amada namorada
Florentina Ricardo Chivambo pelo carinho, amor, paciência e pelo apoio nos momentos
ruins, amizade e pela compreensão, minha tia Ana Cardoso Leitão pelo apoio;
Agradecer ao meu supervisor pela paciência, força e dedicação para a realização deste
trabalho;
À JSPL Mozambique Minerals, Lda, por me oferecer a oportunidade de estágio, aos meus
instrutores de campo: Técnico em Geologia Fernando Armando Tembo; Auxiliar de
Topografia Richard Marcos Guídion; Técnico em Topografia Waisson Alberto Escova
pelo apoio técnico e científico.
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EPÍGRAFE
Stephen Covey
6
RESUMO
7
ABSTRACT
This research aimed to assess the deposition of waste and tailings. This research was
carried out on the waste dump and the site of deposition of coal waste from JSPL
Mozambique Minerals in the Chirodzi-Tete province. For the elaboration of this research,
analyzes of data collected in the research area, direct observation and bibliographic
research were used in order to demonstrate the real situation in which the company finds
itself. The generation of coal mining residues, especially the sterile and tailings during
the extraction and processing of mineral coal, the deposition of the sterile and tailings is
a problem because they are highly toxic to the environment. It is concluded that in an
attempt to minimize costs, lack of qualified professionals for the disposal of waste and
tailings, poor planning, these factors directly influence for there to be an incorrect
deposition.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
g: gramas
cm: centímetro
m: metro
m³: metro cúbico
km²: Quilômetro quadrado
UCM: Universidade Católica de Moçambique
JSPL: Jindal and Power Limited
DAM: Drenagem Ácida da Mina
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ÍNDICE DE APÊNDICES
10
ÍNDICE DE FIGURAS
11
ÍNDICE DE TABELAS
12
Índice
1 INTRODUÇAO ................................................................................................... 16
1.3 Contextualização........................................................................................... 17
1.7.1 Geral...................................................................................................... 18
1.8.4 Solos...................................................................................................... 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................ 21
13
2.1.9 Sistemas de drenagem interna ................................................................ 29
14
3.2 Limitações de Estudo .................................................................................... 47
4.1.1 Perfuração.............................................................................................. 48
4.1.2 Desmonte............................................................................................... 49
7 Apêndice ............................................................................................................. 65
15
1 INTRODUÇAO
Como é de conhecimento geral, o foco principal dos empreendedores do sector mineral é
a redução de custos de transporte e deposição dos resíduos porque a deposição de resíduos
da mineração (estéril e rejeito) são actividades com muitos gastos enquanto que não dão
retorno economicamente a empresa. Desta forma, o desenvolvimento e aplicação de
novas metodologias em projectos de engenharia mais aplicados às propriedades dos
rejeitos e estéreis implicam melhorias nos métodos de disposição e pode representar uma
redução nos custos da disposição.
As atividades mineradoras geram uma grande quantidade de resíduos sólidos, dos quais
os mais importantes em termos de volume são os gerados pelas atividades de extração de
minério (estéreis) e pelas usinas de beneficiamento (rejeitos).
16
1.3 Contextualização
A disposição dos resíduos da mineração em Moçambique tem sido de maneira dependente
da própria empresa.
1.4 Justificativa
O aumento da demanda pelo carvão mineral requer extração de grandes volumes do
minério em pouco tempo, o que acarreta também a retirada de grandes volumes de estéril
e do rejeito na empresa JSPL. Assim, é necessário que se estabeleça uma área adequada
para a disposição deste material e, para isso, torna-se essencial considerar diversos
factores para sua locação, tais como: A geotécnica para avaliar a mecânica dos solos e
das rochas, geologia para avaliar a composição das rochas e suas estratificações, aspectos
hidrológicos para avaliar a qualidade da água subterrânea, sua distribuição e seus
movimentos.
17
Os principais problemas identificados na área de estudo e que merecem especial atenção
para a eliminação dos mesmos são: Falta de planeamento na disposição de estéril e rejeito;
falta de controlo e gestão na pilha de estéril; contaminação dos solos pela descarga de
resíduos da mineração; Falta de sistema de tratamento das águas da chuva que se
acumulam nos locais de disposição do rejeito e estéril; Contaminação das águas
superficiais e subterrâneas.
