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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO DA

___ª VARA DO TRABALHO DE SANTANA DE PARNAÍBA – SP

NOME DO CLIENTE, QUALIFICAÇÃO, por seu advogado, infra-


assinado, cujas notificações deverão ser remetidas no endereço Rua São Bento, nº 365, 1º andar,
Centro, CEP: 01011-100, ou, pelo endereço eletrônico: contato@fernandesribeiroadv.com.br,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor uma

AÇÃO RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

pelo rito ordinário, em face dos reclamados:

HIPPUS CLÍNICA LTDA., inscrito no CNPJ 39.938.202/0001-14


devendo ser citada na Rua Montes Rurais, S/N, Bairro Quintas do Igai, Santana de Parnaíba –
SP, CEP: 06519-162, destaca-se ainda que o endereço citado foi último local da prestação de
trabalho do Reclamante e conforme o artigo 651 da CLT a competência das Varas do Trabalho
será determinada pelo último local de trabalho, assim, o presente foro é o competente para
dirimir a lide ora apresentada, pelos motivos de fato e direito a seguir articuladamente expostos:

1. DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

A presente demanda não foi submetida à Comissão de Conciliação


Prévia, em razão da mesma não ter sido constituída. Com efeito, foram criadas para a categoria
apenas algumas comissões de conciliação voluntária de caráter facultativo, conforme acordo
firmado entre o Sindicato dos Bancários e o reclamado. Releva que, mesmo na hipótese de que
tivesse sido constituída a Comissão de Conciliação Prévia prevista em lei, a jurisprudência
sintetizada na Súmula nº 2 do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 2 ª Região, deu a
melhor interpretação ao dispositivo em tela e estabeleceu que o comparecimento perante a

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Comissão não constitui condição da ação, ou pressuposto processual, face ao disposto no artigo
5º, inciso XXXV, da Constituição Federal.

2. DO JUÍZO 100% DIGITAL

Prezando pela celeridade processual, o reclamante imputou ao


cadastramento da tramitação do feito sob a modalidade do Juízo 100% digital, conforme as
diretrizes fixadas na Resolução do CNJ n. 345/2.020.

3. DADOS FUNCIONAIS

A Reclamante foi admitida em 01/02/2022. Em 16/11/2022 foi extinto


o contrato de trabalho, exercendo a função de Fonoaudióloga. Porém, não recebeu corretamente
seus direitos.

4. REMUNERAÇÃO

A última remuneração mensal da Reclamante, foi no importe de R$


7.813,14 (sete mil, oitocentos e treze reais e quatorze centavos).

5. PERÍODO SEM REGISTRO – VÍNCULO EMPREGATÍCIO

A Reclamante foi admitida aos quadros da Reclamada em


01/02/2022, porém, só teve seu contrato formalmente registrado na carteira dia 18/03/2022.
Ocorre que, conforme extrato anexo aos autos, a Reclamante já
havia até recebido o pagamento do seu salário referente ao mês de fevereiro.

Imperioso ressaltar que, a obreira sempre trabalhou para o reclamado


com exclusividade, habitualidade, pessoalidade, mediante remuneração e subordinação
jurídica. A reclamante estava sujeita à fiscalização de sua jornada de trabalho, em horário fixo,
com exclusividade, de modo que deveria perceber seus salários mensalmente como
contraprestação de seu labor, conforme documentos comprobatórios acostados. Com efeito, a
relação contratual entre as partes sempre se revestiu de todos os requisitos contidos no artigo 3º
da CLT.

Ademais, importa observar que salta aos olhos o intuito do reclamado

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em fraudar a legislação laboral, uma vez que manteve todas as condições contratuais. Nessa
esteira, é do reclamado o ônus de acostar aos autos todos os documentos referentes à
reclamante, em especial recibos e comprovantes de pagamentos e espelho de ponto, sob pena de
confissão. Assim, a reclamante acostou documentos dessa natureza apenas por amostragem.

Neste sentido, faz jus a autora ao reconhecimento do vínculo


empregatício desde 01/02/2022 até a sua demissão, ou seja, em 16/11/2022, e a respectiva
anotação do contrato de trabalho de todo o período na CTPS da reclamante, sob pena de
pagamento de multa diária, além de todos os direitos e verbas trabalhistas atinentes ao período
sorrateiramente suprimido pelo empregador, discriminados em tópico próprio.

