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AO JUÍZO DA _____ VARA FEDERAL CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO

ESTADO DO TOCANTINS.

xxxxxxxxxxxxxxx, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita


no CNPJ sob o nº xxxxxxxxxx, neste ato representada por xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx,
brasileiro, inscrito no CPF sob o nº xxxxxxxxxx e no RG nº xxxx SSP/TO, residente e
domiciliado na xxxxxxxxxxxxxx, por seu procurador que a esta subscreve, vem
respeitosamente propor a presente

AÇÃO DE COBRANÇA

em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público, representada pelo


Pro-curador-Chefe da Advocacia Geral da União, com sede na SIG, Qd. 6, Lt. 800, 3º
andar, Plano Piloto, Brasília/DF, CEP 70.610-460, e do INSTITUTO NACIONAL DE
COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA – INCRA, pessoa jurídica de direito
público, inscrita no CNPJ sob o nº xxxxxxxxxxxxxxx, com sede no Setor Bancário
Norte, s/n, Brasília/DF, CEP 70.310-500, pelos fatos e fundamentos que seguem.

1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

A parte autora vem passando por intensa dificuldade financeira e encontra-


se com situação cadastral “inapta” junto à receita federal, inclusive, está inativa, mas
prevalecem suas diversas dívidas, por isso, atualmente não possui condições de arcar
com as despesas processuais.
Convém ressaltar que a autora não deu causa para a presente ação, pelo
contrário, buscou resolver o imbróglio de forma extrajudicial junto à parte requerida,
contudo, não obteve êxito por situações alheias à sua vontade.

Quanto à pessoa jurídica, vigora em nosso ordenamento jurídico o


entendimento consolidado na Súmula nº 481 do STJ, regulada pela Lei nº 1.060/50, qual
seja, que a gratuidade da Justiça pode ser deferida desde que haja a comprovação de que
a pessoa jurídica não pode arcar com os encargos processuais, sem prejuízo próprio,
independente se sua atividade possui ou não finalidade lucrativa.

Nesse contexto, a nossa Constituição Federal estabelece no art. 5º, XXXV e


LXXIV, que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a
direito, sendo assegurada assistência jurídica integral e gratuita àqueles que,
comprovadamente demonstrarem insuficiência de recursos para arcar com os encargos
processuais, sem prejuízo próprio, não importando a finalidade lucrativa de suas
atividades.

Além disso, o artigo 98, do CPC garante que “a pessoa natural ou jurídica,
brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”.

Posto isso, requer a este Juízo se digne a deferir o pedido de gratuidade de


justiça de forma INTEGRAL à parte autora.

Em derradeira hipótese, mesmo sendo demonstrada a situação de


hipossuficiência, caso este Juízo entender que não cabe à parte autora a assistência
gratuita integral, requer subsidiariamente que seja concedido o benefício de forma
reduzida ou parcelada (art. 98, § 6º do CPC) ou ainda, seja concedido o desconto de
50% da taxa judiciária (art. 91 do CTE/TO) e das custas judiciais (art. 98, §5º do CPC) e
que os mesmos sejam pagos ao final do processo.

A autora, in casu, não dispõe de numerários para o pagamento das despesas


processuais, conforme se observa da documentação acostada, sendo que a imputação ao
recolhimento antecipado configuraria, invariavelmente, obstáculo intransponível ao
acesso ao judiciário, confrontando garantia constitucional.
Outrossim, importante ressaltar que, em momento algum poderá se
confundir a presente expectativa em receber valores com capacidade financeira, pois se
tratam de situações bem distintas.

2. SÍNTESE DOS FATOS


A partir do Edital de Chamada Pública xxxxxxxxxxxxxxx, a parte autora
celebrou contratos de prestação de serviços junto à requerida no ano de xxxxxxxxxx,
com dispensa de licitação, os quais seguem identificados abaixo:

1) CONTRATO Nº xxxxxxxxxxx, firmado em xxxxxxxxxxxx,


tendo como objeto a Prestação de xxxxxxxxxxxxxxx.