Neste contexto, a presente pesquisa visa responder a seguinte questão: ‟Quais são os
factores que influenciam na má disposição do estéril e do rejeito na empresa JSPL
Mozambique Minerals Lda?”
1.6 Hipóteses
a) O fraco planeamento influencia negativamente na gestão e disposição do estéril e
rejeito;
1.7 Objetivos
1.7.1 Geral
Avaliar o método de disposição e gestão das pilhas de estéril e de rejeito da
empresa JSPL Mozambique Minerals Lda.
1.7.2 Específicos
Descrever os métodos da disposição dos resíduos da mineração (estéril e rejeito);
Indicar as consequências geradas pela falta de gestão das pilhas de estéril e rejeito
a fim de reduzir problemas gerados;
Propor métodos de disposição para reduzir e solucionar impactos negativos que o
estéril e rejeito causam.
18
1.8 Caracterização Físico – geográfica da área de estudo.
1.8.1. Localização Geográfica da área de estudo
A área de estudo localiza-se entre os Distritos de Marara e Cahora Bassa, no povoado de
Chirodzi, ao longo da Estrada Nacional, que dà acesso a Vila de Songo a sul do rio
Zambeze. Limitando-se a Norte com o distrito de Cahora-Bassa, a Sul com a Província
de Manica através do rio Luenha. A área se situa à 98 Km da cidade de Tete e à 45 Km
até ao Distrito de Songo, limitado por seguintes coordenadas: 15°17'00'' a 17°36'00'
latitude Sul e 32°45'00'' a 36°18'00'' longitude Este.
1.8.3. Relevo
O Relevo da área de estudo subdivide-se em duas partes bem distintas, sendo a Norte de
Chirhodzi á formação dos Planaltos e a Sul, Planície do Vale do Zambeze, que apresenta
algumas formações montanhosas.
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1.8.4. Solos
A zona Sul de área de estudo possui solos Argilosos-Arenosos Acastanhados, com
fertilidade intermédia a boa, em partes delgadas; algumas manchas dos Solos muito
pesados, Cor Cinzenta e Negra, mal drenados e difícil lavoura; Solos fluviais-mal
drenados.
Para a fauna na área de estudo abundam os seguintes animais: Cabritos cinzentos, suinos,
macacos de cara preta, gado bovino, pois estes são animais que mais predominam na área
de estudo.
1.9 Hidrografia
A rede hidrográfica da área de estudo é predominante pelo Rio Zambeze e seus afluentes
que atravessam na região, com numerosos rios e riachos que nascem nas montanhas. A
área de estudo é atravessada pelo Rio Luenha e seus afluentes e atravessam-na em direção
às zonas mais baixas. A maior parte dos rios gerados pelas fontes naturais na área, são de
regime periódico, possuindo água somente nas épocas chuvosas
20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com Barreto (2001), os estéreis são os materiais escavados, gerados pelas
actividades de extração (ou lavra) no decapeamento da mina, não têm valor econômico e
ficam geralmente dispostos em pilhas.
Segundo Aragão (2008) a deposição de rejeito e estéril é feita em geral de forma separada
e aproveitando locais onde não será realizado nenhuma extração do minério, ou em local
onde já se explorou o minério.
O projeto de construção de uma pilha de estéril e barragem de rejeito deve ser feito de
modo a cumprir todos procedimentos necessários para uma boa deposição e deve ser tão
detalhado quanto o projeto de lavra e a escolha de um local para deposição de estéril e
rejeito estão em função de seguintes factores: económicos, técnicos, ambiental e social.
21
Após a construção dos locais de deposição de estéril e rejeitos deve se observar os
seguintes critérios:
Devem ser adotadas medidas para se evitar o arraste de sólidos para o interior de
rios, lagos ou outros cursos de água conforme normas vigentes;
Dentro dos limites de segurança das pilhas não é permitido o estabelecimento de
quaisquer edificações, exceto edificações operacionais, enquanto as áreas não
forem recuperadas, a menos que as pilhas tenham estabilidade comprovada;
Na deposição de estéril ou rejeitos sobre drenagens, cursos de água e nascentes,
deve ser realizado estudo técnico que avalie o impacto sobre os recursos
hídricos, tanto em quantidade quanto na qualidade da água;
Devem ser tomadas medidas técnicas e de segurança que permitam prever
situações de risco.
