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AO JUÍZO DA 50ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO – RJ

Processo Nº 98.765

FLORICULTURA FLORES BELAS LTDA, sociedade empresária de direito


privado, inscrita no CNPJ xxx, com sede na Rua/Av xxx nº xxx, bairro xxx, na cidade de xxx,
CEP xxx, endereço eletrônico xxx, por intermédio de seu advogado abaixo subscrito,
procuração anexa, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art.
847, parágrafo único, da CLT c/c art. 335 e Art. 343, ambos do CPC/15 apresentar:

CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO

Na reclamação Trabalhista que lhe move CAROLINA TAVARES, já qualificada nos autos em
epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

BEVE SINTESE DA ALEGAÇÃO AUTORAL

A reclamante alega que trabalhou na empresa reclamada no período de 25/10/2013 a


29/09/2022, e que na empresa ré exercia a função de vendedora e cumpria uma jornada de
trabalho de segunda a sexta-feira, das 10h até às 20h, com um intervalo de 2 horas para
refeições, e aos sábados, das 16h às 20h, sem intervalo.

Ganhando mensalmente o valor de correspondente a dois salários-mínimos vigentes à época,


afirmando que sua dispensa se deu de forma injustificada, sem justa causa.
DA REALIDADE FÁTICA.

Após a breve síntese da alegação autoral, faz-se necessário o reestabelecimento da realidade


dos fatos, uma vez que a empresa ré cumpriu todos os requisitos emanados pela lei trabalhista
competente.

Ao ser cientificada de que estava sendo colocada em aviso prévio, a autora Carolina Tavares
teve uma reação violenta e injustificada, gritando com o empregador na frente de todos os
presentes causando uma situação vexatória. Chegando ao ponto que a segurança ser acionada
uma vez que chegado ao ponto em que a autora representava um risco aos presentes.

1. PRELIMINAR DE MÉRITO

1.1. DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

A reclamante ora requer a aplicação da penalidade prevista no Art. 49 da CLT,


contra os sócios da empresa ré. Afirmando que foi obrigada a assinar documentos
autorizando, contra a sua vontade, a subtração mensal para aderir ao desconto
para o plano de saúde oferecido pela ré.

Ocorre que, nos termos do Art. 114, IX da Constituição Federal, compete a Justiça
do Trabalho julgar e processar as controvérsias decorrentes da relação de
trabalho, não abrangendo desta forma a esfera criminal e tampouco as
penalidades criminais, sendo assim está corte incompetente para tal.

Ademais, segundo o Art. 377,II, do Código de Processo Civil, cabe ao réu, antes
de discutir o mérito realizar a alegação de incompetência absoluta e relativa.
Isto posto, o pedido de aplicação de penalidade criminal não deve prosperar
contra os sócios da empresa ré, não pode ser pleiteado, em razão da
incompetência absoluta da Justiça do Trabalho.

2. PREJUDICIAL DE MÉRITO

A reclamante realizou atividade laborativa de 25/10/2013 até 29/09/2022 junto a


reclamada e ajuizou a reclamação trabalhista tão somente em 27/11/2022.

Assim, preceitua o Art. 7º, XXIX da Constituição Federal e Art.11 da CLT que
relação a pretensão a créditos trabalhistas prescreve em cinco anos após a
extinção do contrato de trabalho. Juntamente a Súmula 308, I do Tribunal
Superior do Trabalho dispõe que a respeitado o biênio subsequente à cessação
contratual, a prescrição quinquenal conta-se da data do ajuizamento da
reclamação trabalhista.

Assim, suscita-se a prescrição em relação às pretensões anteriores a data de


27/11/2017, tendo como base o ajuizamento da ação se deu somente em
27/11/2022.

3. MÉRITO

3.1 DO PLANO DE SAÚDE


A reclamante afirma que foi obrigada pelo réu a aderir ao desconto para o plano
de saúda fornecido pela empresa, tendo assinado na admissão, um documento
autorizando de forma forçada um desconto mensal.

Ocorre que, no ato da admissão, a reclamante assinou um documento autorizando


o desconto do plano de saúde de sua folha de pagamento, como é demostrado
(doc. 4 em anexo).