VALOR INICIAL DO CONTRATO: R$


xxxxxxxxxxxxxxxx), com termo aditivo posterior.

Disponível no Portal da Transparência (Gov.com) pelo link:


xxxxxxxxxxxxxxxxx
Processo administrativo nº xxxxxxxxxxxxxx

2) CONTRATO Nº xxxxxxxxxxx, firmado em xxxxxxxxxxxx,


tendo como objeto a Prestação de xxxxxxxxxxxxxxx.

VALOR INICIAL DO CONTRATO: R$


xxxxxxxxxxxxxxxx), com termo aditivo posterior.

Disponível no Portal da Transparência (Gov.com) pelo link:


xxxxxxxxxxxxxxxxx
Processo administrativo nº xxxxxxxxxxxxxx

Assim, a autora cumpriu integralmente suas obrigações contratuais, prestou


os serviços que lhe incumbiam, tudo devidamente documentado e registrado. Ademais,
solicitou o pagamento à parte requerida, que permanece inerte quanto à quitação
pendente.

Conforme previsto no item xxxxx, do Edital de Chamada Pública


xxxxxxxxxx, que dá base aos respectivos contratos firmados entre as partes, os serviços
contratados foram executados de acordo com o item xxxxxxxx do Projeto Básico,
Anexo II do Edital, e com o Plano de Trabalho a ser construído em conjunto com as
famílias dos assentamentos, observando-se a estrutura física e a composição técnica dos
Núcleos Operacionais.
Quanto aos pagamentos dos serviços, de acordo com os itens xxxxxxx, do
referido Edital de Chamada Pública, estes se dariam da seguinte forma:

(...)
17. DO PAGAMENTO DOS SERVIÇOS

17.1 - Os pagamentos ocorrerão mensalmente, respeitando a


periodicidade de prestação de serviços apresentadas no
cronograma de execução das metas, com valor proporcional aos
serviços executados no referido período, mediante apresentação
de Nota Fiscal e do ateste do beneficiário e outras formas de
comprovações descritas no item 10 do Projeto Básico, como
também as formas de comprovações requeridas pelo artigo 23
da Lei Federal 12.188/2010, conforme descrito nos itens a
seguir:
(...)

17.6 - O pagamento não será superior a 30 (trinta) dias,


contados a partir da data final do período de adimplemento da
parcela, mediante emissão de Nota Fiscal pela contratada e de
Ordem Bancária pelo INCRA, a qual será devidamente atestada
pelo gestor designado para acompanhar e fiscalizar a execução
contratual e após consulta da Certidão Negativa de Débitos
Trabalhistas – CNDT através do site www.tst.jus.br/certidao,
bem como da consulta on line ao SICAF relativamente às
condições exigidas na Chamada Pública vinculada a este
Contrato e seus Anexos, cujos resultados serão impressos e
juntados aos autos do processo próprio;

Dessa forma, de acordo com a praxe administrativa, o pagamento não


poderia ser superior a 30 (trinta) dias, contados a partir da data final do cumprimento
dos serviços (parcela), mediante documento comprobatório da contratada e de ordem
bancária pelo INCRA.
Contudo, a parte autora vem solicitando reiteradamente à requerida, desde o
ano de 2016, informações quanto aos pagamentos pelos serviços efetivamente
prestados, no entanto, a requerida mantém-se inerte.
Portanto, os contratos firmados pelas partes, os relatórios técnicos e de
execução dos serviços, os registros fotográficos bem como a vasta documentação
probatória anexa, constituem documentos hábeis e essenciais à presente ação de
cobrança, vez em que corroboram o direito da parte autora de receber a contraprestação
pelos serviços prestados à requerida, sob pena de enriquecimento ilícito da
administração que se beneficiou dos serviços.

3. DO CABIMENTO DA AÇÃO DE COBRANÇA

Nossa legislação, em especial o Código Civil, prevê a possibilidade de o


credor buscar a satisfação de seu crédito mediante oposição de ação de cobrança.