Na deposição de estéril e rejeitos em terrenos inclinados devem ser adotadas
medidas de segurança para assegurar sua estabilidade.
Deve ser feito o monitoramento constante dos sistemas de deposição de forma
que permita prever o nível de qualidade dos efluentes e as situações de riscos.
Deve ser considerada também, a importância de se fazer uma classificação dos possíveis
impactos ambientais causados pelo depósito de estéril, dos quais pode-se citar o
desmatamento, a modificação física e estética do meio ambiente, a poluição das águas
superficiais e subterrâneas, a evasão forçada de animais existentes na área, entre outros.
Uma parte do planeamento de um depósito de estéril compreende a elaboração do projeto
preliminar, o qual deve conter informações detalhadas dos planos preliminares, avaliação
dos parâmetros ambientais, os possíveis impactos e as medidas mitigatórias para
minimizá-los, e os critérios do projeto para que este possa ser avaliado pelos órgãos
competentes (Aragão, 2008).
A viabilidade da deposição, na qual são realizados estudos acerca das condições do local
e de sua exequibilidade e são determinadas também as características do material de
fundação (como a resistência ao cisalhamento, durabilidade, composição química, etc.),
22
bem como as características dos materiais que irão compor a pilha, para verificar o
comportamento geotécnico dos mesmos sob empilhamento, (Teixeira, 2011).
Segundo Teixeira (2011), dentre os possíveis locais para deposição do estéril, aquele que
apresentar a menor distância de transporte será, em geral, priorizado na escolha, pois
implica menores gastos com o transporte do material.
Como exposto por Pires (2015), os factores que devem ser considerados na seleção do
local para construção de um depósito de estéril são:
Em tempos remotos, a escolha do melhor local para a construção de uma pilha de estéril
considerava somente a alternativa de menor custo, sendo assim, um procedimento
relativamente simples. No entanto, nos dias atuais, os estudos de alternativas locacionais
23
de um depósito de estéril analisam, além da questão econômica, os aspectos ambientais,
visando a diminuição dos possíveis impactos decorrentes desta atividade.
Com os resultados obtidos a partir das análises das amostras, pode-se obter todo o perfil
geológico-geotécnico do local escolhido para a disposição do estéril, sendo possível
compará-lo com o perfil geológico-geotécnico regional.
24
O estudo acerca desses fatores é indispensável, pois, uma vez que ocorre a elevação do
nível de água interno a uma pilha de estéril, a segurança da estrutura fica seriamente
comprometida, visto que a presença de água em seu interior diminui o fator de segurança
necessário para garantir a sua estabilidade (Orman et al., 2011).
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Uma das regras gerais de uma pilha de estéril afirma que o factor de segurança mínimo
permitido (tanto o global da pilha quanto o individual para cada bancada) deve ser de
1,5m sendo este o factor determinante da altura máxima do depósito (Carvalho, 2009).
26
tendem a permanecer próximos ao topo, formando regiões mal graduadas quanto à
classificação granulométrica.
2.1.7 Instabilidade Geotécnica Relacionadas às Condições de Fluxo
No passado, a pouca importância atribuída ao entendimento das condições de fluxo
superficial e subterrâneo em pilhas de estéril trouxe consequências graves, a exemplo da
ruptura de uma pilha de carvão em Aberfan (South Wales).
Segundo Teixeira (2011) as possíveis causas dessa ruptura estão relacionadas,
principalmente, à saturação do maciço da pilha e da redução dos parâmetros de resistência
dos materiais dispostos.
Saturações dessa natureza ocorrem devido ao acúmulo de água no interior da pilha (locais
mal drenados), associado às mudanças nas propriedades hidráulicas do estéril
(permeabilidade), visto que, a longo prazo, a ação do intemperismo e o carreamento de
materiais mais finos do estéril propiciam a formação de regiões de baixa permeabilidade
e difíceis para percolação de água.