6. DA RESCISÃO INDIRETA

A reclamada passou a descumprir o contrato de trabalho firmado com


o reclamante, conforme restará noticiado a seguir. Diante das inúmeras faltas graves cometidas
pelo empregador, tornou-se insustentável para o reclamante permanecer laborando para a
Reclamada, justificando dessa forma, a pretendida ruptura do liame empregatício, bem como
com direito as devidas indenizações.

Assim, observa-se que a Reclamada praticou, por diversas vezes os


atos contidos no artigo 483, da CLT, vejamos.

Conforme restará demonstrado detalhadamente abaixo o reclamado,


por DIVERSAS VEZES, descumpriu o contrato de trabalho, vejamos:

A Reclamada, desde a admissão da Reclamante, nunca depositou o


FGTS, bem como nunca recolheu os depósitos previdenciários, conforme demostrado de
forma cabal os anexos à esta petição.

Além disso, de todos os meses que a Reclamante trabalhou na


Reclamada, apenas um único mês o salário foi pago na devida data.

TODOS os demais salários foram pagos com, pelo menos, semanas


de atraso, sendo que a Reclamada não pagou a multa, juros e correção monetária pelo atraso.
Inclusive, o reclamado não depositou o salário completo da reclamante referente ao mês de
outubro de 2022, sendo pago apenas R$ 3.723,66, restando o saldo de R$ 4.089,48.

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Torna-se, portanto, INSUSTENTÁVEL a manutenção do contrato de
trabalho, haja vista que uma das principais condições de trabalho é a harmonia entre as partes, e
no presente caso, só uma das partes se empenhou para o bom andamento da vinculação
trabalhista, ou seja: O RECLAMANTE. Nessa seara, nos termos do artigo 483, “d” da CLT,
o reclamante requer a conversão do pedido de demissão em rescisão indireta, uma vez que
configurada a hipótese legal para tal:

“Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear


a devida indenização quando:

d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;

Conclui-se, portanto, que, diante de todo o quadro acima narrado, e,


tendo em vista as diversas punições imotivadamente sofridas pelo reclamante, resta
INEQUIVOCAMENTE demonstrada a necessidade da conversão do pedido de demissão em
rescisão indireta, com fulcro no art. 483, b, da CLT, bem como a condenação no pagamento das
seguintes verbas rescisórias: salários em atrasos, saldo do salário, aviso-prévio proporcional;
férias vencidas e proporcionais, todas acrescidas do terço constitucional; 13º salário
proporcional; eventuais depósitos de FGTS em atraso, multa de 40% sobre os depósitos do
FGTS; entrega das guias para levantamento do FGTS; entrega da guia de seguro desemprego ou
indenização substitutiva nos termos da súmula 389, TST e multas dos arts. 467 e 477, da CLT.

Cumpre salientar, conforme e-mail anexo, que a Reclamante


comunicou inequivocamente a empresa da Rescisão Indireta e que não mais compareceria em
seu trabalho por força do artigo 483, alínea “d” da CLT.

7. RECOLHIMENTO DO INSS E DEPÓSITO DO FGTS

Conforme supracitado no item anterior e documentos anexos aos


autos, o Reclamado jamais procedeu o recolhimento de INSS, bem como nunca efetuou o
depósito do FGTS.

Destarte, requer que este seja condenado ao pagamento das devidas


verbas desde a data da admissão da Reclamante em 01/02/2022, até sua saída em 16/11/2022.

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8. MULTA DOS ARTIGOS 467 E 477 DA CLT

Requer a condenação da reclamada no pagamento da multa do art. 467


da CLT caso não pague as verbas incontroversas em audiência.

Outrossim requer a condenação no pagamento da multa do §8º do art.


477 da CLT pelo não pagamento das verbas rescisórias no prazo do §6º do referido artigo.

9. DA MULTA PELOS ATRASOS DE SALÁRIOS

Dos 9 meses que a Reclamante ficou empregada na Reclamada, por 8


meses teve seu salário atrasado, conforme demostra de prova derradeira e cabal dos documentos
anexos.

O art. 459 § 1º da CLT preceitua o seguinte:

“§ 1º Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser


efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao
vencido.”

Portanto, requer a condenação do Reclamado e o pagamento da multa


de 10% sobre o saldo devedor dos 8 meses de atrasado, nos moldes do precedente normativo 72
do C. TST.