Sustenta a OJ 160 da SBDI-1 que é inválida a presunção de vício de


consentimento resultante do fato de o empregado ter anuído expressamente com descontos
salariais na oportunidade da admissão. Valendo ressaltar que é de se exigir demonstração
concreta do vício de vontade.

Nesse sentido, a Súmula 342 do TST dispõe que são válidos os descontos
salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para
ser integrado em planos de assistência médico-hospitalar, o que não afronta o disposto no Art.
462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o
ato jurídico, não sendo este o caso.

Ademais, o Art. 818, I da CLT e o Art. 373, I, do CPC/15 estabelecem que o


ônus da prova incumbe ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito.

Sendo assim, o desconto a título de plano de saúde ocorreu dentro da legalidade,


sem qualquer vício de vontade em relação à assinatura, já que é válida a autorização de
desconto feita no momento da admissão, cabendo a Reclamante o ônus de provar qualquer
ilegalidade nesse sentido, não devendo prosperar a alegação da reclamante.

3.2. DO ADICIONAL DE PENOSIDADE

A Reclamante pleiteia o recebimento de adicional de penosidade, na razão de


30% sobre o salário-base, porque segundo a mesma, no exercício da sua atividade, era
constantemente furada pelos espinhos das flores que manuseava.

Embora previsto no Art. 7º, XXIII, da CF/88 o adicional de remuneração para


as atividades penosas, o mesmo não foi regulamentado.
Sendo assim, o pedido de pagamento de adicional de penosidade na proporção
de 30% sobre o salário-base não deve prosperar, uma vez que não consta previsão na CLT e
não foi regulamentado em lei especial.

3.3. DAS HORAS EXTRAS

A Reclamante alega que faz jus ao recebimento de horas extras com adição de
50%, em razão da jornada de trabalho, posto que laborava de segunda a sexta-feira, das 10h às
20h, com 2h de intervalo para refeição, e aos sábados, das 16h às 20h sem intervalo, totalizando
44h semanais.

O Art. 58 da CLT dispõe que a duração normal do trabalho, para os empregados


em qualquer atividade privada, não excederá de 8h diárias e o Art. 7º, XIII da CF/88 assegura
que a duração do trabalho normal não será superior às 8h diárias e 44h semanais. Vale destacar
que o Art. 71, § 2º da CLT alinha que os intervalos não serão computados na duração do
trabalho.

Sendo assim, a Reclamante não faz jus ao recebimento das horas extras
pleiteadas, pois o módulo constitucional de 8h diárias e 44h semanais não foi
ultrapassado.

3.4. DA MULTA DO ART. 477, § 8º da CLT

A Reclamante verbera que o pagamento das verbas resilitórias extrapolou o


prazo legal, que somente foi creditada na sua conta 20 dias após a comunicação do aviso prévio.

Conforme estabelece o Art. 477, § 6º da CLT, o pagamento dos valores


constantes do instrumento de rescisão ou recebido de quitação deverá ser efetuado até dez dias
contados a partir do término do contrato de trabalho.

Sendo assim, é infundado o pedido de pagamento da multa prevista no Art.


477, § 8 da CLT, vez que o pagamento das verbas devidas foi dentro do prazo legal.
4. CONCLUSÃO

De acordo com os fatos e fundamentos acima apresentados, em sede de


Contestação, requer a Vossa Excelência:

a) O acolhimento da preliminar de incompetência absoluta da Justiça do


Trabalho para apreciação e condenação criminal, conforme o Art. 337, II, do CPC/15 c/c Art.
114, IX, da CF/88;

b) O acolhimento da prejudicial de mérito, quanto à prescrição quinquenal das


pretensões anteriores a 27.02.2013, data do ajuizamento da ação, nos termos da Súmula 308, I,
do TST;

c) Por hipótese longínqua, ultrapassada as preliminares avençadas, no mérito,


requer que as pretensões apresentadas na exordial sejam julgadas totalmente improcedentes,
com a consequente condenação da Reclamante em custas processuais e demais cominações
legais;

d) A condenação da reclamante ao pagamento de sucumbência e honorários


advocatícios, nos termos dos Arts. 791-A e 790-B da CLT.

N. termos,

P. Deferimento

Rio de Janeiro, xxxxxxxx do ano de xxxxxxxx

Advogado xxxOAB/UF nº xx.xxx

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