Outra causa também mencionada por Teixeira (2011) foi a diminuição nos valores dos
parâmetros de resistência do estéril. Dependendo das condições climáticas em que o
estéril estiver exposto, mais uma vez, a ação do intemperismo será responsável pela
diminuição da resistência ao longo do tempo, podendo causar eventuais instabilidades
geotécnicas. Modos de ruptura essencialmente causados por influência da água em pilhas
de estéril são descritos por Texeira (2011), conforme apresentado na Figura abaixo. Dois
processos podem ser enumerados como possíveis agentes causadores da ruptura: (i)
elevação da superfície freática no maciço das pilhas e (ii) saturação do talude e fluxo
superficial paralelo a sua face.
27
Figura 3: Modos de ruptura em pilhas de estéril, onde a água é o principal
28
a geração de drenagem ácida, ou melhor dizendo DAM (drenagem ácida de mina).
(PIRES 2015).
A qualidade dos solos e dos recursos hídricos de regiões próximas a minerações nestes
casos acaba sendo comprometida seriamente se nenhuma medida mitigadora for
efetivamente realizada. E, mesmo existindo materiais de fundação (terreno natural) nas
pilhas de estéril que funcionem como uma camada protetora dos agentes contaminadores
do solo e da água subterrânea tais como estes, a oxidação dos sulfetos e consequente
geração de DAM será inevitável e fatalmente acabará por escoar até um meio permeável
ou curso de água localizado a jusante do depósito, (Pires 2015).
Cada vez mais, novas tecnologias de tratamento de DAM têm surgido no âmbito mundial,
seja por neutralização empregando aditivos químicos alcalinos (sistemas ativos) ou por
descontaminação da DAM em banhados ou sistemas de terras úmidas (sistemas passivos).
Entretanto, estes processos ainda ficam a desejar devendo, no futuro, enfrentar os desafios
derivados dos grandes volumes envolvidos em pilhas de estéreis associados às condições
climáticas específicas de cada região.
2.1.9 Sistemas de drenagem interna
As condições de drenagem em um depósito de estéril dependem das características do
material que o compõe, do meio físico local e do fluido percolante (Petronilho, 2010).
29
2.1.10 Sistemas de drenagem superficial
Os dispositivos de drenagem externa ou superficial são instalados na pilha de estéril com
a finalidade de captar as águas incidentes sobre a mesma - provenientes de precipitações
ou de outras áreas adjacentes e impedir, desta maneira, o acúmulo de água sobre a sua
superfície e a infiltração.
Tais dispositivos captam a água e a direcionam para fora do depósito, de forma que não
haja comprometimento da estrutura. Os mais comuns são as canaletas, descidas de água
e dissipadores de energia.
A ausência desses sistemas acarreta sérias consequências na segurança da pilha, uma vez
que, a água infiltrada pode provocar erosão superficial nos taludes e até mesmo o
desmoronamento da estrutura. Devido a isso, deve ser feito o correto dimensionamento
dos sistemas de drenagem superficial, sendo necessário considerar alguns requisitos
básicos, como por exemplo, o caimento transversal e longitudinal das bermas que
proporcione a maior eficiência desses sistemas, (Petronilho 2010).
Podem ser construídas também, leiras trapezoidais na crista e ao longo dos bancos do
depósito de estéril, de forma a preservar os taludes e, além disso, podem ser instalados
canais periféricos, cuja função é captar e conduzir as águas pluviais que incidem sobre a
crista da pilha (Petronilho, 2010).
30
As águas provenientes das canaletas são então, direcionadas às descidas de água,
constituídas por canais em degraus. Estes dispositivos são construídos no entorno da pilha
ao longo do contato desta com o terreno natural e são dotados de dissipadores de energia,
os quais representam estruturas responsáveis por diminuir a velocidade do fluxo e
controlar a erosão.
Por fim, os canais periféricos captam as águas oriundas das descidas d’água e lança-as na
drenagem natural, visando o menor impacto possível. Esse tipo de drenagem é
denominado drenagem periférica (Carvalho, 2009).
Vale considerar também, que as pilhas de estéril devem possuir pontos providos de
sistemas de contenção de finos ou diques de contenção de finos, responsáveis por reter as
partículas sólidas que são carregadas juntamente com a água, de modo que esta chegue
limpa aos cursos de água naturais.
À medida que aumenta a taxa de disposição de estéril e a pilha se torna maior, aumenta a
possibilidade de rupturas, devido ao aumento das tensões impostas (Kent, 1992).