Reportando ao caso concreto, de forma breve, vale relembrar que a parte


autora prestou efetivamente os serviços junto à requerida bem como as obrigações que
lhe cabiam conforme contratado, no entanto, a parte requerida não cumpriu a sua
obrigação de pagar a contraprestação por tais serviços.

Toda matéria aqui exposta também consta exposta com maiores detalhes e
vasto acervo probatório junto aos respectivos processos administrativos perante a
requerida, os quais instruem esta exordial, corroborando o direito invocado pela autora.

Vale observar que a Administração Pública, em face de descumprir


cláusulas contratuais de pagamento por inadimplência e/ou atrasos, ter que compensar o
contratado pela incidência de correção monetária do crédito devido, deve arcar também
com os respectivos juros moratórios.

Nesse sentido, se aplica ao caso a incidência de correção monetária, visto


estar disciplinado na Lei nº 14.133/2021 (Licitações e Contratos), conforme previsão do
art. 92, V, como se vê:

Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que


estabeleçam:
(...)
V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-
base e a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios
de atualização monetária entre a data do adimplemento das
obrigações e a do efetivo pagamento;

Além disso, o art. 389 do Código Civil prevê a atualização monetária dos
valores e juros de mora no caso de inadimplemento das obrigações, como segue:
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por
perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.
Convém ressaltar que o STJ reconhece que é devida a correção monetária
nas hipóteses em que a Administração Pública der causa aos atrasos de pagamentos,
visto que a correção não acrescenta nenhum valor ao que foi pactuado, senão apenas
assegura a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial entre as partes
contratantes, como se vê:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. OBRA


PÚBLICA. CONTRATO ADMINISTRATIVO.
CONSTRUÇÃO DE UNIDADE ESCOLAR. ATRASO NOS
PAGAMENTOS. CORREÇÃO MONETÁRIA DEVIDA.
RECOMPOSIÇÃO DO EQUILÍBRIO FINANCEIRO.
ALTERAÇÃO DAS CONCLUSÕES ADOTADAS NA
ORIGEM. SÚMULA 7/STJ. DIVERGÊNCIA NÃO
COMPROVADA. 1. A Corte a quo, no enfrentamento da
matéria, entendeu ser devida a correção monetária no contrato
administrativo nos seguintes termos: " (...) Vale frisar que a
correção não acrescenta nenhum valor ao que foi pactuado,
senão que apenas assegura a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro inicial entre as partes contratantes,
protegendo contra a corrosão inflacionária a que recebe
pagamentos em atraso. Por isso mesmo sua aplicação não
depende de previsão contratual expressa, mas decorre do
princípio que veda o enriquecimento sem causa" (fl. 159, e-
STJ). 2. O STJ possui o entendimento de que "a correção
monetária não constitui um plus, sendo somente a reposição
do valor real da moeda, devendo, portanto, ser aplicada,
integralmente, sob pena de enriquecimento sem causa de
uma das partes" (REsp 1.062.672/RS, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 6.10.2010). (...)
(REsp n. 1.786.183/SP, relator Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 26/2/2019, DJe de 11/3/2019.)

4. DO VALOR DA DÍVIDA

Estabelece o art. 292, I, do CPC, que na Ação de Cobrança, o valor do


débito deve ser atualizado até a data da propositura da ação, vejamos:

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da


reconvenção e será:

I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente


corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras
penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
Neste sentido, o art. 397 do Código Civil, aduz que “o inadimplemento da
obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o
devedor”.