10. DO DANO MORAL

Durante toda a contratualidade, a autora prestou serviços à reclamada


com total diligência e dedicação, com o devido respeito aos seus colegas de trabalho, aos seus
superiores hierárquicos e à Instituição.

Todavia, tal conduta não foi recíproca, uma vez que a reclamada,
desrespeitou a Reclamante, diante dos atrasos de pagamento dos salários, bem como da
ausência de recolhimento do INSS e de depósito do FGTS.

Os danos de caráter moral, causados pelo Reclamado, são


EVIDENTES E INACEITÁVEIS devendo ser compensados por indenização pecuniária,
conforme preconizam os artigos 186 e 927 do Código Civil:

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“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.”

Ainda, diante do ocorrido, não há dúvida da caracterização do dano


moral causado pela reclamada. A indenização pelo dano moral está prevista no art. 5º, V e X, a
indenização específica pelo dano moral causado nas relações de trabalho está prevista, no art.
114, VI, da Constituição da República e ainda o Código Civil trata do assunto nos artigos 186 e
927, conforme segue:
Art. 5º, CF. “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:”
(...)
V- “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;”
(...)
X- “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;”
Art. 114, CLT. “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:”
(...)
VI – “ as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes
da relação de trabalho;”
Art. 186, CC. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

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Estão presentes os pressupostos para que a indenização por danos
morais seja concedida, o dano, o ato ilícito e o nexo causal.

Seguindo essa corrente é vasto o entendimento jurisprudencial:


TRT-9 - 3592120073908 PR 35921-2007-3-9-0-8
Data de publicação: 15/05/2012
Ementa: TRT-PR-15-05-2012 ASSÉDIO MORAL. MEIO AMBIENTE DE
TRABALHO. INDENIZAÇÃO. O assédio moral caracteriza-se com
repetidas perseguições a alguém, devendo haver por parte do empregador o
ânimo de depreciar a imagem e o conceito do empregado perante si próprio
e seus pares, fazendo diminuir sua autoestima. Tal conduta abusiva do
empregador ou de superior hierárquico se dá através da repetição diária,
por longo tempo, de gestos, atos, palavras, comentários e críticas hostis e
depreciativas a um empregado específico, expondo-o a uma situação
vexatória, incômoda e humilhante, incompatível com a ética e com o respeito
à dignidade da pessoa humana. Inequívoco que esta é a situação retratada
nos autos, pois demonstrado de maneira robusta que o preposto agia de
forma inadequada em "várias" oportunidades, adotando uma conduta
específica principalmente contra A reclamante. De todo modo, é direito do
empregado e dever do empregador, um meio ambiente de trabalho saudável,
sendo que tal conceito deve ser entendido em sua mais ampla acepção,
contemplando o equilíbrio e respeito que devem existir no ambiente laboral,
de forma a resguardar, além da saúde física, também a psicológica do
empregado. O empregador detém, desse modo, responsabilidade na
preservação da saúde e da integridade física e psicológica de seus
empregados, vez que é um direito de todos possuir um meio ambiente
ecologicamente equilibrado e que propicie uma sadia qualidade de vida, nos
exatos termos do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, sendo que na
definição de meio ambiente enquadra-se o meio ambiente de trabalho,
conforme inc. VIII do artigo 200 da mesma Carta Magna. Portanto, atitudes
desrespeitosas do preposto do empregador, que além de entendidas como
assédio moral são atentatórias ao direito do empregado a um saudável meio
ambiente de trabalho, devem ser coibidas.

Encontrado em: 7A. TURMA 15/05/2012 - 15/5/2012 3592120073908 PR


35921-2007-3-9-0-8 (TRT-9) UBIRAJARA CARLOS MENDES

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O reclamado desrespeitou a personalidade moral do empregado na sua
dignidade absoluta de pessoa humana, infringindo, deste modo, o disposto nos incisos III e IV
do artigo 1º, e artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal de 1988, e artigo 927 do Código Civil
Brasileiro.

Essa obrigação de respeito à dignidade da pessoa humana e aos


valores sociais do trabalho decorrem do princípio geral da execução de boa-fé do contrato, que
está na base da disciplina contratual. Assim, ao deixar de dar um tratamento compatível com a
dignidade da sua pessoa, impingiu a reclamante uma situação vexatória e humilhante, e incorreu
na prática de ato ilícito caracterizado pelo dano moral praticado para com a reclamante.