Assim, são necessárias análises constantes da estabilidade do depósito, pois uma eventual
ruptura pode causar, além de grande impacto ambiental, a interrupção das operações de
mina, prejudicando desse modo, todo o planejamento econômico do empreendimento,
além da possibilidade de perdas de vidas humanas.
De acordo com Caldwell et al. (1985), durante a atividade de mineração, uma pilha de
estéril não é completamente estável. Em virtude disso, o monitoramento da estabilidade
da estrutura é realizado para que seja possível adotar medidas mitigatórias para evitar as
consequências indesejáveis de uma potencial ruptura.
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Segundo Kent (1992), a escolha do método de análise de estabilidade de um depósito de
estéril deve considerar os possíveis modos de ruptura, além dos parâmetros relacionados
à resistência do material e às poropressões exercidas pela água no interior da pilha. O
principal objetivo dessa análise é a determinação da possibilidade de mobilização de
massa ao longo dos taludes.
Diversos parâmetros interferem na segurança de uma pilha de estéril, dos quais pode-se
citar: a topografia do local, a geometria do depósito, a taxa de disposição e a altura dos
bancos, as propriedades geotécnicas, o método de construção, hidrologia e hidrogeologia
e as forças sísmicas (Orman et al., 2011).
Para Orman et al. (2011), os principais modos de ruptura são: escorregamento superficial,
escorregamento por fluxo superficial, ruptura rotacional circular, ruptura basal e
translação de bloco.
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O escorregamento por fluxo superficial é explicado em virtude da entrada de grande
quantidade de água na estrutura, provocando assim, a saturação do material, o qual
desliza ao longo das encostas da pilha de estéril. Já a ruptura rotacional circular pode
ocorrer em consequência do peso excessivo de material no depósito, assim como devido
às características do estéril que o constitui (material frágil ou muito fino) e às altas
poropressões. Pode se estender à fundação se o solo possuir baixa resistência.
De acordo com Robertson et al. (1985), o processo de monitoramento das pilhas de estéril
não envolve apenas os factores relacionados à estabilidade geotécnica, deve-se considerar
também, a vulnerabilidade do estéril frente às condições de oxidação, percolação,
lixiviação e erosão.
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2.1.13 Metodologias para Deposição de Estéril
A forma pela qual o estéril retirado da mina será disposto em um determinado local deve
ser planejada e controlada de modo a proporcionar a máxima estabilidade e segurança da
pilha de estéril, além de causar o mínimo impacto ao meio ambiente.
Método descendente;
Método ascendente;
Método por correia.
Assim, a pilha construída por este método não apresenta um sistema de drenagem
adequado e não possui proteção superficial dos taludes contra a erosão, o que a torna uma
estrutura bastante instável e altamente susceptível a rupturas.
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Segundo Carvalho (2009), apesar do método ser ilusoriamente mais econômico, por
reduzir a distância de transporte, o mesmo não atende às condições mínimas de segurança.
Devido a isto, este tipo de depósito somente deve ser construído onde o terreno de
fundação apresenta alta resistência e o material a ser disposto é bastante granulado, pois
se o estéril for constituído de grande quantidade de finos, estes por estarem soltos, podem
ser carreados para os cursos de água situados próximos à pilha.
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Cabe ressaltar que neste método são adotados sistemas de drenagem adequados, bem
como é realizada a proteção superficial dos taludes, o que também contribui para a
maior segurança da pilha.
Cabe ressaltar que o projeto de uma pilha de estéril deve sempre considerar os objetivos
a longo prazo que podem ser exigidos para reabilitação da área utilizada para deposição
36
do material. Tais objetivos compreendem assegurar a estabilidade e o controle de erosões
a longo prazo e garantir que a água proveniente da pilha seja desaguada com qualidade
ao meio ambiente local e que seja possibilitado o uso futuro das áreas afetadas.
37
quais as melhores formas de armazenamento, ou seja, que tipo de reservatório será o mais
conveniente para aquela polpa (Botelho 1994).
2.2.2 Transporte de rejeitos
A forma de transportar os rejeitos das usinas de beneficiamento até os locais de
deposição depende das suas características geotécnicas.
Uma mistura com maior teor de sólidos, como uma pasta, é transportada para a estrutura
de contenção por caminhões ou correias transportadoras.