Assim, tendo como parâmetro os valores unitários de cada etapa realizada,


conforme pactuado junto à requerida, seguem os quadros expositivos da dívida:

1) CONTRATO Nº xxxxxxxx:

N° Descrição Atividade Quant. Valor Unit. Valor Total


Realizar 1 Seminário de
Nivelamento Conceitual. - xxxxxxx xxxxxx
01 xx
Seminário de Nivelamento
Conceitual
Realizar Oficinas Iniciais de
Apresentação nos Projetos de xx xxxxxx
02 xx
Assentamentos(no sistema
aguardando liberação)
Realizar Oficinas Iniciais de
Apresentação nos Projetos de xxxxxxxx xxxxxxxx
03 xx
Assentamentos(enviados
aguardando aprovação)
04 Realizar Visitas para Diagnóstico. xx xxxxxx xxxxxx
Realizar Oficinas de Planejamento
Rxxxxxxxxx xxxxxxxxxxx
05 Inicial nos Assentamento( no xx
sistema aguardando liberação)
Realizar Oficinas de Planejamento
Inicial nos Assentamento xxxxxxx Rxxxxxxx
06 xx
(enviados Aguardando
Aprovação)
TOTAL INTERNALIZADO NO SISTEMA: R$ xxxxxxxxx
VALOR DO CONTRATO: R$ xxxxxxxx

5. DO DIREITO – NÃO INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO

De início, vale informar que em sede dos processos administrativos onde se


estuda e discute há anos o reconhecimento das dívidas e o seu efetivo pagamento,
mediante requerimento de cobrança pela parte autora, constam valores empenhados,
porém, que ainda não foram pagos.

Assim, é extremamente necessário esclarecer, em definitivo, o motivo pelo


qual a cobrança da referida dívida não está abarcada pela incidência prescricional.

Pois bem. A legislação que rege a prescrição contra a Fazenda Pública é o


Decreto nº 20.910, de 6 de janeiro de 1932, o qual em seu artigo 4º estipula que “(...)
não ocorre a prescrição durante a demora que, no estudo, ao reconhecimento ou
no pagamento da dívida, considerada líquida, tiverem as repartições ou
funcionários encarregados de estudar e apurá-la”.
Ou seja, enquanto se está sendo estudado ou discutido o reconhecimento da
dívida e o seu efetivo pagamento, a mesma ainda se encontra em fase de apuração e,
portanto, o prazo prescricional para a sua cobrança está suspenso.

Ressalta-se que o marco inicial da suspenção do prazo prescricional é


estipulado pelo art. 4º, parágrafo único, do Decreto nº 20.910/32, como se vê: “(...) A
suspensão da prescrição, neste caso, verificar-se-á pela entrada do requerimento
do titular do direito ou do credor nos livros ou protocolos das repartições públicas,
com designação do dia, mês e ano”.

Assim, o entendimento jurisprudencial do STJ e do TJTO é pacífico no


sentido de que o requerimento administrativo suspende o prazo prescricional, nos
termos do art. 4º, parágrafo único do Decreto nº 20.910/32, reiniciando-se a contagem
somente a partir da comunicação da decisão final ao interessado, como se vê:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.


DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. IMPLANTAÇÃO DO
MUNICÍPIO DE PALMAS. PRESCRIÇÃO. NÃO
OCORRÊNCIA. PRAZO DECENAL. TEMA 1.019 DO STJ.
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO
PRAZO PRESCRICIONAL. ART. 4º, PARÁGRAFO
ÚNICO, DO DECRETO Nº 20.910/32. NECESSIDADE DE
INSTRUÇÃO DO PROCESSO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. 1. No que
tange à prescrição das ações indenizatórias por desapropriação
indireta, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, após
submissão ao rito dos recursos repetitivos (Tema n. 1.019/STJ),
a Primeira Seção fixou a tese de que o prazo prescricional
aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder
Público tenha realizado obras no local ou atribuído natureza de
utilidade pública ou de interesse social ao imóvel, é de 10 anos,
utilizando-se o prazo do parágrafo único do artigo 1.238 do
Código Civil. 2. A jurisprudência do STJ é pacífica no
sentido de que o requerimento administrativo suspende o
prazo prescricional, nos termos do art. 4º, parágrafo
único, do Decreto nº 20.910/32, reiniciando-se a contagem a
partir da negativa do pleito. (...) (TJTO, Apelação Cível,
0013596-29.2016.8.27.2729, Rel. EURÍPEDES DO CARMO
LAMOUNIER, 4ª TURMA DA 2ª CÂMARA CÍVEL,
julgado em 28/09/2022, DJe 29/09/2022 16:21:27)

.............................................................................................................................................
..........................