Portanto, é a presente para, com base no artigo 5º, incisos V e X, da


Constituição Federal, e os artigos 186 e 187 c/c 927 do Código Civil Brasileiro, requerer a
condenação do reclamado por prática de dano moral causado à reclamante, com a
consequente indenização pecuniária reparadora da agressão moral sofrida, na forma dos artigos
944 e seguintes do Código Civil, considerando-se no arbitramento do respectivo “quantum”, as
condições das partes; a gravidade da lesão e sua repercussão; e as circunstâncias fáticas
envolvidas, no valor que não seja inferior a 05 (cinco) vezes o último salário da Reclamante,
podendo este ser majorado pelo MM Juízo, em face ao indubitável Dano Moral.

11. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS

O reclamado não pagou à reclamante as referidas verbas nas épocas


próprias.

Via de consequência, em sendo devidas à reclamante as verbas


discorridas nesta exordial, nos termos do artigo 791-A DA Lei 13.467/2017, corroborado com o
entendimento do artigo 85 do CPC/2015, a parte perdedora no processo o deverá arcar com os
honorários do advogado da parte vencedora, entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o
máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação.

Desta feita, requer a condenação da Reclamada ao pagamento de


honorários advocatícios, em razão da mera sucumbência, à luz do artigo 791-A DA Lei
13.467/2017, bem como artigo 85, § 2º, do CPC/2015.

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Conforme o v. acórdão da ADI nº 5766 do E. STF, o §4° do artigo 791
—A da CLT foi declarado inconstitucional, ou seja, não se aplica a condição suspensiva de
exigibilidade do pagamento de honorários sucumbenciais ao beneficiário da justiça gratuita.

Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido


formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os arts. 790-B,
caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
vencidos, em parte, os Ministros Roberto Barroso (Relator), Luiz Fux
(Presidente), Nunes Marques e Gilmar Mendes. Por maioria, julgou
improcedente a ação no tocante ao art. 844, § 2º, da CLT, declarando-o
constitucional, vencidos os Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e
Rosa Weber. Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário,
20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução
672/2020/STF). (grifo nosso)

Ademais, importante destacar a seguinte passagem no voto do Min.


Roberto Barroso:

“(...) É importante consignar que a mera existência de créditos judiciais,


obtidos em processos trabalhistas, ou de outra natureza, não é suficiente
para afastar a situação de pobreza em que se encontrava a parte autora, no
momento em que foram reconhecidas as condições para o exercício do seu
direito fundamental à gratuidade da Justiça. […] (ADI 5766/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso. Voto Vogal Min. Edson Fachin, p. 11.

Sendo assim, tendo em vista que foi reconhecida a


inconstitucionalidade do art. 791-A, § 4o da CLT, introduzido pela Lei 13.467 de 2017 (ADI
5766), se faz necessária não apenas suspender, mas sim, excluir a exigibilidade da Reclamante
no pagamento de eventuais honorários advocatícios sucumbenciais.

12. DA JUSTIÇA GRATUITA

Encontra-se a reclamante impossibilitado de arcar com as custas e


despesas processuais, sem prejuízo de seu sustento e de seus dependentes, requerendo a
concessão dos benefícios da justiça gratuita.

Primordialmente, sobreleva notar-se que a Lei nº 13.467/2017 fere o


princípio constitucional da isonomia. Isso porque o legislador ordinário pretendeu instituir

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tratamento mais gravoso, restritivo e prejudicial ao demandante na Justiça do Trabalho do que o
dispensado ao litigante na Justiça Comum, submetido às regras do CPC. Esse tratamento mais
gravoso não é constitucionalmente permitido, tendo em vista o princípio da isonomia (art. 5º,
caput, da Constituição), eis que ignora as exigências relativas ao tratamento judicial dos créditos
trabalhistas, inclusive em termos de acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da Constituição).

No que tange aos princípios que gerem a Justiça do Trabalho,


encontra-se por pressuposto a facilitação do acesso à justiça, o que inclui a noção de “jus
postulandi” e de assistência judiciária gratuita, ou seja, a gratuidade, inclusive, é um princípio
do processo do trabalho, como se sabe, e deve abranger todas as despesas do processo.

Neste certame, o devido processo legal e o direito à ampla defesa, na


Justiça do Trabalho, têm contornos historicamente bem definidos, tendo como norte o princípio
do amplo acesso à Justiça do Trabalho, pelo qual busca-se facilitar ao trabalhador a defesa
judicial de seus direitos.