Uma mistura mais fluida é transportada por tubulações, por gravidade ou bombeamento,
o que é uma alternativa de menor custo operacional.
2.2.3 Planeamento e construção de uma barragem de rejeito
2.2.4 Propriedades geotécnicas dos rejeitos
As propriedades geotécnicas da massa de rejeitos (resistência, deformabilidade e
permeabilidade) dependem da natureza do minério e de como se processa a deposição.
38
2.2.7 Vida útil de uma barragem de rejeito
As etapas da vida útil de uma barragem de rejeito compreendem a procura do local da
implantação, projeto da instalação, construção, operação, reaproveitamento e o
fechamento definitivo.
No entanto é necessário na seleção de local vincular todo tipo que direita ou indiretamente
influencia na obra: características geológicas, hidrológicos, geotécnicos, ambiental,
social, avaliação de riscos entre outros sem subestimar o que pode suceder na construção,
operação ou fechamento de barragem de rejeito e fazer uma lista de chocagem
considerando tudo quanto se possa imaginar como admissível sem ignorar nada que afete
a vida útil da barragem como o vazamento do mesmo por falta de atenção dos técnicos
na construção.
De acordo com Soares (2010), o projecto de construção da barragem deve ser concebido
desde o momento que vincula o desenho de todas as infraestruturas da mina sobre tudo
no momento em que se concebe a planta de processamento de modo a adequar o projeto
em função dos acidentes e as condições do local sobre tudo a economia do mesmo
empreendimento. Caso exista descontinuidades, fraturas, falhas ou mesmo juntas no local
é necessário se cimentar para que não haja infiltração das águas da barragem e uma
possível contaminação do lençol freático. O desenho do projeto deve conter:
O Estudo hidrogeológico
Estudo geotécnico
Secções de alteamento
39
Análise da estabilidade do rejeito
Método Montante;
Método Jusante
Método linha de Centro
40
2.2.11 Método Montante
Segundo Araújo (2006), método montado, o material da fundação e nos alteamentos o
eixo da barragem se desloca para o montante. A polpa é descarregada ao longo do
perímetro da crista do dique, formando uma praia feitos por ciclones, ou com uma
sequência de tubulações menores perpendiculares à tubulação principal, chamados de
“spigots”, que permitem uma melhor uniformidade na formação da praia. Como os
rejeitos têm uma distribuição granulométrica ampla, as partículas mais grossas e mais
pesadas sedimentam mais rapidamente, ficando nas zonas próximo ao dique, e as
partículas menores e menos densas ficam em suspensão e são transportadas para as zonas
internas da bacia de sedimentação. Nas etapas posteriores, são construídos diques em todo
o perímetro da bacia. O tamanho dos diques nos alteamentos é uma variável que depende
das necessidades operacionais do processo. Importa frisar que o dique inicial geralmente
é sempre maior que os diques das etapas seguintes.
Vantagens do método
Desvantagens
41
Figura 9: Método Montante
Vantagens
42
Desvantagens do método
Vantagens
Facilidade na construção
Eixo dos alteamentos constante`
43
Desvantagens
44
De acordo com Duarte (2008), as mudanças geométricas de uma estrutura podem ocorrer
na geometria externa, caracterizando um deslocamento da estrutura no seu todo, ou na
geometria interna, caracterizando uma fundação. As deformações podem ser identificadas
por recalques excessivos, aumento da taxa de recalques localizados ou trincas na crista
ou nos taludes.
Azam e Li (2010) apontaram os factores climáticos e o mal gerenciamento como
principais factores inerentes as falhas das barragens. As falhas causadas pelas chuvas
incomuns aumentaram de 25% (antes do ano 2000) a 40% (apos 2000). Isso pode ser
atribuído as mudanças recentes nas condições climáticas.
As falhas ocasionadas devido à má gestão aumentaram de 10% a 30% para os mesmos
períodos. Este aumento nos índices de falhas pode ser atribuído à grande exploração de
recursos sendo depositados nos reservatórios sem o devido monitoramento e controle.
A deformação das barragens constitui-se no principal problema que pode surgir durante
a vida útil do empreendimento.