EMENTA. APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO.


AÇÃO DE COBRANÇA. POLICIAL MILITAR.
ENQUADRAMENTO. PAGAMENTO DE VERBAS
RETROATIVAS. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. NÃO
CONFIGURAÇÃO. SUSPENSÃO DA LEI Nº 3.462/2019.
AFASTAMENTO. DÍVIDA LÍQUIDA E CERTA. TERMO
INICIAL DOS JUROS DE MORA. DATA DO
VENCIMENTO DE CADA OBRIGAÇÃO. 1. Aplica-se o
prazo prescricional de cinco anos às ações propostas contra
a Fazenda Pública, sendo o requerimento administrativo
causa de suspensão do prazo prescricional, a teor do art. 4º,
parágrafo único, do Decreto n. 20.910/32. 2. A suspensão do
prazo perdura durante o período de trâmite do processo
administrativo até que a comunicação da decisão final seja
feita ao interessado. (...) (TJTO, Apelação/Remessa
Necessária, 0010044-51.2019.8.27.2729, Rel. HELVÉCIO
DE BRITO MAIA NETO, 4ª TURMA DA 1ª CÂMARA
CÍVEL, julgado em 01/12/2021, DJe 14/12/2021 14:14:08)

..........................................................................................................................................................
............................

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO


POR DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. DECLARAÇÃO DE
UTILIDADE PÚBLICA. CONSTRUÇÃO DE RODOVIA.
PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DO
PRAZO DE 10 ANOS PREVISTO NO PARÁGRAFO ÚNICO
DO ART. 1.238 DO CC/2002. RESP 1757352/SC (TEMA
1019). REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.
SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. SENTENÇA
REFORMADA. RECURSO PROVIDO. 1. A Primeira Seção
do STJ, no julgamento do REsp 1.757.352/SC, o qual foi
submetido à sistemática dos recursos repetitivos (Tema 1019),
firmou-se a seguinte tese: "O prazo prescricional aplicável à
desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder Público
tenha realizado obras no local ou atribuído natureza de utilidade
pública ou de interesse social ao imóvel, é de 10 anos, conforme
parágrafo único do art. 1.238 do CC". 2. A jurisprudência do
STJ é pacífica na compreensão de que
o requerimento administrativo suspende o prazo
prescricional, nos termos do art. 4º do Decreto nº 20.910, de
1932, reiniciando-se a contagem a partir da negativa do
pleito. (...) (TJTO, Apelação Cível, 0036801-
24.2019.8.27.0000, Rel. ADOLFO AMARO MENDES, 1ª
TURMA DA 2ª CÂMARA CÍVEL, julgado em 09/12/2021,
DJe 16/12/2021 14:25:18)

Conforme abordado acima, sobre o caso concreto, tanto a legislação como a


jurisprudência que tratam do tema são uníssonas ao definirem que a prescrição da dívida
é suspensa a partir do requerimento administrativo para o seu pagamento, durante o
período em que se estuda e tramita tal pedido, reiniciando a contagem do prazo
prescricional somente a partir da ciência do interessado quanto à deliberação final
do respectivo requerimento.

Somado às questões expostas, é imprescindível ressaltar que a parte autora


não fora cientificada quanto ao andamento do processo em sede administrativa,
tampouco, de eventual decisão final do gestor responsável, que, até o presente
momento, não se tem conhecimento, ou seja, o prazo prescricional continua suspenso,
com base no parágrafo único do art. 4º do Decreto nº 20.910/32, de modo que o
respectivo pagamento deve ser efetivado.