Outrossim, trata-se de meio inerente à ampla defesa (art. 5º, LV, da


Constituição) no âmbito da Justiça Especializada, de modo que o critério da gratuidade de
justiça se justifica diante da natureza alimentar dos créditos trabalhistas e encontra respaldo,
ainda, nos princípios do valor social do trabalho (art. 1º, IV, da Constituição) e da função social
da propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição).

Vale ressaltar que corrobora com o referido entendimento os


termos dos enunciados aprovados na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do
Trabalho, em sua Comissão 7, Enunciado 3.

Não obstante a tais princípios, o artigo 790, § 3º da CLT dispõe que:

CLT - Art. 790 - § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes


dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou
de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e
instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
(quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.

Neste sentido, verifica-se que a lei se refere àqueles que perceberem


salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime

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Geral de Previdência Social, no presente caso, em cenário atualizado, a reclamante, em que
pese esteja empregada, eventual condenação em despesas processuais e/ou honorários
advocatícios comprometeriam seu sustento próprio e de sua família.

Vale destacar o entendimento cristalizado pelo C. TST na Súmula 463


expressamente diz que basta a juntada de declaração de hipossuficiência dos autos para que os
benefícios de gratuidade de justiça sejam concedidos, vejamos:

“Súmula nº 463 do TST

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão


da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com alterações
decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e
30.06.2017 – republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017

I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária


gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica
firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração
com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);”

Ainda, vale destacar que o STF, na ADIn 5766, declarou


inconstitucionais os arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, ambos da CLT, vejamos:

“Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o


pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os arts.
790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto Barroso (Relator), Luiz Fux
(Presidente), Nunes Marques e Gilmar Mendes. Por maioria, julgou
improcedente a ação no tocante ao art. 844, § 2º, da CLT, declarando-o
constitucional, vencidos os Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e
Rosa Weber. Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário,
20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução
672/2020/STF).”

Portando, uma vez deferido o pedido de justiça de justiça gratuita, o


reclamante deve ficar isento dos honorários periciais e honorários advocatícios sucumbenciais.

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Portanto, requer a reclamante os benefícios da Justiça Gratuita, haja
vista, este não possuir condições financeiras de demandar sem prejuízo do próprio sustento e da
sua respectiva família. Observa-se que a isenção de custas atende aos ditames da Lei 7.117/83,
no art. 1º e da Lei 1.060/50, uma vez que informa seu estado de pobreza através da declaração
acostada aos autos.

DOS PEDIDOS

Isto posto é a presente para reclamar o pagamento das


seguintes verbas e direitos:

a) A tramitação do feito pelo juízo 100% do digital, em cumprimento aos princípios da celeridade
e economia processual, consoante item “2” retro;

b) Reconhecimento do Vínculo empregatício de 01/02/2022 até 16/11/2022, com correta anotação


na CTPS, consoante item “5” retro;

c) Seja reconhecida a falta grave patronal e condenada a reclamada no pagamento das verbas
rescisórias, a saber, saldo de salário, aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e multa de
40% sobre o FGTS, consoante item “6”
retro..................................................................................R$ 32.781,11, conforme
discriminação abaixo:

I. Diferença salarial de (2022) R$ 4.089,48


outubro

II. 13o salário proporcional (2022) 10/12 R$ 6.510,95

III. 13º salário indenizado (2022) 1/12 R$ 651,10

IV. Férias proporcionais (2022) 10/12 R$ 6.510,95

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V. Abono de Férias (2022) 10/12 R$ 2.170,32
Proporcionais

VI. Férias indenizadas (2022) 1/12 R$ 651,10

VII. Abono de férias (2022) 1/12 R$ 217,06


indenizadas

VIII. Aviso Prévio (2022) 30 dias R$ 7.813,14

IX. Saldo salarial (2022) 16 dias R$ 4.167,01

d) Depósito do FGTS, consoante ao item “7”


retro...........................................................................................................R$ 6.625,45;

e) Recolhimento do INSS, consoante ao item “7”


retro...........................................................................................................R$ 7.735,00;

f) Multa do artigo 467, CLT, consoante ao item “8”


retro.............................................................................................................R$ 12.899,07;

g) Multa do artigo 477, CLT, consoante ao item “8”


retro.............................................................................................................R$ 7.813,14;

h) Multa pelos salários atrasados, conforme item


“9” ...................................................................................................................R$ 6.250,51;

i) Pagamento indenizatório referente ao assédio moral sofrido consoante item “10”


retro...................................................................................................R$39.065,70;

j) A condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios em razão da mera


sucumbência, entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento)
sobre o valor da condenação, à luz do artigo 791-A DA Lei 13.467/2017, bem como artigo 85, §
2º, do CPC/2015, conforme item “11” retro;

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k) A concessão do benefício da justiça gratuita, certo de que a Reclamante preenche os requisitos
da lei nº 1060/50, e artigo 790, § 3º, da CLT, consoante faz prova a declaração em anexo ( Doc.
anexo – Declaração de Hipossuficiência), consoante o item “12” retro.