Vários factores influenciam nas deformações, dentre eles:
45
de alerta ou de emergência, de atenção, potencialmente grave e sem gravidade). Nessa
inspeção também se realizam outras ações como verificação das condições do sistema de
drenagem superficial, avaliação do estado da barragem (ocorrência de erosões
superficiais, trincas ou deslizamentos) e a verificação das condições de operação do(s)
vertedouro(s). Já a inspeção especial é realizada em caráter excepcional, como em casos
de grandes cheias.
Além das inspeções, também é necessário um adequado programa de manutenção das
barragens. A manutenção é o conjunto de tarefas destinadas a manter a barragem em
adequadas condições de segurança e de funcionalidade, sendo que quando devidamente
realizadas, as manutenções protegem a barragem contra a deterioração, prolonga a sua
vida e reduz grandemente a probabilidade de ruptura.
Segundo Duarte (2008) cita dois tipos de manutenção: a preventiva e a corretiva. A
primeira é efetuada frequentemente, visando evitar a ocorrência de uma anomalia,
enquanto a manutenção corretiva é o conjunto de ações realizadas para reparação de
anomalias já detectadas.
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3 METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
a) Quanto a abordagem o tipo de pesquisa é quantitativo porque envolve manipulação de
resultados quantificáveis a fim de obter conclusões possíveis de expressar
numericamente;
b) Quanto a natureza o tipo de pesquisa é aplicado porque tem como objectivo gerar
conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos;
47
4 APRESENTAÇÃO, ANALISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
4.1 Apresentação de dados
JSPL Mozambique Minerals, Lda, é subsidiária da Empresa Steel and Power (Mauritius),
Ltd, parte da Jindal and Power, Limited, uma das maiores Companhias de fabrico de Ferro
na Índia. Em Moçambique, dedica se a extração do carvão tanto térmico como coque.
4.1.1 Perfuração
Na JSPL a perfuração é feita por duas perfuratrizes rotativas instaladas em camiões como
ilustra a figura 12.
4.1.4 Transporte
O transporte do material na frente de desmonte, está subdividido em: Transporte do
estéril e transporte do minério (carvão). Tanto o transporte do estéril como do minério, é
feito por vários camiões basculantes (figura 14) cujas capacidades variam de 17,5 a 100
toneladas.
49
Figura 14: Camiões basculantes usados.
Foi escolhido este local por não possuir nenhum minério de valor e estar localizado perto
da cava da mina. Na área escolhida para a deposição de estéril, não foi feita uma
investigação geotécnica aprofundado para se conhecer as propriedades do material
rochoso (resistência, porosidade, fracturação), grau de alteração das rochas, etc. A
quantidade de estéril movimentada e depositada no período de agosto a outubro, está
representada na tabela 1.
50
4.1.6 Hidrologia e hidrogeologia da área de deposição do estéril
A área da pilha de estéril encontra-se localizada na Bacia Hidrográfica (figura 15), no
entanto, existem apenas alguns riachos sazonais que atravessam a área de estudo e drenam
para os rios toda a precipitação que é recebida. Todos os rios e riachos são sazonais e
fluem apenas em resposta directa às estações chuvosas, permanecendo na maior parte
secos para o resto do ano. Assim sendo, o escoamento superficial da área de deposição
ocorre apenas durante a estação chuvosa.
Esta bacia da área de estudo é caracterizada por apresentar um escoamento superficial
limitado durante o período chuvoso. Na bacia a declividade é alta portanto não
proporciona trechos sujeitos a enchentes.
Ao redor do local de deposição de estéril foi identificada uma cobertura fina de aluvião,
principalmente em áreas baixas. A espessura do aluvião não é elevada e é, geralmente,
inferior a 5 metros, ocorrendo aquíferos moderadamente produtivos.
Fonte: JSPL2018.
51
4.1.7 Projecto executivo de depósito de estéril
O estéril, é depositado em forma de pilha (figura 16) mas não foram seguidas com
rigor, as etapas que garantem a segurança da pilha de estéril, como por exemplo, não
foi feito um sistema de drenagem interna, apenas foi feita uma inclinação para poder
drenar as águas superficiais. A sua geometria, seguiu os seguintes critérios:
Figura 16: Pilha de estéril com materiais finos depositados topo e blocos maiores no pé
52
Como se pode observar na figura (17), a pilha é composta por materiais areníticos e
carbonatados (Carvão mineral), de granulometria fina, média e blocos maiores com
30mm de granulometria. Os materiais médios e finos ficam depositados no topo da pilha
e os blocos maiores rolam para o pé do talude. São notórias algumas fissuras na figura
(17) abertas por agentes de intemperismo.