6. DO SEGREDO DE JUSTIÇA

Excelência, a atividade empresarial é normalmente exercida em caráter


sigiloso, de modo que a decretação do sigilo com relação ao conteúdo dos documentos e
dados confidenciais mencionados faz-se necessária e não causa qualquer prejuízo ao
interesse público, conforme entendimento pacificado pelos Tribunais Superiores,
vejamos:

(...) 1.2 Sobre a tramitação do feito em segredo de justiça, sabe-


se que se trata de exceção à regra da publicidade dos atos
processuais face ao texto constitucional, por estar vinculado aos
atos do processo e não à sua própria existência, que sempre será
pública.
1.3 O Superior Tribunal de Justiça admite o processamento
em segredo de justiça de ações cuja discussão envolva
informações comerciais de caráter confidencial e
estratégico, como o caso dos autos. (TJTO, Agravo de
Instrumento, 0030328-22.2019.8.27.0000, Rel. MARCO
ANTHONY STEVESON VILLAS BOAS , julgado em
19/02/2020, DJe 26/02/2020 08:46:20)

Portanto, resta claro que o objeto da ação gira em torno de situação que
impactou a atividade empresarial exercida pelo autor, sendo, portanto, necessária a
tramitação deste feito em segredo de justiça, para que não cause outros mais prejuízos
junto a seus clientes, parceiros e consumidores.

7. DO PREQUESTIONAMENTO

Em que pese a apreciação dos fatos e fundamentos jurídicos expostos até


aqui, pelo Princípio da Eventualidade, cumpre deixar PREQUESTIONADAS eventuais
violações aos dispositivos Constitucionais e às legislações infraconstitucionais acima
mencionados, com o fito único de viabilizar o ingresso à via recursal junto aos
Tribunais Superiores (STJ e STF).

Assim, sem prejuízo de caso necessário arguir em momento oportuno, requer desde
já que sejam PREQUESTIONADAS eventuais decisões que contrariarem o Direito à
Gratuidade e Acesso à Justiça (art. 5º, XXXV e LXXIV, da CF/88); o Princípio da Segurança
Jurídica (art. 5º, XXXVI); o Princípio do Contraditório e Ampla Defesa (art. 5º LV, da CF/88);
o Princípio da Motivação das Decisões Judiciais (art. 93, III, da CF/88); os Princípios da
Autonomia da Vontade e da Força Obrigatória dos Contratos (Pacta Sunt Servanda); o
Princípio da Boa-Fé Objetiva; os Princípios que regem a Administração Pública (art. 37, da
CF/88); a existência dos requisitos da Tutela Antecipada (art. 300, do CPC) e o Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, da CF/88).

8. DOS REQUERIMENTOS E PEDIDOS

Pelo exposto, REQUER:

a) Que a tramitação da presente demanda seja em segredo de justiça,


para preservar a atividade empresarial exercida pela parte autora,
conforme posicionamento jurisprudencial do STJ;

b) Sejam concedidos ao autor os benefícios da gratuidade de justiça de


forma integral, ou em derradeira hipótese, subsidiariamente, que seja
concedido o benefício de forma reduzida ou parcelada (art. 98, §6º do
CPC) ou ainda, seja concedido o desconto de 50% da taxa judiciária (art.
91 do CTE/TO) e das custas judiciais (art. 98, §5º do CPC) e que os
mesmos sejam pagos ao final do processo;

c) Seja julgada totalmente procedente a presente ação e por


consequência, seja expedido o competente MANDADO DE
PAGAMENTO para determinar que a parte requerida pague à
parte autora, no prazo de 15 (quinze) dias, a quantia reclamada de
R$ .............. (.................................), corrigidos monetariamente pelo
INPC-IBGE, consoante ao memorial acima detalhado, sendo-lhe
facultada a apresentação da defesa no mesmo prazo, em respeito ao
princípio do contraditório e da ampla defesa;

d) A citação da parte requerida, para, caso queira, se manifeste


processualmente no prazo legal, sob pena da aplicação dos efeitos da
revelia;

e) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial, a documental, pericial, testemunhal e o depoimento pessoal do
representante da parte requerida, sob pena de confissão;

f) A condenação da requerida ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios, estes em patamar de 20% do valor da causa;

Dá-se a causa o valor de R$ .......... (......................................).

Palmas/TO, xxxxxxxxxxx de 2023.

xxxxxxxxxx
OAB/TO xxxxxxxxx

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