DEMAIS REQUERIMENTOS

a) Requer a notificação da Reclamada de todos os termos do presente para, ao final, julgada


procedente ação, ser condenada ao pagamento do principal, acrescido de juros, correção
monetária (que deverão ser calculados a partir do índice de correção monetária advindo da
cumulação do IPCA-E – CORREÇÃO PELO INDICE IPCA-E, REFERÊNCIA
PROCESSO/TST: ARGINC – 479-60.2011.5.04.0231) e demais cominações de direito;

b) Requer ainda o depoimento pessoal do Representante Legal da Reclamada, sob pena de


confissão, nos termos do Enunciado nº 74, do Colendo TST;

c) Requer a aplicação da sumula 368, II do Colendo TST;

d) Requer que não sejam autorizados descontos do crédito do reclamante referente ao


Imposto de Renda e Contribuições Previdenciárias, ao passo que foi de responsabilidade o
reclamado a inadimplência das verbas devidas. Não obstante, ainda que Vossa Excelência
entenda que os descontas sejam ônus do reclamante, não há que se cogitar na incidência de
descontos fiscais sobre juros de mora. Esta possui natureza indenizatória, nos termos do art. 46,
§1º, da Lei nº 8.541/92 e da O.J. – SDI – 1, nº 400 do C. TST. Ainda, requer que sejam
observadas a progressividade das alíquotas e as épocas próprias para o cálculo nos termos dos
artigos 145, § 1º, 150 inciso II e artigo 153, § 2º, inciso I, todos da Constituição Federal, da Lei
12.350/10 e da Instrução Normativa RFB nº 1500, de 29 de outubro de 2014, e posteriores. E
quanto aos descontos previdenciários, requer que a quota parte do reclamante seja limitada ao
teto máximo de contribuição, segundo determina o artigo 68, § 4º, do Decreto nº 2173 de
05/03/97, bem como Orientação Normativa nº 02 de 15/08/94 do Sr. Secretário da Previdência
Social e ainda, Portaria 3964 de 05/06/97 - DOU de 06/06/97

DOS REQUERIMENTOS FINAIS

a) Requer ainda, por todos os meios de provas em Direito admitidos, a fim de se provar o
alegado, especialmente, depoimentos pessoais, principalmente da Reclamada, pena da aplicação
do Enunciado 74 do C. TST., testemunhais, realização de pericias que se fizerem necessárias,

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juntada de novos documentos, bem como os documentos comuns às partes e de posse exclusiva
da Reclamada e tudo o mais que necessário se fizer, a fim de se provar o alegado.

b) Requer seja a empresa reclamada, CITADA para que, querendo, CONTESTE a


presente reclamatória, sob pena de REVELIA E CONFISSÃO, para que ao final seja esta
julgada PROCEDENTE, condenando a Reclamada ao pagamento do principal acrescido de
juros e correção monetária e demais cominações legais de praxe, principalmente, custas
processuais, honorários advocatícios e periciais, e outras verbas que do processo emergirem.

Que todas as publicações, intimações, notificações e citações sejam


realizadas em nome do advogado Dr. RENATHO FERNANDES RIBEIRO, OAB/SP
406.996, sob pena de nulidade.

Dá-se à presente causa, o valor de R$ 113.169,98 (cento e treze mil,


cento e sessenta e nove reais e noventa e oito centavos), para os efeitos de alçada.

Ad cautelam, Exa., os valores ora atribuídos aos pedidos da inicial


visam, tão somente, adequar o valor atribuído à causa, em estrito atendimento ao artigo
840 da CLT, sem prejuízo do que vier a ser apurado em regular execução de sentença,
tudo acrescido de juros e correção monetária, na exata forma da inicial.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 22 novembro de 2022.

Renatho Fernandes Ribeiro


OAB/SP 283.617

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