53
4.1.9 Secção de Salas
O carvão nesta secção passa do britador primário de rolos dentados que reduz o tamanho
do material de 150mm e depois passa por vários processos até atingir - 20mm de
granulometria que é considerado produto e o material +20 mm é considerado rejeito. O
produto é alimentado nas duas plantas primárias D1 e D2.
54
Figura 18: Espessador da planta de separação por meio denso
A planta de processamento tem uma produção de rejeito que varia de 70 a 90 mil toneladas
por mês. As produções de 3 meses, estão indicadas na tabela 2.
55
Fonte: Autor
Da planta de processamento até ao local de deposição que dista cerca de 830 m, o rejeito
sólido e lama é transportado em camiões basculantes.
O rejeito produzido é depositado em um local aberto (figura 19), sem barramento e sem
nenhuma preparação prévia. Igualmente, não foi feita a investigação geotécnica nem se
quer a impermeabilização da base do local de deposição. Apresenta características
diversas por ser obtido em diferentes sub-plantas. O rejeito grosso com granulometria que
varia de +20 mm a 50 mm é produzido na subplanta de secções de sala e as outras
subplantas como planta primária, planta dos espirais e na flotação produzem rejeito
sólidos finos, ultra finos e lama como ilustra a figura (19), todo tipo de rejeito produzido
é composto por carbono, enxofre, ferro; material volátil; sulfatos; humidade; cinza,
oxigênio, hidrogênio e pirita;
57
4.4 Discussão de resultados
Apesar de se produzir e depositar-se pouco rejeito relativamente ao estéril, o rejeito é
mais nocivo pela sua composição em relação ao estéril. Por outro lado, a pirita- FeS₂
(dissulfeto de ferro), que compõe o rejeito, é um elemento que associado a outros factores,
gera a drenagem ácida.
Dado que as áreas de deposição tanto do estéril como do rejeito estarem inseridos numa
Bacia Hidrográfica, contendo rios e riachos, quando o percolado alcançar não só esses
rios e riacho, mas também águas subterrâneas, pode contaminá-los tornando-os
impróprios para o uso.
58
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusão
Avaliada a deposição do estéril e rejeito da empresa JSPL Mozambique Minerais Lda,
em Chirodzi, distrito de Marara província de Tete, conclui-se que:
A menor quantidade de resíduos depositados tanto nas pilhas como na área de deposição
(relativamente a capacidade projectada) e as condições climatéricas (baixa precipitação e
raras chuvas na área de estudo), são factores que estão assegurando não só a resistência e
estabilidade das pilhas mas também atenuam a velocidade da poluição ambiental.
O método descendente usado para a deposição de estéril, não é eficaz para resíduos
minerais ofensivos ou perigosos para o meio ambiente.
Para o estéril, o autor propõe que a empresa use o método ascendente por ser um método
que permite que sejam adotados sistemas de drenagem adequados e é realizada a proteção
59
superficial dos taludes, o que também contribui para a maior segurança da pilha, pois
estes parâmetros facilitam o controlo geotécnico que tem impacto directo na segurança
da pilha e minimizam perfeitamente a vulnerabilidade do estéril frente às condições de
oxidação, percolação, lixiviação e erosão minimizando também os riscos de poluição do
solo, das águas superficiais e subterrâneas.
Para o rejeito, propõe - se o uso de método de jusante por ser um método eficiente para o
controle das superfícies freáticas, maior segurança devido aos alteamentos controlados e
tem operações bastante simples. Este método elimina impactos ambientais pelo facto de
se construir um dique inicial impermeável não possibilitando assim a infiltração da
drenagem ácida no subsolo, há maior controlo de águas percoladas por possuir sistemas
de drenagem.
60
5.2 Recomendações
Avaliados os métodos de deposição de estéril e rejeito, recomenda-se:
O talude das pilhas deve ser projectado obedecendo as normas técnicas existentes;
Impermeabilização da base da pilha para evitar filtração de líquidos percolados
no solo que posteriormente causam impactos negativos ao meio ambiente;
61
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7 Apêndice
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